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PH e tampão

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CURSO DE FARMÁCIA 
BIOQUÍMICA BÁSICA
FTC-Salvador 2o SEMESTRE- 2017.2 
PROF. ASTRIA FERRÃO
 Distúrbios Ácido-básicos do Sangue 
(Adaptado de http://perfline.com/cursos/cursos/acbas) 
A regulação dos líquidos do organismo inclui a regulação da concentração do íon hidrogênio, para 
assegurar o ambiente ótimo para as funções celulares. A energia para todos os processos celulares e 
orgânicos, provém da energia química produzida pelo metabolismo celular. A concentração dos íons 
hidrogênio nos líquidos do organismo é medida pela unidade denominada pH. A redução do pH é 
denominada acidose e o seu aumento constitui a alcalose. Ambos, acidose e alcalose, podem diminuir 
acentuadamente a eficiência das reações químicas celulares; o metabolismo celular exige um estreito limite 
para a concentração do íon hidrogênio. O metabolismo celular produz ácidos que devem ser neutralizados, 
a fim de preservar o pH ou, em outras palavras, manter estável a concentração do íon hidrogênio. A 
principal base do organismo é o íon bicarbonato, produzido à partir da combinação do dióxido de carbono 
com a água. O bicarbonato e as demais bases do organismo atuam em associação com ácidos da mesma 
natureza química, formando pares de substâncias chamadas sistema tampão. A regulação do equilíbrio 
entre os ácidos e as bases do organismo depende de um mecanismo imediato, representado pelos sistema 
tampão e de um mecanismo respiratório rápido, que elimina ou retém o dióxido de carbono e, portanto, 
reduz ou aumenta o ácido carbônico. Depende também do mecanismo renal, mais lento, que elimina íon 
hidrogênio e retém ou elimina o íon bicarbonato, moderando a quantidade de bases disponíveis no 
organismo.  
  
CONCEITOS DE ÁCIDO, BASE E pH  
  
OBJETIVOS: Descrever o conceito de ácidos e bases. Analisar a concentração dos íons hidrogênio nos 
líquidos do organismo e a determinação do pH. Descrever os mecanismos de regulação do pH. Definir 
acidose e alcalose.   
  
CONCEITOS GERAIS  
O metabolismo celular produz ácidos que são lançados, continuamente, nos líquidos intracelular e 
extracelular e tendem a modificar a concentração dos íons hidrogênio. A manutenção da concentração dos 
íons hidrogênio dentro da faixa ótima para o metabolismo celular, depende da eliminação do ácido 
carbônico nos pulmões, da eliminação de íons hidrogênio pelos rins e da ação dos sistemas tampão intra e 
extracelulares. O modo como o organismo regula a concentração dos íons hidrogênio (H+) é de 
fundamental importância para a compreensão e a avaliação das alterações do equilíbrio entre os ácidos e 
as bases no interior das células, no meio líquido que as cerca (líquido intersticial) e no sangue (líquido 
intravascular).  
  
CONCEITO DE ÁCIDO E BASE 
Os elementos importantes para a função celular estão dissolvidos nos líquidos intra e extracelular. Sob o 
ponto de vista químico, uma solução é um líquido formado pela mistura de duas ou mais substâncias, 
homogeneamente dispersas entre sí. A mistura homogênea apresenta as mesmas propriedades em 
qualquer ponto do seu interior e não existe uma superfície de separação entre os seus componentes. A 
solução, portanto, consiste de um solvente, o composto principal, e um ou mais solutos. Nos líquidos do 
organismo a água é o solvente universal; as demais substâncias em solução, constituem os solutos. Em 
uma solução, um soluto pode estar no estado ionizado ou no estado não ionizado. Nos líquidos do 
organismo, os solutos existem em ambas as formas, em um tipo especial de equilíbrio químico. Quando 
um soluto está ionizado, os elementos ou radiciais químicos que o compõem, estão dissociados uns dos 
outros; a porção da substância que existe no estado ionizado é chamada íon. O soro fisiológico, por 
exemplo, é uma solução de água (solvente) contendo o cloreto de sódio (soluto). Uma parte do cloreto de 
sódio está no estado dissociado ou ionizado, constituida pelos íons Cl- (cloro) e Na+ (sódio), enquanto 
uma outra parte está no estado não dissociado, como NaCl (cloreto de sódio); ambas as partes estão em 
equilíbrio químico. Existem substâncias, como os ácidos fortes, as bases fortes e os sais, que permanecem 
em solução, quase completamente no estado ionizado. Outras substâncias, como os ácidos e as bases 
fracas, ao contrário, permanecem em solução em graus diversos de ionização. A água tem sempre um 
pequeno número de moléculas no estado ionizado. Os íons combinam-se entre si conforme a sua carga 
elétrica. Os cátions são os íons com carga elétrica positiva, como o hidrogênio (H+) e o sódio (Na+). Os 
ânions são os íons com carga elétrica negativa, como o hidróxido ou hidroxila (OH-) e o cloreto (Cl-). Para 
ser um ácido, é necessário que a molécula da substância tenha, pelo menos, um hidrogênio ligado 
�1 Bioquímica Estrutural Prof.Astria Ferrão
CURSO DE FARMÁCIA 
BIOQUÍMICA BÁSICA
FTC-Salvador 2o SEMESTRE- 2017.2 
PROF. ASTRIA FERRÃO
ionicamente. O hidrogênio ionizado, simplesmente representa um próton. Um ácido é uma substância que, 
em solução, é capaz de doar prótons (H+). Uma base é uma substância que, em solução, é capaz de receber 
prótons. Em outras palavras, os ácidos são substâncias que, quando em solução, tem capacidade de ceder 
íons hidrogênio; as bases são substâncias que, quando em solução, tem capacidade de captar íons 
hidrogênio. Um ácido forte pode doar muitos íons hidrogênio para a solução, porque uma grande parte das 
suas moléculas se encontra no estado dissociado (estado iônico). Do mesmo modo, uma base forte pode 
captar muitos íons hidrogênio de uma solução.  
  
CONCEITO DE pH 
A atividade dos íons hidrogênio em uma solução qualquer, depende da quantidade de hidrogênio livre na 
solução. Para a avaliação do hidrogênio livre nas soluções, usa-se a unidade chamada pH. O termo pH 
significa potência de hidrogênio e foi criado para simplificar a medida da concentração de íons hidrogênio 
(H+) na água e nas soluções. A água é a substância padrão usada como referência, para expressar o grau de 
acidez ou de alcalinidade das demais substâncias. A água se dissocia em pequena quantidade em íons 
hidrogênio (H+) e hidroxila (OH-).  
" 
A água é considerada um líquido neutro por ser o que menos se dissocia ou ioniza. A quantidade de 
moléculas dissociadas ou ionizadas na água é muito pequena, em relação ao total de moléculas, bem como 
são pequenas as quantidades de íons H+ e OH-, em solução. Para cada 1 molécula de água dissociada em H
+ e OH-, há 10.000.000 de moléculas não dissociadas. A concentração do H+ na água, portanto, é de 
1/10.000.000 ou seja 0,0000001, conforme representado na figura acima. Para facilitar a comparação 
dessas pequenas quantidades de íons, foi adotada a fração exponencial, ao invés da fração decimal. Assim, 
pela fração exponencial o valor de 0,0000001 é expresso como 10-7, chamada "potência sete do 
hidrogênio", e significa a sua concentração na água. Para evitar a utilização de frações exponenciais 
negativas, foi criada a denominação pH, que representa o logarítmo negativo, ou seja, o inverso do 
logarítmo, da atividade do íon hidrogênio. O pH de uma solução, portanto, representa o inverso da sua 
concentração de íons hidrogênio. Esta forma de representação permite que os valores da atividade do 
hidrogênio nas soluções, sejam expressos com números positivos.  

Como as quantidades dos íons nas soluções se equivalem, a água tem partes iguais do cátion (H+) e do 
ânion (OH-), ou seja, a concentração de (H+) é de 10-7 e a concentração de (OH-) também é de 10-7. A 
água, portanto, tem o pH=7. H2O Û H+ (10-7) + OH- (10-7) A água é considerada uma substância neutra. 
Isto equivale a dizer que a água não é ácido nem base e serve de comparação para as demais soluções. Um 
ácido forte, em solução, libera uma quantidade de íons hidrogênio (H+), muito maior que a água. O seu 
pH, portanto será inferior ao da água. Ao contrário, uma base forte,por aceitar muitos prótons ou íons 
hidrogênio da solução, permitirá que apenas uma pequena parte dos íons fique livre, em comparação à 
água. O pH da base forte, portanto, será superior ao pH da água. O pH é expresso por uma escala numérica 
simples que vai de 0 (zero) a 14. O ponto 7 da escala é o ponto de neutralidade e representa o pH da água. 
As soluções cujo pH está entre 0 e 7 são denominadas ácidas; as que tem o pH entre 7 e 14 são 
denominadas básicas ou alcalinas. Quanto maior a concentração de hidrogênio livre em uma solução, 
tanto mais baixo será o seu pH.  
  
REGULAÇÃO DO pH NO ORGANISMO 
Quando se adiciona ácido à água, mesmo em pequenas quantidades, o pH da solução se altera 
rapidamente. O mesmo fenômeno ocorre com a adição de bases. Pequenas quantidades de ácido ou de 
base podem produzir grandes alterações do pH da água. Se adicionarmos ácido ou base ao plasma 
sanguíneo, veremos que há necessidade de uma quantidade muito maior de um ou de outro, até que se 
produzam alterações do pH. Isto significa que o plasma dispõe de mecanismos de defesa contra variações 
bruscas ou significativas do pH. O balanço entre os ácidos e as bases no organismo se caracteriza pela 
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CURSO DE FARMÁCIA 
BIOQUÍMICA BÁSICA
FTC-Salvador 2o SEMESTRE- 2017.2 
PROF. ASTRIA FERRÃO
busca permanente do equilíbrio; o plasma resiste às alterações do pH, por meio de pares de substâncias, 
capazes de reagir tanto com ácidos quanto com bases, chamadas sistemas "tampão". Os mesmos 
mecanismos de defesa existem nos líquidos intracelular e intersticial.  
"   
  
Três mecanismos regulam o pH dos líquidos orgânicos, conforme demonstra a figura acima. O mecanismo 
químico é representado pelos sistemas tampão, capazes de neutralizar ácidos e bases em excesso, 
dificultando as oscilações do pH. O mecanismo respiratório, de ação rápida, elimina ou retém o dióxido de 
carbono do sangue, conforme as necessidades, moderando o teor de ácido carbônico. O mecanismo renal é 
de ação mais lenta e, fundamentalmente, promove a poupança ou a eliminação do íon bicarbonato, 
conforme as necessidades, para, à semelhança dos demais mecanismos, assegurar a manutenção do pH 
dentro dos limites normais.  
  
VALORES NORMAIS DO pH 
A água é o solvente universal dos líquidos orgânicos; a sua concentração de hidrogênio livre ou ionizado é 
utilizada como valor de comparação para as demais soluções. O pH normal da água, considerada um 
líquido neutro é 7. As soluções com pH inferior a 7 são consideradas ácidas e as soluções com pH superior 
a 7 são consideradas alcalinas. Os líquidos orgânicos são constituidos de água contendo uma grande 
quantidade de solutos de diversas características químicas e iônicas. A solução orgânica padrão para a 
avaliação do pH é o sangue. O pH normal do sangue varia dentro da pequena faixa de 7,35 a 7,45. Em 
comparação com a água, portanto, o sangue normal tem o pH levemente alcalino. Essa alcalinidade do 
sangue representa a atividade iônica de numerosas substâncias incluindo-se os sistemas tampão. O sangue 
arterial é o padrão habitual para avaliação do pH; seu valor se situa na porção mais alcalina da faixa 
normal, entre 7,4 e 7,45. O sangue venoso tem maior concentração de hidrogênio livre, recebido do líquido 
intersticial pelos capilares venosos. Em consequência, o pH do sangue venoso se situa na faixa menos 
alcalina do pH normal, geralmente entre 7,35 e 7,40.  
" 
As principais alterações do pH do sangue estão representadas na figura 4. Quando o pH do sangue está 
abaixo de 7,35 existe acidose; se o pH do sangue é superior a 7,45, existe alcalose. Quando a acidose é 
severa e o pH alcança valores abaixo de 6,85, em geral as funções celulares se alteram de tal forma que 
sobrevém a morte celular; o distúrbio é irreversível. Do mesmo modo, nas alcaloses severas e persistentes, 
os valores de pH superiores a 7,95 são incompatíveis com a normalidade da função celular. O distúrbio é 
irreversível e, em geral, ocorre a morte celular.  
  
pH INTRACELULAR 
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CURSO DE FARMÁCIA 
BIOQUÍMICA BÁSICA
FTC-Salvador 2o SEMESTRE- 2017.2 
PROF. ASTRIA FERRÃO
O interior das células reflete uma realidade metabólica diferente do plasma sanguíneo. A atividade celular 
gera permanentemente subprodutos ácidos como resultado de numerosas reações químicas. Em 
consequência, o pH habitual do líquido intracelular é mais baixo que o pH do plasma. O pH intracelular é 
de aproximadamente 6,9 nas células musculares e pode cair a 6,4 após um exercício extenuante. Nas 
células dos túbulos renais, o pH é de cerca de 7,3, de acordo com a predominância de substâncias alcalinas, 
podendo se alterar com as necessidades do organismo. Em geral, as células dos tecidos com maior 
atividade metabólica tem um pH levemente ácido, em relação ao pH do sangue.  
  
RESUMO 
O metabolismo celular produz ácidos que tendem a modificar a concentração dos íons hidrogênio nos 
líquidos do organismo. A manutenção da concentração ideal de íons hidrogênio depende da ação de ácidos 
e bases existentes nos líquidos, da eliminação de ácido carbônico pelos pulmões e da eliminação de íons 
hidrogênio pelos rins. Os ácidos são as substâncias que podem ceder íons hidrogênio para uma solução; 
bases são as substâncias que podem receber íons hidrogênio em uma solução. A quantidade de íons 
hidrogênio livres nas soluções é quantificada pelo pH. Quanto maior a quantidade de íons hidrogênio nas 
soluções, tanto mais baixo será o seu pH; ao contrário, as soluções com baixa concentração de íons 
hidrogênio, tem o pH mais elevado. A água é a substância padrão para comparação com as demais 
substâncias. A dissociação da água é desprezível; apenas uma molécula, em cada 10 milhões, se dissocia. A 
água é, portanto, uma substância neutra, ou seja não é ácido nem é base. O pH da água é 7; a água ocupa o 
ponto neutro da escala do pH, que vai de 0 a 14. As soluções com pH inferior ao da água, são consideradas 
ácidas; as soluções cujo pH é superior a 7, são consideradas bases. O pH do sangue reflete a atividade 
iônica de numerosas substâncias e é ligeiramente maior que o pH da água. O sangue normal tem o pH que 
varia entre 7,35 e 7,45. O sangue normal, portanto, é levemente alcalino, em relação à água. Quando o pH 
do sangue está abaixo de 7,35 dizemos que existe acidose; quando o pH do sangue supera o valor de 7,45, 
dizemos que há alcalose.  
  
SISTEMAS "BUFFER" OU TAMPÃO  
  
OBJETIVOS: Descrever o sistema de defesa contra as variações importantes do pH dos 
líquidos do organismo. Analisar a composição, propriedades e mecanismo de ação dos 
sistemas tampão. Descrever a composição dos principais tampões do organismo.   
CONCEITOS GERAIS  
O organismo dispões de três importantes mecanismos reguladores do pH, que atuam em sincronia, com a 
finalidade de preservar as condições ótimas para as funções celulares. O mecanismo respiratório, de ação 
rápida, o mecanismo renal, de ação lenta e o mecanismo químico, de ação imediata, representado por 
pares de substâncias chamados sistemas "tampão", que podem reagir com ácidos ou com bases em excesso 
nos líquidos do organismo.  
SISTEMAS TAMPÃO  
Os tampões, denominação traduzida do original inglês "buffer" (amortecedor), são as substâncias que 
limitam as variações do pH do sangue e demais líquidos orgânicos, ao se combinarem com os ácidos ou as 
bases que alcançam aqueles líquidos. As substâncias que constituem os tampões agem aos pares ou, menos 
comumente, em grupos, constituindo um sistema protetor. Um sistema tampão é constituído por 
um ácido fraco e o seu sal, formado com uma base forte. O ácido fraco e o sal do sistema tampão, 
em condições normais, existem em uma relação constante, que o organismo tende a preservar. Se 
gotejarmos continuamente ácido clorídrico em água durante um intervalo de90 minutos, verificamos que 
o pH da água passa de 7 para 1,84. Se administrarmos proporcionalmente, a mesma quantidade de ácido 
clorídrico a um cão no mesmo período de tempo, verificamos que o pH do sangue do animal passa de 7,44 
para 7,14. A diferença de comportamento diante da mistura com o ácido clorídrico reflete a atuação dos 
sistemas tampão do plasma do animal, que impedem a variação mais acentuada do pH.  O sistema tampão 
do bicarbonato e ácido carbônico corresponde a cerca de 64% do total de tampões. Esse sistema é essencial 
à regulação do equilíbrio ácido-base, porque o metabolismo celular gera muito ácido como produto final, 
sob a forma de ácido carbônico.  
Composição do Sistema Percentual  
Bicarbonato/Ácido Carbônico  64%  
Hemoglobina/Oxihemoglobina  28%  
Proteinas ácidas/Proteinas básicas  7%  
Fosfato monoácido/Fosfato diácido  1%  
A Tabela acima lista os sistemas tampão que existem no sangue (líquido intravascular), nos tecidos 
(líquido intersticial) e no interior das células (líquido intracelular).  Quando um ácido se acumula em 
maior quantidade no organismo, é neutralizado no sangue, no líquido intersticial e no interior das células, 
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PROF. ASTRIA FERRÃO
em partes aproximadamente iguais, ou seja, 1/3 do ácido é neutralizado no sangue, 1/3 é neutralizado no 
líquido intersticial e 1/3 no líquido intracelular. O processo intracelular é mais lento e pode demorar cerca 
de duas horas, para compensar uma alteração.  
 "   
Quando um ácido é adicionado ao sangue, o bicarbonato do tampão prontamente reage com ele; a reação 
produz um sal, formado com o sódio do bicarbonato e ácido carbônico. Essa reação diminui a quantidade 
de bases e altera a relação entre o bicarbonato e o ácido carbônico. O ácido carbônico produzido pela 
reação do bicarbonato do tampão, se dissocia em CO2 e água; o CO2 é eliminado nos pulmões, 
recompondo a relação de 20:1 do sistema protetor. Quando uma base invade o organismo, o ácido 
carbônico prontamente reage com ela, produzindo bicarbonato e água. O ácido carbônico diminui. Os rins 
aumentam a eliminação de bicarbonato ao invés do íon hidrogênio, reduzindo a quantidade de 
bicarbonato no organismo, para preservar a relação do sistema tampão. Todos os sistemas tampão do 
organismo atuam da mesma forma que o sistema bicarbonato/ácido carbônico. O sistema neutraliza o 
excesso de ácidos ou de bases e em seguida o organismo tenta recompor a relação normal do tampão. O 
princípio fundamental da regulação do equilíbrio ácido-base é a manutenção da relação constante entre o 
numerador e o denominador do sistema tampão. O bicarbonato total disponível no organismo é de 
aproximadamente 1.000 mEq, dos quais cerca de 450 mEq. estão imediatamente disponíveis, distribuidos 
em 15 litros de líquido extracelular, sendo 3 litros de plasma e 12 litros de líquido intersticial. Nas alcaloses 
o organismo tolera a redução dos íons hidrogênio em cerca da metade do seu valor normal, até alcançar o 
pH incompatível com a vida celular. Nas acidoses, o organismo tolera a elevação dos íons hidrogênio 3 
vezes acima do normal, até alcançar o pH incompatível com a vida.  
  
INTEGRAÇÃO DA DEFESA CONTRA VARIAÇÕES DO pH 
  
Os sistemas de defesa que mantém o pH dos líquidos orgânicos dentro de uma faixa estreita, atuam 
perfeitamente integrados em suas funções. Todos os líquidos do organismo possuem sistemas tampão, 
para impedir alterações significativas da concentração dos íon hidrogênio ou, em outras palavras, do pH. 
Se a concentração do íon hidrogênio aumenta ou diminui significativamente, o centro respiratório é 
imediatamente estimulado, para alterar a frequência respiratória e modificar a eliminação do dióxido de 
carbono. As variações da eliminação do dióxido de carbono, tendem a retornar o pH aos seus valores 
normais. Quando o pH se afasta da faixa normal, os rins eliminam urina ácida ou alcalina, contribuindo 
para o retorno da concentração dos íons hidrogênio aos valores normais.  
 
O TAMPÃO BICARBONATO/ÁCIDO CARBÔNICO 
  
O sistema tampão constituido pelo bicarbonato e pelo ácido carbônico tem características especiais nos 
líquidos do organismo. O ácido carbônico é um ácido bastante fraco e a sua dissociação em íons hidrogênio 
e íons bicarbonato é mínima, em comparação com outros ácidos. Em cada 1.000 moléculas de ácido 
carbônico, cerca de 999 estão em equilíbrio sob a forma de dióxido de carbono (CO2) e água (H2O), do que 
resulta uma alta concentração de dióxido de carbono dissolvido e uma baixa concentração de ácido. O 
sistema tampão do bicarbonato/ácido carbônico é muito poderoso porque os seus componentes podem ser 
facilmente regulados. A concentração do dióxido de carbono é regulada pela eliminação respiratória e a 
concentração do bicarbonato é regulada pela eliminação renal.  
  
OUTROS SISTEMAS TAMPÃO  
Além do principal sistema tampão, o bicarbonato/ácido carbônico, outros sistemas são importantes na 
manutenção do equilíbrio ácido-base. No líquido intracelular, cuja concentração de sódio é baixa, o 
tampão do ácido carbônico consiste principalmente de bicarbonato de potássio e de magnésio.O sistema 
tampão fosfato, formado pelo fosfato de sódio e ácido fosfórico é eficaz no plasma, no líquido intracelular e 
nos túbulos renais onde se concentra em grande quantidade. O sistema tampão das proteinas é muito 
eficaz no interior das células, onde é o sistema mais abundante. O tampão hemoglobina é exclusivo das 
hemácias; colabora com a função de transporte do CO2 e com o tampão bicarbonato. Os sistemas tampão 
não são independentes entre sí, mas cooperativos. Qualquer condição que modifique um dos sistemas 
também influirá no equilíbrio dos demais; na realidade, os sistemas tampão auxiliam-se uns aos outros.  
  
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RESUMO 
O organismo dispõe de três mecanismos reguladores do pH, que funcionam em sincronia, para preservar 
as condições ótimas para o metabolismo celular: o mecanismo respiratório, de ação rápida, que elimina o 
dióxido de carbono, reduzindo a quantidade de ácido carbônico; o mecanismo renal, de ação lenta, que 
elimina ou economiza íons hidrogênio e bicarbonato e o mecanismo químico, de ação imediata, 
constituído pelos sistemas tampão, que neutralizam ácidos ou bases que se acumulam no organismo. O 
sistema tampão bicarbonato/ácido carbônico é o mais importante e corresponde a 64% do poder 
tamponante do plasma. A principal característica do sistema tampão é a relação constante que deve existir 
entre o sal (numerador) e o ácido (denominador) do sistema. Quando um ácido é produzido no organismo, 
o sal do sistema tampão reage com o mesmo, produzindo um novo sal de sódio e ácido carbônico ou 
dióxido de carbono e água. O dióxido de carbono em excesso é eliminado pelos pulmões.  Quando uma 
base é produzida no organismo, o ácido do sistema tampão reage com a mesma, produzindo bicarbonato 
de sódio e água. O bicarbonato em excesso é eliminado pelos rins. O princípio fundamental da regulação 
do equilíbrio ácido-base é a manutenção da relação constante entre o sal e o ácido do sistema tampão. O 
organismo tenta preservar a relação, para manter sempre disponível o seu sistema de defesa. Além do 
sistema bicarbonato/ácido carbônico, existem os sistemas tampão fosfato, da hemoglobina e das 
proteinas.  
DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS 
  
OBJETIVOS: Descrever as principais alterações do equilíbrio ácido-base. Analisar os desvios do pH. 
Descrever os distúrbios de origem respiratória e os de origem metabólica. Conceituar acidose e alcalose.   
  
 1 CONCEITOS GERAIS 
Os desvios da concentração de íons hidrogêniosão ocorrências relativamente comuns nos pacientes 
graves, nos pacientes sob regime de terapia intensiva, especialmente quando a ventilação depende de 
respiradores mecânicos e nos que apresentam doença significativa pulmonar ou renal, devido à 
interferência com os mecanismos reguladores naturais. São ainda comuns em pacientes com doenças 
sistêmicas severas, de qualquer natureza, em que haja comprometimento das funções metabólicas ou 
respiratórias.  
  
 2 DESVIOS DO pH 
O pH é o indicador do estado ácido-base do organismo. Os desvios do equilíbrio ácido-base refletem-se nas 
alterações do pH do sangue. O pH normal do sangue, situa-se entre 7,35 e 7,45. Quando o pH está abaixo 
do valor mínimo normal, existe acidose. Se o pH está acima da faixa normal, existe alcalose. A prática tem 
demonstrado que o organismo humano tolera um certo grau de alcalose, melhor que graus idênticos de 
acidose. A severidade dos distúrbios do equilíbrio ácido-base pode ser apreciada pelo grau de alteração do 
pH. Quanto mais baixo o pH, mais severa é a acidose; do mesmo modo um pH muito elevado, indica a 
presença de alcalose grave.  
  
"   
Desvios extremos do equilíbrio ácido-base, em geral se acompanham de alterações profundas da função 
dos órgãos vitais e podem determinar a morte do indivíduo. Em geral, o valor mínimo do pH, compatível 
com a vida nas acidoses é de 6,85; nas alcaloses, o valor máximo de pH, tolerado pelo organismo é de 
aproximadamente 7,95. As variações da concentração dos íons hidrogênio no organismo podem ser de 
origem interna (endógena) ou externa (exógena). O acúmulo de ácidos no organismo pode ser 
consequência da retenção do CO2 no sangue por dificuldade de eliminação nos alvéolos pulmonares, pode 
ocorrer em consequência do aumento da produção de ácido lático e por incapacidade de eliminação de 
ácidos fixos pelos rins (causas endógenas). Pode também ocorrer, em consequência da ingestão acidental 
de grande quantidade de ácidos, como o ácido acetil-salicílico (aspirina) ou outros agentes de natureza 
ácida (causas exógenas). A redução dos ácidos no organismo pode ser consequência da eliminação 
excessiva do CO2 (causa endógena), da perda de ácidos fixos ou da administração excessiva de bases, como 
o bicarbonato de sódio, por exemplo (causa exógena). Sempre que há tendência a desvios do equilíbrio 
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ácido-base, o organismo intensifica a atuação dos mecanismos de compensação, na tentativa de impedir 
grandes desvios do pH. Nestas circunstâncias os desvios podem ser parcialmente compensados. A 
compensação completa do desvio, entretanto, depende da remoção da sua causa primária.  
  
 3 CLASSIFICAÇÃO DOS DESVIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE 
"   
Os distúrbios do equilíbrio ácido-base são classificados conforme os seus mecanismos de produção. Dessa 
forma, as alterações podem ter origem respiratória ou metabólica. Esses desvios correspondem, portanto, 
a quatro tipos de alterações. Os desvios do tipo respiratório devem-se à alterações da eliminação do 
dióxido de carbono. Os desvios do tipo metabólico não sofrem interferência respiratória na sua produção. 
Conforme a duração, os desvios do equilíbrio ácido-base podem ser agudos ou crônicos. Os distúrbios 
crônicos, em geral, acompanham doenças crônicas do sistema respiratório ou dos rins. Os distúrbios 
crônicos costumam ser de intensidade mais leve, parcialmente compensados e melhor tolerados.  
  
 4 ACIDOSES 
Ocorre acidose quando a concentração de íons hidrogênio livres nos líquidos do organismo está elevada; 
em consequência, o pH, medido no sangue arterial, está abaixo de 7,35. As acidoses podem ser de dois 
tipos: acidose respiratória e acidose metabólica. A acidose respiratória ocorre em consequência da redução 
da eliminação do dióxido de carbono nos alvéolos pulmonares. A retenção do CO2 no sangue que atravessa 
os capilares pulmonares, produz aumento da quantidade de ácido carbônico no sangue, com consequente 
redução do pH, caracterizando a acidose de origem respiratória. A acidose metabólica ocorre em 
consequência do aumento da quantidade de ácidos fixos, não voláteis, no sangue, como o ácido lático, 
corpos cetônicos ou outros. O pH do sangue se reduz, devido ao acúmulo de íons hidrogênio livres; não há 
interferência respiratória na produção do distúrbio. As acidoses, como distúrbio primário do equilíbrio 
ácido-base, são encontradas na prática clínica, mais frequentemente que as alcaloses.  
 5 ALCALOSES 
Ocorre alcalose quando a concentração de íons hidrogênio livres, nos líquidos do organismo está reduzida. 
Em consequência, o pH medido no sangue arterial está acima de 7,45. Conforme o mecanismo de 
produção, as alcaloses podem ser de dois tipos, alcalose respiratória e alcalose metabólica. A alcalose 
respiratória ocorre em consequência do aumento da eliminação de dióxido de carbono nos alvéolos 
pulmonares. A eliminação excessiva do CO2 do sangue que atravessa os capilares pulmonares, produz 
redução da quantidade de ácido carbônico no sangue, com consequente elevação do pH, caracterizando a 
alcalose de origem respiratória. A alcalose metabólica ocorre em consequência do aumento da quantidade 
de bases no sangue, como o íon bicarbonato. O pH do sangue se eleva, devido à redução de íons hidrogênio 
livres; não há interferência respiratória na produção do distúrbio. As alcaloses como alterações primárias 
do equilíbrio ácido-base, são encontradas na prática clínica, com menos frequência que as acidoses.  
RESUMO   
Os desvios da concentração de íons hidrogênio são ocorrências relativamente comuns nas práticas de 
emergência, terapia intensiva e grandes cirurgias. O pH indica o estado ácido-base do organismo. O pH 
normal do sangue oscila dentro da faixa de 7,35 a 7,45. Quando o pH do sangue é inferior a 7,35, existe 
acidose; quando o pH é superior a 7,45 existe alcalose. Os valores de pH abaixo de 6,85 ou acima de 7,95 
indicam acidose e alcalose extremas, respectivamente e, de um modo geral, são incompatíveis com a vida. 
Os distúrbios do equilíbrio ácido-base podem ser produzidos por alterações respiratórias ou por alterações 
metabólicas. Os desvios do tipo respiratório devem-se à alterações da eliminação do dióxido de carbono. 
Os desvios do tipo metabólico não sofrem interferência respiratória na sua produção; correspondem à 
produção excessiva de ácidos, dificuldade de eliminação de ácidos, perda excessiva de bases do organismo 
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ou à perda de ácidos. As acidoses (pH inferior a 7,35), portanto, podem ser: respiratória ou metabólica. As 
alcaloses (pH superior a 7,45), também podem ser respiratórias ou metabólicas, conforme a natureza da 
sua produção.   
  
REGULAÇÃO RESPIRATÓRIA DO pH  
  
OBJETIVOS: Descrever a ventilação pulmonar, a produção e o transporte de dióxido de carbono para os 
alvéolos pulmonares. Analisar a pressão parcial do dióxido de carbono e a eliminação pulmonar na 
regulação do pH do sangue. Descrever o mecanismo de ação do centro respiratório.   
CONCEITOS GERAIS 
Os principais mecanismos reguladores do equilíbrio ácido-base do organismo são os sistemas tampão, a 
regulação respiratória e a regulação renal. Esses mecanismos atuam em conjunto e, em circunstâncias 
normais, mantém inalterada a concentração de íons hidrogênio dos líquidos orgânicos, assegurando as 
condições ideais para a função celular. A alimentação e a atividade física produzem desvios do pH que são 
prontamente compensados, quando as funções respiratória e renal são adequadas. Em determinados 
estados patológicos ou em certas alterações pulmonares ou renais, a produção de ácidos ou a retenção de 
bases no organismo, podemser tão intensos que os mecanismos de compensação tornam-se incapazes de 
manter o equilíbrio adequado. Nessas condições, o sistema regulador colapsa e o pH dos líquidos 
orgânicos se altera; as funções celulares deterioram e quando a condição persiste, em geral, ocorre a morte 
do indivíduo. Os sistemas tampão e os mecanismos respiratórios são os principais reguladores do pH dos 
líquidos do organismo diante de alterações bruscas do equilíbrio entre os ácidos e as bases.  
VENTILAÇÃO PULMONAR 
O pulmão humano possui cerca de 300 milhões de alvéolos, que equivalem a uma superfície de 
aproximadamente 70 metros quadrados, destinada a trocar gases com o ar atmosférico. A função 
respiratória se processa mediante três atividades distintas, mas interrelacionadas e coordenadas:  
ventilação, que consiste no processo através do qual o ar atmosférico alcança os alvéolos, para as trocas 
gasosas;   
perfusão, que consiste no processo pelo qual o sangue venoso alcança os capilares dos alvéolos, para as 
trocas gasosas;   
difusão, o processo pelo qual o oxigênio da mistura gasosa alveolar passa para o sangue, ao mesmo tempo 
em que o dióxido de carbono (CO2) contido no sangue passa para o gas dos alvéolos.  
O sistema respiratório pode ser representado simplificadamente, por uma membrana com enorme 
superfície em que, de um lado existe o ar atmosférico e do outro lado o sangue venoso. Através desta 
membrana, ocorrem as trocas gasosas. A enorme superfície disponível para as trocas gasosas permite que 
em um minuto o organismo possa eliminar até 200 mL de dióxido de carbono (CO2). Por esta grande 
capacidade de eliminar o CO2 do sangue, o pulmão é o mais importante regulador do equilíbrio ácido-
básico do organismo. O mecanismo regulador respiratório pode manter o pH na faixa normal, variando a 
quantidade de dióxido de carbono eliminada nos alvéolos.  
  
PRODUÇÃO DO DIÓXIDO DE CARBONO (CO2)  
"   
As etapas terminais do metabolismo celular consistem na combustão da glicose e de outros metabólitos, 
com liberação de energia química e produção de dióxido de carbono e água. O dióxido de carbono formado 
no organismo difunde-se para os líquidos intersticiais e destes para o sangue. O dióxido de carbono (CO2) 
combina-se com a água (H2O), para formar o ácido carbônico (H2CO3); uma pequena parte se dissocia nos 
íons bicarbonato (HCO3-) e hidrogênio (H+), conforme esquematizado na figura 7. A maior parte do ácido 
carbônico existe no sangue como CO2 dissolvido e água, em equilíbrio. O dióxido de carbono é 
transportado pelo sangue venoso para os capilares pulmonares, sob três formas:  
Gás dissolvido - Cerca de 5% do CO2 é transportado simplesmente dissolvido na água do plasma.   
Íon bicarbonato - Cerca de 75% do total de CO2 é transportado sob a forma de íon bicarbonato, produto da 
reação com a água das hemácias, catalisada pela enzima anidrase carbônica, que torna a reação 5.000 
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vezes mais rápida. O íon hidrogênio resultante da reação é captado pela hemoglobina (sistema tampão das 
hemácias).   
Combinado à hemoglobina - Os restantes 25% do CO2 ligam-se à hemoglobina em local diferente do que se 
liga o oxigênio, mediante uma ligação química facilmente reversível, para transporte pelo sangue 
(carbamino hemoglobina).   
  
ELIMINAÇÃO DO DIÓXIDO DE CARBONO  
"   
A produção díária de dióxido de carbono é elevada e depende da atividade metabólica dos indivíduos. O 
índice metabólico é o fator determinante da produção do CO2 e, portanto, da sua eliminação pelos 
pulmões. Os gases tem um comportamento especial quando estão em solução. A quantidade de gás 
existente em uma solução é medida pela sua pressão parcial, ou seja, a pressão ou a tensão exercida pelo 
gás na solução, independente da presença de outros gases. A pressão parcial é proporcional à quantidade 
de gás existente na solução. Por essa razão, a quantidade de CO2 existente no sangue é medida pela sua 
pressão parcial. A pressão parcial do dióxido de carbono é representada pelo símbolo PCO2.  Nos capilares 
alveolares, o dióxido de carbono do sangue venoso se difunde para o gas dos alvéolos. A difusão do CO2 
para os alvéolos é comandada pela diferença de pressão parcial (PCO2) entre o sangue venoso e o gas 
alveolar; esta difusão rápidamente equilibra a pCO2 do sangue com a PCO2 do gas dos alvéolos 
pulmonares. A eliminação do CO2, reduz a quantidade de ácido carbônico, conforme representado na 
figura 8. A redução do CO2 do sangue, elimina ácido e eleva o pH. O aumento da quantidade de dióxido de 
carbono no sangue, altera o pH para o lado ácido; a redução da quantidade (ou da tensão parcial) do 
dióxido de carbono no sangue, altera o pH para o lado alcalino. É com base nessa relação que o sistema 
respiratório modifica o pH.  
  
MECANISMO DA AUTO-REGULAÇÃO DO pH  
"   
A concentração de íons hidrogênio do sangue ou, em outras palavras, o pH do sangue, modifica a 
ventilação alveolar, através do centro respiratório. Esta estrutura do sistema nervoso central se comporta 
como um "sensor" do pH do sangue. Quando a concentração de íons hidrogênio do sangue está elevada 
(pH baixo) o centro respiratório aumenta a frequência dos estímulos respiratórios, produzindo taquipneia. 
Com o aumento da frequência respiratória, aumenta a eliminação do CO2 do sangue; a redução dos níveis 
sanguíneos do CO2 eleva o pH. A concentração de H+ no sangue é permanentemente acompanhada pelo 
centro respiratório, que regula seus estímulos de acordo com ela, conforme demonstra o diagrama da 
figura 9. Ao contrário, quando a concentração de íons hidrogênio (H+) está baixa (pH elevado), o centro 
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respiratório diminui a frequência dos estímulos à respiração e ocorre bradipneia, que reduz a eliminação 
do CO2 tentando corrigir o pH do sangue. Na realidade, a regulação respiratória do pH, por estímulos do 
centro respiratório, não normaliza o pH do sangue, porque, à medida que a concentração do íon 
hidrogênio se aproxima do normal, o estímulo que modifica a atividade respiratória vai desaparecendo. 
Apesar disso, a compensação respiratória é extremamente eficaz para impedir grandes oscilações do pH.   
  
RESUMO   
A função respiratória se processa mediante três mecanismos interligados: a ventilação pulmonar, através 
da qual o ar atmosférico alcança os alvéolos; a perfusão pulmonar, através da qual o sangue venoso alcança 
os capilares alveolares para as trocas gasosas e a difusão pulmonar, através da qual o dióxido de carbono 
do sangue é eliminado para os alvéolos e o oxigênio do ar inspirado é captado pelo sangue venoso. O 
dióxido de carbono (CO2) é o produto final do metabolismo aeróbico. O CO2 alcança o líquido extracelular 
e o sangue para eliminação nos alvéolos. A quantidade de CO2 é expressa pela sua pressão parcial, 
representada pela sigla PCO2. Como a PCO2 do sangue venoso é maior que a PCO2 do gas alveolar, o CO2 
se difunde do sangue para os alvéolos. Quando o CO2 deixa o sangue, diminui a quantidade de ácido 
carbônico e em consequência o pH tende a se elevar. Se, ao contrário, a eliminação do CO2 for reduzida, 
haverá acúmulo de ácido carbônico no sangue, com consequente redução do pH. A concentração do íon 
hidrogênio no sangue ou, em outras palavras, o pH do sangue, modifica a ventilação pulmonar, através de 
estímulos do centro respiratório. Quando o pH do sangue está baixo (acidose), o centro respiratório 
aumenta a frequência respiratória e, desse modo, acentua a eliminação do CO2. Quando o pH do sangue 
está elevado (alcalose), o centro respiratório diminui a frequência respiratória e, desse modo, acumula 
CO2 no sangue, reduzindo a sua eliminação.REGULAÇÃO RENAL DO pH  
  
OBJETIVOS: Descrever a função renal e o mecanismo de eliminação através da secreção tubular. 
Analisar os mecanismos de eliminação do íon hidrogênio e de eliminação do íon bicarbonato na 
regulação tardia do pH.   
  
CONCEITOS GERAIS  
Os principais mecanismos reguladores do equilíbrio ácido-base do organismo são os sistemas tampão, a 
regulação respiratória e a regulação renal. A regulação respiratória é de ação rápida, capaz de controlar a 
eliminação do dióxido de carbono e dessa forma, moderar a quantidade de ácido carbônico e a 
concentração de hidrogênio livre no plasma sanguíneo. Quando a concentração de íons hidrogênio se 
afasta do normal, os rins eliminam urina ácida ou alcalina, conforme as necessidades, contribuindo para a 
regulação da concentração dos íons hidrogênio dos líquidos orgânicos. O mecanismo renal de regulação 
faz variar a concentração de íons bicarbonato (HCO3-) do sangue, mediante reações que se processam nos 
túbulos renais. É o mecanismo definitivo de ajuste na maioria dos desequilíbrios ácido-básicos de origem 
metabólica.  
  
FUNÇÕES RENAIS  
Os rins podem excretar diariamente cerca de 50mEq. de íons hidrogênio (H+) e reabsorver 5.000 mEq. de 
íon bicarbonato ((HCO3-). Os rins eliminam material não volátil que os pulmões não tem capacidade de 
eliminar. A eliminação renal é de início mais lento, torna-se efetiva após algumas horas e demora alguns 
dias para compensar as alterações existentes. A eliminação de bases e seus cátions é feita exclusivamente 
pelos rins. Os rins tem a capacidade de reabsorver o sódio (Na+) e o potássio (K+) filtrados para a urina, 
eliminando o íon hidrogênio (H+) em seu lugar; o sódio reabsorvido pode ser usado para produzir mais 
bicarbonato e reconstituir a reserva de bases do organismo. Além de influir na restauração do equilíbrio 
ácido-base, os rins reagem à desidratação, à hipotensão, aos distúrbios da osmolaridade e eliminam ácidos 
fixos. Os rins desempenham fundamentalmente duas funções no organismo:   
1. eliminação de produtos terminais do metabolismo, como uréia, creatinina e ácido úrico e,   
2. controle das concentrações da água e de outros constituintes dos líquidos do organismo como sódio, 
potássio, hidrogênio, cloro, bicarbonato e fosfatos.   
A unidade funcional dos rins é o néfron. Existem cerca de 2.400.000 néfrons nos dois rins. Cada néfron é 
formado de um novelo de capilares para filtração do sangue, chamado glomérulo e um conjunto de túbulos 
que recebem o filtrado dos glomérulos, reabsorvem a sua maior parte e eliminam substâncias na sua luz 
para a formação da urina. Os rins cumprem as suas funções no organismo através de 3 mecanismos 
principais:  
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Filtração gromerular - O sangue que alcança os glomérulos é filtrado para os túbulos renais. O líquido 
filtrado é chamado filtrado glomerular e corresponde a aproximadamente 180 litros por dia. O filtrado é 
transformado em urina à medida que atravessa os túbulos renais.   
Reabsorção tubular - Cerca de 99% do filtrado glomerular são reabsorvidos para o sangue. O restante, 
cerca de 1,8 L constitui a urina, que representa um concentrado do filtrado glomerular.   
Secreção tubular - A secreção tubular atua em direção oposta à reabsorção tubular. As substâncias são 
transportadas do interior dos capilares sanguíneos para a luz dos túbulos para mistura com a urina e 
subsequente eliminação. Esse transporte ativo de substâncias, a secreção tubular, é desempenhado pelas 
células dos túbulos renais. A secreção tubular é fundamental à manutenção do equilíbrio ácido-base.   
  
REGULAÇÃO RENAL DO pH  
Os rins regulam a concentração de íon hidrogênio (H+), promovendo o aumento ou a diminuição da 
concentração dos íons bicarbonato  (HCO-3), nos líquidos do organismo. Essa variação dos íons 
bicarbonato ocorre em consequência de reações nos túbulos renais, às custas do mecanismo da secreção 
tubular.  
"   
O dióxido de carbono do líquido extracelular penetra nas células tubulares e, com o auxílio da anidrase 
carbônica, combina-se com a água, para formar ácido carbônico, que se dissocia em íons bicarbonato e 
hidrogênio, conforme a reação:  
"   
O hidrogênio assim formado é secretado para a luz do túbulo renal, sendo misturado ao filtrado 
glomerular. As células dos túbulos renais absorvem sódio do filtrado glomerular e o combinam ao íon 
bicabonato, produzindo o bicarbonato de sódio, que é devolvido ao líquido extracelular. A formação do 
bicarbonato depende da produção e secreção de H+ pelas células tubulares e mantém a reserva de bases 
do organismo. A figura 10 representa a atividade de uma célula tubular, nas trocas de íons hidrogênio (H+) 
pelos íons sódio (Na+) do filtrado glomerular, para a formação de bicarbonato. O excesso de íon 
hidrogênio no filtrado tubular é neutralizado pelos tampões do líquido tubular, principalmente o fosfato, a 
amônia, os uratos e citratos. O resultado final da excessiva secreção de íons hidrogênio nos túbulos renais 
é o aumento da quantidade de bicarbonato de sódio no líquido extracelular. Isso aumenta a quantidade de 
bicarbonato do sistema tampão bicarbonato/ácido carbônico, que mantém a normalidade do pH. Quando 
a quantidade de bicarbonato no sangue está aumentada, a sua proporção, em relação ao ácido carbônico, é 
maior e o pH está acima do normal. Nestas circunstâncias, aumenta a filtração renal dos íon bicarbonato, 
em relação aos íons hidrogênio secretados. A concentração mais baixa de dióxido de carbono, diminui a 
secreção de íons hidrogênio. Maiores quantidades de íons bicarbonato que de íons hidrogênio passam a 
penetrar nos túbulos. Como os íons bicarbonato não podem ser reabsorvidos sem antes reagir com o 
hidrogênio, todo o íon bicarbonato em excesso passa à urina, carregando com ele íons sódio e outros íons 
positivos. Deste modo o íon bicarbonato é removido do líquido extracelular. A perda de bicarbonato 
diminui a sua quantidade no sistema tampão bicarbonato/ácido carbônico o que desloca o pH dos líquidos 
do organismo na direção ácida. A urina eliminada contém maior quantidade de bicarbonatos e se torna 
alcalina.  
  
RESUMO   
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O mecanismo renal de compensação do equilíbrio ácido-base é o mais lento e demorado, embora o 
definitivo. Quando o pH do sangue se altera, os rins eliminam urina ácida ou alcalina, conforme as 
necessidades, contribuindo para regular a concentração de íons hidrogênio do sangue e demais líquidos 
orgânicos. Os três principais mecanismos funcionais do sistema renal são a filtração glomerular, a 
reabsorção tubular e a secreção tubular. Através o mecanismo de secreção tubular, os rins transformam o 
dióxido de carbono em ácido carbônico ionizado. O íon hidrogênio é eliminado para a urina em troca por 
sódio ou potássio que combinando-se ao íon bicarbonato, retorna ao líquido extracelular, para alcançar a 
corrente sanguínea. Quando há bicarbonato em excesso no sangue, os rins eliminam o íon bicarbonato em 
conjunto com o íon hidrogênio, o que torna a urina alcalina e contribui para a regulação das bases 
existentes.  
  
AVALIAÇÂO DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE  
  
OBJETIVOS: Descrever os exames que indicam o estado do equiíbrio ácido-base. Detalhar a coleta da 
amostra de sangue arterial e os cuidados na realização do exame. Analisar o significado dos resultados 
do exame.   
CONCEITOS GERAIS  
A normalidade do pH, da PCO2 e das bases do sangue e demais líquidos do organismo é representada por 
faixas, ao invés de um valor simples e absoluto, por duas razões principais:  
1. As medidas de parâmetros biológicos em uma grande quantidade de indivíduos são semelhantes,mas 
não são exatamente iguais. Um mesmo exame, realizado em um grande número de indivíduos, mostrará 
uma curva de distribuição de resultados. O valor encontrado o maior número de vêzes representa o ponto 
médio da curva. Os valores encontrados em 95% dos indivíduos, formam um segmento simétrico da curva, 
acima e abaixo do ponto médio e constituem o desvio padrão. A faixa de normalidade nessa curva abrange 
o ponto médio e o desvios padrão inferior e superior. 2. Os valores do equilíbrio ácido-base refletem a 
atividade metabólica das células e a atividade química de um grande número de substâncias existentes no 
sangue e nos líquidos intracelular e intersticial, onde ocorrem intercâmbio e reações químicas muito 
rápidas. O conceito de normalidade e seus valores numéricos, portanto, devem ser abrangentes e devem 
considerar as variações individuais.  
  
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE  
A avaliação do estado ácido-base do organismo, na prática clínica, é feita pela análise de quatro 
parâmetros principais, determinados em amostras de sangue arterial. Esses parâmetros são o pH, a PCO2, 
o bicarbonato e a diferença de bases (excesso ou déficit). Gasometria é o exame que fornece os valores que 
permitem analisar os gases sanguíneos e o equilíbrio ácido-base; os aparelhos utilizados para a 
determinação dos gases sanguíneos e do pH são os analisadores de gases, dos quais existem vários tipos e 
modelos, disponíveis no mercado. Os aparelhos mais sofisticados fazem correções automáticas para o 
valor da hemoglobina e da temperatura e emitem os resultados já impressos em formulários próprios. Por 
se tratar da análise de gases, inclusive o CO2, muito volátil, diversos cuidados são essenciais em relação à 
coleta das amostras de sangue, transporte ao laboratório e realização imediata do exame, para assegurar a 
fidelidade dos resultados. A velocidade com que as condições do equilíbrio ácido-base podem se modificar, 
principalmente na terapia intensiva, requer a imediata análise dos resultados do exame, que refletem as 
condições do paciente, no momento da coleta da amostra.  
  
AMOSTRAS DE SANGUE  
A amostra de sangue deve ser colhida por meio da punção cuidadosa de uma artéria periférica, geralmente 
a artéria radial ou a femural. A punção da artéria femural é usada, quando a palpação dos pulsos radiais é 
difícil, devido à hipotensão arterial ou baixo débito cardíaco. Em pacientes com instabilidade cardio-
respiratória, frequentemente se usa um cateter intra-arterial para a monitorização contínua da pressão 
arterial e análise seriada da gasometria arterial. Nesses casos o procedimento da coleta da amostra fica 
simplificado. Isso é comum nas unidades de terapia intensiva, durante procedimentos cirúrgicos de grande 
porte, como na cirurgia cardiovascular ou nos laboratórios de hemodinâmica, durante o cateterismo 
cardíaco. A amostra deve ser coletada com anticoagulante (heparina), para manter a fluidez do sangue. A 
técnica recomendada para a coleta consiste em aspirar cerca de 1 mL de heparina sódica (1.000 U/mL) e 
movimentar o líquido na seringa, apenas para "lavar" as paredes internas; logo após, desprezar todo o 
conteudo. O resíduo que fica no espaço morto do bico da seringa e na agulha é de cerca de 0,15mL.. Essa 
quantidade de heparina é suficiente para anticoagular cerca de 2 a 4 mL. de sangue. O volume mínimo da 
amostra deve ser de 2 mL., para manter a heparina bem diluida. Esse cuidado é importante, porque a 
heparina é ácida (pH em torno de 6,8). Heparina em excesso, na amostra, pode falsear a determinação do 
pH. Na prática, 0,05 mL. de heparina sódica são suficientes para anticoagular 1 mL. de sangue. As 
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amostras de sangue devem ser isentas de ar. As bolhas de ar porventura existentes, devem ser 
imediatamente removidas. Quando a amostra contém ar, ocorre o equilíbrio gasoso com o sangue. A PCO2 
da amostra será mais baixa enquanto a PO2 poderá ser mais alta e o resultado pode não refletir as 
condições reais do paciente. Quando o laboratório é distante do local da coleta, a amostra deverá ser 
transportada em gelo. O metabolismo do sangue da amostra continua; há consumo de oxigênio e produção 
de CO2. Este cuidado é importante, quando o transporte produz demora na análise da amostra de sangue. 
Decisões clínicas importantes são baseadas nos resultados da gasometria arterial; é fundamental, 
portanto, que os resultados do exame sejam absolutamente confiáveis.  
  
  
  
TÉCNICA DA PUNÇÃO ARTERIAL  
A técnica da punção radial é simples mas requer alguma experiência, para ser realizada com sucesso.   
* A artéria radial é puncionada na altura do punho. Devemos inicialmente palpar a artéria para assegurar a 
sua perfeita localização; a mão do paciente é posicionada mantendo o punho em extensão ampla, para 
facilitar a palpação da artéria. A posição é mantida com apoio sobre uma compressa dobrada ou enrolada, 
conforme demonstra a figura abaixo; * A pele no local da punção é limpa e desengordurada com algodão 
embebido em álcool ou solução de álcool iodado; * Faz-se um pequeno botão anestésico no local da 
punção, com agulha 25, que permite várias tentativas sem produzir dor no local;  
"   
* A artéria é palpada com uma das mãos, enquanto a outra empunha a seringa com agulha 20 ou 21; * A 
agulha deve fazer um ângulo de trinta graus com a pele, para perfurar a artéria em posição oblíqua, que 
facilita a hemostasia natural pelas fibras musculares da parede arterial; * Ao ser alcançada a luz da artéria, 
observa-se o fluxo sanguíneo no interior da seringa que em geral impulsiona o êmbolo. Esta manobra é 
mais fácil com as seringas de vidro que com as de plástico. Nestas últimas, em geral, é necessário puxar 
levemente o êmbolo para estabelecer o fluxo sanguíneo para o interior da seringa; * Se a punção transfixa a 
artéria, a agulha deve ser retirada vagarosamente, até que a sua ponta alcance a luz do vaso, quando se 
estabelecerá o fluxo sanguíneo; * A aspiração vigorosa com o êmbolo favorece a entrada de ar na amostra e 
deve ser evitada. Quando necessário, aspirar o sangue suavemente; * Após remover 2 mL. de sangue, 
retirar a agulha e comprimir o local da punção com algodão embebido em álcool ou álcool-iodado, por três 
minutos, para evitar a formação de hematomas no local da punção. * A punção em crianças pequenas deve 
ser feita com um escalpe fino (calibre 21), não adaptado à seringa, para permitir o livre fluxo do sangue. 
Um auxiliar deve conectar a seringa e aspirar a amostra quando o escalpe estiver cheio. A punção em 
crianças requer mais experiência com a técnica, embora as linhas gerais do procedimento sejam as 
mesmas.  
  
ANALISADORES DE GASES  
Os analisadores de gases sanguíneos utilizam eletrodos especiais para a determinação do pH, da pressão 
parcial de dióxido de carbono (PCO2) e da pressão parcial de oxigênio (PO2). A pressão parcial de oxigênio 
é determinada ao mesmo tempo que os demais parâmetros; contudo, sua análise não tem implicações nos 
mecanismos do equilíbrio ácido-base. A PO2 do sangue arterial nos informa sobre a eficiência da 
oxigenação realizada nos alvéolos pulmonares. Os eletrodos de pH, pCO2 e de pO2 são contidos em um 
pequeno reservatório, cuja temperatura é controlada. O aparelho requer calibração prévia para uso, que é 
obtida por comparação com soluções padronizadas. Os aparelhos modernos calculam os parâmetros que 
não são diretamente medidos pelos eletrodos e são de grande precisão. A taxa de hemoglobina do sangue 
do paciente deve ser informada, para a correção do valor das bases em excesso ou em déficit. Estes cálculos 
consideram a presença do sistema tampão da hemoglobina.  
INTERPRETAÇÃO DO EXAME  
A interpretação da gasometria arterial, para a identificação de distúrbios do equilíbrio ácido-baseé feita 
em etapas sucessivas: * Verificação do pH; * Verificação da PCO2; * Verificação das bases (bicarbonato); * 
Verificação da diferença de bases (excesso ou déficit).  
VERIFICAÇÃO DO pH  
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O valor do pH da amostra indica o estado do equilíbrio ácido-base. Um pH normal demonstra a ausência 
de desvios ou sua completa compensação. Se o pH está abaixo de 7,35, dizemos que existe acidose; quando 
o pH está acima de 7,45, dizemos que existe alcalose, conforme representado na figura abaixo.  
"   
A análise do pH demonstra, simplesmente, a existência de acidose ou alcalose. Podemos, com base na 
experiência clínica, estimar a gravidade dos distúrbios pelos níveis do pH. Um pH igual ou inferior a 7,25 é 
indicativo de acidose severa, enquanto que um pH, igual ou superior a 7,55 é indicativo de alcalose severa. 
A avaliação isolada do pH, obviamente, não oferece qualquer indicação sobre a origem do distúrbio, que 
pode ser respiratória ou metabólica.  
  
VERIFICAÇÃO DA PCO2  
Após determinar a presença de acidose ou alcalose, devemos investigar a origem do distúrbio. O passo 
seguinte é avaliar o componente respiratório do equilíbrio ácido-base.  
"   
O componente respiratório é avaliado pela quantidade de ácido carbônico existente no sangue. O ácido 
carbônico existe quase completamente sob a forma de CO2 + H2O. A sua quantidade, portanto, pode ser 
determinada pela pressão parcial do dióxido de carbono (PCO2). A pressão parcial do CO2 no sangue 
arterial normal oscila entre 35 e 45mmHg. Um valor anormal da PCO2, acima de 45mmHg ou abaixo de 
35mmHg, indica a origem respiratória do distúrbio. Quando a PCO2 está acima de 45mmHg significa que 
há retenção de CO2 no sangue, o que, em consequência reduz o pH. Existe, portanto, acidose respiratória. 
Quando, ao contrário, a PCO2 está abaixo de 35mmHg significa que há excessiva eliminação de CO2 do 
sangue e, em consequência, o pH se eleva. Nessas circunstâncias, estamos diante de um quadro de alcalose 
respiratória. A figura 15 ilustra o comportamento da PCO2 que origina os dois distúrbios de natureza 
respiratória.   
NOTA: Embora na prática, o termo PCO2 seja de uso corrente, a expressão da pressão parcial de gases, 
deve respeitar a seguinte convenção:   
PACO2: refere-se à pressão parcial do CO2 no gas alveolar (com A maiúsculo). PaCO2: refere-se à pressão 
parcial do CO2 no sangue arterial (com a minúsculo). PvCO2: refere-se à pressão parcial do CO2 no sangue 
venoso (com v minúsculo).  
  
VERIFICAÇÃO DAS BASES  
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A quantidade de bases disponíveis no sangue, indica o estado do componente metabólico do equilíbrio 
ácido-base. As bases disponíveis no organismo para a neutralização dos ácidos, não são medidas 
diretamente na amostra do sangue, como acontece com o pH e a pCO2; na realidade, a medida das bases é 
derivada das medidas anteriores. Os analisadores de gases de uso corrente calculam aqueles valores. A 
relação entre o bicarbonato plasmático, controlado pelos rins, e o ácido carbônico, controlado pelos 
pulmões, determina o pH. Esse princípio permite o cálculo das bases, em função da sua relação com o pH e 
a PCO2.   
  
"   
Existem diversos modos de expressar as bases existentes no sangue. Os dois parâmetros mais 
correntemente utilizados na prática, são o bicarbonato real e o base excess. No analisador de gases, a 
amostra de sangue é colocada em presença de uma solução padronizada, cuja PCO2 é de 40mmHg. Após o 
equilíbrio, a PCO2 da amostra será de 40mmHg, independente do seu valor inicial. O bicarbonato real 
existente no sangue é calculado à partir do pH e do CO2. Os valores das bases são expressos em 
miliequivalentes por litro ou, mais comumente em milimols/litro (mM/L). O valor normal do bicarbonato 
real (BR), oscila de 22 a 28mM/L. A figura 16 ilustra o comportamento do bicarbonato real nos distúrbios 
metabólicos do equilíbrio ácido-base. Quando o bicarbonato real (BR) está baixo, inferior a 22mM/L, 
significa que parte da reserva de bases foi consumida; em consequência o pH do sangue se reduz, 
configurando o quadro de acidose metabólica. Quando, ao contrário, o bicarbonato real (BR) está elevado, 
acima de 28mM/L, significa que há excesso de bases disponíveis no sangue. O excesso das bases eleva o 
pH, configurando o quadro da alcalose metabólica.  
  
VERIFICAÇÃO DA DIFERENÇA DE BASES  
"   
O cálculo do bicarbonato ignora o poder tamponante do fosfato e das proteinas (principalmente a 
hemoglobina) do sangue e, portanto, não permite quantificar o distúrbio com precisão. A capacidade total 
de neutralização das bases é melhor refletida pelo cálculo da diferença de bases (excesso ou déficit de bases 
existentes). Este parâmetro é calculado à partir das medidas do pH, da PCO2 e da hemoglobina. O 
resultado expressa o excesso de bases existentes nas alcaloses metabólicas ou o déficit de bases existentes 
nas acidoses metabólicas. O valor aceito como normal para a diferença de bases é de 2mEq/L ou, em 
outras palavras: a diferença de bases oscila entre um déficit (BD) de -2,0mEq/l e um excesso (BE) de 
+2,0mEq/l. Usa-se o termo excesso de bases, do inglês "base excess" (BE) para exprimir o resultado 
positivo e o termo déficit ou deficiência de bases, "base deficit" (BD) para exprimir o resultado negativo. 
Um déficit de bases indica a existência de acidose metabólica, enquanto o excesso de bases indica alcalose 
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metabólica. O comportamento da diferença de bases está representado na figura acima. A diferença de 
bases calculada, na realidade, representa o número de miliequivalentes de bases que faltam ou que 
excedem para que o pH do sangue seja normal (7,40).  
  
DISTÚRBIOS COMPENSADOS  
Os distúrbios do equilíbrio ácido-base ativam os mecanismos de compensação. Dessa forma, se o distúrbio 
se prolonga, os exames poderão mostrar também o resultado da ação dos mecanismos compensadores. O 
resultado dos exames laboratoriais representa o distúrbio primário e as tentativas de compensação do 
organismo. Por essa razão, quando a alteração primária tem duração suficiente, os exames podem 
expressar a resultante da compensação do distúrbio. Esses distúrbios são chamados compensados ou 
parcialmente compensados. Nas fases agudas, mais comum nas unidades de terapia intensiva, a 
compensação raramente ocorre, pelo menos ao ponto de mascarar o resultado dos exames.  
  
RESUMO   
Os valores normais dos parâmetros biológicos são representados por faixas, que representam pelo menos 
95% dos indivíduos. A avaliação do equilíbrio ácido-base é feita pela determinação do pH, da PCO2, do 
bicarbonato e da diferença de bases em amostras de sangue arterial. Para que o resultado seja confiável, a 
amostra de sangue deve ser coletada em heparina, em condições anaeróbicas, refrigerada e imediatamente 
analisada. A verificação do pH indica o estado do equilíbrio ácido base. Um pH abaixo de 7,35 indica a 
existência de acidose, enquanto o pH superior a 7,45 indica a presença de alcalose. A verificação da PCO2 
demonstra o estado do componente respiratório do equilíbrio ácido-base. Se a PCO2 está anormal, a 
origem do distúrbio é respiratória. A PCO2 acima de 45mmHg significa retenção de CO2 no sangue e 
indica acidose de origem respiratória. A PCO2 está abaixo de 35mmHg, significa que há excessiva 
eliminação de CO2 do sangue e indica alcalose de origem respiratória. A verificação do bicarbonato 
demonstra o estado do componente metabólico do equilíbrio ácido-base. Se o bicarbonato está anormal,a 
origem do distúrbio é metabólica. Se o bicarbonato real é inferior a 22mM/L, significa que parte das bases 
foram consumidas e indica acidose de origem metabólica. Se o bicarbonato real é superior a 28mM/L, 
significa que há excesso de bases no sangue e indica alcalose de origem metabólica. A verificação da 
diferença de bases permite avaliar a severidade do distúrbio metabólico. Uma deficiência de bases (BD) 
indica a existência de acidose metabólica. Quanto maior o déficit de bases, tanto mais severa é a acidose. 
Um excesso de bases (BE) indica alcalose metabólica. Quanto maior o excesso de bases, tanto mais severa 
é a alcalose. A diferença de bases representa o número de miliequivalentes de bases que faltam ou que 
excedem para que o pH do sangue seja normal.  
  
ACIDOSE RESPIRATÓRIA  
  
OBJETIVOS: Descrever a acidose de origem respiratória e suas principais causas. Analisar as 
consequências do acúmulo de dióxido de carbono e ácido carbônico no sangue. Analisar os resultados da 
gasometria arterial na acidose respiratória.   
CONCEITOS GERAIS  
Os quatro grandes distúrbios do equilíbrio ácido-base são de origem respiratória ou metabólica. Os 
distúrbios de origem respiratória decorrem de alterações da eliminação do dióxido de carbono (CO2) do 
sangue, ao nível das membranas alvéolo-capilares. A redução da eliminação do dióxido de carbono nos 
pulmões, faz elevar o seu nível no sangue; em consequência, eleva-se o nível do ácido carbônico. Há maior 
quantidade de íons hidrogênio livres no organismo e o pH cai. O distúrbio resultante é a acidose 
respiratória. A quantidade aumentada de dióxido de carbono no sangue, em consequência da redução da 
sua eliminação é denominada hipercapnia. A acidose respiratória é, portanto, consequência de alterações 
da ventilação pulmonar, caracterizadas por hipoventilação pulmonar e insuficiência respiratória. A acidose 
respiratória pode estar relacionada a alterações de diversas naturezas que comprometem a adequada 
eliminação do dióxido de carbono produzido pelo organismo. As alterações podem ser do sistema nervoso 
central, da caixa torácica ou do parênquima pulmonar. As alterações do sistema nervoso que deprimem a 
função respiratória são relativamente comuns nas unidades de emergência e, em geral, são de fácil 
identificação.  
CAUSAS DE ACIDOSE RESPIRATÓRIA  
A acidose respiratória é consequência da insuficiente eliminação do dióxido de carbono nos alvéolos 
pulmonares. Como a eliminação do dióxido de carbono depende fundamentalmente da ventilação 
pulmonar, as condições que geram hipoventilação pulmonar, são causas de acidose metabólica. A 
hipoventilação pulmonar pode ser produzida por diversos tipos de alterações, como:  
Alterações do sistema nervoso que podem dificultar a respiração:   
 • traumatismos crânio-encefálicos,   
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 • intoxicações exógenas,   
 • comas de qualquer natureza,   
 • resíduo de drogas depressoras,   
 • lesão medular,   
 • lesão do nervo frênico,   
 • bloqueadores neuromusculares.   
 • Alterações tóraco-pulmonares:   
 • obstrução das vias aéreas altas,   
 • atelectasias,   
 • pneumonias extensas,   
 • derrame pleural,   
 • pneumotórax extenso ou hipertensivo,   
 • afogamento,   
 • traumatismo torácico,   
 • hipercapnia permissiva.   
Os traumatismos crânio-encefálicos, o coma barbitúrico e outros tipos de coma podem produzir 
insuficiência respiratória por alterações do controle neuromuscular da respiração ou por interferência com 
a função do centro respiratório.  
ALTERAÇÕES DA FISIOLOGIA  
O distúrbio primário da acidose respiratória é a redução da eliminação do dióxido de carbono ao nível das 
membranas alvéolo-capilares dos pulmões. O CO2 acumulado no sangue mantém elevada a quantidade de 
ácido carbônico e de íons hidrogênio livres. O hidrogênio tende a penetrar nas células em troca pelo 
potássio, que aumenta seu valor no plasma nas primeiras horas do início da alteração. Os rins procuram 
eliminar o máximo de íons hidrogênio, que tornam a urina excessivamente ácida.  
  
QUADRO LABORATORIAL  
"   
Os resultados da gasometria arterial permitem o diagnóstico da acidose respiratória:   
1. O pH está baixo (inferior a 7,35);  
2. A PCO2 está elevada (acima de 45mmHg).  
A associação daquelas alterações do pH e da pCO2, permitem o diagnóstico da acidose respiratória, 
conforme ilustra a figura acima. Em geral, nos distúrbios agudos a reserva de bases (bicarbonato real) é 
normal.  
COMPENSAÇÃO DA ACIDOSE RESPIRATÓRIA  
A acidose respiratória em geral é um distúrbio agudo que pode ser grave e rapidamente fatal. Casos de 
enfisema pulmonar e outras doenças crônicas do parênquima pulmonar, podem desenvolver graus leves 
de acidose respiratória crônica, cuja duração permite compensação relativamente eficaz. A retenção 
crônica de dióxido de carbono, aumenta o teor de ácido carbônico do organismo. Os rins eliminam íons 
hidrogênio e retém os íons bicarbonato, o que aumenta a reserva de bases e mantém o pH nos limites 
normais ou muito próximo deles. Infecções respiratórias podem descompensar estes pacientes levando-os 
a grandes aumentos da PCO2 e grandes quedas do pH resultando em acidose respiratória crônica 
agudizada.  
  
TRATAMENTO DA ACIDOSE RESPIRATÓRIA  
O tratamento da acidose respiratória depende da causa e da severidade do distúrbio. Em linhas gerais, 
contudo, o tratamento consiste de medidas para estimular a ventilação pulmonar que vão desde o 
incentivo à tosse e eliminação de secreções bronco-pulmonares até a entubação traqueal e ventilação 
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mecânica. Um plano adequado de toilete bronco-pulmonar e fisioterapia respiratória são importantes 
medidas auxiliares que, em certas circunstâncias podem contribuir para reduzir a necessidade de 
ventilação mecânica. A ventilação mecânica, quando utilizada, deve ser cuidadosamente conduzida e 
monitorizada. A ventilação mecânica inadequada também pode ser causa de hipoventilação e retenção de 
dióxido de carbono, com produção de acidose respiratória.  
  
RESUMO   
Os distúrbio do equilíbrio ácido-base podem ser de origem respiratória ou de origem metabólica. A 
eliminação respiratória do dióxido de carbono é o grande regulador da concentração do ácido carbônico no 
organismo. Quando a eliminação do dióxido de carbono nos alvéolos pulmonares está reduzida, o CO2 se 
acumula no sangue e, em consequência, aumenta a quantidade de ácido carbônico e de íons hidrogênio 
livres. Estas circunstâncias originam a acidose de natureza respiratória. Devido à maior quantidade de 
íons hidrogênio livres o pH se reduz. Os valores do pH inferiores a 7,35 caracterizam a existência da 
acidose. O acúmulo do dióxido de carbono no sangue é representado pela elevação da sua pressão parcial 
(PCO2). Quando a PCO2 supera 45mmHg, configura a natureza respiratória da acidose. Em geral os 
quadros de acidose respiratória são de instalação rápida; não há tempo para que os mecanismos de 
compensação sejam eficazes. O tratamento da acidose respiratória consiste de medidas destinadas a 
estimular a ventilação pulmonar e inclui estímulo à tosse, toilete bronco-pulmonar, fisioterapia 
respiratória e ventilação com respiradores mecânicos. Quando a acidose respiratória é leve e causada por 
doença pulmonar crônica, a compensação renal consiste em reter íons bicarbonato, aumentando a reserva 
de bases e normalizando o pH.  
  
ALCALOSE RESPIRATÓRIA  
  
OBJETIVOS: Descrever a alcalose de origem respiratória e suas principais causas. Analisar as 
consequências da excessiva redução do dióxido de carbono e do ácido carbônico no sangue. Analisar os 
resultados da gasometria arterialna alcalose respiratória.   
   
CONCEITOS GERAIS  
Os quatro grandes distúrbios do equilíbrio ácido-base são de origem respiratória ou metabólica. Os 
distúrbios de origem respiratória decorrem de alterações da eliminação do dióxido de carbono (CO2) do 
sangue, ao nível das membranas alvéolo-capilares. A eliminação respiratória regula a quantidade de 
dióxido de carbono no sangue e, dessa forma, regula o nível de ácido carbônico. Quando a eliminação do 
dióxido de carbono nos pulmões é elevada, o nível sanguíneo de ácido carbônico se reduz; há menor 
quantidade de íons hidrogênio livres. A quantidade reduzida de dióxido de carbono no sangue, em 
consequência da hiperventilação é denominada hipocapnia. O distúrbio resultante é a alcalose 
respiratória. A alcalose respiratória é, portanto, consequência da hiperventilação pulmonar.  
  
CAUSAS DE ALCALOSE RESPIRATÓRIA  
A alcalose respiratória é sempre consequência da hiperventilação pulmonar, tanto na sua forma aguda 
como na crônica. A hiperventilação pulmonar pode ser secundária a doença pulmonar ou não. A 
hiperventilação pode também ser devida à resposta quimioceptora do organismo em consequência de 
hipoxemia, disfunção do sistema nervoso central ou mecanismo de compensação ventilatória, na presença 
de acidose metabólica. A hiperventilação que acompanha certos quadros de agitação psico-motora pode 
produzir alcalose respiratória aguda que leva a tonteiras ou desmaios. Na terapia intensiva a alcalose 
respiratória é frequentemente produzida pelo uso da ventilação artificial com respiradores mecânicos. 
Nessas circunstâncias um leve grau de alcalose, com PCO2 entre 30 e 34mmHg contribui para reduzir o 
estímulo respiratório e manter o paciente ligeiramente sedado com menores doses de tranquilizantes. 
Outras causas de alcalose respiratória como subproduto da hiperventilação podem ser enumeradas como: 
angústia, dor, febre elevada com calafrios, insuficiência hepática, meningoencefalites, sepsis e 
hipertireoidismo. Hiperventilação intencional, com níveis de PaCO2 entre 28 e 30 mmHg são utilizados 
clinicamente objetivando reduzir a pressão intracraniana.  
  
ALTERAÇÕES DA FISIOLOGIA  
O distúrbio primário da alcalose respiratória é a eliminação excessiva de dióxido de carbono ao nível das 
membranas alvéolo-capilares dos pulmões. A tensão parcial do CO2 no sangue se reduz, bem como reduz-
se a quantidade de ácido carbônico e a quantidade de íons hidrogênio livres. Há o deslocamento de íons 
hidrogênio do interior das células para o interstício, em troca pelo potássio, cujo teor no sangue se reduz.  
  
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"   
Os resultados da gasometria arterial mostram os principais achados que permitem o diagnóstico da 
acidose respiratória:  

1. O pH está elevado (acima de 7,45);  
2. A PCO2 está baixa (abaixo de 35mmHg). A existência dessas duas alterações permitem firmar o 
diagnóstico da alcalose respiratória, conforme ilustra a figura .  
COMPENSAÇÃO DA ALCALOSE RESPIRATÓRIA  
A alcalose respiratória é um distúrbio menos severo que a acidose respiratória. Frequentemente é induzida 
por terapia respiratória que inclui ventilação mecânica. Quando o distúrbio se prolonga, os rins diminuem 
a absorção de íon bicarbonato do filtrado glomerular, promovendo maior eliminação pela urina, que se 
torna excessivamente alcalina.   
  
TRATAMENTO DA ALCALOSE RESPIRATÓRIA  
Em geral os quadros de alcalose respiratória são leves e de baixa gravidade. O tratamento em todos os 
casos consiste em remover a causa da hiperventilação. Nos casos mais severos pode ocorrer 
hipopotassemia, capaz de gerar arritmias cardíacas, pela entrada rápida de potássio nas células em troca 
pelos íons hidrogênio. Os casos mais frequentes de alcalose respiratória severa são secundários à 
ventilação mecânica prolongada; o tratamento consiste em ajustar os controles do aparelho adequando a 
ventilação às necessidades do paciente.  
RESUMO   
Os distúrbios do equilíbrio ácido-base podem ser de origem respiratória ou de origem metabólica. A 
eliminação respiratória do dióxido de carbono é o grande regulador da concentração do ácido carbônico no 
organismo. Quando a eliminação do dióxido de carbono nos alvéolos pulmonares é excessiva, a quantidade 
de CO2 e, em consequência, a quantidade de ácido carbônico do sangue estão diminuidos. Estas 
circunstâncias originam a alcalose de natureza respiratória. Devido à menor quantidade de íons 
hidrogênio livres, o pH se eleva. Os valores do pH superiores a 7,45 caracterizam a existência da alcalose. A 
redução do dióxido de carbono no sangue é representada pela queda da sua pressão parcial (PCO2). 
Quando a PaCO2 é inferior a 35mmHg., configura-se a natureza respiratória da alcalose. Em geral os 
quadros de alcalose respiratória ocorrem em pacientes sob ventilação mecânica nas unidades de terapia 
intensiva. São de instalação rápida e não há tempo para que os mecanismos de compensação sejam 
eficazes. O tratamento consiste em remover as causas da hiperventilação. Quando o distúrbio é leve e 
persistente a compensação renal consiste em reduzir a absorção dos íons bicarbonato do filtrado 
glomerular, mantendo a relação do sistema tampão constante. A urina se torna alcalina.  
ACIDOSE METABÓLICA  
  
OBJETIVOS: Descrever a acidose de origem metabólica e suas principais causas. Analisar as 
consequências do excesso de ácidos não voláteis no sangue. Analisar os resultados da gasometria 
arterial na acidose metabólica.   
  
CONCEITOS GERAIS  
Os quatro grandes distúrbios do equilíbrio ácido-base são de origem respiratória ou metabólica. Os 
distúrbios de origem metabólica são produzidos pelo acúmulo de ácidos fixos (acidose metabólica) ou de 
bases (alcalose metabólica) nos líquidos do organismo.  

Ocorre acidose metabólica quando há predomínio da quantidade de ácidos fixos em relação às bases 
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disponíveis para a sua neutralização. Estas circunstâncias podem ser consequência do aumento da 
produção de ácidos, da ingestão de ácidos fixos ou da perda excessiva de bases pelo organismo.  
  
CAUSAS DE ACIDOSE METABÓLICA  
A acidose metabólica é um distúrbio bastante comum nas unidades de emergência, de pós-operatório e de 
terapia intensiva. É um distúrbio sério, capaz de produzir complicações severas ou mesmo levar à morte. A 
acidose metabólica, de um modo geral, ocorre em quatro circunstâncias:  
1. Aumento da produção de ácidos não voláteis, que supera a capacidade de neutralização ou de eliminação 
do organismo;  
2. Ingestão de substâncias ácidas;   
3. Perdas excessivas de bases do organismo;  
4. Dificuldade de eliminação de ácidos fixos.  
A acidose metabólica mais frequente nas unidades de terapia intensiva é consequência do aumento da 
produção de ácidos lático e pirúvico. A causa mais comum do acúmulo de ácido lático é a hipóxia dos 
tecidos. Em condições de baixa oxigenação, os tecidos são forçados a recorrer ao metabolismo anaeróbico 
para manter a produção de energia. A via anaeróbica tem como produtos finais os ácidos fixos, 
principalmente o ácido lático. A reduzida perfusão dos tecidos que ocorre nos quadros de choque ou de 
baixo débito cardíaco é a causa da hipóxia tissular. Nos casos de parada cardio-respiratória em que a 
recuperação não é muito rápida, sempre ocorre acidose metabólica. Esta, por sua vez, reduz a qualidade da 
resposta às medidas de recuperação. A entrada e a combustão da glicose nas células, requer a presença da 
insulina e do potássio. Quando a insulina falta ou é insuficiente, como no caso do diabetes mellitus, a 
glicose não é corretamente utilizada; a via metabólica alternativa produz corpos

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