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REVISTA IBDFAM 18 GUARDA COMPARTILHADA

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Prévia do material em texto

1
EDIÇÃO 18
Janeiro de 2015
Fechamento autorizado
Pode ser aberto pela ECT
Lei sancionada em dezembro tem como objetivo garantir a igualdade 
parental
GUARDA COMPARTILHADA
ENTREVISTA
A magistrada Angela Gimenez aborda os 
principais fundamentos da nova lei.pág. 5
OPINIÃO
A Guarda Compartilhada na berlinda
Waldyr Grisard analisa a nova leipág. 12
Veja as principais notícias 
sobre Direito das Famíliaspág. 14
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Rio Grande do Sul
3
EDITORIAL
Uma forte mobilização social pode mesmo fazer diferença. E o resultado 
foi a sanção da Lei da Guarda Compartilhada, no dia 23 de dezembro, 
pela presidente Dilma Rousseff. Em 2013, apenas 6,8% dos mais de 324 
mil divórcios no país resultaram em guarda compartilhada. 
Em entrevista, a juíza Angela Regina Gama da Silveira Gimenez, 
presidente do IBDFAM/MT e titular da 1ª Vara Especializada de 
Família e Sucessões de Cuiabá, conta que a nova lei teve como principais 
fundamentos a co-responsabilidade dos genitores e o equilíbrio na 
divisão do tempo de convivência dos pais com seus filhos. 
O Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Gabriel 
Carvalho Sampaio, explica que o andamento ágil no Congresso foi 
justamente porque a guarda compartilhada não era preponderante nas 
estatísticas. Muito pelo contrário. 
Já o juiz de Direito da 18ª Vara de Família da Comarca do Rio de 
Janeiro, André Côrtes Vieira Lopes, relatou que existe uma resistência 
muito grande por parte dos juízes na aplicação da guarda compartilhada 
quando há divergências entre os cônjuges. Para ele, os juízes aplicavam 
a guarda compartilhada como penalidade para a alienação parental e era 
vista mais como pena do que como solução do conflito. 
Para a psicóloga Rosely Sayão, uma das tradições ainda muito fortes em 
nossa sociedade é a de que apenas a mãe é a responsável pelo filho. 
Em artigo, Waldyr Grisard analisa que no entanto, a norma projetada 
não só mantém vivos alguns dos velhos equívocos à sua atribuição, 
como ressuscita outros, de nefasta memória, como a guarda alternada, 
nunca disciplinada em nosso ordenamento jurídico. “Assim, a guarda 
compartilhada permanece na berlinda”.
Resta-nos agora saber como será a efetiva participação do pai e da mãe 
na educação e cuidado dos filhos.
Boa leitura!
PELA CONVIVÊNCIA 
FAMILIAR PACÍFICA
EXPEDIENTE
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente: Rodrigo da Cunha Pereira (MG)
Vice-Presidente: Maria Berenice Dias (RS)
Primeiro-Secretário: Rolf Madaleno (RS)
Segundo-Secretário: Rodrigo Azevedo Toscano de Brito (PB)
Primeiro-Tesoureiro: Antônio Marcos Nohmi (MG)
Segundo-Tesoureriro: Jose Roberto Moreira Filho (MG)
Diretor do Conselho Consultivo: Jose Fernando Simão (SP)
Diretor de Relações Internacionais: Paulo Malta Lins e Silva (RJ); 1º Vice: Cássio Sabbagh 
Namur (SP), 2ª Vice: Adriana Antunes Maciel Aranha Hapner (PR); Secretária: Marianna 
de Almeida Chaves Pereira Lima (PB)
Diretora de Relações Interdisciplinares: Giselle Groeninga
Superintendente: Maurício Santos
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Diretor Norte: Zeno Veloso (PA); 
Diretor Nordeste: Paulo Luiz Netto Lôbo (AL)
Diretora Centro-Oeste: Eliene Ferreira Bastos (DF)
Diretor Sul: Luiz Edson Fachin (PR)
Diretora Sudeste: Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka (SP)
COMISSÕES
Comissão Científica: Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka (SP); Vice: João 
Batista de Oliveira Cândido (MG); Comissão de Direito das Sucessões: Zeno 
Veloso (PA); 1ª vice: Tatiana de Almeida Rego Saboya (RJ); 2º Vice: Flavio Murilo 
Tartuce Silva (SP); Comissão de Mediação: Suzana Borges Viegas de Lima 
(DF); Comissão da Infância e Juventude: Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade 
Maciel (RJ); Vice: Melissa Telles Barufi (RS); Comissão do Idoso: Tânia da Silva 
Pereira (RJ); Comissão de Jurisprudência: Viviane Girardi (SP); Comissão de 
Assuntos Legislativos: Mário Luiz Delgado Regis (SP); Comissão de Gênero e 
Violência Doméstica: Adélia Moreira Pessoa (SE); Vice: Rosana Amara Girardi 
Fachin (PR); Comissão de Notários e Registradores: Priscila de Castro Teixeira 
Pinto Lopes Agapito (SP); Vice: Karin Regina Rick Rosa (RS); Comissão de 
Estudos Constitucionais da Família: Gustavo José Mendes Tepedino (RJ); 
Comissão de Ensino Jurídico de Família: Waldyr Grisard Filho (PR); 1º vice: 
Fabiola Albuquerque Lôbo (PE); 2º Vice: Marcos Alves da Silva (PR); Comissão 
de Relações Acadêmicas: Marcelo Luiz Francisco Bürger (PR); Comissão de 
Direito Homoafetivo: Patrícia Cristina Vasques de Souza Gorisch (SP); Vice: Ana 
Carla Harmatiuk Matos (PR); Comissão de Adoção: Silvana do Monte Moreira 
(RJ); Comissão de Advogados de Família: Marcelo Truzzi Otero (SP); Vice: Aldo 
de Medeiros Lima Filho (RN); Comissão de Magistrados de Família: Jones 
Figueiredo Alves (PE); Vice: Andréa Maciel Pachá (RJ); Comissão de Promotores 
de Família: Cristiano Chaves de Farias (BA); Comissão dos Defensores Públicos 
da Família: Paulo Fernando de Andrade Giostri (SP); Comissão de Direito 
Previdenciário: Hélio Gustavo Alves.
DIRETORIAS ESTADUAIS
REGIÃO NORTE: ACRE - Presidente: Eronilço Maia Chaves; AMAPÁ - Presidente: 
Nicolau Eládio Bassalo Crispino; AMAZONAS -Presidente: Gildo Alves de 
Carvalho Filho; PARÁ -Presidente: Maria Célia Nena Sales Pinheiro; RONDÔNIA 
-Presidente: Raduan Miguel Filho; RORAIMA - Presidente: Neusa Silva Oliveira; 
TOCANTINS - Alessandra Aparecida Muniz; REGIÃO NORDESTE: ALAGOAS 
- Presidente: Ana Florinda Mendonça da Silva Dantas; BAHIA - Presidente: 
Alberto Raimundo Gomes dos Santos; CEARÁ - Presidente: Angela Maria 
Sobreira Dantas Tavares; MARANHÃO - Presidente: Bruna Barbieri Waquim; 
PARAÍBA - Presidente: Dimitre Braga Soares de Carvalho; PERNAMBUCO - 
Presidente: Luciana da Fonseca Lima Brasileiro; PIAUÍ - Presidente: Isabella 
Nogueira Paranaguá de Carvalho Drumond; RIO GRANDE DO NORTE - 
Presidente: Suetônio Luiz de Lira; SERGIPE - Presidente: João Alberto Santos 
de Oliveira; REGIÃO CENTRO-OESTE: DISTRITO FEDERAL -Presidente: Ana 
Maria Gonçalves Louzada; GOIÁS - Presidente: Maria Luiza Póvoa Cruz ; MATO 
GROSSO - Presidente: Angela Regina Gama da Silveira Gutierres Gimenez; 
MATO GROSSO DO SUL - Presidente: Paula Guitti Leite; REGIÃO SUDESTE: 
ESPÍRITO SANTO - Presidente: Thiago Felipe Vargas Simões; MINAS GERAIS - 
Presidente: Silvio Augusto Tarabal Coutinho; RIO DE JANEIRO- Presidente: Luiz 
Cláudio de Lima Guimarães Coelho; SÃO PAULO - Presidente: Sérgio Marques 
da Cruz Filho; REGIÃO SUL: PARANÁ - Presidente: Adriana Antunes Maciel 
Aranha Hapner; RIO GRANDE DO SUL - Presidente: Conrado Paulino da Rosa; 
SANTA CATARINA - Presidente: Mara Rúbia Cattoni Poffo.
REVISTA IBDFAM
A Revista IBDFAM é publicada pela Assessoria de Comunicação Social do 
Instituto Brasileiro de Direito de Família
Redação: Luana Edwiges (Estagiária), Maran Oliveira, Thaís Pontes e Pâmilla 
Vilas Boas
Edição: Pâmilla Vilas Boas
Diagramação: Bruno Santos
Revisão: Pedro Vianna
Projeto gráfico: Agência Reciclo
Assessoria Jurídica: Ronner Botelho e Luma Francielle (Estagiária)
Tiragem: 6000 exemplares
Distribuição: gratuita, aos sócios do IBDFAM. Os artigos assinados são de 
responsabilidade de seus autores
Atendimento ao associado: (31) 3324-9280
Rio Grande do Sul
4
Entrevista ............................ pág. 05
Artigo .................................. pág. 12 
Cultura ................................ pág. 13
ESPAÇO DO LEITOR
PÁG. 9 Matéria de capa
PÁG. 14 Notícias
DO
LL
AR
PH
OT
OC
LU
B
INTERNAUTAS OPINAM SOBRE A LEI DE GUARDA COMPARTILHADA:
MARCOS GONZAGA FERREIRA:
Penso que é bem complicado para formatar uma resposta, pois existem casos e 
casos; agora no geral é uma Lei positiva tendo em vista visar ao melhor bem estar 
à criança propiciando uma convivência de qualidade com os pais.
SHEILA RIBEIRO:Compartilho e aprovo essa lei. Que visa o bem estar da criança, assegurando e 
estimulando a convivência pacifica entre seus pais e responsáveis.
IARA SOUZA:
Acredito que a educação acerca dos direitos e deveres oriundos do poder familiar, 
que são, por lei, compartilhados, seria muito mais eficaz. Na prática, temo a 
aplicabilidade de guarda alternada, que, entendo, é prejudicial ao melhor interesse 
da criança e do adolescente.
ENFERMEIRA ANGELITA:
A Guarda Compartilhada, no meu entendimento, deveria ser também acrescida aos 
avós, pois percebo que muitas vezes fica somente da casa do pai para a casa da 
mãe, como um cumprimento do que foi estabelecido, deixando de lado o contato 
com os demais familiares, e se a família for madura suficiente que possam tentar 
unir-se pelo menos nas datas comemorativas para o bem desta criança/adolescente. 
A separação conjugal foi do casal e não do filho com o afeto e convívio com a sua 
família. Fazer trabalhos de conscientização dos padrastos e madrastas em relação 
à Guarda Compartilhada através dos serviços de apoio de psicologia e assistência 
social do judiciário/outros seria válido, pois se deles não partir a ação positiva 
do bom convívio tudo poderá falhar. E antes de qualquer decisão, penso que, a 
criança e/ou adolescente devam ser ouvidos e respeitados. Torço que a Lei bem 
oriente as famílias!
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ENTREVISTA
COMO VOCÊ AVALIA A APROVAÇÃO DO PLC 
117/2013, QUE ALTERA QUATRO ARTIGOS DO 
CÓDIGO CIVIL, DENTRE ELES O QUE TRATA 
DA GUARDA COMPARTILHADA ENTRE OS 
GENITORES?
A modificação da legislação civil, 
proposta pelo PLC 117/2013, foi efetivada 
através da Lei nº 13.058/2014, que consolidou 
a igualdade parental entre os genitores, 
estabelecendo o significado da expressão 
“guarda compartilhada”. Para isso foram 
alterados os artigos 1.583, 1.584, 1.585 
e 1.634 do Código Civil Brasileiro, como 
resultado de uma forte mobilização social, em 
busca da efetiva participação do pai e da mãe 
na educação e cuidado dos filhos.
A nova lei teve como principais 
fundamentos a co-responsabilidade dos 
genitores e o equilíbrio na divisão do tempo 
de convivência dos pais com seus filhos.
A edição da lei da igualdade parental traz 
avanços reais para o Direito das Famílias, 
contemporizando-o aos novos arranjos 
familiares, que não se limitam mais às 
famílias nucleares.
A guarda compartilhada foi estabelecida 
como o modelo legal vigente, o que significa 
dizer que a guarda unilateral, conferida a um 
dos genitores, tornou-se medida de exceção, 
que só se justifica em situação de inaptidão 
de um deles para o exercício do poder 
familiar, ou se um deles não desejar. Assim, 
a presunção legal é a guarda compartilhada.
Reafirmou-se o direito dos genitores 
na obtenção de informações detalhadas 
sobre situações e assuntos ligados à saúde 
física e psicológica dos filhos, bem como 
das que versem sobre seu desenvolvimento 
educacional. Institui-se a obrigatoriedade 
dos estabelecimentos públicos e privados 
ao fornecimento das referidas informações, 
sob pena de multa diária, que varia de R$ 
200,00 a R$ 500,00. Previu a lei, ainda, a 
possibilidade de prestação de contas e de 
redução das prerrogativas daquele genitor que 
descumprir imotivadamente as cláusulas de 
guarda firmadas.
QUAIS OS PRINCIPAIS PONTOS QUE VOCÊ 
DESTACARIA NESSA NOVA LEI?
O principal ponto positivo está no fato de 
que a nova lei adota a guarda compartilhada 
automática, prestigiando o poder familiar 
dos genitores, que resulta intacto, após as 
separações ou mesmo quando os pais nunca 
viveram em comunhão. Dissipa, também, um 
antigo posicionamento de que a concessão 
da guarda compartilhada pressupunha um 
bom entendimento entre os pais, ou seja, que 
exigiria a ausência de litígio. Sabemos que, 
na grande maioria dos divórcios e dissoluções 
de união estável, os cônjuges ou conviventes 
encontram dificuldade de comunicação, 
resultante de desentendimentos, mágoas 
ou inaceitações, dentre outros fatores. 
Reconhecer que a guarda não poderia ser 
compartilhada, em situação de dissenso, 
é confundir grosseiramente a relação 
de conjugalidade com os vínculos de 
parentalidade existentes entre os filhos e 
seus pais. Assim, a guarda compartilhada 
acaba ou minimiza a primeira disputa que 
aparece em uma separação, que é a disputa 
pelos filhos, podendo, inclusive, desestimular 
a estratégia de litigar continuamente, que 
tanto sobrecarrega o Judiciário. Com a 
vigência da lei superou-se a obsoleta divisão 
entre genitor de primeira linha e genitor de 
segunda categoria, entre genitor guardião 
e genitor visitante. A teleologia da lei está 
voltada ao convívio que os filhos devem ter 
com seus familiares, de forma harmônica 
e igualitária, e isso significa dizer que pai 
e mãe devem participar das atividades 
cotidianas de seus filhos, acompanhando-os, 
orientando-os e amando-os presencialmente. 
Não havia mais espaço, dado ao nosso estágio 
civilizatório, para que o contato paterno-filial 
ou materno-filial permanecesse de forma 
espaçada e superficial. Os processos judiciais 
comprovaram que as visitas esquadrinhadas, 
com dia e hora determinados, provocavam 
fortes angústias em pais e filhos, durante 
os encontros, e também nos momentos 
anteriores e posteriores à sua ocorrência, 
sempre marcada por separações e espaços 
dilatados entre os reencontros. Termina-se, 
com o advento da lei, uma prática não pouco 
usual, vivida na seara dos processos, onde 
um dos litigantes insistia na perpetuação 
dos desentendimentos, praticando atos de 
ANGELA GIMENEZ
IGUALDADE PARENTAL
Angela Gimenez é magistrada, titular da Primeira Vara Especializada 
em Família e Sucessões de Cuiabá e Presidente do IBDFAM-MT
6
alienação parental que acabavam sendo 
legitimados por decisões judiciais, que 
mantinham o afastamento do filho de um de 
seus genitores e, tantas vezes, de sua família 
também. Nesse modelo havia sempre um 
estranhamento rondando o contato parental, 
o que dificultava e por vezes até impedia o 
estabelecimento e a manutenção de vínculos 
que só se fortalecem com o frequente contato 
físico que deve existir, ao longo de uma fase 
tão peculiar do desenvolvimento humano. 
Quanto às eventuais críticas, um aspecto do 
texto que merece ser melhor analisado é o 
que diz respeito ao suposto permissivo legal, 
para o afastamento da guarda compartilhada, 
nas situações em que um dos genitores não 
deseja exercê-la. Cabe aqui um cuidado 
interpretativo, eis que, por ser a guarda uma 
responsabilidade parental, não nos parece 
razoável aceitar a abdicação do dever de 
cuidado, decorrente do poder familiar, 
somente por volitividade de um dos genitores, 
ou seja, por simples querer ou não querer. 
Cabe lembrar que os tribunais pátrios vêm 
reconhecendo, inclusive, a responsabilidade 
civil por abandono afetivo daquele que deixa 
de exercer seu papel de cuidador, no bojo 
da família. O sistema legal como um todo 
aponta para a responsabilidade dos genitores, 
no desenvolvimento infanto-juvenil, não 
guardando qualquer razoabilidade eximir-se 
um deles de sua tarefa, por mero desinteresse. 
Nesse sentido, apenas em caso justificável 
o Poder Judiciário poderia legitimar a 
vigência de uma guarda unilateral, ainda 
assim mantendo as demais responsabilidades 
do genitor afastado como, por exemplo, às 
decorrentes de manutenção da prole.
COMO FICAM AS DIFERENÇAS ENTRE GUARDA 
COMPARTILHADA E GUARDA ALTERNADA?
A lei reconhece a guarda compartilhada 
como o modelo protetivo da infância e 
juventude a ser seguido. Não há o que se 
confundir, com a guarda alternada, pois esta 
se configura em uma modalidade de guarda 
unilateral ou monoparental,caracterizada 
pelo desempenho exclusivo da guarda por 
um dos genitores, segundo um período 
predeterminado que pode ser anual, semestral 
ou outro. Não há compartilhamento porque, 
embora os pais concordem que a guarda 
não seja exclusiva de um dos genitores, 
indeterminadamente, somente um deles 
formula e desenvolve o viver do filho, 
durante o período em que este permanece 
em sua companhia. Criam-se regras, espaços 
e tempos próprios, nos quais os filhos se 
submetem a uma alternância sistematizada 
de convivência, cujos parâmetros podem ser 
dissociados entre si variando, até mesmo, de 
forma diametralmente oposta, a depender 
dos valores de mundo de cada ascendente. 
Essa modalidade de guarda não se encontra 
disciplinada na legislação brasileira, e nada 
tem a ver com a guarda compartilhada, que 
se caracteriza pela constituição de famílias 
multinucleares, nas quais os filhos desfrutam 
de dois lares, estimulando a manutenção 
de vínculos afetivos e de responsabilidade, 
essenciais para o desenvolvimento 
biopsíquico das crianças e dos jovens. É certo 
que o compartilhamento da guarda pressupõe 
uma alternância de convívio, para que os dois 
genitores possam promover a rotina diária 
de seus filhos e preservar o contato físico 
imprescindível nas relações de família. Então, 
o que se alterna é o tempo de convivência e 
nunca a espécie de guarda.
EM SUAS DECISÕES, COMO VOCÊ PERCEBE 
O IMPACTO DA GUARDA COMPARTILHADA NA 
RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS?
Nesse aspecto, gostaria de salientar que a 
experiência vem demonstrando que a conces-
são da guarda compartilhada, na esfera judi-
cial, inclusive em sede liminar, tem sido bem 
recebida pelos genitores sempre que, ao longo 
do processo, sejam oportunizados aos envol-
vidos espaços de reflexão e de questionamen-
to sobre seu papel e suas condutas familia-
res. O que se nota é que os genitores, na sua 
grande maioria, amam seus filhos e desejam o 
melhor para eles. No entanto, em alguns mo-
mentos, não se percebem praticando atos des-
favoráveis ao desenvolvimento das crianças, 
especialmente quando suas dores ecoam tão 
alto em seu mundo interior que chegam a en-
surdecê-los, afastando-os do comportamento 
esperado de um cuidador. Na cultura ociden-
tal, não se tem oportunidade de se preparar os 
pais para o desenvolvimento de tão importan-
te tarefa. Ao longo da vida nos são repassados 
vários conteúdos. Aprendemos a ler, escrever, 
cozinhar, plantar, dirigir, investir capital e 
tantas outras coisas, mas a primordial tarefa 
de ser pai e mãe não nos é ensinada. Ninguém 
nasce pai ou mãe... Nos construímos pais e 
mães, em meio à cultura. Então, quando o Po-
der Judiciário se propõe a fornecer um espaço 
de análise crítica sobre essa responsabilidade 
familiar, se coloca, verdadeiramente, ao lado 
da sociedade, melhorando a ambiência onde 
se dão as relações em família. As preocupa-
ções, tão alardeadas, quanto ao fato dos filhos 
terem de se desenvolver, inseridos em dois la-
res, não se tornam tão significativas quando 
os adultos se abrem com desprendimento para 
essa experiência auxiliando, de forma amo-
rosa, os filhos a percorrerem seu caminho. 
Tanto é verdade que o número de ações judi-
ciais, visando à modificação da guarda com-
partilhada para a guarda unilateral, são infi-
nitas vezes menores do que aquelas que, em 
sentido contrário, visam o compartilhamento 
da guarda, após a concessão de guarda única. 
Esse é um dado expressivo, e em que pese 
não se ter uma pesquisa concreta desses nú-
meros, do meu trabalho, posso afirmar que te-
mos cerca de menos do que dois por cento de 
pedidos de alteração de guarda compartilhada 
“
“
...o que se alterna é o tempo 
de convivência e nunca a 
espécie de guarda.
7
ENTREVISTA
ANGELA GIMENEZ
para unilateral, o que mostra um sucesso in-
questionável do modelo atualmente eleito. Os 
estudos científicos comprovam também que, 
para a saúde física e emocional das crianças e 
dos jovens, a guarda compartilhada se mostra 
mais eficaz. Cito aqui o importante trabalho 
de Linda Nielsen, publicado em novembro 
de 2011, “Shared Parenting After Divorce: A 
review of shared residential parenting rese-
arch”, onde se constatou que o compartilha-
mento da residência com ambos genitores se 
apresentou mais conveniente para os filhos, 
eis que dos 21 casos estudados, 20 indicaram 
ser mais positiva a dupla residência do que a 
residência fixa com a mãe, contra um que não 
encontrou diferenças.
EXISTEM CASOS EM QUE A GUARDA 
COMPARTILHADA NÃO DEVE SER APLICADA?
Reafirmo que a adoção da guarda compar-
tilhada não é mais uma questão de opinião ou 
de preferência, mas sim uma imposição legal. 
Não se cogita mais em subjugá-la, sem que 
com isso se esteja ferindo a norma vigente. 
Assim, os casos em que a guarda comparti-
lhada não será aplicada remontam às exce-
ções, igualmente previstas em lei. São casos 
extremos de condutas ilícitas, como aquelas 
que envolvam violência doméstica, drogas, 
detenção, dentre outras. Porém, para essa 
excepcionalidade, valemo-nos de todo arca-
bouço legal existente, como por exemplo os 
preceitos contidos na Lei Maria da Penha, 
Estatuto da Criança e do Adolescente, Códi-
go Penal e leis correlatas. Isso porque, como 
já afirmamos anteriormente, a relação entre 
pais e filhos significa um direito dos genitores 
mas, principalmente, um dever advindo das 
relações parentais.
QUAIS OS ASPECTOS MAIS FUNDAMENTAIS 
QUE SE DEVE LEVAR EM CONTA EM AÇÕES 
SOBRE GUARDA COMPARTILHADA?
O primeiro ponto de destaque é que, tendo 
a Lei nº 13.058/2014 introduzido no § 3º do 
art. 1.584 do CC, a responsabilidade do Poder 
Judiciário, na divisão equilibrada do tempo da 
criança com o pai e com a mãe, cabe ao juiz 
trabalhar com o ideal de compartilhamento 
na proporção de 50% do tempo para cada um 
dos genitores. Esse é o ideal a ser perseguido 
e, ao mesmo tempo, o ponto de partida para 
a deliberação acerca do exercício da guarda 
compartilhada, inclusive em sede de liminar 
ou de antecipação de tutela. A diminuição ex-
cepcional desse percentual deverá ser enfren-
tada em cada caso, uma vez que, para eventu-
al desproporção, há de haver uma satisfatória 
justificativa. 
Uma razão a demandar a construção de 
proposta alternativa poderá se dar quando os 
genitores residirem em cidades diferentes ou 
em locais muito distantes. Nessas situações, 
as partes e o juiz poderão elaborar outro co-
eficiente de divisão a partir da subjetividade 
dos fatos analisados, sempre tomando como 
parâmetro os estudos já existentes, que dão 
conta de que um percentual menor do que 
35% do tempo, para aquele que detém a me-
nor parte dele, significará a instituição de 
guarda unilateral, se desfazendo a caracterís-
tica do compartilhamento.
Desse modo, a equação distributiva do 
tempo é tarefa importante atribuída ao Po-
der Judiciário que, em situações especiais, 
como por exemplo a de longa distância das 
residências, poderá se valer de uma compen-
sação do tempo suprimido de um dos pais, 
alargando seu período de convívio, durante 
férias e feriados, sempre em busca da divisão 
equilibrada preconizada por lei. Outro fator 
de igual importância é o reconhecimento de 
que o termo convivência, utilizado pela lei 
de igualdade parental, significa custódia físi-
ca do genitor para com o filho, afastando de 
vez a obsoleta discussão se o pernoite estaria 
incluído como elemento integrante do conví-
vio. Falo isso porque não raras foram as vezes 
em que se presenciou o argumento de que a 
convivência paterno-filial poderia se dar por 
celular, skype e outros meios, num total des-
compasso com a dicção legal. É certo que to-
dos os meios eletrônicos ou de outra área que 
possam estabelecer contato entre os familia-
res são bem-vindos, desde que, com nature-
za complementar, já que o contato físicoque 
permeia o desenvolver das rotinas diárias da 
criança é essencial para o seu pleno desenvol-
vimento. No mais, leva-se em conta a idade 
da criança, seu estado de saúde, se se encon-
tra em fase de amamentação, as condições do 
ambiente onde esta vai permanecer, dentre 
outros fatores. A questão dos custos de manu-
tenção, também, tem lugar nessa análise e, em 
matéria de contribuição alimentícia, os parâ-
metros de definição permaneceram intactos, 
já que a nova lei em nada tratou sobre isso. A 
fixação da responsabilidade alimentar de cada 
genitor continua sendo aferida, tendo como 
base o trinômio: necessidade do alimentando, 
possibilidade do alimentante e proporciona-
lidade. Assim, sobre a quantificação dos ali-
mentos, vejo que o regime convivencial trará 
alteração em casos excepcionais, uma vez que 
grande parte dos gastos dos filhos se dá com 
despesas escolares, plano de saúde, material 
escolar, remédios, roupas e calçados, que se 
manterão fixos, independentemente do perío-
do em que a criança permaneça com um ou 
outro genitor.
COMO VOCÊ AVALIA A PERSPECTIVA 
PSICANALÍTICA QUE ACREDITA QUE UMA 
CRIANÇA NÃO PODE TER DUAS CASAS?
Juristas têm afirmado que a dupla resi-
dência traria prejuízo ao desenvolvimento in-
fantil, sob o prisma psicanalítico. No entanto, 
tais argumentos vêm dissociados do aporte te-
órico exigido, já que não há como se afirmar 
que a Psicanálise apresente uma posição con-
“
“
Reafirmo que a adoção da 
guarda compartilhada não é 
mais uma questão de opinião 
ou de preferência, mas sim 
uma imposição legal. 
8
solidada contra a dupla residência. Ao con-
trário, os psicanalistas contemporâneos enfa-
tizam a importância de um ambiente facilita-
dor no desenvolvimento das crianças, não se 
restringindo a questões de gênero. Para eles, 
pai e mãe podem desempenhar com maestria 
a função paterna e materna. A criança tem 
uma grande capacidade de adaptação onde ti-
ver amor e respeito e, por isso, o sucesso de 
qualquer modelo familiar passará necessaria-
mente por esses pressupostos. Sabemos que, 
em algumas situações especiais, como, por 
exemplo, as crianças portadoras de necessida-
des especiais ou de sofrimento psíquico gra-
ve, necessitam de uma certa permanência, em 
espaços conhecidos, para o seu maior desen-
volvimento. Nestas circunstâncias, tem de se 
garantir, no mínimo, o prolongamento do pe-
ríodo de adaptação, como medida de proteção 
do filho. Porém, as situações excepcionais 
não são suficientes para afastar a presença 
dos dois genitores da vida da criança. Ambos 
são necessários; contudo, destaco a importân-
cia da presença paterna, por ser uma consta-
tação contemporânea, já que, em nosso país, 
as guardas unilaterais, em favor das mães, 
ultrapassaram o índice de 90%. O enfraqueci-
mento da figura paterna vem desestabilizando 
as famílias. Muitos são os estudos que enfren-
tam tal constatação e que se encontram à dis-
posição como, por exemplo, os existentes em 
sites especializados, como o do Observatório 
da Guarda Compartilhada. Saliento o traba-
lho da psicóloga Sandra Baccara, intitulado 
“Ausência da função paterna no contexto da 
violência juvenil” que, com grande proprie-
dade, analisa as mudanças culturais e sociais 
que nos levaram a uma revisão do papel do 
homem e da mulher e, consequentemente, das 
funções maternas e paternas. Nesse texto, a 
autora demonstra que os impactos dessa sub-
jugação familiar do papel do pai se desdobra 
em questões sociais graves, como as atinentes 
aos adolescentes em conflito com a lei. As-
sim, vivemos novos tempos e reconhecemos 
que não apenas os homens vêm lutando para 
o exercício pleno de sua paternidade, inserin-
do nele a condição de cuidador. Também as 
mulheres, cada vez mais, querem sair do res-
trito espaço privado, para ganhar os espaços 
públicos de trabalho, da política, arte e tantos 
mais. Vivemos mediante a existência de no-
vos arranjos familiares, onde o afeto é o elo 
identificador de uma família, principalmente 
quando falamos da parentalidade. A ONU 
estabelece no seu 3º objetivo de desenvolvi-
mento do milênio: “promover a igualdade en-
tre os sexos e a autonomia das mulheres”. É 
sabido que a maior responsabilização dos pais 
nos cuidados parentais é considerada uma 
das ferramentas necessárias para a promoção 
da igualdade entre os gêneros. As eventuais 
dificuldades logísticas, hoje simbolizadas 
pela expressão “mochila nas costas das crian-
ças” perde relevo, diante dos ganhos trazidos 
pelo aumento da convivência dos filhos com 
todos os seus familiares, e em especial com 
seus dois genitores. Lembro aqui o saber de 
Vitório Vezzetti, pediatra e diretor científico 
da Associação Nacional Italiana de Profissio-
nais de Família, que diz que impedir a guarda 
compartilhada, por eventuais dificuldades de 
organização dos pais, é o mesmo que “negar 
antibióticos às pessoas com pneumonia, para 
se evitar os inevitáveis efeitos secundários 
gastrointestinais”. Segundo o mesmo pedia-
tra italiano, não existe, desde 1999, qualquer 
estudo científico validável, favorável à guar-
da unilateral ou contrário à guarda compar-
tilhada. Esse pediatra salienta que a guarda 
unilateral é causa de uma série de doenças 
e desajustes, o que levou ao emprego da ex-
pressão “filhos do divórcio”, notadamente 
referindo-se ao maior adoecimento destes do 
que daqueles que vivem em famílias nuclea-
res e dentre aqueles, o maior adoecimento dos 
que vivem em regimes unilaterais. Assim, si-
gamos em frente, em busca do melhor para as 
nossas crianças e jovens. No âmbito da Jus-
tiça muito se poderá fazer, inclusive, com a 
implementação da mediação. Lembremos que 
o novo CPC a introduz como uma fase pro-
cessual formal, para todos os processos. Não 
obstante, a sociedade civil, também, deve 
estar envolvida na efetivação de uma cultura 
para a paz, de modo que as escolas, as igrejas, 
os clubes de serviço e outros setores se com-
prometam com o fortalecimento das famílias, 
independentemente do seu formato. Que os 
genitores se co-responsabilizem pelos cuida-
dos com os filhos, retirando das mulheres o 
peso da dupla jornada. Que o Estado desen-
volva políticas públicas voltadas para aque-
les que, muitas vezes, não possuem nem ao 
menos uma passagem de ônibus para buscar 
seus filhos, conhecendo os serviços de babás 
somente se for para exercê-lo. Que possamos 
caminhar firmes, aprofundando nossas refle-
xões, incluindo outras variáveis sociais que 
são determinantes, tais como a situação das 
mães abandonadas, dos alcóolatras, dos tran-
sexuais, dos aidéticos, dos transtornados men-
talmente, dentre outros. Todas essas pessoas, 
como cada um de nós, têm filhos e amor.
ENTREVISTA
ANGELA GIMENEZ
“
“
A criança tem uma grande 
capacidade de adaptação 
onde tiver amor e respeito...
“
“
O enfraquecimento da figura 
paterna vem desestabilizando 
as famílias.
“
“...impedir a guarda compartilhada, 
por eventuais dificuldades de 
organização dos pais, é o mesmo 
que negar antibióticos às pessoas 
com pneumonia, para se evitar 
os inevitáveis efeitos secundários 
gastrointestinais
9
PROJETO DE LEI SANCIONADO EM DEZEMBRO 
OBRIGA A APLICAÇÃO DA GUARDA 
COMPARTILHADA MESMO EM CASOS DE 
CONFLITO ENTRE OS PAIS
Consenso, diálogo, responsabilidades. 
Mesmo fazendo parte do ordenamento jurí-
dico desde 2008, a Guarda Compartilhada, 
ao invés de regra, sempre foi exceção. Se os 
conflitos do fim do amor são quase ineren-
tes aos processos de divórcio, como atrelar 
o compartilhamento da guarda ao completo 
entendimento entre os pais? 
Para corrigir essa visão, reforçada pela 
jurisprudência brasileira, foi sancionada a 
lei (PLC 117/2013) que prioriza a Guarda 
Compartilhada mesmo que haja conflito 
entre os pais. A proposta, sancionada sem 
vetos pela presidente DilmaRousseff no 
dia 23 de dezembro de 2014, passa a valer 
imediatamente. De acordo com o texto, se 
os pais estiverem aptos a exercer o poder 
familiar, o juiz deverá conceder a guarda 
compartilhada. A guarda só poderá ser con-
cedida de forma unilateral se um dos pais 
declararem expressamente, e por escrito, 
que não a deseja.
As Estatísticas do Registro Civil refor-
çam esse quadro. Em 2013 foram conce-
didos 324.921 divórcios diretos no Brasil. 
Deste número, 86,3% tiveram a responsabi-
lidade pelos filhos concedida às mulheres. 
Apenas 6,8% tiveram a guarda comparti-
lhada. O Pará, com 11,4%, e o Amazonas, 
com 10,8%, foram os estados brasileiros 
com os maiores percentuais de divórcios 
nos quais foram evidenciadas as guardas 
compartilhadas.
O Secretário de Assuntos Legislativos 
do Ministério da Justiça, Gabriel Carvalho 
Sampaio, explica que a justificativa princi-
pal para que o Projeto de Lei tivesse o anda-
mento ágil no Congresso foi justamente esse 
triste diagnóstico. “Foi a mola propulsora 
para que o projeto fosse aprovado. Todos 
os setores que se envolveram na aprovação 
partilhavam da visão de que a guarda com-
partilhada ainda não é preponderante nas 
estatísticas, o que estimulou a mobilização 
pelo fortalecimento da guarda compartilha-
da no país”, relata. Para o Secretário, a posi-
tivação da Lei é um passo para a efetivação 
da guarda compartilhada para além daquela 
condicionada ao consenso entre os pais. 
O juiz de Direito da 18ª Vara de Família 
da Comarca do Rio de Janeiro, André Côrtes 
Vieira Lopes, relata que ainda existe uma 
resistência muito grande por parte dos juí-
zes na aplicação da guarda compartilhada 
quando há divergências entre os cônjuges. 
“Temos encontrado certa dificuldade na 
aplicação. Geralmente os juízes aplicavam a 
guarda compartilhada como penalidade para 
a alienação parental. Era vista mais como 
pena do que como solução do conflito”, 
ressalta.
Em uma das ações em que André con-
cedeu a guarda compartilhada, um dos ex-
cônjuges entrou com uma reclamação con-
tra o juiz na Corregedoria com o objetivo 
de afastá-lo da ação. “Hoje, infelizmente, 
as partes, ao invés de recorrerem aos tribu-
nais superiores, estão utilizando o meio do 
afastamento do julgador para conseguir a 
decisão desejada. Às vezes nem recorrem, 
apenas representam contra o magistrado que 
vai contra seus interesses”, ressalta.
O juiz aponta que é direito da parte re-
correr e reclamar. É por isso que os órgãos 
de controle devem estar atentos e tomar as 
medidas cabíveis para analisar cada caso. 
André acredita que o compartilhamento 
da guarda é inerente ao poder parental e, por 
isso, não precisaria de Lei para normatizar 
o tema. “Falta uma conscientização sobre o 
interesse do menor. Só vamos ver o resul-
tado desse PL quando for aplicado. Há uma 
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DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR
CAPA
10
forte jurisprudência no sentido da não apli-
cação da guarda compartilhada quando não 
há consenso entre os pais. Como veio a lei, 
só depois da aplicação é que vamos saber se 
vingou ou não”, revela. 
Para a psicóloga Rosely Sayão, uma das 
tradições ainda muito fortes em nossa socie-
dade é a de que apenas a mãe é a respon-
sável pelo filho. “Hoje temos muito casais 
casados e a guarda não é compartilhada. É 
a mãe que cuida e resolve os problemas do 
filho. Não é difícil você ouvir a expressão: 
‘Olha o que seu filho está fazendo’. O filho 
é dos dois. A resistência à guarda comparti-
lhada também se refere à nossa tradição de 
usar as crianças como estratégia de ataque e 
de luta”, ressalta.
RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS
Compartilhar a guarda representa o di-
reito da criança de crescer acompanhada e 
convivendo com o pai e com a mãe, ressalta 
Rosely. Para ela, significa os pais conversa-
rem sobre o que é melhor para o filho nas 
questões mais importantes com respeito às 
diferenças entre os ex-companheiros. “Pai 
tem um jeito e mãe tem outro. Não podemos 
somar o tempo e dizer que é um tempo com 
o pai e outro tempo com a mãe. Não se trata 
disso. É quase como dizer de uma responsa-
bilidade compartilhada”, ressalta.
A nova lei não obriga o revezamento 
de moradia entre a casa do pai e a da mãe; 
trata-se de uma divisão balanceada do tempo 
da criança com os responsáveis, onde as de-
cisões relativas ao filho também devem ser 
compartilhadas. “A Lei só vem a garantir 
isso, mas sabemos que as leis no Brasil nem 
sempre são cumpridas. A Lei não me deixa 
muito otimista, mas o fato de ter a Lei me 
faz pensar que a sociedade está começando a 
se mobilizar sobre o assunto”, ressalta. Com 
a sanção, a expectativa é evitar que o pai ou 
a mãe prive o ex-companheiro da convivên-
cia com o filho.
Para a psicóloga, é preciso ter consciên-
cia de que casamento se dissolve, mas pater-
nidade e maternidade não; é para o resto da 
vida. É por isso que o ideal seria que os pais 
pudessem suspender as mágoas em prol do 
bem-estar do filho, mas são poucos os casais 
que conseguem dialogar após a separação. 
“As pessoas acham que isso se dissolve com 
o divórcio, mas não, vai ter que conviver 
com o filho para o resto da vida. A criança 
não pode ser afastada por um tempo de um 
dos pais ou apenas vê-lo nos momentos de 
visitas. Eu sempre digo que pai ou mãe não 
pode ser visita para a criança. Pai é pai, mãe 
é mãe”, afirma. 
Rosely avalia que existem casos onde 
não é bom que a criança conviva com os 
pais em casos como de violência, drogas ou 
quadros de doenças mentais, mas essas são 
questões extremas. 
“Significa garantir o bem-estar na vida 
dela, não tirar o que ela tem direito e pode 
ter, que é a companhia do pai e da mãe. O 
casal precisa conseguir dialogar, suspenden-
do a figura de mulher, homem, de ex-casal, 
deixando a figura de pai e de mãe preva-
lecer. Toda vez que um casamento acaba, 
ficam mágoas. É um sonho que os dois têm 
que abandonar, um projeto de vida. A gente 
só precisa ter maturidade para não deixar 
que as mágoas caiam sobre os mais novos”, 
ressalta.
MUDANÇAS NO TEXTO
Gabriel explica que desde que o Projeto 
de Lei chegou ao Senado havia uma pressão 
muito forte pela aprovação do PL na forma 
do texto aprovado na Câmara. Uma das al-
terações proposta para o texto original foi 
feita pelo IBDFAM para a modificação do 
termo “guarda compartilhada” por “convi-
vência familiar”. “Havíamos tentado articu-
lar com os vários interlocutores para avaliar 
a demanda por aperfeiçoar o texto. O enca-
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“Todos os setores que se envolveram 
na aprovação partilhavam da visão 
de que a guarda compartilhada ainda 
não é preponderante nas estatísticas, 
o que estimulou a mobilização 
pelo fortalecimento da guarda 
compartilhada no país.
11
CAPA
minhamento tomado pelos senadores, após 
audiência pública no Senado, foi o de apro-
var o texto sem alterações”, afirma.
A proposta foi apresentada na fase de tra-
mitação no Senado e voltou a ser discutida 
em audiência pública com representantes de 
diferentes entidades, como o IBDFAM, que 
apontaram algumas modificações. Apesar 
do projeto não ter contemplado a solicitação 
de alteração do termo, Gabriel acredita na 
importância de se manter o debate em prol 
da modernização das terminologias. “Para 
o atual momento do debate legislativo não 
houve a compreensão dos parlamentares 
sobre essa mudança fundamental ser acolhi-
da no projeto. Mas é um debate que estamos 
dispostos a continuar fazendo em respeito 
à posição doutrinária pela mudança dessa 
terminologia. O processo legislativo não 
permitiu que fosse acolhido, mas de nossa 
parte o tema deve continuar a fazer parte das 
discussões”, ressalta.
Para o Secretário de Assuntos 
Legislativos,o espírito dessa operação legis-
lativa é sempre o de levar em consideração 
o princípio do melhor interesse da criança. 
“No momento da decisão, o juiz deve ava-
liar e ter como vértice a preservação do me-
lhor interesse da criança. Afastar o consenso 
como princípio para aplicação da guarda 
compartilhada não pode afastar o respeito 
ao superior interesse da criança; isso deve 
ser levado em consideração nas decisões 
judiciais”.
Gabriel ressalta ainda a necessidade de 
que a Lei seja interpretada sob o prisma de 
preceitos que visam a proteção da criança. 
“Genericamente, a gente compreende as 
preocupações de vários setores em relação 
a aplicação da guarda compartilhada no 
Brasil. Entendemos que, qualquer que seja 
a decisão, certamente será necessário que 
o Poder Judiciário leve em consideração o 
melhor interesse da criança da forma como 
o texto menciona no projeto. Esse deve ser o 
fio condutor para as dúvidas durante a apli-
cação da lei.”
O juiz André Lopes exemplifica a im-
portância de se preservar o melhor interesse 
da criança de acordo com o modelo alemão 
de guarda, denominada Nidal. Nesse tipo de 
proposta, a criança fica num ninho e quem 
se alterna são os pais. “Seria fantástico se 
nossa cultura permitisse esse modelo onde 
as crianças ficam protegidas. Já tentei apli-
car, mas não consegui. A criança fica onde 
está e os pais que estão brigando se alter-
nam para sentir que a criança é o principal”, 
ressalta. 
A preocupação do juiz é com a cres-
cente demanda de processos de família. Na 
vara onde atua, hoje são cerca de quatro mil 
processos em tramitação. “Você tem num 
Tribunal um volume muito grande de pro-
cessos em tramitação que são de difícil re-
solução. Trata-se de litígios acirrados, pro-
cessos paralisados”, afirma. Com a redução 
das varas de família no Rio de Janeiro, os 
processos vêm se acumulando ainda mais. 
Para o juiz, são decisões que não podem 
ser julgadas de forma rápida, com um prazo 
delimitado. 
“A demora é sempre em favor da paz 
social. Processo de família não pode ter um 
prazo delimitado. Se durante o processo 
houve um avanço, estou satisfeito. Em famí-
lia é diferente, temos que estabilizar o litígio 
para resolvê-lo. Se não fizer isso, você só 
vai acirrar o litígio numa situação posterior. 
Uma disputa litigiosa de guarda, em que nos 
apoiamos em pareceres, não dá para ser de-
cidida às pressas”, ressalta. 
Para tentar reverter o quadro, o juiz cita 
as oficinas de parentalidade e os projetos de 
mediação, em sua Vara, que têm sido efi-
cazes na conscientização dos pais sobre os 
conflitos, principalmente em ações de guar-
da e divórcio.
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O casal precisa conseguir 
dialogar, suspendendo a 
figura de mulher, homem, de 
ex-casal, deixando a figura de 
pai e de mãe prevalecer.
12
Fechando o mês de novembro, o Senado da 
República aprovou o Projeto de Lei da Câmara dos 
Deputados (PLC) nº 117/2013, que “Altera os arts. 
1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 da Lei nº 10.406, de 10 
de janeiro de 2002 – Código Civil, para estabelecer 
o significado da expressão ‘guarda compartilhada’ e 
dispor sobre sua aplicação.” A lei projetada reacende 
o debate acerca dessa modalidade de guarda de filhos 
de pais que não convivem, intenso desde sua inserção 
no Código Civil de 2002, pela Lei nº 11.698 de 2008.
A guarda compartilhada – o efetivo convívio da 
criança com ambos os pais - não estava prevista na 
redação original do Código Civil de 2002, mas, timi-
damente, era aplicada quando havia consenso entre 
os pais sobre sua estipulação, como lhes facultava o 
art. 1.583: “observar-se-á o que os cônjuges acorda-
rem sobre a guarda dos filhos.” Com a lei de 2008, 
a guarda compartilhada ganhou disciplina e preferen-
cialidade legal em caso de divergência entre os ge-
nitores. Contudo, a novidade suscitou resistências à 
sua aplicação em diversos cenários, doutrinário e ju-
risprudencial, notadamente quanto a necessidade ou 
não de consenso entre os pais, o local de residência 
do menor, os alimentos, o direito de visitas e pernoi-
tes. Porém, frente a forte mobilização social visando 
o desfazimento desses equívocos interpretativos, a 
lei projetada vem reafirmar a guarda compartilhada 
como a melhor solução e o modelo mais eficaz, sob 
qualquer ponto de vista que se analise – jurídico, psi-
cológico, sociológico - , ao exercício da parentalida-
de, em que pai e mãe, na mesma medida e na mesma 
intensidade, participam efetivamente da criação, edu-
cação e integral formação dos filhos comuns. 
No entanto, a norma projetada não só mantém 
vivos alguns dos velhos equívocos à sua atribuição 
como ressuscita outros, de nefasta memória, como 
a guarda alternada, nunca disciplinada em nosso or-
denamento jurídico. Assim, a guarda compartilhada 
permanece na berlinda.
O PLC 117/2013, sob este brevíssimo comentá-
rio, mantém o equívoco da legislação em vigor (CC, 
art. 1.584, § 4º), que prevê punição aos pais quando 
negligentes no cumprimento de suas funções: redu-
ção de prerrogativas ou diminuição do período de 
convívio com os filhos quando alteradas ou descum-
pridas as condições estabelecidas judicialmente para 
o exercício da guarda, mas elimina essa última san-
ção pessoal (diminuição de tempo de permanência), 
medidas de duvidosa eficácia. Se, por um lado, o dis-
positivo convoca os pais à necessidade de obediência 
religiosa ao que foi convencionado ou decretado, por 
outro, a previsão legislativa não está em sintonia com 
a atualidade do instituto, pois contraria o espírito da 
própria lei, mais penalizando a criança que o pai ou a 
mãe infrator, além de negar efetividade ao princípio 
da proteção integral. 
Outro aspecto de grande relevo na legislação por 
vir é o reconhecimento da obrigatoriedade de fixa-
ção da guarda compartilhada mesmo na ausência de 
acordo entre os pais, levando em consideração e refe-
rência o melhor interesse da criança e do adolescente, 
critério alheio e superior aos embates no plano da 
conjugalidade (PLC art. 1.584, § 2º). Na justificativa 
da nova lei, observou-se que a redação do dispositivo 
ainda em vigor induz os juízes a determinar a guarda 
compartilhada “sempre que possível”, e a presença 
de litígio não tornaria possível a atribuição conjunta 
do pleno exercício do poder familiar, circunstância, 
porém, que não significa indispensável harmonia e 
relacionamento próximo, pois se cuida de proteção 
aos filhos antes que de reconciliação dos pais. O 
texto projetado desestimula o genitor beligerante a 
sustentar o litígio com o objetivo de impedir a guar-
da compartilhada e, é razoável imaginar, minimiza 
as ações tendentes à alienação parental. Somente 
é afastada a guarda compartilhada em situações em 
que um ou ambos dos genitores declaram ao juiz não 
pretender exercê-la ou não se mostrem aptos para o 
exercício do poder familiar. Para eliminar a confusão 
provocada pela expressão “sempre que possível” (en-
tendida como consenso e harmonia e não capacida-
de psicológica e emocional), o projetista a substitui 
pela expressão “encontrando-se ambos os genitores 
aptos a exercer o poder familiar”, deslocando o foco 
da questão do interesse do filho para priorizar o inte-
resse dos pais. Novo equívoco. Hipóteses extremas, 
como violência doméstica ou abuso sexual, inviabi-
lizam a guarda compartilhada entre os genitores, não 
porém entre um dos pais e os pais do outro ou outros 
parentes com os quais o menor tenha relações de afi-
nidade e afetividade.
Questão delicada é a decisão que afasta a guar-
da compartilhada por inaptidão de um ou de ambos 
os pais ao exercício do poder familiar (suspensão ou 
perda), o que deve resultar de procedimento ordiná-
rio, assegurado o contraditório e o amplo direito de 
defesa. 
Ao enfatizara necessidade de se determinar um 
lapso temporal de convivência entre pais e filhos, 
revelada nas expressões “estabelecer ... períodos 
de convivência”, “divisão equilibrada de tempo”, o 
Projeto não privilegia os fatores existenciais e o apro-
xima da nefasta guarda alternada. A guarda compar-
tilhada proposta, nessa linha de disciplinação, corre o 
risco de transformar-se em guarda alternada, operan-
do um retrocesso social.
Mas o Projeto não é só dificuldades; ele inova 
ao retirar do genitor guardião (geralmente a mãe) o 
poder de definir, potestativamente, o regime de guar-
da. Outro mérito da lei é condicionar a concessão da 
guarda, em sede de medida cautelar, preferencial-
mente após a manifestação de ambas as partes pe-
rante o juiz. Como novidade, a lei possibilita ao ali-
mentante solicitar prestação de contas, objetivas ou 
subjetivas, de uma vagueza extrema. A mudança de 
domicílio do menor por decisão unilateral do guar-
dião, com intenção de prejudicar o convívio entre o 
outro e o filho, inclusive com avós e demais parentes, 
pode ser repelida até com a inversão da guarda. 
Entre falsas expectativas e concretas esperanças 
que o Projeto possa induzir, decorre do seu contex-
to, e isso é o que importa, que permanece preser-
vado o postulado do melhor interesse da criança ou 
adolescente.
OPINIÃO
A GUARDA COMPARTILHADA 
NA BERLINDA
WALDYR GRISARD FILHO
Mestre e Doutor em Direito das Relações Sociais pela UFPR. Membro Efetivo do Instituto dos 
Advogados do Paraná – IAP-PR. Sócio-Fundador do Instituto Brasileiro de Direito de Família –
IBDFAM - e seu Diretor Nacional (Comissão de Ensino do Direito de Família e de Professores de 
Direito de Família).Vice-Presidente do IBDFAM-PR. Membro da Comissão Estadual Judiciária de 
Adoção – CEJA/TJPR. Professor Titular de Direito de Família e Sucessões no Centro Universitário 
Curitiba – UNICURITIBA. Autor de livros e artigos publicados em revistas e periódicos especializa-
dos. Advogado em Curitiba.
13
CULTURA
FILMES, TEATRO, MÚSICA & IMAGEM
*SUGERIMOS QUE CERTIFIQUE SE OS FILMES / PEÇAS ESTÃO EM CARTAZ NA SUA CIDADE.
FILMES
BOA SORTE
Drama. Com problemas comportamen-
tais, o adolescente João é internado em 
uma clínica psiquiátrica, onde conhece 
e se apaixona por Judite. De Carolina 
Jabor (Brasil). Com Deborah Secco, João 
Pedro Zappa, Fernanda Montenegro.
BOYHOOD – DA INFÂNCIA À JUVENTUDE
Drama. A história de Mason, da infância 
até o fim da adolescência, vivendo no 
Texas com sua irmã e seus pais divorcia-
dos. De Richard Linklater (EUA). Com 
Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan 
Hawke.
CASTANHA
Drama. João é um ator de 52 anos que 
vive com a mãe. Ele trabalha à noite 
como transformista em bares gays e, de 
dia, em peças infantis. De Davi Pretto. 
Com João Carlos Saldanha, Celina 
Castanha.
HOMENS, MULHERES E FILHOS
Comédia dramática. Sempre conectados, 
adultos, adolescentes e crianças amam, 
sofrem, se relacionam e compartilham 
tudo. De Jason Reitman (EUA). Com 
Ansel Elgort, Kaitlyn Dever, Jennifer 
Garner.
IDA
Na década de 1960, às vésperas de assu-
mir seus votos como freira no convento 
onde foi criada, Anna conhece sua única 
parente viva, a tia Vanda. (Polônia/
Dinamarca). Com Agata Kulesza, Agata 
Trzebuchowska, Halina Skoczynska. 
Drama. De Pawel Pawlikowski.
EMPIRE
Drama familiar da Fox sobre um impé-
rio do mundo hip hop. Na série, Lucious 
Lion (Howard) descobre que tem uma 
doença fatal e precisa decidir qual dos 
seus três filhos herdará o comando do 
império. Os produtores Lee Daniels e 
Danny Strong fazem sua estreia na TV 
assumindo a direção e o roteiro da série, 
respectivamente. No elenco estão Taraji 
P. Henson, que interpreta a ex-esposa 
e ex-sócia de Lucious, Cookie Lyon, 
Hakeem (Bryshere Gray), potencial her-
deiro do trono de Lyon; Jussie Smollet, que vive um filho do casal, Jamal 
Lyon, e Gabourey Sidibe, protagonista do filme pelo qual Lee Daniels foi 
indicado ao Oscar. Preciosa.
14
STJ DECIDE QUE DOMICÍLIO DOS AVÓS DE MENOR É COMPETENTE PARA 
JULGAR ADOÇÃO
O Superior Tribunal de Justiça decidiu que ações de interesse de um 
menor fossem julgadas no domicilio dos avós e não da pessoa que detém 
a guarda. O Tribunal desconsiderou a aplicação do artigo 147 do ECA 
e a súmula 383 da Corte. O colegiado entendeu que o reconhecimento 
da competência do juízo do foro do domicílio do detentor da guarda 
provisória dificultaria a defesa dos avós da criança e poderia levar à 
ocorrência de possível irregularidade na concessão da guarda provisória.
Para a advogada Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão 
de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), a 
decisão proferida não teve um resultado assertivo, pois acredita que, pela 
situação atípica do caso, a decisão procurou se sair pela tangente; afinal, 
a competência é sempre do local onde a criança se encontra e, no caso, 
com quem tem a sua guarda. “Ao que parece, o que se buscou foi uma 
alternativa para facilitar a situação dos avós, em detrimento de quem 
está atualmente com a guarda da criança, que, ao que parece, não é da 
sua família. Claro que a parte sempre vai ter mais facilidades quando 
o processo corre na comarca aonde reside, pois terá menos gastos, o 
advogado terá mais facilidade de acesso aos autos, à equipe técnica, juiz e 
promotor”, argumenta.
Silvana do Monte Moreira aponta que a previsão legal do domicílio 
para estas ações é disposição de ordem pública, ou seja, se impõe e não 
pode ser escolhida ou rejeitada. “Mas isso se dá em razão do princípio da 
proteção integral das crianças e adolescentes. Assim, fixa-se onde estão as 
crianças/adolescentes - presumindo-se que onde estão tem alguém que por 
eles responda oficialmente - para facilitar seu acesso à justiça, bem como 
os eventuais estudos ou diligências que instruirão o feito. Tudo é realizado 
para que se facilite a jurisdição no interesse dos incapazes protegidos pelo 
Estatuto da Criança e da Adolescente (ECA)”, esclarece.
De acordo com a advogada, o juízo competente para a adoção é o do 
local onde a criança se encontra quando da entrega, ainda que não seja 
o da família adotiva que terá que fazer o pedido no lugar da criança e o 
estudo social será feito por meio de carta precatória. Segundo Silvana, 
a competência, nos casos de guarda, pode ser alterada no curso do 
processo, pois a criança pode mudar de local de residência, muitas vezes 
dificultando o andamento do processo, em razão da necessidade de 
expedição de precatórias, seja para realização de audiências ou estudo 
social. “Sem esquecer que é muito melhor quando, para o juiz que vai 
julgar, é o que instrui o processo, como também quando ele tem mais 
contato com a assistente social e a psicóloga que atende o caso. Para que 
se compreenda a decisão do STJ, é necessário lembrar que o próprio ECA 
prevê que crianças e adolescentes em situação de risco têm preferência de 
acolhimento em família substituta. Ou seja, uma integração transitória em 
uma família até que se encontrem os pais, responsáveis ou família extensa 
que possa e tenha condições globais de recebê-las em definitivo”, explica.
A advogada ainda aconselha que o caso em questão não pode ser 
generalizado pois, para decidir, o STJ levou em consideração questões 
muito particulares do caso e, mesmo violando o texto da lei, cumpriu a 
norma de regência a ela subjacente. “Aparentemente houve um julgamento 
que não aplicou o disposto no artigo 147 do ECA, mas, em verdade, 
fez cumprir a norma subjacente a ele e que lhe dá razão de existência. 
Preocupa-nos, sobremaneira, a abertura de precedentes que tornarão 
ainda mais complicados e morosos os processos de adoção, violando 
frontalmente os princípios da prioridade absoluta e do melhor interesse da 
criança”, completa.
O CASO - Segundo os autos do caso, a criança teve os paismortos em 
situação trágica e permaneceu na posse dos assassinos de seus pais por 
um curto período de tempo. Após o trauma, o menor foi colocado sob a 
guarda da Delegada de Polícia que investigou os fatos. Depois de todo o 
ocorrido, os avós pleitearam a concorrência pela guarda do menor diante 
do Juízo da cidade de Cacoal, em Rondônia, onde a criança nasceu e todos 
residem. Assim se criou o conflito entre a vara da Infância e da Juventude 
da cidade rondoniense e a 1ª vara Especializada da Infância e da Juventude 
de Cuiabá, onde vive a delegada.
De acordo com o ministro Marco Aurélio Bellizze, o caso possui 
detalhes extremos e ressaltou a importância de esclarecer que a decisão 
se limita apenas a fixar a competência do Juízo para processar e julgar 
as ações que tratam sobre a guarda do menor, e nada mais. O ministro 
ainda explicou que a determinação do Juízo declarado competente não 
está ligada a nenhum tipo de entendimento acerca do mérito da causa, que 
deverá ser julgado seguindo os princípios do processo legal e assegurando 
o respeito ao princípio do melhor interesse e bem-estar do menor. Tal 
julgamento levará em consideração várias singularidades e principalmente 
a formação de vínculo de afetividade criado com a criança, em decorrência 
do tempo.
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EFEITOS DA DECISÃO - Para a procuradora de justiça Kátia Regina 
Maciel (MP-RJ), presidente da Comissão da Infância e Juventude do 
Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), trata-se de um 
Conflito Positivo de Competência e deve-se acentuar, de inicio, que a 
decisão do STJ se fixou apenas na questão processual da competência e, 
em momento algum, adentrou no mérito de qual família deveria cuidar 
definitivamente do menino e de qual medida seria adequada. “Como se 
sabe, com suporte em inúmeros precedentes de conflitos de competência 
decorrentes de lides de guarda de filhos, o Superior Tribunal de Justiça 
consolidou a Súmula 383 com o seguinte teor: “A competência para 
processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em princípio, 
do foro do domicílio do detentor de sua guarda”. Havendo, assim, conflito 
de competência (tanto o positivo quanto o negativo) entre o juízo de 
domicílio dos pais biológicos e o juízo de domicílio dos guardiões da 
criança e/ou adolescente, prevalecerá a competência do juízo do domicílio 
destes”, aponta.
A procuradora expõe que a decisão, a despeito da previsão sumular de 
que a competência para a guarda de criança e de adolescente seja fixada 
pelo domicílio do guardião, efetuou interpretação além da “letra fria” da 
lei e da referida súmula e determinou a competência do local do domicílio 
da família extensa da criança que não estava exercendo a guarda do neto, 
mas que, de fato, era a responsável pela criança. “In casu, fez-se, ainda, 
uma interpretação do próprio verbete sumular que, ao usar a expressão 
“em princípio”, sugere que não se deve aplicá-lo de modo automático, mas 
sim observar as nuances singulares postas em litígio”, acentua.
Kátia Maciel explica ainda que a decisão foi explícita em enfatizar 
que houve erro em se conceder a guarda à Delegada de Polícia e que 
esta situação indevida não poderia fixar a competência para apreciar a 
medida adequada a ser aplicada ao menino, pois as raízes de nascimento 
e familiares do menor estavam na cidade de Cacoal-RO, local onde 
reside a família ampliada que possuía contatos com o menino. “Vale 
acrescentar que a família ampliada é uma extensão da família natural 
(representantes legais do infante) e que, no falecimento dos pais, por lei, 
são os responsáveis apontados para o exercício da guarda e da tutela, 
conforme expressamente prevê o artigo 28, §3 º do ECA c/c art. 1731, 
I do Código Civil. Portanto, neste caso concreto, afastar este ramo da 
árvore genealógica do menino seria amputar os seus demais ascendentes e 
retirar dele o direito de conviver com os parentes próximos, sua história e 
identidade familiar”, completa.
NOVA REGRA PARA CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE COMEÇA A VALER
Fonte: Portal Brasil
A partir de 14 de janeiro é preciso comprovar ao menos dois anos de 
casamento ou união estável para requerer o benefício.
A regra que estabelece a comprovação de dois anos de casamento ou 
união estável para concessão do benefício de pensão por morte, está em 
vigor desde 14 de janeiro.
A norma não vale para o segurado que falecer em decorrência de 
acidente ou no caso de invalidez do cônjuge, companheiro ou companheira 
após o início do casamento ou união estável.
A partir do dia 14 será exigido também a comprovação de dois anos de 
casamento ou união estel para a concessão do auxílio-reclusão.
As determinações estão na Medida Provisória nº 664, de 30 de 
dezembro de 2014, que contém outras modificações, entre elas sai a 
carência de 24 meses de contribuição para a concessão do benefício.
Já está em vigor, desde o último dia 30 de dezembro, a normativa que 
se refere à exclusão do recebimento de pensão pelo dependente condenado 
por homicídio doloso que tenha resultado na morte do segurado.
EQUILÍBRIO FISCAL - As alterações nas regras para a concessão 
dos benefícios trabalhistas e previdenciários garantirão uma economia de 
R$ 18 bilhões por ano ao governo federal, cerca de 0,3% do PIB previsto 
para o próximo ano, segundo dados do Ministério do Planejamento.
As mudanças não atingem os atuais beneficiários e serão válidas 
apenas daqui para frente. 
Em sua participação no Face to Face do Portal Brasil, no dia 7 de 
janeiro, o novo ministro da Previdência, Carlos Gabas, destacou que as 
mudanças na concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários 
anunciados pelo governo no fim de 2014 tem como objetivo corrigir fortes 
distorções e não reduzir direitos dos trabalhadores.
Gabas deixou isso claro ao responder a internauta Eunice Bailoni 
Beliz, que questionou o ministro acerca de boatos sobre o fim da pensão 
por morte para o cônjuge viúvo:
“Eu posso garantir que a pensão por morte está mantida ao cônjuge 
viúvo ou viúva. A Previdência Social é, na sua essência, um mecanismo de 
proteção aos trabalhadores e suas famílias. Jamais faltaremos com o nosso 
compromisso, especialmente numa hora difícil como essa,” destacou.
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 A Revista IBDFAM - Famílias e Sucessões é uma publicação 
bimestral do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM e tem 
como objetivos promover reflexões, renovar o pensamento e difundir o 
conhecimento em Direito das Famílias e Sucessões no país.
 A missão da Revista é a de acolher artigos científicos, contribuição 
estrangeira, teses, decisões comentadas, resenhas bibliográficas, 
pareceres, que tenham por objeto temas vinculados ao Direito das 
Famílias e Sucessões. Além disso, a Revista publica decisões inovadoras, 
ementários de jurisprudência, noticiário e atos normativos, para 
propiciar ao leitor o acesso às informações atualizadas, seja do Poder 
Judiciário, Legislativo e/ou Executivo. Assim, prioriza abordagens 
inovadoras, que ofereçam aos leitores a possibilidade de uma nova teoria 
e prática em Direito das Famílias e Sucessões.
Colaboradores 
desta edição:
Ana Maria Brayner Iencarelli
António José Fialho
Euclides de Oliveira
Giselda Maria Fernandes Novaes 
Hironaka
José Fernando Simão
Lisieux Nidimar Dias Borges
Luciana Dadalto
Rolf Madaleno
Tânia da Silva Pereira
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