Buscar

RESUMO DE PENAL COMPLETO (2)

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL II –DOS CRIMES CONTRA A VIDA
I-DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
-Conceito: Os crimes contra a vida estão dispostos do art. 121 à 148 do CP. Exceto os crimes contra a vida considerados culposos e expressamente previstos em lei, todos são dolosos e estes são levados ao Tribunal do Júri.
A conduta de um crime doloso poderá ser comissiva (quando há a pratica de uma ação) ou omissiva (quando a ausência de uma ação levou ao crime). 
Os crimes dolosos previstos no art. 121 são:
- Simples “caput”
- Privilegiado § 1º
- Qualificado §2º
Já os culposos estão dispostos no art. 121, §§ 3º e 4º e podem ser:
- Simples
- Qualificado
II- HOMICÍDIO SIMPLES
-Conceito: O homicídio simples é a eliminação da vida extra-uterina praticada por outrem, atingindo bem-jurídico tutelado pelo ordenamento jurídico que é a eliminação da vida humana extra-uterina. Tal conceito é importante para diferenciar o homicídio do aborto (vida endo-uterina) e do suicídio (que não é praticado por outrem). 
Objeto jurídico:Protege-se a vida humana extra-uterina, que passa a existir depois do parto, que é o bem jurídico mais importante, sendo imperativo da ordem constitucional (art. 5º, caput).
Sujeito ativo: é crime comum e de forma livre, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa em grupo ou não, empregando ou não armas. 
Sujeito passivo: é alguém, qualquer ser humano, sem distinções, que seja a partir do início do parto. Alguém que tenha vida humana extra-uterina. 
-Consumação e Tentativa:A consumação é dada sempre com a morte da vítima. Sempre que age dolosamente o autor quer atingir o núcleo, seja esta intenção direta ou indireta. A tentativa ocorre quando, iniciado o ataque a pratica seja interrompida por circunstâncias alheias à vontade do agente, caso contrário, seria desistência voluntária. 
-Elementos objetivos: A conduta típica é matar alguém, é o núcleo do tipo.
O homicídio pode ocorrer por meios diretos (quando a ação pretende a morte imediata como disparo de amar de fogo) ou indiretos (quando a ação é mediata como açular um cão para atacar alguém). 
Os meios podem ser físicos (armas), patológicos (transmissão de moléstia por meio de vírus ou bactéria) ou psíquicos e morais (provocação de emoção violenta a um cardíaco). 
Ele também pode ser praticado por ação ou por omissão, como já foi dito.
Em todos os delitos, é indispensável que haja nexo causal entre a conduta e o resultado. 
-Elementos Subjetivos: o dolo é a vontade de matar alguém, não exigindo qualquer fim especial. Está no foro íntimo do autor e é caracterizado pelo animus necandi. Esta distinção é importante, pois havendo o elemento subjetivo de animus necandi e não consumado o evento delituoso, este configuraria tentativa de homicídio e não lesão corporal. 
III-HOMICÍDIO PRIVILEGIADO(art. 121§ 1º)
-Conceito: o crime privilegiado é atenuante de pena e ocorre quando o agente está impelido por forte valor social ou moral e age imediatamente após injusta provocação.Ressalte-se que o crime privilegiado é doloso e deve estar conjugado juntamente com o art. 121, “caput’, por isso a causa de sua diminuição é estabelecida na pena deste artigo de 1/6 a 1/3, podendo ser até menor do que a pena base. Em outras palavras, ele não é delito autônomo e sim causa de diminuição de pena. 
-Figuras típicas do homicídio privilegiado:
1-Relevante Valor Social: significa que o delito é entendido pela sociedade como justificável. É aquele que diz respeito aos interesses da vida coletiva. Ex.: patriota mata traidor da pátria, sujeito mata perigoso bandido da comunidade a fim de segurar a tranqüilidade e etc. 
2-Relevante Valor Moral: é uma questão moral individual, particular do agente, movida por sentimentos de compaixão e piedade. A eutanásia, por exemplo, não foi excluída a culpabilidade pelo direito penal brasileiro, entretanto este agente goza de diminuição de pena, pois há relevante valor moral, ou seja, o agente pretende acabar com o sofrimento de um doente irremediavelmente perdido. 
3-Sob Violenta Emoção Logo Em Seguida De Injusta Provocação Da Vítima: é um elemento temporal e exige que estejam presentes as duas figuras. A caracterização ressaltada pelo legislador de “logo em seguida” expressa que é imprescindível que o ato tenha ocorrido imediatamente após injusta provocação e que o agente já estivesse sob forte emoção, o que dificultaria seu autocontrole. 
Assim, esquematicamente, o crime privilegiado depende das seguintes circunstâncias:
IV-HOMICÍDIO QUALIFICIADO(art. 121 §2º)
-Conceito: foi um meio que o legislador encontrou de agravar o crime em determinadas hipóteses em que os meios ou recursos empregados pelo agente demonstram uma maior periculosidade e menor possibilidade de defesa da vítima, podendo estar presente mais de uma delas, desde que compatíveis:
 1 - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; (quanto aos motivos, subjetiva):É o chamado homicídio mercenário, quando o agente recebeu pagamento para praticar o crime, ou comete porque teve uma promessa de ser recompensado por isso. Assim, responderá por crime qualificado não só quem recebe o valor, mas também quem pagou o prometeu.
O motivo torpe, por sua vez, é aquele demonstrado pela maldade do sujeito na sua motivação. É motivo abjeto, repugnante, ignóbil, desprezível, profundamente imoral, mais baixo na escala de valores éticos e denota maior desaprovação espiritual do agente. Ex.: Matar para receber herança, porque descobriu que a namorada não é virgem, por rivalidade profissional e etc. 
2- por motivo fútil(quanto aos motivos, subjetiva):compreende-se aquele sem importância, frívolo, leviano, ninharia, insignificante. Há inteira desproporção entre o crime e a motivação. Os tribunais tem reconhecido como fútil discussão entre marido e mulher, rompimento de namoro, discussão familiar sem importância, por ter a vítima rido do acusado e etc. 
3 - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum(quanto ao meio empregado, objetiva):qualificadoras, pois denotam a maior periculosidade do agente e dificuldade em defesa da vítima e eventualmente também podem causar perigo coletivo. O meio insidioso é o uso de fraude ou armadilha, clandestinos da vítima que não permitem que ela saiba que está sendo atacada. Ex.: armadilha: sabotar o motor de um automóvel. Meio cruel, por sua vez, é sujeitar a vítima a graves e inúteis vexames ou sofrimentos. Meio bárbaro, brutal, que aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, partida de um animo calmo que permite a escolha dos meios capazes de infligir o padecimento desejado à vítima. A tortura, por exemplo, é cruel.Para ser qualificadora, no entanto, não é preciso que seja insidioso e cruel, mas sim ou um ou outro. 
4- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido(quanto à execução): São aquelas hipóteses em que o agente se vale da boa-fé da vítima para maior segurança na prática do seu ato, revelando covardia do autor. Ex.: pais da Susane Richtofen dormindo não achavam que ela os mataria, senão não teriam dormido. Na traição está presente o elemento confiança, é um vínculo com pessoas do seu convívio. É a quebra da confiança que a vítima depositava no agente e que este, desta confiança, aproveita-se para matar a vítima. Atinge a vítima descuidada e confiante. Emboscadaou tocaia também é uma traição, mas sem vínculo de confiança. É quando o agente espera a passagem ou chegada da vítima, descuidada, para a ferir. Configura-se dissimulação o uso de um artifício para se aproximar da vítima, que distraia a sua atenção. Ex.: disfarce de policial.
5- para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime(por conexão, subjetivo): Este caso configuraria, em rigor, motivo torpe. Desta forma, como conexão teleológica, o agente o homicídio é perpetrado para execução de outro crime (ex.: mata para pode provar incêndio) ou consequencial,quando é praticado para ocultar ou assegurar impunidade de outro crime (ex.: matar testemunhas).
6- Impossível ou difícil defesa: Quando a vítima não tinha condições de escapar daquela situação, sempre muito difícil ou até mesmo impossível. Ex.: Sujeito deixa o gás aberto e tranca todas as saídas com a vítima dentro do local. É qualificadora também. 
Obs:Lembrando-se, porém, que se a norma é repetida como agravante, ela não poderá ser considerada duas vezes para aumento de pena, pois não se pode julgar um sujeito duas vezes pelo mesmo crime.Assim, se houver qualificadora + agravante, aplica-se agravante, nada impede, no entanto, que presentes duas agravantes apliquem-se as duas. 
-Aumento de pena no homicídio doloso( artigo 121 § 4º segunda parte)a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
V-HOMICÍDIO CULPOSO(art.121 § 3º)
-Conceito: o homicídio culposo é aquele destituído de intencionalidade, com uma pena extremamente baixa. Ele ocorre, segundo Maggiore, por conduta voluntária de ação ou omissão, que produz um resultado jurídico não querido ou previsto, mas que era previsível e poderia ter sido evitado se tivesse sido tomada a devida atenção. 
Aumento de pena no homicídio culposo:prevista na primeira parte do § 4º do artigo 121 Sendo o aumento de 1/3.: 
1- se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício:ainda que culposo, poderá ser agravado se um profissional não adotou uma norma técnica que, dado seu ofício deveria conhecer, o que não pode se confundir, portanto, com conduta convencional. É o exemplo do médico que não esteriliza seus instrumentos para fazer cirurgia. 
2- se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante: Sobre omissão de socorro imediato a vítima, também acarreta no aumento de pena. Se da omissão de socorro decorre a morte da vítima, responderá, inclusive, por homicídio doloso. Ademais, a intenção de que haja qualificadora o que omite socorre para fugir e evitar a prisão é para evitar o sumiço do agente. 
- Perdão Judicial (artigo 121 § 5º):onde o magistrado entende que o próprio sofrimento do agente pela pratica do ato já é punição suficiente. Ex.: mãe que por descuido deixa a caixa d’água aberta e o filhinho se afogou será acusada por homicídio culposo, mas não terá que cumprir a pena, tendo perdão judicial, já que seu sofrimento já é suficientemente forte para uma punição corretora, sendo a sanção desnecessária. Aplica-se o perdão judicial de maneira análoga nos casos do CBT. 
VI-INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AXÍLIO AO SUICÍDIO(arti.122)
-Conceito: o suicídio é a eliminação da própria vida. Por razões óbvias, preso a impossibilidade de punição e que por razões políticas e éticas o Estado não pode punir o suicida, mesmo quanto à sua tentativa. O suicídio, porém, atinge um bem indisponível e não é o exercício de nenhum direito subjetivo (não há “direito de morrer”), por isso, é fato ilícito e a lei consta de normas para impedi-lo. 
Objeto jurídico: a vida humana
Sujeito ativo: qualquer pessoa que pratica um dos atos previsto para colaborar com o evento morte. 
Sujeito passivo:homem capazde ser induzido, aquele que tem alguma capacidade de resistência à conduta do sujeito ativo. Ressalte-se que quando o suicida é inimputável, apresenta capacidade de resistência nula sendo mero instrumento do agente, por isso não se caracterizaria o crime do art. 122, e sim homicídio típico. 
Elemento objetivo: (núcleo do tipo): Induzir, instigar ou auxiliar (são os núcleos do tipo) alguém a suicidar-se é crime.
Induzir:é criar, fazer florescer a idéia de suicídio em outra pessoa. Participação moral.
Instigar:ocorre quando a pessoa já tem vontade de se suicidar e é estimulada a concretizar o que quer fazer. Participação moral
Auxiliar:significa ajudar a pessoa com todos os meios possíveis para que se retire a vida. É diferente de interferência, pois quem interfere atua diretamente no evento morte. Quem auxilia, por exemplo, dá a arma para a pessoa, a corda para que ela se enforque e etc. 
Elemento subjetivo: o dolo é a vontade de induzir, instigar ou auxiliar alguém à prática do suicídio. Desde que se tenha, comprovadamente, um nexo de causalidade entre a conduta do agente e o resultado suicídio. Lembrado-se que não há forma culposa para este crime. 
-Consumação e tentativa: O crime consuma-se se houver o suicídio ou, não logrando o suicida concluí-lo, uma lesão corporal de natureza grave. A tentativa seria se o agente instigou, induziu ou auxiliou, mas o sujeito passivo não se matou. Esta situação, no entanto, não tem punição. O Código Penal brasileiro somente pune o agente se a vítima morrer ou sofrer lesão corporal grave, se não sofrer nada, não haverá punição. 
- Formas qualificadoras: ele será qualificado pela pena duplicada se for realizado:
Motivo Egoístico:é elemento subjetivo do tipo, composto por finalidade que relava profundo desprezo do autor pela vida alheia, sendo superior a esta seus interesses individuais. Ex.: instigar alguém a se matar para receber herança ou seguro, por vingança, ódio ou mesmo maldade. 
Vítima menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência: quanto a vítima menor, alguns entendem que seriam entre 14 e 18 anos, pois menor de 14 anos qualifica capacidade nula de resistir a instigação, induzimento ou auxilio, entretanto, é muito relativo. Alguns menores de 14 anos apresentam maturidade suficiente para entender o que ocorre. Quanto a diminuição na capacidade de resistência, pode ser por embriaguez ou desenvolvimento mental incompleto. 
VII-INFANTICÍDIO(Art.123)
-Conceito: o infanticídio é crime próprio, pois exige características especiais (mãe e em estado puerperal) e material (pois para existir precisa ser consumado) e de livre execução. É delito autônomo e denominação jurídica própria, buscando o legislador uma pena mais amena do que o homicídio privilegiado, levando em consideração a situação fisiopsíquica da mãe. Entretanto, se não houver a presença do estado puerperal, será considerado homicídio e punido conforme art. 121. Ademais, devemos lembrar que ele deve ser praticado durante ou logo após o parto, após este lapso temporal também significaria punição consoante art. 121 e se for antes do parto é aborto, punido pelos arts. 124 a 128. 
Objeto jurídico: vida do recém-nascido ou do nascente (aquele que está em transição entre a vida endo-uterina e extra-uterina). 
Sujeito ativo: é a mãe em estado puerperal que mata o próprio filho. Há discussão, entretanto, na doutrina se é aplicável como infanticídio o co-autor do ato. Embasados no art. 30, alguns defendem que por ser elementar do crime e viabilizando a comunicação entre os agentes, favorecendo o concurso, é comunicável. Entretanto, outros defendem que por ser o estado puerperal situação personalíssima, é intransmissível, devendo o co-autor pagar por homicídio. 
Sujeito passivo: é o filho nascente ou recém-nascido, não sendo necessária, assim, a comprovação de sinal de vida extra-uterina. 
Elemento objetivo: a conduta típica é matar (por ação ou omissão) o próprio filho durante ou logo após o parto, aquela mãe que está sob estado puerperal. 
Elemento subjetivo: vontade de causar a morte do filho nascente ou recém-nascido. O dolo é a vontade de matá-lo. Não há forma culposa de infanticídio. 
-Consumação e tentativa: consuma-se com a morte do recém-nascido ou nascente e sendo infanticídio crime plurissubsistente, é possível a tentativa. 
VIII-ABORTO(art.124 a 127)
-Conceito: o aborto é a eliminação da vida intra-uterina, diferenciando-se do infanticídio, pois deve ocorrer durante a gestação. Não implicada em caracterização do aborto a necessidade de que o feto seja eliminado, simplesmente que seja morto. É crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, não somente pela mãe, de forma livre, e material. Também é crimede dano, pois atinge bem jurídico tutelado. 
Objeto jurídico: vida humana em formação, vida intra-uterina que existe desde a concepção até o momento do parto. Protege-se também a integridade corporal e a vida da mulher, no caso de aborto provocado por terceiro ou sem seu consentimento. 
Sujeito ativo: art. 124 é a gestante, tratando-se neste caso de crime especial, do art. 125 em diante, poderá ser qualquer pessoa o autor do delito. 
Sujeito passivo: é o feto. Alguns doutrinadores defendem que por o feto não ser titular de direitos, o sujeito passivo é o Estado ou a comunidade nacional. Também será sujeito passivo a mulher quando o aborto for praticado sem seu consentimento. 
Elemento objetivo: objeto material do delito é o produto da fecundação.
Elemento subjetivo: é crime doloso, pois é necessário que o agente queira seu resultado ou assuma seu risco. Não há no aborto crime culposo, por isso mesmo a imprudência da gestante que cause interrupção da gravidez não é conduta punível e terceiro que cause o aborto responde por lesão corporal culposa, se foi sem intenção. 
- Consumação e tentativa: consuma-se com a efetiva interrupção da gravidez que leva a morte do feto, sendo desnecessária sua expulsão. A tentativa ocorre quando, tomadas todas as manobras abortivas, não interrompe a gravidez, podendo, inclusive, levar a uma aceleração do parto. 
-Auto-aborto ou aborto consentido: o tipo de aborto previsto no art. 124 deve ser dividido em duas partes:Quando trata-se de provocar em si mesma é o auto-aborto, em que a mulher pratica crime especial, pois somente ela poderá praticá-lo. Na segunda parte do artigo é que se fala em aborto-consentido, considerando-se permitir que outrem lho provoque, neste caso, a estimulação, instigação, indução ou auxilio de outra pessoa no evento aborto, o que não significa que este terceiro tenha agido diretamente, não “colocou a mão na massa”. Sendo assim, este artigo pune exclusivamente a mãe que, sozinha, praticou o aborto. 
-Aborto provocado por terceiro(artigo 125):Neste caso a pena cominada é mais grave, pois foi feito o aborto sem o consentimento da gestante, sendo a gestante também vítima neste caso. Pode ocorrer por violência, ameaça ou fraude (ex.: fingir o médico que vai retirar um tumor da gestante e tirar o feto). Presume-se não haver o consentimento quando a gestante for menos de 14 anos ou se é alienada mental. 
-Provocar aborto com o consentimento da gestante(artigo 126):Este artigo ocorre quando o aborto é feito com consentimento da gestante. A gestante responderá pelo art. 124 e o terceiro pelo art. 126, com pena mais severa. A aceitação pode ser expressa ou tácita e deve existir do começo ao fim do evento (ou seja, até a consumação). Se durante o aborto a gestante revoga seu consentimento, o terceiro responderá sozinho pelo art. 125. 
-Forma qualificada(artigo 127):Aumenta as penas do art. 125 e 126 se da ação do aborto a gestante sofrer lesões corporais graves (o que aumenta em 1/3) ou se ela vier a falecer (o que dobra a pena). 
-Não se pune o aborto praticado por médico(Art 128):São duas as hipotéses
1-Aborto necessário:São os casos de aborto legal que tornam lícita a pratica do aborto e excluem a criminalidade, culpabilidade ou punibilidade. O aborto necessário caracteriza o estado de necessidade. Entretanto, para evitar dificuldades, o legislador indicou que deve ser praticado por médico (embora a prática por profissionais amadores não indique crime também, podendo a gestante alegar estado de necessidade). A gestação deve, para que o aborto seja necessário, colocar em risco a vida da vítima. Ou seja, ainda que o risco não seja atual, prever que manter aquela gestação pode tirar a vida da mãe. Ex.: diabete, tuberculose, anemia profunda, cardiopatia, câncer uterino e etc. 
2-Aborto no caso de gravidez resultante de estupro :Doutrinariamente chamado de “aborto sentimental”, é aquele que pode ser praticado quando a gravidez resultou de um estupro. Esta norma justifica-se, pois a mulher não é abrigada a cuidar de filho que resultou de coito violento e não desejado e também porque, geralmente, o autor do estupro tem problemas que podem ser hereditários. Deve haver, no entanto, o consentimento da gestante, não sendo necessária autorização judicial ou sentença condenatória do autor do estupro. 
IX-LESÕES CORPORAIS(art.129)
-Conceito: é ofensa à integridade física ou à saúde de outrem, ou seja, é dano ocasionado à normalidade do ponto de vista anatômico, fisiológico ou mental. A lesão corporal existe mesmo que a vítima concorde com ela, salvo em situações que não gerem distúrbio social, ou seja, colocar piercing, fazer tatuagem ou cirurgia plástica não são crimes. 
Objeto Jurídico: integridade física ou saúde
Sujeito Ativo: qualquer pessoa pode praticá-lo, pois trata-se de crime comum. 
Sujeito Passivo: qualquer homem vivo, depois do parto, que não seja o próprio agente.
Tipo Objetivo: o núcleo é ofender a integridade física ou a saúde de alguém. Quanto à saúde, será qualquer desequilíbrio funcional no organismo. Assim, a transmissão de moléstias ou distúrbios fisiológicos (inconsciência, insônia, estado de choque) são lesões corporais, pois ferem a saúde de outrem. 
Obs:Também é considerado como lesão agravar ou fazer persistir lesão já existente. 
Ela pode ser por ação, quando for praticado de forma física (golpes, facadas chutes) ou moral (assustar, por exemplo). Também pode ser por omissão quando o agente tinha o dever de evitar a lesão corporal, mas não o fez, p.ex., deixar de prestar alimentos. 
-Consumação e Tentativa: Também pode ser consumado, quando efetivamente se fere a integridade física ou as saúde de alguém, ou tentado se, se valendo de todos os meios possíveis, o agente foi parado por ações involuntárias, alheias a sua vontade.
-Classificação das lesões: 
1-Lesão Corporal Leve:É assim denominada por exclusão doutrinária. Será lesão corporal leve aquela que não seja grave, gravíssima ou seguida de morte. 
2-Lesão Corporal Grave(129 § 1º): são dos seguintes tipos
a- Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias:Aqui, as atividades habituais não se referem ao trabalho, labor, mas sim às atividades do dia-a-dia. Assim sendo, p. ex., se uma criança fica privada de ir à escola por mais de 30 dias será considerado lesão corporal grave. Ademais, esta lesão deve ser comprovada por exame complementar médico. 
b- perigo de vida:Ou seja, se houver efetivo perigo de morrer por conta da lesão causada, que deve ser constatado por laudo pericial fundamentando o perigo. Tem entendido a jurisprudência causas de lesão corporal grave por perigo de vida, p. ex., perfuração no estômago ou em veias arteriais.
c- debilidade permanente de membro, sentido ou função:Que cause debilidade em membros inferiores ou superiores, função ou sentido (olfato, tato, paladar), ainda que esta debilitação se enfraquecer com o uso de próteses.
d- aceleração de parto:Esta aceleração diz respeito a antecipação dos efeitos do parto, ou seja, que da lesão gere o acontecimento do parto antes do termo final da gravidez. Se da lesão ocorrer o aborto, será consideradalesão gravíssima, como veremos. Se o bebê morrer depois do nascimento, ainda continua como grave. 
3-Lesão Corporal Gravíssima(art. 129, § 2º):Também é denominação doutrinária, não está presente esta nomenclatura no Código Penal, mas assim se entende devido ao fato de a pena ser mais grave do que a prevista no parágrafo 1º. São aquelas que resultam:
a- Incapacidade permanente para o trabalho:Assim, se da lesão decorrer a incapacidade permanente da vítima para qualquer atividade que lhe garanta subsistência, é considerado lesão gravíssima. 
b-enfermidade incurável:Ou seja, moléstia considerada pela medicina como sem previsão de cura.
c-perda ou inutilização do membro, sentido ou função: Gere amputação, mutilação, por exemplo.
d- deformidade permanente:Ou seja, uma deformidade significante e visível que fira a estética da vítima.
e - aborto: Se da lesão decorrer o abortoda gestante, como já se disse, é considerado lesão corporal gravíssima, a menos que o agente não soubesse da gravidez, ocasião em que o crime será preterdoloso. 
4-Lesão Corporal Seguida de Morte (art. 129,§3º):Aqui é importante diferenciar a tentativa de homicídio da lesão corporal seguida de morte.Na lesão corporal seguida de morte há a ocorrência de um crime preterdoloso, onde a intenção do agente era somente realizar a lesão, não assumindo o risco de morte dela. Assim, o evento lesão é doloso e o morte é culposo. O que o diferencia da tentativa de homicídio, é que nessa já o “animus necandi”, enquanto naquela o falta. Assim, a intenção, a subjetividade do agente é importante para a distinção de ambos os crimes. 
Ademais, ressalte-se que para ser considerada lesão corporal seguida de morte deve haver nexo causal entre o evento lesão e o morte. Tem aceitado a jurisprudência exemplo clássico que é o agente empurrar a vítima para derrubá-la e esta de desequilibra, bate a cabeça no chão e morre.
-Diminuição de pena(art.129§ 4º):Igual ao crime privilegiado. Se foi motivado por relevante valor moral ou social ou sob domínio de forte emoção, logo após injusta provocação da própria vítima, está autorizado o juiz a diminuir a pena. 
-Substituição da pena(art.129§5º):Logo entende-se que o juiz pode substituir a pena, desde que não seja a lesão GRAVE e logo também a GRAVÍSSIMA, ou seja, na leve :D ou se a lesão corporal foi recíproca, ou seja, todo mundo se estapeou. :D 
CRIMES CONTRA A PESSOA – Periclitação da Vida e da Saúde
	
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO
ART. 130 DO CPB
	Moléstia Venérea: para fins penais, somente aquelas que o Min. Saúde cataloga/define como tal. Transmitidas por atos sexuais.
	
	Classificação Doutrinária: crime próprio quanto ao sujeito ativo e comum quanto ao sujeito passivo; de perigo concreto (podendo ocorrer dano na hipótese do §1º); formal (não exige efetiva contaminação); doloso (direto ou eventual – não se admite a modalidade culposa), instantâneo; comissivo.
	
	Sujeito Ativo: somente a pessoa contaminada.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa.
	
	Consumação: no momento em que a vítima se encontra numa situação de possível contaminação de doença venérea. 
Tentativa: admite-se.
	
	Bem juridicamente protegido: vida e saúde
	
	Prova Pericial: é fundamental que se comprove que o agente se encontrava, no momento da ação, contaminado por moléstia venérea.
	
	Modalidade qualificada (§1º): se o agente atua com dolo de dano, ou seja, quer efetivamente transmitir a moléstia. 
	
	Suspensão condicional do processo: é possível, tanto na modalidade simples como na qualificada (pena mínima = 1 ano) IMPO
	
	Efetiva contaminação da vítima: mero exaurimento da conduta – crime de perigo.
	
PERIGO DE CONTÁGIO DE 
MOLÉSTIA GRAVE ART.131 DO CPB
PERIGO DE CONTÁGIO DE 
MOLÉSTIA GRAVE ART.131 DO CPB
	Moléstia Grave: aquelas que o Regulamento de Saúde Pública Nacional define como tal, que não sejam de natureza venérea (p. ex.: cólera, sarampo, tifo, lepra, tuberculose, etc.)
	
	Classificação Doutrinária: crime próprio quanto ao sujeito ativo e comum quanto ao sujeito passivo; doloso (direto – vez que a conduta do agente é dirigida finalisticamente a produzir um dano, NÃO admite-se a modalidade culposa); formal (vez que não exige efetiva contaminação); instantâneo; de dano.
	
	Sujeito Ativo: somente a pessoa contaminada por moléstia grave (crime próprio)
Sujeito Passivo: qualquer pessoa
	
	Consumação: com a prática de atos destinados à transmissão da moléstia grave.
Tentativa: admite-se.
	
	Bem juridicamente protegido: integridade corporal e saúde da vítima.
	
	Prova Pericial: é fundamental que se comprove que o agente se encontrava, no momento da ação, contaminado por moléstia grave.
	
	Suspensão condicional do processo: é possível se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95.
	
	Vítima morre em virtude da doença grave: se o dolo do agente era de lesão, vindo a vitima a falecer em decorrência da moléstia grave que lhe fora transmitida, desclassifica o tipo para lesão corporal seguida de morte. 
	
	Transmissão do HIV: no caso do agente querer transmitir o HIV, seu dolo é de homicídio, assim entende majoritariamente a doutrina, por ser doença incurável pela medicina. 
	
PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM
ART. 132 DO CPB
	Crime de caráter eminentemente subsidiário: somente será punido pelo tipo se não houver a produção de um resultado mais grave (jamais poderá haver dolo de dano – produção de qualquer resultado lesivo - em havendo desclassifica-se a infração penal). Caracteriza-se apenas pela consciência e vontade de expor a vítima a grave perigo. É limitado a determinada pessoa, ou pessoas individualizáveis (senão, trata-se de uma das hipóteses de crime de perigo comum). 
	
	Classificação Doutrinária: crime comum; de perigo concreto; doloso (direto ou eventual – NÃO se admite a modalidade culposa); subsidiário; instantâneo. 
	
	Sujeito Ativo: qualquer pessoa
Sujeito Passivo: qualquer pessoa
	
	Consumação: com a prática de um comportamento que, efetivamente, traga perigo à vida ou saúde da vítima.
Tentativa: será admissível, desde que, no caso concreto, se possa fracionar o inter criminis.
	
	Bem juridicamente protegido: vida e a integridade corporal ou saúde de outrem. 
	
	Causa de aumento de pena (parágrafo único): foi inserida pela Lei 9.777/1998, no intuito de coibir práticas comuns, principalmente nas zonas rurais, de transporte clandestino e perigoso de trabalhadores. 
	
	Suspensão Condicional do Processo: é possível (pena mínima = 1 ano) – IMPO – Lei 9.099/95
	
ABANDONO DE INCAPAZ
ART. 133 DO CPB
	Conceito: pressupõe o comportamento de “deixar a própria sorte”, desamparar, afastar-se de pessoa que estava sob sua guarda, proteção ou vigilância. A vítima deve ser incapaz (absoluta ou relativamente) de defender-se dos riscos resultantes do abandono.
	
	Classificação Doutrinária: crime próprio (tanto quanto ao sujeito ativo, como ao sujeito passivo); de perigo concreto; doloso (eventual ou direto – NÃO admite a responsabilização criminal do agente a titulo de culpa); instantâneo; comissivo ou omissivo.
	
	Sujeito Ativo: somente aquele que, de acordo com obrigação legal ou contratual, está obrigado a cuidar, guardar, vigiar ou ter sob sua autoridade a vítima.
Sujeito Passivo: somente aquela pessoa que se encontra sob os cuidados, guarda, vigilância ou autoridade do sujeito ativo.
	
	Consumação: no instante em que o abandono produz efetiva situação de perigo concreto para a vítima.
Tentativa: admite-se.
	
	Bem juridicamente protegido: vida e integridade corporal ou saúde de outrem.
	
	Modalidades Qualificadas:
§1º: se resultar lesão corporal grave
§2º: se resultar morte
	
	Causas de aumento de pena:
Se em local ermo;
Se ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador;
Se vítima maior de 60 anos.
	
	Suspensão condicional do processo: se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95, é possível. 
	
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO
ART. 134 DO CPB
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO
ART. 134 DO CPB
	Conceito: trata-se de modalidade especial de abandono de incapaz. Os verbos expor e abandonar, do ponto de vista penal, possui igual sentido. Exige-se especial fimde agir: para ocultar desonra própria. 
	
	Classificação doutrinária: crime próprio (tanto quanto ao sujeito ativo como quanto ao sujeito passivo); de perigo concreto; doloso(direto = para ocultar desonra própria, NÃO admitindo a modalidade culposa); instantâneo; comissivo ou omissivo.
	
	Sujeito Ativo: somente a mãe 
Sujeito Passivo: somente o recém-nascido
	
	Consumação: no momento em que a exposição ou abandono resultar em perigo concreto.
Tentativa: admite-se.
	
	Bem juridicamente protegido: saúde e vida do recém-nascido
	
	Modalidades Qualificadas - somente podem serimputadas a título de culpa: 
Se resulta em lesão corporal grave;
Se resulta em morte.
	
	Suspensão Condicional do Processo: se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95, é possível (pena mínima até 1 ano)
	
OMISSÃO DE SOCORRO
ART. 135 DO CPB
	Núcleo do Tipo: consiste em deixar(não fazer algo)de assistir/ajudar, quando podia fazê-lo sem risco pessoal: a) criança abandonada (menor de 12 anos); b) pessoa inválida (velhos, enfermos, paralíticos, cegos, etc.); c) pessoa ferida (seja por ação de terceiro, caso fortuito ou até mesmo por vontade própria)OUnão pedir ajuda a autoridade pública competente, quando não for possível prestar o auxílio. 
	
	Classificação Doutrinária: crime comum, quanto ao sujeito ativo e próprio quanto ao sujeito passivo; de perigo concreto; doloso(eventual ou direto – NÃO se admite a forma culposa); omissivo próprio; instantâneo. 
	
	Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: somente a criança abandonada, pessoa inválida ou ferida, que se encontre em situação de desamparo ou iminente perigo.
	
	Consumação: com a simples omissão em socorrer – negativa de prestar socorro que importe concretamente risco para a vida ou saúde da vítima. 
Tentativa: não se admite. 
	
	Bem juridicamente protegido: a vida e a saúde.
	
	Causas de aumento de pena – somente podem ser atribuídas a título de culpa (parágrafo único):
Se resulta em lesão corporal grave;
Se resulta em morte.
	
	Suspensão condicional do processo: é possível se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95.
	
	Obrigação Solidária: traduz um dever solidário, assim, se várias pessoas podem, em determinada situação, socorrer, tal obrigação é atribuída a todas elas. Se um dos agentes se habilita a prestar socorro, não se exige dos demais o mesmo comportamento. 
	
MAUS-TRATOS
ART. 136 DO CPB
	Núcleo do Tipo – crime de ação múltipla:
Privação de alimentação;
Privação de cuidados indispensáveis (p.ex.: vestuário, assistência medica, higiene, etc.);
Sujeição de trabalhos excessivos;
Sujeição de trabalhos inadequados;
Abuso nos meios de correção ou disciplina.
Especial fim de agir: educação, ensino, tratamento ou custódia.
	
	Classificação Doutrinária: crime próprio (tanto quanto ao sujeito ativo, como ao sujeito passivo); de perigo concreto; doloso(direto ou eventual – NÃO é possível na modalidade culposa); instantâneo; comissivo ou omissivo.
	
	Sujeito Ativo: somente quem detém autoridade, guarda ou vigilância sobre a vítima.
Sujeito Passivo: somente aquele que está sob autoridade, guarda ou vigilância do agente.
	
	Consumação: com a efetiva criação de perigo para a vida ou saúde da vítima.
Tentativa: é admissível, se for possível, no caso concreto, o fracionamento do inter criminis.
	
	Bem juridicamente protegido: a vida e a saúde.
	
	Modalidades Qualificadas– somente são admitidas a título de culpa:
§1º: se resulta em lesão corporal de natureza grave;
§2º: se resulta de morte.
	
	Causa de aumento de pena (§3º): quando praticado contra pessoa menor de 14 anos. 
	
	Suspensão condicional do processo: é possível se presentes os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95.
	
	Competência para julgamento: é dos Juizados Especiais Criminais, pois a pena máxima privativa de liberdade não excede os 2 anos (art. 69 da Lei 9.099/95)
CAPÍTULO IV – CÓDIGO PENAL: DA RIXA.
	Este capítulo aborda apenas o crime de rixa em suas figuras simples e qualificadas. O legislador, devido a grande quantidade de tumultos envolvendo grande número de pessoas, resolveu abordar neste artigo todos os que participam deste tipo de acontecimento. É evidente que as pessoas que apenas se defendem ou entram na situação para apartar a briga não respondem pelo delito.
	Rixa é uma luta desordenada, marcada pelo tumulto, que envolve a troca de agressões por pelo menos três pessoas em que os lutadores visam todos os outros.
RIXA (Art. 137, CP):
	Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelofato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Bem jurídico tutelado: Vida e a saúde dos envolvidos na briga.
Sujeito ativo: É um crime de concurso necessário. Exige a participação de no mínimo três pessoas que serão autoras e vítimas ao mesmo tempo.
Sujeito passivo:Os mesmos que forem agressores, como explicado acima.
Elemento subjetivo: É o dolo de integrar a luta sendo irrelevante o motivo que gerou a briga.
Elemento objetivo (tipo objetivo):A conduta tipificada é a participação na rixa, onde a agressão é recíproca entre no mínimo três indivíduos. Podem ser classificadas de duas formas, sendo elas: a) material (os agentes participantes da rixa, que integram a luta); b) moral (os indivíduos que incentivam a troca de agressões, sendo ele no mínimo o quarto envolvido na situação, estimulando o ato).
Consumação e tentativa:Se consuma no momento da troca de agressões e se trata de crime de perigo abstrato, ou seja, a lei já presume o perigo a partir da conduta.
Qualificadoras: É um dos últimos resquícios de responsabilidade objetiva, aplicando apunição maior para aqueles que fizeram parte da rixa que matou ou lesionou gravemente outra pessoa.
Ação penal: Pública incondicionada, de competência do JECrim mesmo na modalidade qualificada.
RESUMO DE DIREITO PENAL IV- CRIMES CONTRA A HONRA
- Conceito de honra: é o conjunto dos atributos físicos morais e intelectuais que tornam a pessoa merecedora de apreço no convívio social e que promovem sua autoestima. Sendo a honra um valor da própria pessoa é difícil reduzi-la a um conceito unitário, o que leva os estudiosos a encara-la a partir de diversos aspectos.
Honra subjetiva: é o conceito que cada um tem de si mesmo, em suma o autorrespeito.
Honra Objetiva: é o conceito que o grupo social tem acerca dos atributos de alguém, ou seja, o juízo que fazem dele na comunidade.
Honra comum: peculiar a todos os homens, em honra especial ou profissional, que é aquela referente a determinado grupo social ou profissional, cuja sensibilidade às vezes se reveste de contornos diversos da média. Ex: médico que é chamado de açougueiro.
Os crimes contra honra são aqueles que atingem a integridade ou incolumidade moral da pessoa humana. São previstos os seguintes crimes contra honra no Código Penal: calunia(art. 138), difamação(art. 139) e injuria(art. 140); no código penal militar (arts. 214 a 219).
I- CALÚNIA(art.138):
-Conceito: Calúnia é a falsa imputação de fato criminoso a outrem(lesão a honra objetiva). Prevê assim o art. 138.
Objetividade jurídica: o objeto jurídico é a incolumidade moral, a integridade do ser humano, no caos, a honra objetiva do sujeito passivo.
Sujeito ativo: a calunia é um crime comum podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Sujeito passivo: só pode ser sujeito passivo o homem, pois somente ele pode cometer o crime a ele se imputar uma conduta delituosa. Afasta-se assim desde logo a possibilidade da pratica de calunia contra a pessoa jurídica. Nada impede, porém que as pessoas que dirigem o ente coletivo possam ser atingidas individualmente e acusadas injustamente passando a sujeitos passivos do delito. Deve-se ponderar no entanto que no art. 138 refere-se a alguém, portanto a pessoa e não a pessoa jurídica.
Os doentes mentais e menores não podem ser vitimas de calunia por não cometerem eles crimes ou por lhes faltar imputabilidade penal. Dámasio entende que os menores e loucos praticam crime embora não sejam culpados admite a calunia contra eles.
Não estão excluídos também da proteção legal os já desonrados, infames, depravados, prostitutas ou criminosos aos quais sempre resta uma parcela de honra um “oásis moral”, podendo ser atingidos pela ofensa. Há crime em imputar-se falsamente um furto ao homicida ou um homicídio aoladrão.
Como a honra é bem disponível, havendo consentimento prévio ou contemporâneo da vitima não ocorre delito. A condescendência posterior pode configurar, não a descaracterização do crime, mas a renuncia ao direito de queixa ou o perdão.
Dispõe o art.138 §2º “é punível a calunia contra os mortos”. A ofensa é feita portanto não á pessoa do morto a sua memória, e os sujeitos passivos serão os parentes, interessados na preservação do bom nome do morto pelo reflexo que podem sofrer pela ofensa.
Tipo objetivo: a conduta típica é imputar, ou seja, atribuir a alguém a pratica do ilícito. É afirmar falsamente que o sujeito passivo praticou determinado delito. Sendo composto de três elemento:
a)imputação da pratica de determinado fato;
b)a característica de ser esse fato crime(fato típico);
c)a falsidade da imputação.
Assim há calunia tanto quando o fato não ocorreu como quando ele existiu mas a vitima não é seu autor. Por outro lado, a imputação por fato verdadeiro nos casos em que não se admite a exceção da verdade constitui calunia punível.
A acusação caluniosa pode ser feita na ausência do ofendido e admite vários meios de execução: escrito, palavra, desenho, gestos, meios simbólicos ou figurativos.
É necessário que verse a calunia sobre fato determinado, concreto e especifico. Não se exige porem que o agente o descreva minuciosamente. Haverá calunia na imputação falsa de A de que B subtraiu 300 reais. Inexistirá calunia e sim injuria se A chamar B de ladrão.
A autocalunia não é per si crime mas pode configurar o delito de autoacusações, assim prevê o art. 341 “Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.”
Pode ser a imputação caluniosa:
a)Equivoca ou implícita: alguém afirmar a bancário ou funcionário publico que não vive desfalques do banco ou cofres públicos;
b)Reflexa: atribui-se a alguém a pratica de crime que envolve também a participação de terceiro. Ex: afirmar-se a pratica de suborno do policial rodoviário em ação fiscalizadora.
Tipo Subjetivo: é indispensável o dolo ou seja a vontade de imputar a outrem falsamente a pratica do crime. Afirma Damásio que na verdade não há que se falar em dolo especifico mas em elemento subjetivo do injusto: o animus injurandi vell diffamandi(intuito de ofender a honra alheia integrante da conduta.
Não exite calunia quando o agente atuar com:
a)animus jocandi: vontade de caçoar;
b)animus consulendi: vontade de aconselhar;
c)animus narrandi: vontade de relatar o fato sem intenção de ofender;
d)animus defendi: de se defender em processo.
A duvida a respeito da autenticidade do fato relatado contudo, caracteriza o dolo eventual, sendo suficiente para autorizar a condenação.
-Consumação: consuma-se o crime quando qualquer pessoa, que não a vitima, toma conhecimento da imputação, ou seja, quando ela é ouvida, lida ou percebida por pessoa diversa do sujeito passivo.
-Tentativa: nos casos de carta ou bilhete obtendo a falsa imputação que é interceptado pela vitima. Consuma-se no local de sua expedição quando a imputação falsa chega ao conhecimento do funcionário, apesar do dever deste de manter sigilo.
-Exclusão do Crime: desde que o advogado, aja e fale representando os seus clientes e dentro dos limites do mandato que lhe foi outorgado, não pode responder em coautoria por delitos contra a hora por acaso existentes na notificação realizada ou na inicial.
-Propagação e Divulgação: Prevê o art. 138 §1º “quem sabendo falsa a imputação, a propagar ou divulgar”. Em qualquer caso, porém basta que terceiro tome conhecimento do fato e estará consumado o delito nessas modalidades.
Pune-se assim não só o autor original da falsa imputação, o criador da falsidade mas também aquele que repete o que ouviu sabendo que o sujeito passivo é inocente.
-Exceção da Verdade: Admite a lei prova da verdade a respeito do fato imputado prevê assim o 138 § 3º . Sendo verdadeiro o fato não há de se falar em calunia. Pode assim, o acusado isentar-se de responsabilidade por meio da arguição de exceção da verdade, demonstrando que o fato imputado por ele ao sujeito passivo é verdadeiro. A exceção de verdade há de ser submetida ao contraditório, mas pode ser alegada e comprovada em qualquer fase processual , inclusive ao ensejo das razoes de apelação. Provado pelo excipiente a pratica pelo excepto do crime que lhe imputou a consequência é o acolhimento do exceptio veritatis com sua absolvição quanto o crime de calunia, por ausência de tipicidade.
Não há que reconhecer caracterizado o delito quando inexistir para o agente a consciência da falsidade de acusação.
Persiste o crime, entretanto, ainda que verdadeiros os fatos imputados se não for possível opo-se a exceção da verdade nos termos do art. 138 § 3º. No caso tratando-se de crimes em que se consideram relevantes os interesses da vitima não permite a lei que sejam eles objeto de referencia por parte de terceiros. Haveria o strepitus judicii que a vitima tenta evitar.
Não se admite exceção de verdade se o fato imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141(inciso II). Estão protegidos portanto o presidente da republica e o chefe de governo estrangeiro. Não se admiti seque a prova de que realmente cometeram o ilícito que lhes é imputado pelo agente.
Também se pune por calunia ainda que verdadeira a imputação “se do crime imputado embora de ação publica o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível(inciso III).Transitada em julgado uma decisão que inocente o réu não se pode permitir ao agente que pretenda ser verdadeira a acusação que fez contra ele.
-Concurso: tem-se admitido a continuidade delitiva com outros delitos contra a honra por ofenderem o mesmo bem jurídico. Difamação e calunia constituem-se em “crime progressivo” como já se decidiu. Em concurso formal ou crime continuado.
II- DIFAMAÇÃO(art.139):
-Conceito: é a imputação a alguém de fato ofensivo a sua reputação. Distingue-se da calunia porque nesta o fato imputado é previsto como crime devendo ser falsa a imputação em regra o que não ocorre com a difamação. Prevê assim o art. 139.
Objetividade jurídica: tutela-se ainda a honra objetiva, ou seja, a reputação o conceito do sujeito passivo no contexto social.
Sujeito ativo: crime comum podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Sujeito passivo: pode ser sujeito passivo o ser humano pessoa determinada incluindo-se os menores e doentes mentais como já ficou assinalado quando estudo da calunia.
No que tange a pessoa jurídica porém são exigidos novos esclarecimentos. Discordantes são as opiniões a respeito da possibilidade de serem sujeitos passivos do crime de difamação mas não o de calunia.
A tendência moderna porem é de incriminar os fatos que atingem a reputação da pessoa jurídica, órgãos coletivos ou entidades concretas e abstratas. É o que ocorre em relação ao art. 35 da Lei  5.700/71 (que pune com relação aos símbolos nacionais.
Tratando-se de vitima pessoa jurídica, porém pode ocorrer apenas o crime de difamação em que se imputa fato ofensivo a sua reputação mas não os de calunia pois não lhe pode imputar falsamente a pratica de crime, ou de injuria que ofende apenas a honra subjetiva inexistente na pessoa coletiva. Nesse sentido se tem decidido.
É atípica a difamação contra a pessoa morte. Contudo se atingidos um ou mais parentes do morto diretamente a ilícito punível.
O consentimento assim como a calunia exclui o crime já que a honra é bem disponível. Deve ele ser anterior ou concomitante ao fato, pois se posterior será tolerância(casos de renuncia ou perdão do ofendido).Não podem consentir os absolutamente incapazes.
Tipo objetivo: configura-se com a imputação a atribuição a alguém de um fato desonroso o qual diversamente da calunia não é criminoso. Devendo ser fato concreto e especifico não sendo necessário ser descrito com minúcia. Ex: dizer que mulher mantém relações com um homem sejam eles casados ou solteiros.
Inclui-se no âmbito da difamação aimputação da pratica de contravenção que possa acarretar dano a reputação de alguém. Será difamação afirmar que determinada pessoa de reputação ilibada se embriagou em uma festa causando escândalo.
Ao contrario do que ocorre com a calunia não é necessário que a imputação seja falsa. Há crime de difamação ainda que verdadeiro o fato imputado, se desabonador ao sujeito passivo. “Desde que não se trate de imputação de um crime, como na calunia o interesse social deixa de ser o de facilitar o descobrimento da verdade, para ser o de impedir que um cidadão se arvore em censor de outro, com grave perigo para paz social. “
Como a lei silenciou quanto a propagação da difamação entendem alguns doutrinadores que essa não é crime. Contudo outros como Euclides C. Nogueira afirmam “é tao difamador o que imputa, inicialmente o fato ofensivo a reputação alheia quanto aquele que o transmite urbe et orbe”.
Se o propagador ferir a reputação do afetado o mesmo se enquadra em difamação segundo Gabriel Nettuzzi Perez.
Embora a atribuição difamatória deva encontrar suporte em fato determinado, não se exige sua individualização em todas as suas circunstancias, nada impedindo a pratica de difamação implícita.
Registre-se que alias que há palavras que dispondo de dois sentidos um próprio e outro figurado ou popular, podem ser ofensivas e configuradoras do delito de difamação.
Tipo Subjetivo: o dolo é a vontade de imputar, atribuir fato desonroso a alguém, seja verdadeiro ou não. Exige-se o animus diffamandi elemento subjetivo do tipo que “se expressa no cunho de seriedade que o sujeito imprime à sua conduta”. Inexiste delito se há animus jocandi, narrandi, consulendi, defendi etc. Decidiu-se pela inexistência do crime na critica desfavorável, desenvolvida em linguagem elevada e serena, na explosão emocional ocorrida em acirrada discussão.
Evidentemente não se exige que o agente tenha consciência da falsidade da imputação posto que a difamação verdadeira desabonadora constitui também difamação punível. Assim o erro a respeito do fato relatado não elide a responsabilidade do agente e nada impede a pratica do crime com dolo eventual.
-Consumação: consuma-se o delito com o conhecimento por terceiro da imputação. Não é necessário que fique  ciente uma pluralidade de pessoas, bastando a ciência de qualquer uma além da ofendida. Não caracteriza a difamação o fato considerado ofensivo de um correspondecia lacrada encaminhada a vitima não a terceiros, com o proposito de solucionar possível pedencia judicial.
-Tentativa: Admissivel é a tentativa de difamação que não seja praticada oralmente. Ex: carta, bilhete interceptado pelo sujeito passivo.
-Exceção de verdade: permite a lei excepxcionalmente a exceção de verdade excluindo a antijuridicidade do fato quando julgada procedente, “se o ofendido é funcionário publico e a ofensa é relativa a exercício de suas funções”(art. 139 § único). O dispositivo abrange o funcionário publico conceituado em sentido mais amplo para o direito penal(art.327).
Ensina Noronha que  “exceptio veritatis encontra fundamento na razão de fiscalização ou critica, que todos têm a respeito  do exercício das funções publicas”. Exceto quando o fato se relacionar a vida privada.
-Concurso: nada impede a continuação entre crimes de calunia e difamação.
III- INJURIA(art.140):
 -Conceito: A injuria é ofensa à dignidade ou decoro de outrem. “Na sua essência é a injuria uma manifestação de desrespeito e desprezo; um juízo honra da vitima no seu aspecto subjetivo. 
Objetividade Jurídica: trata-se ainda de proteger a integridade moral do ofendido, mas ao contrario do que ocorre com a calunia e a difamação, na injuria está protegida a honra subjetiva(interna). Na injuria pode ser afetada também a reputação(honra objetiva) da vitima desprestigiada perante o meio social mas esse resultado é indiferente à caracterização do crime.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode cometer o crime de injuria uma vez que se trata na espécie de crime comum. Não existe autoinjuria como fato típico mas se atingir a terceiro pode ser configurada como tal.
 Sujeito passivo: qualquer pessoa pode ser vitima de injuria, excetuando os doutrinadores aqueles que não tem consciência da dignidade ou decoro com os menores de tenra idade, os doentes mentais e etc.
Afirma-se que é impossível a ocorrência de injuria contra pessoa jurídica por não possuir ela honra subjetiva, mas nada impede que uma ofensa venha a atingir os diretores ou responsáveis da pessoa coletiva. Não menciona a lei a injuria contra os mortos e o fato poderá compor conforme o caso, o crime de vilipendio a cadáver art. 212.
Tipo Objetivo: Injuriar alguém, de acordo com a conduta típica é ofender a honra subjetiva do sujeito passivo, atingindo seus atributos morais(dignidade) ou físicos, intelectuais e os sociais(decoro). Atinge-se a dignidade de alguém ao se dizer que é ladrão, estelionatário, homossexual etc. e o decoro ao se afirmar que é estupido,ignorante, grosseiro e etc.
Na injuria não há imputação de fatos precisos e determinados como na calunia e difamação.
Tem-se reconhecido o crime de injuria na atribuição vaga de fato de contravenção  no afirmar-se que um desafeto é um farsante que é vagabunda a professora.
Pode ser praticada pelos mais variados meios como por escrito, desenho, gestos, meios simbólicos comportamentos e etc. Responde pelo delito quem tem a intenção de ferir a dignidade alheia e atira conteúdo de copo de bebida na cara de outro. Até por omissão pode-se injuriar: não apertar a mão de quem a estende em cumprimento; não responder acintosamente a um cumprimento em publico etc.
Pode ser a injuria:
a)Imediata: proferida pelo próprio agente ;
b)mediata: quando se vale ele de uma outra forma;
c)Obliqua: referir-se a alguém que o ofendido ama ou estima;
d)Indireta ou reflexa: ofender a vitima ou insultar outrem;
e)Equivoca: expressões veladas ou ambíguas;
f)Ironica: como pendurar chifres a porta do quarto de um casal;
g)Implicita: subentendida.
Tem-se afirmado por vezes que a injuria por palavras faladas ou gestos se requer a presença da pessoa visada. Entretanto não distingue a lei os meios injuriosos sendo irrelevante que a injuria seja proferida na presença ou ausência do sujeito passivo; basta que seja ela transmitida a este por qualquer meio. Assim tem-se decidido.
NÃO SE ADMITE A EXCEÇÃO DA VERDADE na injuria não sendo possível pois provar o que se disse corresponde a realidade. Não se permite provar que a vitima é ignorante, grosseira e etc.
Tipo Subjetivo: dolo da injuria como nos demais crimes contra a honra deve vir informado do animus infamandi ou injuriandi. Inexiste injuria quando presente os demais animus(jocandi, narrandi etc.).
Tem-se decidido pela existência de dolo nas expressões proferidas no calor de uma discussão, no depoimento como testemunha etc.
-Consumação: Consuma-se o delito quando o sujeito passivo toma conhecimento do insulto, ou seja,
-Tentativa: Afirma-se que a tentativa é possível quando se tratar de injuria por escrito, mas não na oral. Contudo a hipótese de alguém proferir insulto na presença de terceiros para que levem estes o fato de conhecimento da vitima o que não ocorre por circunstancias alheias à vontade do agente.
-Provocação:  Dispõe assim o art. 140 §1º, I “ O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;”Essa provocação que pode constituir-se em um ilícito(lesão, dano e etc.) ou não (gracejo à esposa do agente e etc.), deve ter sido efetuada na presença do autor da injuria.
-Retorsão: Dispõe assim o art. 140 §1º, II “no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.”É a injuria como resposta à injuria proferida pela vitima. Aquele que é injuriado em primeiro lugar pode ser isentado de pena desde que pratique o crime imediatamente após ter sido ofendido. Deve haver contemporaneidade nas injurias pois a ausência desta ocorrerá a simples reciprocidade de crimes, que não admite o perdãojudicial.
-Perdão Judicial: Nas duas hipóteses em que se admite o perdão judicial, não há compensação das injurias, mas isenção da pena àquele que por irritação ou ira justificada ofende o provocado ou injuriado.
-Injuria real(art. 142 § 2º):Podem ser elas aviltantes em si mesmas “a bofetada, corte ou puxão de barba, apalpar partes do corpo (sem fim libidinoso).Podem ser vias de fato ou violência ser aviltantes pelo meio empregado: bater com chicote, atirar excremento ou outra imundice etc.
Enquanto há concurso material entre a injuria a violência(lesões etc.), as vias de fato são absorvidas como meio para pratica da injuria real.
-Injuria por preconceito(art. 140 §3º ):A injuria qualificada pelo preconceito em contexto de progressão criminosa para o cometimento de crime previsto na lei nº 7716/89 é por essa absorvida.Na hipótese de injuria qualificada pelo preconceito a ação penal será publicada condicionada a representação do ofendido. Dispõe o art. 145 § único “Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código”.
IV- FORMAS QUALIFICADAS DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Nos termos do art. 141 as penas dos crimes de calunia , difamação e injuria são aumentadas de um terço em quatro hipóteses:
1 - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
2- contra funcionário público, em razão de suas funções;
OBS:As duas primeiras hipóteses são agravadas devido as funções exercidas que necessitam de maior respeito.
3 - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Na terceira são casos em que os danos serão maiores embora não se exija a ocorrência de tal resultado.
4– contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
A quarta devido a maior censurabilidade do crime por ostentar o sujeito passivo condição limitante que justifica o respeito e a consideração e existência de normas especiais de proteção, mas que para o agente não se mostrou motivo relevante para reprimir a pratica da conduta. Não se aplica o dispositivo para injuria conforme regra expressa no art. 140 § 3º.
Na previsão do § único se trata de motivo torpe que no caso constitui uma qualificadora e não mera circunstancia agravante genérica.
 - Exclusão do crime(ART.142):Não constituem injuria ou difamação punível:
1- a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador: éa chamada imunidade judiciária, tem o intuito de assegurar as partes maior liberdade na defesa judicial de seus interesses e concede a eles imunidade extensiva a seus procuradores. Justifica-se ainda a exceção no interesse de se assegurar que os direitos que se procura garantir o debate perante o juízo não tenham sua defesa inibida pelo temor de represálias no campo penal.Essa imunidade não alcança o juiz nem os que intervém na atividade processual em desempenho de função publica (escrivã, peritos etc.).A imunidade só existe quando for proferida a ofensa na discussão da causa. Não é causa de imunidade absoluta ou ilimitada a ofensa de algum modo relacionada com o direito de defesa, que é tutelado pelo dispositivo. Caso a ofensa não tenha a menor correlação com essa finalidade de defesa não gozará o agente de imunidade.Nos expressos termos do inciso I a excludente só alcança a injuria e a difamação e não o crime de calunia.
2- a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar:Pode ser a critica severa mas não se exime de responsabilidade aquele que resvala para o agravo pessoal coma finalidade evidente de atingir a honra profissional ou comum do sujeito passivo. Há no caso o animus injuriandi vel diffanandi .
3- o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício: os funcionários públicos pode ser conduzidos a uso de termo ou expressões ofensivas mas que são necessários para fiel exposição dos fatos ou argumentos. Assim empregados como meio adequado a um fim de Direito deixam de constituir crime embora configurem difamação ou injuria.”Os funcionários publico estão previstos no art. 327.
Obs: Na primeira e terceira, responde pela injuria quem lhe da publicidade.
Alem das imunidades citadas no CP  ainda temos as previstas constitucionalmente (imunidade parlamentar).
- Retratação(art.143):Trata-se de causa de extinção de punibilidade (art. 107,VI);Retrata-se significa desdizer-se, declarar que errou,reiterar o que disse. Funda-se a isenção de pena no propósito do agente em dar satisfação à vitima reparando o dano, embora esse ressarcimento não seja normalmente absoluto.A lei porem refere-se  somente a difamação e à calunia. Como o dispositivo referir-se apenas ao querelado não abrange a isenção os casos em que se procede mediante ação penal publica(crime contra funcionários no exercício de suas funções). Está envolvido no caso o interesse do Estado que aconselha a não se admitir a retratação.
São requisitos da retratação:
a)seja feita pelo querelado;
b)seja completa, irrestrita, incondicional, ou seja, cabal. Não tendo efeito a retratação parcial ou condicional.
 c)deve ser apresentada antes da sentença de primeira instancia não valendo aquela praticada durante a fase eventual recurso. Constituindo-se nesse caso em atenuante.
A retratação independe de formalidade essencial podendo ser manifestada por meio de petição nos autos da ação penal assinada pelo querelado se não possuir o procurador poderes especiais. Não exige aceitação do ofendido, nem publicidade senão a decorrente de seus registro nos autos da ação penal.
 
-Pedido de explicações(art. 144) :O pedido de explicações é uma medida preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa quando em virtude dos termos empregados ou do verdadeiro sentido das frases, não se mostra evidente a intenção de caluniar, difamar e injuriar, causando duvida quanto ao significado da manifestação do autor. Somente cabe nos casos de “ofensas equivocas” e não nos casos em que a simples leitura nada há de ofensivo há honra alheia. Também cabe o pedido para verificar a que pessoas foram dirigidas as ofensas.Caso o agente se recuse a prestar informações ou prestando de modo insatisfatório responde pela ofensa(o juiz acolhe o pedido do ofendido).O pedido de explicações por ser medida cautelar preparatória da ação penal, desde que requerido contra a pessoa que detém foro por prerrogativa de função deve ser formulado perante o Tribunal competente para processar e julgar originariamente o requerido. Assim se este for membro do Congresso Nacional, o pedido deve ser apresentado ao STF.
-Ação Penal(art.145):Somente se procede mediante queixa. Como delito de lesões corporais se apura mediante ação publica lógica a disposição que determina essa mesma ação publica para aquela cumulada como injuria.A ação penal também é publica, agora condicionada nos três casos do art. 145 § único “Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141(contra o presidente ou chefe de governo estrangeiro) deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo(contra funcionário publico em razão da suas funções), bem como no caso do § 3o do art. 140(injuria qualificada pelo preconceito) deste Código.”
Obs 1 :Sendo a ofensa a honra fruto de incontinência verbal, provocada por explosão emocional ocorrida com acirrada discussão, não se configuram os delitos previstos no 138 a 140 CP.
Obs 2: A imputação falsa de contravenção não constitui calunia, já que o tipo se refere exclusivamente a crime, mas pode constituir delito de difamação quando ofende a dignidade e decoro da vitima. Também só haverá difamação no caso de o fato imputado ser desonroso, masnão típico (relações homossexuais, pratica de incesto).
 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
Constrangimento ilegal
Artigo146 -	Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Aumento de pena:	As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
- Não se compreendem na disposição deste artigo:
I -	a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
- Conceito e objetividade jurídica: protege a liberdade de autodeterminação. A disposição tem assento constitucional (CF, art. 5°, II). Trata-se de crime subsidiário (princípio da consunção), uma vez que constitui meio para outras infrações penais, como a dos art. 213, 158 e 161, II, do CP.
- Sujeitos do delito: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Se for servidor público, pode cometer o crime do art. 350 ou abuso de autoridade. Quanto ao sujeito passivo, é necessário que tenha capacidade de autodeterminação.
- Possui três modos de execução: violência; grave ameaça; ou qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima.
- Elemento subjetivo: dolo (consciência de que a ação ou omissão visadas são ilegítimas).
- Consumação: no instante em que a vítima, coagida, toma o comportamento que não queira. Não confundir com o delito do art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões).
OBS: Constrangimento ilegal ≠ extorsão (art. 158)
 qualquer finalidade vantagem econômica
(Protege a liberdade) (Protege o patrimônio)
- Figura típica de aumento: O art. 146, § 1° determina que as penas devem ser aplicadas cumulativamente e em dobro quando, para a execução do fato, se reúnem mais de três pessoas (mínimo 4) ou há o emprego de armas (gênero). Incide o aumento mesmo quando a arma não é empregada, mas seu porte é ostensivo, como o propósito de infundir medo no sujeito passivo. Diferencia-se da ameaça porque nesta o incutimento do medo é o fim em si mesmo. Se através do mal anunciado o objetivo é subjugar a vontade para alcançar outro fim, o crime é de constrangimento ilegal.
Súmula 174/STJ
. Roubo. Arma de brinquedo. Aumento da pena. CP, art. 157, § 2º, I. (Cancelada no Rec. Esp. 213.054-SP, j. em 24/10/2001, pela 3ª Seção).
- Norma penal explicativa: De acordo com o art. 146, § 2°, além das penas cominadas ao autor do constrangimento ilegal, aplicam-se as correspondentes à violência. Significa que, se o sujeito pratica constrangimento ilegal ferindo a vítima, deve responder por dois crimes em concurso material: constrangimento ilegal e lesão corporal (as penas são somadas).
- Causas especiais de exclusão da tipicidade (antijuridicidade): São duas as hipóteses do art. 146, § 3°, I) intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento da paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida, que se trata de hipótese de estado de necessidade de terceiro; b) coação exercida para impedir suicídio que, como já visto, apesar do suicídio não ser crime, configura como ato ilícito, podendo ser impedido. Também é caso de estado de necessidade de terceiro. 
Ameaça
Artigo147 -	Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
- Somente se procede mediante representação.
- Conceito e objetividade jurídica: Ameaça é o fato de o sujeito, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, prenunciar a outro a prática de um mal contra ele ou contra terceiro. A objetividade jurídica é a paz de espírito. A ameaça se diferencia do constrangimento ilegal, porque naquela o agente pretende somente atemorizar o sujeito passivo. O delito de ameaça é subsidiário com relação a vários outros crimes.
- Pode ser: direta (para a própria vítima), indireta (para terceiros), explícita ou implícita.
- Grave: se não for grave é atípico.
- Injusto: não acobertado pela lei. 
- O mal prometido deve ser futuro e injusto, bem como possível, de modo que não comete o crime, por exemplo, aquele que ameaçar alguém com uma abdução extraterrestre.
Trata-se de crime formal, a intenção do agente portanto é intimidar sua vítima, mas para consumar-se não é necessário que o sujeito passivo se sinta ameaçado, basta que o agente haja com uma verdade tamanha, capaz de realmente assustar a vítima.
- Sujeitos do delito: A ameaça não é crime próprio. Por isso, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Quanto ao sujeito passivo, é necessário que tenha capacidade de entendimento(deve ser dotado de compreensão para interpretar o gesto ameaçador, assim, aquele que não tiver completo discernimento, não poderá ser sujeito passivo, por exemplo, o louco).
- Estão, via de regra, fora da tutela penal a pessoa jurídica, a criança e o louco. Constitui crime contra a segurança nacional ameaçar o presidente da República, do Senado, da Câmara dos Deputados e do STF (Lei 7.170/83, art. 28).
- A ameaça pode ser proferida diretamente ao sujeito passivo, através de terceira pessoa, por escrito.
- Elementos objetivos do tipo: O núcleo do tipo é o verbo ameaçar, que significa prenunciar. O crime consiste em o sujeito anunciar à vítima a prática de mal injusto e grave, consistente num dano físico, econômico ou moral. Se o mal é justo, como protestar um título, não há delito. O crime pode ocorrer mesmo se a ameaça for de um mal iminente. A ameaça não se confunde com a praga, com o esconjuro, como “vá pro inferno”.
- O STJ já se manifestou no sentido de que a ameaça de provir de ânimo calmo e refletido, pois o dolo específico é de infundir medo, não configurando o crime àquela proferida em momento de ira ou de nervosismo. 
- Também há o entendimento de que a ameaça proferida por pessoa em estado de embriagues não configura crime.
- Elemento subjetivo: dolo. Pressupõe que o agente não esteja tomado de raiva, pois a jurisprudência tem afastado o delito nesse caso. Deve ser séria, não pode ser em tom de brincadeira.
- Qualificação doutrinária: A ameaça é crime: a) formal, não é necessário que a vítima fique atemorizada, é suficiente que o comportamento tenha condições de amedrontar um homem prudente e de discernimento; b) subsidiário, pois integra o conceito legal de vários crimes, funcionando como elementar.
- Momento consumativo e tentativa: Consuma-se a ameaça no instante em que o sujeito passivo toma conhecimento do mal anunciado, independentemente de se sentir ameaçado ou não. A tentativa é, teoricamente, possível, quando se trata de ameaça realizada por meio escrito. Na prática, é de difícil ocorrência, já que se trata de crime cuja ação penal somente se procede mediante representação. Ora, se o sujeito exerce esse direito, é porque tomou conhecimento do mal prenunciado. 
- Ação Pública Condicionada a Representação (Juizado – Lei 9.099/95, cabe conciliação, transação e suspensão condicional do processo).
Seqüestro e cárcere privado
Artigo 148 -	Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; 
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. 
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
- Conceito e objetividade jurídica: Seqüestro e cárcere privado são meios de que se vale o sujeito para privar alguém, total ou parcialmente, de sua liberdade de locomoção. O legislador protege a liberdade de ir e vir.
- Sujeitos do delito: O seqüestro e cárcere privado não são crimes próprios. Assim, podem ser praticados por qualquer um. Tratando-se de ato de servidor público cometido no exercício da função o delito pode ser outro, como abuso de autoridade. Quanto ao sujeito passivo, incluem-se todas as pessoas, inclusive aquelas que não têm capacidade de conhecer ou de autodeterminar-se de acordo com esse conhecimento.
- Há divergência quanto àquele incapaz de locomover-se sozinho. Magalhães Noronha: “a liberdade de movimento não deixa de existir quando se exerce à custa de aparelhos ou com auxílio de outrem”.
- Pode ser também crime contra a segurança nacional (inclusive aplicando-se o dispositivo referente à extraterritorialidade incondicionada – art. 7º, I ‘a’, do CP). 
- Bem jurídico disponível: O consentimento do ofendido exclui o crime, desde que tenha validade (causa justificante supralegal).Ex: retiro espiritual.Bitencourt: “contudo, tratando-se de bem jurídico tão elementar como é o direito de liberdade, convém destacar que o efeito excludente do consentimento da vítima não goza de absolutismo pleno, capaz de legitimar toda e qualquer supressão da liberdade do indivíduo. O consentimento não terá valor se violar princípios fundamentais do Direito Público”. 
- Elementos objetivos do tipo: O crime pode ser cometido mediante: 
a) seqüestro;
b) cárcere privado – b.1) detenção (ex: levar a vítima num automóvel e prendê-la num quarto); 
b.2) retenção (ex: impedir que a vítima saia de casa).
- Diferença entre SEQUESTO e CÁRCERE PRIVADO: No seqüestro a vítima tem maior liberdade de locomoção (vítima presa numa fazenda). Já no cárcere privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade num recinto fechado, como por exemplo: dentro de um quarto ou armário.
- A diferença entre DENTENÇÃO E RETENÇÃO: Na detenção priva-se a vítima da liberdade, levando ela para algum lugar. Já na retenção impede-se a vítima de sair de um determinado lugar.
- Elemento subjetivo do tipo: O crime só é punido a título de dolo, consistente na vontade de privar a vítima de sua liberdade de locomoção. Havendo finalidade de atentar contra a segurança nacional, o fato passa a constituir delito especial.
- Consumação: com a efetiva restrição ou privação de locomoção por tempo juridicamente relevante (crime permanente). Se a privação de liberdade for momentânea, pode configurar o constrangimento ilegal. Admite-se a tentativa, quando há a prática de atos executórios, sem chegar à restrição de liberdade da vítima.
- Figuras típicas qualificadas: 
a) a vítima é ascendente, descendente ou cônjuge do agente; maior de 60 anos – não pode ser interpretado extensivamente; a relação de confiança justifica a maior censurabilidade; afasta as agravantes genéricas.
b) fato cometido mediante internação em casa de saúde ou hospital – a razão da maior punibilidade reside no emprego de meio fraudulento.Observe-se que na causa de aumento (§1º, II) relativo à internação da vítima, deve existir a vontade de sequestrar camuflando o seqüestro com a internação.A anunência ou participação de qualquer profissional do estabelecimento de saúde fará com que o mesmo responda pelo mesmo crime (concurso de pessoas). Aqui é necessário distinguir o dolo de sequestrar, da conduta relacionada aos Arts. 22 e 23 da Lei 3.688/41 (contravenções penais) relativo à contravenção conhecida como internação irregular.
c) a privação de liberdade dura mais de 15 dias – é irrelevante o tempo de duração da restrição de liberdade para configurar o delito, mas se ultrapassar o tempo de 15 dias, o crime passa a ser qualificado.
d) Se é praticado contra menor de 18 anos – considerar a idade da vítima na data da consumação (teoria da atividade – art. 4º).
e) Se o crime é praticado para fins libidinosos - Já no caso do fim libidinoso (previsto no § 1º, V) nunca é demais lembrar que abrange homem ou mulher, uma vez que o tipo “rapto” foi revogado pela lei 11.106/2005.
ATENÇÃO. O tipo diz respeito ao fim libidinoso. E esgota-se na finalidade. Contudo, se o agente praticar o ato sexual, responderá em concurso material de crimes: Sequesto + Estupro. Neste caso, aplicar-se o seqüestro do caput, sem o aumento de pena pelo fim libidinoso para que não incorra em bis idem.
- § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: 
 - Ação penal é pública incondicionada.
- OBS: concurso entre o crime de seqüestro e roubo: pode configurar:
1.Art. 157, § 2º, V;
2. Bitencourt: “se a privação da liberdade durar mais tempo do que o necessário para a subtração da coisa alheia ou da fuga, deixará de constituir simples majorante, para configurar crime autônomo, de seqüestro, em concurso material com o crime contra o patrimônio”. 
Redução à condição análoga à de escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (artigo com redação da Lei 10.803/03)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: 
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. 
- Este dispositivo foi alterado pela Lei n.º 10.803/2003. Antes de tal alteração, o delito era de forma livre, pois não especificava o modo de reduzir a vítima a condição análoga a escravo. Atualmente, o crime é de forma vinculada, havendo a tipificação se ocorrer uma das hipóteses descritas.
- Crime de ação múltipla. A realização de mais de uma conduta em relação a mesma vítima constitui crime único.
- Consiste em submeter a vítima à total vontade do agente, como se escrava fosse, utilizando a fraude, a violência ou a ameaça (sem salário, moradia, etc.).
- Bem jurídico protegido e objeto material: Trata-se precipuamente da liberdade pessoal, entendida aqui como a liberdade individual, sob o aspecto ético-social da dignidade humana.Para Rogério Greco, quando a lei penal faz menção a condições degradantes de trabalho, podemos visualizar também como bens juridicamente protegidos a vida, a saúde, bem como a segurança do trabalhador, além da sua liberdade.Objeto material é a pessoa que é reduzida à condição análoga à de escravo, isto é, que é posta sob o domínio de outrem.
- Sujeitos ativo e passivo: O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Em regra, é o empregador e os seus prepostos. O sujeito passivo, por seu turno, também pode ser qualquer pessoa, inclusive o preso (ex: quando é submetido a trabalho forçado por outro preso). O consentimento da vítima é irrelevante para a configuração do crime que é permanente e progressivo absorve o seqüestro e consuma-se quando a vítima assume a situação de escravo. É possível a tentativa. 
- TIPICIDADE OBJETIVA:
A conduta típica consiste em reduzir alguém à condição análoga à de escravo. Reduzir significa subjugar, quer dizer, colocar um indivíduo sob o domínio de outrem, suprimindo completamente a sua liberdade pessoal. 
Trata-se de delito que representa o somatório dos crimes de constrangimento ilegal (fazer ou não fazer), ameaça (liberdade psicológica) e seqüestro (direito

Continue navegando