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jadson.melo@bol.com.br 1 Direito Penal I – AV2 Culpabilidade Significa que ninguém será punido se não tiver agido com DOLO ou CULPA, no sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia). Não deve a culpabilidade ou culpa em sentido amplo ser confundida com o crime culposo, que se apresenta sob as modalidades de negligência, imprudência ou imperícia, pois quem age negligentemente também é culpado. Toda vez que se cometa um fato típico o sujeito é submetido a um grau e censura. Assim, a culpabilidade é um pressuposto para imposição da pena. Requisitos para o juiz aplicar a pena na medida da culpabilidade e culpa (pressuposto para a condenação) Culpa no sentido estrito: CRIME CULPOSO: quando age por negligência, por imprudência ou imperícia (quando não tem a intenção). Culpa em sentido amplo: CRIME DOLOSO E CULPOSO Crime doloso: em decorrência de um fato intencional ou de omissão de diligência ou cautela, que compreende: o dolo. OBS: Culpa em sentido amplo NÃO se confundi com o crime culposo. Caracteriza a Culpabilidade – ELEMENTOS Imputabilidade Penal: refere – se à capacidade do agente de se lhe atribuir o fato e de ser penalmente responsabilizado. Exemplo: Agente com 18 anos ou mais. Possibilidade da Ilicitude da Conduta: saber se a conduta é criminosa. Deve – se chegar à conclusão de que o agente, com algum esforço ou cuidado, poderia saber que o fato é ilícito. Exigibilidade da Conduta de Outra Conduta (conduta diversa): refere – se ao fato de saber se, nas circunstâncias, seria exigível que o acusado agisse de forma diversa. Não haverá pena se, nas circunstâncias, foi impossível para o acusado agir de outra forma. Exemplo: Coação O Erro de tipo: erro invencível (não poderia evitar) poderia ter evitado Imputabilidade Penal: só há culpabilidade se o sujeito de acordo com as suas condições psíquicas poderia estruturar sua consciência e vontade de acordo com o direito. Possibilidade de Conhecimento a ilicitude: se estava em condições de compreender o caráter ilícito de sua conduta. Exigibilidade de Conduta diversa: se era possível exigir nas circunstâncias, conduta diferente que o agente teve. Não haverá culpa · Inimputabilidade penal: incapacidade absoluta 1 – doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado; 2 – menoridade; 3- embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior; jadson.melo@bol.com.br 2 4- dependência de substância entorpecente. Inimpossibilidade de conhecimento de caráter ilícito da sua conduta: se ao agente “falta discernimento ético para entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se com esse entendimento.” Inexigibilidade de Outra Conduta: Exemplo: "Em todos os casos de necessidade exculpante, o deve ser uma necessidade, isto é, devem ser situações em que não se possa juridicamente exigir do autor a realização de uma conduta menos lesiva". Coação irresistível; obediência hierárquica. Causas de Exclusão da Culpabilidade ou dirimentes: Na parte geral do código tem – se legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito. Excluem – se a culpabilidade e, em conseqüência, excluem a pena, sem excluir, porém a existência do crime. Usa – se a expressão “isenta de pena” ou “não é punível”. *exclui – se a culpa, mas não o crime. A exclusão da pena ocorre em 3 situações: Inimputabilidade penal – art. 26 caput, 27 e 28 § 1º. Impossibilidade de conhecimento – art. 20, 21, e 22 segunda parte. Inegibilidade de outra conduta – art. 22 primeira parte. Causas de Exclusão da Ilicitude ou da antijuricidade: Na parte especial tem – se: Coação para impedir suicídio – art. 146, §3º, II Ofensa praticada em juízo na discussão da causa – art. 142, I Aborto para salvar a vida da gestante – art. 128 Violação de domicílio quando um crime está ali sendo praticado – art. 150, §3º, II *exclui – se o crime. Escusas absolutas: são causas pessoais que isentam de pena quando: Praticado um crime contra o patrimônio em que não haja violência ou grave ameaça, envolvendo as pessoas descritas no art. 181. Fatores pessoais que excluem a pena de modo objetivo, por mera política criminal. Não exclui o crime e nem a culpabilidade. Exemplo: Art. 348, §2º do CP. - CRIMES QUE NÃO TENHAM GRAVES AMEAÇAS OU VIOLÊNCIAS. Relação de Causalidade Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. É o nexo de causalidade entre o comportamento humano e a modificação do mundo exterior; cuida-se de estabelecer quando o resultado é imputável ao sujeito, sem atinência à ilicitude do fato ou à reprovação social que ele mereça. jadson.melo@bol.com.br 3 Nexo causal ou relação de causalidade é aquele elo necessário que une a conduta praticada pelo agente ao resultado por ela produzido. Se não houver esse vínculo que liga o resultado à conduta levada a efeito pelo agente, não se pode falar em relação de causalidade e, assim, tal resultado não poderá ser atribuído ao agente, haja vista não ter sido ele o seu causador. Teorias sobre a Relação de Causalidade: várias teorias surgiram com o fim de elucidar o problema da relação de causalidade. Dentre elas, as três que mais se destacaram foram às seguintes: a) Teoria da causalidade adequada - elaborada por von Kries, segundo a qual a causa é a condição mais adequada a produzir o evento. Baseia-se essa teoria de previsibilidade do que usualmente ocorre na vida humana; b) Teoria da relevância jurídica – entende-se como causa a condição relevante para o resultado. Ex.: um homem que joga um balde d’água em uma represa completamente cheia, fazendo com que se rompa o dique, não pode ser relevante a ponto de ser-lhe imputada a infração penal tipificada no art. 254 CP. c) Teoria da equivalência dos antecedentes causais – de von Buri, adotada pelo nosso Código Penal, considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Crimes Omissivos Próprios (Puros) São crimes de mera conduta. Ex: omissão de socorro, condescendência criminosa. O fato de se omitir caracteriza o crime, independente de resultado. "A norma penal exige uma conduta do agente, que normalmente seria realizada. É justamente a falta que o enquadra como autor do crime omissivo. A conduta negativa está descrita na lei, esses crimes só podem ser praticados na modalidade omissiva." Leandro Cadenas Prado Ex: art. 135 do CP, arts. 244, 246, 257 ("ocultar"), 269, 299 ("omitir"), 305, 319, 356 ("deixar"). Crimes Omissivos Impróprios (Impuros/ comissivos por omissão) Deve haver a prática de uma conduta que dê causa a um resultado. "São aqueles que, existem devido a um resultado posterior, que ocorreu em face da omissão, quando o agente estava obrigado a evitá-lo." Leandro Cadenas Prado Ex: Se um médico ao passar na rua, não atende uma pessoa que está passando mal, vai responder pelo crime de omissão; já se ele estiver trabalhando num hospital e devido a sua omissão o paciente vier a falecer, responderá pelo crime de homicídio culposo. PressupostosFundamentais dos Crimes Omissivos Impróprios poder agir; evitabilidade do resultado; dever de impedir o resultado; jadson.melo@bol.com.br 4 Quanto a poder agir, se por ex: no caso de um assalto, o policial for agarrado por outros policiais, o mesmo não poderá agir. Mesmo caso, se for um bombeiro e a casa que estiver em chamas estiverem desabando. Quanto à evitabilidade do resultado, nada adiantará agir, se o resultado já tiver acontecido. Quanto ao dever de impedir o resultado, por ex: se uma pessoa presenciar uma criança se afogando na praia e não agir, ainda que ela não tenha a obrigação legal, responderá pelo crime de omissão. Já a mãe da criança, em situação idêntica, responderá por homicídio. No caso de um assalto, uma pessoa comum não terá a obrigação legal de agir e, portanto responderá pelo crime de omissão, já o policial responderá pelo crime de roubo. O Dever de Impedir o Resultado pode se manifestar por 3 maneiras obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; com seu comportamento anterior assumiu o risco do resultado; Quanto à obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, agindo de maneira contrária, como por ex. os pais, que tem a obrigação de prestar proteção aos filhos, mas assim não agem como no exemplo anterior (afogamento) e baseando-se nos pressupostos acima, os pais responderão pelo crime de homicídio culposo. Quanto ao segundo pressuposto (de outra forma assumiu a responsabilidade) cabe o exemplo quando uma mãe deixa com o filho uma amiga para cuidá-lo na praia e a criança morre afogada; no momento em que a amiga aceitou a cuidar se colocou no dever de garantidor, portanto responderá pelo crime de homicídio culposo se tiver sido por descuido, se agiu de propósito responderá por homicídio doloso. Quanto ao terceiro pressuposto (com seu comportamento anterior assumiu o risco do resultado) cabe o exemplo quando uma pessoa cardíaca precisa tomar seus remédios, mas um amigo de "brincadeira" os escondeu. Devido a isso a pessoa passa mal, cabe ao amigo tomar todas as providências para salva-lo, do contrário responderá por homicídio culposo ou doloso. Obs. os crimes omissivos próprios não admitem tentativa; os crimes omissivos impróprios admitem-na. Os crimes omissivos próprios não admitem a modalidade culposa. (arts. 135, 320, 244) Os crimes omissivos impróprios admitem a modalidade culposa. (arts. 121, 129) Iter Criminis É uma expressão em latim, que significa "caminho do delito", utilizada no direito penal para se referir ao processo de evolução do delito, ou seja, descrevendo as etapas que se sucederam desde o momento em que surgiu a idéia do delito até a sua consumação. O iter criminis costuma ser divididos em duas fases: A fase interna e a fase externa. Fase interna Na fase interna dá-se a cogitação do crime. jadson.melo@bol.com.br 5 Cogitação: refere-se ao plano intelectual acerca da prática criminosa, com a visualização do resultado almejado, essa fase é interna ao sujeito, está em sua mente, em sua cabeça, daí a expressão "interna". Não se pune essa fase, pois não há como adentrar a cabeça do sujeito, salvo exceções que sejam explícitas em algum tipo, caracterizando, pois um fato Atípico. Escolhem-se os meios e a opção mais adequada, bem como a previsão do resultado. Tudo que vier a ir além da mente do sujeito será, pois, externo. Fase externa A fase externa engloba os atos preparatórios, os atos de execução e a consumação do delito. Atos preparatórios: atos externos ao agente que passam da cogitação à ação objetiva, como a aquisição da arma para a prática de homicídio. Da mesma forma que a cogitação também não é puníveis. Contudo, há uma exceção no código penal brasileiro, a formação de Quadrilha ou bando (Art. 288), cuja reunião (em tese um ato preparatório) é punido como crime consumado, este crime é punido, pois se entende que a quadrilha é uma ameaça à sociedade, mesmo que ela não exerça nenhum tipo de crime (furto, estelionato, seqüestro, assassinato...), já é punida por ser quadrilha, o bem jurídico a ser tutelado aqui é o bem estar social. Há também certo consenso na jurisprudência de que certos atos preparatórios devem ser punidos autonomamente como crime, por exemplo, as hipóteses de petrechos para a falsificação de moedas (Código Penal, Art. 291). Atos de execução: são aqueles dirigidos diretamente à prática do crime. No Brasil o Código Penal em seu artigo 14, inciso II (o crime se diz tentado quando iniciada a execução, esta não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente), adotou a teoria objetiva ou formal para tentar diferenciar atos executórios de atos preparatórios. Assim, exige-se que o autor tenha realizado de maneira efetiva uma parte da própria conduta típica, adentrando no núcleo do tipo. É punível como tentativa. Consumação: É aquele no qual estão presentes os elementos essenciais que constituem o tipo penal. Crime Consumado Art. 14, I CP É o crime que reúne todos os elementos de sua definição legal, ou seja, quando o fato concreto se subsume ao tipo abstrato descrito na lei penal. crime consumado é aquele que não sofreu interrupção (por circunstâncias alheias a vontade do sujeito ativo), durante a execução, ou seja, todos os elementos do tipo foram preenchidos. Tentativa Art. 14, II CP Tentativa de crime é a execução do conjunto de atos necessários para constituí-lo que, embora suficientes, não produzam o resultado esperado por motivos alheios à vontade do agente. Ou seja: é a execução, não intencionalmente falha, de todos os atos suficientes ao cometimento do crime. jadson.melo@bol.com.br 6 Segundo o código penal brasileiro, em seu artigo 14, diz-se do crime: "II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente." Há várias teorias tentando identificar o início da execução de um crime, bem como separá-la da mera preparação. Embora haja situações onde seja clara a constituição da tentativa, aqueles casos em que apenas não se obtém o resultado esperado (o crime objeto de tentativa), todo o resto sendo executado, os casos em que outro elemento qualquer é eliminado do conjunto, ainda que por forças alheias à vontade do agente, são bem mais difíceis de julgar. Há o caso especial dos crimes impossíveis, em que a tentativa, do ponto de vista do agente, é finalizada. Nesses casos, dada a impossibilidade do crime, a justiça não aplica a punição para a tentativa, embora o agente possa responder por outro crime, conforme o caso. Desistência Voluntária Art. 15 CP Ocorre quando o agente começa a praticar os atos executórios do tipo penal pretendido, mas voluntariamente impede a consumação do crime ao interromper sua conduta. Destaca-se que a desistência não precisa nascer do arrependimento, exigindo-se apenas que seja voluntária, no sentido de que o agente poderia prosseguir se quisesse. Quando o impedimento for externo, haverá tentativa de crime. Por exemplo, se "A", pretendendo matar "B", dispara, sem sucesso, alguns tiros, e desiste de continuar, estaremos diante de uma desistência voluntária. Mas, se "B" fugir ou a arma deixar de funcionar, então será uma tentativa de homicídio. Arrependimento Eficaz Art. 15 CP É a ação efetuada pelo autor de crime que impede que o crime, já consumado, tenha efeitos. Ocorre quando o agente já realizou todos os atos previstos para a consumação do crime, arrependendo-se posteriormente e assim evitando o resultadodo crime. Damásio de Jesus dá como exemplo o agente que dá comida envenenada para a vítima, essa ingere o veneno, mas antes que o veneno produza efeitos o agente se arrepende e dá o antídoto que salvará a vítima, impedindo o resultado inicialmente pretendido. Difere da tentativa abandonada, pois nessa não se esgotaram todos os passos do crime (seria o caso se, envenenado o alimento, o agente impedisse a vítima de ingeri-lo). Arrependimento Posterior Art. 16 CP É causa de diminuição de pena prevista no direito penal brasileiro, no art. 16 do Código Penal brasileiro: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Para que ocorra a diminuição da pena, que pode variar de um a dois terços, o crime não pode ter sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, o agente deve reparar o dano suportado pela vítima ou restituir a coisa por ato voluntário, antes do recebimento da denúncia ou da queixa. jadson.melo@bol.com.br 7 Quando a reparação do dano ou restituição do bem à vítima ocorrer depois de recebida à denúncia ou queixa, não se aplica esta causa de diminuição de pena, incidindo a atenuante do art. 65, inc. III letra "b", do Código Penal. Crime Impossível Art. 17 CP Consiste naquele em que o meio usado na intenção de cometê-lo, ou o objeto-alvo contra o qual se dirige, tornem impossível sua realização. Segundo o código penal brasileiro, em seu artigo 17: "Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime." Exemplo de impossibilidade do meio: Matar alguém, batendo-lhe com uma flor, fazendo rituais de magia, etc. Exemplo de impossibilidade do objeto: Matar um cadáver, estuprar uma boneca, etc. Tipo Doloso Art. 18, I CP Dispositivo legal: nos termos do inciso I do art. 18 do Código Penal, diz-se o crime, doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Dolo é à vontade e consciência dirigidas a realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. Conforme preleciona Welzel, “toda ação consciente é conduzida pela decisão da ação, quer dizer, pela consciência do que se quer – o momento intelectual – e pela decisão a respeito de querer realizá-lo.” Teorias do Dolo: podemos destacar quatro teorias a respeito do dolo; a) teoria da vontade; b) teoria do assentimento ou consentimento; c) teoria da probabilidade; d) teoria da representação. Segundo a teoria da vontade, dolo seria tão somente a vontade livre e consciente de querer praticar a infração penal, isto é, de querer levar a efeito a conduta prevista no tipo penal incriminador. Já a teoria do assentimento o consentimento diz que atua com dolo aquele que, antevendo como possível o resultado lesivo com a prática de sua conduta, mesmo não o querendo de forma direta, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco de vir produzi-lo. Segundo a teoria da probabilidade, conforme as lições de Jose Cerezo Mir, “se o sujeito considerava provável a produção do resultado estaremos diante do dolo eventual. Se considerava que a produção do resultado era meramente possível, se daria a imprudência consciente ou com representação”. Na verdade, a teoria da probabilidade trabalha com dados estatísticos, ou seja, se de acordo com determinado comportamento praticado pelo agente, estatisticamente, houvesse grande probabilidade de ocorrência do resultado, estaríamos diante do dolo eventual. Para a teoria da representação, podemos falar em dolo toda vez que o agente tiver tão somente a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decidir pela continuidade de sua conduta. jadson.melo@bol.com.br 8 Teorias adotadas pelo Código Penal: pela redação do art. 18, I, do estatuto repressivo, podem concluir, ao contrário de Damásio e na esteira de Cezar Bitencourt, que o Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimento. Espécie de Dolo: Dolo Direto – quando o agente quer, efetivamente, cometer a conduta descrita no tipo, conforme preceitua a primeira parte do art. 18, I, do Código Penal. Já o Dolo indireto, pode ser dividido em alternativo e eventual; Dolo alternativo – quando o agente encontra-se direcionado, de maneira alternativa, seja em relação ao resultado ou em relação à pessoa contra qual o crime é cometido. Dolo Eventual – o sujeito representa o resultado como de produção provável e, embora não queira produzi-lo, continua agindo e admitindo a sua eventual produção. O sujeito não quer o resultado, mas conta com ele, admite sua produção, assume o risco etc. Dolo Geral (Hipótese de erro sucessivo): segundo Welzel, quando o autor acredita haver consumado o delito quando na realidade o resultado somente se produz por uma ação posterior, com a qual buscava encobrir o fato. Dolo Genérico: era aquele em que o tipo penal não havia indicativo algum do elemento subjetivo do agente ou, melhor dizendo, não havia indicação alguma da finalidade da conduta do agente. Ex.: art. 121 CP. Dolo Específico: era aquele em que no tipo penal podia ser identificado o que denominamos de especial fim de agir. Ex.: art. 159 CP. Tipo Culposo Art. 18, II CP Dispositivo legal: segundo o disposto no art. 18, II, do Código Penal, o crime é culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência, imperícia. Nota-se, portanto, que para a caracterização do delito culposo é preciso à conjugação de vários elementos, a saber: a) conduta (sempre voluntária); b) resultado involuntário; c) nexo causal; d) tipicidade; e) previsibilidade objetiva; f) ausência de previsão (cuidado: na culpa consciente inexiste esse elemento); e g) quebra do dever objetivo de cuidado (por meio da imprudência, imperícia ou negligência). Imprudência: é a culpa de quem age, ou seja, aquela que surge durante a realização de um fato sem o cuidado necessário. Pode ser definida como a ação descuidada. Ex.: imprudente é o motorista que imprime velocidade excessiva em seu veículo ou o que desrespeita um sinal vermelho em um cruzamento. Negligência: é um deixar de fazer aquilo que a diligência normal impunha. Ex.: o motorista que não conserta os freios já gastos de seu automóvel ou o do pai que deixa arma de fogo ao alcance de seus filhos menores. jadson.melo@bol.com.br 9 Imperícia: é a demonstração de inaptidão técnica em profissão ou atividade. Consiste na incapacidade, na falta de conhecimento ou habilidade para o exercício de determinado senhor. Ex.: médico vai curar uma ferida e amputa a perna, atirador de elite que mata a vítima, em vez de acertar o criminoso. Espécies de Culpa: 1ª) Culpa inconsciente - é a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era previsível. 2ª) Culpa consciente ou com previsão - é aquela em que o agente prevê o resultado, embora não o aceite. Há no agente a representação da possibilidade do resultado, mas ele a afasta, de pronto, por entender que a evitará e que sua habilidade impedirá o evento lesivo previsto. Diferença entre Culpa Consciente e Dolo Eventual: na culpa consciente, o agente, embora prevendo o resultado, acredita sinceramente na sua não ocorrência; o resultado previsto não é querido ou mesmo assumido pelo agente. Já no dolo eventual, embora o agente não queira diretamente o resultado, assume o risco de vir a produzi-lo. Na culpa consciente, o agente, sinceramente, acreditaque pode evitar o resultado; no dolo eventual, o agente não quer diretamente produzir o resultado, mas, se este vier a acontecer, pouco importa. Culpa Imprópria: fala-se em culpa imprópria nas hipóteses das chamadas descriminantes putativas em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se estivesse praticado um delito culposo. Ex.: O agente cometeu homicídio culposo, pois, como o erro estava na base da conduta (ele confundiu o primo com um assaltante), mesmo que a ação subsequente tenha sido dolosa (atirou para matar), todo o comportamento é considerado culposo. Incide o erro de tipo evitável, excluindo o dolo, mas deixando a culpa, que, assim, passa a qualificar o crime. Culpa Presumida: não se pode falar, ainda, em presunção de culpa no Direito Penal. Como vimos, o tipo penal de um delito culposo é considerado um tipo aberto, ou seja, aquele em que não há a descrição exata da conduta que se procura evitar o impor. Normalmente, após a definição do crime doloso, o legislador, no parágrafo seguinte utiliza a expressão se o crime (lesão, homicídio) é culposo. Assim, quando da análise do caso concreto, o juiz deve verificar se a conduta levada a efeito pelo agente infringe seu dever de cuidado objetivo, bem como se era previsível o resultado lesivo ocorrido, para somente depois concluir ou não pela sua culpa.
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