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NOME SOCIAL E SUA IMPORTÂNCIA.

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A IMPORTÂNCIA DO NOME E A QUESTÃO DO NOME SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO NOME E A QUESTÃO DO NOME SOCIAL 
Trabalho Interdisciplinar apresentado no 1° 
semestre do Curso de Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2017 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4 
2. A Importância do Nome ........................................................................................ 5 
3. Possibilidade de Alterações no Nome Civil ........................................................... 8 
4. O Nome Social .................................................................................................... 11 
5. O debate Sobre Gênero Nas Escolas ................................................................. 14 
6. Testemunhos ...................................................................................................... 17 
7. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 19 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 20 
4 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Nome tem como significado: substantivo masculino, antropônimo dado a uma 
criança ao nascer, no batismo ou em outra ocasião especial; nome de batismo, 
antenome, prenome. Sabe-se da importância do nome como forma de 
individualização e identificação de uma pessoa. Porém, como podemos identificar 
uma pessoa pelo nome, quando exteriormente e internamente a própria pessoa não se 
reconhece? Através de autores, códigos, leis, decretos, opiniões e notícias; esta 
pesquisa busca demonstrar a importância do Nome, suas possíveis alterações; o 
Nome social e a individualização que uma alteração de nome pode proporcionar; bem 
como, a discussão sobre o tema nas escolas. 
5 
 
 
2. A Importância do Nome 
 
Como um dos elementos de individualização da pessoa, o nome é um direito 
de cada indivíduo, ligado intimamente a sua personalidade, sendo inclusive parte 
integrante desta, como forma de identificação individual dentro de um grupo, 
destacando Maria Helena DINIZ (2017, p. 239) que: “o nome integra a personalidade 
por ser o sinal exterior pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a 
pessoa no seio da família e da sociedade”, ou ainda, “a designação pela qual se 
identificam e distinguem as pessoas naturais, nas relações concernentes ao aspecto 
civil de sua vida jurídica” (PELUZO e col., 2017 apud FRANÇA, 1975, p. 22) 
Deveras, não se conhece algo senão pelo seu nome, sendo tal a importância 
deste, que mesmo a bíblia traz certa preocupação com a sua determinação: 
 
 
“Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo o animal do 
campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como 
lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi 
o seu nome. E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, 
e a todo o animal do campo; ” 
(Gênesis 2:19,20) 
Se com objetos e animais é assim, não seria diferente com as pessoas. Não é 
por mero acaso que a sua escolha costuma ser a primeira decisão e interferência 
paterna sobre a vida dos filhos. Também é sinal deste prestígio o fato de que, ao ser 
alfabetizado, o nome é o elemento primeiro que se instrui a escrever e comunicar a 
outros, fato facilmente observável, também, em cursos de idiomas, nos quais as 
duas primeiras coisas estudadas são como informar o próprio nome e perguntar o de 
terceiros. 
Reconhecendo este valor Flavio TARTUCE (2017, p. 100-101) ao dividir os 
direitos da personalidade em “cinco grandes ícones”, aponta o nome como um 
deles. Por estas razões é o nome imprescritível e inviolável, gozando de proteção 
jurídica tanto no Código Civil, quanto na Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973). 
Pode-se, além disso, separar o nome em seu aspecto privado, ou individual, e 
seu aspecto p~blico, sendo o primeiro manifestado na “autorização que tem o 
indivíduo de usá-lo, fazendo-se chamar por ele, e de defende-lo de quem o usurpar, 
reprimindo abusos cometidos por terceiros” (DINIZ, 2017), e o segundo referente ao 
6 
 
seu uso público, ligado ao registro civil, e, portanto, estando sujeito à tutela legal do 
estado quanto à disciplina de seu exercício. De certa maneira, fica a Lei de 
Registros Públicos responsável pela disciplina do nome, acima descrita, em seu 
aspecto público, enquanto cabe ao Código Civil a proteção individual do sou uso, 
através de seus arts. 16 a 19, transcritos a seguir: 
 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o 
prenome e o sobrenome. 
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em 
publicações ou representações que a exponham ao desprezo 
público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em 
propaganda comercial. 
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da 
proteção que se dá ao nome. 
Cobrindo esta proteção todos os elementos do nome: o prenome; o 
sobrenome (apelido de família ou patronímico); o agnome; o pseudônimo usado em 
atividades lícitas, como expresso pelo art.19; e a alcunha ou cognome, ainda que de 
maneira não expressa, nos casos em que se agrega de tal maneira à personalidade 
que possa até vir a ser incorporado no nome (ex: Pelé, Xuxa, Tiririca), sobre isso diz 
Silmara CHINELLATO: “a alcunha, ou apelido, tambpm p vertente da identidade e, 
por isso, deve ser protegida. [...] os direitos da personalidade não são taxativos, 
razão por que p plenamente sustentável a tutela legal” (MACHADO e col., 2017, p. 
54). 
O art. 17 ao proteger o nome, o que, no entanto, não impede a liberdade de 
informar, desde que dentro dos limites legais, veda, por exemplo, a inscrição 
indevida do nome do indivíduo em cadastro negativo de instituição de proteção ao 
crédito, por acarretar ao seu possuidor abalo de ordem moral. Independendo o dano 
da intenção, em consonkncia com o expresso no art. 186, CC, “Aquele que, por 
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano 
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (grifos nossos). 
Caberá a quem se sentir lesado tomar as medidas cabíveis, com base no 
acima exposto e nos arts. 12 e 927 do Código, que possibilitam que se exija que 
“cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, 
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei” e indicam que “aquele que, por ato 
7 
 
ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. [...] haverá obrigação de 
reparar o dano, independentemente de culpa [...]”. 
Por fim, cabe dizer que como direito da personalidade, o direito ao nome, a sua 
posse, uso e a sua defesa são absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, 
impenhoráveis, ilimitados, imprescritíveis, inexpropriáveis e indisponíveis, (DINIZ, 
2017). O que não impede, neste último, certa relativização, como o que ocorre caso o 
titular autorize o seu uso, como permitido pelo art. 18, de forma onerosa ou não, de 
maneira semelhante ao admitido para o direito de imagem, sem que isto, no 
entanto, signifique, de forma alguma a sua revogação. 
8 
 
 
3. Possibilidade de Alterações no Nome Civil 
 
No direito brasileiro, a regra predominante é a da imutabilidade do nome civil, 
composto pelo prenome e nome de família.Contudo, a Lei dos Registros Públicos traz algumas exceções a essa regra, 
possibilitando a alteração do nome civil das pessoas naturais; outras situações, não 
previstas legalmente, mas admitidas pela doutrina e jurisprudência, têm a 
capacidade de alterar o nome civil. A fim de entendermos as possíveis alterações do 
registro civil das pessoas naturais, sobretudo aquele referente ao nome civil, é 
importante apresentarmos a distinção existente entre retificar e averbar os dados 
neste registro. 
A retificação ocorre quando um dado existente no registro se encontra em 
desacordo com a realidade. Dessa forma, promove-se uma retificação do registro, de 
modo a fazer constar aquele dado, até então errôneo, de forma a espelhar a 
situação fática, real. Ressalte-se, aqui, que a identificação do dado à realidade deve 
corresponder ao momento em que o assento fora promovido no registro civil. 
Qualquer situação posterior ao registro, que venha alterar aquela realidade não terá o 
poder de retificá-lo, vez que no momento em que o assento fora promovido o dado 
espelhava, perfeitamente, a realidade. 
A averbação, de outro lado, não pressupõe qualquer vício no registro. Visa à 
anotação, à margem do assento existente, de algum fato jurídico que, de qualquer 
forma, o modifica ou cancela, sem alterar seu objeto nuclear. Como exemplo, 
podemos citar os fatos que devem ser averbados no registro civil de pessoas 
naturais, como as sentenças que decidirem nulidade ou anulação de casamento e as 
alterações ou abreviaturas de nomes. 
Ressalta-se, que quando falamos em alteração do registro civil, entendemos 
estar tratando de um gênero do qual são espécies a retificação e a averbação. 
 Não é demais asseverarmos o grau de importância dos registros civis, 
principalmente o registro de nascimento. Possui presunção de veracidade e 
autenticidade, norteados pelos princípios da segurança e fé pública. Não devem, 
portanto, sofrer alterações infundadas ou averbações despropositadas com o intuito de 
preservar a segurança jurídica. 
9 
 
Para uma completa e pormenorizada compreensão do tema, devemos 
analisar especificadamente alguns importantes artigos da LRP que se referem 
diretamente ao registro civil do nome ou a este propriamente dito, bem como às 
possibilidades de alteração e seu procedimento. Inicialmente, vale ressaltar que 
a LRP , no artigo 50 , caput, estabelece que todo nascimento em território nacional 
deve ser registrado, mesmo aquele referente a natimorto ou a criança morta no 
parto. 
Art. 50. Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser 
dado a registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da 
residência dos pais, dentro do prazo de quinze dias, que será 
ampliado em até três meses para os lugares distantes mais de trinta 
quilômetros da sede do cartório. (Redação dada pela Lei nº 9.053, de 
1995) 
Art. 55 [...] 
Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não registrarão prenomes 
suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. 
Art. 56. O interessado, no primeiro ano após ter atingido a 
maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, 
alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, 
averbando-se a alteração que será publicada pela 
imprensa. (Renumerado do art. 57, pela Lei nº 6.216, de 1975). 
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua 
substituição por apelidos públicos notórios. (Redação dada pela Lei 
nº 9.708, de 1998) 
Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em 
razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com 
a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz 
competente, ouvido o Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 
9.807, de 1999) 
 
Toda alteração do nome, ocorrida posterior ao registro de nascimento, 
somente se efetuará por sentença judicial, devidamente averbada no assento de 
nascimento. Como dito anteriormente, o nome é o meio de identificação e 
individualização da pessoa na sociedade, merecendo, portanto, toda proteção legal 
como sendo um bem oriundo de sua personalidade. 
Portanto, hoje se entende, que o princípio norteador das alterações do 
prenome não é mais o da imutabilidade, mas o da definitividade, uma vez que o 
prenome pode ser alterado em todas as situações autorizadas por Lei ou pelo Poder 
Judiciário. O art. 58 em questão é objeto de ação direta de inconstitucionalidade, 
ADI 4.275 que tramita desde 2009, para que ocorra a adequação de interpretação 
10 
 
deste dispositivo legal, reconhecendo aos transgêneros a possibilidade de alteração 
do registro civil, substituindo o nome nele constante pelo nome social, apelido 
público e notório. Essa possibilidade de alteração está assegurada pelo princípio 
constitucional da dignidade da pessoa humana. 
11 
 
 
4. O Nome Social 
 
Em uma pequena introdução ao tema, se faz necessário o conhecimento de 
alguns dados reais e atuais: 
O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no Mundo. De acordo 
com a pesquisa realizada pela Transgender Europe (TGEU), rede europeia de 
organizações que apoiam os direitos da população transgênero, entre janeiro de 
2008 e março de 2014, foram registradas 604 mortes de travestis e transexuais no 
país. Das 53,85% das denúncias, recebidas pelo Disque 100, de violações a 
população LGBT são oriundas de situações de discriminação, o que demonstra a 
importância da ampliação e da qualificação da rede de atendimento e de proteção 
social, bem como de políticas públicas voltadas para o combate a LGBTfobia que faz 
do Brasil o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. 
O Disque - 100 recebeu no ano de 2015 1.983 denúncias de violações de 
direitos da população LGBT. Esse número representa um aumento de 94% no 
registro de manifestações de denúncias de violações contra a população LGBT entre os 
anos de 2014 e 2015. 
Considerando esse cenário, em abril de 2016, na semana das Conferências 
Nacionais Conjuntas de Direitos Humanos, foi publicado o Decreto Presidencial Nº 
8.727/2016, que dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da 
identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração 
pública federal. 
Nome social se refere à designação pela qual a pessoa travesti ou transexual 
se identifica e é socialmente reconhecida. Já a Identidade de Gênero é a dimensão 
da identidade de uma pessoa que diz respeito à forma como se relaciona com as 
representações de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua 
prática social, sem guardar relação necessária com o sexo atribuído no nascimento. 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.geledes.org.br (2016) 
 
Com base nas leis e decretos federais, estaduais e municipais entende- se 
que o nome social se tornou um direito do cidadão brasileiro, que se dispõe ao 
reconhecimento de gênero dos travestis e transexuais pelo nome social sem a 
necessidade da atribuição do sexo biológico, garantindo o princípio da dignidade da 
pessoa humana, o direito da identidade de gênero, sem discriminação de raça, cor, 
sexo, idade ou quaisquer outras formas pejorativas, valendo-se da autonomia 
individual promovendo a cidadania, o respeito, liberdade e igualdade. Considerando 
a diversidade sexual como direitos humanos dos LGBT, e integrando-os 
socialmente, sendo chamados da forma que se reconhecem em seu âmbito social. 
Ao desejar serem chamados peloseu nome social devem se manifestar 
mediante a administração direta e indireta do Estado de São Paulo, com uma auto 
declaração, pois não é permitido testemunhas. Em casos de servidores municipais 
deve ser requerido por escrito ao departamento responsável para o cadastramento 
interno do indivíduo. 
É dever das entidades públicas sejam diretas ou indiretas adotarem o 
procedimento, utilizar e respeitar o nome social do indivíduo que o possui, 
atualizando os seus registros internos, havendo necessidade de confecções de 
crachás ou qualquer tipo de documento para a identificação para que não haja 
nenhuma ocorrência de afrontamento a dignidade humana. As informações de 
13 
 
cadastros em quaisquer programas, serviços, formulários, prontuários, e em 
documentos da administração pública federal direta, devem conter o nome social em 
destaque sendo acompanhado do nome civil, que somente é utilizado para fins 
administrativos internos, ou para proteção de terceiros sendo estritamente 
necessário, sabendo- se que a pessoa transexual ou travesti poderá requerer a 
qualquer momento a inclusão do nome social em documentos oficiais, desde que o 
nome civil venha em seguida. 
Embora os decretos mesmo formulados em datas distintas não mudam suas 
funções e nem características em relação à pessoa humana, como o decreto 
sancionado pela Ex-Presidenta Dilma Rousseff DECRETO Nº 8.727, DE 28 DE 
ABRIL DE 2016, assegurando o direito de gênero dos transexuais e travestis, sendo 
que no Estado de São Paulo, já havia um DECRETO Nº 55.588, DE 17 DE MARÇO 
DE 2010 sancionado pelo governador José Serra, ou seja, mesmo havendo uma 
diferença de seis anos entre ambos o princípio é a dignidade humana, sexual e o 
nome social. 
14 
 
 
5. O debate Sobre Gênero Nas Escolas 
 
Há um debate político a respeito das discussões de gênero e sexualidade em 
sala de aula. Ele se acirrou em 2014, durantes as discussões sobre o Plano 
Nacional de Educação, que determina diretrizes, metas e estratégias para a política 
educacional dos próximos dez anos. Entre os opositores mais veementes à 
abordagem do tema no ensino básico está a bancada evangélica e adeptos do 
movimento Escola Sem Partido, que se referem ao tema como “ideologia de 
gênero”. 
A adoção de políticas como a do nome social e ensinamentos sobre a 
construção do gênero na sociedade seriam, nesse ponto de vista, uma doutrinação 
prejudicial a crianças e adolescentes. Ao assumir o comando do MEC em 2016, um 
dos primeiros gestos do ministro Mendonça Filho (DEM) foi receber representantes do 
movimento Escola Sem Partido. 
Há também pais que defendem que os temas não sejam abordados logo de 
início, na educação infantil e no ensino fundamental 1, que vai até o 5º ano (ou seja, 
atp os 10 anos). “Não p que sejamos contrários a temas sobre sexualidade, mas 
tudo no seu tempo”, disse Gizeli Nicoski, mãe de crianças de três, quatro e sete 
anos, que articulou com outras mães de alunos de um colégio em Brasília uma 
reclamação contra a adoção, para o 2º ano, de um livro que aborda esses temas. 
Em abril de 2017, o Ministério da Educação alterou o texto da nova versão da 
Base Nacional Curricular, suprimindo todas as menções a “identidade de gênero” e 
“orientação sexual”. 
“Quando se fala em discussão de gênero e orientação sexual nas escolas, uma 
das coisas que as pessoas sempre falam, ainda mais agora com a polêmica da 
exposição ‘Queermuseum’ e da obra ‘Criança Viada’, da Bia Leite, p que se está 
sexualizando as crianças. Colocando para elas coisas que não são capazes de 
entender”, afirma Luiza Ferreira Lima. “Mas estamos discutindo gênero e 
sexualidade desde que as crianças estão na barriga das suas mães. 
Na escola, quando se faz uma fila de meninos e meninas, quando se coloca 
que meninas vão jogar vôlei e meninos futebol, isso já é impor para eles padrões de 
gênero”, completa a pesquisadora. 
15 
 
Entende-se que a concepção de uma sociedade, no que tangem 
comportamentos e maturidade social, é instituída pela educação. O Direito à 
educação é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos sociais, que têm 
como inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. 
Durante a Constituinte de 1988 as responsabilidades do Estado foram 
repensadas e promover a educação fundamental passou a ser seu dever: 
 
 
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. ” 
Constituição Federal de 1988, artigo 205. 
Além da Constituição Federal, de 1988, existem ainda duas leis que 
regulamentam e complementam a do direito à Educação: o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), de 1990; e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 
1996. 
É direto da criança e do adolescente: ter acesso à escola pública e gratuita 
próxima de sua residência; ser respeitado por seus educadores; ter igualdade de 
condições para o acesso e permanência na escola; direito de contestar os critérios 
de avaliação, podendo recorrer às instâncias escolares superiores. 
Conforme previsto em constituição, a escola é um direito social e a educação jamais 
pode ser prejudicada por conta de descriminalização, seja ela em qual âmbito 
ocorra. Segundo a matpria publicada pelo Nexo Jornal, “avolumam-se as estatísticas 
de violência e abandono da escola em função de bullying, assédio, constrangimento, 
preconceito, suicídio e outras formas de violência que podem ser minimizadas pela 
adoção do nome social e pelo respeito à identidade de gênero desses estudantes”. 
 De encontro a essa necessidade, o CNE (Conselho Nacional de Educação) 
aprovou, um parecer que autoriza o uso do nome social por parte de travestis e 
transexuais na educação básica, que compreende da educação infantil ao ensino 
médio, dos 4 aos 17 anos de idade. 
Para pessoas com mais de 18 anos, o reconhecimento do uso do nome social em 
esferas da vida pública como o serviço de saúde e a universidade já está em vigor 
em quase todos os estados brasileiros. Mas, para quem tem menos de 18 anos, a 
decisão é relativa: depende da interpretação do Código Civil. 
16 
 
O projeto em debate no MEC propõe autorizar que pessoas com menos de 18 
anos possam solicitar, por meio de seus representantes legais, o uso do nome social no 
ambiente escolar. Caso os pais ou responsáveis se neguem a fazer a solicitação, a 
escola deve orientar o aluno sobre a possibilidade de recorrer à Defensoria Pública por 
meio da qual pode exigir judicialmente o direito ao nome social. 
De acordo com Luiza Ferreira Lima, pesquisadora do Núcleo de Estudos 
sobre Marcadores Sociais da Diferença da USP e doutoranda em Antropologia 
Social: “Se já p extremamente ofensivo, para uma criança ou adolescente, ser 
chamado por um apelido pejorativo, é ainda pior quando ela é chamada por um 
nome, tratada por um gênero com o qual não se identifica”, disse a pesquisadora. 
Para ela, “o reconhecimento do nome social p absolutamente fundamental como 
ponto de partida para a permanência dessas crianças e adolescentes nas escolas”. 
A evasão escolar é a raiz de um processo de marginalização enfrentado pelos 
travestis e transexuais que se intensifica ao longo da vida. Segundo Roberta 
Fernandes, psicóloga e militante transexual, a evasão escolar contribui para que 
pessoas trans. tenham dificuldades de inserção no mercado de trabalho e recorram a 
atividades como aprostituição, o que pode deixá-las mais vulneráveis à violência. “e o 
direito de estar e ser vista como elas são, de uma menina ser chamada de Marina 
e não de João e permanecer dentro do sistema educacional”, disse Fernandes ao 
Nexo em maio de 2016. 
17 
 
 
6. Testemunhos 
 
O aluno Gael Benitez, de 21 anos, estudante do 5º período de jornalismo, 
conta que achou o processo bastante simples e rápido. “Só precisei fazer uma 
solicitação online pelo sistema e anexar um documento de próprio punho atestando 
que aquela era minha vontade. Em menos de uma semana meu nome já estava 
alterado nas chamadas e eu pude fazer o pedido da minha carteirinha nova”, 
explica. 
Além disso, ele afirma que teve a ajuda dos professores e coordenadores. 
“Tive a segurança e liberdade de me abrir e contar a eles o que eu estava passando. Os 
professores me ajudaram a ter mais informações e me indicaram outras trans., para 
que eu pudesse trocar experiências. Isso foi fundamental para que eu tivesse uma 
transição mais tranquila e segura. ” 
Para Roberto Reis, coordenador do projeto de extensão “Una-se contra a 
LGBTfobia”, foi surpreendente verificar que, depois de estabelecido um primeiro 
contato, algum preconceito que eventualmente existisse foi enormemente 
minimizado. Gael reforça ainda que a iniciativa é essencial como forma de respeito 
ás pessoas trans. “Para mim essa mudança foi extremamente importante, pois meu 
nome de registro não me representa. Seria uma tortura se durante todas as aulas, 
por exemplo, durante a chamada o professor falasse um nome feminino e eu tivesse 
que responder”. 
A seccional de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil permitiu que 
a advogada transexual Robeyoncé Lima usasse seu nome social em sua carteira 
profissional. O direito é assegurado pela Resolução 5/2016 do Conselho Federal da 
OAB. 
A advogada tem 28 anos e foi aprovada no Exame da Ordem em 2016. Ela foi 
a primeira aluna da Faculdade de Direito do Recife a solicitar o uso do nome social. 
Em seu discurso, Robeyoncé relembrou os casos de homicídios causados por 
homofobia e agradeceu à OAB-PE pelo reconhecimento de sua identidade. “O que 
mais me faz feliz é estar abrindo as portas da OAB para negros, periféricos, travestis 
e trans. que querem advogar por uma sociedade mais justa”, disse. “O respeito não 
p uma escolha, o respeito p um dever”, acrescentou a nova advogada. Robeyoncé 
18 
 
Lima é a segunda advogada a ter esse direito reconhecido no Brasil. O primeiro 
caso veio de São Paulo, onde a advogada Márcia Rocha teve sua certidão da OABSP 
com o registro do nome social. A inclusão é uma iniciativa da seccional, que 
encaminhou o pleito aprovado por unanimidade pelo Conselho Federal da OAB e 
entrou em vigor em janeiro neste ano. 
19 
 
 
7. CONCLUSÃO 
 
Conclui-se por meio da pesquisa que a busca por uma maturidade social se 
faz necessária, quando nos deparamos com marginalizações, preconceitos e 
discriminações aos diferentes tipos de orientações sexuais; e que apenas a 
conscientização e o respeito às diferenças positivam uma sociedade mais justa. A luta 
pela dignidade e direitos iguais torna-se uma obrigação de todos. 
Com uma sociedade mais justa e solidária, esperamos que não tenhamos um 
retrocesso nas pequenas conquistas que a comunidade LGBT já conseguiu 
alcançar, e jamais devemos deixar que o preconceito tire a liberdade das pessoas. 
20 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
DINIZ, Maria Helena. CURSO DE DIREITO CIVIL BRASILEIRO: teoria geral do 
direito civil 1. 34. ed. São Paulo. Saraiva. 2017 
MACHADO, Costa. CÓDIGO CIVIL INTERPRETADO. 10. ed. São Paulo. Editora 
Manole. 2017 
PELUZO, Cezar. CÓDIGO CIVIL COMENTADO. 11. ed. São Paulo. Editora Manole. 
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