trab sociologia (1)

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CAP. 9 – A DOR E O ESTIGMA DA PUTA POBRE
Alunos: Bruna Schueda, Charles, Gabriel Henrique de Paula, Gabriela Brotto, Jaqueline Furman, Sabrina Santos
1. INTRODUÇÃO
Tipo feminino mais comum na ralé
Desprezo das pessoas em relação a elas, da “boa-sociedade”
São consideradas delinquentes passivas
Ciência que sempre serão um objeto masculino
Baixa autoestima e autoconfiança
De acordo com Bourdieu, a “escolha pré-escolhida”
Condições precárias
Objetivo do texto: mostrar como se constrói socialmente a prostituta
A socialização familiar faz uma grande diferença, pois geralmente não fazem a transmissão afetiva de valores na infância, afetando o futuro de cada uma delas
Ausência da figura paterna
Naturalização do abuso sexual
Falta de “segurança afetiva”, o que ocasiona esse exército de “perdedoras”
Flávia e Marluce são dois tipos-ideiais. De acordo com Weber, tipos ideais é a seleção dos aspectos mais característicos de um papel social, destacando os aspectos essenciais
Mesmo elas parecendo diferentes, compartilham um mesmo destino de classe
2. HISTÓRIA DA FLÁVIA
No início ela constrói o princípio de sua vida familiar, que vai sendo desconstituído em meio às ambiguidades, contradições e lacunas de seu discurso. No lugar da família feliz vai entrando a família desestruturada. Com 8 anos ela vivenciou a separação de seus pais, com isso começou a sua vida de abandono e frustrações.
A marca de sua vida seria a falta de alternativas, o horizonte das “escolhas pré- escolhidas”, que não lhe apresenta nenhuma saída. A sua narrativa oscila entre a fantasia compensatória e o ressentimento pessoalizado.
Aqui se coloca a questão: como se dá para as mulheres da ralé em geral o desmonte das relações afetivas com os homens e os filhos? 
Dando lastro a essa hipótese, é na estrutura familiar que se inicia o aprendizado da instrumentalização de si mesma, do seu corpo e de todos os seus desejos e projetos e, por consequência, a instrumentalização dos outros, que constitui uma das principais disposições de Flávia.
Podemos concluir que, Flávia uma moça modesta e muita sonhadora é mais uma das muitas “putas pobres” que temos em nosso país e podemos dizer que como qualquer outra seu maior sonho é largar “dessa vida” arrumar um marido que a ame de verdade e possa ser feliz com seus filhos tendo uma vida digna sem ter que se preocupar com seu corpo e com a concorrência de outras mulheres mais jovens.
3. HISTÓRIA DA MARLUCE
37 ANOS DE IDADE (LIMITE DA IDADE CONVENIENTE NA PROSTITUIÇÃO)
NEGRA, COM CABELOS LONGOS E TRANÇADOS
APARENTEMENTE SE NOTA QUE ELA TEM UMA VIDA SOFRIDA, NOS SEUS OLHOS PERCEBE QUE ELA JÁ VIU MUITAS COISAS QUE NÃO DESEJAVA TER VISTO, SEU SORRISO APARECE COM RARIDADE E SUA VOZ TEM UM TOM FIRME.
MORA EM UM APARTAMENTO NA PRAIA DE COPACABANA COM SEUS DOIS FILHOS, MAS TEM 4 FILHOS AO TODO.
NA SUA INFÂNCIA SENTIU MUITA DOR PELA FALTA DE AMOR E FALTA DE CUIDADO.
QUANDO ERA CRIANÇA MOROU NA ROCINHA, A FAVELA MAIS CONHECIDA DO RIO DE JANEIRO.
NUNCA CONHECEU SEU PAI, QUE ABANDONOU SUA MÃE AO DESCOBRIR SUA GRAVIDEZ.
CRIADA PELO PADASTRO, QUE A REGISTROU, JUNTO COM SEUS 4 IRMÃOS MAIS NOVOS.
DIFERENTE DO ABANDONO VIVIDO POR SUA MÃE, MARLUCE RECONHECE A AUTORIDADE MORAL DE SUA AVÓ.
SUA VÓ É DESCRITA COMO O OPOSTO DE SUA MÃE (UMA MULHER CORAJOSA, PRESENTE, JUSTA E AMOROSA, QUE A ACOLHEU QUANDO AS COISAS FICARAM DIFICIES, SUA VÓ MORREU ALGUNS ANOS ATRÁS). JÁ QUE SUA MÃE NÃO SE INTERESSAVA MUITO MENOS SE PREOCUPAVA COM ELA.
SUA MÃE DELEGOU AS FUNÇÕES DE EXERCER AUTORIDADE AO SEU PADASTRO, QUE FAZIA AS LEIS DA CASA.
SUA MÃE SEMPRE FOI EMPREGADA DOMÉSTICA. FICANDO EM CASA SOMENTE NOS FINAIS DE SEMANA.
COMO É DE COSTUME NAS FAMÍLIAS DA RALÉ, MARLUCE, POR SER A FILHA MAIS VELHA, AOS OITO ANOS JÁ ASSUMIA A RESPONSABILIDADE PELOS SERVIÇOS DOMÉSTICOS E O CUIDADO DOS IRMÃOS MAIS NOVOS.
A MEDIDA QUE FOI SE TORNANDO ‘’ MOCINHA’’, COMEÇOU A PERCEBER OS OLHARES FURTIVOS DE SEU PADASTRO PARA ELA, E COM O TEMPO FICARAM MAIS EXPLÍCITOS.
SEU PADASTRO VIVIA CHAMANDO UNS AMIGOS PARA BEBER E JOGAR DENTRO DE SUA CASA, ATÉ QUE UM DIA, BÊBADO, TENTOU MOLESTÁ-LA, VIRANDO ROTINA EM SUA VIDA.
ASSIM ELA TEMIA PERDER A VIRGINDADE COM SEU PONTECIAL ABUSADOR. QUE A LEVOU A SE ENTREGAR PARA UM COLEGA, CINCO ANOS MAIS VELHO E QUE RESULTOU EM SUA GRAVIDEZ AOS 13 ANOS.
SEU PADASTRO ASSIM COMEÇOU UMA PERSEGUIÇÃO, VASCULHANDO SUAS COISAS, A PROCURA DE POSSÍVEIS NAMORADINHOS, E ELE PASSOU A CONTROLAR E CONFERIR MENSALMENTE OS ABSORVENTES UTILIZADOS POR MARLUCE.
ELA ATE ESCONDEU A GRAVIDEZ POR SEIS MESES E FURAVA O DEDO E PASSAVA O SANGUE NO ABSORVENTE PARA SEU PADASTRO ACHAR QUE ELA ESTAVA MENSTRUANDO.
ELA TOCOU NO ASSUNTO DO ABUSO COM SUA MÃE MAS A MESMA NÃO LHE DEU APOIO.
EXISTE UMA GRANDE COMPETIÇÃO ENTRE AS MÃES E AS FILHAS DA RALÉ, AS POSSÍVEIS RAZÕES DESSA DISPUTA É QUE A ANGÚSTIA DO ENVELHECIMENTO E A CERTEZA DE MUDANÇA DO OBJETO DE DESEJO POR PARTE DOS HOMENS.
A GRANDE DIFERENÇA ENTRE AS MULHERES DE CLASSES MÉDIA E ALTA E DA RALÉ, AS PRIMEIRAS SÃO RECONHECIDAS POR SUA DIGNIDADE, OU SEJA, PELA CONTRIBUIÇÃO INDIVIDUAL ATRAVÉS DO TRABALHO PARA A SOCIEDADE E O EXPRESSIVISMO, DIFERENTE DAS MULHERES DA RALÉ, QUE ESTÃO CONDENADAS AO NÃO RECONHECIMENTO.
COM O NASCIMENTO DO SEU FILHO A SITUAÇÃO FICOU MAIS DIFICIL, SEM RESIDENCIA FIXA, MORA DE FAVOR.
PASSA DE ENTREGADORA DE JORNAL, FAXINEIRA, BABÁ ATÉ ACOMPANHANTE, ANTES DE COMEÇAR A FAZER PROGRAMAS HÁ SETE ANOS.
QUANDO TRABALHA DE FAXINEIRA, ALÉM DE FAZER SEU TRABALHO DURO, TEM QUE ATENDER SEXUALMENTE SEUS SUPERIORES.
A ÚNICA JUSTIFICATIVA PARA O EXERCÍCIO DE UMA PROFISSÃO TÃO MARGINALIZADA E DURA SÃO AS DIFICULDADES ECONOMICAS. O ÚNICO SENTIDO É A NECESSIDADE DE CRIAR SEUS FILHOS.
O ENREDO DE SUAS HISTÓRIAS AMOROSAS ERA SEMPRE O MESMO: CIÚME, DESCONFIANÇA, TRAIÇÃO, E ALGUNS CASOS, VIOLÊNCIA FÍSICA, POR ISSO ELA NÃO ACREDITA EM ENCONTRAR UM HOMEM QUE A TIRE DA PROSTITUIÇÃO.
ATUALMENTE ESTÁ NAMORANDO, MAS NÃO TEM A SENSAÇÃO QUE VAI DURAR O RELACIONAMENTO ATÉ PORQUE, ELE A ENCONTRA QUINZENALMENTE, NÃO ASSUME O NAMORO PUBLICAMENTE E QUANDO A ENCONTRA QUER IR DIRETO PARA O MOTEL O QUE A FRUSTA.
ELA É VISTA ANTES DE TUDO COMO INSTRUMENTO DO DESEJO MASCULINO. TENDO PAPEL DE OBJETO PASSIVO E SEM VONTADE.
ELA ATÉ DIZ: ‘’ COMO NASCI PARA SER ABUSADA, POR QUE NÃO GANHAR DINHEIRO COM ISSO’’?
A PROSTITUTA VIRA UMA ESPÉCIE DE ‘’ EMPRESÁRIA’’ DO PRÓPRIO CORPO.
MARLUCE CENSURA TODO TIPO DE POLÍTICA ASSISTENCIALISTA, SENDO TOTALMENTE CONTRA DAR ‘’ CHEQUE CIDADÃO, BOLSA ESCOLA, BOLSA FAMÍLIA, VALE GÁS’’ AOS POBRES PORQUE ISSO É ESMOLA.
POREM ESSA VIDA LEVADA, FAZ COM QUE NA REALIDADE, TODO O DINHEIRO GANHO PASSA A SER IMEDIATAMENTE CONSUMIDO PELAS NECESSIDADES MATERIAIS E SIMBÓLICAS (QUE SE REALIZAM ESPECIALMENTE NO CONSUMO), REVELANDO ASSIM A CARENCIA DE DISCIPLINA, AUTOCONTROLE QUE IMPEDE UMA VIDA DE POUPANÇA E UM FUTURO SEGURO TÃO ALMEJADO POR ESSAS MULHERES.
4. CONCLUSÕES
Prostituta como delinquente 
Choque de realidade: mulher como polo passivo da relação e a troca de sexo por dinheiro
A “escolha” da profissão e o papel da família
“Se eu nasci pra ser abusada, porque não ganhar dinheiro com isso?”
A transformação da necessidade em virtude
A justificativa da prostituição para elas (poupança) e a real explicação
Semelhança e diferença quanto a relacionamento para as duas
A discriminação e repulsa à profissão