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APOSTILA 7 TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO PARTE 3 PROCESSO CIVIL V 10. REQUISITOS NECESSÁRIOS P/ EXECUÇÃO · DOIS REQUISITOS NECESSÁRIOS: · INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR · TÍTULO EXECUTIVO 10.1 Inadimplemento do Devedor · Se NÃO houver inadimplemento NÃO haverá interesse para promover a execução · INADIMPLEMENTO: quando devedor não cumpre a obrigação no tempo, local e forma convencionados · NORMAS que regulam o inadimplemento são normas de DIREITO MATERIAL Inadimplemento do Devedor · Será possível promover a execução (INTERESSE NA EXECUÇÃO) tanto no caso de: MORA: quando devedor não cumpre a obrigação na forma convencionada, mas há possibilidade e utilidade no cumprimento da obrigação Ex: devedor que atrasa pode pagar com os acréscimos legais INADIMPLEMENTO ABSOLUTO: devedor que não cumpre a obrigação na forma convencionada não poderá mais cumprir, já que a prestação não tem utilidade para o credor, que pode exigir perdas e danos. Ex: devedor que não entrega vestido de noiva 10.2 Título Executivo · A) Conceito/Taxatividade: Só será título executivo aqueles que a lei definir como tal · B) Natureza (3 teorias) · DOCUMENTO que PROVA o débito Único documento capaz de provar o crédito No entanto, não há de se falar em prova, uma vez que na execução não se investiga a existência do crédito. Carnelutti 10.2 Título Executivo · Natureza (3 teorias) · ATO CAPAZ de desencadear a SANÇÃO Função não é documentar a existência do crédito, Mas sim funcionar como ato-chave capaz de desencadear a execução Liebman 10.2 Título Executivo · Natureza (3 teorias) · ATO e DOCUMENTO simultaneamente Título Executivo Por um lado: ATO legitimador da execução Por outro lado: retratado em um DOCUMENTO Título e Crédito deve ser considerado uma só coisa Título : instrumento formal do crédito Crédito : conteúdo do título Título por si só é causa suficiente para ajuizar execução MAJORITÁRIA 10.2 Título Executivo · C) Pluralidade de títulos É possível que um único crédito (ou ainda dois ou mais créditos) esteja representado por dois ou mais títulos Artigo 780 CPC: Exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em título diferentes, quando executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento. 10.2 Título Executivo · C) Pluralidade de títulos Ex: Promissórias firmadas como garantia de Prestações (1/2/3) diferentes do mesmo contrato Mesmo havendo mais de um vencimento (dois ou mais créditos) será possível cumular as execuções Ex: Mutuário, além de firmar confissão de dívida na presença de duas test., ainda assina nota promissória perante instituição financeira que lhe empresta $$$ Súmula 27 STJ Pode a execução fundar-se em mais de um título executivo extrajudicial relativo ao mesmo negócio 10.2 Título Executivo · D) Cópia do Título Executivo? REGRA GERAL: as cópias fazem a mesma prova que o original REGRA NA EXECUÇÃO Título precisa ser juntado na via ORIGINAL, por questão de segurança jurídica NÃO ABSOLUTA: pode ser juntada cópia quando não for possível juntar original Ex: cheque juntado ao inquérito policial (certidão) Cópia da sentença no lugar da carta de sentença (quando houver recurso com efeito devolutivo) 10.2 Título Executivo · D) Requisitos do Título Executivo Artigo 783: Execução para cobrança de crédito se fundamenta em título de OBRIGAÇÃO Ausência não se trata de NULIDADE propriamente, mas sim de CARÊNCIA DE AÇÃO já que falta ao credor interesse de agir Por ser matéria de ordem pública, cabe ao juiz DE OFÍCIO examinar esses requisitos. No entanto, exame será de forma abstrata CERTA LÍQUIDA EXIGÍVEL 10.2 Título Executivo · D) Requisitos do Título Executivo · CERTEZA [an debeatur (quantia devida)] Advinda da EXISTÊNCIA DO TÍTULO (certeza em abstrato, pois devedor pode demonstrar inexistência/extinção) · LIQUIDEZ [quantum (quantidade) debeatur] QUANTIDADE de bens devida pelo DEVEDOR 10.2 Título Executivo · D) Requisitos do Título Executivo · LIQUIDEZ [quantum (quantidade) debeatur] Títulos Extrajudiciais: devem ser sempre líquidos Títulos Judiciais: podem depender de prévia liquidação, que precederá a fase de cumprimento de sentença IMPORTANTE: * Não perde a liquidez quando é preciso acrescentar encargos, juros, correção monetária e multa fixada pelo título * Não será líquida a obrigação se quantum depender de fatores externos ao título 10.2 Título Executivo · D) Requisitos do Título Executivo · EXIGIBILIDADE As OBRIGAÇÕES só se tornam exigíveis depois que se verifica a ocorrência do TERMO ou CONDIÇÃO TERMO: evento FUTURO e CERTO CONDIÇÃO: evento FUTURO e INCERTO 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · A) CONCEITO: Implica sujeição de uma pessoa · B) REGRA: Quem responde pelo DÉBITO é o próprio DEVEDOR No entanto existem situações em que a responsabilidade pelo débito se estende a outras pessoas BEM CONJUNTO DE BENS AO CUMPRIMENTO DE UMA OBRIGAÇÃO 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · C) OBRIGAÇÃO e RESPONSABILIDADE Surgem em momentos distintos: OBRIGAÇÃO surge quando o débito é contraído (assina contrato com compromisso de realizar prestação) Com ADIMPLEMENTO = NÃO surge RESPONSABILIDADE Com INADIMPLEMENTO = surge RESPONSABILIDADE É possível que haja DÉBITO (SHOULD) sem REPONSABILIDADE (HAFTUNG) Bem como RESPONSABILIDADE sem DÉBITO 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · C) OBRIGAÇÃO e RESPONSABILIDADE · É possível que haja DÉBITO (SHOULD) sem REPONSABILIDADE (HAFTUNG) Ex: em caso de PRESCRIÇÃO / Dívidas de Jogo Débito existe (pode ser pago espontaneamente) Mas não se pode postular o pagamento · Bem como RESPONSABILIDADE sem DÉBITO Lei atribui responsabilidade a quem não é devedor Ex: Fiador Desconsideração da personalidade jurídica 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · D) BENS SUJEITOS À EXECUÇÃO Artigo 789: O devedor responde com todos os seus BENS Presentes e Futuros para o cumprimento de suas OBRIGAÇÕES, salvo restrições estabelecidas em lei REGRA: TODOS os bens estão sujeitos à execução Os que existiam quando a obrigação foi contraída Os que foram adquiridos posteriormente APENAS os bens de CONTEÚDO ECONÔMICO 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · D) BENS NÃO SUJEITOS À EXECUÇÃO Artigo 833 CPC: Enumera os bens impenhoráveis I – bens inalienáveis e os declarados por ato voluntário II – os móveis, pertences e utilidades domésticas da residência, salvo de elevado valor (fora padrão médio de vida) III – vestuários e pertences de uso pessoal (salvo elevado valor) IV – vencimentos, subsídios, soldos, salários, proventos de aposentadoria... V – livros, máquinas, ferramentas e demais instrumentos para exercício prof. VI – seguro de vida VII – materiais necessários para obras em andamento VIII – pequena propriedade rural IX – recursos públicos recebidos por instituições privadas X - $ poupança (soma) até 40 salários mínimos Artigo 834 CPC Na falta de outros bens podem ser penhoras os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis Saúde Educação Assistência Social 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · D) BENS NÃO SUJEITOS À EXECUÇÃO Impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem Ex: não se pode opor impenhorabilidade para pagamento de dívidas condominiais referente a bem que sirva de moradia para a família Impenhorabilidade relativa aos incisos IV – salários X – poupança · Não prevalece sobre débitos alimentares · Não prevalece para a parte do salário que exceder a 50 salários mínimos mensais 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · D) BENS SUJEITOS À EXECUÇÃO Impenhorabilidade do BEM DE FAMÍLIA (Legal) Lei 8009/90 Abrange o imóvel, a construção, as plantações, as benfeitorias e todos os equipamentos que guarnecem a residência (exceto elevado valor, além do padrão médio) Súmula 449 STJ: Vaga de garagem que possui matrícula autônoma pode PENHORAR Súmula 364 STJ: Atinge solteiros, separados, viúvos Imóvel locado: · Impenhorabilidade recai sobre bens móveis do locatário · Recaitambém sobre o imóvel em razão de dívida do locador, se a renda = subsistência do locador ≠ Convencional 1711 CC 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · D) BENS SUJEITOS À EXECUÇÃO Impenhorabilidade CESSA quando o DEVEDOR oferece o BEM (que seria impenhorável) como GARANTIA para o caso de futura penhora. 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · E) ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE Impenhorabilidade do bem é MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA Deverá ser conhecida DE OFÍCIO pelo JUIZ Se JUIZ não fizer: Caberá ao EXECUTADO alegar por SIMPLES PETIÇÃO Ou por Impugnação ao Cumprimento de Sentença por Embargos à Execução 11. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL · F) RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DE TERCEIROS (790 CPC) Responsável primário é o devedor CPC estende a responsabilidade a TERCEIROS, Em certos casos, Quando DEVEDOR não tiver bens/não forem suficientes · I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; · II - do sócio, nos termos da lei; · III - do devedor, ainda que em poder de terceiros; · IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida; · V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução; · VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores; · VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica Responsabilidade do Sucessor (790, I) · Hipótese de alienação da coisa litigiosa Quando no curso do processo o devedor aliena a coisa a um terceiro, este terceiro (sucessor) passa a ter responsabilidade, sendo obrigado a cumprir o que ficou determinado na sentença (Artigo 792, I CPC) Se a pendência da ação foi averbada no Registro Público, configura fraude à execução Bem dos sócios 790, II · REGRA GERAL: pelas dívidas da sociedade responde o patrimônio da sociedade · No entanto, o patrimônio dos sócios, em certas circunstâncias poderá responder pela satisfação das dívidas da empresa · Com a desconsideração, o juiz estenderá a responsabilidade patrimonial ao sócio (ou a empresa: desconsideração inversa) Bem do responsável no caso de desconsideração da personalidade jurídica 790, VII Bem do devedor em poder de 3os. (790, III) · Os bens do devedor estão sujeitos à execução, estando em seu poder ou ainda em poder de terceiros. Bens do cônjuge (790, IV) · Dívida contraída pelo casal a responsabilidade será de ambos · A responsabilidade de um cônjuge pela dívida contraída pelo outro dependerá do destinatário do proveito da dívida · Existe presunção relativa de que a dívida contraída por um beneficia o outro e a família · Caberá ao cônjuge, por meio de embargos de terceiro, provar que a dívida não o beneficiou e postular sua liberação Bens alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução 790, V · AQUELE que adquire bem em fraude à execução NÃO RESPONDE pela dívida · No entanto o BEM TRANSMITIDO está sujeito à constrição, uma vez que a alienação é ineficiente perante o credor · Credor pode postular o reconhecimento da fraude à execução nos próprios autos do processo em curso (seja ele de conhecimento ou execução) · Fraude à execução disciplinada no artigo 792 CPC · É ato atentatório à justiça Bens cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada, em razão do reconhecimento de fraude contra credores, por meio ação autônoma 790, V · Fraude contra credores ofende o direito dos credores · Alienação é feita quando ainda não havia ação em curso · Pressupõe Ação Pauliana para que a alienação/gravação com ônus real seja declarada ineficaz (anulada) · Bem alienado responde pela dívida originária