Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM LEITURA DA DOUTRINA. 1 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE VILA VELHA CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL I PROFESSORA FERNANDA BRASILEIRO DE ALMEIDA PERÍODO LETIVO 2017-01 ROTEIRO AULA TEMA: CONSTITUCIONALISMO PLANO DE AULA ESTÁCIO Nº01 OBJETIVOS DA AULA DE HOJE • Compreender o que significa o constitucionalismo; • Conhecer a evolução histórica do ideal constitucionalista; • Identificar as influências do constitucionalismo moderno inglês, francês e americano no Direito Constitucional brasileiro. 1) INTRODUÇÃO Importância do assunto: explicar o sentido atual das constituições. Constitucionalismo # constituição. Constitucionalismo = ideia, movimento político, filosófico, jurídico. Constituição = ato normativo. Sentido atual de constituição X constitucionalismo moderno: constituição é fruto da modernidade - do Iluminismo + revoluções burguesas séculos XVII e XVIII (Inglaterra, EUA e França). 2) ETAPAS DO CONSTITUCIONALISMO 2.1) CONSTITUCIONALISMO ANTIGO GRÉCIA - ideias e instituições consideradas embriões do constitucionalismo: a) democracia direta: deliberação assembleia (eclésia) reunida em praça pública (ágora). Participação homens livres, exceto mulheres, escravos, estrangeiros; b) organização política da polis: politeia – feição de constituição; c) regime político: limitação poder autoridades e contenção de arbítrios; d) sentido grego de liberdade: *Participar das deliberações públicas. *Não possibilidade de impedir intervenção estatal na esfera individual. *Não proteção de direitos individuais contra governantes. *Liberdade individual não era valorizada como no constitucionalismo moderno. ROMA - ideias e instituições consideradas embriões do constitucionalismo: a) não limitação poder de autoridade em prol da liberdade dos governados; b) prenúncio separação de poderes: consulado, senado e assembleia; c) valorização esfera individual e coletividade; d) sofisticação do direito privado: reconhecimento direito ao casamento; celebração de contratos, testamento e postulação em juízo. ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM LEITURA DA DOUTRINA. 2 2.2) CONSTITUCIONALISMO MEDIEVAL Referências históricas – Idade Média: período e características: a) inicia com queda Império Romano. b) amplo pluralismo político – inexistência instituição com monopólio do uso legítimo da força, produção de normas e prestação jurisdicional - várias instituições sem clara divisão de competências (Igreja, reis, senhores feudais, cidades, corporações de ofício e imperador). Ordenamentos jurídicos particulares (corporações de ofício e dos feudos). Ordenamentos jurídicos com pretensões universalistas (direito romano e direito canônico). Problemática do pluralismo político: impedia a expansão do comércio, reduzindo os limites dos mercados. Final Idade Média: prenúncio ideia constitucionalista - pactos celebrados entre reis e classes superiores – limitação de poderes e atribuição de privilégios. Pacto mais famoso: Magna Carta - ano 1215 - Rei João Sem Terra – sem característica da universalidade da constituição moderna. 2.3) CONSTITUCIONALISMO MODERNO Ideia: limitação jurídica do poder do Estado em favor da liberdade individual. Razão surgimento desta ideia: falência modelo do Estado Absolutista. Estado Absolutista: a) importante na formação do Estado Moderno e nas bases da economia capitalista; b) pluralidade normativa cedeu lugar ao monopólio da produção normativa estatal; c) poder ilimitado dos governantes. Thomas Hobbes - principal teórico do absolutismo: “Estado de Natureza” para Estado do contrato social – liberdade individual em favor do Estado – direito é produto da autoridade do soberano – não importa conteúdo normativo. Críticas absolutismo: a) entrave para o desenvolvimento do capitalismo; b) insegurança burguesia emergente: pretensão de proteção à liberdade, propriedade e contratos do arbítrio dos governantes; c) necessidade submissão dos governantes ao ordenamento jurídico. Fatores históricos surgimento constitucionalismo moderno: a) ascensão burguesia como classe hegemônica; b) fim unidade religiosa na Europa; c) reforma protestante; d) cristalização de concepções de mundo racionalistas e antropocêntricas, legadas pelo Iluminismo; e) fim modelo Estado Absolutista. Pilares constitucionalismo moderno: a) contenção poder dos governantes, através separação dos poderes; b) garantia de direitos individuais, concebidos como direitos negativos oponíveis ao Estado; c) necessidade legitimação do governo pelo consentimento dos governados, pela via da democracia representativa. Versões influentes do constitucionalismo moderno: 1) constitucionalismo moderno inglês; 2) constitucionalismo moderno francês; 3) constitucionalismo moderno americano. ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM LEITURA DA DOUTRINA. 3 2.3.1) CONSTITUCIONALISMO MODERNO INGLÊS Poder estatal limitado por costumes e pactos estamentais: mais famoso é a Magna Carta de 1215. Século mais marcante do ponto de vista constitucional para a Inglaterra: Século XVII - tensões entre a Coroa e o Parlamento - Revolução Gloriosa firmou o princípio da supremacia política do Parlamento Inglês e o respeito aos direitos individuais. Surgimento Poder Legislativo: a) soberania do Parlamento; b) possibilidade edição de norma com qualquer conteúdo; c) não invalidação atos normativos por outro órgão (atualmente mudança). Edição documentos constitucionais importantes – liberdade aos súditos e limitação poderes da Coroa com transferência ao Parlamento: a) Petition of Rights 1628; b) Habeas Corpus Act 1679; c) Bill of Rights 1689 Ideia central constitucionalismo inglês: respeito às tradições constitucionais - diversos documentos constitucionais escritos – inexiste texto constitucional único – inexistência constituição escrita. Autoridade do Direito Constitucional na Inglaterra: textos esparsos + convenções constitucionais + princípios de common law desenvolvidos pelos tribunais. Poder constituinte – ideia estranha ao constitucionalismo inglês: não considera que o Estado e a ordem jurídica são “refundados” – direito constitucional inglês baseado nas tradições históricas e não no ato de vontade do constituinte. Tendência constitucional inglesa atual: Humans Rights Act (1998) – possibilidade declaração judicial de incompatibilidade de leis com os direitos previstos naquele estatuto – a declaração não acarreta a invalidação da lei, mas cria um relevante fato político, gerando forte pressão para a revogação da norma violadora de direitos humanos. Modelo constitucional inglês: francamente recessivo, porque prevaleceu o modo baseado na constituição escrita, com exceção da Grã-Betanha, Israel e Nova Zelândia. 2.3.2) CONSTITUCIONALISMO MODERNO FRANCÊS Constitucionalismo francês: muito influente século XIX ao início século XX. Marco inicial: Revolução Francesa - 1789 - século XVIII. Visava formar um novo Estado com o ideário iluminista da igualdade, liberdade e fraternidade – ruptura com o passado/com o Antigo Regime. Teoria do Poder Constituinte: a) Abade Emanuel Joseph Sieyès - obra Qu´est-ce que le Tier État?; b) rompimento com o modelo anterior de Estado; c) Poder Constituinte exprimiria a soberania da nação, estando completamente desvencilhado de quaisquer limites impostos pelas instituições e peloordenamento jurídico do passado; d) Poder Constituinte fundaria uma nova ordem jurídica, criando novos órgãos, novos poderes. e) a constituição deve ser um documento escrito; Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) – definição de constituição - artigo 16: “Toda sociedade, na qual a garantia dos direitos não é assegurada nem a separação de poderes determinada, não tem constituição.” Feição da constituição francesa: ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM LEITURA DA DOUTRINA. 4 a) documento que deveria inspirar a atuação legislativa; b) não força normativa – não poderia ser invocada pelos litigantes nos tribunais. Constituições francesas: 1791, 1793, 1795, 1799, 1804, 1814, 1830, 1848, 1852, 1875, 1946 e 1958 (ainda em vigor). Protagonista do modelo constitucional: Poder Legislativo - duas razões: a) desconfiança dos franceses com o Poder Judiciário: instituição corrompida e associada ao Antigo Regime; b) valorização da lei como sendo a expressão da vontade geral do povo. Desvantagem do culto à lei: a) desvirtuamento ao legalismo formalista – juízes meros aplicadores autômatos da lei; b) direitos fundamentais valiam apenas nos limites das leis que os consagravam Edição do Código Civil (Código de Napoleão de 1804): ideologia liberal-burguesa – proteção à propriedade e ao respeito à autonomia privada. Superação supremacia Poder Legislativo: a) difusão global da Jurisdição Constitucional a partir da segunda metade do século passado. b) Direito Constitucional francês atual: controle constitucionalidade preventivo e controle de constitucionalidade a posteriori. 2.3.3) CONSTITUCIONALISMO MODERNO NORTE-AMERICANO Constituição americana: aprovada pela convenção da Filadélfia – 1787 - substituiu os artigos da confederação de 1781. Inovações Constituição Americana de 1787: a) novo modelo de organização política - Estado Federado; b) novo sistema de governo – presidencialismo; c) sistema de freios e contrapesos. Características Constituição Americana de 1787: a) texto sintético: originalmente 7 artigos - apenas 27 emendas; b) difícil alteração; c) plasticidade das cláusulas constitucionais – atualização constituição pela via interpretativa - adaptar a constituição às novas demandas e valores que emergiam com as grandes mudanças experimentadas pela sociedade americana ao longo do tempo. Inspiração constitucionalismo americano: jusnaturalismo liberal francês - adota a Teoria Poder Constituinte – cada nova constituição faz uma ruptura com o passado. Ideia essencial do constitucionalismo americano: a constituição não é mera proclamação política - é uma norma jurídica – força normativa - invocada pelo Poder Judiciário na resolução dos conflitos. Controle de Constitucionalidade: invalidade de leis que contrariem a constituição - caso Marbury v. Madison (1803) - princípio fundamental do Direito Constitucional norte-americano - jurisdição constitucional criou raízes não apenas nos EUA - disseminado por todo o mundo, sobretudo a partir da segunda metade do século XX. 2.4) CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO OU NECONSTITUCIONALISMO Nova perspectiva do constitucionalismo. Marco histórico: a) final da 2ª Guerra Mundial a Europa - violação aos direitos humanos cometidas pelo Nazismo. ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM LEITURA DA DOUTRINA. 5 b) reconstitucionalização na Europa após 2ª Guerra Mundial - redefiniu o lugar da constituição e a influência do direito constitucional sobre as instituições contemporâneas. Aproximação ideias constitucionalismo e democracia = Estado de Direito Democrático. Neoconstitucionalismo = surgiu da necessidade de criação de mecanismos de garantia de direitos que foram subtraídos do alcance das maiorias de ocasião e que têm por objetivo limitar abusos. Constitucionalismo moderno = atrelado à ideia de limitação do poder político X Constitucionalismo contemporâneo ou neoconstitucionalismo = busca pela efetiva eficácia da Constituição. Busca da concretização dos direitos fundamentais. Marco filosófico: pós-positivismo – confluência jusnaturalismo e positivismo - reaproximação entre a ética e os valores e o Direito – vai além da legalidade estrita, sem desprezar o direito posto - realiza uma leitura moral do Direito - inserção da filosofia nos debates jurídicos. Marco teórico – novos paradigmas: a) reconhecimento da força normativa da constituição; b) expansão da jurisdição constitucional; c) desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucional; d) desenvolvimento de uma teoria dos direitos fundamentais. Consequências: processo extenso e profundo de constitucionalização do direito - irradiação das normas e valores constitucionais para todos os ramos do ordenamento. Força normativa da constituição: a) normas jurídicas autênticas; b) Hegemonia modelo do constitucionalismo americano: supremacia da constituição; c) constituição deixa de ser documento essencialmente político; d) concretização constitucional deixou de ficar ao crivo da conveniência do legislador; e) não tratam apenas da organização do Estado – disciplinam relações privadas e tratam de vários temas; f) constituições dialéticas Expansão da jurisdição constitucional: a) antes modelo de supremacia do Poder Legislativo – doutrina inglesa e francesa; b) criação dos Tribunais Constitucionais: Tribunal Constitucional Federal na Alemanha em 1951 e Corte Constitucional na Itália em 1956. Nova dogmática da interpretação constitucional: a) rejeição ao formalismo; b) reconhecimento da força normativa dos princípios jurídicos e sua valorização no processo de julgamento. Norma jurídica = regra + princípio. c) recursos mais abertos de raciocínio jurídico: ponderação, tópica, teorias da argumentação. ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM LEITURA DA DOUTRINA. 6 Iniciativas no neoconstitucionalismo: 1) Alemã: Lei Fundamental de Bonn de 1949 - referência no novo constitucionalismo; Tribunal Constitucional Federal – 1951 - jurisprudência produzida acarretou a ascensão científica do direito constitucional no âmbito dos países de tradição romano-germânica. 2) Italiana: Constituição da Itália de 1947; Corte Constitucional em 1956; Controle de constitucionalidade. 3) Francesa: Constituição 1958 controle de constitucionalidade originalmente só preventivo. Atualmente adota, também, o controle repressivo. 4) Portuguesa e espanhola: redemocratização década de 70 – constituições caráter normativo - jurisdição constitucional. 5) Asiática e africana: após a descolonização diversos países criaram constituições protegidas por mecanismos de jurisdição constitucional. 6) América Latina: após anos 80 e 90 - implantação da democracia – criadas regras da jurisdição constitucional. 7) Brasileira: CF de 1988 - direito constitucional ganhou importância – constituição não mero documento técnico. Judicialização da política – politização da justiça. Perfil decisório: mais ponderação que subsunção. Críticas: Falta de legitimidade democrática das Cortes Constitucionais para funcionar como legislador positivo. Teóricos do embate jusfilosófico: Jürgen Habermas, Ronald Dworkin dentre outros. ANÁLISE DOS JULGADOS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL À LUZ DO NEOCONSTITUCIONALISMO EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. ART. 5º, LXXI DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONCESSÃO DE EFETIVIDADE À NORMA VEICULADA PELO ARTIGO37, INCISO VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEGITIMIDADE ATIVA DE ENTIDADE SINDICAL. GREVE DOS TRABALHADORES EM GERAL [ART. 9º DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. APLICAÇÃO DA LEI FEDERAL N. 7.783/89 À GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO ATÉ QUE SOBREVENHA LEI REGULAMENTADORA. PARÂMETROS CONCERNENTES AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELOS SERVIDORES PÚBLICOS DEFINIDOS POR ESTA CORTE. CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO. GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO. ALTERAÇÃO DE ENTENDIMENTO ANTERIOR QUANTO À SUBSTÂNCIA DO MANDADO DE INJUNÇÃO. PREVALÊNCIA DO INTERESSE SOCIAL. INSUBSSISTÊNCIA DO ARGUMENTO SEGUNDO O QUAL DAR-SE-IA OFENSA À INDEPENDÊNCIA E HARMONIA ENTRE OS PODERES [ART. 2O DA ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM LEITURA DA DOUTRINA. 7 CONSTITUIÇÃO DO BRASIL] E À SEPARAÇÃO DOS PODERES [art. 60, § 4o, III, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. INCUMBE AO PODER JUDICIÁRIO PRODUZIR A NORMA SUFICIENTE PARA TORNAR VIÁVEL O EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS, CONSAGRADO NO ARTIGO 37, VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. (...)” (MI 712, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2007, DJe-206 DIVULG 30-10-2008 PUBLIC 31-10-2008 EMENT VOL-02339-03 PP-00384) “EMENTA: ESTADO – LAICIDADE. O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente neutro quanto às religiões. Considerações. FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – MULHER – LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA – SAÚDE – DIGNIDADE – AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS FUNDAMENTAIS – CRIME – INEXISTÊNCIA. Mostra-se inconstitucional interpretação de a interrupção da gravidez de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, do Código Penal.” (ADPF 54, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 12/04/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 29-04-2013 PUBLIC 30-04-2013)” “1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO. Encampação dos fundamentos da ADPF nº 132-RJ pela ADI nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir “interpretação conforme à Constituição” ao art. 1.723 do Código Civil. Atendimento das condições da ação. 2. PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. (...) 3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. (...) 4. UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. (...) 5. DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. (...) 6. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”). RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de “interpretação conforme à Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado que impeça o reconhecimento da ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM LEITURA DA DOUTRINA. 8 união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva.” (ADI 4277, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 05/05/2011, DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-03 PP-00341 RTJ VOL-00219- PP-00212) FIM PRÓXIMA AULA CONTINUAÇÃO DO PLANO DE AULA ESTÁCIO Nº01 ASSUNTO: CONSTITUIÇÃO
Compartilhar