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Direito da Infancia e da Juventude Unidade 03

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Núcleo de Educação a Distância - NEAD
Universidade de Fortaleza - Unifor 
Direito da Infância e da Juventude
Unidade 03
33
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
 Sumário
1. Da Origem da Família 34
2. Dos Princípios Constitucionais Relativos à Família 35
3. Noção Atual de Família Natural 39
4. Colocação em Família Substituta 41
Referências 44
Créditos 46
Anotações 47
34
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
 Unidade 03 - Convivência Familiar e Comunitária
Olá, essa é a Nota de Aula da 3ª unidade da disciplina Direito da Infância e da Juventude. Para alcançar 
uma melhor compreensão do assunto é importante que você assista às web-aulas e consulte dicas e complementos sugeridos no 
decorrer da disciplina. Boa leitura! 
Objetivo
Analisar o direito fundamental à convivência familiar e comu-
nitária, abordando a instituição família nas suas mais variadas 
roupagens. 
1. Da Origem da Família
Destaque-se que a família é instituição preexistente ao Direito, que pode ser considerada como o 
primeiro núcleo social, passando por muitas transformações no transcorrer do tempo. Considerada por 
muitos como base da sociedade, desenvolvendo-se conjuntamente com o próprio ser humano, por essa 
razão a história da família confunde-se com o próprio desenvolvimento da sociedade, com a passagem do 
homem pelo estado selvagem, chegando a parâmetros considerados caracterizadores da civilização.
Observa-se que a habilidade do ser humano em interferir no mundo que o cerca, aumentando a 
sofisticação com a qual atuava sobre os objetos naturais, em especial quando deixa de ser nômade e torna-
se sedentário, é o paradigma para os primeiros indícios de civilização. 
Friedrich Engels, na célebre obra A origem da família da propriedade privada e do Estado, segmenta o 
desenvolver histórico das estruturas da família em quatro diferentes momentos: família consanguínea, 
família punaluana, família pré-monogâmica, e por fim, a hodierna família monogâmica (ENGELS, 1987).
A última etapa, representada pela família monogâmica, tinha como uma das características centrais 
o patriarcalismo, com o homem sendo a figura central de autoridade ou, como muito bem descreveu 
Fustel de Coulanges (1961) em outra obra clássica: A Cidade Antiga, que o pai era o patriarca, o sacerdote 
da religião doméstica, o verdadeiro herdeiro do lar, o continuador da linhagem dos ancestrais e legítimo 
tronco dos descendentes. Outrossim, pode-se apontar outra característica marcante da família que perdurou 
durante séculos, essa apontada por Philippe Airés (1981, p. 10):
35
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
Essa família antiga tinha por missão – sentida por todos – a conservação dos bens, a prática comum 
de um ofício, a ajuda mútua quotidiana num mundo em que um homem, e mais ainda uma mulher 
isolados não podiam sobreviver, e ainda nos casos de crise, a proteção da honra e das vidas. Ela não 
tinha função afetiva. [...] o sentimento entre os cônjuges, entre os pais e filhos não era necessário à 
existência nem ao equilíbrio da família: se ele existisse, tanto melhor.
Portanto, a família, durante muito tempo, era patriarcal e hierarquizada, com caráter reprodutivo e 
produtivo, estando o afeto muito distante de compor o núcleo estrutural do conceito de família. Entretanto, 
como já dito, a família tem como característica marcante uma constante mutação ao longo do tempo, e 
sobre o tema, leciona Maria Berenice Dias (2013, p. 28):
Esse quadro não resistiu à revolução industrial, que fez aumentar a necessidade de mão de obra, 
principalmente para desempenhar atividades terciárias. Foi assim que a mulher ingressou no 
mercado de trabalho, deixando o homem de ser a única fonte de subsistência da família. A estrutura 
da família se alterou, tornou-se nuclear, restrita ao casal e a sua prole. Acabou a prevalência do seu 
caráter produtivo e reprodutivo. A família migrou do campo para as cidades e passou a conviver em 
espaços menores. Isso levou à aproximação dos seus membros, sendo mais prestigiado o vínculo 
afetivo que envolve seus integrantes. Surge a concepção de família formada por laços afetivos de 
carinho, de amor. A valorização do afeto nas relações familiares deixou de se limitar apenas ao 
momento de celebração do matrimônio, devendo perdurar por toda relação. Disso resulta que, 
cessado o afeto, está ruída a base de sustentação da família, e a dissolução do vínculo do casamento 
é o único modo de garantir a dignidade da pessoa.
Dessa forma, a família ganha uma nova acepção: não é somente formada por ascendentes, 
descendentes e não se origina exclusivamente pelo matrimônio. A família atual busca a realização plena 
dos seus membros, envolvendo mais a afetividade que a propriedade. Nasce assim o conceito de família 
eudemonista ou família afetiva, que transforma o conceito da família, posto que por esta acepção a família 
se torna o refúgio das pessoas contra as pressões econômicas, sendo o mais importante a intensidade das 
relações pessoais entre seus membros (GRIGOLETO, 2004).
No que tange ao reflexo dessas transformações sociais no campo da dogmática jurídica do direito 
pátrio, como já aludido na Unidade I, a constituição Federal de 1988 representou grande avanço na garantia 
de direitos fundamentais, traduzindo inclusive muitos dos anseios vanguardistas da sociedade da época, 
albergando conteúdo axiológico voltado para diversos ramos do Direito, dentre eles, pode-se identificar 
alguns princípios constitucionais relativos à família.
2. Dos Princípios Constitucionais Relativos à Família
Primeiramente, reitere-se que, conforme exposto na Unidade I, o Direito da Infância e da Juventude 
é ramo do Direito plenamente dotado de autonomia, não mais permanecendo incorporado ao Direito de 
Família. Entretanto, ainda assim, a presente disciplina é transversalmente influenciada por diversos outros 
ramos da dogmática jurídica, com destaque para o Direito de Família.
36
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
Ademais, a compreensão do hodierno pós-positivismo jurídico é a de que a Constituição Federal 
expressa um sistema de valores que irradiam por toda a ordem jurídica que lhe é subordinada. Dessa 
forma, necessário se faz, mas que apenas de passagem, aludirmos aos princípios constitucionais relativos 
à família. 
Maria Berenice Dias (2013) traz alguns princípios norteadores dos direitos das famílias, a título 
exemplificativo, quais sejam: da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da igualdade e respeito à 
diferença, da solidariedade familiar, do pluralismo das entidades familiares, da proteção integral a crianças, 
adolescentes, jovens e idosos, da proibição do retrocesso social, da afetividade. A seguir serão brevemente 
destacados alguns desses princípios.
Primeiramente, destaque-se que a hodierna concepção de dignidade humana tem raízes no 
pensamento de Immanuel Kant, para quem o ser humano não poderia ser utilizado como meio para ao 
aprazimento da vontade de outrem, fosse o Estado ou um particular, uma vez que não é um objeto, pelo 
contrário, o ser humano é um fim em si mesmo, ou seja, um sujeito (KANT, 1996).
Importante
O princípio da dignidade da pessoa humana é considerado 
o principal e mais amplo princípio da Constituição Federal de 
1988, um superprincípio, pois, na verdade, é um atributo ine-
rente à condição do ser humano, preexistindo ao próprio texto 
constitucional, que meramente a declara e não o cria ou institui, 
mas o designa como eixo e norte do Estado. Sua positivação 
como um dos fundamentos do Brasil é resultado do fato de que 
a teoria dos direitos fundamentais está situada no âmago das 
constituições dos Estados Democráticos de Direitos e, com o 
estabelecimento do Estadodo Bem Estar Social, busca garantir 
as condições basilares para o adequado desenvolvimento do in-
divíduo, em especial pela garantia e efetivação de direitos.
O homem, enquanto ser com capacidade de autodeterminação, não poderá ser de forma alguma 
apenas um meio para a utilização discricionária submetida a quaisquer vontades de outrem. A dignidade 
é valor incomensurável, que não pode ser instrumentalizado ou fragmentado, e apesar de seus contornos 
eminentemente históricos, pode ser reivindicada sua observância nos diferentes contextos culturais. 
Entretanto, como alude Wolfgang Sarlet (2009, p. 44), seu conceito possui “contornos vagos e imprecisos”, 
posto que:
uma conceituação clara do que efetivamente seja esta dignidade, inclusive para efeitos de definição 
do seu âmbito de proteção como norma jurídica fundamental, se revela no mínimo difícil de ser 
obtida, isto sem falar na questionável (e questionada) viabilidade de se alcançar algum conceito 
satisfatório, do que, afinal de contas, é e significa a dignidade da pessoa humana hoje.
37
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
Isso não obsta a possibilidade de realizar-se a concretude da dignidade, uma vez que possível é 
reconhecer situações em que resta agredida, mas não se pode ficar refém de uma análise caso a caso, 
mesmo porque sempre serão padrões distintos conforme o avaliador. Tanto doutrina como jurisprudência 
vem formatando traços mínimos para sua delimitação, atentos à sua natureza dinâmica, mas atendendo à 
necessidade de estabelecer referencial que configure segurança mínima para os sujeitos de direito.
No Direito da Infância e da Juventude, importantíssimo destacar a evolução para a atual Doutrina 
da Proteção Integral, além de que, na concepção que hoje norteia esse ramo jurídico, as crianças e os 
adolescentes passaram a ser considerados não como meros objetos de tutela, controle ou repressão, mas 
como sujeitos de direitos.
Passando à análise de outro princípio de suma importância, qual seja o da igualdade e respeito à 
diferença, ou ainda, princípio da isonomia, diga-se que o debate a respeito das possibilidades de tratamento 
desigual, tanto na formulação legislativa, quanto na aplicação do direito, com o escopo de dirimir as 
diferenças para promover a equidade, já vem ocorrendo há algum tempo e encontra respaldo e aceitação 
ampla. A máxima de que os iguais devem ser tratados igualmente, enquanto que os desiguais desigualmente, 
na medida das suas desigualdades, ideia desenvolvida inclusive por Rui Barbosa no discurso Oração aos 
Moços no ano de 1920, tem respeitado respaldo científico.
Para Alexy (2008, p. 408), a “necessidade de se fornecer uma razão suficiente que justifique a 
admissibilidade de uma diferenciação significa que, se uma tal razão não existe, é obrigatório um tratamento 
igual”, é o que parte da doutrina pátria chamada de discriminação positiva, que somente terá razão de 
existir quando inequívoca sua necessidade reparatória.
A igualdade de todos perante a lei será entendida como isonomia formal, aquela horizontal, 
que reconhecerá, por exemplo, uma tutela generalista mínima, ou ainda, muito comumente, penalizações 
sem distinções, para não haver ônus desproporcional ou privilégios. Já o tratamento diferenciado será 
denomina de isonomia material, que atenta em respaldar certos valores e direitos de pessoas ou grupos, 
os quais necessitam de protetividade especial.
Exemplo de aplicação da lógica da isonomia material são as ações afirmativas, realizadas pelo 
Estado com objetivo de combater as desigualdades sociais resultantes de processos segregatórios e 
discriminatórios, dirigindo-se a setores considerados em situação de vulnerabilidade historicamente 
construída, por isso compreendida como política compensatória que visa à consecução da justiça social. 
Ora, conforme a evolução histórica vista na Unidade I, bem como a assunção da Doutrina da 
Proteção Integral como baluarte dos direitos infantojuvenis no Brasil, como foi delineado na Unidade II, 
além do princípio da prioridade absoluta, por óbvio, que a isonomia material permeia todo o Direito da 
Infância e da Juventude, com o escopo de dar protetividade mais adequada aos infantes.
38
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
Importante
Outro princípio de indiscutível relevância é o da proibição do 
retrocesso social, significando que uma vez consagrado no texto 
constitucional determinado direito que traduz certo alcance so-
cial, resta impossibilitada a diminuição ou retrocesso dessa am-
plitude de protetividade. A respeito da sua repercussão à seara 
jurídica ora estudada (DIAS, 2013, p. 71 – 72):
A Constituição Federal, ao garantir especial 
proteção à família, estabeleceu as diretrizes do 
direito das famílias em grandes eixos, a saber: 
(a) a igualdade entre homens e mulheres na 
convivência familiar; (b) o pluralismo das 
entidades familiares merecedoras de proteção; e 
(c) o tratamento igualitário entre todos os filhos. 
Essas normas, por serem direito subjetivo com 
garantia constitucional, servem de obstáculo a que 
se operem retrocessos sociais, o que configuraria 
verdadeiro desrespeito às regras constitucionais. 
(…) A partir do momento em que o Estado, 
em sede constitucional, garante direitos sociais, 
a realização desses direitos não se constitui 
somente em uma obrigação positiva.
Por fim, atente-se ao princípio da afetividade, de basilar importância não só para o Direito 
de Família, mas permeia diversos dispositivos constitucionais pertinentes ao Direito da Infância e da 
Juventude, in verbis (DIAS, 2013, p. 73):
O princípio jurídico da afetividade faz despontar a igualdade entre irmãos biológicos e adotivos 
e o respeito a seus direitos fundamentais. O sentimento de solidariedade recíproca não pode ser 
perturbado pela preponderância de interesses patrimoniais. É o salto da pessoa humana nas relações 
familiares, como diz Paulo Lôbo, que identifica na Constituição quatro fundamentos essenciais 
do princípio da afetividade: (a) a igualdade de todos os filhos independentemente da origem (CF 
227 § 6º); (b) a adoção, como escolha afetiva com igualdade de direitos (CF 227 §§5º e 6º); (c) a 
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, incluindo adotivos, com a mesma 
dignidade da família (CF 226 §4º); e (d) o direito à convivência familiar como prioridade absoluta 
da criança, do adolescente e do jovem (CCF 227).
O referido princípio é consequência da mudança de paradigma quanto à família na 
contemporaneidade e sob a nova ótica constitucional, uma vez que foi instalado valor jurídico ao afeto, 
intimamente atrelado ao pluralismo das entidades familiares, respeito às diferenças e diversidades, 
uma vez que hodiernamente a convivência familiar sobrepõe-se aos meros laços de sangue, posto que o 
afeto não é fruto de caracteres biológicos, ganhando central atenção as relações de sentimento entre os 
membros da família e, por consequência, suas funções afetivas (DIAS, 2013).
39
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
3. Noção Atual de Família Natural
Como visto no tópico anterior, em citação da professora Maria Berenice dias, a família adquiriu, nos 
tempos atuais, uma dimensão muito mais concentrada, ou seja, dimensão de família nuclear, como se 
pode observar no próprio ECA, mais precisamente em seu Art. 25, que traz a definição de família natural 
como a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
Essa foi uma verdadeira alteração dos antigos paradigmas e, desse modo, passou-se a não mais 
privilegiar a existência de laços jurídicos entre os pais para definir a situação jurídica dos filhos. Expressões 
como família legítima (formada pelos sagrados laços do matrimônio) e ilegítima (todas as demais sem 
casamento civil)perderam significado, pois a Constituição Federal de 1988, no Art. 226, reconheceu 
como formadora de entidade familiar tanto o casamento como a união estável, definindo ainda a família 
monoparental. Ademais, o afeto torna-se elemento indispensável não só na formação familiar, como 
também nas relações entre pais e filhos que se asseveram na convivência constante e espontânea.
Do exposto, podemos nomear diversos tipos de famílias existentes, de forma meramente 
exemplificativa, pois não podemos ignorar a peculiaridade mutante da família:
 ▪ Família matrimonial: formada pelo casamento civil;
 ▪ Família não matrimonial: formada por todos os casos onde não há casamento civil, como é 
o caso da união estável;
 ▪ Família monoparental: formada por um dos pais com a sua descendência;
 ▪ Família substituta: formada pelos institutos da guarda, tutela e adoção;
 ▪ Família natural: formada pelos pais ou um deles com seus filhos biológicos;
 ▪ Família socioafetiva ou eudemonista: o mais novo tipo de família que privilegia os laços 
afetivos em detrimento dos laços consanguíneos, como é o caso de relação de afeto existente 
entre padrasto ou madrasta com seus enteados.
Por conseguinte, consideráveis alterações ocorreram com a concepção de família, razão pela qual nos 
tempos hodiernos existe maior variabilidade das formações sociais consideradas como família, devendo 
ser respeitadas essas diversas concepções, sendo incumbência do Estado garantir e efetivar os diversos 
direitos pertinentes a esse segmento social. Ainda a esse respeito (MACIEL, 2010, p. 72):
Sob a perspectiva de que o núcleo fundamental da família é o afeto e que as pessoas que a compõem 
devem ser respeitadas em suas individualidades e dignidade, uma realidade social de relacionamento 
afetivo estável tem sido alvo de discussões acirradas na doutrina, na jurisprudência, e em projetos 
de Lei. É o caso das uniões homoafetivas.
40
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
Sobre o tema, destaque-se que em 2011, no julgamento conjunto da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) n.º 4277, o Supremo Tribunal Federal entendeu pela possibilidade da 
união entre pessoas do mesmo sexo, com relatoria do Ministro Ayres Britto, com base num método 
hermenêutico construtivista.
O STF entendeu pela “proibição de discriminação das pessoas em razão do sexo, seja no plano 
da dicotomia homem/mulher (gênero), seja no plano da orientação sexual de cada qual deles”, além de 
que “a constituição federal não empresta ao substantivo ‘família’ nenhum significado ortodoxo ou da 
própria técnica jurídica”, ademais, “A referência constitucional à dualidade básica homem/mulher, no 
§3º do seu Art. 226, deve-se ao centrado intuito de não se perder a menor oportunidade para favorecer 
relações jurídicas horizontais ou sem hierarquia no âmbito das sociedades domésticas, por fim, “Ante a 
possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do Art. 1.723 do Código 
Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de ‘interpretação conforme 
a Constituição’. (in: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628635).
Ora, como foi dito, a CF/88 mudou diversos paradigmas, e a Corte Constitucional do Brasil tem 
atuado de maneira a manter vivo o texto constitucional, atenta às demandas sociais. Se restam contempladas 
diversas concepções de família, da mesma forma, impossibilitada está a discriminação entre os filhos, tanto 
é assim que, em seu Art. 227, a CF/88 dispõe: “os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou 
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibindo-se quaisquer designações discriminatórias 
relativas à filiação”. Desse modo, trouxe uma isonomia total entre os filhos, sejam biológicos, adotivos ou 
havidos por inseminação artificial homóloga ou heteróloga.
Assim, em consonância com o Princípio da Isonomia entre os Filhos, a Lei nº 8.560/1992, 
regulamentadora da investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento, em seus Arts. 5º e 
6º, proíbe expressamente que conste do registro de nascimento qualquer referência à natureza da filiação, 
indícios de a concepção haver sido decorrente de relação sexual ou inseminação artificial, conjugal ou 
extraconjugal ou, ainda, menção ao estado civil dos pais.
É claro que, no cerne desta isonomia, diversos direitos foram conferidos aos filhos, até mesmo 
independentemente da representação ou assistência de seus pais ou de um deles ou de qualquer representante 
legal, como guardião ou tutor.
41
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
4. Colocação em Família Substituta: Guarda, Tutela e Adoção.
Importante
Dentre os direitos fundamentais das crianças e adolescentes, en-
contra-se o direito à convivência familiar e comunitária, con-
forme disposto no Art. 19 do ECA:
 Art. 19. É direito da criança e do adolescente 
ser criado e educado no seio de sua família 
e, excepcionalmente, em família substituta, 
assegurada a convivência familiar e comunitária, 
em ambiente que garanta seu desenvolvimento 
integral. 
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver 
inserido em programa de acolhimento 
familiar ou institucional terá sua situação 
reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, 
devendo a autoridade judiciária competente, 
com base em relatório elaborado por equipe 
interprofissional ou multidisciplinar, decidir 
de forma fundamentada pela possibilidade de 
reintegração familiar ou colocação em família 
substituta, em quaisquer das modalidades 
previstas no art. 28 desta Lei.
Pode-se inferir que o direito à convivência familiar constitui-se na garantia proporcionada às crianças 
e adolescentes de ter segurança em um ambiente saudável e rodeada de pessoas que lhe proporcionem os 
cuidados necessários, indispensáveis para a manutenção da integridade física e emocional e o adequado 
desenvolvimento dos infantos. Assim, ser criado e educado no seio de uma família deve representar 
para criança ou adolescente estar integrado a um núcleo de cuidado, respeito e proteção, componentes 
indispensáveis para a formação de um ser humano saudável.
Entretanto, existem situações em que, conforme consta no Art. 19 do ECA supratranscrito, 
excepcionalmente, comprovada a impossibilidade de manutenção da criança ou do adolescente no seio de 
sua família biológica, cabe ao Estado oferecer condições para que a criança ou o adolescente seja colocado 
em uma família substituta, através de guarda, tutela ou adoção, pois a convivência familiar constitui direito 
fundamental, sendo indispensável para sua plena formação como pessoa.
A colocação em família substituta será regulada conforme os Arts. 28 ao 32 do ECA. Segundo 
no Art. 28, § 1º, do Estatuto, “sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido 
por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as 
implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada”.
Quando se refere ao maior de 12 (doze) anos de idade, ou seja, adolescente, o Estatuto, no Art. 28, 
42
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
§ 2º, diz que será necessário o consentimento do mesmo para a sua colocação em família substituta, seja na 
forma de guarda, tutela ou adoção, e que tal consentimento será colhido em audiência, com a participação 
do Juiz da Infância e da Juventude e do Ministério Público.
Conforme é destacado pelo § 3º do Art. 28, ECA: “na apreciação do pedido de colocação em 
família substituta levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim 
de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida”. Buscando não desmembrar os grupos de 
irmãos, ressalta o ECA, no § 4º doArt. 28, que serão colocados:
sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de 
risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, 
procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
Entretanto, antes do deferimento da guarda, tutela ou adoção, conforme o § 5º do Art. 28, ECA:
a colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação 
gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça 
da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução 
da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
Importante
É importante destacar ainda que, segundo o Estatuto, Art. 28, § 
6º, incisos de I a III:
em se tratando de criança ou adolescente 
indígena ou proveniente de comunidade 
remanescente de quilombo, é ainda obrigatório 
que sejam consideradas e respeitadas sua 
identidade social e cultural, os seus costumes 
e tradições, bem como suas instituições, desde 
que não sejam incompatíveis com os direitos 
fundamentais reconhecidos por esta Lei e 
pela Constituição Federal; que a colocação 
familiar ocorra prioritariamente no seio de sua 
comunidade ou junto a membros da mesma 
etnia; e que ocorra a intervenção e oitiva de 
representantes do órgão federal responsável 
pela política indigenista, no caso de crianças 
e adolescentes indígenas, e de antropólogos, 
perante a equipe interprofissional ou 
multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
Somente respeitando tais pressupostos é que podemos compreender a “família substituta como 
aquela que se propõe a trazer para dentro dos umbrais do próprio lar uma criança ou um adolescente que 
por qualquer circunstância foi desprovido da família natural, para que faça parte integrante desta, e que 
nela se desenvolva e seja família substituta como aquela que se propõe a trazer para dentro dos umbrais 
43
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
do próprio lar uma criança ou um adolescente que por qualquer circunstância foi desprovido da família 
natural, para que faça parte integrante desta […]” (VELÁSQUEZ, 2003, p. 34), servindo-se da estabilidade 
emocional proporcionada por um lar estável.
Assim, ao assumir a posição de substituta, a família que receber esta criança ou adolescente em seu 
lar e detiver poder familiar assumirá todos os deveres e direitos inerentes à família biológica contidos 
no Art. 1.634 do CC, quais sejam:
 ▪ dirigir-lhes a criação e educação;
 ▪ tê-los em sua companhia e guarda; conceder-lhes ou negar-lhes o consentimento para casar;
 ▪ nomear-lhes tutor, por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não 
sobreviver, ou, sobrevivo, não puder exercer o poder familiar;
 ▪ representá-los, até os 16 anos, nos atos da vida civil e assistindo-lhes após esta idade nos atos 
em que forem parte, suprindo-lhes o consentimento;
 ▪ reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
 ▪ exigir que lhes prestem obediência, respeito e os próprios de sua idade e condição.
Mas vale salientar que o poder de ingerência na vida da criança ou do adolescente será maior ou 
menor a depender da forma de colocação em família substituta (guarda, tutela ou adoção), conforme será 
esmiuçado nas Unidades vindouras.
44
Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
Conversando
Finaliza-se aqui a 3ª unidade da disciplina do Direito da Infância 
e da Juventude.
Agora, acesse sua web-aula, lá se encontram disponíveis vídeos, 
textos complementares e um quiz acerca do conteúdo da unidade. 
Lembre-se que você conta com o apoio do ambiente virtual para 
esclarecer dúvidas e participar de discussões. Bons estudos!
 Referências
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. 
5. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
COULANGES, Numa-Denis Fustel de. A cidade antiga. Traduzido por Frederico Ozanam 
Pessoa de Barros. Ebooks Brasil. Fonte Digital: São Paulo: Editora das Américas, 1961.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2013.
ENGELS, Friedrich. A origem da família da propriedade privada e do Estado. 1. ed. Tra-
dução de Leandro Konder. São Paulo: Editora Civilização Brasileira, 1987.
GRIGOLETO, Juliane Mayer. Aspectos conjunturais da adoção de crianças por homos-
sexuais. 2004. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/6502/aspectos-conjunturais-da-a-
docao-de-criancas-por-homossexuais>. Acessado em 16 de setembro de 2014.
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Adolescente. 4.ed. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2010.
ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Editora Guana-
bara, 1981.
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Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
 Créditos
Núcleo de Educação a Distância
O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado pelo professor conteudista, que é o 
responsável pela produção de conteúdo didático, e foi desenvolvido e implementado por uma equipe 
composta por profissionais de diversas áreas, com o objetivo de apoiar e facilitar o processo ensino-
aprendizagem.
Roteiro de Áudio e Vídeo
José Glauber Peixoto Rocha
Produção de Áudio e Vídeo
José Moreira de Sousa
Identidade Visual / Arte
Francisco Cristiano Lopes de Sousa
Viviane Cláudia Paiva Ramos
Programação / Implementação
Jorge Augusto Fortes Moura
Coordenação do Núcleo de Educação 
a Distância
Lana Paula Crivelaro Monteiro de Almeida
Supervisão Administrativa
Denise de Castro Gomes
Produção de Conteúdo Didático
Anarda Pinheiro Araújo
Ana Paula Araújo de Holanda
Cláudio Alcântara Meireles Júnior
Diane Espindola Freire Maia
Design Instrucional
Andrea Chagas Alves de Almeida
Projeto Instrucional
Bárbara Mota Barros
Editoração
Camila Duarte do Nascimento Moreira
Revisão Gramatical
Luís Carlos de Oliveira Sousa
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Direito da Infância e da Juventude - Unidade 03
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais. 7. ed. 
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009.
VELÁSQUEZ, Miguel Granato. Direitos humanos de crianças e adolescentes. Rio 
Grande do Sul, 2003. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?doc-
TP=AC&docID=628635. Acesso em: 20 de mar. De 2015.
 Anotações

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