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SEMANA 13 CONTESTAÇÃO

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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PERTENCENTE A 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE UBERLÂNDIA/MG
PROCESSO Nº: XXXXX
AUTORA: MARCELA
RÉU: EDUARDO
EDUARDO, já devidamente qualificado nos autos da AÇÃO DE CONHECIMENTO pelo rito COMUM que lhe move MARCELA, representado judicialmente através de seu advogado devidamente qualificado em procuração mandamental específica juntada ao seguinte feito, com endereço profissional na Rua Teles Mendes, 124, bairro Barroso, Juiz de Fora/MG, CEP: 00000-000, de endereço eletrônico: telesltda124@gmail.com, onde deverá ser intimado para dar andamento aos atos processuais, vem com o devido respeito perante Vossa Excelência apresentar sua
CONTESTAÇÃO
Para expor e requerer o que se segue:
I – SÍNTESE DA DEMANDA
Ocorreu que Marcela, ora Autora da ação proposta, teve sua mão direita amputada, devido acidente ocorrido na cidade de Uberlândia/MG ao ter seu veículo abalroado pelo veículo conduzido por Eduardo, ora Réu. A Autora propôs a presente ação pleiteando indenização de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) pelos danos sofridos em decorrência do acidente, referentes aos gastos hospitalares e com remédios. Também pleiteou uma indenização por danos morais de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) pela amputação sofrida.
No entanto, Eduardo, ora réu, informa que a Autora já havia proposto há um ano, ação idêntica perante a 2ª Vara Cível de Uberlândia/MG, sendo que tal ação aguardava réplica da Autora. 
É o que de mais importante se tem a relatar. Agora passa a expor a análise específica dos fundamentos levantados pela parte Autora da ação, consoante aos princípios da concentração e impugnação específica dos fatos.
I – DAS PRELIMINARES
I.I – DA LITISPENDÊNCIA
Excelência, a Autora propôs ação idêntica a um ano pleiteando os mesmos pedidos, contra o o Sr. Eduardo, ora Réu e com as mesmas causas de pedir. Conforme disposição do artigo 337 do CPC/2015 incumbe ao réu alegar em sua contestação se ocorre litispendência. 
Assim, seguindo o que preceitua o CPC/2015 em seu artigo 337, inciso VI, parágrafos 1º, 2º e 3º. Nesses termos:
Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
VI - litispendência;
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso. (CPC)
Sendo assim, a presente ação encontra-se eivada pelo instituto ora citado. Por força do art. 485, inciso V do CPC/2015, essa defesa processual enseja a extinção do processo sem resolução de mérito, faz com esta também seja uma defesa peremptória. Nesses termos:
Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
Portanto, requer o Réu, desde logo, que seja extinta a presente ação proposta pela Autora, tendo em vista a constatação da litispendência. 
II – DO MÉRITO
Não se necessita de muito tempo de análise, Excelência, para se constatar a ausência de nexo de causalidade, pois o evento que ocorrera o dano tem culpa exclusivamente da Autora, que alegou ser a vítima do ocorrido. 
Evidencia-se que o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido caracteriza-se em dano, passível de reparação. Ao examinar o nexo de causalidade descobre-se quais condutas, positivas ou negativas, deram causa ao resultado previsto em lei. Assim, para se dizer que alguém causou um determinado fato, faz-se necessário estabelecer a ligação entre a sua conduta e o resultado gerado, isto é, verificar se de sua ação ou omissão adveio o resultado. 
Constata-se, nobre Magistrado, a ausência do fato constitutivo do direito da Autora, ou seja, a mesma deveria comprovar a ação ou omissão do agente, o dano, nexo de causalidade, bem como a culpa do réu, o que não restou comprovado, logo, não há o dever de indenização pleiteado contra o Réu. O ordenamento civil pátrio versa sobre a questão em seu artigo 186. Nesses termos:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. (CC)
Assim também, confirma-se pelo artigo 927 do mesmo ordenamento. Nesse sentido:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (CC)
Por isso, Excelência, resta-se comprovado a não culpabilidade do Sr. Eduardo, ora Réu. Sendo que tal questão tem vasta jurisprudência, que versa e pacifica o tema. Assim:
TJ-RS - Apelação Cível AC 70063590707 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 16/03/2015
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO AO FATO CONSTITUTIVO, À CULPA DO REU E AO NEXO CAUSAL COM OS DANOS ALEGADOS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. APELO DESPROVIDO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70063590707, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Katia Elenise Oliveira da Silva, Julgado em 11/03/2015).
TJ-MA - APELAÇÃO CÍVEL AC 232242010 MA (TJ-MA)
Data de publicação: 10/09/2010
Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. VEÍCULO PRESTADOR DE SERVIÇOS PÚBLICOS À PREFEITURA MUNICIPAL. ABALROAMENTO COM VEÍCULO DE PARTICULAR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO MUNICÍPIO. DANOS MATERIAIS. COMPROVAÇÃO DOS PREJUÍZOS PATRIMONIAIS E DO NEXO DE CAUSALIDADE. INDENIZAÇÃO DEVIDA. IMPROVIMENTO. I - A Administração Pública é obrigada a indenizar terceiros pelos danos causados por seus prepostos, independentemente de culpa, sendo necessário, tão somente, a configuração do nexo causal entre o dano ocorrido e o comportamento do agente público. Assim é que, uma vez comprovado o nexo causal entre o fato e o dano, subsiste a obrigação da Administração Pública; II - provados o abalroamento no veículo de particular, causando-lhe danos materiais, devidamente demonstrados por fotos e por três diferentes orçamentos, e a relação de causalidade com a ação de motorista de caminhão prestador de serviços a Município, que, imprudente e negligentemente, realizou manobra ensejadora do acidente, não há cogitar-se em inexistência do dever de indenizar; III - quisesse o Município recorrente a realização de perícia, deveria ter, mediante preposto, mantido o veículo causador do acidente no local do sinistro, e não tentado evadir-se, pelo que, assim não procedendo, incabível afigura-se, em sede recursal, reclamação de ausência de perícia, sob pena de incidência do princípio nemo auditur propriam turpitudinem allegans (ninguém pode se beneficiar da própria torpeza). Afinal, é regra de direito que não pode a parte que concorreu para a ilicitude do ato valer-se da própria torpeza, como se não tivesse consciência da ilicitude a que deu causa, com a pretensão de não assumir responsabilidade; IV - apelação não provida.
Assim também, a doutrina vera sobre a questão, estabelecimento um entendimento majoritário. Nesse sentido, afirma Caio Mário da Silva Pereira sobre o nexo de causalidade, que: 
“É estabelecer, em face do direito positivo, que houve uma violação do direito alheio e um dano, e que existe um nexo causal, ainda que presumido entre uma e outro. Ao juiz cumpre decidir com base nas provas que ao demandante incumbe produzir”.
Assim, nobre Magistrado, entende-se que não se comprova o nexo causal entre a conduta do agente, ora Réu, que enseje o pedido de indenização da Autora. 
IV – DA RECONVENÇÃO 
Resta-se, Excelência, conforme bem preceituado pelo artigo 343 do diploma processual civil vigentereconvir a fim de manifestar pretensão do Sr. Eduardo, ora Réu na ação pleiteada pela Autora.
Ressalte-se que a autora na verdade foi a causadora do dano ocasionado ao veículo automotor do réu, restando evidente a culpa exclusiva da vítima no evento danoso, razão pela qual deve arcar com a indenização vez que presentes a ação da autora, o dano, o nexo de causalidade bem como a culpa da mesma, caracterizando-se o ato ilícito disposto no artigo 186 e 927 do Código Civil.
V - PEDIDOS
Por todo o exposto, o Réu, com o devido acatamento e respeito, desde logo, requer:
Seja acolhida a preliminar de perempção, extinguindo o processo sem resolução do mérito;
No mérito, seja julgado improcedente o pedido autoral;
Seja julgado procedente o pedido da reconvenção para condenar a Autora a reparar o dano no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais);
Condenação da Autora ao pagamento dos honorários advocatícios em 20% sobre o valor da causa, bem como nas custas processuais a serem fixadas. 
IV – DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369e seguintes do CPC/15, em especial documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do autor.
Nestes termos, pede deferimento.
Uberlândia/MG 9 de novembro de 2017.
Victor Faria
OAB/RJ XX.XXX-XX

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