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CASOS CONCRETOS – PENAL III CASOS da aula 01 a 10 AULA 01 DOLORES, 43 anos, mãe da adolescente JANAÍNA, de 16 anos, flagra a menina, sozinha, chorando em seu quarto. Instada a explicar o motivo de sua tristeza, a jovem relata à mãe que, por duas semanas consecutivas vem sendo assediada por FELISBERTO, guarda municipal com lotação e atribuição local, prestando serviços de vigilância e rondas escolares. Segundo a adolescente, notadamente na esquina do quarteirão da escola, FELISBERTO espera sua passagem para proferir palavras como “gostosa”, “quero sair com você”, “vamos curtir um cinema” e etc. Indignada com o acontecido, DOLORES combina com JANAÍNA que no dia seguinte vai acompanhá-la à escola, no entanto, em uma distância razoável objetivando constatar in loco as investidas de FELISBERTO. Dessa maneira, no dia seguinte, quando JANAÍNA chega ao quarteirão da escola já encontra FELISBERTO se aproximando dela, ocasião em que, DOLORES, vindo um pouco atrás, empunha um revólver 38 que traz consigo, disparando três tiros certeiros nas costas de FELISBERTO que vem a óbito imediatamente em decorrência das respectivas lesões. Considerando o caso aventado, realize, fundamentadamente, a adequação típica pertinente. RESPOSTA: Dolores, ao empunhar um revólver calibre 38 que levava consigo e tendo disparado três tiros nas costas de Felisberto, praticou a conduta de homicídio qualificado, uma vez que impossibilitou a vítima de reagir ou sequer defender-se. O fato de Felisberto estar em pleno exercício de sua função como guarda municipal não qualifica o crime segundo o Inciso VII do art. 121, pois a autoridade guarda municipal não possui previsão legal como forma qualificadora do crime de homicídio. AULA 02 HORTÊNCIA, maior, que fora vítima de estupro perpetrado com violência real, interrompeu ela mesma, na sua própria residência, a gravidez resultante do crime contra a liberdade sexual, causando a destruição do produto da concepção, para o que se valeu de meios mecânicos obstétricos diretos e de informações, que, para o abortamento, foram-lhe fornecidos pelo enfermeiro ALEXANDRINO. A gestante, em consequência dos meios empregados na provocação do aborto, sofreu lesão corporal de natureza grave. Identifique justificadamente a conduta de HORTÊNCIA e ALEXANDRINO RESPOSTA: Hortência, ao interromper ela mesma na sua residência a gravidez resultante do estupro, se valendo de meios mecânicos obstétricos diretos, praticou o crime de auto aborto. No que se concerne a Alexandrino, por ter disponibilizado informações e instrumentos para que Hortência obtivesse êxito em sua conduta, responderá como partícipe da prática de aborto. Não há que se falar em aborto sentimental, pois Alexandrino não era médico e nem sequer participou do ato praticado por Hortência. AULA 03 ERIOSVALDO convence MARIOSCLEIDE a suicidar-se pulando de um prédio de vinte andares. A mulher, convencida, pula vindo a ter uma entorse de seu tornozelo e, por isso, ficou quarenta dias impossibilitada de exercer suas atividades habituais. Considerando o caso hipotético, levando em conta que MARIOSCLEIDE estava grávida de 03 (três) meses; fato de seu conhecimento, mas não de conhecimento de ERIOSVALDO e que nada sofreu o feto com a queda, identifique a conduta dos dois envolvidos. RESPOSTA: A conduta de Eriosvaldo será tipificada como induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ainda que o resultado morte não tenha sido consumado. Isso se dá porque segundo o dispositivo legal, se da conduta praticada o resultado for de lesão corporal de natureza grave e, tal qual descreve o enunciado, afastar a vítima por mais de trinta dias das suas atividades habituais, como descrita in fine no respectivo tipo penal. No tocante a conduta de Marioscleide, responderá por tentativa de aborto, uma vez que o código penal não tipifica a auto lesão, entretanto dispõe sobre o dolo eventual praticado pela gestante de tentativa de auto aborto, porém por circunstâncias alheias a sua vontade não obteve êxito. Dessa forma, Marioscleide responderá por tentativa de auto aborto. AULA 04 CASO CONCRETO 5 AFRÂNIO E IDALINA são colegas de trabalho há mais de três anos; trabalham num mesmo setor de uma grande empresa de mineração em Belo Horizonte. IDALINA é uma jovem muito bem apresentada e vaidosa, tem como hobby tirar fotos, muitas delas, sensuais e em locais paradisíacos. AFRÂNIO sempre soube dessa atividade de IDALINA e já confessara ao seu amigo GILBERTO a vontade imensa de poder ter acesso às fotos de IDALINA, no entanto sabe que se trata de um desejo insustentável. Certa ocasião, IDALINA reclamou a AFRÂNIO que não estava bem a ponto de sair apressada de sua mesa e dirigir-se ao banheiro. AFRÂNIO, observando que IDALINA deixara seu computador de trabalho ligado e aberto, aproveitou o momento e rapidamente conseguiu êxito em transferir algumas fotos dela para um pen drive, retornando em seguida para seu local de trabalho sem que fosse percebido. De posse das fotos de IDALINA, AFRÂNIO as compartilhou com GILBERTO por intermédio do Whats App. Em menos de uma semana um número indeterminado de pessoas já havia visto as indigitadas fotos, ocasião em que IDALINA compareceu à Delegacia Policial da circunscrição dos fatos noticiando o acontecido e tendo o Delegado promovendo o pertinente termo circunstanciado imputando a AFRÂNIO o crime do CP, art. 154-A Invasão de Dispositivo Informático. Pergunta-se: Assiste razão ao Delegado? Justifique sua resposta. RESPOSTA: O delegado não assiste razão, pois o fato ocorreu quando IDALINA se retirou da mesa e dirigiu-se ao banheiro e AFRANIO, observando que a vítima havia deixado seu computador de trabalho ligado e aberto, aproveitou tal momento para transferir algumas fotos dela. O que ocorre é que o dispositivo penal citado pelo Delegado somente aplica-se as hipóteses de violação de dispositivo de segurança, o que não ocorrera no caso concreto e, por sua vez, traz a imputabilidade a AFRANIO. AULA 06 QUESTÃO OBJETIVA Cássio, assíduo cliente do Supermercado “Prime”, quando se encontrava promovendo suas compras do mês, foi surpreendido pelo anúncio sonoro acerca de uma promoção relâmpago de um renomado vinho tinto, que teria desconto de 50 porcento de seu valor original de R$ 500,00 (quinhentos reais). Isso para todos aqueles que conseguissem levar o produto ao balcão de descontos para colocação do selo de abatimento do preço. No afã de ser beneficiado pelo anunciado desconto, Cássio rapidamente se dirige ao setor correspondente, e consegue apanhar a última garrafa disponível, colando o necessário selo promocional. Aliviado, Cássio desvia sua atenção para a continuidade de suas compras, mas, ao retornar do curto período em que se distanciou de seu carrinho, acaba por constatar que alguém teria sorrateiramente dele retirado o desejado vinho com o selo de desconto. Ao procurar a gerência e comunicar o inusitado fato, Cássio foi levado ao recinto de monitoramento do mercado, onde, após analisar as imagens, identificou uma senhora idosa, que, aproveitando-se da distração de Cássio, teria retirado de seu carro de compras a última garrafa de vinho com o selo promocional, correndo ao caixa prioritário, onde promoveu o pagamento do produto com seu cartão de débito, tomando rumo ignorado em seguida. Comunicada do fato, a polícia consegue, com auxílio das imagens do circuito interno e análise da fatura de compra cedida pelo supermercado, identificar a astuta senhora como sendo Cremilda de tal, levantando-se também seu endereço. Intimada a depor em sede policial, Cremilda, do alto de seus 73 anos, admitiu sem remorsos todo o ocorrido, esclarecendo não ter resistidoao fato de ser aquele o último vinho com selo de promoção, tendo consumido o produto naquele mesmo dia. Considerando que Cássio não conseguiu levar outro vinho com abatimento do preço, e que o supermercado nenhum prejuízo sofreu, indaga-se sobre a relevância penal da conduta perpetrada por Cremilda. RESPOSTA: houve crime de furto, pois o rapaz já estava na possa no objeto, no caso o vinho QUESTÃO OBJETIVA Caio, 21 anos furta seu irmão Mévio, 19 anos. É correto afirmar que a ação penal é pública: a) e Caio é isento de pena. b) incondicionada, mas sujeita a perdão do ofendido. c) e incide atenuante pela idade. d) condicionada à representação e incidirá agravante pelo parentesco. (correta) AULA 07 RODINEI, sócio majoritário de uma transportadora que presta serviços para Souza Cruz, na ausência de três motoristas, seus funcionários, que estão em auxílio doença, e por necessidade, está fazendo a distribuição diária de cigarros junto aos fornecedores, dirigindo veículo funcional pertencente a própria frota da transportadora. Na segunda entrega do dia, RODINEI foi surpreendido por TALLES, 17 anos e DANILO, 28 anos e ex-funcionário da transportadora que, por intermédio de grave ameaça exercida por arma de fogo, subtraíram-lhe o veículo com as mercadorias e restringindo sua liberdade, vindo a liberá-lo em local ermo, após 10 horas da referida atividade criminosa. Identifique, fundamentadamente, a adequação típica a ser imputada ao caso aventado. RESPOSTA: configura-se roubo majorado pelo emprego de arma, além da combinação do concurso de pessoas juntamente a restrição de liberdade da vítima. Não admite-se a majorante que aplica-se no roubo em serviços transporte de valores, pois nessa conjectura o motorista não está a serviço de uma empresa, tendo em vista ele ser o sócio da mesma. QUESTÕES OBJETIVAS 1) Com relação à consumação do crime de roubo, há entendimento sumular do STJ adotando a corrente doutrinária da: a) Contrectatio b) Amotio c) Ablatio d) Ilatio. (correta) 2) Quanto ao crime de extorsão, é correto afirmar que (CP, art. 158) a) o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive o funcionário público no exercício de suas funções. b) a vítima precisa ser aquela quem tenha sofrido a subtração do patrimônio, como quem foi alvo de violência ou grave ameaça. (correta) c) a colaboração da vítima é dispensável. d) também há a figura do sequestro relâmpago AULA 08 QUESTÃO OBJETIVA Qual a consequência do ressarcimento integral e voluntário, antes do recebimento da denúncia, do prejuízo sofrido pela vítima, decorrente de estelionato praticado mediante a conduta do agente que emite cheque furtado sem provisão de fundos? RESPOSTA: O parágrafo segundo do art. 171, em seu inciso seis só se aplica quando o agente aplica o estelionato com o próprio cheque, utilizando a própria conta corrente. Nesse caso, o agente praticou o crime de estelionato na sua modalidade essencial, ou seja, na tipificação descrita no caput, contudo configura-se arrependimento posterior, uma vez que houve ressarcimento integral e voluntário por parte do agente, o que faz com que a pena do agente seja reduzida de um a dois terços da pena QUESTÕES OBJETIVAS 1) Everton Frühauf, ao adquirir mercadorias no Supermercado Preço Bom, pagou as compras com um cheque subtraído de seu colega de trabalho, Renato Klein. No caixa, apresentou-se como titular da contracorrente. Preencheu a cártula e falsificou a assinatura de Renato. O atendente, seguindo o procedimento de rotina, chamou o supervisor para liberar a cártula, quando foram surpreendidos com a conduta de Everton, que deixou o estabelecimento em desabalada corrida, sem levar as mercadorias, por presumir que sua ação teria sido descoberta. No estacionamento, o segurança do estabelecimento deteve Everton e conduziu-o à autoridade policial. Esse caso configura: a) tentativa de furto qualificado pela fraude. b) tentativa de estelionato. (correta) c) desistência voluntária. d) arrependimento posterior. e) arrependimento eficaz. 2) São elementos do crime de estelionato, exceto: a) o artifício b) o ardil c) locupletação1 ilícita de qualquer natureza (correta) d) o silêncio. AULA 09 Polícia Civil investiga estupro de menina de 9 anos em Bento Gonçalves A criança pediu socorro para moradores no bairro Licorsul A Polícia Civil de Bento Gonçalves investiga o suposto estupro de uma menina de 9 anos. A jovem teria pedido socorro na Rua Augusto Caprara, no bairro Licorsul, por volta das 16h40min. Uma moradora a acolheu e a Brigada Militar (BM) foi acionada. De acordo com relato da vítima, o crime teria sido cometido por um casal em carro vermelho que a raptou enquanto caminhava pelo bairro Vila Nova. Os dois teriam oferecidos doces e brinquedos para coagir a menina a entrar no veículo. Após, procuraram um local ermo onde ambos teriam abusado da jovem. Após o crime, os abusadores deram R$ 50 a vítima e a abandonaram no bairro Licorsul, onde ela pediu por socorro. A menina foi encaminhada para o atendimento médico e exames de corpo de delito. De acordo com o Conselho Tutelar de Bento, que também foi chamado, a menina afirmou que saiu a pé da casa da mãe com destino à casa de uma familiar, a poucos metros de distância. Nesse curto trecho, ela foi abordada. O resultado do exame de corpo de delito deve sair em uma semana. A criança será ouvida no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Bento, conforme o Conselho Tutelar. A lei 12015/2009 passou a promover os denominados crimes “contra a dignidade sexual”, o foco não é mais como as pessoas deveriam se comportar sexualmente perante a sociedade do século XXI, mas sim a tutela de sua dignidade sexual. Com o advento desse Diploma Legal juntaram-se os tipos dos arts. 213 e 214 em um só dispositivo, passando o crime de estupro a não ser mais bi-próprio, pois agora conta com os dois comportamentos juntos, quais sejam: conjunção carnal violenta e demais atos libidinosos com violência. Além disso o código tutela agora a dignidade sexual do vulnerável, com a expressa revogação do dispositivo que tratava da presunção de violência, em razão dessas situações, formam-se as seguintes indagações: a) A figura da vulnerabilidade passou a ser absoluta ou ainda pode ser tratada como relativa? RESPOSTA: há dois entendimentos, um deles diz que a vulnerabilidade é absoluta, sem levar em circunstância pessoal da vítima ou se ela possuía ou não experiências sexuais anteriores. A outra corrente diz que a vulnerabilidade pode ser relativa, ou seja, leva-se em consideração se a vítima possui alguma experiência sexual anterior. 1 Adquirir ganho, tomar posse. b) Qual é o tipo de ação penal quando se tratar de crime de estupro se da violência resultar lesão corporal grave ou morte? (CP, art. 213 §§ 1º e 2º) RESPOSTA: na lesão corporal grave a ação penal é pública condicionada, mas se resultar em morte a ação penal é pública incondicionada. QUESTÕES OBJETIVAS 1) SEMPRÔNEA, 17 anos, teve sua dignidade sexual atingida porque, mediante grave ameaça, foi obrigada a praticar conjunção carnal com ATANAÍDES. Diante dos fatos, trata-se de fato penal relevante de: a) ação penal de iniciativa privada b) ação penal pública condicionada à representação da vítima c) ação penal pública incondicionada (correta) d) ação penal de iniciativa privada personalíssima. 2) É incorreto dizer que no crime de estupro de vulnerável (CP, art 217-A): a) o sujeito passivo só podeser pessoa menor de 14 anos. (correta) b) pune-se tão somente a conduta de praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso. c) o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. d) é crime de ação penal pública incondicionada. AULA 10 QUESTÕES OBJETIVAS 1) Aquele que, durante o carnaval, em pleno bloco de rua, livre e consciente, embora jacandi animu, no alto do trio elétrico, arria sua sunga, expondo ao público suas partes íntimas: a) não comete crime por ausência de dolo. b) não comete crime por estado de necessidade. c) responde por ato obsceno (CP, art. 233). d) responde por atentado violento ao pudor.
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