Buscar

Equilíbrio Ácido-Base/ Efeito tampão/ Gasometria arterial e venosa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
TUTORIA 5 – PROBLEMA 5 
OBJETIVOS 
1- ANALISAR O EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE E EXPLICAR A REGULAÇÃO DO pH. 
2- EXPLICAR OS MECANISMOS RENAL / RESPIRATÓRIO DE COMPENSAÇÃO DO pH E O EFEITO TAMPÃO 
SANGUÍNEO. 
3- EXPLICAR A GASOMETRIA ARTERIAL E VENOSA (VALORES DE REFERÊNCIA). 
4- DESCREVER O MECANISMO DE ÁCIDOS TITULÁVEIS E AMÔNIA NA URINA. 
ANALISAR O EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE E EXPLICAR A REGULAÇÃO DO PH. 
Quando falamos em regulação do equilíbrio ácido-
básico, referimos, na verdade, à regulação da 
concentração do íon-hidrogênio nos líquidos 
corporais. A concentração do íon hidrogênio em 
diferentes soluções pode variar desde menos 10-14 
Eq/1 até mais de 10º. Numa base logarítmica, a 
concentração de íon hidrogênio no organismo 
humano situa-se aproximadamente a meia distância 
entre esses dois extremos. Ou seja, 7 
aproximadamente. 
Bastam ligeiras alterações da concentração do íon 
hidrogênio em relação ao seu valor normal para 
ocasionar alterações na velocidade das reações 
químicas nas células, sendo algumas desaceleradas, 
enquanto outras são aceleradas. Por essa razão, a 
regulação da concentração de íon-hidrogênio constitui 
um dos aspectos mais importantes da homeostasia do 
organismo. 
De maneira geral, quando uma pessoa fica acidótica, 
ela tem probabilidade de morrer em estado de coma; 
quando se torna alcalótica, pode morrer de tetania ou 
de convulsões. 
Ácidos e bases — definições e significados 
O ácido é definido como a molécula ou íon passível 
de atuar como doador de prótons. 
A base é definida como a molécula ou íon que pode 
funcionar como aceptor de prótons. 
Se lembrarmos de que um próton é, na verdade, um 
íon hidrogênio, podemos conceituar a partir dessas 
definições como: 
O ácido é a molécula ou íon capaz de contribuir com 
um íon hidrogênio para a solução. Assim, o HCL 
ioniza-se na água, formando íons hidrogênio e íons 
cloreto; então, esse ácido é denominado ácido 
hidroclórico, ou clorídrico. De forma semelhante, o 
H2CO3 se ioniza na água para formar H+ ou HCO3 
contribuindo também com íons hidrogênio para a 
solução; esse ácido é conhecido como ácido 
carbônico. Outros ácidos importantes do organismo 
são: ácido acético, o fosfato ácido de sódio, o ácido 
úrico, o ácido acetoacético etc. 
A base é a molécula ou íon que irá se combinar com 
íons hidrogênio para removê-los da solução. Por 
exemplo, o íon bicarbonato, HCO3 é uma base, 
porque ele pode combinar com íons hidrogênio para 
formar H2CO3. De forma semelhante, HPO4 é uma 
base, visto que pode combinar-se com íons hidrogênio 
para formar H2PO4. 
As proteínas do organismo também funcionam como 
bases, uma vez que certos aminoácidos nas moléculas 
proteicas atuam como íons negativos que se ligam 
rapidamente a excesso de íons hidrogênio. De fato, a 
hemoglobina, nos eritrócitos, e as outras proteínas, 
nas demais células do organismo, estão entre as bases 
mais importantes do corpo. 
Ácidos e Bases Fortes E Fracos. 
Um ácido forte é aquele que possui tendência muito 
forte a dissociar-se em íons e, portanto, a liberar seu 
íon hidrogênio na solução. Ex: o ácido clorídrico. 
Por outro lado, os ácidos que liberam íons hidrogênio 
com menor intensidade são denominados ácidos 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
fracos. Ex: o ácido carbônico e o fosfato ácido de 
sódio. 
Uma base forte é aquela que reage intensamente 
com íons hidrogênio, removendo-os com extrema 
avidez da solução. Ex: é o íon hidroxila (OH"). Uma 
base fraca típica é o íon bicarbonato (HCO3), devido à 
sua ligação muito fraca a íons hidrogênio. 
A maioria dos ácidos e das bases envolvidos na 
regulação normal do equilíbrio ácido-básico do 
organismo consiste em ácidos e bases fracos, dos 
quais os mais importantes são o ácido carbônico e a 
base bicarbonato. 
Concentração de íons hidrogênio e pH dos líquidos 
corporais normais, bem como na acidose e na 
alcalose. 
O pH normal do sangue arterial é de 7,4, enquanto o 
pH do sangue venoso e dos líquidos intersticiais é de 
cerca de 7,35, devido às quantidades adicionais de 
dióxido de carbono que formam ácido carbônico 
nesses líquidos. 
Como o pH normal do sangue arterial é de 7,4, 
considera-se a presença de acidose na pessoa toda 
vez que o pH for inferior a esse valor; considera-se a 
presença de alcalose quando o valor do pH for 
superior a 7,4. O limite inferior que uma pessoa 
consegue resistir durante algumas horas é de cerca de 
6,8, enquanto o limite superior é de cerca de 8,0. 
O pH intracelular costuma variar entre 6,0 e 7,4 nas 
diferentes células, talvez com media de 7,0. O rápido 
metabolismo nas células aumenta a velocidade de 
formação de ácido, sobretudo de ácido carbônico 
(H2CO3) e, consequentemente, reduz o pH. Além 
disso, o fluxo sanguíneo reduzido para qualquer 
tecido determina o acúmulo de ácido e a diminuição 
do pH. 
 
DEFESA CONTRA ALTERAÇÕES NA CONCENTRAÇÃO 
DE ÍONS HIDROGÊNIO 
Para impedir o desenvolvimento de acidose ou de 
alcalose, o organismo dispõe de diversos sistemas 
especiais de controle: 
(1) Todos os líquidos corporais possuem sistemas 
tampões ácido-básicos que imediatamente se 
combinam com qualquer ácido ou base, impedindo a 
ocorrência de mudanças excessivas da concentração 
de íons-hidrogênio. 
(2) Se a concentração de íons-hidrogênio sofrer 
alguma alteração detectável, o centro respiratório é 
imediatamente estimulado para alterar a frequência 
respiratória. Em consequência disso, a velocidade de 
remoção do dióxido de carbono dos líquidos corporais 
é modificada; 
(3) Quando a concentração de íons-hidrogênio afasta-
se do normal, os rins excretam urina ácida ou alcalina, 
isso contribui para reajustar e a normalizar a 
concentração de íons hidrogênio dos líquidos 
corporais. 
Os sistemas tampões podem atuar dentro de fração 
de segundo para impedir a ocorrência de alterações 
excessivas na concentração de íons-hidrogênio. Por 
outro lado, são necessários 1 a 12 minutos para que o 
sistema respiratório possa fazer ajustes agudos e 
outro dia ou mais para efetuar ajustes adicionais 
crônicos. Por fim, os rins, apesar de constituírem o 
mais potente de todos os sistemas de regulação 
ácido-básica, necessitam de muitas horas a vários dias 
para reajustar a concentração de íons hidrogênio. 
EXPLICAR O MECANISMO RENAL/RESPIRATÓRIO DE COMPENSAÇÃO DO PH E O EFEITO TAMPÃO SANGUÍNEO. 
Função dos tampões – ácidos-básicos 
O tampão ácido-básico é a solução de dois ou mais 
compostos químicos que impede a ocorrência de 
alterações pronunciadas da concentração de íons-
hidrogênio quando se acrescenta ácido ou base à 
solução. Por exemplo, se forem adicionadas apenas 
algumas gotas de ácido clorídrico concentrado a um 
recipiente com água pura, o pH da água poderá cair 
imediatamente de seu valor neutro de 7,0 para 1,0. 
Todavia, na presença de um sistema tampão 
satisfatório, o ácido clorídrico combina-se 
instantaneamente com o tampão, e o pH só diminui 
ligeiramente. Talvez a melhor maneira de explicar a 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
ação de um tampão ácido-básico seja considerar um 
verdadeiro sistema tampão simples, como o tampão 
bicarbonato, que é de suma importância na regulação 
do equilíbrio ácido-básico do organismo. 
SISTEMAS TAMPÕES DOS LÍQUIDOS CORPORAIS 
Os três principais sistemas tampões dos líquidos 
corporais são o tampão bicarbonato, o tampão fosfato 
e o tampão de proteínas. Cada um deles exerce 
funções importantes de tamponamento em diferentes 
condições. 
Sistema tampão bicarbonato. O sistema do 
bicarbonato não é um tampão muito potente por 
duas razões. Em primeiro lugar, o pH nos líquidos 
extracelulares é de cerca de 7,4, enquanto o pK do 
sistema tampão bicarbonato é de 6,1. Isso significa 
que, no tampão bicarbonato, a concentração dos íons 
bicarbonato é 20 vezes maior que a do dióxido de 
carbono dissolvido. Por esse motivo,o sistema opera 
em trecho de sua curva de tamponamento onde a 
capacidade de tamponamento é baixa. Em segundo 
lugar, as concentrações dos dois elementos do 
sistema bicarbonato, CO2 e HCO3, não são grandes. 
Contudo, apesar do fato de o sistema tampão 
bicarbonato não ser especialmente potente, ele é 
realmente mais importante do que todos os outros no 
organismo, visto que a concentração de cada um dos 
dois componentes do sistema bicarbonato pode ser 
regulada: o dióxido de carbono, pelo sistema 
respiratório, e o íon bicarbonato, pelos rins. Como 
consequência, o pH do sangue pode ser deslocado 
para cima ou para baixo pelos sistemas de regulação 
respiratório e renal. 
Sistema tampão fosfato. O sistema tampão fosfato 
atua de maneira quase idêntica à do bicarbonato; 
todavia, é composto pelos dois seguintes elementos: 
H2PO4 e HPO4. Quando se acrescenta ácido forte, 
como o ácido clorídrico, à mistura dessas duas 
substâncias, ocorre a seguinte reação: 
O resultado final dessa reação consiste na remoção do 
ácido clorídrico, com formação de uma quantidade 
adicional de NaH2PO4. Como o NaH2PO4 é apenas 
um ácido fraco, o ácido forte acrescentado é 
imediatamente substituído por um ácido muito fraco, 
de modo que o pH muda relativamente pouco. 
Por outro lado, se for adicionada uma base forte, 
como o hidróxido de sódio, ao sistema tampão, 
ocorrerá a seguinte reação: 
Neste caso, o hidróxido de sódio é decomposto para 
formar água e Na2HPO4. Isto é, uma base forte é 
trocada pela base muito fraca, Na2HPO, permitindo 
apenas ligeiro desvio do pH para o lado alcalino. 
O sistema tampão fosfato possui pK de 6,8, valor que 
não se afasta muito do pH normal de 7,4 nos líquidos 
corporais. Isso permite ao sistema fosfato operar 
próximo de sua capacidade máxima de 
tamponamento. Todavia, apesar de o sistema tampão 
operar em faixa razoavelmente boa da curva tampão, 
sua concentração no líquido extracelular é de apenas 
1/12 daquela do tampão bicarbonato. Por 
conseguinte, sua capacidade de tamponamento total 
no líquido extracelular é bem menor que a do sistema 
bicarbonato. 
Por outro lado, o tampão fosfato é especialmente 
importante nos líquidos tubulares dos rins, por duas 
razões: em primeiro lugar, o fosfato fica geralmente 
muito concentrado nos túbulos, aumentando 
sobremaneira a capacidade de tamponamento do 
sistema fosfato. Em segundo lugar, o líquido tubular 
geralmente é mais ácido do que o líquido extracelular, 
trazendo a faixa de operação do tampão mais próximo 
ao pK do sistema. 
O tampão fosfato também é muito importante nos 
líquidos intracelulares, visto que a concentração de 
fosfato nesses líquidos é muitas vezes maior que a dos 
líquidos extracelulares e, também, pelo fato de o pH 
do líquido intracelular estar geralmente mais próximo 
ao pK do sistema tampão fosfato do que o pH do 
líquido extracelular. 
Sistema tampão de proteínas. O tampão mais 
abundante do organismo é constituído pelas proteínas 
das células e do plasma, principalmente devido às 
suas concentrações muito altas. Verifica-se pequena 
difusão dos íons hidrogênio através da membrana 
celular; ainda mais importante é a capacidade do 
dióxido de carbono de difundir-se em poucos 
segundos através das membranas celulares, enquanto 
os íons bicarbonato podem sofrer certo grau de 
difusão (os íons hidrogênio e bicarbonato necessitam 
de várias horas para entrar em equilíbrio na maioria 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
das células, à exceção dos eritrócitos). A difusão de 
íons hidrogênio e dos dois componentes do sistema 
tampão bicarbonato determina alteração do pH dos 
líquidos intracelulares aproximadamente na mesma 
proporção da alteração observada no pH dos líquidos 
extracelulares. Por conseguinte, todos os sistemas 
tampões no interior das células também ajudam a 
tamponar os líquidos extracelulares, embora possam 
ser necessárias várias horas. Esses sistemas incluem as 
quantidades muito grandes de proteínas no interior 
das células. De fato, estudos experimentais 
demonstraram que cerca de três quartos de toda a 
capacidade de tamponamento químico dos líquidos 
corporais encontram-se no interior das células, sendo 
a maior parte proveniente das proteínas 
intracelulares. Todavia, à exceção dos eritrócitos, a 
lentidão de movimento dos íons hidrogênio e 
bicarbonato, através das membranas celulares, quase 
sempre retarda por várias horas a capacidade dos 
tampões intracelulares de tamponar as anormalidades 
ácido-básicas extracelulares. 
O método pelo qual o sistema tampão de proteínas 
atua é exatamente o mesmo do sistema tampão de 
bicarbonato. É preciso lembrar que uma proteína ê 
constituída de aminoácidos unidos por ligações 
peptídicas; todavia, alguns dos aminoácidos, em 
particular a histidina, possuem radicais ácidos livres 
que podem dissociar-se para formar base mais H+. 
Além disso, o pK de alguns desses sistemas tampões 
de aminoácidos não está muito distante de 7,4. Isso 
também ajuda a tornar o sistema tampão de 
proteínas o mais potente dos tampões do organismo. 
REGULAÇÃO RESPIRATÓRIA DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-
BÁSICO 
A ocorrência de aumento da concentração de dióxido 
de carbono nos líquidos corporais diminui o pH para o 
lado ácido, enquanto a redução do dióxido de 
carbono eleva o pH para o lado alcalino. É com base 
neste efeito que o sistema respiratório é capaz de 
alterar o pH, aumentando-o ou reduzindo-o. 
Equilíbrio Entre a Formação Metabólica e a Expiração 
Pulmonar de Dióxido De Carbono. O dióxido de 
carbono é continuamente formado no organismo 
pelos diferentes processos metabólicos intracelulares, 
sendo o carbono proveninente dos alimentos oxidado 
pelo oxigênio para formar dióxido de carbono. O 
dióxido de carbono, por sua vez, espalha-se pelos 
líquidos intersticiais e no sangue e é transportado até 
os pulmões, onde sofre difusão para os alvéolos, para 
ser expelido à atmosfera pela ventilação pulmonar. 
Porém, são necessários vários minutos para a 
passagem do dióxido de carbono das células para a 
atmosfera. 
Se a intensidade de formação metabólica do dióxido 
de carbono aumentar, sua concentração nos líquidos 
extracelulares também irá aumentar. De modo 
inverso, a redução do metabolismo diminui a 
concentração de dióxido de carbono. 
Por outro lado, se a ventilação pulmonar aumentar, o 
dióxido de carbono será eliminado dos pulmões, 
resultando em diminuição da quantidade de dióxido 
de carbono nos líquidos extracelulares. 
Eficiência do Controle Respiratório da Concentração 
de Íons Hidrogênio. Infelizmente, o controle 
respiratório é incapaz de fazer com que a 
concentração de íons hidrogênio retorne exatamente 
ao valor normal de 7,4 quando alguma anormalidade 
externa ao sistema respiratório altera o pH normal. 
Isso acontece porque, à medida que o pH retorna a 
seu valor normal, o estímulo que causou o aumento 
ou a diminuição da respiração começa a dissipar-se. 
Em geral, o mecanismo respiratório para regular a 
concentração de íons hidrogênio possui eficiência de 
controle situada entre 50 a 75% (ganho do feedback 
de 1 a 3). Em outras palavras, se a concentração de 
íons hidrogênio fosse diminuída de 7,4 para 7,0 por 
algum fator estranho, o sistema respiratório faria com 
que o pH retornasse, em 3 a 12 minutos, a um valor 
de cerca de 7,2 a 7,3. 
Capacidade de Tamponamento do Sistema 
Respiratório. Com efeito, a regulação respiratória do 
equilíbrio ácido-básico é um tipo fisiológico de 
sistema tampão que possui quase a mesma 
importância dos sistemas tampões químicos do 
organismo. A "capacidade de tamponamento" global 
do sistema respiratório é uma a duas vezes maior que 
a de todos os tampões químicos combinados. Isso 
significa que, normalmente, uma a duas vezes mais 
ácido ou base podem ser tamponados por esse 
mecanismo em relação aos tampões químicos. 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
CONTROLERENAL DA CONCENTRAÇÃO DE ÍONS HIDROGÊNIO 
Os rins controlam a concentração de íons hidrogênio 
do líquido extracelular ao excretarem urina ácida ou 
básica. 
 A excreção de urina ácida reduz a quantidade de 
ácido nos líquidos extracelulares, enquanto a 
excreção de urina alcalina remove a base dos líquidos 
extracelulares. 
Os meios que determinará se a urina será ácida ou 
alcalina são os seguintes: grandes quantidades de íons 
bicarbonato são filtradas continuamente no filtrado 
glomerular removendo base do sangue. Por outro 
lado, grandes quantidades de íons hidrogênio são 
secretadas ao mesmo tempo no lúmen tubular pelo 
epitélio tubular, com consequente remoção do ácido. 
Se a secreção de íons hidrogênio for maior que a 
filtração de íons bicarbonato, haverá perda efetiva de 
ácido dos líquidos extracelulares. Por outro lado, se a 
filtração de bicarbonato for maior que a secreção de 
hidrogênio, haverá perda efetiva de base. 
*As seções que se seguem descrevem os diferentes 
mecanismos renais que atuam nesses processos.* 
SECREÇÃO TUBULAR DE ÍONS HIDROGÊNIO 
As células epiteliais de todo sistema tubular, com 
exceção do ramo grosso da alça de Henle, secretam 
íons hidrogênio para o líquido tubular. Porém, em 
diferentes segmentos tubulares, existem dois 
mecanismos muito diferentes, cada qual com 
características próprias e finalidades distintas. 
Transporte Ativo Secundário de Íons Hidrogênio nos 
Segmentos Tubulares Iniciais. 
 
As células epiteliais do túbulo proximal, do segmento 
grosso do ramo ascendente da alça de Henle e do 
túbulo distal secretam íons hidrogênio para o líquido 
tubular por transporte ativo secundário. Quantidades 
enormes de íons hidrogênio são secretadas dessa 
maneira por dia, porém nunca contra gradiente muito 
elevado de íons hidrogênio, visto que o líquido tubular 
só se torna muito ácido nos segmentos terminais do 
sistema tubular. 
 
A Fig. Acima mostra que o processo secretor começa 
com o dióxido de carbono, que se difunde para o 
interior das células ou que é formado pelo 
metabolismo das células epiteliais tubulares. O 
dióxido de carbono, sob influência da enzima anidrase 
carbônica, combina-se com água para formar ácido 
carbônico. A seguir, este se dissocia em íon 
bicarbonato e íon hidrogênio. Por fim, os íons 
hidrogênio são secretados no túbulo por um 
mecanismo de contra-transporte de Na+-H+. Isto é, 
quando o sódio se desloca do lúmen do túbulo para o 
interior da célula, ele se combina inicialmente com 
uma proteína transportadora na borda luminal da 
membrana celular, e, ao mesmo tempo, um íon 
hidrogênio no interior da célula se combina com a 
extremidade oposta da mesma proteína 
transportadora. A seguir, como a concentração de 
sódio é muito mais baixa dentro da célula do que no 
lúmen celular, isso determina o movimento de sódio 
ao longo de seu gradiente de concentração para o 
interior, proporcionando ao mesmo tempo a energia 
necessária para mover o íon hidrogênio na direção 
oposta (a direção "contra") para o lúmen tubular. 
Transporte Ativo Primário de Íons Hidrogênio na 
Porção Terminal dos Segmentos Tubulares. 
Começando na porção terminal dos túbulos distais e 
seguindo por todo o resto do sistema tubular até a 
pelve renal, os túbulos secretam íons hidrogênio por 
transporte ativo primário. As características desse 
transporte diferem muito do sistema de transporte 
ativo secundário nos segmentos tubulares iniciais. Ele 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
é normalmente responsável por menos de 5% dos 
íons hidrogênio totais excretados. 
O Mecanismo do Transporte Ativo Primário de Íons 
Hidrogênio. 
 
 Ocorre na membrana luminal da célula tubular, onde 
os íons hidrogênio são transportados diretamente por 
proteína transportadora específica, a adenosina 
trifosfatase (ATPase) transportadora de hidrogênio. A 
energia necessária para bombear os íons hidrogênio 
contra o gradiente de concentração provém da 
degradação do ATP em difosfato de adenosina (ADP). 
Os íons hidrogênio bombeados por este processo são 
gerados no interior da célula por duas etapas: 
(1) o dióxido de carbono dissolvido combina com a 
água no interior da célula, formando ácido carbônico 
(H2CO3); 
(2) posteriormente, o ácido carbônico se dissocia em 
íons bicarbonato (HCO3-), que são absorvidos pelo 
sangue, e em íons hidrogênio (H+ ), que são 
secretados na urina. 
Acredita-se que esse transporte ativo primário de íons 
hidrogênio seja uma função do tipo especial de célula 
denominada célula intercalada. Essas células 
aparecem na porção terminal dos túbulos distais e 
estendem-se até o final do sistema de ductos 
coletores, e atinge seu número máximo — cerca de 
10% das células epiteliais totais — nos ductos 
coletores medulares externos. Essas células têm 
aspecto escuro e, portanto, são quase sempre 
denominadas células escuras. 
EXPLICAR A GASOMETRIA ARTERIAL E VENOSA (VALORES DE REFERÊNCIAS) 
A gasometria arterial é um exame de sangue que é 
coletado a partir de uma artéria, com o objetivo de 
avaliar os gases presentes no sangue, como o oxigênio 
o gás carbônico, assim como sua distribuição, do pH e 
do equilíbrio acidobásico. Importante lembrar que se 
o objetivo for apenas medir o pH é possível fazer a 
gasometria venosa. 
Principais parâmetros 
Os principais parâmetros que observamos no exame 
de gasometria são: 
 pH 
 SatO2 (saturação de oxigênio), 
 pCO2 (pressão parcial do gás carbônico), 
 HCO3 (bicarbonato), 
 Ânion Gap (AG). 
Entretanto, podemos encontrar outros parâmetros 
também como, por exemplo, a dosagem de alguns 
eletrólitos, são eles: 
 Sódio, 
 Potássio, 
 Cálcio Iônico 
 Cloreto 
O Gasômetro 
O aparelho de gasometria mede o pH e os gases 
sanguíneos sob a forma de pressão parcial do gás 
(pO2 e pCO2), ao passo que os demais parâmetros são 
calculados. 
Parâmetros do pH plasmático 
O pH plasmático representa a relação entre o 
bicarbonato e o dióxido de carbono. 
O Ânion Gap (AG) representa os ânions não 
quantificáveis no sangue, como o lactato. Os ânions 
quantificáveis são: HCO3- e Cl-. Fundamental lembrar 
que existe a lei da eletroneutralidade, onde diz que as 
cargas negativas são iguais as cargas positivas. O 
principal cátion mensurável é o sódio. Dessa forma, a 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
quantidade do sódio tem que ser igual a quantidade 
do somatório de AG, HCO3- e Cl- 
Valores normais dos parâmetros avaliados: 
 pH = 7,35 – 7,45 
 pCO2 = 35 – 45 mmHg 
 HCO3 = 22 – 26 mEq/L 
 AG = 6 – 12 mEq/L 
Considerações técnicas da coleta 
O recomendado é que na hora da coleta o paciente 
esteja sentado, exceto naqueles acamados, com o 
paciente em repouso pelo menos 10 minutos antes da 
punção. 
Devemos ter em mente que a punção arterial pode 
causar espasmo vascular, formação de trombo 
intramural ou aparecimento de hematoma periarterial 
(daí a importância de comprimir o local de punção por 
5 minutos, geralmente, em um paciente não 
anticoagulado). 
O local preferencial para a punção é a artéria radial ao 
nível do túnel do carpo devido a facilidade de acesso 
ao vaso (menos músculos, tendões e gordura 
superpostos) e a menor chance de punção venosa 
acidental por não apresentar veias importantes 
próximas. 
A famosa punção de artéria femoral deve ser a última 
alternativa devido a falta de circulação colateral 
adequada abaixo do ligamento inguinal. 
Após a coleta, o tempo até a análise do material não 
pode ultrapassar 10-15 minutos. 
Técnica da punção na artéria radial: 
 Explicar o procedimento ao paciente; 
 Escolher o local de punção; 
 Hiperestender o punho do paciente; 
 Limpeza da pele com álcool ou outra solução 
antisséptica (Ex: clorexidina); 
 Injetar via SC pequena quantidade de 
anestésico local (Lidocaína) sem adrenalina e 
fazer o botão anestésico (opcional); 
 Usar seringas lubrificadas com heparina; Introduzir agulha (de insulina) com bisel 
voltado contra a corrente em um ângulo de 
45º (se for femoral, introduzir 90º) com a 
pele; 
 Colher entre 2-3 mL; 
 Comprimir o local da punção por 5 minutos; 
Aplicações Clínicas 
CORREÇÃO RENAL DA ACIDOSE = AUMENTO DOS 
ÍONS BICARBONATO NO LIQUIDO EXTRACELULAR 
(INTERSTICIAL) 
Na acidose, a proporção entre dióxido de carbono e 
íons bicarbonato no líquido extracelular aumenta. 
Como consequência, a intensidade da secreção dos 
íons hidrogênio eleva-se até um nível superior à 
filtração dos íons bicarbonato nos túbulos. Em 
consequência, ocorre secreção de excesso de íons 
hidrogênio nos túbulos, enquanto quantidades 
diminuídas de bicarbonato penetram no filtrado 
glomerular, de modo que, nesse estágio, existe um 
número muito pequeno de íons bicarbonato para 
reagir com os íons hidrogênio. Esses íons hidrogênio 
em excesso combinam-se com os tampões existentes 
no líquido tubular, sendo então excretados na urina. 
 
A Fig. mostra que, toda vez que um íon hidrogênio é 
secretado nos túbulos (1), ocorrem simultaneamente 
dois outros efeitos: em primeiro lugar, forma-se um 
íon bicarbonato na célula epitelial tubular (2); e, em 
segundo lugar, ocorre absorção de um íon sódio do 
túbulo para a célula epitelial (3). O íon sódio e o íon 
bicarbonato são então transportados juntos da célula 
epitelial para o líquido extracelular (4). 
1 
2 
3 
4 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
Por conseguinte, o efeito final da secreção de excesso 
de íons hidrogênio nos túbulos consiste em aumentar 
a quantidade de íons bicarbonato no líquido 
extracelular (intersticial). Esse processo aumenta o 
teor de bicarbonato do sistema tampão bicarbonato, 
e, desvia todos os tampões na direção alcalina, 
aumentando o pH e, dessa maneira, corrigindo a 
acidose. 
CORREÇÃO RENAL DA ALCALOSE = DIMINUIÇÃO DOS 
ÍONS BICARBONATO NO LÍQUIDO EXTRACELULAR 
Na alcalose, a proporção entre os íons bicarbonato e 
as moléculas de dióxido de carbono dissolvido 
aumenta. 
O efeito desse aumento sobre o processo de titulação 
nos túbulos consiste em aumentar a proporção entre 
os íons bicarbonato filtrados nos túbulos e os íons 
hidrogênio secretados. Esse aumento ocorre porque a 
elevada concentração extracelular de íons 
bicarbonato aumenta os íons bicarbonato filtrados no 
filtrado glomerular, enquanto, ao mesmo tempo, a 
baixa concentração de dióxido de carbono no líquido 
extracelular diminui a secreção de íons hidrogênio. 
Como consequência, o equilíbrio que normalmente 
existe nos túbulos entre os íons hidrogênio e 
bicarbonato deixa de ocorrer. Para resolver, penetram 
nos túbulos quantidades muito maiores de íons 
bicarbonato do que de íons hidrogênio. Como quase 
nenhum íon bicarbonato pode ser reabsorvido sem 
antes reagir com os íons hidrogênio, todo o excesso 
de íons bicarbonato passa para a urina, transportando 
com ele os íons sódio ou outros íons positivos. Assim, 
o bicarbonato de sódio é removido do líquido 
extracelular. 
A perda de bicarbonato de sódio do líquido 
extracelular diminui a porção de íons bicarbonato do 
sistema tampão bicarbonato, esse processo desvia o 
pH dos líquidos corporais novamente na direção 
ácida. Além disso, devido ao princípio isoídrico, todos 
os demais tampões do organismo também são 
desviados na direção ácida. Dessa maneira, a alcalose 
é corrigida. 
ANORMALIDADES CLÍNICAS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-
BÁSICO 
 
 Acidose e alcalose respiratórias 
Qualquer fator passível de reduzir a ventilação 
pulmonar irá aumentar a concentração de dióxido de 
carbono dissolvido no liquido extracelular. Esse 
aumento, por sua vez, determina aumento de ácido 
carbônico e de íons hidrogênio, com consequente 
desenvolvimento de acidose. Como essa forma de 
acidose é causada por anormalidade de respiração, é 
denominada ACIDOSE RESPIRATÓRIA. 
Por outro lado, a ventilação pulmonar excessiva 
inverte o processo e diminui a concentração de íons 
hidrogênio, resultando em alcalose; essa condição é 
denominada ALCALOSE RESPIRATÓRIA. 
Uma pessoa pode provocar em si mesma acidose 
respiratória simplesmente ao prender sua respiração, 
o que pode fazer até que o pH dos líquidos corporais 
caia para um valor tão baixo quanto 7,0. Por outro 
lado, pode voluntariamente hiperventilar-se e causar 
alcalose até um pH de cerca de 7,9. 
A acidose respiratória quase sempre resulta de 
condições patológicas. Por exemplo: 
 Lesão do centro respiratório no bulbo que reduz a 
respiração; 
 A obstrução das vias aéreas no aparelho 
respiratório; 
 A pneumonia; 
 A diminuição da área de superfície da membrana 
pulmonar; e qualquer outro fator capaz de 
interferir na troca de gases entre o sangue e o ar 
alveolar podem resultar no desenvolvimento de 
acidose respiratória. 
Por outro lado, só raras condições patológicas causam 
alcalose respiratória. Porém, em certas ocasiões, a 
PSICONEUROSE pode causar hiperventilação a ponto 
de o indivíduo se tornar alcalótico. Além disso, ocorre 
um tipo fisiológico de alcalose respiratória quando a 
PESSOA SOBE A GRANDES ALTITUDES. O baixo teor 
de oxigênio do ar estimula a respiração, causando 
perda excessiva de dióxido de carbono e resultando 
no desenvolvimento de alcalose respiratória leve. 
 ACIDOSE E ALCALOSE METABÓLICAS 
Os termos acidose metabólica e alcalose metabólica 
referem-se a todas as outras anormalidades do 
equilíbrio ácido-básico, à exceção da causada por 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
excesso ou insuficiência de dióxido de carbono nos 
líquidos corporais. O uso do termo "metabólica" é 
inadequado neste caso, visto que o dióxido de 
carbono também é um produto metabólico. Contudo, 
por convenção, o ácido carbônico proveniente do 
dióxido de carbono dissolvido é denominado ácido 
respiratório, enquanto qualquer outro ácido no 
organismo, seja ele formado pelo metabolismo ou 
simplesmente ingerido pelo indivíduo, é denominado 
ácido metabólico ou ácido fixo. 
 Causas da acidose metabólica 
A acidose metabólica pode resultar: 
(1) da incapacidade dos rins de excretarem os ácidos 
metabólicos normalmente formados no organismo; 
(2) da formação de quantidades excessivas de ácidos 
metabólico no organismo, 
(3) da administração venosa de ácidos metabólicos, 
ou 
(4) do acréscimo de ácidos metabólicos por absorção 
do tubo gastrintestinal. 
(5) da perda de base dos líquidos corporais. 
Algumas das condições específicas que causam 
acidose metabólica são consideradas a seguir. 
Diarréia. A diarréia grave é uma das causas mais 
frequentes de acidose metabólica pelas seguintes 
razões: as secreções gastrintestinais contêm 
normalmente grandes quantidades de bicarbonato de 
sódio. Por conseguinte, a perda excessiva dessas 
secreções durante o episódio de diarréia equivale 
exatamente à excreção de grandes quantidades de 
bicarbonato de sódio pela urina. De acordo com a 
equação de Henderson-Hasselbalch, isso provoca 
desvio do sistema tampão do bicarbonato em direção 
ao ácido, resultando em acidose metabólica. De fato, 
a acidose ocasionada pela diarréia grave pode ser tão 
intensa a ponto de constituir-se numa das causas mais 
comuns de morte em crianças de pouca idade. 
Vômito. O vômito é uma segunda causa de acidose 
metabólica. O vômito do conteúdo gástrico apenas, 
que ocorre algumas vezes, obviamente determina 
perda de ácido, visto que as secreções do estômago 
são altamente ácidas e resultariam em alcalose. 
Todavia, o vômito do conteúdo proveniente das 
porções mais distais do tubo gastrintestinal, que 
quase sempre ocorre em quantidades muito maiores 
do que a perda do conteúdo gástrico, provoca perda 
de álcalis, resultando em acidose metabólica. 
Uremia. Um terceiro tipo comum de acidose é a 
acidose urémica que ocorre na doença renal grave. A 
causa desse tipo de acidose consiste na incapacidade 
dos rins de depurar o organismo das quantidadesnormais de ácidos formados diariamente pelos 
processos metabólicos. 
Diabetes melito. Uma quarta causa extremamente 
importante de acidose metabólica é o diabetes 
melito. Nessa condição, a ausência de secreção de 
insulina pelo pâncreas impede o uso normal da glicose 
no metabolismo. Dessa maneira, algumas gorduras 
são degradadas em ácido acetoacético, que, por sua 
vez, é metabolizado pelos tecidos para produzir 
energia em lugar da glicose. Simultaneamente, a 
concentração de ácido acetoacético nos líquidos 
extracelulares quase sempre aumenta e atinge valores 
muito elevados, causando acidose muito grave. Além 
disso, grandes quantidades de ácido acetoacético são 
excretadas na urina, atingindo por vezes 500 a 1.000 
mmol por dia. 
 
 
 Causas da alcalose metabólica 
A alcalose metabólica não ocorre com a mesma 
frequência que". a acidose metabólica. Entretanto, 
existem várias causas comuns de alcalose metabólica. 
Alcalose causada pela administração de diuréticos là 
exceção dos inibidores da anidrase carbônica. Todos 
os diuréticos produzem aumento do fluxo de líquidos 
ao longo dos túbulos; em geral, esse aumento resulta 
no fluxo de grande excesso de sódio pelos túbulos 
distais e coletores, resultando também em rápida 
reabsorção de íons sódio a partir desses túbulos. Essa 
reabsorção rápida está associada à secreção 
aumentada de íons hidrogênio, devido aos 
mecanismos de troca de Na+-H+ nas membranas 
luminais das células tubulares que ligam a secreção de 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
hidrogênio à absorção de sódio, levando à perda 
excessiva de íons hidrogênio do organismo, com 
consequente alcalose do líquido extracelular. 
Ingestão excessiva de substâncias alcalinas. Talvez a 
segunda causa mais comum de alcalose seja a 
ingestão excessiva de medicamentos alcalinos, como 
o bicarbonato de sódio, no tratamento da gastrite ou 
da úlcera péptica. 
Alcalose causada pela perda de íons cloreto. O 
vômito excessivo do conteúdo gástrico sem vômito do 
conteúdo gastrintestinal inferior provoca perda 
excessiva de ácido clorídrico secretado pela mucosa 
gástrica. O resultado final consiste na perda de ácido 
do líquido extracelular, com desenvolvimento de 
alcalose metabólica. Esse tipo de alcalose é observado 
em recém-nascidos com obstrução pilórica causada 
por enorme hipertrofia do músculo do esfíncter 
pilórico. 
Alcalose causada pelo excesso de aldosterona. 
Quando as glândulas supra-renais secretam 
quantidades excessivas de aldosterona, o líquido 
extracelular torna-se ligeiramente alcalótico. Isso 
decorre do seguinte processo: a aldosterona promove 
a reabsorção intensa de íons sódio dos segmentos 
distais do sistema tubular, acompanhada pela 
secreção aumentada de íons hidrogênio, o que 
promove o desenvolvimento de alcalose. 
 
 
EFEITOS DA ACIDOSE E DA ALCALOSE SOBRE O 
ORGANISMO 
Acidose. O principal efeito clínico da acidose é a 
depressão do sistema nervoso centrai Quando o pH 
do sangue cai abaixo de 7,0, o sistema nervoso fica 
deprimido, a ponto de a pessoa ficar inicialmente 
desorientada, entrando posteriormente em estado de 
coma. Por conseguinte, os pacientes que falecem de 
acidose diabética, acidose urêmica ou outros tipos de 
acidose morrem geralmente em estado de coma. 
Na acidose metabólica, a concentração elevada de 
íons hidrogênio provoca aumento da frequência e da 
profundidade da respiração. Por conseguinte, um dos 
sinais diagnósticos da acidose metabólica é o 
aumento da ventilação pulmonar. Por outro lado, na 
acidose respiratória, a causa da acidose é a respiração 
deprimida que tem efeito oposto ao da acidose 
metabólica. 
Alcalose. O principal efeito clínico da alcalose é a 
hiperexcitabilidade do sistema nervoso. Isso ocorre 
tanto no sistema nervoso central quanto nos nervos 
periféricos; todavia, em geral, os nervos periféricos 
são afetados antes do sistema nervoso central. 
Algumas vezes, os nervos ficam tão excitáveis que 
disparam de modo automático e repetitivo, mesmo 
não sendo excitados por estímulos normais. Em 
consequência, os músculos entram em estado de 
tetania, o que significa estado de espasmo tónico. Em 
geral, essa tetania aparece inicialmente nos músculos 
do antebraço; a seguir, propaga-se para os músculos 
da face e, por fim, estende-se por todo o corpo. Os 
pacientes extremamente alcalóticos podem morrer 
por tetania dos músculos respiratórios. 
Em certas ocasiões, a pessoa alcalótica desenvolve 
sintomas graves de hiperexcitabilidade do sistema 
nervoso central. Os sintomas podem manifestar-se na 
forma de nervosismo extremo ou, em pessoas 
suscetíveis, em forma de convulsões. Por exemplo, em 
pessoas com predisposição a ataques epilépticos, uma 
simples hiperventilação resulta quase sempre em 
crise. Na verdade, este é um dos métodos clínicos de 
avaliação do grau de predisposição epiléptica. 
COMPENSAÇÃO RESPIRATÓRIA DA ACIDOSE OU DA 
ALCALOSE METABÓLICA 
Anteriormente, assinalamos que a elevada 
concentração de íons hidrogênio na acidose 
metabólica provoca aumento da ventilação pulmonar, 
o que, por sua vez, resulta na rápida remoção de 
dióxido de carbono nos líquidos corporais, com 
redução da concentração de íons hidrogênio até seu 
valor normal. Por conseguinte, esse efeito respiratório 
ajuda a compensar a acidose metabólica. Todavia, 
essa compensação é apenas parcial. Em geral, o 
sistema respiratório tem capacidade de compensar 
entre 50 e 75%. Isto é, se o fator metabólico fizer cair 
o pH do sangue para 7,0 com ventilação pulmonar 
normal, a frequência de ventilação pulmonar 
normalmente aumenta o suficiente para fazer 
PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 
 
retornar o pH sanguíneo a 7,2 a 7,3, conforme 
assinalado antes neste capítulo. 
Observa-se o efeito oposto na alcalose metabólica. 
Isto é, a alcalose diminui a ventilação pulmonar, o 
que, por sua vez, aumenta a concentração de íons 
hidrogênio até seu valor normal. Nesse caso também 
pode ocorrer compensação de cerca de 50 a 75%. 
COMPENSAÇÃO RENAL DA ACIDOSE OU DA 
ALCALOSE RESPIRATÓRIA 
Se uma pessoa desenvolver acidose respiratória 
persistente por um longo período de tempo, os rins 
irão secretar excesso de íons hidrogênio, resultando 
em aumento do bicarbonato de sódio nos líquidos 
extracelulares. Depois de 1 a 6 dias, o pH dos líquidos 
corporais terá retornado a cerca de 65 a 75% de seu 
valor normal, mesmo que a pessoa continue a respirar 
inadequadamente. 
Observa-se um efeito exatamente oposto na alcalose 
respiratória. Ocorre perda de grandes quantidades de 
bicarbonato de sódio na urina, diminuindo o íon 
bicarbonato extracelular, fazendo com que o pH 
diminua até quase atingir seu valor normal. 
FISIOLOGIA NO TRATAMENTO DA ACIDOSE OU 
ALCALOSE 
Obviamente, o melhor tratamento para a acidose ou 
alcalose consiste em remover a condição responsável 
pela anormalidade; todavia, se isto não for possível, 
podem-se utilizar diferentes medicamentos para 
neutralizar o excesso de ácido ou de álcali. 
Para neutralizar o excesso de ácido, podem-se ingerir 
grandes quantidades de bicarbonato de sódio por via 
oral. O bicarbonato de sódio é absorvido para a 
corrente sanguínea e aumenta a porção de íons 
bicarbonato do tampão bicarbonato, desviando, 
assim, o pH para o lado alcalino. Em certas ocasiões, o 
bicarbonato de sódio também é utilizado como 
terapia venosa; todavia, seu efeito fisiológico é muito 
acentuado e quase sempre perigoso, de modo que 
outras substâncias são quase sempre utilizadas em 
seu lugar, como o lactato de sódio ou o gliconato de 
sódio. As porções lactato e gliconato das moléculas 
são metabolizadas no organismo, deixando o sódio 
nos líquidos extracelulares sob a forma de 
bicarbonato de sódio, desviando, assim, o pH dos 
líquidos na direção alcalina. 
Para o tratamento da alcalose, administra-se quase 
sempre cloreto de amônio por via oral. Quandoabsorvido pelo sangue, a porção amônia do cloreto de 
amônio é convertida pelo fígado em uréia; essa 
reação libera ácido clorídrico que reage 
imediatamente com os tampões dos líquidos 
corporais, desviando a concentração de íons 
hidrogênio para o lado ácido. Em certas ocasiões, o 
cloreto de amônio é infundido por via venosa; 
todavia, o íon amônio é altamente tóxico, de modo 
que esse procedimento pode ser perigoso. Outra 
substância algumas vezes utilizada é o monocloridrato 
de Usina.

Outros materiais