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ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO PROBLEMA DE LOCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES EM REDES LOGÍSTICAS


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ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO PROBLEMA DE LOCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES EM REDES 
LOGÍSTICAS 
 
Data: 10/03/2001 
Peter Wanke 
INTRODUÇÃO 
Localizar instalações ao longo de uma cadeia de suprimentos consiste numa importante 
decisão que dá forma, estrutura e conformidade ao sistema logístico. Normalmente os 
problemas de localização enquadram-se num número limitado de categorias que 
abrangem: a natureza dos fatores preponderantes, o número de instalações, o nível de 
agregação dos dados e o horizonte de tempo. A localização de instalações normalmente 
é determinada por um fator mais crítico que que os demais. Por exemplo, na localização 
de uma fábrica são preponderantes os aspectos econômicos, ao passo que no varejo a 
localização é determinada pelo potencial de receita de um determinado local. Localizar 
apenas uma instalação também é um problema consideravelmente diferente daquele de 
localizar diversas instalações de uma só vez. No primeiro, evita-se a necessidade de 
considerar forças competitivas, desagregação da demanda entre diversas instalações, 
efeitos na consolidação dos estoques e custos fixos de operação. Na realidade, os custos 
de transporte são o fator primordial a ser considerado. Finalmente, a natureza dos 
métodos de localização pode ser estática ou dinâmica, ou seja, determinando a 
localização baseado em dados para um único período ou para diversos períodos. 
Dependendo de cada caso, as instalações podem representar um elevado investimento 
em ativos fixos, de difícil reversão no curto e médio prazos, implicando em elevados 
custos para reposicionar a instalação em outro local. 
De todas as decisões de localização enfrentadas pelos gerentes logísticos, àquelas 
referentes aos armazéns são as mais freqüentes, envolvendo as seguintes dimensões 
estratégicas: 
• número adequado de armazéns 
• localização de cada armazém 
• tamanho de cada armazém 
• alocação de espaço para cada produto em cada armazém 
• alocação de produtos-clientes por cada armazém. 
O objetivo deve ser o desenho ou a configuração da rede logística de modo a minimizar 
os custos totais, para um ano de operação, de produção, compras, manutenção de 
produtos em estoque, instalações (armazenagem, manuseio e demais custos fixos) e 
transporte; sujeitos à um determinado nível de serviço (tempo de entrega) ao cliente 
final. Uma crença muito comum em diversos negócios é que uma empresa deve possuir 
vários armazéns locais próximos aos clientes para ser bem sucedida. Freqüentemente, 
acredita-se que os consumidores esperam que o fornecedor mantenha estoques em cada 
mercado local de modo a oferecer níveis de serviço adequados. 
Esta percepção, conhecida como paradigma da presença local, resultou em 
posicionamentos logísticos nas quais os estoques eram pulverizados pela cade de 
suprimentos, para compensar deficiências nas atividades de transporte e processamento 
de pedidos. Duas grandes transformações estão motivando as empresas a reavaliarem o 
paradigma da presença local. Em primeiro lugar, os serviços de transporte 
experimentaram um grande salto qualitativo, sendo os horários de chegada e saída mais 
previsíveis e confiáveis. Segundo, o advento da tecnologia de informação reduziu o 
tempo associado à transmissão e processamento de informações, permitindo, além disto, 
monitorar continuamente os veículos e seus carregamentos. Avanços no transporte e na 
tecnologia de informação, além de motivações gerenciais para reduzir os níveis de 
estoque têm contribuído para o dimensionamento de um menor número de armazéns 
para atender os clientes numa determinada área de mercado. 
Os trade-offs entre custos e entre custo e nível de serviço relativos a um aumento no 
número de armazéns geralmente referem-se à: 
• melhoria nos níveis de serviço em função de reduções no tempo de entrega ao cliente 
final; 
• aumento nos custos de manter estoques em função de aumentos nos níveis de estoque 
de segurança necessários para proteger cada armazém contra incertezas na demanda; 
• aumento nos gastos administrativos; 
• redução nos gastos com transporte de distribuição; 
• aumento nos gastos com transporte de suprimento. 
Um princípio básico envolvendo a abertura de um novo armazém é a consolidação do 
transporte. Se os pedidos tendem a ser pequenos ou fracionados num determinado 
mercado, o potencial para consolidação pode justificar a abertura de um novo armazém 
naquela região. A relação geral entre o custo total de transporte (suprimento e 
distribuição) e abertura de um novo armazém para consolidação é ilustrada na figura a 
seguir. O custo total de transporte cai na medida que armazéns são adicionados na rede 
logística. A redução resulta de carregamentos consolidados até o armazém, no 
suprimento, paralelamente à pequenos carregamentos enviados por curtas distâncias na 
distribuição ao cliente final. Se o número de armazéns aumenta muito, o custo total de 
transporte volta a crescer por que o volume de capaz de ser consolidado no suprimento 
de cada instalação tende a diminuir pelo efeito de pulverização dos carregamentos. 
 
Os custos de armazenagem normalmente incluem três componentes principais: 
• custos de manuseio: abrangem mão-de-obra e equipamentos num montante 
proporcional (variável) ao fluxo annual de produtos através do armazém. 
• Custos fixos: capturam todos os componentes de custo que não são proporcionais ao 
fluxo de produtos através do armazém. Os custos fixos variam na forma de um degrau 
com o tamanho dos armazéns ou com a abertura deles. 
 
 
• Custos de manutenção de estoques: incluem os custos de oportunidade de manter 
estoques, sendo proporcionais aos níveis de estoque em cada armazém. 
O giro e o nível de estoque estão diretamente relacionados ao número de armazéns 
numa rede logística. A alocação dos estoques por diversos armazéns pode oferecer o 
potencial para disponibilizar elevados níveis de serviço. Para os cliente, isto também 
pode significar ressuprimentos mais freqüentes de menores quantidades, implicando em 
menores níveis de estoque. Por outro lado, um maior número de armazéns no sistema 
logístico acarreta impactos substanciais no estoque em trânsito e no estoque de 
segurança, ainda que o impacto no estoque básico ou de ciclo seja desprezível. Quanto 
maior o número de armazéns, menores são os níveis de estoque em trânsito, por que o 
tempo total de produtos em trânsito para atender o cliente é reduzido. O mesmo não se 
aplica aos estoques de segurança, pois a incerteza na operação aumenta em função da 
desagregação da demanda por diferentes áreas geográficas. Isto é, a introdução de um 
novo armazém para atender um determinado mercado implica na desagregação da base 
de dados sobre a demanda utilizada para determinar os níveis de estoque de segurança. 
Como conseqüência, o mercado atendido pelo novo armazém apresenta uma demanda 
média menor, mas não necessariamente um nível de incerteza menor, já que não é 
possível agregá-la por uma área maior. 
Os custos de produção e processamento de pedidos também são afetados por estes 
trade-offs de custo. O objetivo primordial na localização de instalações consiste na 
identificação da configuração de armazéns/fábricas que resulte no menor custo total 
relevante para a cadeia de suprimentos, sujeito à restrições de serviço ou qualquer outro 
fator considerado importante. A figura a seguir ilustra os diversos trade-offs de custos 
presentes no problema de localização de instalações. 
 
Normalmente, os problemas de localização caracterizam-se por serem bastante 
complexos e intensivos no uso de base de dados. A complexidade deriva da 
multiplicação do número de diferentes localidades alternativas peleas estratágias de 
estocagem em cada uma destas instalações e pelos diferentes modais de transporte. A 
intensidade no uso de informação é gerada pela necessidade de analisar detalhadamente 
dados sobre demandase transporte, dentre outros. De maneira geral, as informações 
relevantes a um estudo de localização, não havendo a pretensão da exaustão, envolvem 
os seguintes tópicos: 
• localização de clientes, de varejstas, de armazéns existentes, de centros de 
distribuição, de fábricas e de fornecedores; 
• todos os produtos movimentados, incluindo os respectivos volumes/pesos e 
características especiais; 
• demanda anual por cada produto em cada localidade; 
• fretes por cada modal de transporte relevante; 
• custos de armazenagem, incluindo mão-de-obra, gastos fixos com instalações, espaço 
e impostos; 
• tamanho e freqüência dos carregamentos de uma instalação à outra; 
• custos de processamento de pedidos; 
• metas e exigências de serviço. 
A localização de vários armazéns é um problema mais realista, ainda que mais 
complexo, enfrentado por diversas empresas. A complexidade decorre do fato dos 
diversos armazéns não poderem ser tratados razoavelmente como economicamente 
independentes, além das possíveis combinações para localização serem enormes. É 
importante identificar localizações potenciais para novos armazéns. Normalmente estas 
localidades devem satisfazer uma ampla variedade de condições: 
• infraestrutura e aspectos geográficos; 
• recursos naturais e mão de obra; 
• indústria local e impostos; 
• interesse público. 
 
Provavelmente a mais promissora técnica para a localização de vários armazéns seja a 
programação inteira-mista, além de ser definitivamente a mais freqüentemente 
encontrada nos softwares comerciais. Entretanto, ainda que os modelos de localização 
forneçam resultados ótimos, deve ser considerado que a solução ótima para problemas 
reais não são necessariamente melhores que uma descrição detalhada do problema. 
Além disto, modelos de otimização são normalmente de difícil compreensão e exigem 
habilidades técnicas específicas. Defensores de uma maior precisão na descrição e 
modelagem são favoráveis à utilização da simulação para determinação da localização 
de instalações, ainda que a solução encontrada não seja ótima. 
Enquanto algorítimos buscam o melhor número, localização e capacidade dos armazéns, 
técnicas de simulação tentam determinar a melhor configuração da rede através de 
repetidas replicações de um modelo com diferentes padrões de armazenagem e 
alocação. A qualidade dos resultados obtidos depende diretamente da capacidade de 
síntese do tomador de decisão na seleção das escolhas a serem avaliadas. Uma 
característica importante nos modelos de simulação é sua capacidade de relacionar 
aspectos temporais de políticas de estoque com aspectos geográficos da localização. 
De maneira mais ampla, o problema do projeto da rede logística envolve aspectos 
espaciais e temporais. Os aspectos espaciais ou geográficos referem-se à localização, 
numa determinada região de mercado, de fábricas, armazéns e lojas varejistas. O 
número, tamanho e localização destas instalações é determinado, conforme vimos, pelo 
balanceamento dos custos de produção/compras, manutenção de estoque, instalações 
(custo variável de armazenagem, manuseio e cuto fixo de operações), transporte 
(suprimento e distribuição) com o nível de serviço que se deseja prestar. 
Os aspctos temporais referem-se à manutenção de uma determinada disponibilidade de 
produto para atender objetivos de nível de serviço. A criação da disponibilidade de 
produto pode ser obtida através de resposta rápida às ordens de produção/compras 
colocadas, ou através da alocação de estoque próximo ao cliente. O tempo necessário 
para disponibilizar o produto ao consumidor é a maior preocupação deste aspecto. O 
balanceamento dos custos de capital, processamento de pedidos e transporte também 
apontará como será o acionamento do processamento do fluxo de produtos através da 
rede de instalações (decisão entre puxar ou empurrar, determinação de tamanhos de lote, 
pontos de pedido, níveis de reposição) e a alocação dos mesmos. Estas decisões afetam 
a localização das instalações. 
 
A maior parte dos modelos matemáticos, entretanto, falha ao não incluir os custos de 
estoque como um componente de sua função objetivo, assumindo a escolha antecipada 
de determinados modais de transporte. A avaliação de mudanças estratégicas no projeto 
da rede logística deve envolver a estimativa de diversos custos e benefícios, incluindo 
seu impacto nos níveis totais de estoque. Dentre as tendências que emergem do advento 
de novas tecnologias de informação, diversas empresas estão se convencendo a não 
considerar apenas um único modal de transporte na avaliação de localizações 
alternativas, ou considerar as decisões de estoque relacionadas apenas ao número e à 
localização de armazéns, independentemente das decisões de transporte. Decisões 
integradas de estoque e transporte podem ser quantificadas através da freqüência de 
envios e do tamanho médio de cada carregamento. 
BIBLIOGRAFIA 
BALLOU, R.H., 1992, Business Logistics Management, 4 ed, Prentice Hall. 
BOWERSOX, D.J., CLOSS, D.J. 1996, Logistical Management - The Integrated 
Supply Chain Process, 1 ed, McGraw-Hill. 
JAYARAMAN, V., 1998, “Transportation, Facility Location and Inventory Issues in 
Distribution Network Design”, International Journal of Operations & Production 
Management, Vol.18, No.5, pp.- 471-494. 
SIMCHI-LEVI, D., KAMINSKY, P., 2000, Designing and Managing the Supply Chain 
– Concepts, Strategies and Case Studies, 1 ed, New York, McGraw-Hill. 
 
 
Questões 
 
Qual o objetivo do trabalho apresentado? 
Por que o estudo de localização é importante para cadeia de suprimento? 
Explique os fatores que influenciam neste estudo 
Qual a diferença entre métodos dinâmicos e estáticos para localização de armazéns? 
Explique as variáveis que são utilizadas para estudar localização de armazéns 
Quais os problemas percebidos ao se utilizar a crença de redução de custos aumentando 
o número de armazéns? 
Explique os novos paradigmas usados no atendimento das redes logísticas 
Quais as razões para relacionar custos e nível de serviços? 
Faça uma análise da figura 1 
Explique os custos de armazenagem 
Quais as informações utilizadas para localizar armazéns? 
Quais as técnicas usadas para fazer os estudos de localização? 
Quais as vantagens de cada uma delas?