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A teoria psicanalitica de freud

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1 
 
 A teoria psicanalítica - Freud 
Quando a psicologia emergiu como uma disciplina científica independente na Alemanha, em meados 
do século XIX,ela definiu sua tarefa como a análise da consciência no ser humano normal, adulto. 
A tarefa da psicologia era descobrir os elementos básicos da consciência e determinar como eles 
formavam compostos. A psicologia era muitas vezes referida como química mental. As objeções a esse tipo 
de psicologia vieram de muitas direções e por uma variedade de razões. Havia aqueles que se opunham à 
ênfase exclusiva na estrutura e insistiam com considerável vigor que as características notáveis da mente 
consciente eram seus processos ativos e não seus conteúdos passivos. Sentir, e não as sensações, pensar, e 
não as ideias, imaginar, e não as imagens - esses processos, afirmava-se, deveriam ser o principal assunto 
da ciência da psicologia. Outros protestavam que a experiência consciente não podia ser dissecada sem 
destruir a própria essência da experiência, a saber, sua qualidade de totalidade. A consciência direta, 
diziam, consiste em padrões ou configurações e não em elementos reunidos. Um outro grupo grande e 
barulhento afirmava que a mente não era suscetível a investigações pelos métodos da ciência por ser 
demasiadamente privada e subjetiva. Eles queriam que a psicologia fosse definida como a ciência do 
comportamento. 
O ataque de Freud à tradicional psicologia da consciência veio de uma direção muito diferente. Ele 
comparou a mente a um iceberg: a parte menor que aparecia acima da superfície da água representava a 
região da consciência, enquanto a massa muito maior abaixo da água representava a região do 
inconsciente. Nesse vasto domínio do inconsciente, encontramos os impulsos, as paixões, as ideias e os 
sentimentos reprimidos, um grande mundo subterrâneo de forças vitais, invisíveis, que exercem um 
controle imperioso sobre os pensamentos e as ações dos indivíduos. Desse ponto de vista, uma psicologia 
que se limita a analise da consciência é totalmente inadequada para compreender os motivos subjacentes 
do comportamento humano. 
Por mais de 40 anos, Freud explorou o inconsciente pelo método da associação livre e desenvolveu o 
que geralmente é considerado como a primeira teoria abrangente da personalidade. Ele traçou os 
contornos de sua topografia, penetrou nas fontes de sua corrente de energia e diagramou o curso legítimo 
deseu desenvolvimento. Ao realizar essas façanhas incríveis, ele se tornou uma das figuras mais 
controversas e influentes do nosso tempo. (Para um relato do status do inconsciente antes de Freud, ver 
White, 1962). 
História pessoal 
Sigmund Freud nasceu na Morávia, em 6 de maio de 1856, e morreu em Londres, em 23 de setembro de 
1939. Por quase 80 anos, todavia, ele morou em Viena, e só saiu daquela cidade quando os nazistas 
invadiram a Áustria. Quando jovem, ele decidiu que queria ser cientista. Com esse objetivo em mente, 
ingressou na escola de medicina da Universidade de Viena em 1873, formando-se oito anos mais tarde. 
Mesmo com o atendimento aos pacientes, ele encontrava tempo para pesquisar e escrever, e suas 
realizações como investigador médico granjearam-lhe uma sólida reputação. 
O interesse de Freud pela neurologia fez com que se especializasse no tratamento de transtornos 
nervosos, um ramo da medicina que ficara para trás na marcha ativa das artes curadoras durante oséculo 
XIX. Embora tentasse a hipnose com seus pacientes, Freud não ficou muito impressionado com sua eficácia. 
 
 
DESENVOLVIMENTO HUMANO. II - Turma: 3003 
2 
 
Consequentemente, quando ouviu falar sobre um novo método desenvolvido por um médico vienense, 
Joseph Breuer, um método pelo qual o paciente era curado dos sintomas ao falar sobre eles, Freud o 
experimentou e o achou efetivo. Entretanto, os dois logo divergiram sobre a importância do fator sexual na 
histeria. Freud considerava que os conflitos sexuais eram a causa da histeria, enquanto Breuer adotava uma 
visão mais conservadora. A partir de então, Freud trabalhou praticamente sozinho, desenvolvendo as ideias 
que seriam os fundamentos da teoria psicanalítica. 
Para o leitor que não está familiarizado com a teoria da personalidade de Freud, recomendamos os 
seguintes livros: A Interpretação dos Sonhos (1900), A Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901), 
Conferências Introdutórias Gerais à Psicanálise (1917), Novas Conferências Introdutórias à Psicanálise 
(1933) e Esboço daPsicanálise (1940). No seguinte relato das ideias de Freud, trataremosapenas das 
questões relativas à sua teoria da personalidade. 
A estrutura da personalidade 
A personalidade é constituída por três grandes sistemas: o id, o ego e o superego. Embora cada uma 
dessas partes da personalidade total tenha suas próprias funções, propriedades, componentes, princípios 
de operação, dinamismos e mecanismos, elas interagem tão estreitamente que é difícil, senão impossível, 
desemaranhar seus efeitos e pesar sua relativa contribuição ao comportamento humano. O 
comportamento é quase sempre o produto de uma interação entre esses três sistemas; e raramente um 
sistema opera com a exclusão dos outros dois. 
O Id 
O id é o sistema original da personalidade: ele é a matriz da qual se originaram o ego e o superego. O 
id consiste em tudo que é psicológico, que é herdado e que se acha presente no nascimento, incluindo os 
instintos. Ele é o reservatório da energia psíquica e fornece toda a energia para a operação dos outros dois 
sistemas. Ele está em estreito contato com os processos corporais, dos quais deriva sua energia. Freud 
chamou o id de “averdadeira realidade psíquica" porque ele representa o mundo interno da experiência 
subjetiva e não tem nenhum conhecimento da realidade objetiva. 
O id não tolera aumentos de energia, que são experienciados como estados de tensão 
desconfortáveis. Consequentemente, quando o nível de tensão do organismo aumenta, como resultado ou 
de estimulação externa ou de excitações internamente produzidas, o id funciona de maneira a descarregar 
a tensão imediatamente e a fazer o organismo voltar a um nível de energia confortavelmente constante 
ebaixo. Esse princípio da redução de tensão pelo qual o id opera é chamado de princípio do prazer. 
Para atingir seu objetivo de evitar dor e obter prazer, o id tem sob seu comando dois processos: as 
ações reflexas e o processo primário. As ações reflexas são reações inatas e automáticas como espirrar e 
piscar, e, geralmente, reduzem a tensão imediatamente. O organismo está equipado com vários desses 
reflexos para lidar com formas relativamente simples de excitação. O processo primário envolve uma 
reação psicológica um pouco mais complicada. Ele tenta descarregar a tensão, formando a imagem de um 
objeto que vai remover a tensão. Por exemplo, o processo primário apresenta à pessoa faminta a imagem 
mental de um alimento. Essa experiência alucinatória em que o objeto desejado é apresentado na forma de 
uma imagem de memória é chamada de realização do desejo. O melhor exemplo do processo primário nas 
pessoas normais é o sonho noturno, que Freud acreditava representar sempre a realização ou a tentativa 
de realização de um desejo. As alucinações e as visões dos pacientes psicóticos também são exemplos do 
processo primário. Essas imagens mentais de realização do desejo são a única realidade conhecida pelo Id. 
3 
 
Obviamente, o processo primário sozinho não é capaz de reduzir a tensão. A pessoa faminta não 
pode comer as imagens mentais de comida. Consequentemente, desenvolve-se um processo psicológico 
novo ou secundário. Quando isso ocorre, a estrutura do segundo sistema da personalidade, o ego, começa 
a tomar forma. 
O Ego 
 O ego passa a existir porque asnecessidades do organismo requerem transações apropriadas com o 
mundo objetivo da realidade. A pessoa faminta tem de buscar, encontrar e comer o alimento para que a 
tensão da fome seja eliminada. Isso significa que a pessoa precisa aprender a diferenciar entre urna 
imagem mnemônica do alimento e uma percepção real do alimento conforme ele existe no mundo 
externo. Tendo feito essa diferenciação crucial, é necessário converter a imagem em uma percepção, o que 
se consegue localizando-se o alimento no ambiente. Em outras palavras, a pessoa compara a imagem 
mnemônica do alimento com a visão ou com o aroma do alimento conforme lhe chegam pelos sentidos. A 
distinção básica entre o id e o ego é que o id só conhece a realidade subjetiva da mente, ao passo que o 
ego distingue as coisas na mente das coisas no mundo externo. 
Dizemos que o ego obedece ao princípio da realidade e opera por meio do processo secundário. O 
objetivo do princípio da realidade é evitar a descarga de tensão até ser descoberto um objeto apropriado 
para a satisfação da necessidade. O princípio da realidadesuspende temporariamente o princípio do prazer, 
mas o princípio do prazer é eventualmente atendido quando o objeto necessário é encontrado e quando a 
tensão é então reduzida. O princípio da realidade pergunta se uma experiência é verdadeira ou falsa - isto 
é, se tem existência externa ou não - enquanto o princípio do prazer só quer saber se a experiência é 
dolorosa ou prazerosa. 
O processo secundário é o pensamento realista. Por meio do processo secundário, o ego formula um 
plano para a satisfação da necessidade e depois o testa, normalmente com algum tipo de ação, para ver se 
ele vai funcionar ou não. A pessoa faminta pensa sobre onde pode encontrar comida e depois segue para 
aquele lugar. Isso é chamado de teste derealidade. Para desempenhar seu papel eficientemente, o ego tem 
controle sobre todas as funções cognitivas e intelectuais; esses processos mentais superiores são colocados 
a serviço do processo secundário. 
Afirmamos que o ego é o executivo da personalidade porque ele controla o acesso à ação, seleciona 
as características do ambiente às quais irá responder e decide que instintos serão satisfeitos e de que 
maneira. Ao realizar essas funções executivas imensamente importantes, o ego precisa tentar integrar as 
demandas muitas vezes conflitantes do id, do superego e do mundo externo. Essa não é uma tarefa fácil e 
em geral coloca grande tensão sobre o ego. 
Mas devemos lembrar que o ego é a porção organizada do id, que passa a existir para atingir os 
objetivos do id e não para frustrá-los, e que todo o seu poder se deriva do id. Ele não existe separadamente 
do id, e nunca se torna completamente independente dele. Seu principal papel é o de mediador entre as 
exigências instintuais do organismo e as condições do ambiente circundante; seus objetivos supra-
ordenados são manter a vida do indivíduo e assegurar que a espécie se reproduza. Freud certa vez resumiu 
o quinhão do ego dizendo que ele tinha "três duros senhores": o id, a realidade externa e o superego. 
O Superego 
O terceiro e último sistema da personalidade a se desenvolver é o superego. Ele é o representante 
interno dos valores tradicionais e dos ideais da sociedade conforme interpretados para a criança pelos pais 
e impostos por um sistema de recompensas e de punições.O superego é a força moral da personalidade. 
4 
 
Ele representa o ideal mais do que o real e busca a perfeiçãomaisdo que o prazer. Sua principal 
preocupação é decidir se alguma atitude é certa ou errada, para poderagir de acordo com os padrões 
morais autorizados pelos agentes da sociedade. 
O superego, como árbitro moral internalizado de conduta, desenvolve-se em resposta às 
recompensas e punições impostas pelos pais. Para obter as recompensas e evitar os castigos, a criança 
aprende a orientar seu comportamento de acordo com os pais. Tudo o que eles dizem ser impróprio e, por 
isso, castigam a criança por fazer, tende a ser incorporado à sua consciência, que é um dos dois 
subsistemas do superego. Tudo oque eles aprovam e, por isso, recompensam a criança por fazer, tende a 
ser incorporado ao seu ideal do ego, o outro subsistema do superego. O mecanismo pelo qual ocorre essa 
incorporação é chamado de introjeção. A criança absorve ou introjeta os padrões morais dos pais. A 
consciência pune a pessoa, fazendo-a sentir-seculpada; o ideal do ego recompensa a pessoa, fazendo-a 
sentir-se orgulhosa. Com a formaçãodo superego, o autocontrole substitui o controle parental. 
As principais funções do superego são (1) inibir os impulsos do id, especialmente aqueles de natureza 
sexualou agressiva, uma vez que estes são os impulsos cuja expressão é mais condenada pela sociedade; 
(2) persuadir o ego a substituir objetivos realistas por objetivos moralistas; e (3) buscar a perfeição. Isto é, o 
superego está inclinado a se opor tanto ao id quanto ao ego e a reformar o mundo segundo sua própria 
imagem. Entretanto, ele é como o id ao ser não-racional e como o ego ao tentar exercer controle sobre os 
instintos. Diferentemente do ego, o superego não se satisfaz em adiar a gratificação instintiva; ele tenta 
bloqueá-la permanentemente. 
Nós concluímos essa breve descrição dos três sistemas da personalidade salientando que o id, o ego 
e o superego não devem ser pensados como homúnculos que operam a personalidade. Eles são apenas 
nomes para vários processos psicológicos que obedecem a diferentes princípios de sistemas. Em 
circunstâncias comuns, esses diferentes princípios não colidem um como outro e nem têm propósitos 
opostos. Pelo contrário, eles trabalham juntos, como uma equipe, sob a liderança administrativa do ego. A 
personalidade normalmente funciona como um todo, e não como três segmentos separados. 
A dinâmica da personalidade 
Um instinto [pulsão] é definido como uma representação psicológica inata de uma fonte somática 
interna de excitação. A representação psicológica é chamada de desejo, e a excitação corporal da qual se 
origina é chamada de necessidade. Assim, o estado de fome pode ser descrito em termos fisiológicos como 
uma condição de déficit nutricional nos tecidos do corpo, ao passo que psicologicamente ela é 
representada como um desejo de alimento. O desejo age como um motivo para o comportamento. 
A dinâmica da personalidade consiste na maneira pela qual a energia psíquica é distribuída e 
utilizada pelo id, ego esuperego. Originalmente o id possui toda a energia e a utiliza para a ação para a 
realização do desejo por meio do processo primário. Ambas as atividades estão a serviço direto do princípio 
do prazer, pelo qual o id opera. O investimento de energia em uma ação ou imagem que vai gratificar 
apulsão é chamado de escolha objetal. 
O deslocamento de energia de um objeto para outro é o aspecto mais importante da dinâmica da 
personalidade. Ele explica a aparente plasticidade da natureza humana e a notável versatilidade do 
comportamento humano. Praticamente todos os interesses, preferências, gostos, hábitos e atitudes 
adultas representam os deslocamentos de energia das escolhas de objeto originais. A teoria de Freud da 
motivação baseava-se solidamente na suposição de que a pulsão é a única fonte de energia para o 
comportamento humano. 
5 
 
As mudanças de energia súbitas e imprevisíveis de um sistema para outro são comuns, 
especialmente durante as duas primeiras décadas de vida, antes que a distribuição de energia tenha se 
tornado mais ou menos estabilizada. Essas mudanças de energia mantêm a personalidade em um estado 
de fluxo dinâmico. Freud era pessimista em relação às chances de a psicologia setornar uma ciência exata 
porque, como ele salientava, até uma mudança muito pequena na distribuiçãoda energia poderia fazer a 
balança pender em favor de uma forma de comportamento e não da oposta. 
Quem pode dizer se a pessoa em pé no parapeito da janela vai pular ou não, ou se o atacante do 
time de futebol vai falhar ou conseguir fazer o gol e obter a vitória? Na análise final, a dinâmica da 
personalidade consiste na interação das forças pulsionais (catexias) e das forças restritivas (anticatexias). 
Todos os conflitos da personalidade podem ser reduzidos à oposição entre esses dois conjuntos de forças. 
Toda tensão prolongada se deve à oposição entre uma força pulsional e uma força restritiva. Seja uma 
anticatexia do ego oposta a uma catexiado id ou uma anticatexia do superego oposta a uma catexia do ego, 
o resultado em termos de tensão é o mesmo. Como Freud gostava de dizer, a psicanálise é "uma 
(concepção) dinâmica, que investiga a vida mental na interação entre forças que favorecem ou inibem uma 
à outra" (19100 p. 213). 
Ansiedade 
A dinâmica da personalidade é em grande extensão governada pela necessidade de gratificar as 
próprias necessidades por meio de transações com objetos no mundo externo. O ambiente circundante 
provê o organismo faminto com alimento, e o sedento, com água. Além de seu papel como fonte dos 
suprimentos, o mundo externo desempenha um outro papel importante como moldador do destino da 
personalidade. O ambiente contém regiões de perigo e insegurança; ele pode ameaçar, assim como 
satisfazer. O ambiente tem o poder de produzir dor e aumentar a tensão, assim como de trazer prazer e 
reduzir a tensão. Ele perturba, assim como conforta. Sentir medo é a reação costumeira do indivíduo às 
ameaças externas de dor e destruição com as quais não está preparado para lidar. A pessoa ameaçada 
normalmente é uma pessoa com medo. Esmagado pela estimulação excessiva que não consegue controlar, 
o ego é inundado pela ansiedade. 
Freud reconheceu três tipos de ansiedade: ansiedade de realidade, ansiedade neurótica e ansiedade 
moral, ou sentimentos de culpa. O tipo básico é a ansiedade de realidade, ou o medo de perigos reais no 
mundo externo; dele se derivam os outros dois. A ansiedade neurótica é o medo de que as pulsões 
escapem ao controle e levem a pessoa a tomar alguma atitude pela qual ela será punida. A ansiedade 
neurótica não é tanto o medo às pulsões quanto o medo da punição que provavelmente se seguirá à 
gratificação pulsional. A ansiedade neurótica tem uma base na realidade, porque o mundo, conforme 
representado pelos pais e outras autoridades, realmente pune a criança por ações impulsivas. A ansiedade 
moral é o medo da consciência. As pessoas com superegos bem-desenvolvidos tendem a sentir culpa 
quando praticam algum ato ou, inclusive, quando pensam em fazer alguma ação contrária ao código moral 
pelo qual foram criadas. Dizemos que são aprisionadas pela consciência. A ansiedade moral também tem 
uma base realista, pois a pessoa foi punida no passado por violar o código moral e pode ser punida 
novamente. 
A função da ansiedade é alertar a pessoa em relação a um perigo iminente; ela é um sinal para o ego 
de que, amenos que sejam tomadas medidas apropriadas, o perigo pode aumentar até o ego ser 
aniquilado. A ansiedade é um estado de tensão; é uma pulsão comoa fome ou o sexo, mas, em vez de 
surgir das condições totalmente internas, é produzida originalmente por causas externas. Quando a 
ansiedade é despertada, ela motiva a pessoa a fazer algo. Ela pode fugir da região ameaçadora, inibir o 
impulso perigoso ou obedecer à voz da consciência. 
6 
 
A ansiedade que não pode ser manejada com medidas efetivas é chamada de traumática. Ela reduz a 
pessoa a um estado de desamparo infantil. De fato, o protótipo de toda ansiedade posterior é o trauma do 
nascimento. O neonato é bombardeado com estímulos do mundo para os quais não está preparado e aos 
quais não consegue se adaptar. O bebê precisa de um ambiente protegido até o ego ter tido a chance de se 
desenvolver a ponto de conseguir dominar os fortes estímulos do ambiente. Quando o ego não consegue 
lidar com a ansiedade por métodos racionais, ele tem de recorrer a métodos irrealistas. Esses métodos são 
os chamados mecanismos de defesa do ego, que serão discutidos na seção seguinte. 
O desenvolvimento da personalidade 
Freud foi provavelmente o primeiro teórico da psicologia a enfatizar os aspectos desenvolvimentais 
da personalidade e em particular o papel decisivo dos primeiros anos do período de bebê e da infância 
como formadores da estrutura de caráter básica da pessoa. Na verdade, Freud considerava que a 
personalidade já estava muito bem formada pelo final do quinto ano de vida e que o desenvolvimento 
subsequente era praticamente só a elaboração dessa estrutura básica. Ele chegou a essa conclusão com 
base em suas experiências com pacientes que se submetiam à psicanálise. Inevitavelmente, suas 
explorações mentais os levavam de volta a experiências da infância inicial que pareciam decisivas para o 
desenvolvimento de uma neurose mais tarde na vida. Freud acreditava que "a criança é o pai do homem". É 
interessante, em vista de sua forte preferência por explicações do comportamento adulto, que Freud 
raramente tenha estudado as crianças pequenas diretamente. Ele preferia reconstruir a vida passada da 
pessoa a partir de evidências fornecidas por lembranças adultas. 
A personalidade se desenvolve em resposta a quatro fontes importantes de tensão: (1) processos de 
crescimento fisiológico, (2) frustrações, (3) conflitos e (4) ameaças. Como uma consequência direta de 
aumentos de tensão emanando dessas fontes, a pessoa é forçada a aprender novos métodos de reduzir a 
tensão. Tal aprendizagem é o que seria o desenvolvimento da personalidade. A identificação e o 
deslocamento são dois métodos pelos quais o indivíduo aprende a resolver as frustrações, os conflitos e as 
ansiedades. 
Os Mecanismos de Defesa do Ego 
Sob a pressão de excessiva ansiedade, o ego às vezes é forçado a tomar medidas extremas para 
aliviar a pressão. Essas medidas são chamadas de mecanismos de defesa. Todos os mecanismos de defesa 
têm duas características em comum: (1) eles negam, falsificam ou distorcem a realidade e (2) eles operam 
inconscientemente, de modo que a pessoa não tem consciência do que está acontecendo. 
Repressão - O termo repressão significa, “reprimir, esmagar, oprimir, impedir de se 
manifestar”.Dizemos que ocorre repressão quando uma escolha de objeto que provoca um alarme 
indevido é empurrada para fora da consciência. Por exemplo, podemos impedir que uma memória 
perturbadora setorne consciente, ou que uma pessoa não enxergue algo que está bem à vista porque a 
percepção daquilo está reprimida. 
Arepressão pode inclusive interferir no funcionamento normal do corpo. Alguém pode ficar 
sexualmente impotente porque tem medo do impulso sexual, ou desenvolver uma artrite em consequência 
de sentimentos de hostilidade reprimidos. As repressões podem encontrar expressão na forma de um 
deslocamento. Para que o deslocamento consiga impedir o redespertar da ansiedade, ele precisa estar 
disfarçado em alguma forma simbólica adequada. Um filho que reprimiu seus sentimentos hostis em 
relação ao pai pode expressar esses sentimentos hostis diante de outros símbolos de autoridade. 
7 
 
Projeção- Normalmente é mais fácil para o ego lidar com a ansiedade de realidade do que com a 
ansiedade neurótica ou a moral. Consequentemente, se a fonte da ansiedade pode ser atribuída ao mundo 
externo em vez de aos impulsos primitivos do indivíduo ou às ameaças da consciência, a pessoa 
provavelmente obterá maior alívio para a condição ansiosa. Esse mecanismo pelo qual a ansiedade 
neurótica ou moral é convertida em um medo objetivo é chamado de projeção. Tal conversãoé feita 
facilmente, porque a fonte original tanto da ansiedade neurótica quanto da moral é o medo de ser 
castigado por um agente externo. Na projeção, alguém simplesmente diz: "Ela me odeia" em vez de "Eu a 
odeio" ou "Ele está me perseguindo" em vez de "Minha consciência está me perturbando". A projeção 
geralmente tem um propósito duplo. Ela reduz a ansiedade ao substituir um perigo maior por um menor, e 
permite que a pessoa que está projetando expresse seus impulsos sobodisfarce de defender-se dos 
inimigos. 
Racionalização.Este mecanismo de defesa é o processo pelo qual procuramos justificar nosso 
comportamento ou sentimento à luz daquilo que julgamos ser correto, ou seja, o meio pelo qual 
procuramos tornar nossos impulsos mais aceitáveis ao nosso próprio eu. O sujeito procura apresentar uma 
explicação coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral. Ex: quando alguém 
tenta explicar sua obsessão por doenças dizendo que se preocupa com a saúde 
Sublimação.Sublimação é o mecanismo de defesa pelo qual o eu encontra a satisfação dos impulsos 
sexuais que não pôde expressar em termos biológicos e afetivos em atividades artísticas, religiosas e 
beneméritas. Quando há um desvio e descarga de um impulso inoportuno para uma atividade socialmente 
aceita, mas que não deixe rastros de ressentimento ou sofrimento. A impossibilidade de ter filhos, por 
exemplo, é sublimada pelo afeto a bichinhos de estimação; cachorros, gatos. Pugilista ou cirurgião que 
dirigem sua agressividade para uma prática esportiva ou de cura. Uma pessoa que canaliza seus desejos 
sexuais para uma atividade voluntária ou religiosa. 
Negação.É a defesa que se baseia em negar a dor, ou outras sensações de desprazer. É considerado 
um dos mecanismos de defesa menos eficazes. Podemos citar como exemplo o comportamento de crianças 
de “mentir”, negando ações que realizaram e que gerariam castigos. Outro exemplo são pais que se 
recusam a lidar com a sexualidade dos filhos (ou simplesmente perceber que cresceram). Ou quando uma 
pessoa não assume que pode ter sentimentos afetivo-sexuais por um membro da família. 
Estágios de Desenvolvimento 
A criança atravessa uma série de estágios dinamicamente diferenciados durante os primeiros 
cincoanos devida, depois dos quais a dinâmica fica mais ou menos estabilizada por uns cinco ou seis anos - 
o período de latência. Com o advento da adolescência, a dinâmica irrompe outra vez e depois 
gradualmente se acomoda à medida que o adolescente entra na idade adulta. Para Freud, os primeiros 
anos de vida são decisivos para a formação da personalidade. 
Cada estágio de desenvolvimento durante os primeiros cinco anos é definido em termos dos modos 
de reação de uma zona específica do corpo. Durante o primeiro estágio, que dura cerca de um ano, a boca 
é aprincipalregião de atividade dinâmica. O estágio oralé seguido pelo desenvolvimento de catexias e de 
anticatexias em relação às funções eliminativas, o chamadoestágio anal. Ele acontece no segundo ano de 
vidaeé seguido pelo estágio fálico, em que os órgãos sexuaisse tornam as zonas erógenas mais 
importantes. Esses estágios - oral, anal e fálico - são chamados de estágios pré-genitais. Acriança então 
atravessa um prolongadoperíodo de latência, os chamados anos de tranquilidade, dinamicamente falando. 
Durante esse período,os impulsos tendem a ser mantidos em um estadode repressão. O ressurgimento da 
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dinâmica na adolescênciareativa os impulsos pré-genitais. Se eles foremsatisfatoriamente deslocados e 
sublimados pelo ego,apessoa passa para o estágio final da maturidade,o estágio genital. 
Omodelo desenvolvimental de Freud baseia-se na suposiçãoda sexualidade infantil. Isto é, os 
estágios representam uma sequência normativa de diferentes modos de gratificar os impulsos sexuais, e é 
a maturação física a responsável pela sequência de zonas erógenas e de estágios correspondentes. Os 
estágios são chamados de "psicossexuais" porque são as pulsões sexuais que levam à aquisição das 
características psicológicas.Freud é frequentemente mal-entendido nesse ponto. Quando usou o termo 
"sexualidade", ele não estava se referindo exclusivamente à sexualidadegenital; melhor dizendo, as forças 
sexuaisque induzem os estágios desenvolvimentais refletem tipos diferentes de prazer corporal. Os locais 
de prazer corporal mudam conforme a maturação física que leva a uma sequência normativa de zonas 
erógenas, cada uma com um conjunto diferente de ações e objetos característicos. Essa relação entre o 
físico e o psicológico continua, pois muitos dos traços de caráter associados a um estágio específico são 
transformações de atos físicos característicos daquele estágio específico. Por exemplo, o bebê que 
literalmente tenta engolir tudo durante o estágio oral pode-se tornar o adulto crédulo que aceita ou 
figurativamente "engole" tudo o que as outras pessoas dizem. Ou o bebê que morde agressivamente pode 
se tornar o adulto sarcástico, com um humor "mordaz". Esses exemplos podem parecer extremos, mas 
observem que o processo de fixação em si é muito razoável. Na verdade, a noção de uma continuação ou 
de um retorno a modos estabelecidos de comportamento é a essência das abordagens da teoria da 
aprendizagem ao comportamento e à personalidade. 
Resumo dos textos: 
Cap. 2 A teoria psicanalítica clássica de Sigmund Freud, pp. 50-81. In: HALL, Calvin S; GARDNER Lindzey e 
JOHN B. Campbell. Tradução Maria Adriana Verissimo Veronese. 4.ed. - Porto Alegre: Artes Médicas Sul. 
2000. 
ROSA, Merval. Psicologia evolutiva: problemática do desenvolvimento. Vol. 1. 4ª ed. Petrópolis. RJ.: Vozes, 
1988. p. 111-119

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