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O presente artigo faz uma síntese em relação ao casamento, o 	direito dos idosos e a obrigatoriedade da pessoa maior de 70 anos de 	idade não ter direito a escolha no regime de bens, o código civil 	brasileiro determina que seja a separação de bens obrigatória, com o 	argumento tão somente na idade, segundo alguns autores ferindo assim 	alguns princípios de Direitos Fundamentais que estão explícitos e 	implicitos na Constituição Federal, princípio da dignidade da pessoa 	humana, princípio da igualdade juridica entre os companheiros e 	princípio da liberdade de escolha, ocasionando assim uma 	diferenciação sem fundamentação coerente para a descriminalização 	das pessoas que atingem a idade e que possuem discernimento. 
	Palavras chaves: Casamento, idoso, idade, discernimento, princípios 	constitucionais, separação de bens obrigatório, 
Introdução
O casamento civil é a união voluntaria das partes, sejam elas heterossexuais ou homossexuais, ou seja, não pode ser feito por coação ou ameaça, é um ato solene em que o tabelião deve analisar se existe a real vontade e casar, os nubentes se tornarão consortes. 
No casamento tem que existir o afeto, compromisso com o outro e a comunhão de interesses, a própria lei determinou que na falta dessas características e também com a vontade da parte ou partes poderá ocorrer a separação ou divórcio, não sendo mais tão burocrático como antes, justamente com base na interpretação de que a vontade deve prevalecer.
Apesar do casamento civil não está diretamente ligado ao património e sim ao princípio da afetividade, era necessário ter um artigo onde mencionasse os tipos de regime a serem escolhidos pelas partes, já que no século XXI as mulheres atingiram uma equiparação ao trabalho masculino. Uma das características essenciais na habilitação do casamento é a escolha do regime de bens, de acordo com o artigo 1639 do CC, podem ser escolhidos o regime da comunhão parcial de bens, comunhão universal de bens, separação de bens convencional que é quando é feito um Pacto Antenupcial e participação final nos aquestos , porém como prevê o artigo 1641, II do CC , não determina o direito a escolha, o legislador englobou todas as pessoas que fossem maiores de 70 anos de idade e impôs o regime que o legislador escolheu que é o da separação de bens obrigatória, tornado a uma norma cogente. 
O presente trabalho tem por finalidade analisar a obrigatoriedade da norma que tira a voluntariedade e o direito de escolha dos nubentes.
O tema a ser analisado é de fundamental importância para nosso ordenamento jurídico, vez que os princípios constitucionais são garantias fundamentais, não devem ser desrespeitados, e não deve haver descriminação em relação aos idosos, que são protegidos por lei. 
No código de 1916 a lei determinava que a idade para obrigatoriedade era 60 anos, com a lei 12.344/2010, aumentou-se para 70 anos, o que não deve ser motivo para glorificação pois continua desrespeitando os princípios constitucionais e o direito de escolha.
Vamos abranger em primeiro momento a histórica do casamento nos tempos antigos e nos modernos, a expectativa de vida e lucidez entre os idosos afastando assim a descriminação, a imposição da separação de bens obrigatória e os princípios fundamentais da constituição federal que estão sendo feridos.
E por fim analisar a inconstitucionalidade dessa norma, onde temos algumas decisões e projetos de lei que vem sendo discutidas no sentindo da perda de eficácia.. 
O casamento ao longo da historia e a visão como contrato de vontades.
O casamento é uma tradição milenar, na antiguidade era vista como um contrato entre famílias, as mulheres não tinham direito de escolher seus maridos, quem escolhia era a família dos homens, com objetivo econômico, eles faziam alianças entre famílias com posse parecidas ou maiores, fazerem alianças políticas e militares para continuar com o equilíbrio econômico, possuindo assim caráter irrevogável e irretratável, a assistência recíproca por Washington de Barros Monteiro nos ensina que “no aspecto material, tem o significado de auxílio econômico necessário à subsistência dos cônjuges. No aspecto imaterial consubstancia-se na proteção aos direitos da personalidade do consorte, dentre os quais se destacam a vida, a integridade física e psíquica, a honra e a liberdade. E é nesse aspecto, de ordem imaterial, que merece maior destaque a mútua assistência, por exemplo, configurada na proteção ao cônjuge doente ou idoso, no consolo por ocasião do falecimento de um ente querido, na defesa em suas adversidades com terceiros” (REGINA, 2012,P.104/110)
Além de que o código civil deixou claro em seu artigo 1.511 que ‘’O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. Além disso, o artigo 1.513 expressamente determina: “É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. Quando se fala regimes de bens, estabelece o art. 1.639 do CC/02 ‘’É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver”.
A vontade das partes só passou a vigorar no século XII, onde se tornou requisito para casar.
No Brasil em 24 de janeiro de 1890, ocorreu a promulgação do Decreto 181, por Marechal Deodoro da Fonseca que era o chefe da República dos Estados Unidos do Brasil. 
		O código civil brasileiro determina que a relação do casamento 	deve ser 	monogâmico e de livre e espontânea vontade, podendo os 	maiores de 16 anos, casarem com o consentimento dos pais ou de seus 	representantes legais de acordo com o artigo 1517 do CC e os menores 	de 16 e maiores de 14 anos somente por autorização judicial, podendo 	ser nulo ou anulável quando de acordo com o artigo 1.548, inciso I, do 	Código Civil e o artigo 1550, inciso I do Código Civil, com o seguinte 	texto: 
	Artigo 1.548, inciso I, do Código Civil, “é nulo o casamento 	contraído pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os 	atos da vida civil” e artigo 1550, inciso I do Código Civil, é "anulável o 	casamento do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, 	o consentimento".
		Com base nos artigos mencionados a anulação esta relacionada 	com a falta de discernimento mental ou pelo que é incapaz de manifestar 	sua vontade, no caso da separação de bens obrigatória para os maiores 	de 70 anos, entende-se que se ele manifestar sua vontade de escolher 	outro regime devera ser aceito, já que o casamento é um contrato de 	vontades.
Eduardo Espínola afirma que: “Parece-nos, entretanto, que a 	razão está com os que consideram o casamento um contrato sui 	generis, constituído pela recíproca declaração dos contratantes, de 	estabelecerem a sociedade conjugal, base das relações de direito de 	família. Em suma, o casamento é um contrato que se constitui pelo 	consentimento livre dos esposos, os quais, por efeito de sua vontade, 	estabelecem uma sociedade conjugal que, além de determinar o estado 	civil das pessoas, dá origem às relações de família, regulados, nos 	pontos essenciais, por normas de ordem pública”. (Espínola, 2001, p.48- 50), como afirmou Eduardo Espínola, o casamento é um contrato e para ter efeito é necessário o consentimento das partes.
O idoso visão geral
Na antiguidade os idosos eram vistos como fonte de sabedoria, depois da revolução industrial onde a mão de obra era dignificada como a fonte de toda subsistência o idoso foi mantido como alguém que não tinha muito proveito, que não tinha mais capacidade para tomar decisões e trabalhar para o sustento de sua família.
Foi necessário criar em Estatuto onde normalizasse essas questões e colocasse limites na exclusão que estava acontecendo, com isso surgiu o Estatuto do Idoso que está esculpido na lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003, veio para dar garantir e defender os direitos, onde acarretará sanções para quem o descumprir, alguns direitos básicos são assegurados como o de autonomia, e a capacidadedecisória de sua vida.
Neste sentido, Bomtempo contribui afirmando:
	[…] o Direito deve atuar no sentido de promoção dos direitos
	daqueles que em situações de vulnerabilidade merecem uma
	atenção especial. A mudança do tempo na sociedade, como o é
	encarada a velhice, também deve ter sua atenção jurídica, de
	modo a garantir autonomia e dignidade aos idosos. (BOMTEMPO, 2014, p. 639 – 653)
Basta ter existência para ter direitos e deveres, de acordo com as palavras de Maria Helena Diniz, ‘’Liga-se à pessoa a ideia de personalidade, que exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Deveras, sendo a pessoa natural... Sujeito das relações jurídicas e a personalidade, a possibilidade de ser sujeito, ou seja, uma aptidão a ele reconhecida, toda pessoa é dotada de personalidade” (DINIZ, 2005, p. 510). 
O artigo 20 do Estatuto do idoso, a lei e outros meios asseguram-lhe todos os meios para o gozo dos direitos fundamentais, em condição de liberdade e dignidade, transformando assim o direito de livre escolha deles, não tendo prejuízo da sua proteção integral. 
Com o desenvolvimento da medicina a população vem envelhecendo cada vez mais, alguns idosos são ativos, continuam trabalhando, viajando, constituindo família, não podem ser vistos como improdutivos, um dos objetivos do Estado Democrático de Direito é reprimir qualquer forma de discriminação, seja ela em razão de raça, sexo, cor, idade ou qualquer outra modalidade de discriminação, conforme se depreende do art. 3º, IV da CR/88.
O aumento de 60 anos para 70 anos na imposição da separação de bens obrigatória, não é considerada um avanço para alguns doutrinadores, a alteração na idade não exclui o fato de estar prejudicando princípios que são fonte de dignidade para as pessoas, o caso em questão não é a faixa etária como prova de lucidez, mas sim a capacidade dos idosos poderem responder e escolher o que será melhor para si, sem a intervenção de outros. O que não se pode é fazer algo que seja contrario a lei e aos princípios, porém quando a lei é falha e acaba excluindo o direito dos cidadãos os princípios deverão ser usados para ajudar a corrigir essas lacunas. 
Nesse sentido, Fábio Ulhoa Coelho[5] defende:
	“Mas é inconstitucional a lei quando impede a livre decisão quanto ao regime de bens 	aos que se casam com mais de 60 anos. Trata-se de uma velharia, que remanesce dos 	tempos em que se estranhava o casamento com essa idade, sendo então legítima a 	preocupação da lei em evitar a possibilidade de fraudes. Hoje em dia, a permanência da obrigatoriedade afronta o princípio da dignidade humana” (COELHO, 2010, p. 98-99)
	Na mesma linha, Pablo Stolze Gagliano:
“Entendemos inconstitucional o dispositivo que impõe o regime de separação legal obrigatória aos maiores de 60 anos, não apenas por afronta ao princípio da razoabilidade (com esta idade, ou mesmo superior, pode-se presidir a República),mas, especialmente, por vulnerar a isonomia constitucional, criando uma limitação incompreensível para tais pessoas. E não se diga que o legislador pretendeu evitar o ?golpe do baú?, pois, se esse fosse o argumento justificador da norma, chegar-se-ia à conclusão de que a lei viciou-se pelo elitismo, apenando a imensa maioria das pessoas que pretendem casar sem esse risco patrimonial.” (GAGLIANO, 2004, p. 116)
Aqui fica claro, que a alteração na idade continuará ofendendo a capacidade de decisão, e continuará sendo descriminalização.
Uma das grandes doenças do mundo é a chamada depressão, diante de todo contexto analisamos que a probabilidade da depressão é grande, diante da exclusão que os idosos vêm passando, sendo considerados inúteis, aos 70 anos com a imposição do regime de bens, é como se fossem excluídos da sociedade, tendo que aceitar o regime de bens que foi decretado, não se pergunta qual a comunhão de bens é a mais adequada, simplesmente determina que deve ser aquela vista em lei. Os idosos vivem a margem de descriminação, e a exclusão das decisões pode afetar diretamente a sua saúde, sentindo-se assim incapaz de decidir sobre si, se sentem improdutivos e com ausência de vida social, podendo ocasionar a depressão que é um distúrbio afetivo, baixa autoestima, estresse e vários outros adjetivos que a define. 
		Com a privação da liberdade de escolha os idosos tendem a se sentirem 	incapazes. A presunção de incapacidade mental é totalmente incabível, não se pode presumir que a pessoa está incapaz pela sua faixa etária, a imposição do regime de bens em relação à proteção é falha tanto é que o nubente poderá fazer um testamento em nome da esposa ou esposo, deixando os seus bens da parte disponível.
		Outra hipótese que descarta essa obrigatoriedade é os nubentes serem 	maiores de 70 anos, se a lei foi feita para proteger os idosos de possível "golpe do baú" 	com pessoas mais novas, como se explica nesse caso concreto, é uma injustiça com 	quem não tem alternativa, e quando a parte contrária tiver menos que 70 anos e 	tenha mais condições financeiras, o idoso acaba sendo prejudicado na partilha. 
		Como garantia o próprio Estatuto determinou em seu artigo 2ª, da Lei 	10.741/2003, que ele irá gozar de todos os direitos inerentes a pessoa humana e 	assegura que são protegidos por lei e outros meios, como os princípios, facilitando a 	sua saúde física e mental, concedendo ainda a liberdade e dignidade. 
	A causa de impedimento deveria ser usada quando houvesse comprovadamente um motivo justificado, como é o exemplo de ser interditado, que não tem capacidade de tomar decisões sem prejuízo, 
Obrigatoriedade da separação de bens.
Conforme já explicado anteriormente a separação de bens obrigatória é uma violação aos princípios constitucionais onde não está respeitando o direito de escolha das pessoas maiores de 70 anos
      Para Maria Berenice Dias, trata-se de uma exclusão de vontade, que impõe a escolha dos nubentes. A autora descreve que “a forma encontrada pelo legislador para evidenciar sua insatisfação frente à teimosia de quem desobedece ao conselho legal e insiste em realizar o sonho de casar é impor sanções patrimoniais” (DIAS, 2009, p. 229)
	Como descreve a autora o casamento civil é como se fosse desaconselhável para quem tem essa idade, ele coloca uma obrigatoriedade para os nubentes desistirem do casamento e não ter que dividir os bens numa possível separação ou divorcio, é uma verdadeira proteção ao património, prevendo um possível interesse a sua fortuna, entende como se a outra pessoa estivesse casando apenas por interesse financeiro, o que era para ajudar acabou prejudicando o direito de livre escolha dos nubentes que atingiram determinada faixa etária e idade.
	A lei determina que através da sua idade é possível verificar o seu discernimento mental, onde na verdade não se pode prever a lucidez através da sua faixa etária, não há um estudo que comprove que a perda de capacidade cognitiva esta relacionada com a idade. 
Nesse sentido, Carlos Robertos Gonçalves explica que “a velhice ou senilidade, por si só, não é causa de limitação de capacidade, salvo se motivar um estado patológico que afete o estado mental e, em consequência, prive o interditando do necessário discernimento para gerir o seu negócio ou cuidar da sua pessoa” (GONÇALVES, 2013, p.119).
O idoso tem direito a vida, saúde, inclusão social, trabalho com dignidade e não deve ser tratado como formula de esquecimento, é um individuo que deve ter suas particularidades consideradas, é um sujeito de direitos e de deveres, a não ser que tenha um quadro patológico que tire o seu discernimento ocorrendo entre outros a demência senil ou o mal de Alzheimer.
Caso o seu estado mental não esteja positivo é necessário a sua interdição, quando ele não poder mais responder por si, não tiver mais capacidade de responder pelos seus atos ou fazer escolhas.
A imposição do regime acaba fazendo o efeito reverso do que se seria, tirando o direito de uma pessoa decidir sobre os seus patrimónios.
O código civilde 1916 tinha uma total preocupação com os bens dos nubentes para que não houvesse o desfalque naquilo que já vinham adquiridos pelo seu trabalho.
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (ROSENVALD, 2010. P. 238) apresentam o conceito do referido instituto, qual seja: “regime de bens é o estatuto que disciplina os interesses econômicos, ativos e passivos, de um casamento, regulando as consequências em relação aos nubentes e a terceiros, desde a celebração até a dissolução do casamento, em vida ou por morte.”
Alguns doutrinadores entendem como sendo inconstitucional porque viola os princípios constitucionais do direito a dignidade a pessoa humana, viola o principio da livre escolha, nesse sentido, posicionam-se Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald (ROSENVALD, 2010, p. 244, 245): [...] nítida violação aos princípios constitucionais. Efetivamente, trata-se de dispositivo legal inconstitucional, às escâncaras, ferindo frontalmente o fundamental princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) por reduzir a sua autonomia como pessoa e constrangê-lo pessoal e socialmente, impondo uma restrição que a norma constitucional não previu.
O que está em analise não é a alteração de 60 anos para 70 anos, porque quem entende que é inconstitucional, leva-se em conta não a idade, mas sim a imposição de uma escolha que deveria se pessoal. 
Existe uma minoria de doutrinadores que segue a segurança ao património do maior de 70 anos, segundo o entendimento de Josaphat Marinho “Como bem justificou o Senador Josaphat Marinho na manutenção do art. 1.641, II, do atual Código Civil, trata-se de prudência legislativa em favor das pessoas e de suas famílias, considerando a idade dos nubentes. É de lembrar que, conforme os anos passam, a idade avançada acarreta maiores carências afetivas e, portanto, maiores riscos corre aquele que tem mais de sessenta anos de sujeitar-se a um casamento em que o outro nubente tenha em vista somente vantagens financeiras. Possibilitar, por exemplo, a opção do regime da comunhão universal de bens, num casamento assim celebrado, pode acarretar consequências desastrosas ao cônjuge idoso, numa dissolução Inter vivos de sua sociedade conjugal, ou mesmo a seus filhos, numa dissolução causa mortis do casamento” (MONTEIRO, 2007, p. 218).
6. Ofensa aos Princípios Constitucionais
		Os princípios constitucionais regem as relações humanas a 	tempos, podendo ser explicitas ou implícitas, principalmente as que 	estão na constituição federal como segue os entendimentos de alguns 	doutrinadores, 
		Os princípios não seriam apenas leis, tal qual afirma Nelson 	Rosenvald (ROSENVALD, 2005, p. 45-46), mas o próprio direito:
Os princípios não são apenas a lei, mas o próprio direito em toda a sua extensão e abrangência. Da positividade dos textos constitucionais alcançam a esfera decisória dos arestos, constituindo uma jurisprudência de valores que determina o constitucionalismo contemporâneo, a ponto de fundamentar uma nova hermenêutica dos tribunais. 
 		Por Plácido e Silva entende que o principio da dignidade da 	pessoa humana, “dignidade é a palavra derivada do 	latim dignitas (virtude, honra, consideração), em regra se entende a 	qualidade moral, que, possuída por uma pessoa serve de base ao 	próprio respeito em que é tida: compreende-se também como o próprio 	procedimento da pessoa pelo qual se faz merecedor do conceito público; 	em sentido jurídico, também se estende como a dignidade a distinção ou 	a honraria conferida a uma pessoa, consistente em cargo ou título de 	alta graduação; no Direito Canônico, indica-se o benefício ou 	prerrogativa de um cargo eclesiástico”. (SILVA, 1967, p. 526)
		As normas são para determinar o que pode e o que não pode 	fazer, os princípios são para mostrar como devemos fazer, nas 	palavras de:
		Por Humberto Ávila 
		Enquanto as regras são normas imediatamente descritivas, na 	medida em que estabelecem obrigações, permissões e proibições 	mediante a descrição da conduta a ser adotada, os princípios são 	normas imediatamente finalísticas, já que estabelecem um estado de 	coisas para cuja realização é necessária a adoção de determinados 	comportamentos (normas-do-que-fazer). Os princípios são normas cuja 	finalidade frontal é, justamente, a determinação da realização de um fim 	juridicamente relevante (normas-do-que-deve-ser), ao passo que a 	característica dianteira das regras é a previsão do comportamento. (Ávila, 2003, p. 62): 
		Principio da igualdade jurídica entre os companheiros, que traz a 	isonomia entre homem e mulher, não trazendo mais aquela ideia em que 	a mulher era submissa e não podia trabalhar, a comunhão de bens 	refere-se também a este sentido, ambos podem ter tido bens anteriores 	ao casamento e a escolha na junção dos mesmos deve ser livre. 
		O artigo 226, § 5º, da Constituição Federal de 1988 traz plasmado 	que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos 	igualmente pelo homem e pela mulher.
		na lição de Alexandre Moraes:
		“… um valor espiritual e moral inerente a pessoa, que se 	manifesta 	singularmente na 	autodeterminação consciente e 	responsável da própria 	vida e que traz consigo a 	pretensão ao 	respeito por parte das demais 	pessoas, constituindo-se um mínimo 	invulnerável que todo estatuto 	jurídico deve assegurar, de modo que, 	somente 	excepcionalmente, possam 	ser feitas limitações ao 	exercício dos direitos fundamentais, 	mas sempre 	sem menosprezar 	a necessária estima que merecem todas as pessoas 	enquanto 	seres humanos.” (MORAES, 2003, p. 61) 
		Na carta Magna em seu artigo 1º, inciso III , prevê como um dos 	fundamentos essências da República Federativa do Brasil a dignidade 	da pessoa humana, já no 3º, determina como um dos objetivos 	“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 	idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
	Na constituição Federal de 1988, em seu artigo 5ª 	que é o de direitos e deveres fundamentais, determina que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e assegura a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Diante do exposto os princípios constitucionais tem que prevalecer a normas infraconstitucionais e não e em desacordo com eles.
Diante do exposto, “repensar o Direito, especialmente o Direito de Família, demonstra que o que se projeta como valor maior não é o caráter patrimonial das relações, e sim a realização da pessoa”, de acordo com Rosana Amara Girardi Fachim. (FACHIN, 2001, p.126).
	Levando em consideração as palavras de Rosana Amara Girardi Fachim, devemos sair da era que só pensava no bem patrimonial para o verdadeiro significado do casamento que é o bem estar dos nubentes.
	Diante do que vivemos todos devem ter a livre vontade de escolher com quem vai casar, e como vai casar, já que o casamento é um contrato bilateral.
	A determinação da não escolha do regime de bens que eles devem seguir, fere o principio da igualdade e da liberdade de escolher o que é melhor para si, colocando o obstáculo tão somente a idade e impedindo a livre escolha. 
Maria Berenice Dias, destaca que a Constituição, ao instaurar o regime democrático, preocupou-se em banir discriminações de qualquer ordem, conferindo especial atenção à liberdade e à igualdade, e neste particular cita a imposição do regime de separação de bens como um dos mais flagrantes exemplos de afronta ao princípio da liberdade. (DIAS, 2009, p. 63-64)
E ainda sobre o assunto Rolf Madaleno, sobre o assunto, afirma que “Em face do direito à igualdade e à liberdade ninguém pode ser discriminado em função do seu sexo ou da sua idade, como se fossem causas naturais de incapacidade civil. Atinge direito cravado na porta de entrada da Carta Política de 1988, cuja nova tábua de valores coloca em linha de prioridade o princípio da dignidade da pessoa humana, diretriz que já vinha sendo preconizada pela Súmula n. 377 do STF, ao ordenar a comunicação dos bens adquiridosna constância do casamento, como se estivesse tratando da comunhão parcial de bens”. (MADALENO, 2003, p. 04)
Já para outros Doutrinadores, é justificado e não prejudica os princípios como, Regina Beatriz Tavares da Silva, alega que “o direito à liberdade, tutelado na Lei Maior, em vários incisos de seu art. 5.º, é o poder de fazer tudo o que se quer, nos limites resultantes do ordenamento jurídico”, o qual, em diversas regras, impõe limites à liberdade individual. (WASHINGTON, 2007, p.2)
No Estatuto do Idoso é vedado a descriminação em seu artigo 4º, e na lei nº. 8.842/94, no art. 3º, III “o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza”.
Tentativa de revogação ao artigo 1.641, II, do Código Civil
Ocorre que não só os doutrinadores já vislubravam que esse artigo está incorreto, o Poder Judiciário e o Legislativo já fizeram analises para descrever a incoerência dessa norma.
  No ano de 2011, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, concedeu provimento para uma apelação relacionada a este artigo do código civil, para alteração da comunhão de bens, determinando a escolha do casal, afastando por completo a obrigatoriedade instituida pela norma, em seguida trascreve-se a ementa do acórdão supracitado, 
APELAÇÃO CÍVEL - PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA - MODIFICAÇÃO DO REGIME MATRIMONIAL DE BENS - SENTENÇA QUE DECLAROU EXTINTO O PROCESSO POR AUSÊNCIA DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO - LEGITIMIDADE E INTERESSE PARA PLEITEAR A RESPECTIVA ALTERAÇÃO, QUE ENCONTRARIA RESPALDO NO ART. 1.639,§ 2º, DO CC - MATRIMÔNIO CONTRAÍDO QUANDO OS INSURGENTES POSSUÍAM MAIS DE 60 (SESSENTA) ANOS DE IDADE - SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS - PRETENDIDA MODIFICAÇÃO PARA O REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL - INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DO CÓDIGO CIVIL E DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - CONCLUSÃO DE QUE A IMPOSIÇÃO DE REGIME DE BENS AOS IDOSOS SE REVELA INCONSTITUCIONAL - AFRONTA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - LEGISLAÇÃO QUE, CONQUANTO REVESTIDA DE ALEGADO CARÁTER PROTECIONISTA, MOSTRA-SE DISCRIMINATÓRIA - TRATAMENTO DIFERENCIADO EM RAZÃO DE IDADE - MATURIDADE QUE, PER SE , NÃO ACARRETA PRESUNÇÃO DA AUSÊNCIA DE DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DOS ATOS DA VIDA CIVIL - NUBENTES PLENAMENTE CAPAZES PARA DISPOR DE SEU PATRIMÔNIO COMUM E PARTICULAR, ASSIM COMO PARA ELEGER O REGIME DE BENS QUE MELHOR ATENDER AOS INTERESSES POSTOS - NECESSIDADE DE INTERPRETAR A LEI DE MODO MAIS JUSTO E HUMANO, DE ACORDO COM OS ANSEIOS DA MODERNA SOCIEDADE, QUE NÃO MAIS SE IDENTIFICA COM O ARCAICO RIGORISMO QUE PREVALECIA POR OCASIÃO DA VIGÊNCIA DOCC/1916, QUE AUTOMATICAMENTE LIMITAVA A VONTADE DOS NUBENTES SEXAGENÁRIOS E DAS NOIVAS QUINQUAGENÁRIAS - ENUNCIADO Nº 261, APROVADO NA III JORNADA DE DIREITO CIVIL, QUE ESTABELECE QUE A OBRIGATORIEDADE DO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS NÃO SE APLICA QUANDO O CASAMENTO É PRECEDIDO DE UNIÃO ESTÁVEL INICIADA ANTES DE OS CÔNJUGES COMPLETAREM 60 (SESSENTA) ANOS DE IDADE - HIPÓTESE DOS AUTOS - APELANTES QUE CONVIVERAM COMO SE CASADOS FOSSEM NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 1964 E 2006, QUANDO CONTRAÍRAM MATRIMÔNIO - CONSORTES MENTALMENTE SADIOS - PARECER DA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA NO SENTIDO DE SE ADMITIR A PRETENDIDA ALTERAÇÃO - SENTENÇA OBJURGADA QUE, ALÉM DE DENEGAR INDEVIDAMENTE A PRESTAÇÃO JURISDICIONAL, REVELA-SE IMPEDITIVA DO DIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA - DECISUM CASSADO - REGIME DE BENS MODIFICADO PARA O DE COMUNHÃO UNIVERSAL - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. BRASIL. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação Cível nº. 575350. Florianópolis – SC, 01 dez., 2011. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/avancada.jsp#resultado_ancora>. Acesso em: 11 de setembro de 2017
O desembargador deixou claro que não se pode observar as normas de forma isolada e sim abrangendo também os princípios e que a idade não importava já que eles eram sádios. 
	
	
	Seguindo o mesmo raciocínio foi editado o enunciado nº 125, pelo Conselho Nacional de Justiça, onde explicou de forma ampla e clara que visou a revogação do artigo da lei, com o argumento de que: 
		A norma que torna obrigatório o regime de separação 	absoluta de bens em razão da idade dos nubentes não leva em 	consideração a alteração da expectativa de vida com qualidade, que 	se tem alterado drasticamente nos últimos anos. Também mantém 	um preconceito quanto às pessoas idosas que, somente pelo fato de 	ultrapassarem determinado patamar etário, passam a gozar da 	presunção absoluta de incapacidade para alguns atos, como contrair 	matrimônio pelo regime de bens que melhor consultar seus 	interesses.BRASIL. Conselho da Justiça Federal. Enunciado nº. 125 	da I Jornada de Direito Civil. Disponível em: <http://columbo2.cjf.jus.br/portal/publicacao/download.wsp�� HYPERLINK "http://columbo2.cjf.jus.br/portal/publicacao/download.wsp?tmp.arquivo= 1296"�tmp.arquivo= 1296>. Acesso em: 11 de setembro de 2017.
	
Referência:
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