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RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL DO TERMINAL PORTUÁRIO DE MACAÉ 2014 Revisão 01 Maio Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR i GLOSSÁRIO ..................................................................................................................................................... III APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................... 1 O EMPREENDEDOR .......................................................................................................................................... 1 EMPRESA CONSULTORA ................................................................................................................................... 1 QUAIS AS PRINCIPAIS LEIS QUE REGULARIZAM UM PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL? .............................................. 2 O QUE É O TERMINAL PORTUÁRIO DE MACAÉ - TEPOR ................................................................................................ 2 LOCALIZAÇÃO DO TERMINAL ................................................................................................................................... 6 POR QUE MACAÉ FOI ESCOLHIDA? ........................................................................................................................... 6 QUAIS OS SERVIÇOS NECESSÁRIOS PARA A INSTALAÇÃO DO TEPOR? ................................................................................ 7 QUANTAS PESSOAS IRÃO TRABALHAR NA ATIVIDADE? ................................................................................................... 9 EMBARCAÇÕES .................................................................................................................................................... 9 QUAL O FLUXO DE EMBARCAÇÕES? .......................................................................................................................... 9 QUAIS AS ROTAS PREFERENCIAIS DAS EMBARCAÇÕES? ................................................................................................ 10 IMPORTÂNCIA DO TERMINAL PORTUÁRIO PARA MACAÉ .............................................................................................. 10 ÁREAS DE INFLUÊNCIA ................................................................................................................................... 13 ADA - ÁREA DIRETAMENTE AFETADA ..................................................................................................................... 13 AID - ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA ........................................................................................................................ 14 AII - ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA ....................................................................................................................... 16 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ............................................................................................................................. 17 MEIO FÍSICO ..................................................................................................................................................... 17 AMBIENTE TERRESTRE ...................................................................................................................................................... 17 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA.......................................................................................................................................... 17 CLIMA E QUALIDADE DO AR.............................................................................................................................................. 18 RUÍDO ........................................................................................................................................................................... 18 RECURSOS HÍDRICOS........................................................................................................................................................ 19 QUALIDADE DA ÁGUA ...................................................................................................................................................... 21 AMBIENTE MARINHO ....................................................................................................................................................... 22 CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL A SER DRAGADO ................................................................................................................. 22 QUALIDADE DA ÁGUA ...................................................................................................................................................... 23 HIDRODINÂMICA COSTEIRA ............................................................................................................................................... 23 PLUMA DE SEDIMENTOS DE DRAGAGEM ............................................................................................................................. 24 MEIO BIÓTICO .................................................................................................................................................. 26 FLORA ........................................................................................................................................................................... 26 FAUNA .......................................................................................................................................................................... 28 AMBIENTE MARINHO ....................................................................................................................................................... 30 PLÂNCTONS .................................................................................................................................................................... 30 BENTOS ......................................................................................................................................................................... 30 PEIXES ........................................................................................................................................................................... 31 CETÁCEOS ...................................................................................................................................................................... 32 QUELÔNIOS MARINHOS - TARTARUGAS ............................................................................................................................... 32 ÁREAS PROTEGIDAS ......................................................................................................................................................... 33 MEIO SOCIAL .................................................................................................................................................... 34 LOCALIZAÇÃO E DINÂMICA TERRITORIAL .............................................................................................................................. 34 POPULAÇÃO ................................................................................................................................................................... 34 EDUCAÇÃO ..................................................................................................................................................................... 35 ECONOMIA, TRABALHO E RENDA ....................................................................................................................................... 35 SAÚDE ........................................................................................................................................................................... 35 INFRAESTRUTURA ............................................................................................................................................................36 TRANSPORTE .................................................................................................................................................................. 36 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR ii ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA ..................................................................................................................................... 37 ESTUDO DE TRÁFEGO ....................................................................................................................................................... 37 IMPACTOS AMBIENTAIS ....................................................................................................................................... 39 PROGNÓSTICO AMBIENTAL ............................................................................................................................ 47 PERSPECTIVA DA REGIÃO FUTURAMENTE SEM O TEPOR ........................................................................................................ 47 PERSPECTIVA DA REGIÃO FUTURAMENTE COM O TEPOR ....................................................................................................... 47 PROGRAMAS AMBIENTAIS ............................................................................................................................. 48 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - PCS ...................................................................................................................... 48 PROGRAMA DE COOPERAÇÃO COM O PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL – PCOPUR ........................................................... 48 PROGRAMA DE COOPERAÇÃO COM A PESCA - PCOP ............................................................................................................ 48 PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL ....................................................................................................................... 48 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - PEA ..................................................................................................................... 49 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DOS TRABALHADORES- PEAT ..................................................................................... 49 PLANO AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO ................................................................................................................................. 49 PLANO DE PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS PLUVIAIS ................................................................................................... 49 PROGRAMA DE MITIGAÇÃO DA INTERFERÊNCIA NO SISTEMA VIÁRIO ........................................................................................ 49 PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL .................................................................................................................................. 49 SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DO RUÍDO .............................................................................................. 49 SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DA QUALIDADE DO AR .............................................................................. 50 SUBPROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE EFLUENTES ............................................................................................................. 50 SUBPROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS .............................................................................................................. 50 SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA ............................................................................................ 50 SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO DE SOLO E SUBSOLO ................................................................................................... 50 SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO DE SEDIMENTOS MARINHOS ....................................................................................... 50 PROGRAMA DE TRANSPLANTIO E RESGATE DE GERMOPLASMA VEGETAL .................................................................................. 51 PROGRAMA DE COMPENSAÇÃO VEGETAL ............................................................................................................................ 51 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA FAUNA TERRESTRE ..................................................................................................... 51 SUBPROGRAMA DE RESGATE E TRANSLOCAÇÃO DA FAUNA .................................................................................................... 51 SUBPROGRAMA DE PRESERVAÇÃO DA ESPÉCIE AMEAÇADA DE EXTINÇÃO AMEIVULA LITTORALIS (LAGARTO-DE-RABO-VERDE)........... 51 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA BIOTA AQUÁTICA ....................................................................................................... 52 SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO DE CETÁCEOS E QUELÔNIOS ........................................................................................ 52 PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO DE SUBSTÂNCIAS BIOCIDAS ............................................................................................ 52 PROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL DA DRAGAGEM .............................................................................................. 52 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA HIDRODINÂMICA E DA DINÂMICA SEDIMENTAR ............................................................... 52 PLANO DE ATENDIMENTO À EMERGÊNCIA ........................................................................................................................... 52 CONCLUSÃO .................................................................................................................................................. 53 EQUIPE TÉCNICA ............................................................................................................................................ 54 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR iii GLOSSÁRIO Área de Fundeio - trata-se do local aprovado e regulamentado de maneira prévia pela autoridade marítima para que o navio aguarde a atracação no berço de operação. Pode ser descrita ainda como a área onde embarcações lançam âncora. Área de Influência - área externa de um dado território, sobre o qual exerce influência de ordem ecológica e/ou socioeconômica, podendo trazer alterações nos processos ecossistêmicos. Área de Proteção Ambiental - categoria de unidade de conservação cujo objetivo é conservar a diversidade de ambientes, de espécies, de processos naturais e do patrimônio natural, visando a melhoria da qualidade de vida, através da manutenção das atividades socioeconômicas da região. Área de Proteção Permanente - são áreas de grande importância ecológica, cobertas ou não por vegetação nativa, que têm como função preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. Área Degradada - área onde há a ocorrência de alterações negativas das suas propriedades físicas e químicas, devido a processos como a salinização, lixiviação, deposição ácida e a introdução de poluentes. Assoreamento - processo em que lagos, rios, baías e estuários vão sendo aterrados pelos solos e outros sedimentos neles depositados pelas águas das enxurradas, ou por outros processos. Aterro Hidráulico - é o transporte de solo de aterro em suspensão em água através de tubulação. Audiência Pública - procedimento de consulta à sociedade ou a grupos sociais interessados em determinado problema ambiental ou potencialmente afetados por um projeto, a respeito de seus interesses específicos e da qualidade ambiental por eles preconizada. A realização de Audiência Pública exige o cumprimento de requisitos, previamente fixados em resoluções ou instruções, referentes a: forma de convocação, condições e prazos para informação prévia sobre o assuntoa ser debatido; inscrições para participação; ordem dos debates; aproveitamento das opiniões expedidas pelos participantes. Bacia Hidrográfica - área total de superfície de terreno na qual um aquífero ou um sistema fluvial recolhe suas águas. Barcaça - embarcação muitas vezes de fundo chato, reforçada, usada para transportar grandes quantidades de cargas, normalmente a granel ou em fardos. Bentônica - seres marinhos que durante a vida apresentam alguma dependência ecológica do fundo do mar. Berços - extensão do cais de acostagem destinado a atracação de um navio. Biodiversidade - abrangência de todas as espécies de plantas, animais e microrganismos, e dos ecossistemas e processos ecológicos dos quais são parte. Bioma - conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica própria. Biomas são as grandes ‘paisagens vivas’ existentes no planeta, definidas em geral de acordo com o tipo dominante de vegetação. Biota - é o conjunto de seres vivos de um ecossistema, o que inclui a flora, a fauna, os fungos e outros organismos. Buffer - área de entorno, com distância definida, a partir de um determinado ponto. Cetáceos - ordem de animais marinhos pertencentes a classe dos mamíferos. Engloba as baleias, golfinhos, botos e toninhas. Dolfin - é uma coluna de concreto fincada no fundo do mar que aflora à sua superfície e serve para atracar (dolfin de atracação) e para amarrar (dolfin de amarração) navios. Em alguns casos dispensam os cais corridos. Draga - equipamento utilizado para retirada de sedimentos do fundo de ecossistemas aquáticos. Dragagem - método de amostragem, de exploração de recursos minerais, de aprofundamento de vias de navegação (rios, baías, estuários, etc.) ou dragagem de zonas pantanosas, por escavação e remoção de materiais sólidos de fundos subaquosos. Drenagem - remoção natural ou artificial de água superficial, que pode ser de chuva, ou subterrânea de uma área determinada; feição linear negativa, produzida por água de escorrência, que modela a topografia de uma região. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR iv Ecossistema - é o conjunto integrado de fatores físicos, químicos e bióticos, que caracterizam um determinado lugar. Efluente - qualquer tipo de água, ou líquido, que flui de um sistema de coleta, de transporte, como tubulações, canais, reservatórios, elevatórias ou de um sistema de tratamento ou disposição final, com estações de tratamento. Endêmico - relativo à distribuição geográfica de uma determinada espécie a apenas uma região, tipo vegetacional ou bioma. Enroncamento - é uma barreira formada por pedaços de rochas compactadas ou cimento, servindo como proteção contra a erosão causada pelas ondas do mar. Erosão - processo pelo qual a camada superficial do solo ou partes do solo é retirada pelo impacto de gotas de chuva, ventos e ondas e são transportadas e depositadas em outro lugar. Espécie endêmica - espécie com distribuição geográfica restrita a uma determinada área. Germoplasma - é o elemento dos recursos genéticos que maneja a variabilidade genética entre e dentro da espécie, com fins de utilização para a pesquisa em geral, especialmente para o melhoramento genético, inclusive a biotecnologia. Granulometria - medição das dimensões dos componentes clásticos de um sedimento ou de um solo. Por extensão, composição de um sedimento quanto ao tamanho dos seus grãos. As medidas se expressam estatisticamente por meio de curvas de frequência, histogramas e curvas cumulativas. O estudo estatístico da distribuição baseia-se numa escala granulométrica. Heavy Lift - é o único navio no mundo capaz de transportar cargas extremamente pesadas, como plataformas, outros navios, guindastes gigantes, plantas de processos de refinarias, etc. Hectare - unidade de medida de área, que equivale a 10.000 mil m². Hidromórfico - solo que em condições naturais se encontra saturado por água Ictiofauna - fauna de peixes de uma determinada região. Impacto Ambiental - qualquer alteração das propriedades físico-químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente. Licenciamento Ambiental - procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (Resolução CONAMA 237/97). Litologia - ciência que estuda as rochas. Mitigação - ação com o intuito de prevenir ou reduzir um determinado impacto ambiental. Morfologia - o estudo das formas e estruturas que a matéria pode tomar. Offshore - termo utilizado para as atividades, como por exemplo exploração e perfuração, realizadas no mar. Onshore - é o termo utilizado para as atividades realizadas na parte terrestre. Píer - espécie de infraestrutura portuária que se projeta para dentro do mar e oferece atracação para os navios, em suas laterais. O mesmo que berço de atracação. Planctônica - conjunto de organismos aquáticos que flutuam na superfície ao sabor das correntes. Em sua maioria são seres microscópicos. Plano Diretor - é um documento que sintetiza e torna explícitos os objetivos consensuados para o Município e estabelece princípios, diretrizes e normas a serem utilizadas como base para que as decisões dos atores envolvidos no processo de desenvolvimento urbano convirjam, tanto quanto possível, na direção desses objetivos. Pluma - delimitação da extensão da contaminação (poluentes) de um meio (água, ar e solo). Produto Interno Bruto (PIB) - valor do total de bens e serviços finais produzidos em um país durante um determinado período de tempo. Bens e serviços finais são aqueles que não são utilizados como insumos na Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR v produção de outros bens e serviços, pelo menos no período a que se refere o cálculo do PIB. Série calculada pelo IBGE. Qualidade da Água - características químicas, físicas e biológicas, relacionadas com o seu uso para um determinado fim. A mesma água pode ser de boa qualidade para um determinado fim e de má qualidade para outro, dependendo de suas características e das exigências requeridas pelo uso específico. É calculada pelo IQA (Índice de Qualidade da Água). Quebra mar - é uma estrutura costeira que tem por finalidade principal proteger a costa ou um porto da ação das ondas do mar e do clima. Quelônios - constituem todas as formas de tartarugas identificadas no mundo. Restinga - acumulação arenosa litorânea, paralela à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzida por sedimentos transportados pelo mar, onde se encontram associações vegetais mistas características, comumente conhecidas como “vegetação de restinga”. Retroárea - espaço operacional de um porto a ré do caís de atracação, sendo usualmente alfandegada e contendo pátios e armazéns. Sazonal - relativo à estação do ano, próprio de uma estação. Sedimentação - é o processo de deposição de sedimentos. Sedimento - termo genérico para qualquer material particulado depositado por agente natural de transporte, como vento ou água. Silte - todo e qualquer fragmento de mineral ou rocha menor do que areia fina e maior do que argila. Apresenta baixa ou nenhuma plasticidadee exibe baixa resistência quando seco o ar. Sucroalcooleira - setor que produz açúcar e álcool. Suplly - navios especializados no apoio às plataformas. Supressão Vegetal - eliminação ou corte da cobertura vegetal. Terraplanagem - ato de planificar, alinhar o terreno para executar uma obra. É a preparação do terreno para se construir algo, ou seja, deixá-lo livre de ondulações e falhas. Turbidez - opacidade da água devido à presença de partículas sólida em suspensão. Unidades de Conservação - áreas naturais protegidas e sítios ecológicos de relevância cultural, criadas pelo Poder público, compreendendo: parque, florestas, parques de caça, reservas biológicas, estações ecológicas, áreas de proteção ambiental, reservas ecológicas, reservas extrativistas e áreas de relevante interesse ecológico, nacionais, estaduais ou municipais, as cavernas, os monumentos naturais, os jardins botânicos, os jardins zoológicos e hortos florestais. Zona Industrial - de acordo com a Lei Complementar nº 141 de 03/03/2010, as zonas industriais são áreas com predominância de atividades de cunho industrial e de serviços de grande porte, admitindo-se a instalação de atividades potencialmente poluidoras, que, portanto, devem evitar a convivência ao uso residencial. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 1 APRESENTAÇÃO O presente Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) foi elaborado com o objetivo de reproduzir as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) com uma linguagem objetiva e acessível à população para que a mesma tenha um melhor entendimento sobre o projeto e todos os aspectos estudados no EIA. Esse relatório permite que a sociedade civil, grupos ou entidades afetadas e interessadas possam entender melhor esse empreendimento. O EIA é um estudo técnico e aprofundado sobre todos os temas que compõem a análise da viabilidade ambiental do empreendimento, compreendendo o levantamento da literatura científica e legal relacionada, resultados de trabalhos de campo, laudos de análises de laboratório, entre outras informações necessárias para a sua composição. Foi produzido para permitir que o órgão ambiental licenciador avalie se o projeto possui viabilidade ambiental, ou não. Isso tudo ocorre na fase do planejamento e concepção do projeto. O RIMA expõe, portanto, de forma objetiva, por meio de uma linguagem acessível, ilustrativa com a apresentação de mapas, fotografias, gráficos e outras técnicas de comunicação visual, as vantagens e desvantagens do projeto. O EMPREENDEDOR Razão Social TEPOR - Terminal Portuário de Macaé Ltda. CNPJ 13.970.936/0001-97 Inscrição Estadual 79.712.507 Endereço para correspondência Av. Elias Agostinho, nº 340, sala 309. CEP 27.913-350, Bairro de Imbetiba. Cidade Macaé, RJ Responsável Legal André de Oliveira Cancio Telefone (11) 3157-1368 Endereço Eletrônico andrecancio@queirozgalvao.com EMPRESA CONSULTORA Razão Social Masterplan – Consultoria de Projetos e Execução Ltda. CNPJ 04.221.757/0001-66 Inscrição Municipal 9746-9 Endereço Rua Buenos Aires, 56 – 5º andar, Centro Cidade Rio de Janeiro Responsável Legal Sabrina Pivato CEP 20070-022 Telefone (21) 3553-3968 E-mail contato@masterplan.eng.br Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 2 QUAIS AS PRINCIPAIS LEIS QUE REGULARIZAM UM PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL? A implantação de empreendimentos potencialmente poluidores está condicionada a controles impostos por leis e normas federais, sendo que as mais importantes são aquelas derivadas do art. 225, da Constituição federal, da Lei nº 6.938/81, que instituiu o Sistema Nacional do Meio ambiente (SISNAMA) e das Resoluções editadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) que regulamentam o processo de licenciamento ambiental. Além disso, no Estado do Rio de Janeiro há um Sistema de Licenciamento Ambiental, editado pelo Decreto nº 42.159/2009. A exigência de EIA/RIMA para atividades de significativo impacto ambiental, que é o caso do empreendimento, está expressa na Constituição Federal do Brasil, na Política Nacional de Meio Ambiente e na Lei Orgânica de Macaé, como obrigação legal prévia à instalação. O QUE É O TERMINAL PORTUÁRIO DE MACAÉ - TEPOR O Terminal Portuário de Macaé - TEPOR será um terminal logístico que tem como objetivo atender demandas de suprimentos (movimentação de cargas e apoio logístico) de toda a cadeia de Petróleo e Gás. Os navios que atracarão no Porto, denominado "Supplys Boats", deverão fornecer para as Plataformas de Petróleo insumos e equipamentos. O projeto do Terminal é composto por uma retroárea onshore (estrutura terrestre) e uma área offshore (estrutura no mar), ligadas através de uma ponte de acesso com aproximadamente 1.680 m de extensão, conforme ilustram as imagens a seguir. Projeto do Terminal Portuário e suas áreas terrestre (onshore) e marinha (offshore) Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 3 Detalhe das áreas terrestres (onshore) Detalhe da área marinha (offshore) O Projeto da parte terrestre do Terminal contempla três áreas que serão detalhadas abaixo: Área 1 Portaria principal de acesso: 400 m² Subestação: 130 m² Galpão para resíduos e materiais descartáveis: 800 m² Oficina: 1.800 m² Serviço e Manutenção: 16.200 m² Serviços e Utilidades: 1.500 m² Administração, refeitório e vestiário: 880 m² Armazém geral: 5.500 m² 2 balanças rodoviárias Pátio para carga geral: 45.000 m² Pátio para pré-embarque de carga geral: 13.000 m² Área para tancagem: 4.800 m² Estação de tratamento de efluentes: 700 m² Estacionamento de veículos com aproximadamente 1.850 m² Área Alfandegada: 2.000 m² Viaduto sobre a RJ-106 (Rodovia Amaral Peixoto) para interligação das áreas terrestres do terminal Área 2: Esta área não possui edificações e é composta por oito lotes para arrendamento a terceiros em regime condominial com arruamento projetado para atendê-las de maneira independente. Área 3: Estacionamento de carretas com aproximadamente 7.600 m² Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 4 Sete lotes para arrendamento a terceiros em regime condominial com arruamento projetado para atendê-las de maneira independente. A área offshore está localizada em alto mar e consiste em uma ilha artificial, com área total de aproximadamente 140.000 m², contendo 15 berços para atracação dos navios. Fazem parte do seu arranjo os seguintes componentes de projeto: 1 Ponte de acesso 15 Berços para atracação de navios 13 Píeres 1 Plataforma de ligação dos píeres 1 Quebra-mar 1 Bacia de manobra e canal de acesso para a chegada 1 Retroárea por trás dos píeres e da plataforma de ligação Arranjo da estrutura marítima Arranjo da Infraestrutura Terrestre Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 6 LOCALIZAÇÃO DO TERMINAL O TEPOR está situado no bairro do São José do Barreto, na Praia da Barra, litoral norte do município de Macaé, a cerca de 5 km do Aeroporto de Macaé, a 4 km do Terminal de Cabiúnas da Petrobras (TECAB), 10 Km do trevo de acesso principal à cidade pela BR-101 e a 1,2 Km do Terminal Urbano Lagomar. Localização do terminal no bairro São José do Barreto e respectivo sistema viário POR QUE MACAÉ FOI ESCOLHIDA? Durante a concepção do projeto, foram analisadas inicialmente 11 regiões entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, em que foram estudadas as diferentes características que possibilitariam ou não a instalação do terminal portuário.No segundo momento do projeto, foi realizada a avaliação ambiental preliminar das 04 alternativas locacionais (Maricá, Macaé, Angra dos Reis TEBIG e Angra dos Reis Estaleiro) reconhecidas pelo estudo como as de melhor viabilidade ambiental sobre os aspectos ambientais, sociais e legislativos. Este estudo preliminar possibilitou às análises dos seguintes aspectos: Legislação favorável ao uso pretendido pelo empreendimento (Plano Diretor, Lei de Parcelamento do Solo Urbano e Zoneamento Municipal) Sistema viário e vias de acesso Proximidades a áreas legalmente protegida e sensíveis Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 7 Topografia/declividade Classificação da área: turística, adensamento urbano Sensibilidade social e econômica Histórico de decisões contrárias à instalação de novos portos Comunidades Quilombolas e Terras Indígenas Sítios Arqueológicos Após a análise dos aspectos supracitados e suas possíveis interferências do projeto nos meios físico, biótico e socioeconômico nas respectivas alternativas locacionais foi reconhecida a área de Macaé como sendo a alternativa que apresentou a melhor viabilidade ambiental. Contextualmente, Macaé é uma cidade conhecida mundialmente pelas atividades de E&P de petróleo na Bacia de Campos e apresenta grande tendência de crescimento em função das descobertas de novas reservas do Pré-Sal além de apresentar demandas atuais de serviços de apoio as atividades de E&P. QUAIS OS SERVIÇOS NECESSÁRIOS PARA A INSTALAÇÃO DO TEPOR? Para a instalação do TEPOR, serão executadas as atividades de obra para implementação da infraestrutura e urbanização do terreno e áreas diretamente afetadas pelo TEPOR. O projeto do TEPOR foi concebido de maneira a minimizar os impactos ambientais nos meios físico e biótico, com soluções de engenharia. Como exemplo cita-se a área offshore distante da linha de costa para reduzir os impactos na área de praia, a utilização de aterro hidráulico com o aproveitamento de todo o material a ser dragado, não sendo necessário bota fora oceânico ou terrestre, além da ligação da área offshore com a onshore ser realizada por uma ponte sobre pilares que não interrompem o fluxo de transporte sedimentar. Na parte terrestre, as atividades de obra começarão com o plantio de árvores próximo ao Canal Campos- Macaé. Depois ocorrerá a terraplenagem e nivelamento de terreno, instalação da drenagem de água de chuva, construção do viaduto de sobreposição a Rodovia Amaral Peixoto e construção da sub estação. A construção do viaduto rodoviário, que ligará as áreas 1 e 2 até a área 3, passará por cima da Rodovia Amaral Peixoto, permitindo a conexão direta das áreas do empreendimento sem interferência no trânsito local. O viaduto terá 170 metros de comprimento e contará com uma pista de mão dupla, além de uma passarela de pedestres. Será construída também uma ligação com a Rodovia Amaral Peixoto que permitirá a entrada para o empreendimento através do seu sentido Lagomar, assim como a saída do TEPOR no sentido Macaé da rodovia. Para a construção da estrutura marítima do terminal, está prevista a execução da ponte de acesso, dragagem de sedimentos (para aumentar o calado possibilitando a chegada dos navios), aterro hidráulico, construção do quebra-mar/enrocamento com rochas, construção dos berços de atracação e construção do píer. A ponte de acesso servirá de ligação do terminal terrestre com o terminal marítimo e possuirá aproximadamente 1.680m de extensão. A ponte terá seu início próximo à praia e prosseguirá perpendicularmente a ela até chegar no aterro hidráulico. Para a construção do quebra-mar, que possui a função de proteger os navios da agitação das ondas do mar, serão utilizadas rochas provenientes de jazidas devidamente licenciadas, que serão transportadas pela ponte de acesso, despejadas no local de destino e posicionadas por máquinas como pás carregadeiras e tratores de esteira. A dragagem do canal de acesso, bacia de manobra e berços, necessária para garantir profundidades adequadas para o trânsito dos navios, será feita com a utilização de draga, do tipo hopper autotransportadora, que armazenará o material Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 8 extraído, composto principalmente por areia em sua cisterna. Posteriormente, a draga bombeará, por meio de mangotes, esse material para construir o aterro hidráulico, onde o material será totalmente reutilizado (1.311.000 m³), não sendo necessário bota-fora oceânico, o que diminui os impactos ambientais na fauna marinha. Modelo de draga Hopper Localização geográfica da área a ser dragada na região costeira de Macaé. Os 13 píeres serão construídos com o auxílio de guindaste e martelo hidráulico de guia suspensa para cravar as estacas. Em seguida, serão instaladas peças pré-moldadas. Por fim, será instalado o sistema de tratamento de efluentes, constituído de duas estações de tratamento de efluente sanitário (uma no terminal terrestre e outra no terminal marítimo), rede coletora e de estações elevatórias. Essas estações de tratamento garantirão que todo o efluente sanitário gerado no TEPOR, seja tratado até atingir o nível estabelecido pela legislação ambiental. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 9 QUANTAS PESSOAS IRÃO TRABALHAR NA ATIVIDADE? Para a fase de instalação do Terminal Portuário, que terá uma duração aproximada de 30 meses, está previsto um pico de trabalhadores diretos de até 1.010 homens e uma média de 627 homens nas mais variadas tarefas construtivas, distribuídos em dois grupos de funções, “Civil” e “Montagem Eletromecânica”. E na operação do Terminal, haverá a disponibilidade de 600 a 800 vagas de emprego. EMBARCAÇÕES O terminal Portuário será utilizado por embarcações supridoras do tipo PSV (Platform Supply Vessel), Heavy Lift, ORSV, AHTS e etc. QUAL O FLUXO DE EMBARCAÇÕES? O terminal está projetado para receber 32 atracações/dia, com média de atracação de 10 horas por embarcação e 1 hora de manobra entre entrada e saída. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 10 QUAIS AS ROTAS PREFERENCIAIS DAS EMBARCAÇÕES? Estima-se que 70% dos navios virão de alto mar diretamente para o acesso do TEPOR e 30% das embarcações virão de alto mar para a região de fundeio e posteriormente ao canal de acesso. O TEPOR irá utilizar as rotas que hoje são amplamente usadas pelo Supply Boats que atracam em Imbetiba. Percursos para atracação no TEPOR IMPORTÂNCIA DO TERMINAL PORTUÁRIO PARA MACAÉ Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 11 A partir de 1939, início das atividades de Petróleo no Brasil, o crescimento deste ramo da economia vem apresentando um ritmo acelerado. Atualmente, os maiores índices da indústria de Exploração e Produção (E&P) de Petróleo no Brasil estão localizados na Bacias de Campos, do Espírito Santo e de Santos. Para que a exploração, o desenvolvimento e a produção sejam realizados de forma plena é necessária uma indústria global de equipamentos, serviços de apoio e terminais logísticos que permitam realizar tais atividades. Nos dias de hoje, essa demanda de apoio logístico das plataformas em atividade na Bacia de Campos e no norte da Bacia de Santos é atendida pelo Terminal de Imbetiba, também conhecido como Porto de Macaé (PMAC), que é específico para os Supply Boats, e encontra-se saturado, conforme podem ser visualizadas as áreas de fundeio na figura abaixo com uma intensa quantidade de navios a espera de atracação.Situação Atual das áreas de fundeio do Porto de Imbetiba. Fonte: Marine Traffic, 28/04/2014 às 11:15 Com a descoberta do Pré-Sal há a previsão de aumento da produção da Bacia de Campos e na Bacia de Santos, e consequente crescimento proporcional do tráfego e da quantidade de embarcações de apoio logístico às plataformas offshore. A infraestrutura portuária tornou-se uma real necessidade para viabilizar as atividades de E&P esperado após a descoberta do pré-sal. Nessa perspectiva, o Terminal Portuário de Macaé (TEPOR) assume a função de fornecer as condições de infraestrutura necessária para viabilizar uma gestão eficaz da cadeia de suprimentos indispensáveis às operações offshore da bacia de Campos e da parte norte da bacia de Santos, contando com embarcações supridoras (Supply Boats) para atender a indústria de petróleo no fornecimento de suprimentos para plataformas e embarcações em alto mar. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 12 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 13 ÁREAS DE INFLUÊNCIA A área de influência de um empreendimento para um estudo ambiental é apresentada como a região que sofrerá com possíveis alterações em seus meio físico, biótico e/ou socioeconômico, seja pelos impactos de primeira ordem (diretos) ou segunda ordem (indiretos) originados pelo projeto. Essas alterações podem ser positivas ou negativas. Para o TEPOR, foram identificadas três áreas de influência, afins e contíguas: Área Diretamente Afetada, Área de Influência Direta e Área de Influência Indireta. ADA - Área Diretamente Afetada Foi considerada como Área Diretamente Afetada as áreas que realmente sofrerão intervenções decorrentes da implantação e operação do empreendimento. A ADA é, portanto, a soma da área terrestre (onshore) e marinha (offshore), juntamente com a ponte de acesso. Área Diretamente Afetada pelo empreendimento Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 14 AID - Área de Influência Direta A AID é aquela que poderá receber os impactos de primeira ordem (diretos) do Terminal Portuário de Macaé. Sendo assim, a AID para os meios físico e biótico na parte terrestre foi definida com base no estudo da alteração na Linha de Praia que o Terminal e com base no resultado do estudo de emissões sonoras na fase de obra e operação. Para tanto, no Ambiente Marinho, analisou-se os resultados do estudo da Modelagem Numérica da Hidrodinâmica e dos Processos de Dispersão da Pluma de Sedimentos bem como e a área de fundeio devidamente autorizada pela marinha. Área de Influência Direta dos Meios Físico e Biótico Para o meio socioeconômico, foram definidos os bairros do Lagomar, São José do Barreto, Parque Aeroporto, Ajuda e Cabiúnas, que são áreas que pela distância geográfica do empreendimento serão Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 15 impactadas pela geração de expectativa de emprego, aumento da especulação imobiliária, incremento no tráfego de veículos. Na parte marinha foi considerada a rota preferencial de acesso aos berços, a área de exclusão da pesca, e o obstáculo físico do Terminal Portuário de Macaé. Área de Influência Direta do Meio Socioeconômico Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 16 AII - Área de Influência Indireta A AII é aquela área real ou potencialmente ameaçada pelos impactos indiretos (ou de segunda ordem) da implantação e operação do empreendimento. Como o empreendimento está inserido na Bacia Hidrográfica do rio Macaé, considerou-se para a AII dos meios físico e biótico a sub bacia baixo rio Macaé e uma pequena parcela da bacia de Carapebus, incorporando a Lagoa de Cabiúnas. No Ambiente Marinho, a AII do meio físico, biótico e socioeconômico foi delimitada como um buffer de 10 km, de forma conservadora, englobando todo o arquipélago de Santana e as rotas de embarcações já existentes na região. Área de Influência Indireta dos Meios Físico e Biótico A Área de Influência Indireta terrestre do Meio Socioeconômico foi delimitada como todo o município de Macaé, pois será a região que sofrerá os impactos positivos, como dinamização da economia pela arrecadação de impostos, e impactos negativos, como a pressão sofre a oferta de serviços públicos. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 17 Área de Influência Indireta do Meio Socioeconômico DIAGNÓSTICO AMBIENTAL O diagnóstico ambiental a ser apresentado neste item refere-se a síntese dos componentes ambientais presentes na região estudada para o reconhecimento da sua qualidade ambiental. O estudo de diagnóstico ambiental é um estudo multidisciplinar onde são analisados todos os componentes ambientais que compõem as áreas de influência do empreendimento. Este estudo tem por objetivo caracterizar a qualidade ambiental da região de inserção do empreendimento anteriormente a sua implantação. Neste estudo, são diagnosticados os elementos físicos, biológicos e socioculturais da região. Meio Físico Ambiente Terrestre Geologia e Geomorfologia Inserida no Complexo de Búzios, a área do empreendimento é composta principalmente por depósitos característicos de ambientes litorâneos (depósitos marinhos e flúvio- marinhos). As características geomorfológicas, Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 18 representadas pelas planícies fluviais e/ou flúvio-marinhas, colinas e cordões arenosos e restingas, também indicam a influência de um ambiente litorâneo. A topografia das praias limítrofes ao TEPOR, apresentam cristas elevadas (5 m), que marcam o topo do cordão litorâneo com largura média de praia de 56 m e face de praia com declive de 1:6,5 (8,6°) com maior estabilidade da linha de costa, pois aponta excesso de sedimento na ante praia. Porção Leste da ADA. Linha de praia atual, disposta em dois ambientes de sedimentação granulométrica distintas (A e B), devido a dinâmica micas costeiras distintas. No lado B, a presença de depósitos arenosos mais grossos do que no lado A, devido ao aumento de energia de A para B. Fonte: Masterplan, 2013. Na AID do empreendimento foram classificados 3 tipos de solo, argissolo vermelho-amarelo, gleissolo e espodossolo humilúvico hidromórfico. Essas características morfológicas do terreno influenciam diretamente suas condições de drenagem. Perfil da praia de São José do Barreto, Macaé, 2013. Fonte: Masterplan 2013 Clima e Qualidade Do Ar O empreendimento está inserido na zona geográfica de baixada do município de Macaé, que abrange todo o litoral. Ao longo do ano, a estação chuvosa é de novembro a abril, enquanto de maio a outubro ocorre o período de seca. O máximo de chuva é em torno de 182 mm em dezembro, contra um mínimo de chuva de 51 mm em agosto, com uma média anual de 1.231 mm. De modo geral, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, a direção predominante dos ventos varia de Nordeste a Leste em praticamente todos os meses do ano. Alguns fenômenos meteorológicos podem, temporariamente, alterar os regimes de ventos. Ruído Foram realizadas medições do ruído na região de São José do Barreto, Parque Aeroporto, Cabiúnas e Lagomar, com o objetivo de conhecer os níveis de ruído ambiente atual da região, para servir como referência em medições de ruído posteriores. Comparando os resultados obtidos com os limites de níveis sonoros previstos pela norma federal aplicável, obteve-se que 40% dos pontos A B Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 19 onde o ruído foimedido encontram-se acima do limite e 60% igual ou abaixo do limite. Localização dos Pontos de Medição de Ruídos Recursos Hídricos A região onde pretende-se instalar o TEPOR está inserida na Região Hidrográfica VIII-Macaé e Rio das Ostras, que abrange todo o município de Macaé, e parcialmente os municípios de Carapebus, Conceição de Macabu, Casimiro de Abreu, Nova Friburgo e Rio das Ostras. Dentro desta RH, a Sub-bacia do Baixo Rio Macaé e uma pequena parcela da Bacia de Carapebus foram delimitadas como a AII do TEPOR. A sub-bacia do Baixo Rio Macaé está localizada entre a foz do rio d’Anta e a foz do rio Macaé, e drena uma área aproximada de 730 km². Da área total da Bacia de Carapebus, cerca de 48,55 km² está inserida na RH - VIII, parcela na qual se inclui a localização da AII do empreendimento. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 20 AII do TEPOR com sub-bacia do Baixo Rio Macaé e bacia de Carapebus. Já na AID, dentre os recursos hídricos observados, destaca-se o canal Campos-Macaé. Atualmente é possível visualizar diversos pontos neste canal com problemas de assoreamento que podem acarretar na inundação em períodos de chuvas intensas. Além disso, ocorre o despejo de resíduos sólidos e esgoto diretamente nas águas canal. Na área do TEPOR existe um lago artificial que no Projeto revisado está sendo prevista a disponibilização de uma área de lazer, com a preservação do mesmo, e com a implantação de aparelhos esportivos às suas margens e disponibilização de acesso público, que contribuirá para o convívio social da comunidade e do seu entorno Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 21 Rio Macaé Lago Artificial encontrado no terreno (ADA) Canal Campos-Macaé assoreado e com margens degradadas Qualidade da Água A qualidade da água varia em função do uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica, das condições geológicas e geomorfológicas, cobertura vegetal da bacia de drenagem e poluição humana. De modo geral, a qualidade da água da sub-Bacia do Baixo Rio Macaé (que compõem a AII do TEPOR), principalmente próximo a foz do rio Macaé, apresenta uma qualidade inferior em relação as outras áreas da Bacia do Rio Macaé, devido a maior influência das atividades de agricultura, pecuária e despejo de esgoto. Já a qualidade da água no canal Campos-Macaé foi avaliada através da coleta e análise de água. Os resultados apontaram que as condições ambientais retratam um intenso impacto oriundo do descarte de efluente doméstico, sem aparentar indícios de impacto industrial. Também foi analisada a qualidade da água do lago artificial na ADA do TEPOR. Os resultados indicaram que o lago possui uma quantidade considerável de matéria orgânica, o que indica uma anterior pressão antrópica. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 22 Ambiente Marinho A AID e AII do meio físico marinho estão inseridas na região de costeira de Macaé, e expostas às condições oceanográficas desta. A amplitude da maré é baixa (micro maré), sendo o litoral dominado pelo regime de ondas fracas a moderadas, provenientes preferencialmente de nordeste. Ondas provenientes do quadrante sudeste, sul e sudoeste, associadas às frentes frias de inverno, são mais intensas, mas menos frequentes. A costa de Macaé é considerada como local para desenvolvimento industrial e portuário. Caracterização do Material a ser Dragado Os sedimentos que serão dragados foram caracterizados física e quimicamente, através da coleta e análise de material na área em que se pretende dragar. A figura a seguir apresenta as estações amostradas que são representativas da região a ser dragada. Esquema dos pontos de coleta na região costeira. Os resultados indicaram que o material a ser dragado é prioritariamente composto por areia com alguns pontos com a fração silte mais elevada. Foi detectado em alguns pontos concentrações do metal cromo e do semi metal arsênio acima dos limites da Resolução CONAMA Nº 454/2012. Por isso foi estruturado um cuidadoso programa para as operações de dragagens, que deve evitar qualquer tipo de contaminação. Além disso, o material dragado será confinado, através da técnica de disposição em Confinamento de Disposição Final (CDF) insular, o que reduzirá ainda mais o risco de contaminação do ambiente pelo sedimento contaminado que será dragado. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 23 Qualidade da Água A qualidade da água do mar foi avaliada através da amostragem em 7 pontos, distribuídos ao longo da área costeira, nas proximidades do empreendimento. Os parâmetros físico-químicos e biológicos da qualidade do ambiente marinho apresentaram um comportamento esperado, sendo influenciado espacialmente pela descarga fluvial e pela pluma de água doce formada pelo rio Macaé e pelo distanciamento da costa. Hidrodinâmica Costeira Um modelo matemático foi utilizado para identificar a interferência do TEPOR: (1) no padrão de propagação e incidência de ondas na costa; (2) no padrão de circulação hidrodinâmica nas proximidades das futuras estruturas e na zona de arrebentação; (3) nos processos de erosão/sedimentação e mudanças de morfologia costeira. Resultados obtidos: Altura das ondas: o quebra-mar provoca a formação de uma zona de sombra e a consequente diminuição das alturas de ondas incidentes na costa (Figura 02). Fora da zona de sombra as ondas ficam inalteradas. Altura de onda nas proximidades do TEPOR . Padrão de circulação: alterações no padrão de correntes na zona de arrebentação induzidas pela quebra de ondas. Morfologia costeira: formação de uma praia saliente localizada na zona de sombra do quebra-mar (Figura 02). É importante ressaltar que grande parte da saliência será submersa. Efeitos do quebra-mar na linha de costa: 3696 m de efeito do quebra-mar, entre zonas de aumento e diminuição da linha de costa (Figura 03). O período de 5 anos representado no modelo é suficiente para a linha de costa atingir uma nova situação de equilíbrio morfodinâmico. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 24 Saliência submersa formada pela estrutura do porto Resultados dos processos morfodinâmicos simulados com o quebra-mar do TEPOR. Transporte residual de sedimentos: mesmo com a formação de duas células de transporte convergentes na área da estrutura do porto, é observada uma retomada na magnitude e direção do transporte residual de sedimentos em direção ao norte. Pluma de Sedimentos de Dragagem Dispersão e deposição de sedimentos de dragagem: As plumas resultantes mudam de posição e comprimento em resposta ao padrão de correntes, ventos e marés, refletindo condições de verão e inverno (Figura 04 e 05). Em todos os casos, as plumas sempre apresentam concentrações maiores junto ao local dragado e valores decrescentes à medida que se afasta. DIMINUIÇÃO DIMINUIÇÃO AUMENTO Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 25 De acordo com a simulação, o máximo alcance da pluma de sedimentos com concentração adicionada superior a 20 mg/L foi de aproximadamente 1,8 km para sul, em condição típica de verão, e de aproximadamente 2 km para norte, em condição típica de inverno, contando a partir da área dragada. Espessura do material depositado: foram considerados os processos de remobilização e ressuspensão do material depositado no leito marinho, ocasionados pela ação das correntes geradas pelo vento e marés (Figura 06 e 07). Máxima espessura: aproximadamente 0,065m (65 mm), nas proximidadesda bacia de atracação e aterro (nas simulações das condições típicas de inverno e de verão). Contornos de probabilidade de ocorrência de passagem de pluma de sedimentos finos com concentração adicionada > 20 mg/L - Inverno. Contornos de probabilidade de ocorrência de passagem de pluma de sedimentos finos com concentração adicionada > 20 mg/L – Verão. Contornos de espessura do material depositado – Inverno Contornos de espessura do material depositado – Verão Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 26 Levantamento de Passivos Ambientais Com o objetivo de se reconhecer possíveis contaminações ambientais pretéritas (passivos ambientais) no terreno do empreendimento, foi realizada a Avaliação Preliminar dos Passivos ambientais a qual classificou o terreno como uma área que não possui potencial de contaminação (AP), uma vez que não há histórico de uso e ocupação. Avaliação de Risco A metodologia utilizada (Análise Preliminar de Perigo - APP) considera as causas dos eventos, a frequência de ocorrência do cenário do acidente, a severidade das consequências e do risco associado. Combinando-se as categorias de frequência com as de severidade obtêm-se a Matriz de Riscos, cujos resultados podem ser: 1 – Desprezível; 2 – Menor; 3 – Moderado; 4 – Sério; 5 – Crítico. Para a análise dos perigos, foram identificadas as substâncias presentes nas instalações. No caso do TEPOR, verificou-se a presença de produtos inflamáveis. Os cenários de risco identificados foram classificados como Desprezíveis (10 cenários) e de Menor risco (7 cenários). Nenhum cenário foi classificado como risco Moderado, Sério e Crítico. Conclui-se que, tecnicamente, existe viabilidade para implantação do empreendimento de acordo com os critérios de aceitabilidade dos riscos estabelecidos na Instrução Técnica CEAM/DILAM Nº 15/2013 emitida pelo INEA. Meio Biótico Flora O Projeto TEPOR encontra-se inserido no domínio do Bioma Mata Atlântica. De maneira geral, a área destinada à implantação do Projeto TEPOR é circundada por área urbana densamente ocupada, apesar de ainda possuir, em uma pequena área próxima à praia do Barreto, vegetação de restinga herbácea e arbustiva arbórea que ainda preserva alguma de suas características típicas originais. Na AID do empreendimento predominam extensas áreas de pastagem, bem como a ocorrência de espécies exóticas cultivadas, tais como amendoeira, castanheira, bambu, coco-da-Bahia, casuarina, dentre outras. Dentre as espécies arbóreas originais da Mata Atlântica e remanescentes na área do Projeto TEPOR podemos citar angelim-rosa, guatambu, clúsia, capixingui, ingá, aroeira-vermelha. Não foram reconhecidas espécies ameaçadas de extinção na AID e ADA de acordo com a Instrução Normativa MMA nº 06/2008, havendo o registro, no entanto, de uma cactácea, a Melocactus violaceus, espécie considerada “vulnerável” de acordo com o Livro Vermelho, publicação recente do Centro Nacional de Conservação da Flora, a qual será tratada em programa ambiental específico. Quanto a fitofisionomia, na AID, as formações vegetais nativas mais representativas são as restingas herbáceas e a arbórea-arbustiva, as quais revestem 4,05 % e 3,41 %, respectivamente, da área total da AID. As árvores que estão presentes no terreno do Projeto TEPOR de forma esparsa ou isolada, como ingá, maricá, maria-mole, angico, dentre outras pertencem originalmente à formação de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 27 Moitas de vegetação de restinga arbustiva-arbórea, remanescentes na ADA do TEPOR. Vegetação exótica invasora no primeiro planto (Agave sp.) e vegetação de restinga herbácea aos fundos com dominância da palmeira Allagoptera arenaria, planta indicadora de ambientes alterados pelo homem. Na AII, os remanescentes florestais mais preservados, pouco alterados ou em estágio avançado de regeneração natural, podem ser encontrados na Reserva Biológica União (REBIO), Unidade de Conservação de Proteção Integral, bem como na Serra das Pedrinhas. Estas duas áreas preservam grandes fragmentos florestais, os quais representam as fitofisionomias florestais existentes na região, sobretudo os subtipos florestais da Floresta Atlântica, a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, a Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana. Os remanescentes mais preservados são aqueles localizados ao longo das encostas destas áreas. Formação florestal bem preservada na Serra das Pedrinhas, AII do TEPOR. Comunidade florestal bem preservada na Serra das Pedrinhas, AII do TEPOR. Passiflora alliacea Barb. Rodr Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 28 Fauna Foram realizadas duas campanhas, uma em 2013 e outra em 2014, para identificar quais são os animais que habitam a área do empreendimento. Esse trabalho de campo ocorreu mediante visitas de equipes composta por consultores, professores e instituições de ensino e pesquisa, compostas majoritariamente de biólogos e ecólogos. Em relação ao grupo de mamíferos, após o levantamento de campo, foram encontradas 24 espécies. Entre as espécies exóticas, isto é, aquelas espécies que não são naturais do habitat estudado, foram encontradas duas espécies classificadas como exóticas invasoras: o camundongo (Mus musculus) e o rato-de-porão (Rattus rattus). Estas espécies foram introduzidas no Brasil pelos colonizadores portugueses e, atualmente, são amplamente encontradas perto de habitações humanas e ambientes antropizados. A espécie de mamífero endêmica e ameaçada encontrada durante os trabalhos de campo foi o rato de espinho Trinomys cf eliasi. Para o grupo de aves, o trabalho de dados de campo com visualização de binóculos se identificou 167 espécies na Área de Influência Indireta, sendo 04 espécies exóticas, 06 migratórias (espécies que não são endêmicas da região, trata-se de espécies migrantes que utilizam a região para a reprodução, descanso ou para a alimentação durante as demais estações do ano) e 02 espécies ameaçadas, o sabiá- da-praia (Mimus gilvus) e o trinta-reis-real (Thalasseus maximus). O sabiá-da-praia, foi encontrado na Área do empreendimento, e apesar de não ser endêmico do Brasil pode ser considerado um endemismo de habitat pois ocorre apenas na vegetação de restingas. Sabiá-da-praia (Mimus gilvus) Trinta-reis-real (Thalasseus maximus) Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 29 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 30 Em relação aos anfíbios foram registradas 13 espécies de anfíbios anuros, e no grupo de répteis 8 espécies como resultado de dados primários. A rãzinha (Pseudopaludicola falcipes) está como presumivelmente ameaçada e o lagarto da cauda verde (Ameivula littoralis) como vulnerável devido a perda de habitat, pois ocorre exclusivamente em restingas e sua distribuição conhecida abrange apenas quatro áreas de restinga no Estado do Rio de Janeiro: Barra de Maricá (município de Maricá), restinga de Jurubatiba (municípios de Macaé, Carapebus e Quissamã), restinga de Grussaí (município de São João da Barra) e Marambaia (Mangaratiba). Lagarto da cauda verde Ameivula littoralisO estudo para os insetos foi realizado mediante a busca de dados publicados na literatura, como artigos e trabalhos acadêmicos. Para o município de Macaé foi identificada uma grande biodiversidade composto por 178 espécies, onde o grupo das borboletas apresentou um maior número de espécies registradas, como a borboleta-da-praia Parides ascanius, que é uma espécie ameaçada de extinção e que foi registradaem 1984 na restinga de Macaé. Ambiente Marinho Plânctons Estes organismos, representados por fitoplânctons (algas) e zooplânctons (pequenos animais), vivem livremente na coluna d’água e não possuem e/ou quase nula a habilidade de se locomover. Na região estudada, foram encontrados 97 representantes, pertencentes a 7 classes diferentes, onde a classe das diatomáceas foi dominante em todos os pontos de coleta. No tocante à comunidade zooplanctônica, os crustáceos (filo Arthropoda), seguido dos cilióforos (filo Protozoa) foram os grupos de maior dominância. Nos demais pontos de coleta, os copépodes foram mais representativos, conforme esperado, pois formam o maior grupo da fauna planctônica marinha. As larvas náuplio e os copepoditos representam uma das principais fontes de alimento para larvas e estágios juvenis de alguns peixes marinhos. Bentos Bentos são organismos que vivem fixados nos substratos. Para este estudo, foram coletados organismos bentônicos dos sedimentos marinhos e foram reconhecidos 455 exemplares de espécies distribuídas nas classes/filos, Crustácea, Gastropoda, Bivalvia, Annellida, Sipunculida, Echinoderma e Cephalochordata. De modo geral, observa-se que os resultados do estudo indicam um alto grau de comprometimento da área na foz do rio Macaé, como é o caso da elevada abundância do poliqueta Capitellidae spp., organismo indicador de alta quantidade de matéria orgânica, de ambiente alterado. No estudo de bentos, foram reconhecidas as espécies Branchiostoma sp., Platynoschopidae sp1, Phoxocephalidae sp1, Isopoda sp1, Capitellidae spp. (também indicadora de ambiente alterado com a presença de altas concentrações de matéria orgânica). Além dos exemplares das espécies de microfauna bentônica (pequenos animais que vivem fixados a substratos), também foram reconhecidas espécies macrofauna bentônica, tais como a Donax hanleyanus, a Emerita brasiliensis. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 31 Coleta de sedimento para captura do Bentos com busca fundo Peixes As amostragens para sua coleta foram realizadas em ambientes de canal, região alagada e ambiente marinho. Foi capturado um total de 79 espécies, compreendendo 4.167 indivíduos. Os peixes cartilaginosos (tubarões e raias) foram representados por 6 espécies, e o restante da ictiofauna (grupo de peixes) foi constituída pelos Actinopterygii, grupo mais comum de peixes. A grande maioria das espécies encontradas pertence à região marinha costeira. Nos ambientes aquáticos continentais, a ictiofauna foi pouco representada, com apenas 9 espécies coletadas, sendo três Poecilidae (guarus e barrigudinhos), três Characida (lambaris), dois Cichlidae (acarás) e um Erythrinidae (traíras). Não foram encontradas espécies de peixes ameaçadas de extinção na campanha de dados primários. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 32 Cetáceos Cetáceos são mamíferos que vivem exclusivamente em ambientes aquáticos, como golfinhos, baleias e toninhas. O levantamento feito na literatura científica revelou a ocorrência nas vizinhanças da área do empreendimento de nove (9) espécies: Sotalia guianensis, Pontoporia blainvillei, Steno bredanensis, Delphinus sp., Tursiops truncatus e Stenella frontalis, Megaptera novaeangiae, Balaenoptera edeni e Eubalaena australis. Para avistagem de exemplares deste grupo, foi percorrido um total de 591,4 km em quatro dias de monitoramento. Toda a área de influência do empreendimento, em ambiente marinho, está contida em uma das áreas de ocorrência de toninha (Pontoporia blainvillei), estabelecida pelo Plano de Ação Nacional para a Conservação do Pequeno Cetáceo Toninha, P. blainvillei. Este cetáceo (toninha) é atualmente classificado como ameaçado de extinção. No trabalho realizado nesse estudo, foram avistados dois grupos de Boto-cinza (Sotalia guianenses), onde em um primeiro momento eram três (3) indivíduos em deslocamento e sem filhotes, e a segunda foi de um grupo de quatro (4) indivíduos, todos indivíduos desta mesma espécie, também em deslocamento e sem filhotes, próximos a área do PARNA da Restinga de Jurubatiba. Quelônios marinhos - Tartarugas As tartarugas marinhas representam um componente primitivo e singular da diversidade biológica, pois pertencem à mais antiga linhagem de répteis vivos. No Brasil existem 05 espécies de tartarugas marinha. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 33 Durante vistorias na região de praia, foram avistadas tartarugas verde e couro bem como registros de encalhes em praias da região de Macaé, o que caracteriza a região como rota de migração e/ou área de alimentação, mas não de desova. Captura acidental de Chelonia mydas pela equipe de ictiologia Áreas Protegidas No Brasil existem diversas leis que classificam as áreas como protegidas, sendo as principais: o Novo Código Florestal, que estabelece limites de uso da propriedade, que devem respeitar a vegetação existente na terra, e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que é um conjunto de diretrizes e procedimentos oficiais que possibilitam órgãos federais, estaduais e municipais a criar, implantar e gerir unidades de conservação (UC) para a preservação ambiental. Também, segundo a Lei Orgânica de Macaé; a vegetação de restinga existente no Município é considerada Área de Preservação Permanente. A restinga do Barreto, que é considerada uma Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA) localizada há aproximadamente 2,2 km e é uma área relevante sob o ponto de vista ambiental. É uma área apta a receber os indivíduos de fauna e flora que poderão ser resgatados pelo empreendimento. Cabe ressaltar que não foram identificados impactos diretos do empreendimento nessa região. A AID do TEPOR está sobreposta à Área de Proteção Ambiental Municipal do Arquipélago de Santana, que constitui na zona de amortecimento do Parque Municipal de mesmo nome. Grupos de unidades de conservação e respectivas categorias. Denominação da Unidade de Conservação (UC) Grupo Biomas e ecossistemas: Distância entre a UC ou ZA até os limites do empreendimento Parque Natural Municipal do Arquipélago de Santana Proteção Integral Mata Atlântica Costões Rochosos e Restingas O empreendimento encontra-se em sobreposição com a ZA APA do Arquipélago de Santana Uso sustentável Marinho Costões Rochosos O empreendimento encontra-se em sobreposição com a UC Parque Natural Municipal do Estuário do rio Macaé Proteção Integral Mata Atlântica Manguezal Distante Aproximadamente 2,7km PARNA da Restinga de Jurubatiba Proteção Integral Mata Atlântica Restinga e Lagoas Costeiras Distante aproximadamente 2,5 km Reserva Biológica União – REBIO União Proteção Integral Mata Atlântica Formações florestais Distante aproximadamente 28,9 km Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 34 Dentre as áreas protegidas de grande relevância na Área de Influência Indireta do empreendimento destaca-se o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e o Parque Natural Municipal do Arquipélago de Santana. O Parque de Jurubatiba foi criado em 1998, sendo o primeiro Parque Nacional em área de restinga. Possui área de 14.860 hectares, abrangendo os municípios de Macaé, Quissamã e Carapebus Apresenta um conjunto de ecossistemas diferenciados pela elevada biodiversidade e grande fragilidade ecológica – formado por uma vegetação que inclui diversas espécies da mata atlântica e até espécies ameaçadas. A região é um paraíso para os estudos relativos à fauna, e nela podem serencontradas o sabiá-da-praia, borboletas, jacaré-do- papo-amarelo, tatus, tamanduás, jaguatiricas, capivaras, e lontras, além de mamíferos e tartarugas marinhas na sua parte marinha. Devido a sua relevância ecológica, existe uma proposta de ampliação da área do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, elaborada por pesquisadores do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos, da Fundação Oswaldo Cruz e do INEA. A área de influência direta do TEPOR não interfere e nem se sobrepõe à área atual nem a proposta de ampliação do Parque. O Terminal Portuário Macaé não irá causar impactos diretos nessa importante Unidade de Conservação. Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba O Parque Natural Municipal (PNM) e a APA do Arquipélago de Santana foram criadas pela Lei nº 1.216/1989. A área é considerada um santuário ecológico, pois abriga muitas espécies de aves endêmicas e migratórias. Ilhas do Arquipélago de Santana Meio Social Localização e dinâmica territorial O município de Macaé, AII do TEPOR, está localizado na Região Norte Fluminense, juntamente com Campos dos Goytacazes, Carapebus, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis e São João da Barra. Historicamente, durante um longo período, Macaé esteve dedicado à atividade sucroalcooleira. Recentemente, com a descoberta do petróleo e a instalação da Petrobras no município, a dinâmica territorial passou por importantes transformações decorrentes da indústria petrolífera e consequente rápido incremento populacional, aumento da oferta de empregos e alterações no uso e ocupação do solo. A AID abrange a região norte-nordeste da cidade de Macaé e é composta pelos bairros Ajuda, Cabiúnas, Lagomar, Parque Aeroporto e São José do Barreto. A região caracteriza-se por áreas residenciais, de comércio e serviços, além da presença de pátios industriais (Cabiúnas) e de empresas de viação (São José do Barreto). População A população de Macaé, de acordo com o Censo Demográfico 2010, era de 206.728 habitantes. A taxa de crescimento populacional do município é de 4,55% ao ano, índice relativo elevado e influenciado, Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 35 possivelmente, pelos movimentos imigratórios para Macaé oriundos da atratividade exercida pela indústria do petróleo. Ainda sobre a população macaense, a estrutura populacional que era extremamente jovem em 1970 concentrada na pirâmide populacional, particularmente, nas idades entre 05 e 24 anos, foi alterada nas décadas seguintes atingindo um quadro onde é possível identificar a menor proporção de crianças e jovens e o aumento da população idosa. No período de 1970 a 2010, verificou-se um acréscimo de, aproximadamente, 37,2% de população que tiveram sua situação de domicílio alterada. A população da AID, de 60.741 residentes em 2010, apresentava-se com um perfil muito próximo do encontrado para o conjunto do município, concentrando-se na faixa de idade entre 20 e 34 anos o que revela potencial produtivo para força de trabalho bastante elevado, desde que haja condições objetivas (escolarização suficiente) para serem absorvidos, tendo em vista a necessidade de mão de obra especializada. No que se refere à origem dos residentes da AID não naturais do estado do Rio de Janeiro, predominam os residentes originários das regiões Norte e Nordeste do país. Educação Do total da população de Macaé, apenas 40% possuem até o Ensino Fundamental, 9% possuem 15 anos ou mais de estudo, que corresponde ao nível superior completo e mais especializações, e 27% eram analfabetos ou analfabetos funcionais. Para a AID, aproximadamente 41% da população residente possui de 0 a 8 anos de estudo, 19% de 9 a 11 anos, 36% de 12 a 15 anos e 2% de 15 anos ou mais. Assim, destaca-se a baixa escolaridade, o que dificulta a inserção no trabalho especializado oferecido pelo setor do petróleo. Economia, Trabalho e Renda A estrutura do PIB macaense é fortemente marcada pela participação da indústria (especialmente a extrativa) e dos serviços, estes estreitamente vinculados ao setor petrolífero. Os royalties têm expressiva participação na composição da receita municipal tendo representado, em 2008, quase 44% da arrecadação total. Entretanto, demais fontes (Receita Tributária, FPM, QPM-ICMS e Outras) representaram 56,1% das arrecadações. Ainda, compondo a economia, o trabalho e renda da população macaense em 2010, foram representados por trabalhadores de serviços, vendedores dos comércios e mercados. Na AID, as ocupações seguem as mesmas características da AII (município), com destaque para os setores do comércio, serviços e da construção civil. Com relação aos rendimentos totais, observa-se que estão concentrados, na AID, nos estratos de 1 a 2 salários mínimos. Saúde Com relação aos equipamentos de saúde, foi identificada, em dezembro de 2010, a existência de 594 estabelecimentos de saúde em Macaé. Destes, mais da metade são consultórios isolados. O segundo maior percentual é de clínicas e ambulatórios especializados. No que diz respeito aos leitos hospitalares, eram 438 à disposição, sendo 281 vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A distribuição dos equipamentos de saúde ocorre de maneira desigual entre os bairros da AID, como se observa no quadro abaixo. Unidades de saúde presentes na AID. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do TEPOR 36 Infraestrutura Dos 65.890 domicílios particulares permanentes recenseados em 2010 (Censo 2010) no município de Macaé, cerca de 79% estavam ligados à rede de abastecimento de água e outros 15% eram abastecidos por poços ou nascentes na propriedade. Com relação ao esgotamento sanitário, 68% dos domicílios estavam ligados à rede geral de esgoto ou pluvial e 26% ainda tinham o esgoto coletado por fossas sépticas ou rudimentares. A existência de energia elétrica abrange mais de 99% domicílios particulares permanentes em Macaé e quase a totalidade deles estava ligada à rede da companhia distribuidora (Ampla). Em relação ao esgotamento sanitário da AID, o despejo por rede geral de esgoto ou pluvial é predominante, existente em cerca de 66% nos domicílios existentes, enquanto por fossa séptica e rudimentares estão, respectivamente, em 18% e 13%. O abastecimento de água na AID apresentava-se, conforme o Censo 2010, da seguinte forma: 53% dos domicílios estavam ligados à rede geral de distribuição e outros 40% eram abastecidos por poço ou nascente, com destaque para o bairro de Lagomar. Sobre a energia elétrica, a realidade da AID se assemelha à do município, onde quase a totalidade dos domicílios possuía energia. Transporte O atual cenário da mobilidade urbana em Macaé é reflexo do crescimento econômico, que provocou, entre outros, um rápido crescimento populacional em pouco tempo. Como resultado tem-se o aumento na demanda por transporte público e a maior circulação de automóveis que, associada à movimentação de veículos de cargas, têm provocado os constantes congestionamentos no município. Importante mencionar que essa situação foi gerada não só pelo incremento da população, mas também pela deficiência da infraestrutura de transporte que não acompanhou essa evolução. Essa realidade pode ser observada nos bairros que compõem a AID. Um dos problemas apresentados por moradores refere-se aos congestionamentos no tráfego, que se deve, segundo alguns entrevistados, à largura da Avenida Amaral Peixoto na altura do bairro de Barra de Macaé. Outros transtornos mencionados foram: ônibus lotados, terminais desertos, atrasos frequentes e elevado tempo de espera pelas
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