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Anatomia Carranza

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11
O Periodonto Normal
Introdução
Michael G. Newman
O periodonto consiste em tecidos de recobrimento e suporte do 
dente: gengiva, ligamento periodontal, cemento e osso alveolar. Ele 
foi dividido em duas partes: a gengiva, cuja principal função é pro-
teger os tecidos subjacentes, e o aparato de inserção, composto 
pelo ligamento periodontal, cemento e osso alveolar. O cemento é 
considerado parte do periodonto porque, juntamente com o osso, 
serve de suporte para as fi bras do ligamento periodontal.
O periodonto está sujeito a variações morfológicas e funcionais, 
assim como a mudanças associadas à idade. Esta seção lida com 
as características normais dos tecidos do periodonto, já que esse 
conhecimento realmente é necessário para o entendimento da 
doença periodontal.
Os tecidos moles e duros que cercam os implantes dentais 
possuem muitas características similares e algumas diferenças 
importantes, quando comparados ao tecido periodontal, como 
discutido mais adiante, no Capítulo 68.
PARTE 1
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12
 SUMÁRIO DO CAPÍTULO 
 MUCOSA ORAL 
 GENGIVA 
 Características Clínicas 
 Características Microscópicas 
 Correlação das Características Clínicas 
e Microscópicas 
 LIGAMENTO PERIODONTAL 
 Fibras Periodontais 
 Elementos Celulares 
 Substância Fundamental 
 Funções do Ligamento Periodontal 
 CEMENTO 
 Permeabilidade do Cemento 
 Junção Amelocementária 
 Junção Cementodentinária 
 Espessura do Cemento 
 Reabsorção e Reparo do Cemento 
 Exposição do Cemento à Cavidade Oral 
 PROCESSO ALVEOLAR 
 Células e Matriz Intercelular 
 Parede do Alvéolo 
 Medula Óssea 
 Periósteo e Endósteo 
 Septo Interdentário 
 Topografi a Óssea 
 Fenestração e Deiscência 
 Remodelação do Osso Alveolar 
 DESENVOLVIMENTO DO APARATO 
DE INSERÇÃO 
 Cemento 
 Ligamento Periodontal 
 Osso Alveolar 
 Migração Fisiológica dos Dentes 
 FORÇAS EXTERNAS E O PERIODONTO 
 VASCULARIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS 
DE SUPORTE 
CAPÍTULO 2
 Anatomia do Periodonto 
 Joseph P. Fiorellini , Daniel W.K. Kao , David M. Kim e N. Guzin Uzel 
periodonto normal fornece o supor te necessário para 
manter os dentes em funç ão. Ele consiste em quatr o 
componentes principais: gengiva, ligamento periodontal, 
cemento e osso alveolar. Cada um desses componentes periodontais 
é distinto na sua localização, arquitetura tecidual, composição bio-
química e composição química, mas todos eles atuam em conjunto 
como uma única unidade. Pesquisa recente revelou que os compo-
nentes da matriz extracelular de um compar timento periodontal 
podem infl uenciar as atividades celulares das estruturas adjacentes. 
Portanto, as alterações patológicas que ocorrem em um componente 
periodontal podem ter ramifi cações signifi cativas para a manutenção, 
o reparo ou a regeneração de outros componentes do periodonto. 18 
 Este capítulo discute primeiramente os componentes estruturais 
do periodonto normal e, depois, descreve o seu desenvolvimento, 
vascularização, inervação e funções. 
 MUCOSA ORAL 
 A mucosa oral consiste nas três zonas a seguir: 
 1. A gengiva e o r evestimento do palato dur o, denominados 
 mucosa mastigatória . 
 2. O dorso da língua, revestido pela mucosa especializada . 
 3. A m ucosa oral que r eveste o r estante da c avidade oral. A 
 gengiva é a parte da mucosa oral que recobre o processo alveo-
lar dos maxilares e circunda o colo dos dentes. 
 GENGIVA 
 Características Clínicas 
 No adulto, a gengiva normal recobre o osso alveolar e a raiz dental 
em nível coronal à junção cemento-esmalte. A gengiva é dividida 
anatomicamente em marginal , inserida e área interdental . Embora 
cada tipo de gengiva exiba consideráv el variação na diferenciação, 
histologia e espessura, de acordo com a sua demanda funcional, todos 
os tipos são especifi camente estruturados para funcionar de forma 
adequada contra danos mecânicos e microbianos. 7 Ou seja, a estru-
tura específi ca de diferentes tipos de gengiva refl ete a sua efi cácia 
como uma barreira à penetração de microrganismos e agentes nocivos 
mais profundamente no tecido. 
 Gengiva Marginal . A gengiva marginal, ou não inser ida , é a 
porção terminal ou borda da gengiva ao redor dos dentes em forma 
 O 
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13CAPÍTULO 2 Anatomia do Periodonto
de colar ( Figs. 2-1 e 2-2 ). 6 Em torno de 50% dos c asos, ela é 
demarcada da gengiva inser ida adjacente por uma depr essão linear 
rasa, o sulco gengival livre . 6 N ormalmente medindo apr oximada-
mente 1 mm de largura, a gengiva marginal forma a par ede de 
tecido mole do sulco gengival e pode ser separada da super fície 
dental com uma sonda per iodontal. 
 O ponto mais apical do arco côncavo da gengival marginal é 
chamado de zênite gengival . Suas dimensões apicocoronal e mesiodis-
tal variam entre 0,06-0,96 mm. 173 
 Sulco Gengival . O sulco gengival é um espaço raso ou fenda 
ao redor do dente delimitado pela super fície dental de um lado e o 
epitélio de revestimento da gengiva marginal livre no outro. Possui 
a forma de V e mal permite a entrada de uma sonda per iodontal. 
A determinaç ão c línica da pr ofundidade do sulco gengival é um 
importante parâmetro de diagnóstico. Sob condições absolutamente 
normais e ideais, a profundidade do sulco é de z ero ou próximo a 
0 mm. 107 Essas condições estr itas de normalidade podem ser pr o-
duzidas experimentalmente apenas em animais livres de germes ou 
após intenso e pr olongado controle do biofi lme. 13,50 
 Na gengiva humana c linicamente normal, um sulco de alguma 
profundidade pode ser encontrado. A profundidade desse sulco, como 
determinado em secções histológicas, foi determinada em 1,8 mm, 
com variações de 0-6 mm 199 ; outros estudos relataram 1,5 mm 294 e 
0,69 mm. 95 A avaliação clínica usada para determinar a profundidade 
do sulco envolve a introdução de um instrumento metálico, a sonda 
periodontal e a estimativa da distância que ela penetra. A profundi-
dade histológica de um sulco não pr ecisa ser exatamente igual 
à profundidade de penetração da sonda. A chamada profundidade 
de sondagem de um sulco gengival clínico normal em seres humanos 
é de 2-3 mm ( Cap. 30 ). 
 Gengiva Inserida . A gengiva inser ida é contínua com a gen-
giva marginal. Ela é fi rme, resiliente e fortemente ligada ao periós-
teo do osso al veolar subjacente . O aspecto v estibular da gengiva 
inserida se estende à mucosa alveolar relativamente frouxa e móvel, 
e é demarcada pela junção mucogengival ( Fig. 2-2 ). 
 A largura da gengiva inserida é outro parâmetro clínico impor-
tante. 7 É a distância entre a junção mucogengival e a projeção na 
superfície externa do fundo do sulco gengival ou da bolsa periodontal. 
Ela não deve ser confundida com a largura da gengiva queratinizada 
porque a última inclui também a gengiva marginal ( Fig. 2-2 ). 
 A largura da gengiva inser ida no aspecto vestibular varia em 
diferentes áreas da boca. 41 Ela é geralmente maior na r egião dos 
incisivos (3,5-4,5 mm na maxila e 3,3-3,9 mm na mandíbula) e mais 
estreita nos segmentos posteriores (1,9 mm na maxila e 1,8 mm nos 
primeiros pré-molares inferiores; 6 Fig. 2-3 ). 
 Em razão de a junção mucogengival permanecer estacionária ao 
longo da vida adulta, 4 mudanças na largura da gengiva inserida são 
causadas pelas modifi cações na posição da sua porção coronal. A 
largura da gengiva inserida aumenta com a idade 4 e em dentes su-
praerupcionados. 5 Na face lingual da mandíbula, a gengiva inserida 
termina najunção da mucosa alveolar lingual, a qual é contínua com 
a mucosa de revestimento do assoalho da língua. A superfície palatina 
da gengiva inserida na maxila se mistura imperceptivelmente com a 
mucosa palatina, igualmente fi rme e resiliente. 
 Gengiva Interdental . A gengiva inter dental ocupa a ameia 
gengival, que é o espaço interproximal abaixo da área de contato dos 
dentes. A gengiva interdental pode ser piramidal ou ter a forma de 
“ col ”. Na primeira, a ponta da papila está loc alizada imediatamente 
abaixo do ponto de contato; a última apr esenta uma depr essão em 
forma de vale que conecta a papila v estibular e lingual, em confor-
midade com a forma do contato inter proximal 63 ( Figs. 2-4 e 2-5 ). 
 A forma da gengiva em determinado espaço interdental depende 
do ponto de contato entre dois dentes adjacentes e da presença ou 
ausência de algum grau de retração. A Figura 2-6 descreve as varia-
ções na gengiva interdental normal. 
 Figura 2-1 Gengiva normal em adulto jov em. O bserve a demar cação 
(linha mucogengival; setas ) entre a gengiva inserida e a mucosa alveolar mais 
escura. 
Mucosa alveolar
Junção mucogengival
Sulco marginal
Gengiva inserida
Gengiva marginal ou livre
Sulco gengival
 Figura 2-2 O diagrama mostra os pontos de r eferência anatômicos da 
gengiva. Figura 2-3 Largura média da gengiva inser ida na dentição permanente. 
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PARTE 1 O Periodonto Normal14
 As superfícies vestibular e lingual são afi ladas em direção à área 
de contato interproximal, enquanto as superfícies mesial e distal são 
levemente côncavas. As bordas laterais e as pontas das papilas in-
terdentais são formadas pela gengiva marginal dos dentes adjacentes. 
A porção central consiste em gengiva inserida ( Fig. 2-7 ). 
 Se um diastema estiver presente, a gengiva torna-se fi rmemente 
aderida ao osso interdental e forma uma superfície lisa e arredondada 
sem papilas interdentais ( Fig. 2-8 ). 
 Características Microscópicas 
 O exame microscópico revela que a gengiva é composta de um epi-
télio externo escamoso estratifi cado e do tecido conjuntivo central 
subjacente. Embora o epitélio seja predominantemente celular por 
natureza, o tecido conjuntivo é menos celular e composto principal-
mente por fi bras colágenas e substância fundamental. Esses dois 
tecidos estão considerados separadamente. * 
 * Uma descr ição detalhada da histologia gengival pode ser encontrada 
em S chroeder H E: Th e per iodontium, N ew York, 1986, S pringer-
Verlag; e em Biological structure of the normal and diseased periodon-
tium, Periodontology 2000 13, 1997. 
 Figura 2-7 Papila interdental ( seta ) com porção central formada por gen-
giva inserida. A forma da papila var ia de acordo com a dimensão da ameia 
gengival. (Cortesia do Dr. Osvaldo Costa.) 
A B
C D
 Figura 2-6 Diagramas comparando as var iações anatômic as do col inter dental na gengiva normal ( lado esquerdo ) e após r etração gengival ( lado direit o ). 
 A e B , Segmento anterior inferior, vistas v estibular e v estibulolingual, respectivamente. C e D , Região poster ior inferior, vistas v estibular e v estibulolingual, 
respectivamente. Os pontos de contato dentais são mostrados por mar cações pretas nos dentes infer iores individuais. 
 Figura 2-8 Ausência de papila interdental e de col onde o contato do dente 
proximal está faltando. (Cortesia do Dr. Osvaldo Costa.) 
 Figura 2-5 Secção vestibulolingual (macaco) mostra o col entre as papilas 
interdentais v estibular e lingual. O col é r evestido por epitélio esc amoso 
estratifi cado não queratinizado. 
 Figura 2-4 Local de extraç ão mostra a papila inter dental v estibular e 
palatina e o col entre elas ( seta ). 
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15CAPÍTULO 2 Anatomia do Periodonto
 Epitélio Gengival 
 Aspectos Gerais da Biologia do Epitélio . Historicamente, 
pensava-se que o compartimento epitelial funcionava apenas como 
barreira física à inserção gengival subjacente e à infecção. Contudo, 
agora se acr edita que as células epiteliais desempenham um papel 
ativo na defesa inata do hospedeir o por r esponder às bactér ias de 
maneira interativa, 69 o que signifi ca que o epitélio par ticipa ativa-
mente da r esposta à infecç ão, da sinaliz ação de outras r eações do 
hospedeiro e da integração das respostas imunes inata e adquir ida. 
Por exemplo, as células epiteliais podem responder às bactérias pelo 
aumento na proliferação, alteração dos eventos de sinalização celu-
lar, mudanças na diferenciação e morte celular, e, por fi m, alterações 
na homeostase tecidual. 69 Para entender essa nova perspectiva das 
respostas de defesa inata epitelial e o papel do epitélio na saúde e 
doença gengival, é importante compreender sua função e estrutura 
básicas ( Quadro 2-1 ). 
 O epitélio gengival consiste em um r evestimento contínuo de 
epitélio escamoso estratifi cado, e as três diferentes áreas podem ser 
defi nidas a partir de pontos de vista morfológico e funcional: epitélio 
externo ou oral, epitélio sulcular e epitélio juncional. 
 O principal tipo celular do epitélio gengival, bem como de outros 
epitélios escamosos estratifi cados, é o queratinócito . Outras células 
encontradas no epitélio são as células c laras ou não queratinócitos, 
que incluem as células de L angerhans, as células de Merkel e os 
melanócitos. 
 A principal função do epitélio gengival é proteger as estruturas 
profundas, enquanto permite o intercâmbio seletivo com o meio 
ambiente oral. Isso é alcançado pela proliferação e diferenciação dos 
queratinócitos. 
 A proliferação dos queratinócitos ocorre por mitose na camada 
basal e, menos frequentemente, nas camadas suprabasais, em que 
uma pequena proporção de células permanece com comportamento 
proliferativo, enquanto um grande número começa a migrar para a 
superfície. 
 A diferenciação envolve o processo de queratinização, que consiste 
nas progressões de eventos bioquímicos e morfológicos que ocorrem 
na célula à medida que migram da camada basal ( Fig. 2-9 ). As prin-
cipais alterações morfológicas são (1) achatamento progressivo da 
célula com prevalência aumentada de tonofi lamentos, (2) junções 
intercelulares aliadas à produção de grânulos de querato-hialina e (3) 
desaparecimento do núc leo. (Consulte Schroeder 236 para mais 
detalhes.) 
 Um completo processo de queratinização leva à produção de uma 
camada córnea superfi cial ortoqueratinizada similar à da pele , sem 
núcleos no estrato córneo e estrato granuloso bem def inido 
 Funções 
 Barreira mecânica, química, microbiana e contra água 
 Funções de sinalização 
 Integridade da Arquitetura 
 Adesão célula-célula 
 Lâmina basal 
 Citoesqueleto de queratina 
 Tipo Celular Principal 
 Queratinócito 
 Outros Tipos Celulares 
 Células de Langerhans 
 Melanócitos, células de Merkel 
 Renovação Constante 
 Substituição de células danifi cadas 
 Adesão Célula-Célula 
 Desmossomos, aderências juncionais 
 Junções oclusivas, junções tipo gap 
 Lâmina Basal-Célula 
 Síntese de componentes da lâmina basal 
 Hemidesmossomos 
 QUADRO 2-1 Funções e Características do Epitélio Gengival 
 Modifi cada de Dale BA: Periodontol 2000 30:71, 2002. 
Estrato
córneo
Estrato
granuloso
Estrato
espinhoso
Estrato
basal
Gotícula
de lipídio
Querato-hialina
Grânulos
lamelares
Tonofibrilas
Complexo de Golgi
Espaço intercelular
Desmossomo
Mitocôndria
Retículo endoplasmático
rugoso
Membrana basal
 Figure 2-9 Diagrama mostrando célu-
las representativas de vár ias camadas do 
epitélio escamoso estratifi cado conformeobservado pela micr oscopia eletr ônica. 
 (Modifi cada de Weinstock A: In Ham 
AW: Histology ed 7, Philadelphia, 1974, 
Lippincott.) 
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PARTE 1 O Periodonto Normal16
( Fig. 2-10 ). Apenas algumas áreas do epitélio gengival externo são 
ortoqueratinizadas; as outras áreas gengivais são cobertas por epitélio 
paraqueratinizado ou não queratinizado, 46 e considerado pertencente 
a estágios intermediários de queratinização. Essas áreas podem 
amadurecer ou se desdiferenciar sob distintas condições fi siológicas 
ou patológicas. 
 No epitélio paraqueratinizado , o estrato córneo retém núcleos 
picnóticos e os grânulos de querato-hialina estão dispersos, não 
dando origem a um estrato granuloso. O epitélio não queratinizado 
(embora as citoqueratinas sejam o principal componente, como em 
todos os epitélios) não tem estrato granuloso nem córneo, enquanto 
as células superfi ciais possuem núcleos viáveis. 
 Técnicas de imuno-histoquímica, gel de eletroforese e imunotrans-
ferência têm identifi cado o padrão característico das citoqueratinas 
possíveis em cada tipo epitelial. As proteínas da queratina são com-
postas por diferentes subunidades de polipeptídeos caracterizadas por 
seus pontos isoelétricos e pesos moleculares. Eles são numerados em 
sequência contrária aos seus pesos moleculares. Geralmente, as células 
basais começam a sintetizar queratinas de baixo peso molecular, como 
a K19 (40 kD), e expressam outras queratinas de alto peso molecular 
à medida que migram para a superfície. O polipeptídeo da queratina 
K1 (68 kD) é o principal componente do estrato córneo. 61 
 Outras proteínas não relacionadas às queratinas são sintetizadas 
durante o processo de maturação. As mais extensivamente estudadas 
são a queratolinina e a involucrina , as quais são precursoras de uma 
estrutura quimicamente resistente (o envelope) localizada abaixo da 
membrana celular, e a fi lagrina , cujos precursores estão armazenados 
nos grânulos de querato-hialina. Na transição súbita para a camada 
córnea, os grânulos de querato-hialina desaparecem e dão origem à 
fi lagrina, que forma a matriz das células epiteliais mais diferenciadas, 
o corneócito . 
 Assim, no estado de completa difer enciação, os corneócitos são 
principalmente formados por feixes de tonofi lamentos de queratina 
incorporados em uma matr iz amorfa de filagrina e circundados 
por um resistente envelope sob a membrana celular. Os padrões 
imuno-histoquímicos dos diferentes tipos de queratina, de proteínas 
do envelope e de fi lagrina mudam sob estímulos normais ou patoló-
gicos, modifi cando o processo de queratinização. 130-132 
 A microscopia eletrônica revela que os queratinócitos estão in-
terconectados por estruturas na periferia das células chamadas de 
 desmossomos . 156 Esses desmossomos têm uma estr utura típica que 
consiste em duas placas de adesão densas, nas quais as tonofi brilas 
se inserem, e uma linha intermediária, elétron-densa, no comparti-
mento extracelular. Os tonofi lamentos, que são a expressão morfo-
lógica do citoesqueleto de proteínas de queratina, irradiam um 
aspecto em forma de escova a partir das placas de adesão para o cito-
plasma das células. O espaço entre as células mostra projeções cito-
plasmáticas semelhantes a microvilos que se estendem para o espaço 
intercelular e, muitas vezes, se interdigitam. 
 Formas de conexão de células epiteliais menos fr equentemente 
observadas são as junções oc lusivas ( zonae occludens ), nas quais as 
membranas das células adjacentes parecem estar fusionadas. 273,292 
Evidências sugerem que essas estruturas permitem que íons e pe-
quenas moléculas passem de uma célula para outra. 
 A concentração de organelas citoplasmáticas varia entre os dife-
rentes estratos epiteliais. As mitocôndrias são mais numerosas no 
estrato mais profundo e reduzem em direção à superfície da célula. 
 De acordo com isso, a demonstração histoquímica da desidroge-
nase succínica, da nicotinamida adenina dinucleotídeo, da citocromo 
oxidase e outras enzimas mitocondr iais revelam um ciclo tricarbo-
xílico mais ativo nas células basais e parabasais, em que a proximidade 
do suprimento sanguíneo facilita a produção de energia através do 
processo de glicólise aeróbica. 
 De maneira inversa, enzimas do desvio da pentose (uma via al-
ternativa da glicólise), como glicose-6-fosfatase, aumentam a sua 
atividade em direção à superfície. Essa via produz grande quantidade 
de produtos intermediários para a produção de ácido ribonucleico 
(RNA) que, por sua vez, pode ser usado para a síntese de proteínas 
de queratinização. Esse padrão histoquímico está de acor do com o 
volume aumentado e a quantidade de tonofi lamentos observados nas 
células que alcançam a superfície; a intensidade da atividade é pro-
porcional ao grau de diferenciação. 74,85,129,206 
A B
 Figura 2-10 A , Micr oscopia eletr ônica de varr edura da gengiva queratiniz ada mostra queratinócitos achatados e seus limites na super fície da gengiva 
(1.000 × ). B , Microscopia eletrônica de varredura da gengiva marginal na extremidade do sulco gengival mostra vários queratinócitos prestes a serem esfoliados 
(3.000 × ) (De Kaplan GB, Pameijer CH, Ruben MP: J Periodontol 48:446, 1977.) 
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17CAPÍTULO 2 Anatomia do Periodonto
 As células mais superiores da camada espinhosa contêm nume-
rosos grânulos densos, os queratinossomos ou corpos de Odland , que 
são lisossomos modifi cados. 
 Eles contêm grande quantidade de fosfatase ácida, uma en-
zima envolvida na destruição das membranas das organelas, que 
ocorre repentinamente entre os estratos granuloso e córneo , e 
durante a cimentação intercelular das células córneas. Assim, a 
fosfatase ácida é outra enzima bastante r elacionada ao grau de 
queratinização. 47,127,289 
 Células não queratinócitas estão presentes no epitélio gengival, 
assim como em outros epitélios de Malpighi. Os melanócitos são 
células dendríticas localizadas nas camadas basal e espinhosa do 
epitélio gengival. Eles sintetizam melanina em organelas denomi-
nadas pré-melanossomos ou melanossomos 62,233,258 ( Fig. 2-11 ). 
 Eles contêm tirosinase, que hidrolisa a tirosina em di-hidroxifeni-
lalanina (dopa), que por sua vez é progressivamente convertida em 
melanina. Os grânulos de melanina são fagocitados e mantidos 
dentro de outras células do epitélio e do tecido conjuntivo, chamadas 
 melanófagos ou melanóforos . 
 As células de Langerhans são células dendríticas localizadas entre os 
queratinócitos em todos os níveis suprabasais ( Fig. 2-12 ). Elas per-
tencem ao sistema fagocitário mononuclear (sistema reticuloendotelial) 
como monócitos modifi cados derivados da medula óssea. Contêm 
grânulos alongados e são consideradas macrófagos com possíveis 
propriedades antigênicas. 74 As células de Langerhans desempenham 
um papel importante na reação imune como células apresentadoras 
de antígenos para linfócitos. Elas contêm grânulos g-específi cos (grâ-
nulos de Birbeck) e possuem intensa atividade da adenosina trifosfata-
se. Foram encontradas no epitélio oral da gengiva normal e em menores 
quantidades no epitélio sulcular ; estão provavelmente ausentes do 
epitélio juncional da gengiva normal. 
 As células de Merkel estão localizadas nas camadas mais profundas 
do epitélio, ancoradas às terminações nervosas e conectadas às células 
adjacentes pelos desmossomos. Elas têm sido identifi cadas como 
perceptores táteis. 191 
 O epitélio está unido ao tecido conjuntivo subjacente pela lâmina 
basal de 300-400 Å de espessura, encontrando-se aproximadamente 
a 400 Å abaixo da camada basal do epitélio. 149,241,260 A lâmina basal 
consiste em uma lâmina lúcida euma lâmina densa. Os hemides-
mossomos das células epiteliais basais estão em contato com a lâmina 
lúcida, que é composta principalmente da glicoproteína laminina. A 
lâmina densa é composta de colágeno tipo IV. 
 A lâmina basal, claramente distinguível em nível ultraestrutural, 
está conectada a uma condensação reticular das fi brilas do tecido 
conjuntivo subjacente (principalmente colágeno tipo IV ) pelas fi -
brilas de ancoragem. 186,218,263 As fi brilas de ancoragem têm 750 nm 
de comprimento do término do epitélio ao término do tecido con-
juntivo, onde elas aparecem formando laços em torno das fi bras 
colágenas. O complexo de lâmina basal e fi brilas é positivo para o 
ácido periódico de Schiff (PAS) e a linha argirofílica é observada em 
nível óptico 243,264 ( Fig. 2-13 ). A lâmina basal é permeável a fl uidos, 
mas age como barreira contra substâncias particuladas. 
 Características Estruturais e Metabólicas de Diferentes 
Áreas do Epitélio Gengival . O componente epitelial da gen-
giva apresenta variações morfológicas que refl etem a adaptaç ão teci-
dual ao dente e ao osso al veolar. 237 Essas variações incluem o epitélio 
oral, o epitélio sulcular e o epitélio juncional. Enquanto o epitélio oral 
e o epitélio sulcular têm funç ão altamente pr otetora, o epitélio jun-
cional apresenta muito mais funções e é de consideráv el importância 
na regulação da saúde tecidual. 18 É atualmente r econhecido que as 
células epiteliais não são “espectadoras passivas” nos tecidos gengivais; 
Mf
M
 Figura 2-11 Gengiva pigmentada de c ão mostra melanócitos ( M ) na 
camada epitelial basal e melanóforos ( Mf ) no tecido conjuntivo (técnica de 
Glucksman). 
BC
E
G
Cc
P
 Figura 2-13 Gengiva humana normal corada pelo método histoquímico 
do ácido per iódico de S chiff ( PAS ). A membrana basal ( B ) é vista entr e o 
epitélio ( E ) e o tecido conjuntiv o subjacente ( C ). No epitélio , o mater ial 
glicoproteico ocorr e nas células e nas membranas celular es das c amadas 
córnea ( H ) e granulosa ( G ) subjacente. O tecido conjuntivo apresenta uma 
substância fundamental amor fa, difusa e fi bras colágenas. As par edes dos 
vasos sanguíneos se destac am claramente nas projeções papilares do tecido 
conjuntivo ( P ). 
 Figura 2-12 Epitélio gengival humano, aspecto oral. Técnica da imunope-
roxidase mostrando células de L angerhans. 
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PARTE 1 O Periodonto Normal18
ao contrár io, elas são metabolic amente ativas e c apazes de r eagir a 
estímulos externos por meio da síntese de inúmeras citocinas, molé-
culas de adesão, fatores de crescimento e enzimas. 18 
 Epitélio Oral (Externo) . O epitélio oral ou externo recobre a crista 
e a superfície externa da gengiva marginal e a superfície da gengiva 
inserida. N a média, o epitélio oral possui 0,2-0,3 mm de espes-
sura. Ele é queratiniz ado ou paraqueratinizado ou apresenta várias 
combinações dessas condições ( Fig. 2-14 ). No entanto, a superfície 
prevalente é a paraqueratinizada. 32,46,290 
 O epitélio oral é composto por quatr o camadas: estrato basal 
(camada basal), estrato espinhoso (camada de células espinhosas), 
estrato granuloso (camada granulosa) e estrato córneo (camada 
corneifi cada). 
 O grau de queratinização gengival diminui com a idade e o início 
da menopausa, 203 mas não está necessariamente relacionado às dife-
rentes fases do ciclo menstrual. 133 A queratinização da mucosa oral 
varia em diferentes áreas na seguinte ordem: palato (mais queratini-
zado), gengiva, porção ventral da língua e mucosa jugal (menos 
queratinizada). 184 
 As queratinas K1, K2, K10 a K12, que são específi cas para a di-
ferenciação da epiderme, são expressas imuno-histoquimicamente 
com grande intensidade em áreas ortoqueratinizadas e com menos 
intensidade em áreas paraqueratinizadas. K6 e K16, características 
de epitélios altamente proliferativos, e K5 e K14, citoqueratinas es-
pecífi cas de estratifi cação, também estão presentes. As áreas para-
queratinizadas expressam K19, que está muitas vezes ausente do 
epitélio ortoqueratinizado normal. 37,209 
 De acordo com a completa ou quase completa maturaç ão, as 
reações de histoenzima para a fosfatase ácida e enzimas do desvio da 
pentose estão muito fortes. 48,129 
 O glicogênio pode acumular-se intracelularmente quando não 
está completamente degradado por qualquer uma das vias da glicólise. 
Portanto, a sua concentração na gengiva normal está inversamente 
relacionada ao grau de queratinização 242,290 e infl amação. 73,278,281 
 Epitélio Sulcular . O epitélio sulcular r eveste o sulco gengival 
( Fig. 2-15 ). Ele é um epitélio escamoso estratifi cado não queratiniza-
do fi no sem cristas epiteliais e se estende do limite coronal do epitélio 
juncional à crista da gengival marginal ( Fig. 2-16 ). Geralmente apre-
senta muitas células com degeneração hidrópica. 32 
 Assim como outro epitélio não queratinizado, o epitélio sulcular 
não tem estratos granuloso e córneo nem as citoqueratinas K1, K2 
e K10 a K12, mas possui a K4 e a K13, também chamadas citoque-
ratinas tipo esofágicas. Ele também expressa a K19 e normalmente 
não possui células de Merkel. 
 Estudos histoquímicos de enzimas têm revelado consistentemente 
menor grau de atividade no epitélio sulcular do que no epitélio ex-
terno, particularmente no caso de enzimas relacionadas à queratini-
zação. A enzima glicose-6-fosfatase desidrogenase expressou reação 
fraca e homogênea em todos os estratos, ao contrário do gradiente 
crescente em direção à superfície observado na camada córnea do 
epitélio. 129 A marcação da fosfatase ácida é negativa, 47 embora lisos-
somos tenham sido descritos em células esfoliadas. 150 
 Apesar dessas características morfológicas e químicas, o epitélio 
sulcular tem o potencial de se queratiniz ar se (1) for rebatido e ex-
posto à cavidade oral 45,49 ou (2) a microbiota do sulco for completa-
mente eliminada. 51 De maneira inversa, o epitélio externo perde sua 
A
Cc
G
E
Ba
C
E
Pq
Ba
B
E
Ba
A
 Figura 2-14 Variações no epitélio gengival. A , Queratinizado. B , Não queratinizado. C , Paraqueratinizado. Camada córnea ( Cc ), camada granular ( G ), camada 
de células espinhosas ( E ), camada basal ( Ba ), células superfi ciais achatadas ( A ), camada paraqueratótica ( Pq ). 
Ep
E
EL
 Figura 2-15 Vista por micr oscopia eletrônica de varr edura da super fície 
epitelial frente ao dente em um sulco gengival humano normal. O epitélio 
( Ep ) mostra células desc amando, alguns er itrócitos dispersos ( E ) e poucos 
leucócitos emergentes ( L ). (1.000 × .) 
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19CAPÍTULO 2 Anatomia do Periodonto
queratinização quando é colocado em contato com o dente. 51 Esses 
achados sugerem que a irritação local do sulco previne a queratini-
zação sulcular. 
 O epitélio sulcular é extremamente importante porque pode atuar 
como membrana semipermeável através da qual produtos bacterianos 
passam da gengiva para o fl uido gengival e tecidual penetrando no 
sulco. 272 Ao contrário do epitélio juncional, no entanto, o epitélio 
sulcular não é abundantemente infi ltrado por neutrófi los polimor-
fonucleares (PMNs) e parece ser menos permeável. 18 
 Epitélio Juncional . O epitélio juncional consiste em uma faixa de 
epitélio escamoso estratifi cado não queratinizado em forma de colar. 
Possui 3-4 camadas de espessura no início da vida, mas o número de 
camadas aumenta com a idade para 10 ou até mesmo 20. Igualmen-
te, o epitélio juncional se afunila a par tir da extr emidade coronal, 
que deve ter 10-29 células de largura para uma ou duas células na 
sua extremidade apical, localizadana junç ão cemento-esmalte nos 
tecidos saudáveis. Essas células podem ser agr upadas em dois es-
tratos: a c amada basal que r eveste o tecido conjuntiv o e a c amada 
basal que se estende para a super fície dental. O compr imento do 
epitélio juncional varia de 0,25-1,35 mm ( Fig. 2-17 ). 
 O epitélio juncional é formado pela confl uência do epitélio oral 
e o epitélio reduzido do esmalte durante a erupção dental. Contudo, 
o epitélio reduzido do esmalte não é essencial para a sua formação; 
na verdade, o epitélio juncional é completamente restabelecido após 
a instrumentação ou cirurgia da bolsa e se forma ao r edor de 
implantes. 153 
 As camadas celulares não justapostas ao dente exibem numerosos 
ribossomos livres e proeminentes estruturas ligadas à membrana, 
como os complexos de Golgi e os vacúolos citoplasmáticos, presu-
mivelmente fagocíticos. Corpos semelhantes a lisossomos também 
estão presentes, mas a ausência de queratinossomos (cor pos de 
Odland) e de fosfatase ácida histoquimic amente demonstrável, 
correlacionada ao baixo grau de diferenciação, pode refl etir em baixa 
eso
tc
ej
cd
 Figura 2-16 Espécime de biópsia humana embebida em epon mostra um 
sulco gengival r elativamente normal. A par ede de tecido mole do sulco 
gengival é composta por epitélio sulcular oral ( eso ) e seu tecido conjuntiv o 
subjacente ( tc ), enquanto a base do sulco gengival é formada pela super fície 
descamada do epitélio juncional ( ej ). O espaço do esmalte é delineado por 
uma estr utura cuticular densa ( cd ). A linha de demar cação r elativamente 
forte existe entre o epitélio juncional e o epitélio sulcular oral ( seta ) e vários 
leucócitos polimorfonucleares ( pmn ) podem ser vistos atrav essando o epi-
télio juncional. O sulco contém células sanguíneas vermelhas resultantes da 
hemorragia ocorrida no momento da biópsia (391 × ; detalhe, 55 × ). (De 
Schluger S, Youdelis R, Page RC: Periodontal disease, Philadelphia, 1977, Lea 
& Febiger.) 
E
D
A
a
ERE
EO
EO
E
D a
EJ
EO
RE
EJ
C
S
E
B C
 Figura 2-17 Processo de erupção em dente de gato . A , Dente não er upcionado. Dentina ( D ), remanescentes da matriz de esmalte ( E ), epitélio reduzido do 
esmalte ( ERE ), epitélio oral ( EO ), artefato ( a ). B , Dente em er upção formando o epitélio juncional ( EJ ). C , Dente completamente er upcionado. Sulco com 
debris epiteliais ( S ), cemento ( C ) e restos epiteliais ( RE ). 
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PARTE 1 O Periodonto Normal20
capacidade de defesa contra o acúmulo do biofi lme bacteriano no 
sulco gengival. Achados morfológicos similares foram descritos na 
gengiva de ratos livres de germes. Os PMNs são encontrados roti-
neiramente no epitélio juncional tanto de ratos convencionais como 
de ratos livres de germes. 301 A pesquisa mostrou que, embora nume-
rosos PMNs em migração sejam evidentes e presentes em torno do 
epitélio juncional saudável, considerável aumento no número de 
PMNs pode ser esperado com o acúm ulo de biofi lme dental e in-
fl amação gengival. 18 
 Os diferentes polipeptídeos de queratina do epitélio juncional pos-
suem um padrão histoquímico específi co. O epitélio juncional expressa 
K19, que está ausente do epitélio queratiniz ado, e as citoqueratinas 
específi cas de estratifi cação K5 e K14. 229 Morgan et al. 185 relataram que 
reações para demonstrar K4 ou K13 revelaram uma mudança repentina 
entre o epitélio sulcular e o epitélio juncional. A área juncional é o único 
epitélio estratifi cado não queratinizado na cavidade oral que não sin-
tetiza esses polipeptídeos específi cos. Outro comportamento particular 
do epitélio juncional é a falta de expressão de K6 e K16, as quais estão 
geralmente ligadas a epitélios altamente proliferativos, embora a taxa 
de renovação das células do epitélio juncional seja muito alta. 
 Semelhante ao epitélio sulcular, o epitélio juncional exibe 
menos atividade de enzimas glicolític as do que o epitélio oral e 
não possui atividade de fosfatase ácida. 47,129 
 O epitélio juncional está ader ido à superfície dental (adesão 
epitelial) por meio de uma lâmina basal interna. Ele está unido ao 
tecido conjuntivo por uma lâmina basal externa que tem a mesma 
estrutura que qualquer outra união entre tecidos epitelial e conjuntivo 
em qualquer parte do corpo. 157,163 
 A lâmina basal interna consiste em uma lâmina densa (adjacente 
ao esmalte) e uma lâmina lúcida na qual os hemidesmossomos estão 
inseridos. Os hemidesmossomos têm um papel decisiv o na fi rme 
união das células à lâmina basal interna na superfície dental. 
 Dados recentes sugerem que os hemidesmossomos também 
podem atuar como sítios específi cos de transdução de sinal e, assim, 
participar da regulação da expressão gênica, proliferação e diferen-
ciação celular. 136 Filamentos orgânicos parecem se estender a partir 
do esmalte para a lâmina densa. 262 O epitélio juncional adere ao 
cemento afi brilar presente na coroa (geralmente restrito a uma área 
de 1 mm da junção cemento-esmalte) 239 e ao cemento radicular de 
maneira semelhante. 
 Foi relatada evidência histoquímica para a presença de polissaca-
rídeos neutros na área da adesão epitelial. 277 Os dados também mos-
traram que a lâmina basal do epitélio juncional se assemelha àquela 
das células endoteliais e epiteliais quanto à laminina, mas difere em 
relação à lâmina basal interna, que não tem colágeno tipo IV. 144,228 
Esses achados indicam que as células do epitélio juncional estão 
envolvidas na produção de laminina e desempenham papel funda-
mental no mecanismo de adesão. 
 A união do epitélio juncional ao dente é reforçada pelas fi bras 
gengivais, as quais ligam a gengiva marginal à super fície dental. 
Por essa razão, o epitélio juncional e as fi bras gengivais são con-
siderados uma unidade funcio nal, citados como unidade 
dentogengival . 160 
 Em conclusão, geralmente é dito que o epitélio juncional apr e-
senta várias características estruturais e funcionais únicas que con-
tribuem para prevenir a superfície dental subgengival da colonização 
pelo biofi lme bacteriano patogênico. 209 Primeiro, o epitélio juncional 
está fi rmemente aderido à superfície dental, formando uma barreira 
epitelial contra o biofi lme bacteriano. Segundo, ele permite acesso 
do fl uido gengival, células infl amatórias e componentes do sistema 
imunológico de defesa do hospedeiro à gengiva marginal. Terceiro, 
as células do epitélio juncional apr esentam rápida renovação, que 
contribui para o equilíbr io hospedeiro-parasita e permite rápido 
reparo do dano tecidual. Alguns investigadores também indicaram 
que as células do epitélio juncional têm capacidade endocítica igual 
à dos macrófagos e neutrófi los e que essa atividade pode ser protetora 
por natureza. 58 
 Desenvolvimento do Sulco Gengival . Após a formaç ão 
completa do esmalte , este é cober to com o epitélio reduzido do 
esmalte (ERE), que está ader ido ao dente por uma lâmina basal e 
hemidesmossomos. 158,261 Quando o dente penetra a m ucosa oral, o 
ERE se une ao epitélio oral e se transforma no epitélio juncional. 
Assim que o dente er upciona, esse epitélio unido se condensa ao 
longo da coroa e os ameloblastos, que formam a camada interna do 
ERE ( Fig. 2-17 ), e gradualmente tornam-se células epiteliais esca-
mosas. A transformação do ERE em epitélio juncional acontece em 
direção apical sem interromper a adesão ao dente. De acordo com 
Schroeder e Listgar ten, 239 esse processo leva 1-2 anos. 
 O epitélio juncional é uma estrutura que está continuamente se 
autorrenovando, com atividade mitótica ocorrendo em todas as ca-
madas de células. 158,261 
 As células epiteliais em regeneração se movem em direção e ao 
longo da superfície dental em sentidocoronal ao sulco gengival, onde 
elas são desprendidas 22 ( Fig. 2-18 ). As células-fi lhas em migração 
proporcionam adesão contínua à superfície dental. A força da união 
epitelial ao dente ainda não foi medida. 
 O sulco gengival é formado quando o dente er upciona na cavi-
dade oral. Nesse momento, o epitélio juncional e o E RE formam 
uma faixa larga aderida à superfície do dente, próximo da ponta da 
coroa até a junção cemento-esmalte. 
 O sulco gengival é um espaço ou sulco raso em forma de V, 
entre o dente e a gengiva, que circunda a ponta da coroa recém-
erupcionada. No dente completamente erupcionado, apenas o 
epitélio juncional persiste. O sulco consiste em um espaço raso localizado 
EO
E
ERE
EJ
CA
C
 Figura 2-18 Epitélio juncional em um dente em er upção. O epitélio jun-
cional ( EJ ) é formado pela junção do epitélio oral ( EO ) e o epitélio reduzido 
do esmalte ( ERE ). O cemento afi brilar ( CA ) é às v ezes formado sobr e o 
esmalte após degeneração do ERE. As setas indic am o movimento cor onal 
das células epiteliais em r egeneração, que se m ultiplicam mais rapidamente 
no EJ do que no EO . E , esmalte; C , cemento radicular . Padrão similar de 
renovação celular existe no dente completamente er upcionado. (Modifi cada 
de Listgarten MA: J Can Dent A ssoc 36:70, 1970.) 
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21CAPÍTULO 2 Anatomia do Periodonto
coronalmente à adesão do epitélio juncional e delimitado pelo dente em 
um lado e pelo epitélio sulcular no outro. A extensão coronal do sulco 
gengival é a gengiva marginal. 
 Renovação do Epitélio Gengival . O epitélio oral está sob 
contínua renovação. A sua espessura é mantida pelo equilíbrio entre 
a nova formação celular nas camadas basal e espinhosa e a descama-
ção das células antigas na superfície. A atividade mitótica apresenta 
periodicidade de 24 horas, com as maior es e menor es taxas ocor-
rendo pela manhã e pela noite , respectivamente. 262 A taxa mitótica 
é maior em áreas não queratinizadas e está aumentada na gengivite, 
sem diferenças signifi cativas quanto ao gêner o. As opiniões div er-
gem sobre se a taxa mitótica está aumentada 162,163,181 ou diminuída 15 
com a idade. 
 A taxa mitótica em animais experimentais varia entre diferentes 
áreas do epitélio oral em or dem decrescente: mucosa oral, palato 
duro, epitélio sulcular, externa da gengiva marginal e gengiva inse-
rida. 9,114,162,279 Foi relatado o tempo de renovação para diferentes áreas 
do epitélio oral em animais exper imentais: palato, língua e mucosa 
jugal, 5-6 dias; gengiva, 10-12 dias, sendo requerido o mesmo tempo 
ou até maior com o aumento da idade; e epitélio juncional, 1-6 
dias. 22,255 
 Em relação ao epitélio juncional, anteriormente se pensava que 
apenas as células epiteliais voltadas para a lâmina basal externa se 
dividiam rapidamente. No entanto, evidências revelam que número 
signifi cativo de células, como as células basais ao longo do tecido 
conjuntivo, é capaz de sintetizar ácido desoxirribonucleico (DNA), 
demonstrando sua atividade mitótica. 226,227 O rápido desprendimento 
das células remove efetivamente bactérias que aderem às células 
epiteliais e é, portanto, uma parte importante dos mecanismos de 
defesa na junção dentogengival. 209 
 Estruturas Cuticulares nos Dentes . O termo cutícula des-
creve uma fi na estrutura acelular com matr iz homogênea, às vezes 
circunscrita por bordas lineares claramente demarcadas. 
 Listgarten 161 classifi cou as estruturas cuticulares em revestimentos 
de origem do desenvolvimento e adquiridas. Os revestimentos adqui-
ridos incluem aqueles de origem exógena como a saliva, as bactérias, 
o cálculo e as manchas superfi ciais ( Caps. 21 e 22 ). Os revestimentos 
de origem do desenvolvimento são aqueles formados normalmente 
como parte do desenvolvimento do dente e inc luem o ERE, o ce-
mento coronal e a cutícula dental. 
 Após a formação completa do esmalte, o epitélio ameloblástico 
é reduzido a uma ou duas c amadas de células que permanecem 
aderidas à superfície do esmalte por hemidesmossomos e uma lâmina 
basal. Esse ERE representa ameloblastos pós-secretores e células do 
estrato intermediário do órgão do esmalte. 
 Em algumas espécies animais, o ERE desaparece total e muito 
rapidamente, colocando assim a superfície do esmalte em contato 
com o tecido conjuntivo. As células do tecido conjuntivo depositam, 
então, uma fi na camada de cemento conhecida como cemento coro-
nário sobre o esmalte. Em seres humanos, manchas fi nas de cemento 
afi brilar podem ser vistas, às vezes, na metade cervical da coroa. 
 A microscopia eletrônica mostrou cutícula dental composta por 
uma camada de material orgânico homogêneo de espessura variável 
(aproximadamente 0,25 � m) sobrejacente ao esmalte dental. Ela 
não é mineralizada e nem sempre está presente. Em alguns casos, é 
depositada próximo à junção cemento-esmalte sobre uma camada 
de cemento afi brilar, que por sua vez recobre o esmalte. A cutícula 
pode estar presente entre o epitélio juncional e o dente . Estudos 
histoquímicos ultraestruturais constataram que a cutícula dental é 
proteica 145 e pode ser um acúm ulo de componentes do fluido 
tecidual. 90,238 
 Fluido Gengival (Fluido Sulcular) . A importância do fl uido 
gengival é que ele pode ser r epresentado tanto por um transudato 
quanto por um exsudato . O fl uido gengival contém vasta gama de 
fatores bioquímicos, ofer ecendo uso potencial como biomar cador 
de diagnóstico ou pr ognóstico do estado biológico do per iodonto 
na saúde e doenç a. 84 ( Cap. 6 ). 
 O fl uido gengival contém componentes do tecido conjuntivo, 
epitelial, células infl amatórias, soro e microrganismos que habitam 
a margem gengival ou o sulco (bolsa). 82 Em um sulco saudável, a 
quantidade de fl uido gengival é muito pequena. Durante a infl ama-
ção, no entanto, o fl uxo do fl uido gengival aumenta e sua composição 
começa a se assemelhar à de um exsudato infl amatório. 60 
 A principal via de difusão do fl uido gengival é através da mem-
brana basal, por meio dos espaços intracelulares relativamente amplos 
do epitélio juncional e depois para o sulco. 209 Acredita-se que o fl uido 
gengival (1) purifi que o material do sulco, (2) contenha proteínas 
plasmáticas que podem melhorar a adesão do epitélio ao dente , (3) 
possua propriedades antimicrobianas e (4) exerça atividade de an-
ticorpo para defender a gengiva. 
 Tecido Conjuntivo Gengival . Os pr incipais componentes 
do tecido conjuntivo gengival são as fi bras colágenas (em torno de 
60% em volume), fi broblastos (5%), vasos, nervos e matriz (aproxi-
madamente 35%). 
 O tecido conjuntivo da gengiva é conhecido como lâmina própria 
e consiste em duas camadas: (1) uma camada papilar , subjacente ao 
epitélio, que consiste em projeções papilares entre as cristas epiteliais; 
e (2) uma camada reticular contígua com o per iósteo do osso 
alveolar. 
 O tecido conjuntivo possui um compartimento celular e outro 
extracelular compostos por fi bras e substância fundamental. Assim, 
o tecido conjuntivo gengival é basicamente um tecido conjuntivo 
fibroso que possui elementos que se or iginam diretamente 
do tecido conjuntivo da mucosa oral, bem como algumas fi bras 
(dentogengivais) que se or iginam do folículo dental em 
desenvolvimento. 18 
 A substância fundamental preenche o espaço entre as fi bras e as 
células, é amorfa e possui alto conteúdo aquoso . É composta por 
proteoglicanos, principalmente ácido hialurônico e sulfato de con-
droitina, e glicoproteínas, principalmente fi bronectina. As glico-
proteínas são responsáveis pela frac a reação PAS-positiva da 
substância fundamental. 85 A fi bronectina liga os fi broblastos às fi bras 
e muitos outros componentesda matr iz intercelular, ajudando a 
mediar a adesão e migração celulares. A laminina, outra glicopro-
teína encontrada na lâmina basal, serve para aderi-la às células 
epiteliais. 
 Os três tipos de fi bras do tecido conjuntivo são colágenos, reti-
culares e elásticos. O colágeno tipo I forma a massa da lâmina própria 
e proporciona força tênsil ao tecido gengival. O colágeno tipo IV 
(fi bra reticular argirofílica) se ramifi ca entre os feixes de colágeno 
tipo I e é contínuo com as fi bras da membrana basal e as paredes dos 
vasos sanguíneos. 163 
 O sistema de fi bras elásticas é composto de fi bras oxitalânicas, 
elaunínicas e elastinas distribuídas entre as fi bras colágenas. 57 
 Portanto, os feixes de colágeno densamente agrupados que estão 
ancorados no cemento acelular de fi bras extrínsecas logo abaixo da 
porção terminal do epitélio juncional formam o tecido conjuntiv o 
de inserção. A estabilidade dessa inserção é o fator-chave para limitar 
a migração do epitélio juncional. 58 
 Fibras Gengivais . O tecido conjuntiv o da gengiva marginal é 
densamente colagenoso e contém um sistema pr oeminente de 
feixes de fi bras colágenas chamado fi bras gengivais . Elas consistem 
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PARTE 1 O Periodonto Normal22
em colágeno tipo I. 218 As fi bras gengivais possuem as seguintes 
funções: 
 1. Unir fi rmemente a gengiva marginal contra o dente . 
 2. Promover a rigidez necessária para resistir às forças da mas-
tigação sem serem defl etidas da super fície dental. 
 3. Unir a gengiva marginal livre ao cemento radicular e à gen-
giva inserida adjacente. 
 As fi bras gengivais são organizadas em três grupos: gengivodental, 
circular e transeptal. 148 
 Grupo Gengivodental . As fi bras gengivodentais são aquelas nas 
superfícies vestibular, lingual e inter proximal. Elas estão inser idas 
no cemento logo abaixo do epitélio na base do sulco gengival. Nas 
superfícies v estibular e lingual, elas se pr ojetam do cemento na 
conformação semelhante a um leque em dir eção à crista e à super-
fície externa da gengiva marginal, terminando abaixo do epitélio 
( Figs. 2-19 e 2-20 ). Elas também se estendem externamente ao 
periósteo dos ossos al veolares vestibular e lingual, terminando na 
gengiva inserida ou misturando-se com o per iósteo do osso. Inter-
proximalmente, as fi bras gengivodentais estendem-se em direção à 
crista da gengiva interdental. 
 Grupo Circular . As fi bras cir culares percorrem através do tecido 
conjuntivo da gengiva marginal e inter dental, e circundam o dente 
de forma semelhante a um anel. 
 Grupo Transeptal . Localizadas na r egião interproximal, as fi bras 
interproximais formam feixes hor izontais que se estendem entr e o 
cemento de dois dentes pr óximos, nos quais estão inser idas. Elas 
se encontram na área entre o epitélio da base do sulco gengival e a 
crista do osso inter dental e, às v ezes, são c lassifi cadas como fi bras 
principais do ligamento periodontal. 
 Page et al. 202 também descreveram (1) um gr upo de f ibras 
semicirculares que se insere em uma superfície proximal de um dente, 
imediatamente abaixo da junção cemento-esmalte, circunda a gengiva 
marginal vestibular ou lingual e se insere na outra superfície proximal 
do mesmo dente; e (2) um grupo de fi bras transgengivais que se insere 
na superfície proximal de um dente, atravessa o espaço interdental 
diagonalmente, circunda a superfície vestibular ou lingual do dente 
adjacente, atravessa de novo diagonalmente o espaço interdental e 
se insere na superfície proximal do próximo dente. 
 Acredita-se que forças de tração na matriz extracelular produzidas 
por fi broblastos sejam forças responsáveis pela geração de tensão no 
colágeno. Isso mantém os dentes fi rmemente ligados uns aos outros 
e ao osso alveolar. 
 Elementos Celulares . O elemento celular pr edominante no 
tecido conjuntiv o é o fi broblasto. N umerosos fi broblastos são 
encontrados entre os feixes de fi bras. Os fi broblastos são de origem 
mesenquimal e desempenham impor tante papel no desenv olvi-
mento, na manutenç ão e no r eparo do tecido conjuntiv o gengival. 
Tal como acontece com o tecido conjuntiv o em outras par tes do 
corpo, os fi broblastos sintetiz am fi bras colágenas e elástic as, bem 
como glicoproteínas e glicosaminoglicanos da substância intercelu-
lar amorfa. Os fi broblastos também regulam a degradação do colá-
geno através da fagocitose e secr eção de colagenases. 
 A heterogeneidade dos fi broblastos é, atualmente, um aspecto 
bem estabelecido dos fi broblastos do periodonto. 231 Embora a sig-
nifi cância biológica e clínica dessa heterogeneidade não esteja clara, 
parece que ela é necessária para o funcionamento normal dos tecidos 
na saúde, na doença e no reparo. 18 
FC
F
C
O
 Figura 2-19 Secção vestibulolingual da gengiva marginal mostra as fi bras 
gengivais ( F ) que se estendem do cemento ( C ) à cr ista da gengiva para a 
superfície gengival externa e externamente ao per iósteo do osso ( O ). Fibras 
circulares ( FC ) são mostradas em secção transversal entre os outros grupos. 
 (Cortesia de Sol Ber nick.) 
1
4
2
3
 Figura 2-20 Diagrama mostrando as fi bras gengivodentais que se esten-
dem do cemento ( 1 ) à cr ista gengival ( 2 ) até a super fície externa e ( 3 ) 
externamente ao periósteo da cortical vestibular. As fi bras circulares ( 4 ) são 
mostradas na secção transversal. 
C0565.indd 22C0565.indd 22 2/8/13 5:41:46 PM2/8/13 5:41:46 PM
23CAPÍTULO 2 Anatomia do Periodonto
 Os mastócitos, que estão distribuídos por todo o corpo, são nu-
merosos no tecido conjuntivo da mucosa oral e da gengiva. 53,250,251,293 
 Macrófagos fi xos e histiócitos estão presentes no tecido conjuntivo 
gengival como componentes do sistema fagocítico mononuclear 
(sistema reticuloendotelial) e são derivados dos monócitos sanguí-
neos. As células adiposas e os eosinófi los , embora escassos, também 
estão presentes na lâmina própria. 
 Na gengiva clinicamente normal, pequenos focos de plasmócitos 
e linfócitos são encontrados no tecido conjuntivo próximo à base do 
sulco ( Fig. 2-21 ). Neutrófi los podem ser vistos em número relativa-
mente grande, tanto no tecido conjuntivo gengival quanto no sulco. 
Essas células infl amatórias geralmente estão presentes em pequena 
quantidade na gengiva clinicamente normal. 
 Especulações sobre se pequenas quantidades de leucócitos devem 
ser consideradas um componente normal da gengiva ou um infi ltrado 
infl amatório incipiente, sem expressão clínica, são de importância 
mais teórica do que c línica. Os linfócitos estão ausentes quando a 
normalidade gengival é julgada por r igorosos critérios clínicos ou 
sob condições experimentais especiais, 13,196 mas são praticamente 
constantes na gengiva normal e saudável, mesmo antes de completar 
a erupção dental. 152,169,235 
 Estudos imuno-histoquímicos que utilizam anticorpos mono-
clonais identifi caram as diferentes subpopulações de linfócitos. O 
infi ltrado da área abaixo do epitélio juncional da gengiva saudável 
em dentes recém-erupcionados em crianças é composto principal-
mente de linfócitos T (auxiliar ou helper , citotóxico, supressor e na-
tural killer ) 12,100,248 e, portanto, poderia ser interpretado como tecido 
linfoide normal envolvido no sistema de reconhecimento de defesa 
inicial. Com o decorrer do tempo, os linfócitos B e os plasmócitos 
aparecem em maiores proporções para a produção de anticorpos 
específi cos contra antígenos já r econhecidos e que estão sempre 
presentes no sulco da gengiva clinicamente normal. 240 
 Reparo do Tecido Conjuntivo Gengival . Em razão da alta 
taxa de r enovação, o tecido conjuntiv o da gengiva possui notavel-
mente boa c apacidade regenerativa e de cic atrização. Na verdade, 
ele é um dos melhor es tecidos de cic atrização no organismo e 
geralmente mostra pouca evidência de formação de cicatrizes após 
procedimentos cirúrgicos. Isso provavelmente é causado pela rápida 
reconstrução da ar quitetura fi brosa dos tecidos. 180 N o entanto , a 
capacidade r eparativa do tecido co njuntivo gengival não é tão 
grande quanto a do ligamento per iodontal ou do tecido epitelial. 
 Suprimento Sanguíneo, Linfático e Nervos . A microcir-
culação, os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos desempenham 
importante papel na drenagem do fl uido tecidual e na disseminação 
da infl amação. Na gengivite e na per iodontite, a microcirculação e 
a formação vascular alteram muito a rede vascular diretamente sob 
o epitélio sulcular gengival e o epitélio juncional. 172 
 Os vasos sanguíneos são facilmente evidenciados nas secções his-
tológicas por meio de reações imuno-histoquímicas contra proteínas 
das células endoteliais (fator VIII e moléculas de adesão). Antes de 
essas técnicas serem desenvolvidas, os padrões de vascularização dos 
tecidos periodontais foram descritos utilizando-se reações histoenzi-
máticas para fosfatase alcalina e adenosina trifosfatase por causa da 
grande atividade dessas enzimas nas células endoteliais. 55,302 
 Os dentes são uma das pouc as estruturas que penetram o tegu-
mento, ou seja, eles vão de dentr o para fora do cor po. Dessa 
forma, o epitélio gengival e o tecido conjuntiv o ser vem como 
barreira única para as alterações orais. Além disso, as formas dos 
dentes são funcionalmente adaptadas e , por tanto, a mor fologia 
da barreira é adaptada para se correlacionar com a forma dentá-
ria. Por exemplo, a ár ea de contato var ia entre os dentes, assim 
como o formato do col da gengiva inter dental. Talvez o mais 
importante sejam as qualidades funcionais (e pr ovavelmente 
subestimadas) da barr eira gengival. O epitélio por si só é um 
sistema orgânico complexo com extraordinárias funções imunes. 
Além disso, o fl uido gengival e os tecidos conjuntiv os são com-
plexos e singularmente adaptados em face de alterações como 
aquelas associadas a idade , doença e trauma. Sobreposta a essa 
barreira única e as qualidades funcionais está a r esposta consis-
tente e pr edominantemente bem-sucedida contra a alteraç ão 
microbiana persistente. A última r esposta nessa ár ea é um sis-
tema complic ado e entr elaçado de alterações teciduais e r es-
postas celulares do sistema im une. 
 A integridade do complexo dentogengival depende da manu-
tenção de uma camada epitelial intacta, com o epitélio juncional 
formando um selante no sulco gengival. Esse selante opera 
devido à funç ão das fi bras gengivais densas de colágeno tipo I, 
que fornecem a massa e a r esistência à traç ão para manter os 
tecidos em posição apertada no colo dentár io. 
 Procedimentos dentários, como alisamento radicular , proce-
dimentos r estauradores subgengivais e as técnic as de r etração 
gengival da cor oa e ponte , danifi cam o epitélio e o tecido con-
juntivo gengival. 
 O epitélio sulcular oral e o epitélio juncional possuem grande 
capacidade de se r estabelecer em cur to per íodo de r enovação de 
1-6 dias, e os fi broblastos também podem pr oduzir novas fi bras 
colágenas. É essencial que os procedimentos dentários sejam o mais 
atraumáticos possível, de forma que um volume sufi ciente de fi bras 
colágenas gengivais seja mantido para possibilitar a cic atrização 
gengival pr óximo às raíz es. Isso faz com que um r evestimento 
epitelial novo e intacto do sulco gengival seja prontamente recons-
tituído e, portanto, cicatrize sem nenhuma perda de inserção. 
 TRANSFERÊNCIA CIENTÍFICA 
 Figura 2-21 Secção da gengiva c linicamente normal mostra algum grau 
de infl amação, que está quase sempr e presente próximo à base do sulco . 
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PARTE 1 O Periodonto Normal24
 A perfusão com tinta nanquim também foi utilizada para estudar 
a distribuição vascular em animais exper imentais. A injeção e a sub-
sequente demonstração da peroxidase permitem a identifi cação dos 
vasos sanguíneos e os estudos de permeabilidade. 245 A reação do PAS 
também realça as paredes dos vasos através de uma linha positiva na 
membrana basal. 243 As células endoteliais também expressam atividade 
da 5-nucleotidase. 128 A microscopia eletrônica de varredura pode ser 
usada após injeção de plástico dentro dos vasos através da artéria ca-
rótida, seguida por corrosão dos tecidos moles. 87 Além disso, a medida 
do fl uxo por meio do laser Doppler fornece um meio não invasivo para 
observar modifi cações do fl uxo sanguíneo relacionadas à doença. 8 
 As três fontes de suprimento sanguíneo para a gengiva são as 
seguintes ( Figs. 2-22 e 2-23 ): 
 1. Arteríolas supraperiosteais ao longo das super fícies vestibular 
e lingual do osso alveolar, das quais capilares se estendem ao 
longo do epitélio sulcular e entr e as cr istas epiteliais da 
superfície externa gengival. 78,115,8 Ramos ocasionais das arte-
ríolas passam atrav és do osso al veolar para o ligamento 
periodontal ou percorrem a cr ista do osso al veolar. 
 2. Vasos do ligamento periodontal , que se estendem para a gengiva 
e anastomosam com os c apilares na área do sulco. 
 3. Arteríolas , que emergem da cr ista do septo inter dental, 87 
estendem-se paralelamente à crista óssea e se anastomosam com 
vasos do ligamento per iodontal, com c apilares nas ár eas crevi-
culares gengivais e com vasos que per correm a crista alveolar. 
 Abaixo do epitélio da superfície gengival externa, os capilares se 
estendem para o tecido conjuntivo papilar entre as cristas epiteliais 
na forma de alças terminais de grampos de cabelo, com ramos efe-
rentes e aferentes, espirais e varizes 55,115 ( Fig. 2-24 ; Fig. 2-23 ). As 
alças estão, algumas vezes, unidas por ligações cruzadas, e capilares 
achatados servem de vasos reservas quando a circulação é aumentada 
em resposta à irritação. 101 
 Figura 2-22 Diagrama de uma arteríola que penetra o osso alveolar inter-
dental para supr ir os tecidos inter dentais ( esquerda ) e uma ar teríola supra-
periosteal sobr e o osso al veolar v estibular, que envia ramos ao tecido 
circunjacente ( direita ). 
S
O
 Figura 2-23 Suprimento sanguíneo e cir culação per iférica da gengiva. 
Perfusão dos tecidos com tinta nanquim. Observe o plexo c apilar paralelo 
ao sulco ( S ) e as alças capilares na camada papilar externa. Observe também 
os vasos supraper iosteais externamente ao osso ( O ), que suprem a gengiva, 
e um vaso do ligamento per iodontal que se anastomosa com o plexo do 
sulco. (Cortesia de Sol Ber nick.) 
d
g
A
B
s
lp
 Figura 2-24 Vista por micr oscopia eletr ônica de varr edura dos tecidos 
gengivais palatinos de molar de rato após per fusão vascular de plástico e 
dissolução do tecido mole . A , Vista oral dos c apilares gengivais: d , dente; 
papila inter dental ( cabeça da set a ) — 180 × . B , Vista do lado do dente . 
Observe os vasos do plexo pr óximo aos epitélios sulcular e juncional. As 
cabeças de seta apontam para os vasos na ár ea do sulco com alterações 
infl amatórias moderadas. g , cr ista da gengiva marginal; s , fundo do sulco 
gengival; lp , vasos do ligamento per iodontal (150 × ). (Cortesia de N.J. Sel-
liseth e K. Selvig, Universidade de Bergen, Noruega.) 
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25CAPÍTULO 2 Anatomia do Periodonto
 Ao longo do epitélio sulcular, os capilares estão organizados em 
um plexo achatado que anastomosa e se estende paralelamente ao 
esmalte a partir da base do sulco para a margem gengival. 55 Na área 
docol , ocorre um padrão misto de anastomose capilar e alças. 
 Como mencionado, mudanças anatômicas e histológicas foram 
mostradas na microcirculação gengival com gengivite. Estudos pros-
pectivos da vasculatura gengival em animais demonstraram que , na 
ausência da infl amação, a rede vascular está organizada em um padrão 
repetitivo, regular e em camadas. 55,221 Em contrapartida, a vasculatura 
da gengiva infl amada exibe um padrão irregular do plexo vascular, com 
os microvasos apresentando aparência anelada, dilatada e enrolada. 221 
 O papel do sistema linfático de r emover o excesso de fl uidos, 
debris celulares e proteicos, microrganismos e outros elementos é 
importante no controle da difusão e na resolução do processo infl a-
matório. 170 A drenagem linfática da gengiva ocorre nos vasos linfáticos 
do tecido conjuntivo papilar. 244 Ela progride para a rede coletora 
externa ao periósteo do processo alveolar, em seguida para os linfo-
nodos regionais, particularmente o grupo submandibular. Além disso, 
os vasos linfáticos logo abaixo do epitélio juncional se estendem até 
o ligamento periodontal e acompanham os vasos sanguíneos. 
 Elementos neurais estão amplamente distr ibuídos por todos os 
tecidos gengivais. Dentro dos tecidos conjuntivos gengivais, a maioria 
das fi bras nervosas é mielinizada e está intimamente associada aos 
vasos sanguíneos. 164 A inervação gengival é derivada das fi bras pro-
venientes dos nervos no ligamento periodontal e dos nervos labiais, 
bucais e palatinos. 30 As estruturas nervosas a seguir estão presentes 
no tecido conjuntivo: uma malha de fi bras argirofílicas terminais, 
algumas das quais se estendem até o epitélio; corpúsculos táteis do 
tipo Meissner; bulbos terminais de Krause , que são receptores de 
temperatura; e fusos encapsulados. 14 
 Correlação das Características Clínicas 
e Microscópicas 
 A compreensão das características clínicas normais da gengiva requer 
a capacidade de interpretá-las em termos das estruturas microscópi-
cas que elas representam. 
 Cor . A cor da gengiva marginal e inserida é geralmente descrita como 
“rosa coral” e resulta do supr imento vascular, da espessura, do grau de 
queratinização do epitélio e da pr esença de células que contêm pig-
mento. A cor varia entre diferentes pessoas e parece estar correlacionada 
à pigmentação cutânea. É mais c lara em indivíduos loir os com pele 
clara do que em indivíduos de pele e c abelos escuros ( Fig. 2-25 ). 
 A gengiva inserida é demarcada da mucosa alveolar adjacente na 
face vestibular por uma linha mucogengival claramente defi nida. A 
mucosa alveolar é vermelha, lisa e brilhante, em vez de rosa e ponti-
lhada. A comparação da estrutura microscópica da gengiva inserida 
com a da mucosa alveolar fornece uma explicação para a diferença 
na aparência. O epitélio da mucosa alveolar é mais fi no, não é que-
ratinizado e não contém cr istas epiteliais ( Fig. 2-26 ). O tecido 
conjuntivo da mucosa alveolar é frouxamente organizado e os vasos 
sanguíneos são mais numerosos. 
 Pigmentação Fisiológica (Melanina) . A melanina é um 
pigmento marrom não derivado da hemoglobina com as seguintes 
características: 
 • É responsável pela pigmentação normal da pele , da gengiva 
e do restante da mucosa oral. 
 • Está presente em todos os indivíduos normais, muitas vezes 
não em quantidade sufi ciente para ser detectada c linica-
mente, mas ausente ou se veramente diminuída em albinos. 
 • A pigmentação melânica na cavidade oral é proeminente em 
indivíduos negros ( Fig. 2-25 ). 
 • O ácido ascór bico r egula negativamente a pigmentaç ão 
melânica nos tecidos gengivais. 252 
 De acordo com Dummett, 75 a distribuição da pigmentação oral 
em indivíduos negros é a seguinte: gengiva, 60%; palato duro, 61%; 
mucosa oral, 22%; e língua, 15%. A pigmentação gengival ocorre 
como coloração arroxeada difusa ou manchas marrons e castanho-
claras de formas irregulares. Ela pode aparecer na gengiva tão precoce 
quanto em três horas após o nascimento e , muitas vezes, é a única 
evidência de pigmentação. 75 
 A repigmentação oral se refere ao reaparecimento clínico da pig-
mentação melânica após um período de despigmentação clínica da 
mucosa oral resultante de fatores químicos, térmicos, cirúrgicos, far-
macológicos ou idiopáticos. 76 Informações sobre a repigmentação dos 
tecidos orais após procedimentos cirúrgicos são extremamente limi-
tadas, e nenhum tratamento defi nitivo é oferecido nesse momento. 
A B
 Figura 2-25 A , Gengiva c linicamente normal em 
adulto jovem. B , Gengiva pr ofundamente pigmen-
tada (melanótic a) em adulto de meia-idade . (De 
Glickman I, Smulow JB: Periodontal disease: clinical, 
radiographic, and histopathologic features, Philadelphia, 
1974, Saunders.) 
MA
GI
GM
V
GM
MP
P
 Figura 2-26 Mucosa oral, super fícies v estibular e palatina. A super fície 
vestibular ( V ) mostra a gengiva marginal ( GM ), a gengiva inser ida ( GI ) e a 
mucosa alveolar ( MA ). A linha dupla marca a junção mucogengival. Observe 
as diferenças no epitélio e tecido conjuntivo na gengiva inserida e na mucosa 
alveolar. A super fície palatina ( P ) mostra a gengiva marginal ( GM ) e a 
espessa mucosa palatina queratinizada ( MP ). 
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PARTE 1 O Periodonto Normal26
 Tamanho . O tamanho da gengiva corr esponde à soma total da 
maior par te dos elementos celular es e inter celulares, e seu supr i-
mento vascular . A alteraç ão no tamanho é uma c aracterística 
comum da doença gengival. 
 Contorno . O contorno ou forma da gengiva var ia consideravel-
mente e depende da forma dos dentes e do seu alinhamento no 
arco, da loc alização e do tamanho da ár ea do contato pr oximal e 
das dimensões das ameias v estibular e lingual. 
 A gengiva marginal envolve o dente em forma de colar e segue 
um contorno festonado nas superfícies vestibular e lingual. Ela forma 
uma linha reta ao longo dos dentes com super fícies relativamente 
planas. Em dentes com convexidade mesiodistal pronunciada (p. ex., 
caninos superiores) ou dentes em vestibuloversão, o contorno arquea-
do normal é acentuado e a gengiva fi ca localizada mais apicalmente. 
Nos dentes com linguoversão, a gengiva é horizontal e mais espessa 
( Fig. 2-27 ). Além disso, o biotipo do tecido gengival varia signifi ca-
tivamente. Gengiva fi na e clara é encontrada em um terço da popu-
lação, principalmente em mulheres com dentes fi nos e com faixa 
estreita de tecido queratinizado, ao passo que gengiva espessa e clara 
com faixa ampla de tecido queratinizado está presente em dois terços 
da população, principalmente nos homens. 72 
 Forma . A forma da gengiva inter dental é r egida pelo contorno 
das superfícies proximais dos dentes e pela loc alização e forma das 
ameias gengivais. 
 Quando as superfícies proximais das coroas são relativamente 
planas no sentido vestibulolingual, as raízes estão próximas umas 
das outras, o osso interdental é fi no no sentido mesiodistal e as 
ameias gengivais e a gengiva inter dental são estreitas no sentido 
mesiodistal. Por outro lado, quando as superfícies proximais se dis-
tanciam da área de contato, o diâmetro mesiodistal da gengiva in-
terdental é maior ( Fig. 2-28 ). A altura da gengiva interdental varia 
com a localização do ponto de contato proximal. Assim, na região 
anterior da dentição, a papila interdental tem a forma piramidal, ao 
passo que, na região de molares, a papila é mais plana no sentido 
vestibulolingual. 
 Consistência . A gengiva é fi rma e r esiliente e, com exceç ão da 
gengiva marginal livre, fortemente ligada ao osso subjacente. A natu-
reza colágena da lâmina pr ópria e sua contiguidade com o m ucope-
riósteo do osso alveolar determinam a fi rmeza da gengiva inser ida. 
As fi bras gengivais contr ibuem para a fi rmeza da gengiva marginal. 
 Textura Superfi cial . A gengiva apr esenta textura superfi cial 
semelhante a casca de laranja e é citada como pontilhada ( Fig. 2-25 ). 
O pontilhado é mais bem visualizado ao secar a gengiva. A gengiva 
inserida é pontilhada, ao passo que a gengiva marginal , não . A porção 
central da papila interdental é geralmente pontilhada, mas as bordas 
marginais são lisas. O padrão e a extensão do pontilhado var iam 
entre os indivíduos e entre as diferentes áreas da cavidade bucal. 110,221 
O pontilhado é menos proeminente nas superfícies linguais do que 
nas vestibulares e pode estar ausente em algumas pessoas. 
 O pontilhado varia com a idade. Está ausente na infância, aparece 
em algumas crianças em torno dos cinco anos de idade, aumenta até 
a idade adulta e frequentemente começa a desaparecer nos idosos. 
 Microscopicamente, o pontilhado é produzido pela alternância 
das protuberâncias arredondadas e depressões na superfície gengival. 
A camada papilar do tecido conjuntivo se projeta para dentro das 
elevações, e as áreas elevadas e de depressão estão cobertas por epi-
télio escamoso estratifi cado ( Fig. 2-29 ). O grau de queratinização e 
a proeminência do pontilhado parecem estar relacionados. 
 Figura 2-27 Contorno espesso e em formato de platô da gengiva em dente 
com linguov ersão agravada pela irr itação loc al c ausada pelo acúm ulo de 
biofi lme. 
A B
 Figura 2-28 Forma da papila gengival interdental correlacionada à forma 
dos dentes e ameias. A , Papilas interdentais largas. B , Papilas interdentais 
estreitas. 
 Figura 2-29 Biópsia gengival do paciente mostrado na Fig. 2-7 , demons-
trando ele vações e depr essões ( setas ) alternadas na gengiva inser ida r es-
ponsáveis pela aparência pontilhada. 
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27CAPÍTULO 2 Anatomia do Periodonto
 A microscopia eletrônica de varredura mostrou considerável 
variação na forma, mas profundidade do pontilhado relativamente 
constante. Em menor aumento, é vista uma super fície ondulada, 
interrompida por depressões irregulares de 50 � m de diâmetro. Em 
maior aumento, micropoços celulares são vistos. 62 
 O pontilhado é uma forma de adaptação especializada ou reforço para 
a função . É uma característica da gengiva saudável, e a redução ou 
perda do pontilhado é um sinal comum de doença gengival. Quando 
a gengiva restabelece a saúde após o tratamento , a aparência de 
pontilhado é restaurada. 
 A textura superfi cial da gengiva também está r elacionada à pre-
sença e ao grau de queratiniz ação epitelial. A queratinização é con-
siderada uma adaptação protetora à função. Ela aumenta quando a 
gengiva é estimulada pela escovação dental. No entanto, uma pesquisa 
com enxertos gengivais livres ( Cap. 63 ) mostrou que, quando o tecido 
conjuntivo é transplantado de uma área queratinizada para uma área 
não queratinizada, ele se torna um tecido revestido por epitélio que-
ratinizado. 142 Esse achado sugere que a determinação do tipo de su-
perfície epitelial se baseia na genética do tecido conjuntivo. 
 Posição . A posição da gengiva se refere ao nível em que a margem 
gengival está ader ida ao dente. 
 Quando o dente irrompe na cavidade oral, a margem e o sulco 
estão na ponta da coroa; à medida que a erupção progride, eles podem 
ser vistos mais próximos da raiz. Durante esse processo de erupção 
dental, como descrito anteriormente, o epitélio juncional, o epitélio 
oral e o epitélio reduzido do esmalte são submetidos a extensas al-
terações e remodelação para manter a profundidade fi siológica rasa 
do sulco. Sem essa remodelação do epitélio, o resultado seria um 
relacionamento anatômico anormal entre a gengiva e o dente. 
 Erupção Dental Contínua . De acor do com o conceito de 
erupção contínua, 107 a erupção não cessa quando os dentes encon-
tram os seus antagonistas funcionais, mas continua por toda a vida. 
A erupção consiste em uma fase ativa e uma passiva. Erupção ativa 
é o movimento do dente em dir eção ao plano oc lusal, enquanto 
 erupção p assiva é a exposiç ão dos dentes pela migraç ão apic al da 
gengiva. 
 Esse conceito distingue entre coroa anatômica (porção do dente 
coberta por esmalte) e raiz anatômica (porção do dente coberta por 
cemento), e entre coroa clínica (parte do dente que foi descoberta de 
sua gengiva e se projeta para a cavidade oral) e raiz clínica (porção 
do dente coberta pelos tecidos periodontais). Quando os dentes al-
cançam seus antagonistas funcionais, o sulco gengival e o epitélio 
juncional estão ainda sobre o esmalte, e a coroa clínica corresponde 
aproximadamente a dois terços da coroa anatômica. 
 Gottlieb e Orban 107 acreditavam que as erupções ativa e passiva 
aconteciam ao mesmo tempo. A erupção ativa é coordenada pela 
atrição; os dentes erupcionam para compensar a substância do dente 
desgastado pelo atrito. A atrição reduz a coroa clínica e a previne de 
se tornar desproporcionalmente longa em relação à raiz clínica; assim, 
evita o excessivo poder de alavanca nos tecidos periodontais. Ideal-
mente, a taxa de erupção ativa acompanha o r itmo com o desgaste 
dental, preservando a dimensão vertical da dentição. 
 À medida que os dentes erupcionam, o cemento é depositado nos 
ápices e regiões de bifurcações dos dentes, e é formado osso ao longo 
do fundo do alvéolo e na crista do osso alveolar. Dessa forma, parte 
da substância dental perdida pela atrição é substituída pelo alonga-
mento da raiz e a profundidade do alvéolo é mantida para suportar 
a raiz. 
 Embora originalmente pensado como um processo fi siológico 
normal, a erupção passiva é agora considerada um processo patológico. 
A erupção passiva é dividida nos quatro estágios a seguir ( Fig. 2-30 ): 
 Estágio 1: Os dentes alc ançam o plano oc lusal. O epitélio jun-
cional e a base do sulco gengival estão sobr e o esmalte. 
 Estágio 2: O epitélio juncional prolifera de forma que parte dele 
está sobre o cemento e parte está sobre o esmalte. A base do 
sulco ainda está sobr e o esmalte. 
 Estágio 3: Todo o epitélio juncional está sobr e o cemento e a 
base do sulco está na junção cemento-esmalte. À medida que 
o epitélio juncional pr olifera da cor oa para a raiz, ele não 
permanece na junç ão cemento-esmalte por mais tempo do 
que em qualquer outra ár ea do dente. 
 Estágio 4: O epitélio juncional pr oliferou ainda mais sobr e o 
cemento. A base do sulco está sobr e o cemento , uma par te 
do qual está exposta. A proliferação do epitélio juncional em 
direção à raiz é acompanhada pela degeneraç ão das fi bras 
gengivais e do ligamento per iodontal e sua separaç ão do 
dente. A c ausa dessa degeneraç ão não é conhecida. Atual-
mente, acr edita-se que ela seja o r esultado da infl amação 
crônica; portanto, um processo patológico. 
 Como se observa, a aposição óssea acompanha a erupção ativa. 
A distância entre a extremidade apical do epitélio juncional e a crista 
óssea alveolar permanece constante durante a erupção dental contí-
nua (1,07 mm). 95 
 A exposição do dente pela migração apical da gengiva é chamada 
de retração gengival ou atrofi a . De acordo com o conceito de erupção 
contínua, o sulco gengival pode estar localizado na coroa, na junção 
cemento-esmalte ou na raiz, dependendo da idade do paciente e do 
estágio da erupção. Contudo, alguma exposição da raiz com a idade 
seria considerada normal e denominada retração fi siológica . Nova-
mente, esse conceito não é aceito atualmente. Exposição excessiva é 
denominada retração patológica ( Cap. 13 ). 
 LIGAMENTO PERIODONTAL 
 O ligamento periodontal é composto de um tecido conjuntivo com-
plexo vascular e altamente celular

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