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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional COMERCIALIZAÇÃO E USO DE PSICOATIVOS ILÍCITOS Trabalho de Teoria Sociológica Docente: Jussara Freire Discentes: Ana Luiza Ventura Machado Doralice E. C. da Motta Campos dos Goytacazes, 18 de outubro de 2017 1 COMERCIALIZAÇÃO E USO DE PSICOATIVOS ILÍCITOS Introdução Psicoativos ilícitos também conhecidos popularmente como drogas ilícitas, ou somente drogas, são substâncias químicas que agem no sistema nervoso central alterando a função cerebral mudando as percepções, o humor, comportamento, consciência do homem, entre outras sensações. Tais alterações podem ser provocadas através do uso com diversos intuitos, sendo eles: recreacionais, medicinais, científicos ou religiosos, existem objetivos diferentes a cada meio e “tribos” ao qual estão inseridos. São grandes as diferenciações desses ativos, sendo classificados pela forma com que são elaboradas pelo homem; Naturais: produzidas a partir de plantas, por exemplo, da Cannabis sativa se extrai a maconha, da flor da Papoula se obtém o ópio etc; Semi Sintéticas: produzidas a partir de drogas naturais, porém passam por processos químicos em laboratórios. Exemplo: crack, cocaína, heroína etc; Sintéticas: são totalmente produzidas em laboratórios seguindo técnicas específicas. Exemplo: ecstasy, LSD, anfetamina etc. O uso dessas substâncias vem aumentando cada vez mais, seja em volume de usabilidade ou até mesmo na quantidade de adeptos, sendo eles cada vez mais jovens até idades mais avançadas. As drogas foram descobertas há muitos anos atrás, observando os animais mudarem seus comportamentos após a ingestão de certas plantas, notando que ficavam lentos e menos agressivos, homens fizeram a ingestão dessa planta, notando também o êxtase, a partir daí a veneravam e tal comentário a respeito foi tomando grande proporção e outras tribos foram se tornando adeptas dos rituais que são feitos até hoje. Ao longo dos anos, novas descobertas vêm sido feitas, e pessoas vem fazendo o uso cada vez maior e de tipos diferentes, possibilitando e fortalecendo o grande comércio. Em se tratando das drogas ilícitas, são elas ilegais e a sua comercialização dá origem ao tráfico e outros tipos de criminalização, visto que a maioria delas causam 2 dependência, fazendo com que os usuários necessitem usar cada vez mais, e muitos por não terem poder aquisitivo para tal, busquem maneiras ilegais, para conseguir capital necessário para adquirir esses psicoativos. Objetivo Através desse trabalho, tem-se por objetivo a demonstração acerca do uso e comercialização de psicoativos ilícitos, fazendo com que o leitor entenda como funciona nos dias atuais essa sistemática apresentando pressupostos de Karl Marx e Émile Durkheim, sobre o assunto, que trazem como ideia central o capitalismo1 e o fato social2, respectivamente. Desenvolvimento O uso de drogas vem sendo feito há anos, desde sua descoberta, vem se tornando cada vez mais facilitado para seus usuários, e cada vez mais normal aos olhos de quem caminha pelas ruas, praças, festas particulares, públicas etc, cada vez mais os usuários tentam quebrar o tabu imposto pela sociedade de um modo geral, fazendo com que o uso de drogas, se torne algo normal para todos. Nos dias de hoje o que vem tomando maior espaço nas discussões entre especialistas, usuários e curiosos sobre o assunto é o uso da maconha, tendo cada vez mais adeptos no Brasil, entre eles estão os universitários que não satisfeitos em fazer o uso em festas, reuniões com amigos, vem fazendo o uso também dentro das universidades. Segundo o site da Unicamp, de acordo com pesquisas, 48,7% já experimentaram drogas ilícitas, o dobro da taxa da população brasileira, e 26% informaram o uso de mais de uma droga no último ano. Nas sociedades modernas, a consciência individual, é muito acentuada, o que acaba resultando num maior grau de autonomia e liberdade de ação. 1 É um sistema em que predomina a propriedade privada e a busca constante pelo lucro e pela acumulação de capital, que se manifesta na forma de bens e dinheiro. Apesar de ser considerado um sistema econômico, o capitalismo estende-se aos campos políticos, sociais, culturais, éticos e muitos outros, compondo quase que a totalidade do espaço geográfico. 2 Consiste em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotados de um poder coercitivo em virtude do qual lhe impõem. Só há fatos sociais onde houver organização definida. Se define o fato social como uma norma coletiva com independência e poder de coerção sobre o indivíduo. 3 Segundo Durkheim, de acordo com seu ponto chave de estudo, podemos identificar o uso de drogas como um fato social, visto que o usuário não reflete a cerca dos que estão a sua volta, fazendo com que os demais tenham contato indireto e involuntário com as drogas, uma vez que por necessidade estão no mesmo ambiente dos que fazem o uso dos psicoativos. Podemos observar, que o uso da droga que vem se tornando cada vez mais corriqueiro, vem fazendo com que os principais envolvidos percam o controle sobre suas vontades, atitudes e até mesmo senso comum, visto que muitos perdem sua saúde física e mental. Sabemos que junto com o uso existe a comercialização, trazendo com ela a criminalidade, visto que nem todos os usuários possuem condições financeiras necessárias para manter um vício que surge com o consumo constante da mesma, além do comércio ilegal, visto que esses psicoativos não são legalizados. De acordo com o site Rede Brasil, em uma das suas entrevistas, menciona: “As atividades relacionadas ao narcotráfico têm raízes espalhadas por todo o mundo, os entorpecentes trafegam entre diversos países até efetivamente chegar ao consumidor final. O financiamento dessas atividades passa pelos crimes de lavagem e evasão, mas é um tanto quanto difícil mensurar qual cifra corresponde a essa modalidade”, afirma o financista Fábio França, professor e especialista em sistema financeiro nacional. Levando em consideração o depoimento do professor supracitado podemos observar o infográfico a seguir, que apresenta o índice de presos em consequência do tráfico de drogas no país. 4 Marx, que tem como ponto chave o capitalismo, mostra que suas questões são atemporais, visto que nos dias hoje é cada vez mais forte o apelo para o capital, dentro do meio em que estão inseridos os usuários, existem também os que a comercializam, de forma ilegal, fazendo com que essa comercialização se torne financeiramente rentável tornando-a “profissão”. O crime como profissão, pode ser pensado então como um esforço do indivíduo, em geral inconsciente, por não se submeter a um sistema de trabalho que o torna estranho a si mesmo, por um lado ou por outro, porque em algumas configurações sociais os sentimentos e valores éticos promovidos pelas interações sociais que o indivíduo experimenta não são forte o bastante para impedi-lo de agir, contrariando as normas e regras estabelecidas. Como citado anteriormente, é comum a criminalidade que envolve o uso das drogas, visto que o número de furtos e roubos é recorrente para que o vício seja sustentado, entre outras necessidades ou caprichos. 5 Para Durkheim, um fato social se torna patológico quando atinge grandes dimensões e ameaçam a sociedade. O crime, que pode ser definido como a transgressão da lei, por exemplo, é consideradoum fato social observado em praticamente todas as sociedades, só se torna um fato social quando assume proporções exageradas. Conclusão Em virtude dos fatos mencionados, podemos observar, que até hoje, as ideias marxistas e durkheimianas continuam a influenciar muitos historiadores, cientistas sociais e pessoas de modo geral, independentes de aceitarem ou não as teorias dos pensadores, uma vez que, as sociedades podem atravessar períodos de anomia3, situação que ameaça a estabilidade e coesão social. A sociedade de hoje, uma conjugação do pensamento tanto de Durkheim quanto de Marx, tendo em vista, que a vida do indivíduo em muito é determinada pelos padrões sociais, ditados pela classe dominante (detentora do poder), embasada em dogmas morais, religiosos e de condutas que são passados de geração para geração, como descreve Durkheim e, de uma forma branda, como descreve Marx, posto que o povo continua alienado, excluído em seus direitos básicos, como por exemplo comer, numa luta desleal, tal como Davi e Golias, sendo cada vez mais degradado, tornando-se cada vez mais meio de sobrevivência para a classe do proletariado, que é obrigado a sustentar lucros sempre maiores, solicitados pelo capitalismo, eternizando o conflito entre as classes. Segundo Émile Durkheim, a coerção social, um dos seus ideais, tem a função de exercer um limite, estruturar as ações do homem, seus desejos, anseios e fenômenos sociais, uma força coercitiva externa que acomete o indivíduo mesmo contra sua vontade, que são utilizados pelos institutos responsáveis, para solucionar os problemas anteriormente mencionados, entre outros. 3 A anomia é um estado de falta de objetivos e regras e de perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno. 6 Referências Bibliográficas MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Difusão Editorial, 1985 (Livro 1, capítulo: a mercadoria). RODRIGUES, José Albertino (Org.). Émile Durkheim: sociologia. 9. ed. São Paulo: Ática, 2001 (Capítulo: O que é fato social?) O negócio global da droga. Rede Brasil Atual. 2015. Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/110/o-negocio-global-da-droga- 3700.html> - acesso em: 19 de novembro de 2017. O Pensamento de Durkheim e Marx. EGOV. 2012. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-pensamento-de-durkheim-e-marx> - acesso em: 18 de outubro de 2017. Um em cada três presos do país responde por tráfico de drogas. G1. 2017 Disponível em:<https://g1.globo.com/politica/noticia/um-em-cada-tres-presos- do-pais-responde-por-trafico-de-drogas.ghtml> - acesso em: 18 de outubro de 2017 Uso de drogas por universitários. UNICAMP. 2013.Disponível em: <https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/artigos/uso-de-drogas-por- universitarios> - acesso em: 17 de outubro de 2017 1° Levantamento nacional sobre o uso de álcool, tabaco e outras drogas entre universitários das 27 capitais brasileiras. SENAD. 2010. Disponível em:<https://obid.senad.gov.br/biblioteca/publicacoes/i-levantamento-nacional- universitarios-2010.pdf> - acesso em: 16 de outubro de 2017
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