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Aula 4 A Relação de Consumo e Seus Elementos II – O fornecedor

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Aula 4 - A Relação de Consumo e Seus Elementos II – O fornecedor
Introdução
Continuando o nosso estudo, abordaremos o segundo integrante da relação de consumo: o fornecedor.
A previsão legal do art. 3º caput é o chamado fornecedor gênero do qual o fabricante, o construtor o importador e o comerciante são espécies. Vê-se que, por conta da responsabilidade, o CDC assim os classifica como fornecedor. Mas, quando deseja especificidade o alcunha de fabricante, produtor, comerciante etc.
Destacamos, desde já, a ideia da multiplicidade de hipóteses de enquadramento ao consideramos que no fornecimento de produtos e de serviços pode haver qualquer atividade no mercado de consumo. Formalizado ou não.
Logo, o legislador elencou hipóteses já existentes e as porvir. Um típico exemplo é o da atividade de serviços de telecomunicações. Desde a vigência do código (anos de 1990) até a presente data se aperfeiçoou de maneira impressionante. Há poucos anos sequer se cogitaria que o telefone celular existisse. Hoje, não imaginamos a humanidade sem tal equipamento.
O Fornecedor (gênero)
 
Fornecedores são aqueles explicitamente elencados no rol do art. 3º do CDC, e que comportam pouca ou nenhuma necessidade de amparo interpretativo. Mormente uma avaliação juriprudencial, mas em que nada se compara ao conceito de destinatário final do consumidor.
Assim prevê o art. 3º do CDC:
ART 3º FORNECEDOR
É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Como se lê, temos uma ampla possibilidade de enquadramento, por isso vamos pormenorizá-las.
ART 3º FORNECEDOR É TODA PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA:
Pessoa física (ou natural) – arts. 2º c/c 6º do CC. Embora ocorra o uso expresso das palavras pessoa física, em verdade o legislador designou pessoa natural. Temos no CC, considerando os artigos 2 c/c 6 o seguinte, verbis:
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
A conclusão é que, em se tratando de aplicação das duas principais leis que regulam as relações entre pessoas privadas (Lei 10.406 de 2002 e Lei 8.078 de 1990), o ser humano deve ser alcunhado de “pessoa natural”.
Atenção!
 
O equiparado, pessoa física, se deve ao tratamento técnico dispensado às normas tributárias, em que o contribuinte pessoa natural é adjetivado de pessoa física.
Tal distinção não impede a interpretação de que quando falamos em pessoa física estamos nos referindo à pessoa natural. Tal ponderação se deve ao mero enquadramento de nomenclaturas aplicáveis ao tema.
Já a pessoa jurídica encontra sua nomenclatura sem qualquer desacerto. Mas em sede de fundamentação nos utilizamos, mais uma vez, da Lei Civil Maior (Lei 10.406/02), especialmente em seus artigos 40, 43 e 44, verbis:
Título II - Das Pessoas Jurídicas
Capítulo I - Disposições Gerais
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos;
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Como se lê, temos uma ampla possibilidade de enquadramento ao fornecedor como pessoa jurídica.
	
	
	Fornecedor – pessoa pública ou privada
	
	
	
	Fornecedor – pessoa nacional ou estrangeira
	
	
	
	Um direito inerente ao consumidor diz respeito ao seu foro privilegiado, por força do art. 101, I do CDC e corroborado por vasto entendimento jurisprudencial.
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
No que se lê “pode ser”, como já citado, é pacífico interpretar deve. Fato este corroborado por jurisprudência do STJ:
AgRg no CC 127626/DF, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 17/06/2013.
“Em se tratando de relação de consumo, a competência é absoluta, razão pela qual pode ser conhecida até mesmo de ofício e deve ser fixada no domicílio do consumidor”.
	
	
	
	- Entendo que pode figurar no polo passivo da ação de responsabilidade civil nas relações de consumo apenas o serviço “uti singuili”.
- Por consectário da interpretação, a contrario sensu, da forma de remuneração e sua excludentes, que será estudado mais tarde.
	
	
	
	- As empresas nacionais têm sua sede e eventuais agências filiais ou sucursais espalhadas em diversos domicílios dentro do território nacional.
- Já as empresas estrangeiras que atuam no Brasil, têm (ou deveriam ter) minimamente escritórios de representação em solo Pátrio. O que possibilitará, em termos práticos processuais, a sua citação e atos consecutivos (intimação, execução etc).
	
	
	
	
	
Art. 3° Fornecedor é [...] bem como os entes despersonalizados:
A expressão “entes despersonalizados” é criação doutrinária, sendo a mais usual e conhecida, entre outras.
Exemplos: entes atípicos, sujeitos de personalidade reduzida, grupos de personificação anômala.
Logo, por expressa determinação legal, são partes legítimas para figurar, processualmente, no polo passivo de uma ação.
Exemplos: Massa falida, comércio popular.
Art. 3° Fornecedor é [...] que desenvolvem atividade de: Produção, montagem, criação, construção, transformação, Importação, exportação, Distribuição, Comercialização de produtos, ou prestação de serviços.
Fornecedor de produtos
 
Trataremos da especificidade de enquadramento do fornecedor, agora com o produto.
Prevê suas fundamentações:
Art. 3 [...]
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
"Percebe-se a inteligência do legislador consumerista quando adota a nomenclatura “qualquer bem”, considerando a promulgação do CDC, temos um conceito indefinido e já avocando produtos que ainda serão criados.
Exemplos: GPS, smartphone, tablet, carro com direção elétrica etc."
Art. 3 [...]
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Temos a necessidade de utilização da Lei 10.406/02 com fins de uma melhor conceituação do que venha a ser bens móveis e imóveis.
Bem móvel – art. 82 a 84 do CC;
ART 82: São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
ART 83: Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
ART 84: Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
Rotineiramente nos referimos de forma habitual como bens móveis os disponíveis aos consumidores nos termos do supra citado art. 82. Entre eles: veículos, armários, estantes, computadores, entre outros.
Casuisticamente, embora não seja normal os incisos elencados no art. 83 dificilmente serão enquadrados, faticamente, como bens móveis com destinação ao consumidor.
Em seus termos o art. 84 não merece maior sorte se avaliarmos que tais bensnão são fruto de aquisição. Mas sim de reaproveitamento.
OS BENS IMÓVEIS:
Encontram igual previsão legal entre os arts. 79 a 81 do CC:
Seção I - Dos Bens Imóveis
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
Por construção doutrinária e jurisprudencial o art. 79 tem absoluta aplicação.
Por exceção, inaplica-se os artigos 80 e 81 sobre a ótica consumerista.
Art. 3 [...]
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
A materialidade de um produto encontra fundamentação nos arts. 85 e 86 do CC. Gerando a consequente corporificação/fungibilidade. São bens substituíveis.
Exemplo: celular
BENS IMATERIAIS:
Art. 85 e 86 do CC detêm corporificação/infungibilidade. São insubstituíveis, obras de arte.
Tudo nos seguintes termos:
Seção III - Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
Art. 85. São fungíveis os bens móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
FORNECEDOR DE SERVIÇOS
O fornecimento de serviço tem, da mesma forma que o produto, uma visão infinita sobre o prisma do enclausuramento de sua conceituação.
O legislador adotou o mesmo expediente ao apresentar o serviço como:
“qualquer atividade fornecida no mercado de consumo”.
Inimaginável há pouco tempo a existência da internet, da telefonia, e até mesmo de viagens semiorbitais por particulares.
Logo, estas simples palavras tornaram perfeitamente adaptável à situações presentes, futuras e impensáveis. Vamos ler:
Art. 3 [...]
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Ultrapassado este estudo, vamos aos pormenores das demais definições na fundamentação em comento. 
Muito cansativo foi o enquadramento das instituições financeiras às relações de consumo, em decorrência da inflexão das instituições financeiras. Situação esta que foi conduzida até a ADIN 2.591 de 2006, assim ementada:
07/06/2006 TRIBUNAL PLENO
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 2.591-1 DISTRITO FEDERAL
RELATOR ORIGINÁRIO: MIN. CARLOS VELLOSO
RELATOR PARA O ACÓRDÃO: MIN. EROS GRAU
REQUERENTE: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO SISTEMA FINANCEIRO - CONSIF
ADVOGADOS: IVES GANDRA S. MARTINS E OUTROS
REQUERIDO: PRESIDENTE DA REPÚBLICA
REQUERIDO: CONGRESSO NACIONAL
EMENTA: CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5º , XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO DO CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO DAS OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLORAÇÃO DA INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA ECONOMIA [ART. 3º, § 2º, DO CDC]. MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVER-PODER DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. SUJEIÇÃO AO CÓDIGO CIVIL.
1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor.
Logo, tal decisão judicial pôs fim, desde 2006 sobre a incidência do CDC às instituições bancárias. Situação esta corroborada pelo STJ à título de súmula:
Súmula STJ nº 297 - O código de defesa do consumidor é aplicável às instituições financeiras.
Sendo assim, é indiscutível a aplicabiliadade das normas de consumo aos sistema financeiro.
Art. 3 (...)
§ 2° Serviço (...) securitária:
Considerando a sua relevância, empregamos um entendimento do TJRJ acerca do tema:
Súmula TJRJ nº. 327 - "É competente a Câmara Cível especializada para dirimir controvérsia entre segurado e seguradora, referente a seguro de vida em grupo que figure o empregador como estipulante, por qualificar-se o segurado (empregado/beneficiário) como destinatário final."
Logo, as atividades securitárias, considerando a expressa previsão do CDC, corroborada pelo enunciado de súmula citado nos fazem concluir pela aplicabilidade das normas de consumo ao instituto do seguro.

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