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A coagulação sanguínea serve para manter a homestasia que é a prevenção de perdas sanguíneas, feita por diversos mecanismos, sendo eles: constricção vascular, tampão plaquetário, coagulação do sangue, crescimento de tecido fibroso na região do coágulo com o intuito de fechar o vaso permanentemente. A perda sanguínea começa com o corte ou ruptura de um vaso sanguíneo e imediatamente o músculo liso presente nos vasos se contrai, ocorrendo vasocontrição, que é resultante de espamos locais e dor (reflexos nervosos). Depois acontece um tampão plaquetário, feito por plaquetas (trombócitos), formadas na medula óssea. No citoplasma existem alguns fatores, tais como: moléculas de actina, miosina e trombostenina que causam contração das plaquetas, resíduos de retículo endoplasmático e complexo de Golgi que armazenam cálcio, mitocôndrias que fornecem ATP e ADP, prostaglandinas que inibem a agregação plaquetária, fator de estabilização de fibrina que irá fortalecer as ligações entre as fibras de fibrina e fatores de crescimento que irão estimular o crescimento celular para acontecer a reparação tecidual. Já na membrana plasmática existem glicoproteínas que favorecem a aderência em áreas lesionadas e fosdolípideos que ativam vários estágios da coagulação sanguínea. Quando as plaquetas entram em contato com colágeno, ela muda sua forma deixando vazar ADP e tromboxano Az que atuam nas plaquetas vizinhas fazendo com que elas se ativem e atraiam mais plaquetas, formando um tampão plaquetário que é suficiente para pequenos traumas, quando ela não é suficiente inicia-se a coagulação sanguínea. A coagulação sanguínea começa com a formação do ativador de protrombina, que na presença de cálcio, converte protrombina em trombina que gera o ativamento de fibrinogênio que se converte em fibrina. A trombina também é responsável por ativar o fator de estabilização de fibrina, que fortalecem as ligações de fibras de fibrina, que por sua vez, formam uma malha que imperde a perda de sangue, formando então, um coágulo, que se retrai expelindo grande parte do líquido, entre vinte e sessenta minutos, contando com a ajuda de plaquetas. A ativação de Protrombina pode acontecer por meio de duas vias, sendo elas conhecidas como intrinsecas e extrinsecas. As extrinsecas acontecem quando há um trauma que irá induzir a liberação do fator tecidual que se junta com o fator VII e Cálcio que irão atuar sobre o fator X. O fator X quando ativado, passa a ser fator Xa, que se combina com o fator V para formar a ativação de protrombina. Já pelas vias intrinsecas, que acontece quando a um trauma sanguíneo ou contato do sangue com células endoteliais lesionadas, ou então com colágeno, entre outras possibilidades. Isso causa a liberação dos fosfolipideos das plaquetas, e com o fator VIII ativado, para ativar o fator X, que se combina com fosfolipideos teciduais, plaquetas e também com o fator V, para enfim também gerar a ativação de protrombina Fator I Fibrinogênio Proteína responsável pela transformação do sangue líquido em sólido (coágulo). Fator II Protrombina Proteína inativa produzida no fígado e liberada por todo o corpo. Fator III Fator Tissular Glicoproteína responsável por transformar protrombina em trombina, na presença de cálcio. Fator IV Cálcio Íon que participa na transformação de protrombina em trombina. Fator V Pró-acelerina Sintetizado no fígado, é transformada em acelerina, que acelera a transformação de protrombina em trombina. Fator VII Fator estável ou Pró-convertina Globulina presente no plasma e que tem atuação no processo de coagulação. Fator VIII Fator anti-hemofílico É um anti hemorrágico. Esse fator contribui para a formação de coágulos. Fator IX Fator de Christmas É uma proteína importante na cascata de coagulação. Sua deficiência causa hemofilia B. Fator X Fator de Stuart-Prower Enzima da cascata de coagulação cuja função é ajudar a interromper um sangramento. Fator XI Antecedente Tromboplastina Plasmática Proteína essencial na homestasia. Sua deficiência causa hemofilia C. Fator XII Fator de Hageman É um dos fatores que inicia a via intrínseca no processo de coagulação. Sua deficiência pode gerar distúrbios trombombólicos. Fator XIII Fator estabilizante de fibrina Responsável por reforçar ligações de fibrina. São substâncias pró-coagulantes. Cascata: O nome cascata de coagulação se dá pelo motivo que um fator ganha propriedades de ativar um outro fator, de modo consecutivo. A cascata de coagulação é dividida em duas vias, a extrínseca e a intrínseca, ambas irão convergir para o mesmo ponto, que é a ativação de protrombina em trombina. A via intrínseca acontece quando há uma lesão na superfície, como por exemplo, um corte na mão. Quando isso acontece, automaticamente se rompe a comunicação do endotélio com o vaso sanguíneo, causando uma alteração celular cujo é capaz de ativar a enzima pré-calicerina, essa, por sua vez, quando entra em contato com o vaso lesionado, é convertida em calicreína. A calicerina é capaz de ativar um dos primeiros fatores, que é o fator XII. Quando os fatores são ativados, eles passam a ter um a no final de sua nomenclatura, então o fator XII passa a ser fator XIIa. Esse fator quando ativo, tem a capacidade de ativar o fator XI. O fator Xia, juntamente com o íon de Cálcio e o fator VIIIa, ativam o fator X. Por sua vez, o fator Xa, junto com alguns cofatores, no caso o fator Va e o Cálcio, conseguem converter Protrombina em Trombina (complexo pró-trombinase). Já na via extrínseca, que acontece através de um trauma, que não necessariamente haverá um rompimento do tecido, porém esse trauma é capaz de ativar diretamente o fator VII, que quando ativado é denominado fator VIIa. Na hora do trauma, também é liberado o fator tissular, que se junta com o fator VIIa e passam a ser capazes de ativar o fator X. Nesse momento, o fator Xa, se junta com o fator Va e com Cálcio e consegue promover a ativação de Protrombina, que quando ativada é denominada Trombina. No final das duas vias, a trombina é capaz de ativar o fibrinogênio, que quando ativado passa a se chamar fibrina. A fibrina juntamente com o fator VIIIa, que também é ativado pela trombina, conseguem formar uma rede de fibrina que é o que irá formar um tampão que impedirá a saída de sangue para o meio externo. Observação: A protrombina também é chamada de fator II e quando é ativada passa a ser chamada de fator IIa, ou então, trombina. O fibrinogêno também é chamado de fator I, que quando ativado passa a se chamar fibrina, ou então, fator Ia. É no fígado onde acontece a produção de protrombina, proteína utilizada em todo organismo no processo de coagulação. Para o fígado manter seu funcionamento normal, ele precisa de vitamina K. Caso não houver vitamina suficiente a síntese de quatro fatores da coagulação é alterada, como também a produção de protrombina. Outra proteína produzida no fígado é o fibrinogênio, como também o fator VII, fator IX e o fator X. Além disso, o fígado produz proteínas inibidoras da coagulação, denominadas de proteínas C, S e Z. Guagsu Coagulação Sanguínea Consiste na conversão do sangue no estado liquido em um coágulo firme. É a fase da hemostasia responsável pela formação de fibrina, sendo caract. Por várias reações bioquímicas, terminando com a formação do coágulo. Hemostasia: vários eventos bioquímicos para conter a perda de sangue quando um vaso é lesado. Etapas da Hemostasia: 1) Vásculo-Plaquetária: constrição do v. sanguíneo. 2) Coaguação propriamente dita: migração de plaquetas para região lesada, estas liberam várias substâncias que induzem o recrutamento de outras plaquetas para formar o tampão. 3) Fibrinólise: destruição do coágulo. 1) Fase Vásculo-Plaquetária: a) Vasoconstrição Local: ocorre pela ativação elétrica e contração das fibras musculares dovaso (vasoconstrição reflexa) e pelas substâncias liberadas pelas plaquetas que mantém essa vasoconstrição. O objetivo é reduzir a pressão e o fluxo sanguíneo na região. b) Adesão: as plaquetas, que tem alto poder de adesão a tecidos com rugosidade aderem ao colágeno exposto da parede vascular para formar o tampão. Elas possuem em sua membrana plasmática uma série de glicoproteínas que conseguem aderir ao colágeno. O Fator de Von Willbrand, ligado ao fator VIII é exposto na célula endotelial e se liga a glicoproteínas das plaquetas. c) Secreção: Plaquetas que migram para região secretam substâncias que induz o recrutamento de mais plaquetas. Ocorre também a mudança de conformação delas. O processo ocorre da seguinte maneira: Trombina se liga a receptores das plaquetas e ativa a fosfolipase C que quebra PIP2 em 1,2 DAG e IP3. O 1,2 DAG ativa a PKC que fosforila a plequistrina, esta aumenta a adesão plaquetária, pois vai aumentar a liberação de grânulos de secreção, um deles é o ADP, diretamente relacionado com a adesão plaquetária. O IP3 vai induzir a liberação do CA+2 intracelular, este se liga a cadeia livre de miosina que fosforila a miosina P e promove a contração das fibras musculares, com isso as plaquetas são deformadas, ou seja, aumentam de tamanho, com o objetivo de estancar mais a região. Além do ADP, outros grânulos de secreção é o TROMBOXANO e a SEROTONINA. As plaquetas em contato com o colágeno também ativa a fosfolipase A2 que quebra o ácido araquidônico. Este é convertido, por meio da COX em tromboxano, prostaglandinas e leucotrienos. O troboxano vai ser liberado no plasma e é o maior efetivo na agregação plaquetária, pode ainda ativar a fosfolipase C e desencadear todo aquele processo descrito. OBS: O ácido acetilsalicílico inibe a COX, daí não haverá formação de tromboxano, o que vai reduzir a agregação plaquetária e aumentar as chances de hemorragias. Pessoas com o vírus da dengue sofrem uma redução no número de plaquetas pela ativação do sistema imunológico, aumentando também as chances de hemorragias. A fase vásculo-plaquetária da hemostasia termina com a formação do tampão plaquetário que é capaz de interromper sangramentos em vasos de pequeno calibre e baixa pressão intravascular. Algumas doenças dessa FASE1: Doença de Von Willebrand: doença hereditária, as pessoas portadoras não têm o fator de Von Willebrand, com isso, a plaqueta não consegue se fixar no endotélio e as hemorragias aumentam. Púrpura Trombocitopênica: doença autoimune, o próprio organismo da pessoa produz anticorpos que se ligam as glicoproteínas das plaquetas levando a sua remoção por macrófagos. 2) Coaguação propriamente dita: Algumas proteínas importantes para essa fase: PROTROMBINA (fator II): sintetizada no fígado e dependente de vit K. Dá origem a TROMBINA, com auxílio dos fatores de coagulação, ca+2 e vitK. Doença hepática e deficiência de vit K levam a hipotrombinemia. TROMBINA: auxilia na conversão de fibrinogênio em fibrina. FIBRINOGÊNIO (fator I): proteína de fase aguda, se transforma em fribina. Tranformação de fibrinogênio em fibrina: 1) PROTEÓLISE: a trombina quebra as ligações fracas do fibrinogênio, formando MONÔMEROS DE FIBRINA. 2) POLIMERIZAÇÃO: Os monômeros de fibrina se polimerizam espontaneamente com ligações eletrostáticas e pontes de H, formando Fibrina Solúvel ou COÁGULO MOLE. 3) ENDURECIMENTO: Ocorre na presença de Ca+2 e de enzima Fibrinase (fator XIII). São formadas ligações peptídicas entre os monômeros, formando a fibrina insolúvel ou COÁGULO DURO. A formação do ATIVADOR DE PROTROMBINA se dá por duas vias, que atuam juntas no processo de coagulação: VIA EXTRINSECA (ocorre em segundos): Assim que o vaso é lesado, há liberação do FATOR TECIDUAL (III) este ativa o FATOR VII. Este junto com o CA+2 vão ativar o FATOR X, este ativado libera o ativador da protrombina, que transforma a protrombina em trombina que age sobre a conversão do fibrinogênio em fibrina. Por último o estabilizador de fibrina (XIII) é ativado e o coágulo firme é criado. VIA INTRISECA (ocorre em minutos): Assim que há contato do sangue com o coágulo, o fator XII será ativado e ativará o F.XI, este ativa o F.IX e este ativa, junto com ca+2, cofator VIII e fosfolipídios plaquetários, o FATOR X, o resto do processo foi descrito acima. OBS: fator VII, IX, X e protrombina precisam de VIT.K. 3) Fibrinólise: destruição do coágulo. TROMBASTEMIA: induz a eliminação de agua do coágulo que vai murchar e ser destruído posteriormente, enquanto os fibroblastos vão agir na cicatrização do tecido. PLASMINOGÊNIO PLASMINA: degrada as fibrinas (depende do ativador tecidual de plasminogenio e do SCU-PA) Alfa2 antitripisina: inibidor fisiológico da plasmina (matem o coágulo). Por que não ocorre coagulação espontaneamente em um vaso não lesionado? O Endotélio vascular é liso e possui proteínas com cargas negativas que repelem os fatores coagulantes e as plaquetas. Além disso, há um equilíbrio entre os fatores coagulantes e anticoagulantes dentro do vaso sanguíneo. Quando ocorre uma lesão, os fatores coagulantes prevalecem e dão início ao processo de coagulação. ANTICOAGULANTES: Moléculas quelantes ou que formam sais insolúveis com o cálcio (sem cálcio não há coagulação) e heparina (antitrombina). Mecanismo reguladores da coagulação sanguinea As reações bioquímicas da coagulação do sangue devem ser estritamente reguladas de modo a evitar ativação excessiva do sistema, formação inadequada de fibrina e oclusão vascular. Assim, a atividade das proteases operantes na ativação da coagulação é regulada por numerosas proteínas inibitórias que atuam como anticoagulantes naturais. No presente capítulo, discutiremos as que apresentam maior relevância biológica atuando como inibidores fisiológicos da coagulação: o TFPI (“tissue factor pathway inhibitor”), a proteína C (PC) e a proteína S (PS), e a antitrombina (AT). Conforme mencionado, o complexo fator VIIa/FT atua sobre dois substratos principais: os fatores IX e X da coagulação, ativando-os. Essas reações são reguladas pelo inibidor da via do fator tecidual (TFPI), uma proteína produzida pelas células endoteliais que apresenta três domínios do tipo “Kunitz”. O primeiro domínio liga-se ao complexo fator VIIa/FT inibindo-o, e o segundo domínio liga-se e inibe o fator Xa. Assim, a ativação direta do fator X é regulada negativamente de modo rápido na presença do TFPI, que limita desta forma a produção de fator Xa e fator IXa. A ligação do fator Xa é necessária para que o TFPI exerça seu papel inibitório sobre o complexo fator VIIa/FT. Outra importante via de anticoagulação do sangue é o sistema da PC ativada (PCa). A PC, quando ligada ao seu receptor no endotélio (EPCR, “endothelial PC receptor”), é ativada após a ligação da trombina ao receptor endotelial trombomodulina (TM). A PCa inibe a coagulação clivando e inativando os fatores Va e VIIIa. Este processo é potencializado pela PS, que atua como um cofator não enzimático nas reações de inativação. A identificação do sistema da PCa implicou importante mudança conceitual no que se refere ao papel da trombina no sistema hemostático: não obstante ela tenha função procoagulante quando gerada em excesso, sua função na fisiologia do sistema, em que é produzida apenas em pequenas quantidades, é de um potente anticoagulante, tendo em vista que sua ligação à TM endotelial representa o evento chave para ativação da via inibitória da PC. A AT (anteriormente designada AT III) é o inibidor primário da trombina e também exerce efeito inibitório sobre diversas outras enzimas da coagulação, incluindo os fatores IXa, Xa, e XIa. Adicionalmente, a AT acelera a dissociação do complexo fator VIIa/fator tecidual e impede sua reassociação. Desta forma, a AT elimina qualquer atividade enzimática procoagulante excessiva ou indesejável. A molécula de heparan sulfato, uma proteoglicana presente na membrana dascélulas endoteliais, acelera as reações catalisadas pela AT. A atividade inibitória da AT sobre a coagulação é também potentemente acelerada pela heparina, um polissacarídeo linear estruturalmente similar ao heparan sulfato. As diferentes vias regulatórias citadas anteriormente não operam isoladamente, pois há sinergismo entre o TFPI e a AT e entre o TFPI e o sistema da PC suprimindo a gênese de trombina. Por exemplo, a AT (mas não o TFPI) inibe a ativação do fator VII mediada pelo fator Xa no complexo fator VII/FT. Por outro lado, o TFPI (mas não a AT) inibe o excesso de ativação do fator X pelo complexo fator VII/FT. Adicionalmente, o TFPI em conjunção com o sistema da PCa inibe potentemente a gênese de trombina pelo complexo fator VII/FT. Em condições fisiológicas (ausência de lesão vascular) há predomínio dos mecanismos anticoagulantes sobre os procoagulantes, mantendo-se desta forma a fluidez do sangue e preservando-se a patência vascular.
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