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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM

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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
Webaula 1
Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem
INTRODUÇÃO
A Psicologia do Desenvolvimento estuda o processo de evolução do ser humano do nascimento até a velhice, nos aspectos da vida mental, emocional e social.
As teorias do desenvolvimento humano, principalmente do desenvolvimento infantil, nos auxiliam a entender como acontece o processo de aprendizagem ao explicar o desenvolvimento das estruturas cognitivas e emocionais necessárias para tanto.
A relação entre desenvolvimento e aprendizagem está presente na obra de diversos autores, tanto do campo da psicologia, quanto do campo da educação.
Algumas teorias partem da ideia de que o desenvolvimento é anterior ao processo de aprendizagem, ou seja, para aprender é necessário ter desenvolvido capacidades orgânicas e cognitivas; outras entendem que desenvolvimento e aprendizagem caminham juntos, isto é, não existe uma diferenciação muito clara entre o que é o desenvolvimento e o que é a aprendizagem; e, por fim, a terceira e última ideia que se tem da relação entre desenvolvimento e aprendizagem é a de que a aprendizagem possibilita o desenvolvimento de funções e capacidades mentais cada vez maiores. (VYGOTSKY, 1998).
ATENÇÃO!!
Diferentes teorias do desenvolvimento e da aprendizagem:
1ª O desenvolvimento é anterior à aprendizagem;
2ª Desenvolvimento e aprendizagem acontecem ao mesmo tempo;
3ª Aprendizagem cria desenvolvimento.
Vamos conhecer, agora, essas explicações!
1.1 CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO  
Para entendermos a relação entre desenvolvimento e aprendizagem, precisamos conhecer a origem filosófica e epistemológica das concepções de desenvolvimento que suportam as explicações de aprendizagem.
São três essas concepções: Inatista, Ambientalista e Interacionista.
1.1.1 Concepção Inatista
Tem como principal fundamentação filosófica o Racionalismo e Idealismo.
Para mais informações sobre essas correntes filosóficas, você pode consultar:
http://www.infoescola.com/filosofia/racionalismo/
http://farolpolitico.blogspot.com.br/2007/06/idealismo.html
Seus principais pressupostos são de que as qualidades e capacidades básicas de cada ser humano, como personalidade, valores, hábitos, crenças, pensamentos, emoções, conduta social, etc., estão prontos desde o nascimento.
Há, desta forma, um desenvolvimento espontâneo das características individuais e pouco ou nada pode ser feito para interferir em seu desenvolvimento, que pouco ou nada se transforma ao longo da vida.
A concepção inatista leva muito em conta todo o processo de maturação do organismo para explicar as diferenças entre os indivíduos. Dessa ideia surge o que se chama de “maturacionismo”, ou seja, um conjunto de concepções baseadas na necessidade de amadurecimento do organismo para que aconteça a aprendizagem.
  Palavra do Professor: Você certamente já ouviu falar que uma criança não aprendeu porque não “estava madura”, certo?!
Entende-se, desta forma, que os alunos irão amadurecer naturalmente e desenvolver as características inatas das quais são portadores. A responsabilidade de se desenvolver e aprender está na criança e na sua família.
Dentro dessa concepção, a sociedade, escola e professores, nada podem fazer para os indivíduos que não trazem em si mesmos aquilo que é esperado deles.
Esta concepção desconsidera a experiência individual, social, histórica e cultural que todos os indivíduos inseridos em sociedade experienciam.
Muitos ditados populares trazem essa concepção de desenvolvimento como mensagem:
- “Pau que nasce torto morre torto”;
- “Quem é bom já nasce feito”;
- “Quem vem dos seus não degenera”.
Indicação de filme: “O som do coração”.
1.1.2 Concepção Ambientalista
Tem como fundamentação filosófica o Empirismo e o Positivismo.
Não deixe de se aprofundar!! Consulte:
http://www.infoescola.com/filosofia/empirismo/
http://www.infoescola.com/sociologia/positivismo/
É decorrente do empirismo que surgiu na Inglaterra, mas desenvolve-se fortemente nos EUA.
Em oposição à concepção inatista, a concepção ambientalista diz que a experiência é fonte de desenvolvimento e conhecimento, e para que haja desenvolvimento é necessário se submeter às experiências que o meio lhe oferece.
As experiências ambientais têm mais importância que as características inatas, o ambiente se sobrepõe à maturação biológica.
Esta concepção reconhece a possibilidade de controle do desenvolvimento humano, pois já que o indivíduo desenvolve seu comportamento a partir das condições do meio em que se encontra, este meio pode ser organizado e controlado, e, desta forma, os homens também podem ser controlados.
No cenário escolar, esta concepção influenciou a reorganização das escolas, das salas de aula e a forma de controlar o comportamento dos alunos, que passam a sentar em carteiras individuais, organizadamente enfileirados.
As atividades práticas ganham lugar de destaque a partir desta perspectiva, a ação produz aprendizagem.
Aqui também há uma ideia de que o desenvolvimento do caráter e da personalidade das pessoas está diretamente relacionado ao ambiente de onde provêm, sem que o próprio indivíduo possa pensar e comportar-se por si mesmo.
Já ouviu a expressão: “Diga-me com quem andas, que te direi quem és”??
Indicação de Filme: “Laranja Mecânica”.
1.1.3 Concepção Interacionista
Esta concepção é decorrente do Estruturalismo e do Materialismo Dialético.
Mais uma dica!!
http://www.infoescola.com/psicologia/estruturalismo-na-psicologia/
http://www.marxists.org/portugues/stalin/1938/09/mat-dia-hist.htm
A origem desta concepção está centrada na discordância dos pressupostos inatistas e ambientalistas, considerados limitados para explicar algo tão complexo como o ser humano.
A ideia central é a de que o desenvolvimento é construído na interação do organismo com o meio no qual o indivíduo está inserido. Há uma combinação de influências internas - maturação - e externas, as condições do meio, para o desenvolvimento das capacidades individuais.
Desta forma, organismo e meio exercem ação recíproca no desenvolvimento, e esta interação provoca mudanças no indivíduo.
Nesta concepção, o indivíduo não está pronto ao nascer e tampouco está submetido ao ambiente, ele é um ser ativo, constrói seu desenvolvimento ao longo de toda sua vida.
Diferentemente da concepção ambientalista, que valoriza a experiência prática, para a concepção interacionista toda e qualquer experiência, seja ela teórica ou prática, é fundamental para o processo de aprendizagem dos indivíduos.
Fórum de Debate: Com qual dessas concepções você se identifica? Por quê?
Agora vamos conhecer os principais autores e as teorias que eles desenvolveram com base nestas concepções.
1.2 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO, MORAL E SOCIAL   
Neste item vamos discorrer sobre os principais autores da Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem: Sigmund Freud, Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon.
1.2.1 Sigmund Freud
Para entender mais do autor, leia sua biografia!!
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-inicial/sigmund-freud-explorador-mente-450824.shtml?page=all
Freud não criou exatamente uma teoria de desenvolvimento e aprendizagem, sua teoria explica o desenvolvimento da energia psíquica, a Libido.
Libido é a energia afetiva original que mobiliza o organismo na conquista de seus objetivos e que sofrerá progressivas organizações durante o desenvolvimento. É definida como uma energia sexual, num sentido amplo, caracterizando cada fase de desenvolvimento numa fase Psicossexual do Desenvolvimento.
Apesar de não falar especificamente da aprendizagem, a teoria psicanalítica trouxe para o meio escolar diversas explicações sobre o desenvolvimento da criança que contribuíram para entender os comportamentos, ações e atitudes das crianças.
Vale a pena destacar que a obra freudiana inaugura, na psicologia, um interesse especial pelo desenvolvimento infantil, fato este que marcará a influência da psicologia no campo educacional.
A teoria de desenvolvimentoda libido, ou desenvolvimento psicossexual, enfatiza uma sequência de fases: oral, anal, fálica, latência e genital.
Vamos lá?
A. FASE ORAL
No recém-nascido, a estrutura biológica sensorial mais desenvolvida é a boca e é por ela que ele conhecerá o mundo.
A libido concentra-se na boca e áreas próximas, por isso que bebês e crianças pequenas gostam tanto de levar objetos à boca.
Freud chamou esse processo de incorporação, ou seja, colocar aquilo que está fora para dentro e, assim, apreender o mundo.
Nesta fase há um segundo momento do desenvolvimento, que coincide com o início da dentição, então a criança não só incorpora o mundo, mas se relaciona com ele de maneira ativa, muitas vezes impondo sua vontade mordendo os demais.
B.   FASE ANAL
Tem início mais ou menos aos dois anos, quando a libido passa da área oral para a anal e a criança percebe que ela produz algo que sai dela.
Os produtos anais são vistos como objetos que vêm de dentro do próprio corpo e são de certa forma parte da criança, gerando prazer ao serem produzidos. Muitas vezes, durante o treino dos esfíncteres, as fezes são dadas como presente aos pais ou professores.
Durante essa fase acontece a maturação psicomotora, a criança começa a andar e falar; desenvolver o movimento de pinça com as mãos e a fazer o controle dos esfíncteres.
Se na fase oral a criança incorporava o mundo, agora na fase anal ela passa a se projetar no mundo, ou seja, a interagir com o mundo, colocando para fora de si seus conteúdos internos, tanto fisiológicos quanto psicológicos.
Quando o desenvolvimento é normal, quando a criança ama e sente que é amada pelos pais, cada elemento que ela produz é sentido como bom e valorizado pelo meio.
O sentimento básico que fica estabelecido e levará para as etapas posteriores é a de que seus produtos são bons, ou seja, terá um sentimento geral de adequação.
Observa-se esse desenvolvimento em crianças que têm facilidade de se expressar, brincar e interagir com outras crianças.
Caso seus produtos não sejam bem aceitos pelos pais ou pela escola, a criança passa a desenvolver um processo de controle, impedindo que seus produtos saiam de si e cheguem ao mundo.
Pode-se observar essa forma de desenvolvimento em crianças tímidas, com dificuldades de se expressar, dificuldade de interagir com outras pessoas, adultos e crianças, e muitas vezes essas crianças têm dificuldade de evacuação.
C.   FASE FÁLICA
Essa fase acontece por volta dos três anos, quando a libido passa a se localizar na região genital e as crianças descobrem que são possuidoras de órgãos genitais.
Aparece aqui uma preocupação com as diferenças sexuais e as crianças começam a dividir o mundo em masculino e feminino. As pessoas (e muitas vezes objetos) passam a ser divididas em possuidoras ou não do pênis.
Esta configuração primitiva do pensamento sexual infantil fornecerá as bases diferenciais das organizações psicológicas masculina e feminina.
Também é comum nessa fase que as crianças queiram ver os órgãos sexuais umas das outras e manipulem os seus próprios, como forma de obter satisfação e prazer.
Nesta fase acontece o famoso “Complexo de Édipo”. A criança ama o genitor do sexo oposto, sente que isso é proibido e se sente ameaçada pelo genitor do mesmo sexo.
Para resolver este conflito e aliviar a ansiedade produzida por ele, a criança passa a se identificar com o genitor do mesmo sexo, introjetando suas características, forma de se comportar e vestir, como também seu papel social e valores morais.
É comum observarmos crianças de 3, 4, 5 anos vestindo roupas dos pais, brincando que trabalham na mesma profissão, ou seja, imitando o comportamento parental.
As crianças também podem querer ser namorada do papai ou namorado da mamãe.
 
Este vídeo ilustra bem o conflito que pode acontecer nessa fase entre pais e filhos!
https://www.youtube.com/watch?v=ya1d3-HKO3U
D.   PERÍODO DE LATÊNCIA
Este período, que vai dos sete aos 12 anos, não é considerado uma fase, pois a libido não está organizada em nenhuma área específica do corpo.
A energia sexual, libido, é direcionada para outros fins, como o desenvolvimento intelectual e social da criança.
Coincide com o período de entrada da criança na escola, e para aquelas que já frequentavam a escola, é neste período que a escola passa a ser importante e séria. O ego concentra-se em atividades intelectuais.
É um período intermediário entre genitalidade infantil - fase fálica - e genitalidade adulta – fase genital.
E.   FASE GENITAL
Acontece no início da adolescência com o desenvolvimento da maturidade genital, intelectual e social.
A libido concentra-se em objetos sexuais “não incestuosos”, ou seja, o interesse do indivíduo não é mais por pai e mãe, mas sim por aqueles com os quais pode se relacionar.
Há então um interesse por grupos sociais, movimentos culturais específicos da idade, mas principalmente pelos relacionamentos afetivos.
1.2.2 Jean Piaget
Para entender mais do autor, leia sua biografia!!
http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/jean-piaget-428139.shtml
Piaget é o maior representante dos teóricos da concepção interacionista, que discordam das teorias inatistas por desprezarem o papel do ambiente, e das teorias ambientalistas por desprezarem o fator da maturação.
Consideram que organismo e meio exercem ação recíproca no desenvolvimento. A aquisição de conhecimento é um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando ele pronto ao nascer, nem sendo adquirido passivamente graças às pressões do meio.
É por meio da interação com outras pessoas, adultos e crianças que, desde o nascimento, o bebê vai construindo suas características e sua visão de mundo.
Procurou responder à pergunta: “como os homens constroem o conhecimento”, estabelecendo para isso relações entre biologia, lógica e epistemologia.
Entendeu que se estudasse como as crianças constroem as noções fundamentais de conhecimento lógico – como tempo, espaço, objeto, causalidade –, compreenderia a gênese (nascimento) e a evolução do conhecimento humano.
Chamou sua teoria de “Epistemologia Genética”, não no sentido genético, mas relacionado à gênese, origem da teoria do conhecimento.
Trabalhando com dois psicólogos franceses, Binet e Simon, que estavam padronizando um teste de inteligência, ele se interessou pelas respostas erradas que as crianças davam quando não sabiam a resposta correta para uma pergunta, pois dizia que estas “respostas erradas” seguiam uma lógica própria.
Ele concebeu que as crianças possuem uma lógica de funcionamento mental que difere qualitativamente da lógica do adulto.
PRINCIPAIS CONCEITOS
Para entender a teoria de desenvolvimento da inteligência de Piaget, é necessário entender os principais conceitos que sustentam esta teoria.
Hereditariedade
O indivíduo herda estruturas biológicas (Cérebro e Sistema Nervoso Central) que predispõem ao surgimento de estruturas mentais (Mente).
A maturação do sistema nervoso central possibilita o aparecimento de estruturas mentais que possibilitarão a adaptação do organismo no meio em que está inserido.
A estimulação do ambiente, para Piaget, é fator decisivo para o desenvolvimento da inteligência.
Inteligência
Este conceito é fundamental na teoria piagetiana, e tem que ser entendido como sendo uma função e uma estrutura.
A função é a adaptação ao mundo: para sobreviver o organismo adapta-se e também modifica o mundo.
A estrutura é uma organização dos processos mentais: quanto maior ou mais complexo o nível de organização mental, maior será a inteligência.
Desta forma, o desenvolvimento da inteligência não se dá pelo acúmulo de informações, mas pela forma como essas informações são organizadas.
Adaptação
O ambiente coloca os indivíduos em situações que rompem o estado de equilíbrio do organismo e desencadeiam a busca por comportamentos mais adaptativos.
O conhecimento possibilita novas formas de interação com o ambiente, proporcionando uma adaptação cada vez maior e mais eficiente.
Assituações-problema movimentam o organismo para resolvê-las e voltar ao estado de equilíbrio.
ESQUEMAS 
Piaget entendeu a mente como dotada de estruturas do mesmo modo que o corpo.
Utilizou o termo esquemas para explicar as estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio.
São estruturas que se adaptam e se modificam com o desenvolvimento mental, mudam continuamente ou tornam-se mais refinados.
Essas estruturas intelectuais organizam os eventos como eles são percebidos pelo organismo e classificados em grupos, de acordo com características comuns, ou categorias.
A organização dos esquemas passa por dois processos básicos: assimilação e acomodação.
Assimilação:
Esse conceito é retirado da biologia e explica que ao entrar em contato com o objeto do conhecimento, a criança retira desse objeto algumas informações, tenta adaptar esses novos eventos ou estímulos nos esquemas que ela possui no momento.
É um processo cognitivo de incluir novos conhecimentos em esquemas já existentes e com os quais seja similar.
Acomodação:
Quando confrontada com um novo objeto, a criança tenta assimilá-lo a esquemas já existentes. Algumas vezes isso não é possível, então a organização mental – esquema - é capaz de se modificar para dar conta das singularidades do objeto.
Desta forma, um novo esquema é criado para encaixar o objeto ou modificar um esquema prévio, incluindo este objeto.
É a criação de novos esquemas ou a modificação dos velhos – ambas resultam em mudança na estrutura cognitiva – desenvolvimento.
Para memorizar!!
Assimilação → conhecer o objeto → objeto oferece resistências ao conhecimento → organização mental se modifica → acomodação → nova tentativa de assimilar → assimilação é sempre o produto final.  
A inteligência é um processo de acomodação e assimilação, que acontecem concomitantemente.
Equilibração
Quando a criança entra em contato com o objeto do conhecimento novo, fica em conflito, em desequilíbrio cognitivo. O desequilíbrio ativa o processo de equilibração e o esforço para retornar ao equilíbrio.  
A equilibração é a estabilidade da organização mental que dá conta do conhecimento novo.
Equilíbrio é um estado de balanço entre assimilação e acomodação. Desequilíbrio é um estado de não balanço entre assimilação e acomodação.
Equilibração é o processo de passagem do desequilíbrio para o equilíbrio – permite que a experiência externa seja incorporada na estrutura interna, alteração ou criação dos esquemas.
É um processo autorregulado, pela assimilação e acomodação.
Estágios
O desenvolvimento da inteligência se dá por rupturas. Os estágios representam uma lógica do desenvolvimento da inteligência, um estágio é superado radicalmente por outro superior.
Cada estágio representa uma qualidade da inteligência.  A sequência do desenvolvimento da inteligência passa por estágios, sendo que nenhum pode ser pulado ou invertido.
São eles:
 
Estágio Sensório-Motor (0 a 2 anos)
Pode ser definido como a fase da inteligência prática, pois nesse momento não existe ainda a linguagem, e o pensamento está se desenvolvendo. Piaget explica que o pensamento precede a linguagem, por isso esta fase é prática, de ação.
A criança passa de um egocentrismo inconsciente e integral para a construção de um universo objetivo.
Acontece nesse estágio a organização psicológica básica dos aspectos perceptivo, motor, intelectual, afetivo e social.
Tem início para a criança a diferenciação de objetos externos do próprio corpo, isso acontece com a exploração do corpo, suas partes e sensações. Piaget nomeou de autoconhecimento.
Acontece também nessa fase a organização mental de um esquema corporal, que é a ideia que a criança tem do seu próprio corpo.
 
Por volta dos 9 meses surge o conceito de objeto permanente, que é a concepção de um mundo estável, entender que as coisas continuam existindo, mesmo que a criança não as veja.
Neste período, 9/10 meses, também surge a diferenciação entre meios e fins. Ligado ao conceito de objeto permanente, a criança desenvolve a capacidade de retirar algo que cobre um objeto, por exemplo.
Com relação à moral, Piaget classificou o desenvolvimento das crianças deste estágio como anomia, ou seja, elas estão ainda fora do mundo moral, não compreendem regras.
Estágio Pré-operatório (2 a 7 anos)
 
Este estágio pode ser definido como sendo o da representação, que significa a capacidade de pensar um objeto através de outro objeto.
 
Duas características marcam esse estágio: o surgimento da linguagem e as brincadeiras de “faz de conta”.
A criança começa a desenvolver esquemas simbólicos, isto é, representa um objeto real, concreto, por outro abstrato, que é a palavra.
Piaget utilizou o termo egocentrismo para explicar os comportamentos da criança, que parte do próprio eu para compreender a realidade, e pela ausência de esquemas conceituais e lógicos, mistura realidade com fantasia.
Ela também pode se confundir com pessoas e objetos, atribuindo-lhes seus pensamentos e sentimentos, dando explicações animistas a objetos e animais, como, por exemplo, dizer que a boneca está com sono.
Tem explicações artificialistas sobre fenômenos da natureza, por exemplo, pode acreditar que os rios foram feitos pelos homens ou que chove porque o céu está triste, ou ainda, que o céu é azul porque Deus é menino.
Começa a formação de conceitos, ou a pré-conceitualização para a fase seguinte, mas sua percepção de mundo ainda é imediata.
Não tem desenvolvidas as noções de conservação de quantidade, volume, massa, peso e tempo.
Existe a presença de linguagem socializada (conversam com os demais), mas há a predominância de linguagem egocêntrica – falam para si mesmas.
Nessa fase tem introdução à moralidade, que foi definida por Piaget como a capacidade de compreender regras e normas sociais. Neste momento a criança está no período denominado heteronomia, que é a obediência de regras e normas vindas de outros indivíduos.
Estágio Operatório Concreto (7- 12 anos)
É o período de aquisições intelectuais e da capacidade de reversibilidade do pensamento.
O conceito piagetiano de operação significa “ação interiorizada reversível”.
Neste momento a criança já desenvolveu a ação do estágio sensório-motor; a ação interiorizada ou representação do estágio pré-operatório e, agora, desenvolverá a reversibilidade do pensamento.
Ação interiorizada reversível significa pensar a ação e pensar na anulação desta ação. Exemplificando esse conceito, podemos falar de uma criança que entende que da cidade A até a cidade B tem 100km, mas também já entende que da cidade B para a cidade A são preservados os mesmos 100km. Isso não acontecida com a criança do pré-operatório.
A criança ainda atua sobre o concreto, mas a reversibilidade do pensamento possibilita o desenvolvimento das noções de conservação de quantidade, volume, massa e peso.
Há o declínio da linguagem egocêntrica até seu desaparecimento, como também o egocentrismo social, e as crianças têm prazer nas brincadeiras coletivas.
A criança deste período tem maior flexibilidade mental, compreende regras de jogos coletivos e de tabuleiro.
Compreende a parte no todo, isto é, que o bairro está dentro da cidade, a cidade do estado, o estado do país e assim por diante.
 
Para as crianças do operatório-concreto, surge um sentimento de necessidade de saber, aprender, as coisas são necessárias, reais, e não mais imaginativas.
Esta criança ainda está na fase da heteronomia no desenvolvimento da moral, mas as intenções das pessoas passam a ser consideradas ao fazer algum julgamento.
Capacidade de Conservação
Conservação matéria (6-8 anos)
A massa de uma bolinha pode se transformar em uma cobrinha e a matéria continua a mesma.
Conservação peso: (8-10 anos)
A bolinha de massa tem o mesmo peso da cobrinha.
Conservação volume: (10-12 anos)
A bolinha de massa tem o mesmo volume da cobrinha. Ou ainda, diferentes recipientes comportam o mesmo volume de líquido.
Estágio Operatório Formal (12 anos emdiante)
Este é o período do pensamento abstrato, hipotético.
No estágio anterior a criança deu um salto enorme no seu desenvolvimento, mas atuava apenas no concreto. Agora consegue formar esquemas mentais abstratos, conceituar, compreender sentimentos e valores sociais.
Por essa capacidade cognitiva altamente desenvolvida, os adolescentes gostam muito de debater sobre assuntos complexos e se envolver em causas sociais e humanitárias.
 
A partir deste estágio, a flexibilidade do pensamento aumenta à medida que as funções cognitivas são estimuladas.
Piaget dizia que neste momento a criança descobre que consegue pensar, pensa sobre seu próprio pensamento e dos demais.
No aspecto do desenvolvimento da moral, Piaget chamou este momento de autonomia, que é a capacidade de desenvolver uma relação de reciprocidade e de igualdade com os demais, por meio de argumentações e o estabelecimento de regras e normas de conduta próprias.
Para Piaget, esta é a forma final de equilíbrio do desenvolvimento da inteligência.
 
Para se aprofundar na teoria piagetiana, sugiro que você não perca este vídeo!!
https://www.youtube.com/watch?v=c5IkmWq8Z5U
1.2.3 Lev Seminovich Vygotsky
Conhecido como o maior expoente da psicologia soviética, Vygotsky tem uma obra vastíssima, mas pouco conhecida em sua totalidade.
O contexto social e histórico no qual desenvolveu suas produções intelectuais explica essa dificuldade de acesso ao seu material e também esclarece sua lógica de pensamento marxista.
Vale ressaltar que Vygotsky não desenvolveu sua obra sozinho, de 1925 a 1934 (ano de sua morte aos 38 anos), ele coordenou junto com Luria e Leontiev um grupo de psicólogos pesquisadores na Universidade de Moscou.
Apesar de ter morrido jovem, produziu muito durante 10 anos e deixou um legado de mais de 300 trabalhos científicos, Obras Completas, mas, principalmente, abriu campo para inúmeras pesquisas.
Sua teoria apresenta uma nova proposta para compreender o desenvolvimento infantil a partir do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal e da formação das Funções Psicológicas Superiores.
Sua concepção filosófica é o Materialismo Histórico Dialético, método de investigação da realidade proposto por Marx.
Para entender mais do autor, leia sua biografia!!
http://www.infoescola.com/biografias/vigotski/
CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY
Sua concepção filosófica possibilita superar visões positivistas, como o inatismo e o ambientalismo, na explicação do desenvolvimento humano, pois considera contexto social exercendo maior influência na construção do desenvolvimento.
Propõe a explicação das Funções Psicológicas Superiores e assim diferencia psiquismo humano e animal, que à sua época eram comparados como uma única forma de organização mental.
Também aponta a importância dos aspectos afetivos na compreensão do psiquismo humano e enfatiza a unidade entre afetividade e cognição como elementos fundamentais no desenvolvimento psíquico.
Apresenta a consciência humana se constituindo a partir de signos, símbolos e significados criados pela cultura humana e, acima de tudo, enfatiza a importância da linguagem na construção da consciência humana.
Reconhece o desenvolvimento humano como um processo dinâmico e dialético da relação entre o indivíduo e a sociedade, pela apropriação da experiência e dos conhecimentos históricos e culturais da sociedade. Por isso ressalta o papel da vivência, da atividade, da ação no desenvolvimento dos indivíduos.
CONCEPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO
Considera que o homem não se desenvolve espontaneamente, naturalmente, as condições de desenvolvimento são construídas na sociedade. As condições concretas de vida em sociedade são fundamentais para o desenvolvimento humano.
Afirma que devemos considerar o homem sempre no seu devir, ou seja, em constante processo de desenvolvimento - a partir das relações que estabelece em sociedade.
O homem como espécie - reflexos, instintos, inteligência - avança para se tornar homem “humanizado” – linguagem, pensamento, consciência –, desde que criadas as condições para esse desenvolvimento.
O trabalho, que é a ação intencional e planejada, bem como a linguagem (simbólica/cultural), são elementos fundamentais para o desenvolvimento humano.
O desenvolvimento do psiquismo humano deve ser compreendido qualitativamente a partir das relações entre o indivíduo e a sociedade. A apropriação dos objetos materiais (físicos) e a apropriação dos objetos simbólicos (linguagem, conhecimentos) garantem o processo de desenvolvimento humano.
Aponta a importância de que ao homem sejam garantidas as possibilidades de ser sujeito do seu próprio processo de desenvolvimento.
O Conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal
Diferente de Freud e Piaget, que não se preocuparam diretamente com o desenvolvimento e a aprendizagem, Vygotsky considera que há dois problemas a serem compreendidos no desenvolvimento infantil:
- A relação entre aprendizagem e desenvolvimento de maneira geral;
- E as características específicas desta inter-relação na idade escolar, com a influência da escola.
Ele afirma que para compreender a relação entre o processo de desenvolvimento e o da aprendizagem, não se pode limitar a um único nível de desenvolvimento.
É a partir deste pensamento que ele propõe a existência de dois níveis de desenvolvimento: o desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento proximal.
Desenvolvimento Real
É o nível de desenvolvimento onde as funções psicológicas e intelectuais já foram desenvolvidas.
Este nível é demonstrado por tudo aquilo que a criança consegue realizar sozinha.
ATENÇÃO
Entretanto, ele não indica completamente o estado de desenvolvimento da criança. Indica apenas o que ela desenvolveu até aquele momento específico.
Zona de Desenvolvimento Proximal
Pode-se dizer que a zona de desenvolvimento proximal é o desenvolvimento que está acontecendo, abarca tudo aquilo que a criança é capaz de fazer com auxílio de outras pessoas mais experientes, colegas de sala ou professor.
Segundo essa teoria da zona de desenvolvimento proximal, Vygotsky demonstrou que avaliar as crianças com base naquilo que elas conseguem fazer sozinhas é avaliar apenas uma parte de sua capacidade, de seu desenvolvimento.
Desta forma, deve-se reavaliar a importância da imitação, da demonstração e do “fazer junto”, tanto na psicologia quanto na educação.
A Importância da Ação Coletiva
Vygotsky comprovou que uma criança submetida a um teste, sob orientação, exemplos e demonstrações, consegue resultados muito superiores do que quando não orientada, sozinha.
A imitação está ligada à capacidade de compreensão - não é possível imitar aquilo que se tem capacidade cognitiva para compreender. Com o auxílio da imitação na atividade coletiva guiada pelos adultos, a criança pode fazer muito mais do que com a sua capacidade de compreensão de modo independente.
As Funções Psicológicas Superiores
São funções cognitivas especificamente humanas, que foram formadas ao longo da história do gênero humano.
São atividades mentais mediadas pela linguagem, estruturadas em sistemas funcionais, dinâmicos e historicamente mutáveis.
O desenvolvimento da linguagem, por exemplo, é considerado por Vygotsky como uma função psicológica superior, pois ela origina-se em primeiro lugar como meio de comunicação entre a criança e as pessoas que a rodeiam.
A linguagem, inicialmente social, só depois é convertida em linguagem interna, transformando-se em função mental interna que fornece os meios fundamentais ao surgimento do pensamento.
Também a memória, a atenção, as lembranças voluntárias e os planejamentos são funções psicológicas superiores, pois são atividades específicas do homem.
A lei fundamental das funções psicológicas superiores é a de que elas aparecem duas vezes durante o desenvolvimento da criança: a primeira vez em atividades coletivas, sociais, ou seja, como funções interpsíquicas; a segunda, em atividades individuais, como propriedades internas do pensamento da criança, ou seja, como funções intrapsíquicas.A apropriação dos conteúdos escolares possibilita a formação e um aumento qualitativo das funções psicológicas superiores, por isto Vygotsky ressalta o papel da escola e da atuação intencional do professor no desenvolvimento infantil.
Para Vygotsky, o principal fato humano é a transmissão e assimilação da cultura. Assim, a aprendizagem é alçada a uma posição de extrema importância, na medida em que se constitui em condição fundamental para o desenvolvimento das características humanas não naturais, mas formadas historicamente, o que equivale dizer, para o ser e agir no mundo.
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