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Semana 11 finalizada

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semana 11 Nathalia de Souza Rocha- 201307301861
AO JUÍZO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ...
Processo nº: ...
ANTÔNIO AUGUSTO, nacionalidade..., estado civil ..., profissão ..., portador do da carteira de identidade nº ..., inscrito no CPF sob nº ..., com endereço eletrônico ..., residente e domiciliado na Rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., estado ..., CEP ...., vem por seu advogado, com endereço profissional na Rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., estado ..., CEP ...., com endereço eletrônico ..., inconformado com a r. sentença de fls..., interpor tempestivamente após realizado o devido preparo
RECURSO DE APELAÇÃO 
pelo o que requer sua remessa ao egrégio Tribunal de Justiça do Estado de ... .
	Nestes Termos
Pede deferimento.
Nova Friburgo, 30 de outubro de 2017.
ADV.OAB/UF ...
RAZÕES DE APELAÇÃO
Apelante: ANTÔNIO AUGUSTO
Apelada: MAXTV S.A e LOJAS DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA.
Proc nº: ...
Juízo de Origem: ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ...
Egrégio Tribunal,
Colenda Turma,
-I-
DA ADMISSIBILIDADE
	Inicialmente, quanto a admissibilidade é importante destacar que o presente recurso é tempestivo, tendo em vista que na forma do artigo 1003, § 5º do Código de Processo Civil, o prazo para interpor o recurso é de 15 dias úteis contados da data da intimação da decisão. O que reafirma a tempestividade do presente recurso, sendo certo que a intimação ocorreu na data ..., e que ainda não ultrapassou 15 dias úteis, sendo certo que é o presente recurso tempestivo.
	Na forma do artigo 1007 e seus parágrafos do Código de Processo Civil, no ato de interposição do recurso o recorrente comprovará o respectivo preparo. Conforme documento em anexo, o devido preparo do presente recurso foi devidamente realizado, o que confirma a admissibilidade do presente recurso.
- II -
DOS EFEITOS DEVOLUTIVO E SUSPENSIVO
	Diferentemente dos outros recursos, a apelação possui o duplo efeito, ou seja, possui tanto o efeito devolutivo, quanto o suspensivo. Na forma do artigo 1013 do Código de Processo Civil, in verbis: 
Art. 1.013: “A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.”
O efeito devolutivo consiste na aptidão que todo recurso tem de devolver ao órgão ad quem o conhecimento da matéria impugnada. Ou seja, todos os recursos são dotados de efeito devolutivo, uma vez que é de sua essência que o Judiciário possa reapreciar aquilo que foi impugnado, seja para modificar ou desconstituir a decisão, seja para complementá-la ou torna-la mais clara.
O Artigo 1.012 do mesmo Código estabelece o que segue: 
“A apelação terá efeito suspensivo.”
O efeito suspensivo é compreendido no sentido de que a sentença é ineficaz desde seu proferimento, não surtindo efeito senão depois de transcorrido in albis o prazo de apelo ou depois que ele for julgado. 
Destarte, o efeito suspensivo impede o cumprimento provisório da sentença ora apelada.
Na forma do artigo 1012 e 1013 do Código de Processo Civil, requer a aplicação do efeito suspensivo bem como do efeito devolutivo no presente recurso.
-III-
BREVE SÍNTESE DOS FATOS
 
	Trata-se de ação indenizatória promovida em face dos recorridos onde o apelante buscou a satisfação dos prejuízos causados pelo vício e pelo fato dos produtos adquiridos junto aos réus.
	Para tanto, o apelante esclarece que adquiriu junto ao réu LOJAS DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA diversos eletrodomésticos de última geração, entre eles uma TV de LED no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Ocorre que, depois de funcionar por trinta dias, a TV veio a apresentar superaquecimento e explodir ocasionando danos irreparáveis a todos os aparelhos eletrônicos que estavam conectados ao televisor.
 	
Adite-se ainda, que em decorrência deste fato foi apresentada reclamação perante ambos os réus, que se mantiveram inertes e não apresentaram qualquer solução a celeuma.
Após o trâmite normal do processo, a r. sentença acolheu preliminar de ilegitimidade passiva arguida em contestação pela ré LOJAS DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA. com fulcro nos art. 12 e 13 do CDC. Além disso, reconheceu a decadência do direito autoral alegada pelo réu MAXTV S.A com base no art. 26, inciso II do CDC.
	
	Concessa maxima venia, a par do brilhantismo costumeiro do i. Julgador a quo, a r. sentença recorrida merece reforma, uma vez que não há que se falar em decadência, tampouco na ilegitimidade de algun dos réus.
-IV- 
DOS FUNDAMENTOS PARA A REFORMA DO JULGADO
Diante dos fatos narrados, vislumbra-se que, data venia, o Juízo de Piso se equivocou na análise dos elementos que se apresentam no caso em comento.
DA ILEGITIMIDADE PASSIVA:
Quanto ao argumento de ilegitimidade passiva do réu LOJAS DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA., deve-se observar que a responsabilidade entre o varejista, que efetuou a venda do produto, e o seu fabricante é solidária, admitindo-se a propositura da ação em face de ambos na qualidade de litisconsortes passivos (art. 7º. § único do CDC). A responsabilidade do comerciante, em relação ao primeiro pedido deduzido da petição inicial, qual seja, o de substituição do produto, encontra fundamento no Art. 3º, CDC, que conceitua os fornecedores, e no art. 18 do CDC, que trata de hipótese de vício do produto.
Assim, tendo em vista que flagrante a legitimidade passiva do réu LOJAS DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA para suportar o pleito de a substituição do televisor por outro do mesmo modelo ou superior, em perfeito estado, não há que se falar em ilegitimidade passiva, devendo a r. sentença ser reformada neste tópico.
DA NÃO OCORRÊNCIA DA DECADÊNCIA: 
Sem prejuízo, quanto ao segundo capítulo da sentença que reconhece a decadência do pedido do autor na forma do art. 26, inciso II do CDC, esta não merece melhor sorte, uma vez que no que concerne ao pedido referente à substituição do produto, a pretensão recursal deve basear-se na existência de reclamação oportuna do consumidor, a obstar o prazo decadencial, na forma do Art. 26, § 2º, inciso I, do CDC. 
Já no tocante aos demais pedidos formulados (indenização por danos patrimoniais e morais), há responsabilidade civil por fato do produto, haja vista os danos sofridos pelo autor da ação, a atrair a incidência dos artigos 12 e 27 do CDC. Deste modo, a pretensão autoral à indenização dos danos não se submete a prazo decadencial, mas ao prazo prescricional de cinco anos, estipulado no artigo 27, do CDC.
			
		Corroborando com este entendimento, tem-se o seguinte julgado que expressa o entendimento uníssono da jurisprudência pátria:
RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO PELO FATO DO PRODUTO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRESCRIÇÃO. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. I - O Código de Defesa do Consumidor aplica-se aos casos em que a relação jurídica travada entre as partes se caracteriza como típica relação de consumo. II - TRATANDO-SE DE DEMANDA EM QUE SE DISCUTE A RESPONSABILIDADE DO FABRICANTE PELO FATO DO PRODUTO, INCIDE A NORMA INSERTA NO ART. 27, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, QUE ESTABELECE PRAZO DE CINCO ANOS PARA PRESCRIÇÃO DAS PRETENSÕES RELATIVAS À REPARAÇÃO DE DANOS, INICIANDO-SE A CONTAGEM DO PRAZO A PARTIR DO CONHECIMENTO DO DANO E DE SUA AUTORIA. PRECEDENTES NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. III - A norma inserta no art. 27, do Código de Defesa do Consumidor, por ser especial em relação àquela que regula a prescrição das ações pessoais, (art. 177 do Código Civil de 1916; atual art. 205, do Código Civil de 2002), afasta a incidência da regra geral de Direito Civil. IV - Verificada a existência de lapso temporal superior a cinco anos contados a partir do conhecimento do dano e da autoria até a propositura da ação de indenização, deve ser reconhecida a prescrição da pretensão deduzida em juízo. v.v. O prazo de cinco anos atingirá a pretensão do consumidor com base no CDC, mas não o impedirá de ajuizar outra ação, desde que não prescrita a prevista no art. 159 do CC, todavia não possuirá as inúmeras benesses do CDC. 
(TJ-MG - Processo105960401958090011MG 1.0596.04.019580-9/001(1) – Relator: BITENCOURT MARCONDES - Julgamento26 de Junho de 2008 Publicação 15/07/2008).
Assim, tendo em vista que não foi superado o prazo de 5 anos para a propositura de ação de responsabilidade civil prevista no artigo 27 do CDC, não há que se falar em decadência, tampouco em prescrição, razão pela qual também deve ser reformada a sentença impugnada neste segundo capítulo.
-V-
DA APLICAÇÃO DA TEORIA DA CAUSA MADURA
O Código de Ritos é expresso em seu art. 1.013, § 3º, inciso I e § 4º, ao afirmar que se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o Tribunal deve decidir desde logo o mérito quando reformar sentença fundada no art. 485, bem como no caso de reformar sentença que reconheça a decadência ou prescrição, conforme o caso dos autos.
Elpídio Donizeti, em se tratando da Teoria da Causa Madura, com a clareza que lhe é peculiar, ensina-nos que:
“O inciso I do § 3º autoriza, ou melhor, compele o tribunal a decidir desde logo o mérito quando se tratar de provimento da apelação interposta contra sentença que não resolve o mérito. No CPC/1973 (art. 515, § 3º) essa era a única hipótese na qual era lícito ao tribunal, em sede recursal, julgar originariamente a causa, mesmo assim, na literalidade do dispositivo, apenas quando esta versasse “questão de direito” (expressão que não foi repetida no dispositivo do CPC/2015) e estivesse em condições de imediato julgamento. É certo que a jurisprudência vinha alargando essa possibilidade, o que motivou o legislador a seguir idêntica linha. Essa possibilidade de julgamento originário não integra o âmbito da dispositividade do recorrente, antes, insere-se na inquisitoriedade do órgão julgador. Independentemente de requerimento, preenchidas as condições previstas no § 3º, o tribunal julgará o mérito. Apenas na hipótese do inciso III é que o julgamento do pedido diretamente pelo tribunal pressupõe pedido da parte”. [...] De acordo com o § 4º do art. 1.013, “quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau”. Seguindo a linha da translação, o referido dispositivo compele o tribunal a examinar as questões remanescentes quando, no julgamento da apelação, reformar a sentença que reconheceu a prescrição ou decadência. Na sistemática do CPC/1973, com raras exceções, afastada a prescrição, os autos eram devolvidos ao primeiro grau, para julgamento das demais questões. Com o novo CPC, não havendo necessidade de provas, o tribunal julgará as questões remanescentes. Ora, se assim vai proceder, obviamente não determinará o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau. Ao consignar que “o tribunal julgará o mérito”, o legislador passa a impressão de que prescrição e decadência não constituem matéria de mérito, o que sabidamente não é tecnicamente correto. Contudo, deve-se aqui entender mérito como o pedido com a respectiva causa de pedir. (DONIZETI, Elpídio. Curso didático de Direito Processual Civil. São Paulo, 2017. p. 1639-1641).
Nessa toada, tendo em vista que a r. sentença guerreada encontra-se fundada no art.485, VI e art. 487, II ambos do CPC/15, requer-se a aplicação da Teoria da Causa Madura no julgamento do presente recurso pelo Tribunal, pugnando-se pela total procedência dos pedidos autorias, a teor do art. 1.013, § 3º, inciso I e § 4º do CPC.
- VI -
DO PREQUESTIONAMENTO:
Caso o presente recurso não seja provido e pretendendo o apelante recorrer à superior instância diante do inafastável interesse recursal, requer, desde já, o prequestionamento explícito das matérias de ordem federal e constitucionais aqui ventiladas, inclusive dos artigos da Constituição da República e das leis federais.
-VII-
DOS PEDIDOS:
Pelo exposto, o Apelante requer seja conhecido e provido o presente recurso para afastar da r. sentença recorrida ao reconhecimento da decadência do direito autoral, bem como da ilegitimidade do recorrido LOJAS DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA. Após, pugna-se que seja aplicada a Teoria da Causa Madura para que o egrégio tribunal se debruce sobre a matéria de mérito e julgue totalmente procedente os pleitos autorais, haja vista que o processo encontra-se maduro para o seu julgamento em 2ª instância, a teor do art. 1.013, § 3º, inciso I e § 4º do CPC/15. Caso este não seja o entendimento de Vossas excelências, requer-se a remessa dos autos a inferior instancia para que seja prolatada nova sentença.
Termos em que,
Pede deferimento.
Nova Friburgo, 30 de outubro de 2017.
 
ADVOGADO
OAB/UF XXX
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