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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS – FACIME CURSO: MEDICINA DISCIPLINA: FISIOLOGIA PROFESSORES: FRANCISCO DAS CHAGAS / SUZANA GALVÃO RELATÓRIO DA PRÁTICA DE REFLEXOS VISCERAIS IAN GABRIEL BATISTA (1064062) LUÍS FELIPE COELHO ALVES (1061273) LUIZ MATHEUS SILVA E PEREIRA LIMA (1064065) TERESA MARQUES E SILVA (1064063) OUTUBRO/2017 INTRODUÇÃO O sistema nervoso autônomo é uma porção do sistema nervoso central responsável pela grande maioria das funções viscerais do organismo. Pode-se citar sua atuação no controle da pressão arterial, na motilidade gastrointestinal, na secreção gastrointestinal, na sudorese, no esvaziamento da bexiga, entre outros. Uma importante característica é a velocidade e a intensidade das alterações viscerais provocadas por esse sistema. Ele é ativado por centros localizados na medula espinhal, no tronco cerebral e no hipotálamo. Além disso, porções do córtex cerebral, em especial do córtex límbico, podem transmitir sinais para os centros inferiores, influenciando o controle autônomo. Esse sistema também opera por meio de reflexos viscerais, isto é, sinais sensoriais subconscientes de órgão visceral podem chegar aos gânglios autônomos, no tronco cerebral ou no hipotálamo e então retornar como respostas reflexas subconscientes, diretamente de volta para o órgão visceral, para o controle de suas atividades. Os sinais autônomos eferentes são transmitidos aos diferentes órgãos do corpo por meio de duas grandes subdivisões chamadas sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático. (GUYTON, 2006). Conhecer os reflexos pupilares possui grande importância clínica para os profissionais da saúde. Os reflexos fotomotor direto e o consensual os dois mais utilizados. Ademais, há os reflexos espino-ciliar, que é uma reação da pupila à dor e ao medo, e bradicárdico, que possui papel importante no controle da pressão. A ausência de algum desses reflexos evidencia lesões nas estruturas ou vias pelas quais o reflexo se dá (MACHADO, 2014). Esses reflexos podem ser testados por meio de experimentos práticos para a verificação da integridade da via. MATERIAL E MÉTODOS Material Lanterna Recipiente plástico Água um pouco fria Cronômetro Métodos A prática foi realizada no Laboratório de Fisiologia e Bioquímica da Universidade Estadual do Piauí (Centro de Ciências de Saúde) pelos discentes do segundo período do curso de medicina. Durante sua execução, foi realizada a análise das ações reflexas viscerais autônomas na espécie Homo sapiens. Primeiramente, foi realizado o experimento do Reflexo fotomotor direto, em que a cobaia, após ter olhado para um ponto iluminado, tapa seus olhos não deixando penetrar luz entre os dedos nem comprimindo os globos oculares por aproximadamente 10 segundos, em seguida é novamente exposto à luz e observar-se a reação pupilar. O segundo experimento foi o Reflexo fotomotor consensual, no qual utilizando uma lanterna, direciona-se um estímulo luminoso em apenas um dos olhos e observar-se a reação da pupila do olho oposto. Em sequência, o experimento do Reflexo espino-ciliar trata-se da aplicação de um estímulo doloroso (por exemplo, um beliscão na nuca) de surpresa para observar-se a reação pupilar. Por fim, o experimento do Reflexo bradicárdico foi feito com o auxílio de um recipiente plástico contendo água levemente fria em que a cobaia foi submetida por 15 segundos a mergulhar sua face enquanto seus batimentos cardíacos eram avaliados por meio do pulso radial com auxílio de um cronômetro, para que fosse avaliada a variação do pulso radial após o estimulo. RESULTADOS Nos dois experimentos, após a exposição à luz, observou-se a constrição da pupila (miose). No 3º experimento, após o estímulo doloroso, observou-se a dilatação pupilar (midríase) nos dois olhos. TABELA 01: REGISTRO DA OBSERVAÇÃO DO REFLEXO FOTOMOTOR DIRETO E CONSENSUAL APÓS ESTÍMULO LUMINOSO NO OLHO E DO REFLEXO ESPINO-CILIAR EM Homo Sapiens. Teresina, Piauí, Brasil, 2017. Reflexos Resposta MIOSE MIDRIASE FOTOMOTOR DIRETO + _ FOTOMOTOR CONSENSUAL + _ ESPINO-CILIAR + _ Legenda: + (presença) / - (ausência) No 4º experimento, foi realizada a aferição do pulso da artéria radial e, após a imersão da face em um balde com água fria, foi observada uma redução de cerca de 3% na frequência cardíaca. TABELA 02: REGISTRO DA FREQUÊNCIA DE PULSO RADIAL (BPM) ANTES E APÓS IMERSÃO DA FACE NA ÁGUA FRIA EM Homo Sapiens, Tresina, Piauí, Brasil, 2017 Pulso Radial Frequência (BPM) Antes da Imersão Após a Imersão 74 72 Legenda: BPM: Batimentos por Minuto DISCUSSÃO No primeiro experimento, testou-se o reflexo fotomotor direto, em que o estímulo luminoso induziu como resposta a constrição da pupila. Esse estímulo é captado pela retina e enviado pelos axônios de suas células ganglionares, que trafegam nos nervos ópticos até a região pré-tectal do mesencéfalo, que faz comunicação com o núcleo visceral parassimpático do nervo oculomotor, o núcleo de Edinger-Westphal, que envia fibras pré-ganglionares até o gânglio ciliar, fazendo sinapse com os neurônios pós-sinápticos. Enfim, as fibras parassimpáticas pós-ganglionares, acompanhando os nervos ciliares até o músculo esfíncter da pupila, promovem a constrição pupilar. No segundo experimento, testou-se o reflexo fotomotor consensual, em que um feixe luminoso alcança um dos olhos e as pupilas dos dois olhos sofrem miose, estimulando a mesma via do reflexo fotomotor direto. Segundo Berne et al (2004), as áreas pré-tectais estão interconectadas através da comissura posterior. Assim sendo, o reflexo de constrição pupilar é ipsilateral (direta) e contralateral (consensual), isto é, o reflexo pupilar provocado em um dos olhos será observado também no outro. No terceiro experimento foi realizado o reflexo espinociliar, que é testado beliscando-se subitamente a nuca do indivíduo, no qual foi observada a dilatação da pupila. O ato de beliscar provoca períodos de excitação semelhante aos estímulos de fuga e luta que estimulam o sistema nervoso simpático, excitando as fibras radiais da íris e determinando a midríase (GUYTON E HALL, 2011). No quarto experimento foi realizado o reflexo bradicárdico, que tomou como base as medidas da pulsação da artéria radial do indivíduo examinado em duas etapas. Observou-se que a frequência dos batimentos cardíacos no indivíduo examinado diminuiu após a imersão da face em uma bacia de água fria. O resfriamento da face estimula o nervo trigêmeo que manda a informação até o núcleo do trigêmeo que se localiza próximo ao núcleo do nervo vago que é o principal nervo do sistema nervoso autônomo parassimpático. Há, então, a estimulação deste nervo e “qualquer reflexo circulatório que estimule o nervo vago causa a liberação de acetilcolina pelas terminações vagais no coração, produzindo, assim, um efeito parassimpático” (GUYTON E HALL, 201r1). A acetilcolina liberada se liga aos receptores muscarínicos, e dessa forma, faz com que as proteínas G se liguem a eles, abrindo os canais de potássio e hiperpolarizando o coração, o que resulta na diminuição da frequência cardíaca – efeito bradicárdico. CONCLUSÕES O sistema nervoso autônomo controla a maioria das funções viscerais e sua atuação através de reflexos viscerais, isto é, através de sinais sensoriais subconscientes de um órgão visceral, que retornam como respostas reflexas também subconscientes, é fundamental para a adaptação do organismo ao meio ambiente. Além da automaticidade, esse sistema também se destaca pela rapidez e intensidade com que pode modificar as funções viscerais. Assim, por meio da realização e interpretação dessas experiências, pode-se concluir que os sistemas do corpo humano operam de forma contínua e coordenada, onde a estimulação em determinado local ou órgão, pode se desdobrar em reações diversas e automáticas.REFERÊNCIAS BERNE E LEVY. Fisiologia. Rio de Janeiro – 6ª ed – Elsevier, 2009. GUYTON E HALL. Tratado de Fisiologia Médica – 12ª ed – Elsevier, 2011. MACHADO E HAERTEL. Neuroanatomia Funcional – 3ª ed – Atheneu, 2014.
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