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Resumo Dolo e Culpa - Direito Penal II

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DOLO
Art. 18 do CP:
“Diz-se o crime:
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;”
TEORIAS DO DOLO:
-da vontade: dolo é a vontade e consciência de praticar o fato;
-da representação: a vontade é desnecessária, apenas a consciência. O resultado tem que ser 
previsível e o agente, o querendo ou não, segue com a ação. (Não diferencia Dolo eventual de Culpa 
consciente);
-do assentimento (ou consentimento): dolo é a consciência e aceitação do resultado previsível.
No Brasil é utilizada as Teorias da Vontade e do Assentimento.
Assim, os elementos necessários para o Dolo são a consciência (positiva ou negativa – agir consciente
ou deixar de agir de forma consciente) e vontade/aceitação do resultado.
Ex:
-João tem um ataque epilético e acaba cortando Maria com uma faca. O ato não foi consciente, 
portanto não é um crime doloso de lesão.
-Alberto ameaça Ruy com uma arma, lhe obrigando a tirar a vida de Márcio. Ruy realizou o ato 
conscientemente, porém sem vontade (sob grave ameaça), não sendo um homicídio doloso.
-Hans está caçando e vê seu alvo, um cervo, próximo à Welzel. Prevê que é possível que sua arma 
atinja Welzel, contudo atira mesmo assim (não quer matá-lo, seu objetivo é o cervo, mas aceita a 
possibilidade de que Welzel morra). Caso este seja atingido e venha a morrer, Hans responde pelo 
homicídio doloso.
ESPÉCIES DE DOLO:
Dolo direto ou determinado: Se divide em:
Dolo direto (1º grau): o agente quer e busca alcançar um resultado certo;
Dolo necessário (2º grau): o agente não deseja diretamente o resultado, mas tem a 
certeza de que o mesmo ocorrerá por ser uma consequência necessária de sua conduta. Ex: Manoel coloca
uma bomba no avião da presidente Dilma, com o dolo de que ela morra. Ele não quer diretamente a morte 
da tripulação, mas sabe que a mesma ocorrerá como consequência do meio que escolheu (bomba em um 
avião).
Dolo indireto ou indeterminado: a vontade do agente não é explicitamente definida. Pode se 
dividir em:
Dolo alternativo: o agente busca dois ou mais resultados e está satisfeito com qualquer 
um deles. Ex: atira contra A, querendo matar ou ferir; Ex2: atira de longe contra A e B, querendo que um ou 
o outro morram.
Dolo eventual: muito próximo à teoria do Assentimento. Tem consciência e, por mais que 
não queira o resultado, aceita seu provável desfecho (assume o risco de produzi-lo). Re-ler o exemplo 
acima do Hans matando Welzel;
Dolo genérico e específico: Não mais se diferenciam, pela Teoria Finalista.
Dolo geral: o resultado almejado pelo agente ocorre, mas não do jeito que ele queria, e sim através
de outros atos praticados na mesma linha de contuda. Ex: Joana envenena seu noivo, Beto, e, acreditando
tê-lo matado, carrega seu corpo e o joga no mar para ocultar o cadáver. Beto ainda estava vivo e só vem a 
falecer pelo afogamento.
ATENÇÃO!
Um item que causa muita confusão é o Dolo eventual, por se confundir com o Dolo necessário e 
posteriormente com a Culpa consciente (trarei a diferença entre eles quando falarmos de Culpa).
Dolo eventual vs necessário: no dolo eventual o agente não quer causar o resultado 
danoso, mas aceita a possibilidade que ele ocorra/assume o risco. No necessário, ele não quer causar o 
resultado danoso mas tem a certeza de que o mesmo irá ocorrer como consequência. A diferença principal 
aqui, como pode ser vista, é que em um existe apenas a POSSIBILIDADE que o resultado ocorra, e no 
outro ele IRÁ acontecer devido ao meio empregado. Em ambos o agente está consciente da ação e não 
quer que o resultado mais danoso ocorra.
Dolo geral vs genérico: por mais que os nomes sejam parecidos, ambos são visivelmente 
diferentes. O geral é o que o agente ACHA ter atingido seu objetivo, porém o mesmo só ocorre em 
decorrência de outros atos praticados na mesma linha de contuda. O dolo genérico é o dolo comum, em que
o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo (padrão previsto no art. 18, I).
CULPA
Art. 18 do CP:
“Diz-se o crime:
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência 
ou imperícia;”
A culpa então, grosso modo, é a prática não intencional do delito, porém com alguns “por-menores”. 
Cinco elementos são essenciais e necessários pra se caracterizar um crime como culposo. Caso algum 
deles não esteja presente, é qualquer outra coisa, menos culpa!
a) Conduta voluntária (positiva ou negativa): assim como no Dolo, é necessário que a pessoa 
aja de modo consciente (seja agir de forma consciente ou NÃO agir – omissão). Atos inconscientes/reflexos 
não são crime (ex: sonambulismo e etc);
b) Inobservância do dever de cuidado: o agente falta com a atenção devida para algo que deveria
ter se atentado, e como resultado o crime ocorre. Se divide nas modalidades:
Imprudência – conduta precipitada ou afoita, prática de um fato perigoso. Criação 
desnecessária de um perigo. Ex: dirigir um carro em alta velocidade.
Negligência – ausência de precaução, displicência, falta de atenção devida e necessária. A 
prudência mandava realizar uma ação que não foi feita. Ex: não consertar os freios do carro já gastos; 
deixar uma arma carregada próxima à uma criança.
Imperícia – falta de habilidade técnica ou destreza pra exercer certa arte, profissão ou 
ofício. Não necessariamente precisa ser que o profissional seja imperito, e sim que no momento agiu com 
imperícia. Ex: um motorista profissional que fez determinada manobra de forma “ruim”.
c) Resultado lesivo indesejado (ausência de vontade): se o agente teve a intenção de causar o 
resultado, seria dolo. Junto a isso, é necessário que haja um resultado lesivo, causado por culpa do agente, 
para que seja um crime culposo. Ex: Ismael não fez a revisão necessária nos freios de seu carro 
(Negligência) e portanto perdeu o controle na estrada. Não atingiu ninguém e conseguiu parar no 
acostamento – não houve crime culposo por não ter resultado.
Além disso, é necessário que haja um nexo de causalidade entre a contuda e o resultado para ser 
imputado ao agente. Ex: um pai deixa a arma carregada perto de seu filho – a mãe da criança corre dentro 
de casa, esbarra no mesmo e este vem a cair da janela. O resultado não teve conexão alguma com o ato 
displicente do pai.
d) Previsibilidade objetiva: se um resultado não era previsível para o “homem médio”, então não 
há o que se falar em crime culposo. Ex: Álvaro está dirigindo acima do limite de velocidade na estrada, às 3 
da manhã, quando, do nada e no escuro, uma pessoa se joga na frente de seu carro (suicídio). Não era 
previsível que aquilo ocorreria, portanto foi um acidente – não é crime culposo (lembrando que, por mais 
que ele estivesse acima da velocidade, o resultado não teve nexo de causalidade com a atitude negligente 
do agente, assim como dito no item C acima).
e) Tipicidade: só existe crime culposo caso esteja previsto expressamente no tipo. Ex: Art. 121, § 
3º do CP, Homicídio culposo – “Se o homicídio é culposo: Pena – detenção, de um a três anos.”
Outro exemplo, da minuta, seria:
Raquel, grávida de 7 meses, sobe em uma árvore pra pegar uma fruta; escorrega, cai e aborta seu 
filho. A contuda foi voluntária, ela deixou de observar o dever de cuidado, o resultado lesivo ocorreu e foi 
indesejado, numa situação em que era previsível, para o homem médio, prever tal fim. Enfim, cumpriu todos
os critérios para o crime culposo. CONTUDO, não existe previsão legal de “Aborto culposo”, assim, ela não 
responde por crime.
ESPECÍES DE CULPA:
Culpa insconsciente: o fato era previsível para o homem médio, mas o agente não o previu, por 
não prestar a atenção devida (imprudência, negligência e imperícia).
Culpa consciente: o fato era previsível, o agente o prevê, porém acredita sinceramente que não vai
ocorrer por confiar demais em sua habilidade/circunstâncias.
ATENÇÃO!
Dolo eventual vs culpa consciente: nodolo eventual o agente não quer causar o dano, 
prevê que o mesmo pode acontecer, e aceita a possibilidade de que ele ocorra. Na culpa consciente, o 
agente não quer causar o dano, prevê que o mesmo pode acontecer, porém confia demais em si e não 
acredita que vai ocorrer. Assim, podemos ver que a diferença está na aceitação da possibilidade do 
resultado para o dolo e na falsa percepção da realidade/confiança exacerbada em si quando da culpa.
Usemos o exemplo anterior:
 “Hans está caçando e vê seu alvo, um cervo, próximo à Welzel. Prevê que é possível que sua arma
atinja Welzel, contudo atira mesmo assim (não quer matá-lo, seu objetivo é o cervo, mas aceita a 
possibilidade de que Welzel morra). Welzel vem a falecer pelo tiro” – crime doloso de homicídio (dolo 
eventual).
Agora modificando um pouco:
“Hans está caçando e vê seu alvo, um cervo, próximo a Welzel. Prevê que é possível que sua arma 
atinja Welzel, contudo acredita sinceramente que é tão bom atirador, que não existe a possiblidade de 
acertar Welzel. O mesmo vem a falecer pelo tiro” – crime culposo de homicídio (culpa consciente).
Se quisermos complicar um pouco mais, podemos diferenciar também o dolo necessário:
“Hans está caçando e vê seu alvo, um cervo, próximo a Welzel. Seu objetivo é apenas o cervo, 
porém arremessa uma granada em sua direção. Ele não quer matar Welzel, porém tem a certeza que o 
mesmo ocorrerá como conclusão óbvia do meio empregado (granada)” – crime doloso de homicídio (dolo 
necessário – dolo de 2º grau).

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