Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 45 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Adriele Thamires C. de Almeida adriele.thamires@gmail.com Williane Maria da Silva williane.silva@gmail.com Resumo Estamos em um século onde o auge é a tecnologia. Nesse contexto de globalização, o mundo informatizado necessita da criação de oportunidades para que seja possível a permanência das organizações existentes. Com esse cenário, este artigo tem o propósito de apresentar a relevância da gestão das empresas, tendo como base o planejamento estratégico por ser uma ferramenta posta à disposição de administradores públicos ou privados a qual, quando bem utilizada, fornece os elementos necessários ao atendimento dos objetivos organizacionais, visando alcançar na prática o sucesso que tanto se busca, mas que muitos fracassam. Por não se tratar de um tema novo, mas com profundas raízes históricas, o planejamento estratégico pode ser interpretado de maneira diferente, por distintas categorias de pessoas, dos mais variados países e em diversas épocas. Além disso, o assunto está intrinsecamente relacionado a outros tópicos, como autogestão, trabalho em equipe, liderança e outsourcing. Os contextos abordados neste artigo podem colaborar para uma análise mais abrangente quando trata-se sobre o planejamento estratégico e sua importância para a organização. Palavras-Chave: Planejamento estratégico, administração estratégica e competitividade. 1 INTRODUÇÃO O planejamento estratégico é um tema abrangente e é um importante instrumento de gestão para as organizações na atualidade. Porém, as maiorias das organizações não têm desenvolvido a sua real amplitude e não tem conhecimento da função que ele exerce nas empresas. O processo de planejar envolve, além de um modo de pensar, indagações que envolvem questionamentos sobre o que fazer, como, quando, por que e onde. Portanto, as ferramentas são utilizadas de forma estratégica, trazendo êxito organizacional e proporcionando um ambiente onde cenários preparativos para o futuro são desenvolvidos, contribuindo para o crescimento da organização. Este artigo oferece uma proposta que visa alcançar na prática o sucesso que tanto se almeja, mas que poucos conseguem. Muitos líderes sempre deram uma atenção especial ao assunto, inclusive os gestores das organizações, porém, a busca incessante por pesquisas que O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 46 tornassem viável a implantação do planejamento com sucesso, tem se tornado cada vez mais frequente. O mundo exige decisões cada vez mais rápidas que cooperem para o crescimento da empresa. Portanto, para que o futuro seja diferente do passado, o gestor e sua equipe devem estabelecer, através do planejamento estratégico, um conjunto de providências a serem tomadas, que vão direcionar a organização, guiar a liderança e controlar as atividades. Para que se efetive essa nova gestão, é fundamental que a cúpula da empresa, independentemente de algumas vontades específicas, entenda que o planejamento deve ser um processo contínuo e necessário para o desenvolvimento organizacional. O objetivo do planejamento é fornecer ferramentas como, técnicas e atitudes administrativas, desenvolvendo processos que proporcionem uma situação que permita analisar as implicações futuras de decisões presentes, em função dos objetivos organizacionais, antecipando assim, as mudanças que ocorrem no mercado em que atuam e facilitam a tomada de decisão, tornando o processo mais rápido, coerente, eficaz e eficiente. Dentro deste raciocínio, o artigo tem o propósito de mostrar que o planejamento estratégico é um exercício mental que tende a reduzir incertezas envolvidas no processo decisório e, conseguintemente, provocar o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios estabelecidos para a empresa. A atividade de planejamento é complexa em decorrência de sua própria natureza. É por isso que a estratégia se inicia com a capacitação e participação de pessoas que estão realizando todos os passos que resulta em metas que devem ser atingidas. Somente quando se estuda previamente a estratégia para que seja implantada da melhor maneira possível, é que os objetivos empresariais são alcançados. No decorrer do artigo, o leitor perceberá que o processo de planejamento é muito mais importante que seu produto final. Pois o produto final geralmente é o plano, sendo que este deve ser criado pela empresa e não para a empresa. Se este aspecto não for considerado, os planos gerados serão inadequados para a organização, bem como uma resistência e descrédito efetivos para sua implantação. O artigo está dividido em cinco seções: a primeira seção é a introdução que apresenta as idéias e a relevância do tema abordado. Na segunda seção, mostra-se a importância do planejamento estratégico como um diferencial competitivo, descrevendo a sua conceituação, sua evolução e as etapas desse processo. A terceira parte traz os conceitos a respeito O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 47 do pensamento estratégico enfatizando também como se dá o seu processo evolutivo. Na quarta seção, o foco principal é dado à estratégia, mostrando motivos aos quais é considerado um fator relevante na administração, abordando também suas definições e trazendo o Balanced Scorecard como uma ferramenta completa que traduz a visão e a estratégia da empresa num conjunto coerente de medidas de desempenho, além de produzir maior impacto ao ser utilizado para induzir a mudança organizacional. E por fim, a última seção trata das considerações finais traçando a real importância do planejamento estratégico como um modelo diferenciado e competitivo de gestão para as organizações do século XXI. 2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O planejamento mais agregado e que possui uma maior amplitude é o planejamento estratégico, pois considera a empresa como um todo, bem como sua situação e posição em seu ambiente. Por ser um processo que estabelece um estado futuro desejado e que projeta meios efetivos de torná-lo realidade, ele antecede a decisão e a ação, visando um prazo mais longo. Os benefícios de um planejamento estão ligados a um tratamento metódico dos aspectos mais importantes e da sua utilização como modelo para aquilo que se quer que aconteça. Na preparação de um plano, a previsão dos meios de desempenho constitui os diferentes tipos de recursos que serão indispensáveis. Eles podem ser tempo, espaço, pessoas, equipamentos e informações. Também são de suma importância, os recursos financeiros para se decidir a execução de um planejamento, porque permite adquirir e sustentar demais recursos, analisando se o dinheiro previsto é necessário, e se o orçamento é realista, para que não exista uma desigualdade quantoà falta ou o excesso. O processo de planejamento permite que a organização controle seu próprio futuro, como as alterações não são viáveis que ocorram constantemente, alguns benefícios quanto a postura da empresa como, a duração das decisões, tem ao seu lado o planejamento que busca determinar os rumos e caminhos a serem percorridos colocando em prática aquilo que antes foi decidido pela administração. Planejar torna-se o método de fazer com que as coisas ocorram, é transformar as coisas de como são para como gostaríamos que elas fossem, é o empenho que prepara para se usar os recursos de maneira coordenada, econômica e com finalidade. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 48 2.1 DEFINIÇÃO DE PLANEJAMENTO Mesmo possuindo significados distintos, a estratégia e o planejamento devem coexistir, pois um precede o outro, e o planejamento tem papel fundamental para que os objetivos da empresa sejam alcançados. Embora existam diversas funções específicas que variam de autor para autor, a função planejamento é comum a todas. Isso é perceptível a todos que buscam estudar as funções administrativas. Segundo (STEVENS et al. 2001, p. 6) “o planejamento pode ser definido como a atividade administrativa que envolve análise do ambiente, estabelecimento de metas, decisão sobre as ações específicas necessárias para atingir as metas e oferecer feedback sobre os resultados”. O planejamento não deve ser confundido com plano, que é um documento formal onde se encontra escrito os resultados do processo do planejamento. A função do plano é mostrar, através de uma declaração, o que será feito e como se deve fazer. É uma visão estática do planejamento. Que por sua vez, é um processo contínuo que precede e sucede outras funções dentro da empresa. Para (OLIVEIRA, 1997, p. 34): O propósito do planejamento pode ser definido como desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. A incerteza envolvida no processo decisório pode ser reduzida através do exercício ordenado do planejamento, que consequentemente, provocará o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios estabelecidos para a empresa. As relações com o futuro são administradas através do processo de planejamento. Que “é uma aplicação específica do processo de tomar decisões. As decisões que procuram de alguma forma, influenciar o futuro, ou que serão colocadas em prática no futuro, são decisões de planejamento”. (MAXIMIANO, 2010, p.114) De acordo com Caravantes et al. (2005) o planejamento não refere-se a decisões futuras e sim ao futuro impacto das decisões que são tomadas hoje. Sugerindo a avaliação do futuro e a preparação para ele, ou até mesmo a sua criação. Por não ser um ato isolado, o planejamento deve ser visualizado como um processo composto de ações inter- relacionadas e interdependentes que visam o alcance de objetivos previamente estabelecidos. Pois como afirma (SERRA et al. 2004, p. 28), “é importante ter O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 49 sempre em conta que o planejamento, por si só, não garante os resultados, mesmo que tenha sido cuidadosamente elaborado”. 2.2 DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIA A estratégia está relacionada a dois ou mais competidores disputando o mesmo objetivo. Essa disputa acontece também no mundo dos negócios e, como na versão militar, a estratégia empresarial lida com a forte influência de quem a lidera. Através da definição oferecida pelo dicionário Aurélio (2001), podemos perceber que no contexto empresarial as definições de estratégia não deixam de manter os princípios básicos do âmbito militar: 1. Arte militar de planejar e executar movimento e operações de tropas, navios e/ou aviões para alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicas favoráveis a futuras ações táticas; 2. Arte de aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a objetivos específicos. Para Oliveira (1997), a estratégia é a ação ou caminho mais natural a ser executado para alcançar o objetivo, desafio e a meta. É importante sempre buscar substabelecer estratégias alternadas para promover, de acordo com as necessidades, a mudança dos caminhos ou ações. As estratégias são normalmente estabelecidas por campo operacional da empresa. Estratégia empresarial é o conjunto dos meios que uma organização utiliza para alcançar seus objetivos. Tal processo envolve as decisões que definem os produtos e os serviços para determinados clientes e mercados e a posição da empresa em relação aos seus concorrentes. (SERRA et al. 2004, p.4) Barney; Hesterly (2007) enfatizam que a estratégia de uma empresa é definida como sua teoria de como obter vantagens competitivas. Sendo que, uma boa estratégia é aquela que realmente determina tais vantagens. Já para (JONES, 2010. p. 171), “a estratégia de uma organização é uma sequência específica de decisões e ações que os gerentes tomam para utilizar importantes competências essenciais para alcançar uma vantagem competitiva e ultrapassar seus concorrentes.” Portanto, podemos concluir que a estratégia pode ser entendida como a determinação dos principais objetivos e metas a longo prazo de uma organização, assim como a obtenção de recursos necessários ao alcance dessas metas. 2.2.1 A evolução da estratégia Como já foi abordada anteriormente, há muito tempo a estratégia tem sido um conceito comum entre as organizações militares. Principalmente O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 50 entre os gregos, há mais de 2000 anos. O objetivo da estratégia era essencialmente, a vitória. Foi somente no século XX que o conceito de estratégia atingiu às organizações empresariais. Maximiano (2010) ressalta que Peter Drucker foi um dos pioneiros desse tema, associando o conceito de estratégia às decisões que afetam os objetivos da empresa. O mesmo autor ainda destaca que em 1965, H. Igor Ansoff, foi quem formulou o conhecimento de estratégia envolvendo a definição de objetivos apoiando-se na análise de ameaças e oportunidades no ambiente. 2.3 CONCEITUAÇÃO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Segundo Maximiano (2010), o planejamento estratégico é o processo de estruturar e explicar os fluxos de ação da empresa e os alvos que devem alcançar. Conforme (CHIAVENATO, 1999, p. 226), “o planejamento estratégico é um processo organizacional compreensivo de adaptação através da aprovação, tomada de decisão e avaliação. Procura responder a questões básicas como: por que a organização existe, o que ela faz e como faz”. O processo de planejamento estratégico adéqua-seà organização em seu conjunto e também a cada uma de suas partes: estratégias de produção, de marketing, recursos humanos e assim sucessivamente. Em fim, “o planejamento estratégico é o instrumento que organiza e ordena o que se pretende que aconteça em determinado momento”. (SERRA et al. 2004, p. 28) 2.3.1 Planejamento estratégico Tradicional O planejamento estratégico tradicional ou normativo é aquele que é desenvolvido através de uma série de etapas sequenciais, racionais e analíticas, envolvendo um conjunto de critérios objetivos baseados na racionalidade econômica para auxiliar os praticantes da organização na análise das alternativas estratégicas, visando à tomada de decisão. O planejador que segue as premissas do planejamento estratégico tradicional ou normativo está mais preocupado com o diagnóstico e não com a conexão e coerência do todo, estimulando, além de outros aspectos, a separação do idealizar e do realizar. Taylor, considerado o defensor dessa abordagem, afirmava que “gerentes planejam, operários executam”. Essa afirmação revela que o praticante que idealiza o plano não deve executar (pensamento separado da ação). O plano (documento), por si só, é o principal produto, e não a aprendizagem do processo O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 51 de elaboração, implantação e execução do planejamento estratégico. (ANDRADE; AMBONI, 2010, p. 41) Ainda de acordo com Andrade; Amboni (2010), o planejamento é o produto do desenvolvimento de diferentes fases, ou seja, é resultante da análise objetiva, única, correta e quantitativa da realidade interna e externa sem esclarecimentos situacionais da missão, visão, dos valores e dos objetivos e metas econômicas determinados pela organização, em certo momento do tempo, sem avaliar a evolução das situações internas e externas no decorrer do mesmo. É no momento do desenvolvimento do planejamento estratégico formal, que a estratégia é exclusivamente formada, já que a realidade é previsível, certa, objetiva, estática e concluída para esses planejadores. Nessa concepção, o planejamento estratégico é um processo formal, efetivado de cima para baixo, para constituir um conjunto de estratégias contribuindo para que as organizações alcancem seus objetivos. 2.4 O PLANEJAMENTO E SUA METODOLOGIA CLÁSSICA A elaboração do planejamento estratégico não pode ser considerada como um simples exercício de planejamento. Pois como enfatiza Serra (2004) o planejamento deve decorrer do raciocínio estratégico, para poder ser flexível, para ajustar-se às modificações do meio ambiente e para orientar a implementação de ações planejadas. O planejamento estratégico é estruturado através de três itens da reflexão estratégica: a análise estratégica, a formulação da estratégia e a organização e da implementação desta, que serão explanados mais adiante. A função do planejamento estratégico é apoiar e complementar o raciocínio estratégico. O raciocínio estratégico é orientado para a interação entre a estrutura e o meio ambiente, assim como para a adequação da empresa aos aspectos competitivos do negócio. Relaciona-se com a visão e a missão, com a elaboração dos objetivos e das principais orientações estratégicas da organização. (SERRA et al. 2004, p. 34, 35) O responsável pela elaboração do planejamento deve ser coordenador, programador e comunicador, com o propósito de controlar a implementação. Entre as funções que exerce, deve fornecer informações e relatórios sintéticos que ofereçam informações e dados aos executivos, contribuindo para as tomadas de decisões estratégicas fundamentais. Como coordenador, deve ter acesso às aparições e analises dos executivos para resumi-las nos documentos que serão criados. Os executivos e outros setores e O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 52 funções da empresa devem estar informados dos planos, políticas, programas e ações, por meio da comunicação. Para que o planejamento seja efetivo, os desvios em relação às metas devem ser controlados de maneira que sejam identificados e separados. A composição proposta no item anterior indica uma metodologia para o planejamento estratégico que inicie com os aspectos gerais e externos, passe para os aspectos específicos e internos e baseie-se na elaboração da missão e dos objetivos que guiarão as futuras ações. 3 A HISTÓRIA DO PENSAMENTO ESTRATÉGICO Como é conhecida atualmente, a administração de empresas teve sua origem na Revolução Industrial, época em que surgiram as primeiras organizações comerciais e industriais. E naturalmente, a competição pelo mercado, veio com elas. Antes havia determinada concorrência, mas sem dominação marcante de uma organização sobre as outras, o que só veio ocorrer entre os séculos XVIII e XIX. 3.1 A EVOLUÇÃO Desde os trabalhos de Sun Tzu, estrategista militar chinês, a estratégia possui potentes raízes militares. Seu mandamento mais famoso é “Conheça a si próprio, conheça seu inimigo; enfrente centenas de batalhas, obtenha centenas de vitórias”. “A aplicação dos princípios da estratégia militar na competição de negócios, conhecida como administração estratégica ou somente estratégia, é um fenômeno mais recente, do início da década de 1960” (PENG, 2008, p. 8 - grifo do autor). Na segunda metade do século XIX, quando houve a segunda Revolução Industrial, a estratégia surgiu como um meio de controlar as forças de mercado e adaptar o ambiente competitivo. No século XX inicia-se a produção em massa. A linha de montagem é criada e seu conceito, revolucionário para época, de padronização dos elementos que compõe o automóvel, é instituído pelo pioneiro da indústria automobilística norte-americana, Henry Ford. Novos desafios organizacionais com relação à distância e o movimento de tropas começam a aparecer com a Segunda Guerra Mundial. De acordo com Serra (2004), conceitos que vão além da estratégia, mas que a complementam como a logística, a qualidade, a programação linear, a teoria dos jogos e a curva de aprendizado, passam a ser valorizados e passa a existir uma tendência favorável ao pensamento estratégico formal guiando as decisões gerenciais. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 53 A contribuição acadêmica foi um dos fatores determinantes para a evolução do pensamento estratégico. O que beneficiou o surgimento de novas idéias foram as universidades que nasceram no início do século, sendo a Harvard um bom exemplo disso. Seus pensadores, desde 1908, garantiam que, ao invés de desenvolverem-se apenas pela atividade profissional, os gerentes deveriam ser habilitados para os postos que ocupavam. “Em 1912, ela criou a disciplina Teoria dos Negócios, na qual, na década de 1950, por interferência dos professores George Smith Jr. E Roland Christensen, questionava-sese a estratégia das organizações seria adequada ao ambiente competitivo”. (SERRA et al. 2004, p. 16) 3.2 SUA CONSOLIDAÇÃO Uma ferramenta que tem sido extensivamente utilizada pelas organizações é o planejamento estratégico. Obteve seu auge nos anos de 1960 e duas décadas depois, foi desvalorizado por não ter sido apropriado, na época, para concorrer em mercados globais e recessivos. No entanto, poucos anos depois, com toda energia o planejamento estratégico surgiu novamente, devido a duas razões fundamentais: as organizações recuperaram o crescimento e a internet e as possibilidades de e-commerce fizeram com que as organizações meditassem sobre a maneira como devem se posicionar no atual ambiente. “O planejamento estratégico volta, entretanto, não como um processo periódico, mas como uma parte da tarefa diária do executivo. Passa a envolver mais pessoas do que apenas os líderes e conta com a participação estreita dos stakeholders 1”. (SERRA et al. 2004, p. 18) 4 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Voltado para a manutenção de uma organização com um todo, a administração estratégica é um processo contínuo e frequente, associado de forma adaptada a seu ambiente. Segundo Certo; Peter (1993, p. 6), “o seu propósito é assegurar que uma organização como um todo se integre apropriadamente ao seu ambiente”. Deste modo, ela representa a articulação do todo organizacional. Sendo a estratégia, o componente unificador de todos os elementos da organização. Portanto, a administração estratégica recorre-se para objetivos globais da organização situados a longo prazo. “Na realidade, ela está voltada para um comportamento da organização que busque ao alcance de resultados globais e 1Stakeholder designa uma pessoa, grupo ou entidade com autênticos interesses nas ações e no comportamento de uma organização. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 54 está orientada para o futuro e para o destino da organização”. (CHIAVENATO, 1999, p. 324) Uma organização pode obter vários benefícios praticando adequadamente a administração estratégica. Um dos benefícios mais importante é o nível de lucro dessas organizações que tende a elevar-se. Elas podem aproveitar outras vantagens na execução de um sistema de administração estratégica, além de se beneficiar financeiramente. Submeter os membros da organização a se empenharem com o cumprimento de metas organizacionais de longo prazo é um exemplo. Segundo Chiavenato (1999), esse aumento no compromisso geralmente surge quando os colaboradores participam da definição das estratégias para se chegar a essas metas. É importante lembrar que os benefícios supracitados, não acontecem automaticamente em uma organização que aplica um sistema de administração estratégica. Eles somente são obtidos se a organização usar esse sistema de forma eficiente e eficaz. 4.1 O PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA É possível reduzir a possibilidade de se cometer erros, embora seja difícil saber com certeza se uma empresa está adotando a melhor estratégia. Para fazer isso da melhor maneira, é preciso selecionar a estratégia da empresa de forma cuidadosa e ordenada, além de fazer o acompanhamento do processo de administração estratégica. Segundo Barney; Hesterly (2007, p. 5), “esse processo é um conjunto sequencial de análises e escolhas que podem aumentar a probabilidade de que uma empresa escolherá uma boa estratégia, isto é, uma estratégia que gere vantagens competitivas”. Certo e Peter (1993) definem a administração estratégica como um processo ou uma linha de etapas. A primeira etapa é a análise do ambiente, onde se inicia o processo de verificar o ambiente organizacional para que os riscos e as oportunidades presentes e futuras sejam identificados. A segunda é estabelecer a diretriz organizacional ou determinar a meta da organização. A próxima etapa é a formulação da estratégia, que é o processo de delinear e escolher estratégias que induzam à realização dos objetivos organizacionais. A quarta etapa do processo de administração estratégica é a implementação da estratégia organizacional. É nessa etapa que as estratégias desenvolvidas logicamente que surgiram de etapas anteriores ao processo de administração estratégica, serão O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 55 colocadas em ação. Segundo Serra (2004, p. 35), “durante a organização e a implementação da estratégia, as orientações estratégicas devem ser traduzidas em ações concretas para alcançar os objetivos elaborados na etapa anterior”. A última etapa refere-se ao controle estratégico, que é um tipo particular de controle organizacional que dirige a avaliação e monitoração do processo de administração estratégica para garantir um funcionamento adequado e melhorá-lo. 4.2 O BALANCED SCORECARD O Balanced Scorecard produz maior impacto ao ser utilizado para induzir a mudança organizacional. Seu processo de construção esclarece os objetivos estratégicos e identifica um pequeno número de vetores críticos que determinam os objetivos estratégicos. É um processo avançado que mensura o desempenho organizacional, alinha às estratégias e valores da organização e contempla indicadores tradicionais e também recentes, sobretudo o aprendizado e a inovação, isto é, ativos intangíveis da empresa. Para Kaplan; Norton (1997, p. 24), “o Balanced Scorecard é, para os executivos, uma ferramenta completa que traduz uma visão e a estratégia da empresa num conjunto coerente de medidas de desempenho”. O Balanced Scorecard é mais do que um sistema de medidas táticas ou operacionais. Essa nova ferramenta permite que a alta administração focalize a atenção de suas organizações nas estratégias para o sucesso a longo prazo. Ele permite que uma empresa associe seu planejamento estratégico ao processo anual de orçamentação. De acordo com Kaplan; Norton (1997), os executivos descobriram que o scorecard lhes permite preencher o vazio que antes existia em suas organizações: uma incoerência fundamental entre o desenvolvimento e a formulação da estratégia e a sua implementação. Em suma, esse sistema de gestão transforma visão e estratégia em objetivos e avaliações por meio de um conjunto equilibrado de expectativas. Ele insere medidas dos resultados desejados e dos processos capazes de assegurar a obtenção desses resultados desejados no futuro, como ocorre no processo do planejamento estratégico. 5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA É válido definir, antes de encerrar o assunto, a relação existente e as diferenças entre planejamento estratégico e O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 56 administração estratégica. “Um breve histórico do desenvolvimento dos conceitos estratégicos demonstra que na décadade 50 já haviam sido iniciados os primeiros trabalhos sobre administração estratégica. Aos primeiros destes deram-se os nomes de formulação estratégica, estratégia corporativa e estratégia empresarial”. (GAJ, 1995, p. 22 - grifo do autor). Ao processo utilizado para formular a estratégia deu-se o nome de planejamento estratégico. Posteriormente, na década de 70, percebeu-se que era necessário adicionar uma extensão de aspecto interno àquele enfoque, a qual se designou capacitação; esta deveria possuir certa coerência com a estratégia que seria seguida para o ajuste ambiental. Novas invenções especializadas na cultura organizacional, na tecnologia, no concorrente trouxeram subsídios especializados ao estudo estratégico, no início da década de 80. A tabela abaixo nos mostra de maneira resumida as diferenças entre planejamento estratégico e administração estratégica: Tabela 1. Diferenças básicas entre: planejamento estratégico e administração Estratégica Planejamento estratégico Administração Estratégica Estabelece uma postura em relação ao ambiente. Acresce capacitação estratégica. Lida com fatos, idéias, probabilidades. Acresce aspiração em gente, com mudanças rápidas da organização. Termina com um plano estratégico. Termina com um novo comportamento. Sistema de planejamento. Sistema de ação. Fonte: (GAJ, 1995, p. 23) 5.1 QUEM EXECUTA O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO? Para uma empresa inteira, assim como uma grande firma, o planejamento estratégico tende a ser responsabilidade dos altos executivos, em lugar dos gerentes de nível médio ou inferior. Hampton (1992, p. 203, 204) afirma que: Embora seja comum pensar em planejamento estratégico para uma empresa ou negócio isolado como uma responsabilidade da alta administração, a mentalidade estratégica pode disciplinar e guiar o planejamento em todos os níveis da O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 57 empresa, inclusive naquele dos empregados não-supervisores. 5.2 TODOS FAZEM PLANOS ESTRATÉGICOS? A maioria das empresas emprega alguma forma de planejamento estratégico, seja formal ou informal, do passado para o presente. Existem dois fatores principais que levam essas empresas a estabelecer esse processo. De acordo com Kluyver (2007, p. 14), “o primeiro fator é a necessidade de lidar com uma série cada vez mais complexa de questões econômicas, políticas, sociais e legais e em escala global. Já o segundo fator, é a velocidade crescente com que o ambiente competitivo se altera”. O desenvolvimento e a implantação da estratégia como um processo primariamente linear e sequencial, pode ser estruturado por um sistema de planejamento estratégico formal, ou ciclo de planejamento, como é denominado. Esse sistema garante que a quantidade exigida de tempo e recursos, seja reservada ao processo, que as preferências sejam estabelecidas, que as atividades estejam agregadas e distribuídas e que se obtenha um retorno adequado. Os administradores de qualquer organização, em algum momento do passado, adotaram decisões estratégicas e concentraram recursos para aproveitar oportunidades ou encarar desafios. Essas decisões trouxeram a organização até a situação em que se encontra no presente. De acordo com Maximiano (2010), provavelmente, a estratégia fica implícita na maior parte dos casos. Sendo assim, sempre é viável encontrar em qualquer organização, estratégias implícitas que se refletem na condição estratégica presente e que foram organizadas por meio de tentativa e falha. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O planejamento estratégico é um assunto muito abrangente e um importante instrumento de gestão para as organizações na atualidade. Seu principal objetivo, como foi abordado anteriormente, é fornecer ferramentas como, técnicas e atitudes administrativas, que auxiliam no desenvolvimento de processos, proporcionando uma situação que permita analisar as implicações futuras de decisões presentes, em função dos objetivos organizacionais, antecipando assim, as mudanças que ocorrem no mercado em que atuam e facilitando a tomada de decisão. Tornando também o processo mais rápido, coerente, eficaz e eficiente. É uma ferramenta que se encaixa corretamente como fator competitivo, no mercado nacional e internacional, favorecendo raciocínio exploratório que O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 58 procura ganhar espaço, tanto na parte interna quanto externa da organização, com oportunidades aprimoradas, e que irá oferecer satisfação no ambiente de trabalho gerando também, algumas mudanças. Exige um controle equilibrado daquele que planeja, deve-se achar o meio termo que represente um processo de satisfação no presente e crie uma expectativa de condição benéfica à organização para o futuro. O objetivo do artigo não é unicamente indicar um planejamento eficaz em sua forma teórica, mas despertar nos gestores o emprego prático constituindo o método estratégico que beneficie aqueles que estão motivados, a encarar os desafios e dissolver paradigmas existentes permitindo que o planejamento possa ser usado com eficácia, e firmemente melhorado conforme a estrutura e as medidas utilizadas pela empresa em sua implantação. Pensar de maneira estratégica significa ter uma visão diferente de tudo o que antes se imaginava ser o melhor caminho, promove mudança de atitude sabendo que o planejamento não vai prenunciar o futuro, mas, auxiliará a viabilizar na constituição do futuro, tendo como ferramenta as possibilidades humanas. Sendo assim, o planejamento estratégico corresponde ao estabelecimento de um conjunto de providências a serem tomadas pelo executivo e sua equipe para a situação em que o futuro tende a ser diferente do passado, onde a empresa tem condições e meios de agir sobre as variáveis e fatores de modo que possa exercer alguma influência. No entanto, a liderança precisa gerar a unidade, sendo as reuniões um fator satisfatório para manter esta união. É necessário que haja desejo em assumir essa postura de melhoria, pensar juntos, é trabalhar juntos e vencer juntos. Ao desenvolver o tema sobre a importância do planejamento estratégico como fator diferencial e competitivo para as organizações, a proposta é que a estratégia empregada determinará a ação e a direção do planejamento com o fim de alcançar êxito na prática. Torna-se relevante pensar que a estratégia, provoca não só a formulação das mudanças, como também sua implantação. Em fim, os tópicos abordados neste artigo podem contribuir para uma análise mais abrangente no que diz respeito ao planejamento estratégico e sua importância para a organização. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO UM MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADO E COMPETITIVO PARA AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI Revista Eletrônica da Faculdade Adventista da Bahia – Curso de Administração - 2011 59 REFERÊNCIAS ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de. AMBONI, Nério. Estratégias de Gestão: Processos e funções do administrador. Rio de Janeiro: Elsevier,2010. BARNEY, J.B. HESTERLY, W.S. Administração Estratégica e Vantagem Competitiva. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. CARAVANTES, Geraldo R. et al. Administração: teorias e processo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. CERTO, Samuel C. PETER, J. Paul. Administração Estratégica: planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. rev. ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. GAJ, Luis. Administração Estratégica. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995. HAMPTON, David R. Administração Contemporânea. 3. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1992. JONES, Goreth R. Teoria das Organizações. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. KAPLAN, Robert S. NORTON, David P. A Estratégia em Ação: Balanced Scorecard. 26. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. KLUYVER, Cornelos. A estratégia: uma visão executiva. São Paulo: Pearson Pretene Hall, 2007. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à Administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1997. PENG, Mike W. Estratégia Global. São Paulo: Thomson Learning, 2008. SERRA, Fernando et al. Administração Estratégica: conceitos, roteiro prático e casos. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2004. STEVENS, Robert et al. Planejamento de Marketing: guia de processos e aplicações práticos. São Paulo: Makron Books, 2001.
Compartilhar