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RESUMO - Contratos - Prof. Piazzetta - 2º BI

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RESUMO CONTRATOS – 2° BIMESTRE 
 
 EVICÇÃO: é a perda da propriedade para um terceiro, por um direito anterior a alienação. O evictor 
ajuizou uma ação contra o evicto. O que o evicto vai fazer no processo? Denunciar a LIDE ao alienante. Mas 
o que será que ele pode cobrar do alienante? Quais são os direitos que ele tem? Os direitos do evicto são 
aqueles previstos no Art. 450, CC. Quais são os direitos que ele vai cobrar? Em regra, ele vai cobrar todos os 
prejuízos que ele teve. Essa é a lógica do Art. 450. O evicto vai buscar a restituição dos prejuízos que ele 
teve. Primeiro temos os frutos que foram obrigados a restituir. Ex.: O evicto estava na posse do bem e 
enquanto ele estava na condição de possuidor / proprietário, ele pôs o imóvel para alugar. Após essa locação, 
ele perdeu o bem para o evictor. Este falou: já que eu sempre fui o proprietário, todos os alugueis evicto, que 
você recebeu, você tem que pagar para mim, porque eu é que teria direito a esse aluguel. Se o evicto tiver 
que devolver os alugueis que são frutos para o evictor, ele vai cobrar isso do alienante. Regra simples: o que 
ele tiver que tirar do bolso, ele vai cobrar do alienante. A grande questão que se tem com relação aos direitos 
da evicção, é que quando ele perder o bem, por exemplo, o evicto comprou a casa por 100 mil reais, um ano 
depois, terminou o processo ajuizado pelo evictor e ele perdeu a casa para o evictor. Ele vai ser indenizado 
pelas custas do contrato, pelos frutos que foi obrigado a restituir, mas e o valor que ele pagou pela casa, será 
que ele tem direito de ser restituído por isso? O detalhe é que essa perda ocorreu um ano depois. Ele pagou 
100 mil, mas quando ele perdeu a casa, ela valia quanto? 130, 140 mil. O que ele vai cobra, o preço que ele 
pagou ou o preço que valia o bem na época da evicção? O STJ interpretando o Art. 450, entende que é o 
seguinte: a grande lógica é que ele tem que ter condição de comprar uma casa similar ao bem, à época em 
que ele perdeu aquele bem. Então, por exemplo, se ele perdeu um ano depois quando o bem valia 120 mil, 
para ele comprar outro igual, ele precisa de quanto? 120 mil reais. E se ao invés de ter uma valorização ele 
teve uma depreciação, passando a valer 80 mil, ele vai ser indenizado por quanto? A lógica é que ele possa 
comprar uma outra similar àquela que ele perdeu. Se ele perdeu uma casa que valia 80 mil reais, ele vai ser 
restituído em 80 mil. Esse foi o patrimônio que ele teve. Esses são os direitos do evicto. 
Arts. 451 ao 454, CC. – falam da hipótese de deterioração do bem e benfeitorias. 
Outro ponto relevante da evicção: será que, pensando na seguinte hipótese, A celebra um contrato 
de compra e venda com B. A é o alienante e B é o evicto. Nesse contrato, A coloca uma cláusula que diz: por 
meio dessa cláusula, o alienante não se responsabiliza por nada caso exista a evicção do bem. Ou seja, uma 
cláusula que exclua a responsabilidade do alienante por indenizar o evicto em caso de evicção. Eu vendo 
meu bem para uma pessoa, mas digo que se ela perder esse bem para um terceiro, por fato anterior a essa 
venda, eu não vou ser responsável por isso. Será que essa cláusula é válida? Art. 448, CC: a cláusula é 
válida sim, mas o grande detalhe é que ela não tem necessariamente essa grande abrangência de limitar 
totalmente a responsabilidade ao alienante. Art. 449, CC. O que diz a interpretação do 448 em conjunto com 
o 449? Eu vou vender o bem para uma pessoa por 100 mil reais. E eu coloco uma cláusula exatamente nos 
seguintes termos: por meio dessa cláusula a Camila não se responsabiliza na hipótese de evicção. Eu estou 
informando sobre a existência de algum risco de evicção? Não, a cláusula é totalmente genérica. Então, qual 
é a interpretação que se faz dessa cláusula? Ela é válida sim, MAS mesmo se essa cláusula existir, a pessoa 
que comprou terá direito a recuperar pelo menos o que ela pagou pelo bem. Quando a cláusula de exclusão 
de garantia por evicção é genérica, é abrangente, ela exclui todo resto, menos o dever de restituir o que foi 
pago pelo bem. Portanto, a pessoa não poderá cobrar despesas de contrato, etc. Entretanto, se o risco de 
evicção era sabido ou informado, eu vou colocar uma cláusula que diz o seguinte: eu vou vender esse bem 
para tal pessoa. Cláusula 02: tal pessoa, tem uma outra pessoa que ajuizou uma ação de uso capião, 
buscando a propriedade desse bem, essa ação está distribuída sobre o n° tal, na 3ª Vara Cível de Curitiba. A 
pessoa está sendo expressamente informada sobre a possibilidade de perder o bem para terceiro. E ainda 
sim você adquire, ou seja, nessa hipótese eu aplico como se fosse um contrato aleatório. Você assumiu todo 
o risco, portanto, inclusive o que você pagou, a exclusão de responsabilidade do alienante é total. 
 EVICÇÃO PARCIAL: Art. 455, CC. Marcelo vendeu um terreno para mim, o grande detalhe, é que 
pouco tempo depois, uma pessoa ajuizou uma ação de uso capião, procurando a propriedade de um pedaço 
do terreno, dizendo que era possuidora desse pedaço antes de eu comprar. E eu perdi esse pedaço para o 
terceiro, ou seja, de todo o bem que eu comprei, a evicção foi de parte dele. Para essa hipótese de evicção 
parcial, os efeitos vão depender do seguinte: se essa parte perdida foi substancial ou não. Portanto, existe 
Evicção Parcial Substancial e Evicção Parcial Não Substancial. Se nessa fazenda eu plantei para exercício da 
agricultura. E justamente essa parte que eu perdi para o terceiro, era a parte totalmente infértil, que não dava 
para plantar nada. Essa perda foi substancial ou não? Não. E quando a perda não é substancial, o evicto só 
tem direito de cobrar perdas e danos pela parcela perdida. Substancialidade não tem a ver com o tamanho. 
Pense o contrário, se a perda foi parcial substancial, aplica-se os efeitos da evicção total, como se fosse total. 
Ou seja, de todo o terreno eu tive, eu perdi uma parte para o evictor. Se for substancial, aplica-se os efeitos 
como se fosse total. Esse pedaço que eu perdi para o evictor era substancial e, por isso, eu não quero ficar 
com o resto. O que eu faço? Devolvo o resto para o alienante e vou ser indenizada como se fosse uma 
evicção total. Como eu sei quando é substancial ou não? A pergunta que dever ser feita é: Será que eu vou 
interpretar o uso do comprador se ele soubesse que haveria aquele vício, ele ainda compraria? Se o 
comprador soubesse que iria perder um espaço no terreno que é o único produtivo, é claro que ele não 
compraria. Nesse caso, a perda foi substancial. Mas caso ele perdesse a parte que era improdutiva, claro que 
ele seguiria comprando, porém, ele seria indenizado, porque bem ou mal ele perdeu um pedaço de terra, uma 
parcela patrimonial. 
 DIREITOS REAIS X DIREITOS PESSOAIS 
Direitos Reais: são típicos, tem eficácia absoluta (erga omnes), perenes. 
Direitos Pessoais: são atípicos, são relativos (inter partes), transitórios (porque nascem para serem 
extintos). 
 EXTINÇÃO DOS CONTRATOS: 
Um contrato nasce para ser extinto. E a forma natural de extinção de um contrato é pelo pagamento, 
pelo adimplemento, cumprimento obrigatório da obrigação. O problema começa a surgir quando falamos das 
modalidades não naturais, anormais de extinção, que são aquelas formas de extinção não desejadas pelas 
partes. Porque o desejo desta é que o contrato seja cumprido até o final. 
E quando a doutrina se dispõe a analisar essas formas não naturais, ela diverge muito quanto a 
nomenclatura utilizada. Então, tanto a doutrina quanto o CC, eles fazem referência aos termos, rescisão, 
resolução, resilição, como se fossem a mesma coisa, sem uma preocupação técnica do que é cada um e 
quando os aplicam. A doutrina também não é pacífica quanto a descrição desses termos. Portanto, a 
explicaçãoserá conforme aquilo que é tratado de forma majoritária pela doutrina. 
Quando se fala das formas anormais, para cada motivação extintiva, se tem um nome próprio, 
portanto, variando conforme a motivação. Isto é, se eu celebro um contrato de compra e venda, eu recebo o 
produto e alguns dias depois de recebê-lo, o mesmo demonstra a existência de um vício oculto, desconhecido 
da minha parte, substancial e existente ao tempo da tradição. Eu vou obter a extinção desse contrato de 
compra e venda? Eu vou rescindir o contrato? Não. Eu vou redibir o contrato. Como que eu sei que aqui se 
aplica a redibição? Pelo fundamento. Qual a motivação que vai permitir a extinção desse contrato? A 
motivação é que esse bem possui um vício oculto com todos aqueles requisitos. Eu já sei, portanto, que 
quando a extinção se dá com base nesses problemas relativos ao bem, eu chamo essa extinção de redibição. 
Algumas formas de extinção de contratos: 
 Arrependimento: em regra geral, os contratos não admitem arrependimento. Essa regra tem duas 
exceções: 1 – Cláusula: quando a própria proposta tem uma cláusula de retratação. Os contratos que 
admitem arrependimento são aqueles que possuem regra própria prevendo a possibilidade de 
arrependimento. 2 – Casos regulados pelo CDC, Compras feitas fora do estabelecimento do fornecedor 
– Art. 49, CDC: Essa regra do CDC, busca dar um prazo maior de reflexão ao consumidor, porque parte da 
ideia de que quando o consumidor vai até a loja, ele já está com a convicção formada. Mas quando a loja vem 
até ele, ele pode ter tomado uma decisão sem estar com a convicção totalmente formada e, com isso, ter se 
endividado, adquirido um bem sem que ele realmente desejasse. Isso é o fundamenta o artigo. Essas 
hipóteses de comprar fora do estabelecimento do fornecedor, tem 07 dias para se arrepender da COMPRA 
(inclusive para produtos personalizados) e não do PRODUTO. Se você consumir esse produto, já não há 
como se arrepender. 
 Venda a Contento: é uma venda sujeita a uma condição suspensiva, isto é, vai haver a tradição 
que tem como consequência a transferência da propriedade. Só que nesse caso a transferência vai ficar 
suspensa, aguardando a ocorrência de um evento futuro e incerto, que é a manifestação de contentamento 
do comprador. 
A diferença para o arrependimento é que na venda a contento, enquanto você não manifestar 
concordância, você não é proprietário. Já no arrependimento, você se torna proprietário logo que você 
compra, mas caso você se arrependa, você vai deixar de ser proprietário. Mas a principal diferença no que 
tange a transferência de propriedade – Ex.: comprei com cláusula de venda a contento, ainda não manifestei 
o contentamento, estou caminhando pela rua com o produto e este sofre a incidência de raio desintegrador. 
Quem assume a responsabilidade? Quem vai pagar o prejuízo? A coisa perece ao dono, portanto, se 
responsabilizará o dono da coisa, uma vez que não manifestei contentamento e ainda não sou o dono. Já no 
arrependimento – Ex.: comprei com cláusula de arrependimento, no segundo dia mesmo raio desintegrador. 
Quem responde pelo prejuízo? Eu. 
 Rescisão: na prática é utilizada de forma muito abrangente, como em casos em que o funcionário 
quer se desligar da empresa e diz que “vai rescindir o contrato”. Entretanto, o adequado é utilizar para as 
hipóteses de LESÃO (Art. 157) e ESTADO DE PERIGO (Art. 156). 
 Resilição: é a extinção do contrato quando não existe um motivo juridicamente relevante para isso. 
Ex.: fiz um contrato de locação com uma pessoa, onde eu sou o locador. O contrato tem prazo de vigência de 
01 ano, isto é, durante 01 ano, essa pessoa tem que me pagar os aluguéis e eu preciso mantê-lo na posse do 
imóvel. Um dia, no meio desse um ano, eu ligo para essa pessoa e digo que eu queria que a locação 
acabasse, pois iria precisar do imóvel. Aí essa pessoa diz que também queria devolver o imóvel. Então 
fechou. Se nenhuma das partes quer continuar com o contrato, ambos vão manifestar a sua vontade e resilir 
bilateralmente esse contrato. A resilição pode Bilateral e Unilateral. 
 Bilateral: é quando ambas as partes convergem suas vontades no sentido de extinguir o contrato. 
A mesma vontade que faz nascer o contrato, pode extingui-lo. A Resilição Bilateral é também chamada de 
DISTRATO. Quando eu faço um distrato com instrumento particular de distrato, este nada mais é do que um 
contrato. O distrato é um contrato, cujo objeto é o término do contrato. O distrato é cabível em todos os 
contratos. 
ART. 472, CC – Ex.: comprei um imóvel no valor de 500 mil reais. Esse contrato tem alguma forma 
exigida em lei? O contrato deve ser feito por escritura pública. Esse é dito um contrato formal ou solene. Fiz o 
contrato com escritura pública e estou com o imóvel. Um dia, o vendedor do imóvel diz que está com 
saudades do imóvel e eu digo que estou com saudades do meu dinheiro. Ele diz: Vamos distratar aquele 
contrato de compra e venda que fizemos? E eu digo tudo bem, vamos distratar. Eu entrego a chave do imóvel 
e peço o dinheiro de volta. O contrato foi feito por instrumento pública, mas o distrato foi feito verbalmente. 
Vale ou não vale? Este artigo diz que não. Mas se eu fizer uma análise estrita desse artigo, vai surgir mais um 
problema. O 472 diz que o distrato verbal não vale, então, eu que já peguei o dinheiro do vendedor de volta, 
já que distratamos. No dia seguinte eu ajuízo uma ação de reintegração de posse, alegando que o imóvel é 
meu. Só que o vendedor alega que eu fui dono, mas que distratamos verbalmente. Mas distrato verbal não 
pode, devendo ter sido feito por escritura pública, portanto, ele deve sair do imóvel. Na verdade, o que o 472 
diz quando ele fala que o distrato tem que ser da mesma forma prevista em lei pelo contrato ao ser distratado, 
ele está preocupado com os efeitos do distrato perante terceiros. Entre os contratantes, o distrato pode ter 
qualquer forma. Ex.: o Marcelo tinha uma dívida para comigo e eu estava procurando bens dele para 
penhorar e não achava. Após percorrer, achei um imóvel em propriedade dele. Aí eu digo para o juiz penhorar 
o imóvel e ele penhorou. O que eu quero? Buscar o adimplemento da dívida que o Marcelo tem comigo. O 
que o Marcelo diz para mim? Desculpa Camila, mas você levou azar. Eu acabei de distratar com o antigo 
dono do imóvel. Eu: mas o imóvel está em seu nome. Marcelo: mas é que eu fiz o distrato verbal, uma pena. 
A preocupação do 472 é essa. Seria razoável o Marcelo opusesse essa defesa ao credor (eu)? Não. Então 
entre as partes da compra e venda, o distrato verbal pode. O comprador não vai poder pegar o bem de volta 
porque as partes distrataram. Agora perante a terceiros, o distrato verbal não vai ter efeitos. 
 Unilateral: Art. 473, CC. É quando uma das partes não quer mais continuar com o contrato, mas 
ela não tem motivo juridicamente relevante. A Resilição Unilateral é como a frase: “Não pense que te quero 
mal, só não te quero mais”. Esta Resilição é uma exceção, não sendo cabível em todos os contratos. Existem 
duas espécies de contrato que admitem Resilição Unilateral: 
1. Contratos que possuem a confiança subjetiva como elemento fundamental: Ex.: Mandato. 
Eu estou sofrendo uma ação penal supercomplicada. Eu contrato os serviços de um advogado e outorgo 
poderes a ele, transformando-o em meu mandatário processual. Porque eu contratei esse advogado e não 
outro? Porque dentro da análise de valores, foi nele em quem confiei. Um dia antes do julgamento, estou 
apreensiva, mas eu digo ao meu colega: não, eu estou bem! Meu advogado é tal pessoa. Aí meu colega fala: 
Cara! Esse cara se formou comigo, o bicho só matava aula, só bebia e não estudava nada. Eu de fato não sei 
se ele é isso realmente, mas só por eleter falado, já quebrou a confiança. E por isso eu digo ao advogado 
que vou dispensá-lo. Veja, o advogado não descumpriu o contrato, mas quebrou a confiança. Mas isso não 
significa que não vou ter que indenizá-lo pelo serviço que ele prestou até ali. Agora, o cumprimento do 
contrato que é realizar minha defesa em um julgamento, não vai ocorrer porque esse contrato foi resilido. 
Portanto, nessa hipótese em que eu perdi a confiança, eu vou poder resilir unilateralmente esse contrato. 
2. Contratos de trato sucessivo celebrados por prazo indeterminado: Contrato de trato 
sucessivo é aquele em que as prestações se renovam periodicamente – Ex.: contrato de locação, de 
representação comercial, etc. O grande detalhe que existe nessa espécie de contrato é que: Ex.: eu estou 
sendo a franquiada por tempo indeterminado. Eu sei que esse contrato não vai durar para sempre, então eu 
não posso gerar uma expectativa que esse contrato dure para sempre, uma vez que o mesmo foi firmado por 
tempo indeterminado. Por outro lado, eu não espero, já que estou há 5 anos, que o contrato seja extinto daqui 
a dois minutos. Então, na resilição unilateral nessa espécie de contrato, é preciso que se preserve, que se 
conceda o prazo de aviso prévio, que nada mais é do que uma extensão do contrato. 
Qual é o prazo, portanto, a ser concedido a título de aviso prévio? 1ª regra: é o prazo da lei. Ex.: Art. 
720, CC (90 dias); Art. 34 da lei 4886/65 – lei de representação comercial (30 dias). Estes são contratos, cujo 
prazo está na própria lei, chamados de contratos típicos. Os contratos atípicos são aqueles em que o 
indivíduo determina o prazo no contrato. Entretanto, existem contratos que mesmo sendo típicos, não 
possuem prazo de aviso prévio estabelecido em lei, aí se utiliza do prazo determinado no contrato. 
O problema é quando o contrato não estabelece um prazo a título de aviso prévio. Então, quando o 
contrato não estabelece qual o prazo a ser concedido a título de aviso prévio, como a doutrina e a 
jurisprudência tem se posicionado? Se o contrato não diz, a lei não diz, alguém tem que dizer. Quando a 
doutrina se preocupa em expor um critério, o utilizado é o tempo razoável para que o denunciado possa 
redirecionar a sua operação. Denunciado é quem sofre a denúncia, que por sua vez significa resilir 
unilateralmente o contrato. E o que significa esse tempo razoável para que possa redirecionar a operação? 
Ex.: eu e o Marcelo temos um contrato chamado contrato de distribuição. Como funciona? Marcelo tem uma 
fábrica de balas. A minha especialidade é fabricar as balas e não sair vendê-las. Quem sabe fazer isso é a 
minha empresa. E o Marcelo chega em mim e pergunta se eu não quero comprar 10 mil balas no mês. Ele 
me vende 10 mil balas a R$ 0,10 cada e eu vou nas lojas e vendo a R$ 0,20. Então ele me vende uma 
quantidade enorme de balas por um preço menor e eu revendo por um preço maior e ganho nesse sobre-
preço. O nome desse contrato que é caracterizado por sucessiva compra e venda, é chamado de contrato de 
distribuição / intermediação. E para fazer essa revenda, eu preciso ter uma estrutura de veículos, 
empregados, para sair vendendo as balas. As balas que agora são minhas, porque eu comprei do Marcelo. 
Para o Marcelo não compensa contratar mais funcionários, etc., para fazer o serviço que eu faço e ganhar um 
ou dois centavos a mais. Então, nós fazemos esse contrato e estabelecemos que esse contrato vai vigorar 
por prazo indeterminado. Não colocamos o aviso prévio. Até que um dia, o Marcelo quer mudar, por uma 
razão que não é juridicamente relevante. Marcelo, então, me diz que não me quer mais como seu distribuidor. 
Mas e agora, o que eu faço? Ele precisa me dar o aviso prévio. Qual é o aviso prévio, portanto, com base 
nesse critério, seria o razoável? O pensamento vai ser o seguinte: quanto tempo eu vou precisar para pegar 
essa estrutura empresarial que eu tenho, que até agora estava servindo para vender balas para o Marcelo, e 
redirecionar para outra operação? Ahh, eu vou precisar de no mínimo 04 meses. Então o aviso prévio vai ser 
de 04 meses. O ideal é que o próprio contrato estabeleça o aviso prévio. Mas tem mais um detalhe. Nesse 
contrato, vamos pensar que foi feito por prazo indeterminado e estabelecemos um aviso prévio de 30 dias. O 
contrato tem uma cláusula que diz assim – caput: esse contrato será vigorado por tempo indeterminado. § 
único: caso qualquer das partes queira resilir unilateralmente esse contrato, deverá conceder ao outro um 
aviso prévio de 30 dias. Só que enquanto eu e o Marcelo conversávamos para celebrar esse contrato, eu 
disse: Marcelo, mas veja bem, para conseguir cumprir esse contrato, eu vou precisar investir 100 mil reais. 
Vou precisar comprar carro, moto, computador, contratar empregados, etc. Em média, quanto eu vou faturar 
nesse contrato? Ele me diz, em média 20 mil por mês. Fazendo o cálculo, em 5 meses eu já recuperei o 
investimento. Assinamos o contrato, beleza. O contrato está em vigor por 10 dias e o Marcelo me manda uma 
notificação informando que daqui 30 dias o contrato será extinto. O Marcelo está descumprindo alguma 
regra? Art. 473, § único – não importa qual é o aviso prévio que está na lei ou no contrato, se uma das 
partes fez investimentos consideráveis para cumprir o contrato, o aviso prévio / a resilição só terá efeitos 
depois de transcorrido tempo compatível para a recuperação desses investimentos; depois que a 
parte conseguir recuperar os investimentos. Ex.: estamos em plena crise. Há um ano atrás, eu levaria 05 
meses para recuperar os 100 mil e hoje eu levaria 07 meses, essa interferência tem algum problema? O 
prazo avaliado vai ser no tempo da resilição. O que acontece muitas vezes, é o judiciário deixar o contrato em 
vigor até a pessoa conseguir recuperar os investimentos. 
Essa previsão é muito criticada pela doutrina. Ex.: eu fiquei um mês trabalhando como distribuidor 
dor Marcelo, quando ele me manda uma notificação dizendo que daqui 30 dias o contrato será extinto. Só que 
eu ainda não recuperei o investimento e aplico o 473, § único. Qual a consequência prática desse artigo? O 
que acontece? A consequência da aplicação desse artigo é que o contrato se mantém vigente. Qual é o 
problema disso? O problema é que – Ex.: o pessoal da sala do lado está no bar. Chega no comecinho de 
dezembro, as pessoas da nossa sala estão em seus respectivos estágios. E no começo de dezembro, o 
pessoal pede demissão. Porém os respectivos advogados dizem que precisam deles por mais umas 3 
semanas até encontrar alguém. E o pessoal aceita. No dia seguinte, eu, com chuva torrencial, pego meu 
guarda-chuva, pois preciso ir para o fórum pegar um processo enorme. Chegando lá, pelo processo ser muito 
grande, eu penso: se eu não levar, o que o chefe vai fazer? Nada. Então eu digo que cartório vai fazer busca. 
O que se quis dizer com isso? Quis se dizer que quando o contrato é imposto, não rola. A doutrina diz que 
nessas situações em que não se deu o aviso prévio adequado, deveria se indenizar e não impor a 
obrigatoriedade de vigência do contrato, pois quando imposto, o contrato não é cumprido integral e 
devidamente, havendo assim uma espécie de indução para extinguir o contrato de alguma outra forma. Essa 
regra de recuperar os investimentos se aplica tanto no começo, quanto no meio do contrato. Ex.: esse 
contrato entre eu e o Marcelo está vigente por 2 anos e meio, ou seja, eu já recuperei meus investimentos. 
Mas chega um dia em que o Marcelo diz que eu preciso trocar todos os uniformes da empresa e ele precisa 
que eu de uma melhorada nos carros, treine os funcionários de novo. Então, eu vou lá e faço tudo que ele 
pede e no outro dia o Marcelo vem e diz que daqui 30 dias ele vai resilir o contrato. Ele me gerou novosinvestimentos e depois não respeitou isso. Por isso, aplica-se no meio do contrato também. Boa-fé objetiva – 
o Marcelo cria uma expectativa de que o mínimo do investimento eu vou recuperar. Ele tem direito de 
extinguir o contrato com 30 dias de aviso prévio, mas ele não pode abusar desse direito. 
 Resolução: nada mais é do que a extinção baseada no descumprimento do contrato – rescisão no 
vocabulário popular. A resolução é a consequência jurídica mais grave que se tem. Quando se opta pela 
resolução, o contrato volta ao estado anterior. Para que o descumprimento gere a resolução, ele deve ser 
substancial. Ex.: esse contrato de distribuição que eu tenho com o Marcelo, onde tenho que comprar 10 mil 
balas. Essa é a obrigação principal: eu tenho que comprar e o Marcelo tem que me fornecer as balas. Só que 
o contrato estabelece toda a logística da operação. Então, tem um sistema e o contrato diz o seguinte: eu 
tenho que incluir o pedido de balas no sistema até as 18:00 do dia 25 de cada mês. Uma vez incluído o 
pedido, o Marcelo tem 5 dias úteis para me entregar as balas. No dia 25/01/2016, eu inclui no sistema o 
pedido das balas, as 18:23. Eu, portanto, em regra, descumpri o contrato. Marcelo vem e me diz que o 
contrato vai ser resolvido porque eu descumpri o mesmo. Isso é razoável? Não, uma vez que não é um 
descumprimento contratual grave. Então, quando se diz que um descumprimento contratual para gerar 
resolução precisa ser GRAVE, SUBSTANCIAL, exatamente isso. Não é qualquer descumprimento que gera 
resolução. A obrigação descumprida precisa ser substancial. Mas como eu vou saber o que é substancial e o 
que, não é? Vai que para mim colocar o pedido no sistema as 18:00 é fundamental, senão eu não consigo 
cumprir o prazo? Para evitar a dúvida sobre o que é ou não substancial, o que se recomenda que as pessoas 
façam? Que o próprio contrato estabeleça cláusulas que digam quais obrigações, que se descumpridas 
gerarão a resolução do contrato. E quando o contrato tem uma cláusula dessa, esta é chamada de Cláusula 
Resolutiva Expressa (Pacto Comissório). Nessa hipótese, aquele subjetivismo não existe. Como a própria 
lei diz: quando houver essa cláusula, seus efeitos são imediatos – Art. 474, CC. Para que essa cláusula seja 
assim considerada, de operar imediatamente, ela não pode ser genérica, ampla. Ela precisa ser específica 
para ser expressa. Mas os contratos sempre não precisam ter cláusula expressa. É bom ter para evitar o 
subjetivismo. Mas se não tiver, não significa que se ele for descumprido não vai poder resolver, porque 
absolutamente todos os contratos que existem no mundo possuem cláusula resolutiva. Num exemplo dado 
em que um contrato foi descumprido e que por consequência foi extinto, não se sabe se ali tinha cláusula 
resolutiva expressa ou não. Como que ele foi extinto? Porque absolutamente todos os contratos são fundados 
na ideia de que há interdependência entre as prestações. Se uma parte não cumpre as prestações, o contrato 
não vai mais existir. Portanto, a previsão de resolução por descumprimento, existe em todos os contratos. Se 
não for expressa, ela é tácita. Se não houver uma expressa indicação, aí eu digo que o contrato tem 
Cláusula Resolutiva Tácita. Isso significa que todo contrato tem uma regra que diz assim: o 
descumprimento de uma obrigação grave permite a resolução. Essa é a regra que existe em todos os 
contratos, é uma Cláusula Resolutiva Tácita. Mas qual é o problema com essa cláusula? O que ela não tem 
que a expressa tem? Especificidade sobre o que é obrigação grave. Na Resolutiva Tácita, quem vai decidir o 
que é grave ou não é o Poder Judiciário, pois esta precisa de interpelação judicial. Mas além de ter que ser 
buscado por uma ação judicial, é preciso antes interpelar o inadimplente para que ele possa purgar a mora. 
Já na Resolutiva Expressa, como a própria cláusula diz qual é a obrigação, se descumprida, a mora vem da 
própria incidência da cláusula. Na Resolutiva Tácita, a parte que sofre o prejuízo pelo inadimplemento, ela 
pode ou buscar a resolução do contrato ou exigir o cumprimento daquela obrigação inadimplida. Art. 475, CC 
– Ex.: eu tinha que comprar 10 mil balas do Marcelo. Teve um mês que eu não comprei e, portanto, 
descumpri a obrigação principal. Aí o Marcelo diz que não me quer mais como distribuidor, o contrato está 
resolvido. Mas se o Marcelo não quiser resolver, ele vai dizer: juiz, eu quero que você obrigue a Camila a 
cumprir o contrato, ou seja, comprar as 10 mil balas. Portanto, a parte lesada por inadimplemento pode ou 
querer extinguir o contrato ou querer que o contrato seja cumprido. Qualquer um dos casos cabe 
indenização por perdas e danos, conforme o 475. 
Imagine que eu me deixei seduzir pelo carro do Marcelo. Eu vou comprar o carro por um 
financiamento bancário, relação fiduciária e garantia. Eu faço em 60 parcelas. A garantia do banco de que eu 
vou pagar é o carro. Se não pagar a prestação, o banco pede busca e apreensão. Pense que eu fiz esse 
financiamento, paguei a primeira parcela, mas não paguei da segunda em diante. O banco vai pegar o carro 
para cumprir a obrigação. Vai abater na dívida e se sobrar uma diferença devolve para mim. Digamos que eu 
paguei 59 prestações, mas a 60 eu não paguei. Eu estou adimplente ou inadimplente? Inadimplente. Uma 
coisa interessante é a chamada Teoria do Adimplemento Substancial. Se o adimplemento for substancial, a 
parte lesada pelo inadimplemento não vai poder pedir a resolução, só pode buscar a execução específica da 
obrigação inadimplida. A resolução nessa hipótese, configuraria abuso de direito. Ex.: o cliente do Marcelo 
comprou um imóvel na planta, em longas prestações. O contrato estabeleceu que a escritura só seria 
outorgada ao cliente quando este terminasse, quitasse todo o apartamento. O cliente pagou 95% das 
prestações, 5% não pagou. Não pagou porque entendia que havia um juros muito elevado. Para ele já estava 
quitado e para construtora ele estava devendo os 5%. O cliente queria a escritura e a chave para poder entrar 
no apartamento e alugar para terceiros. Aí o Marcelo ajuizou uma ação. Na ação, ele buscou uma liminar 
para que o juiz obrigasse a construtora a entregar a escritura e a chave sob o seguinte argumento: o contrato 
já está quitado, mas ainda que não estivesse quitado, que fossem devidos os 5%, o cliente estaria adimplente 
e a parte lesada pelo inadimplemento, a construtora, pode ou resolver o contrato, falando que não vai mais 
dar o ap., devolvendo a diferença, ou cobrar os 5% que falta. Quem já recebeu 95%, seria razoável que 
resolvesse o contrato? Não. É isso que diz essa teoria. Que quando ocorre um adimplemento substancial do 
contrato, a opção pela resolução, configura abuso de direito. Então nessa hipótese não pode resolver, só 
pode executar a parcela inadimplida. Nesse caso a construtora só pode exigir os 5%, mas não poderia se 
recusar a entregar a escritura. *O que é um adimplemento substancial? O que o configura? Segundo decisão 
do STJ, não se tem um critério de adimplemento substancial, mas menos de 70% não é adimplemento 
substancial. 
ART. 476, CC – Ex.: Compra e venda de um carro. Eu e o Marcelo fizemos um contrato cuja minha 
obrigação é uma obrigação diferida. Isto é, eu pago duas prestações ao Marcelo. Nós parcelamos o carro em 
5x de 10 mil reais. Só que o Marcelo só vai me entregar o carro, conforme contrato, no mês de março. Eu 
pago janeiro, fevereiro, no mês março eu tenho que pagá-lo. Entretanto, Marcelo não me entrega o carro. Eu 
posso buscar a resolução do contrato, já que o Marcelo descumpriu a obrigação dele? Posso, mas eu não 
quero resolver, eu quero que ele me entregue o carro. Então eu quero que o contrato continue em vigor. E, 
portanto, eu vou buscar o judiciário,para que o Marcelo seja obrigado a me entregar o carro. Só que, se o 
contrato continua em vigor, o que eu tenho que fazer no mês de março? Pagar a prestação, assim como nos 
meses subsequentes. Se o contrato está em vigor, não tem que as duas partes cumprir? Mas veja que lógico 
que seria. Eu continuo pagando 10 mil reais para o Marcelo, só que eu não recebo o carro. Não é estranho 
isso? Nessas hipóteses, se aplica o 476. O nome disso é Exceção de Contrato não Cumprido. O termo 
exceção aqui, se refere a defesa, no sentido de que – Ex: no mês de março Marcelo não me entrega o carro, 
mas eu não quero resolver, eu quero que o contrato continue em vigor. Só que no mês de março eu não pago 
e nem o mês de abril. O que este artigo diz, é que Marcelo que está inadimplente, não pode querer cobrar de 
mim a obrigação, enquanto ele não cumprir a dele. E se o Marcelo quiser buscar essa minha obrigação antes 
de cumprir a dele, eu vou me defender com base numa Exceção de Contrato não Cumprido. Aqui não incide 
mora, incide apenas correção monetária. 
Existe também, a chamada Resolução por Inadimplemento Antecipado. Aqui, o contrato ainda 
não foi descumprido, nenhuma das partes descumpriu qualquer das obrigações, mas eu tenho fundado 
receio, fundada suspeita de que vai haver o descumprimento da obrigação. Ex.: eu tenho uma empresa de 
pasta de dente. E eu vou fazer um evento para divulgar a pasta. E para esse evento eu faço a contratação do 
Ronaldinho Gaúcho. O Ronaldinho estará presente nesse evento, que será no sábado 10/11. Esse contrato 
diz que sou obrigada a pagar o cachê do Ronaldinho, um dia antes da data prevista para a aparição dele, ou 
seja, na sexta eu tenho que pagar. Ocorre que sexta, na data que eu tenho que pagar, a presença vai ser em 
Curitiba, o Ronaldinho faz um snap no Japão ao vivo as 19:00. E a presença dele tem que ser no sábado, em 
Curitiba, as 18:00. Na sexta, o Ronaldinho está adimplente ou inadimplente? Adimplente. Eu tenho como 
dizer que ele descumpriu a obrigação sexta? Não, porque a obrigação dele para ser descumprida, precisa ser 
exigível. Na sexta, essa obrigação é exigível? Se for analisar friamente a situação, eu devo depositar o 
dinheiro na sexta para ele. Sábado as 18:00 ele não veio? Não veio. Aí eu vou buscar a restituição desse 
valor. Mas quando uma das partes ainda não descumpriu, mas eu sei que ela vai descumprir a obrigação, 
será que não seria razoável que eu também suspendesse o cumprimento da minha obrigação? Sim, ou seja, 
na sexta-feira as 19:00, Ronaldinho faz snap no Japão. Ele vai estar aqui no sábado as 18:00? Não. Então 
ele ainda não descumpriu a obrigação, mas eu tenho fundado receio de que haverá esse descumprimento. E 
para essa hipótese incide o Art. 477, CC. Isso funciona como uma resolução por inadimplemento antecipado. 
Seria como se fosse uma antecipação de um inadimplemento. Portanto, por se ter fundado receio de que a 
outra parte não vai cumprir a obrigação, eu não cumpro a minha obrigação, suspendo esse cumprimento e 
exijo uma garantia da outra parte. Se não prestar essa garantia, eu resolvo o contrato por inadimplemento 
antecipado. – Mando um whats para o Ronaldinho, “percebo que o Sr. está no Japão e o nosso evento é 
amanhã as 18:00. Me dê uma garantia de que o Sr. estará aqui, uma garantia idônea. Ele não dá. Na hora eu 
dou o contrato por resolvido por inadimplemento. Como inadimplemento na sexta, se a obrigação deveria ser 
cumprida no sábado? Por isso que se fala em inadimplemento antecipado. Não precisa esperar, você sabe 
que será descumprido. Outro exemplo: eu me formo e já colo grau com o exame da Ordem. Logo depois, fui 
contratada, em razão dos meus conhecimentos profissionais, por uma empresa grande para fazer um grande 
parecer. Um parecer complexo, importante. E essa empresa me contratou e eu cobrei 500 mil reais. Eu ia 
levar 06 meses para levantar todos os dados e para cumprir todo o parecer. Só que nesse contrato estava 
escrito que a empresa ia pagar quando eu entregasse o parecer. Todo dia eu acordo as 06:00, tomo café, me 
arrumo e começo a preparar o parecer. 06:30 eu já estou fazendo o parecer. Até as 20:00. Rotina diária. Após 
2 meses de trabalho, em um dos momentos de pausa nessa confecção do parecer, eu resolvo ligar na Globo 
News. E percebo que todos os sócios da empresa estão envolvidos na 98ª fase da operação da Lava-jato. Os 
sócios estão sendo presos e a empresa passa a ter um declínio patrimonial brutal. A empresa que antes, no 
momento do contrato era uma empresa saudável do ponto de vista financeiro, passa a ter um declínio brutal, 
perdendo contratos, patrimônio, etc. Eu continuaria a acordar 06:00 para terminar o parecer e entregá-lo para 
a empresa dizer que está quebrada e que não vai me pagar? Eu ia levar 06 meses para terminar o parecer. 
Esse fato aconteceu com 02 meses. Seria razoável que eu continuasse trabalhando, realizando essa 
obrigação, diante desse fundado receio de que uma vez que eu cumpra minha obrigação, a empresa não vai 
pagar? Não. É para essa hipótese também que se aplica o 477. Nessa hipótese o que acontece? Eu percebo 
que aconteceu isso e notifico a empresa: percebi que o negócio está feio. Me dê uma garantia idônea ou se 
não vou dar por resolvido esse contrato. A obrigação da empresa seria cumprida somente depois da entrega 
do parecer. Eu não estou nem na metade e vou dar o contrato por resolvido por falta de pagamento, por 
inadimplemento. Por isso que é inadimplemento antecipado. Agora se a empresa dá uma garantia idônea, 
como uma carta fiança do banco, onde este diz que se a empresa não pagar ele paga, aí eu tenho garantia. 
Eu não vou pôr o dinheiro no bolso já. Eu vou seguir o contrato. Fiz o parecer e entreguei, quero o dinheiro. A 
empresa não pagou, eu tenho uma garantia. Mas sem isso eu posso dar por resolvido o contrato. 
Qual é a ressalva feita quanto a isso? O 477, fala na alteração do patrimônio DEPOIS de 
celebrado o contrato. Pense na seguinte situação: mesma história do parecer. Eu estou levantando os dados 
financeiros da empresa para realizar o parecer e nesse levantamento percebo que a empresa está quebrada 
há um ano. Eu posso suspender o cumprimento da minha obrigação e aplicar o 477? Não. Aqui eu tenho que 
cumprir o contrato e só depois cobrar. A diferença é que nesse segundo exemplo eu fiz um contrato mal feito. 
A situação da empresa não mudou, continua a mesma. Eu só descobri depois, mas o azar é meu. Mas eu vou 
continuar trabalhando, mesmo tendo descoberto que a empresa está quebrada? Sim. É o meu ônus ter feito 
um contrato onde eu só vou receber ao final. O que o artigo diz, é na alteração do patrimônio após o contrato. 
Ex.: Eu tenho uma construtora e o Marcelo quer construir uma casa em um terreno que ele comprou. 
Ele chega e fala: a casa está aqui, o projeto da casa, quanto que você me cobra para construir essa casa? Eu 
digo que para construir cobro 500 mil reais. 500 mil reais e entrego a chave da casa pronta. O material é todo 
comigo, o Marcelo só vai pagar o combinado. Fazemos, portanto, esse contrato de empreitada, por meio do 
qual o Marcelo vai me pagar os 500 mil e eu vou entregar a casa que está no projeto. Com 2 meses de 
vigência desse contrato, eu estou construindo ainda a fundação da casa e o terreno sofre um terremoto. Um 
terremoto pequeno, mas que altera todas as condições do terreno. E agora, uma casa cujo os pilares eu 
estava planejando fazer de 01 metro, vai ter que ser de 15 metros. Os custos que eu teria para construir, que 
seria de 300 mil reais, agora só de custos vai ser de 800 mil reais, em razão desse fato que ocorreu após a 
celebração do contrato. Eu sou obrigada a continuar vinculada a esse contrato? A construir a casa por 500 
mil? Ou posso resolver o contrato? Art.478, CC – Resolução do Contrato por Onerosidade Excessiva. 
Nessa hipótese, eu estou preparada para construir a casa com 300 mil reais. Em razão do evento ocorrido 
após a celebração do contrato, os meus custos aumentaram de 300 para 800 mil reais. Em que é possível 
pleitear? A Resolução do contrato por onerosidade excessiva. Qual é a consequência disso? A 
consequência é que o contrato será resolvido, a sentença retroage a data da citação e até aquela data, 
voltam as partes ao estado anterior. Então, se o Marcelo já me pagou, eu devolvo o dinheiro e tudo fica 
como se não existisse esse contrato. Porque? Porque além dos princípios contratuais, que é a função social e 
a boa-fé objetiva, os contratos também são regulados pelos princípios da justiça contratual e, esse princípio 
da justiça contratual, reside como equilíbrio entre as prestações. É imprescindível, portanto, que exista esse 
equilíbrio entre as prestações. Uma vez que essas prestações sejam desequilibradas, por um fato 
extraordinário e imprevisível que ocorre entre a celebração do contrato, é possível resolver esse contrato. 
Pode-se perceber que não há o descumprimento do contrato, mas como as prestações serão excessivamente 
onerosas, eu posso falar em resolução. A Resolução do Contrato por Onerosidade Excessiva possui alguns 
requisitos: 
1. Contrato de Execução Continuada ou Diferida: Contrato de Execução Continuada são parcelas 
que se renovam periodicamente e diferida é uma parcela cujo o cumprimento se difere no tempo. Ex. de 
continuada: contrato de locação. Todo mês se renova o dever do locatário, todo mês ele precisa pagar o 
aluguel. Ex. de diferida: se tem uma prestação que vai ser paga no futuro, como o meu dever de construir a 
casa para o Marcelo. Como a TV que se compra em 60x nas Casas Bahia – a parcela é única, que é pagar a 
TV, mas a execução vai ser diferida no tempo. Porque só se aplica a Resolução por Onerosidade Excessiva 
no Contrato de Execução Continuada ou Diferida? Porque eu preciso ter um hiato (espaço) temporal, isto é, 
uma separação entre a celebração do contrato e o prazo para pagamento e a época do pagamento. 
Celebração do contrato – Tempo – Cumprimento. 
2. Ocorrência de um Fato Extraordinário e Imprevisível: esses dois adjetivos se complementam. 
Então a extraordinariedade e a imprevisibilidade significam situações absolutamente inesperadas. E é nesse 
ponto que fica muito difícil de na prática verificar a aplicação da Resolução por Onerosidade Excessiva, em 
razão da dificuldade do cumprimento desses dois adjetivos. Porque todo contrato de execução continuada, 
possui riscos próprios do contrato, que são inerentes daquele contrato. E uma vez que você celebra aquele 
contrato, você invariavelmente assume esses riscos. Ex. de discussão que foi até o STJ sobre existência ou 
não de um acontecimento de caráter extraordinário e imprevisível, ou seja, sobre a possibilidade ou não de 
resolução do contrato por onerosidade excessiva: contrato de compra e venda de soja futura, que seria um 
contrato aleatório. eu compro 10 alqueires de soja, antes da plantação. O Marcelo que me vendeu. Então, ele 
tem a obrigação de me entregar o equivalente a 10 alqueires de soja. Eu pago ao Marcelo o valor e quero de 
volta os 10 alqueires. O Marcelo fez a plantação da soja, só que essa soja foi atingida por um fungo chamado 
Ferrugem Asiática e ele não conseguiu colher nada. Em razão disso, o Marcelo pode ir até o juiz e dizer que 
ele quer resolver o contrato, porque agora, como esse fungo atingiu toda a soja, de toda a região, para ele 
conseguir os 10 alqueires de soja, vai pagar muito mais caro do que o preço que vendeu. Para o Marcelo 
conseguir entregar a soja a mim, ele vai precisar comprar em um outro Estado e como tem pouca soja no 
mercado, eles vão pagar muito mais caro. Marcelo botou 500 mil no bolso, mas vai ter que gastar um milhão 
para comprar a soja e cumprir esse contrato. Porque? Porque ocorreu um evento superveniente 
extraordinário e imprevisível, que permite a resolução do contrato por onerosidade excessiva. E daí o Marcelo 
foi até o Poder Judiciário e quis resolver esse contrato. E a consequência é que ele me devolve os 500 mil 
reais e pronto, volta ao estado anterior, mas ele não é obrigado a me entregar os 10 alqueires de soja. E eu 
digo que não, eu paguei a soja antes, 500 mil, agora eu quero soja. Se a soja ficou cara, azar o teu Marcelo. 
E nesse caso o Poder Judiciário tinha que avaliar se nesse caso era cabível a resolução por onerosidade 
excessiva. Se aplicaria ou não? O que o STJ entendeu: porque é que alguém compra a soja antes e não 
espera que a mesma seja colhida, para daí comprar? Porque quando você compra antes, você paga mais 
barato. O STJ entendeu que nessa hipótese ocorreu um evento superveniente, mas esse risco é um risco 
próprio do negócio. Não haveria, portanto, o caráter extraordinário, não seria algo imprevisível. E quando se 
fala em imprevisibilidade, não a analisa de forma subjetiva. Essa imprevisibilidade do acontecimento tem que 
ser interpretada de forma objetiva. Significa que eu não preciso entrar na cabeça do agricultor para ver se ele 
previa o fungo ou não. Eu preciso analisar objetivamente se qualquer agricultor poderia prever a possibilidade 
de a sua soja ser atingida por fungo. Sim, pois faz parte do risco do negócio. Por isso que é muito difícil 
aplicar a Resolução do Contrato por Onerosidade Excessiva. Mas nessa hipótese, quando que seria um 
evento extraordinário e imprevisível? Quando o Godzila viesse e pisasse na soja. O que o art. 478 busca, é 
aquela situação que se fala em alteração da base do negócio. As partes celebraram o negócio prevendo 
determinadas circunstâncias e acontece um fato totalmente imprevisto, que muda essa base. Daí o contrato 
poderia naturalmente ser resolvido. 
3. Esse evento Extraordinário e Imprevisível tem que gerar uma onerosidade excessiva: na 
hipótese em que o Marcelo venderia a soja para mim. Mas a soja foi atingida por uma praga que nunca 
existiu. E quem está interpretando, diz que nessa hipótese é extraordinário e imprevisível. Então, ele tem um 
evento extraordinário e imprevisível que o impede de entregar a soja, de não ter a soja e a entregar. Mas 
obrigação de entregar 10 hectares de soja é uma obrigação de dar coisa incerta. Então, se ele não tem a soja 
para ele, ele tem como dizer que não tem como cumprir porque a soja não está aqui, a coisa não existe? Ou 
ele tem que ir atrás de outra soja? Ele tem que ir atrás de outra soja. O gênero nunca perece. Pois bem, 
aconteceu evento extraordinário e imprevisível, que fez com que o Marcelo não tivesse a soja. Só que para 
cumprir esse contrato, se ele tivesse colhido essa soja, iria gastar 10 reais por unidade medida. Ele não 
conseguiu colher nada, pois a soja foi atingida por um fungo extraordinário e imprevisível. Só que o vizinho 
está vendendo a mesma soja por 14 reais unidade medida, ou seja, ele vai ter um desequilíbrio, vai ter um 
gasto maior para cumprir esse contrato, mas não é um algo extraordinário. Então, o que esse evento causou 
a ele, não foi uma excessiva desproporção entre as prestações, foi uma desproporção pequena. Portanto, 
não basta que o evento seja extraordinário e imprevisível, é preciso que ele gere excessiva desproporção 
entre as prestações, entre aquelas previstas no começo do contrato e aquelas que serão efetivamente 
cumpridas. Qual é a lógica disso? A lógica é que o contrato só vai ser resolvido, se realmente houver algum 
desequilíbrio, se a alteração da base do negócio, se a alteração das circunstâncias existentes quando da 
celebração do contrato, gerar desequilíbrio efetivo, excessivo. Nessa hipótese de resolução, volta-se ao 
estado anterior, não sendo cabível indenização. 
 CONTRATOSEM ESPÉCIE: 
O contrato genericamente falando, nasce primeiro na sociedade. Então são as pessoas, conforme os 
seus interesses, criam regulamentações, regras contratuais que melhor se adequam as suas realidades. O 
que o CC faz, é verificar quais são os contratos que mais ocorrem na sociedade e, como são contratos que 
mais ocorrem, ele se preocupa em traçar um regramento específico para aqueles determinados contratos. 
Não por acaso, o primeiro contrato especificamente regulamentado pelo CC é o Contrato de Compra e Venda. 
Ele vem pouco depois das formas de extinção dos contratos. Não significa que os contratos que não estão 
especificamente previstos no CC não podem ser aceitos. Eles podem sim. Tanto é que o próprio artigo 425 
estabelece a licitude da atipicidade contratual. Então tudo o que não é proibido para fins de contrato, é 
permitido. Portanto, as regras contratuais que quisermos estabelecer conforme as peculiaridades dos nossos 
casos, são aceitas sim. Mas se quisermos nos valer de regras já definidas no CC, tem-se as Regras Próprias. 
Então, as regras estabelecidas nos Contratos em Espécie, via de regra, são regras supletivas a vontade das 
partes. Então o que está no CC, pode ser estabelecido de forma diferente pelas partes sim. Mas o CC 
estabelece: caso as partes não criem regras, ele já tem regras próprias para esses contratos que são muito 
utilizados. 
 CONTRATO DE COMPRA E VENDA: 
O Contrato de Compra e Venda é um dos mais importantes porque sua origem decorre de um dos 
primeiros contratos que se tem notícia realizado pelas civilizações. Sua origem remonta o primeiro contrato, 
 
PERDIDA A GRAVAÇÃO ATÉ 0:16:38,15. 
 
Como se trata de um bem imóvel, a transferência se dá com registro do contrato na matrícula no 
imóvel. Art. 1226 e 1227, CC. Art. 1245, CC – Quando este em situação com o Art. 1227, fala na 
necessidade de registro, ele diz que o ato que vai efetivar a transferência da propriedade é o Registro. Ou 
seja, o contrato por si só não transfere propriedade, este transferirá propriedade quando ele for registrado na 
matrícula do imóvel, portanto, que transfere o registro. 
Se for bem móvel, o que transfere a propriedade é a tradição – Arts. 1226 e 1267, CC. Quem tem a 
escritura não é ainda o proprietário. Por que? Mas se o comprador está com a escritura e ele não é o 
proprietário, qual é o direito que ele tem? Vimos que o Contrato de Compra e Venda não cria direito Real e 
cria direito Pessoal / Obrigacional. O comprador, uma vez que celebrou o contrato de compra e venda, se 
torna proprietário? Não. Qual o direito que o comprador tem ao celebrar o contrato de compra e venda? 
Obs.: O que é um direito pessoal, uma obrigação? Uma obrigação é uma relação jurídica entre duas 
pessoas, por meio da qual uma tem o direito de exigir uma prestação a ser cumprida pela outra. E o que é 
uma prestação? É o ato de dar, fazer e não fazer. 
Como o comprador tem um direito pessoal, portanto, ele tem uma relação jurídica com outra pessoa 
que é o vendedor, por meio do qual o comprador vai ter o direito de exigir uma prestação a ser cumprida pelo 
vendedor. Qual é a prestação? Transferir a propriedade. Então o contrato de compra e venda não cria um 
direito real e sim pessoal, que é exigir do vendedor a transferência da propriedade. Então, o contrato de 
compra e venda tem eficácia obrigacional e não real, pois cria direito pessoal e não real. 
 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA COMPRA E VENDA: 
São 03: 
1. Coisa: no CDC é referida como produto. A coisa é representada por qualquer elemento de 
conteúdo econômico, que integra o patrimônio do vendedor e que é suscetível de alienação. Porque essa 
referência de ser suscetível de alienação? Porque nem tudo aquilo que integra o patrimônio do vendedor é 
suscetível de alienação. Ex.: Art. 426, CC – veda a alienação de herança de pessoa viva. E quando se fala 
em elemento de conteúdo econômico que integra o patrimônio do vendedor, pode se fazer referência tanto a 
elementos de natureza corpórea quanto elementos de natureza incorpórea. Então pode ser objeto de compra 
e venda tanto de bens corpóreos, quanto bens incorpóreos. Bem incorpóreo é uma propriedade intelectual, 
não é um bem palpável. Costuma-se denominar na prática, a compra e venda de bem incorpóreo de Cessão, 
do verbo ceder. 
Ex.: Crédito. Eu dei um cheque pré-datado ao Marcelo no valor de 10 mil reais. “Bom para 
31/12/2016”. Hoje, o Marcelo tem 10 mil reais no bolso? Não. Mas ele não tem um direito de me cobrar esses 
10 mil reais? Sim. Isso tem conteúdo econômico ou não? Tem. A Alessandra chega no Marcelo e diz: Marcelo, 
eu te compro esse direito de 10 mil reais te pagando 8 mil. Ou seja, ele entrega esse cheque que vale 10 mil 
e recebe 8 mil. Ele está vendendo um direito que ele tem? Ele não está fazendo uma compra e venda de um 
direito, de um crédito? Sim, contrato de compra e venda de crédito. Mas como é um bem incorpóreo, 
costuma-se chamar de cessão. 
A coisa pode ser determinada ou determinável, isto é, coisa certa ou incerta. Determinada é aquela 
que é individualizada no momento da celebração do contrato e determinável, é aquela que o contrato não 
individualiza a coisa, mas traz parâmetros para individualização futura. 
O interessante é que, no que se estabelece como objeto do contrato uma coisa determinável e que é 
futura, na regra geral, se essa coisa vier a não existir, o contrato tem que ser desfeito. Ex.: o Marcelo tem uma 
enorme fazenda em Irati. E tem uma vaca que possivelmente ficará prenha no mês de dezembro. E ele vai 
vender para mim um bezerrinho. Hoje nós celebramos um contrato de compra e venda do bezerro da vaca 
que vai ficar prenha. Hoje, eu falo para o Marcelo que vou pagar Mil reais pelo bezerro. Nós celebramos e 
fazemos o contrato. Mas deu problema, a vaca não ficou prenha e não teve o bezerro, ou seja, eu não 
comprei nada. Então a coisa deixou de existir. A coisa era uma coisa futura, deixou de existir, o negócio é 
desfeito. O Marcelo sempre tem uma hipótese em que mesmo que o bezerro não exista, ele pode cobrar os 
mil reais de mim. A hipótese é o Art. 483, CC – a compra e venda pode ter como objeto coisa atual ou futura. 
Neste caso de futura, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era 
de concluir contrato aleatório. Contrato aleatório é quando você assume um risco sobre determinada coisa. 
Então se a intenção era realmente fazer um contrato aleatório, depois se a coisa não vier a existir, faz parte 
do risco que foi assumido pela parte. Nessa hipótese o contrato não fica sem efeito. O que não é aleatório é 
comutativo. 
2. Preço: é a contraprestação devida pelo comprador em decorrência do direito de propriedade 
adquirido pelo vendedor. Enquanto o vendedor transfere a propriedade, o comprador paga o preço. O preço 
necessariamente tem que ser em dinheiro. Ex.: Vamos dizer que eu tenho uma casa e quero vendê-la por 
500 mil reais. O Marcelo quer comprar a casa, mas não tem os 500 mil. Ele tem 200 mil reais e um carro que 
vale 300 mil. E ele me pergunta se eu aceito um tanto em dinheiro e um tanto no carro. Eu aceito, vendo a 
casa, ele paga 200 mil + o carro dele. Esse contrato é válido? Qual a natureza jurídica? Compra e venda é 
em dinheiro. Se a prestação paga não for em dinheiro, chama-se de troca ou permuta – Art. 533, CC. Quando 
é parte em dinheiro e parte em bem, segundo a doutrina majoritária, diz que nessas hipóteses vale a 
prestação predominante. Nesse caso que o Marcelo pagou 200 mil reais e mais um carro de 300 mil, esse 
contrato é uma troca, pois a prestação predominante foi em bem. 
E se o valor ficar meio a meio? Por isso que o professor não concorda com a doutrina majoritária. No 
campo dogmático próprio, a naturezajurídica de um determinado negócio jurídico, na opinião do professor, 
não pode estar vinculada ao valor da prestação. Ou é dinheiro ou é coisa, não importa o valor. Para a 
qualificação jurídica, interessa o instituto em si, interessa o que é a prestação, a natureza da prestação, se é 
em dinheiro ou é em bem. Ele não consegue assimilar muito a ideia de você qualificar um negócio jurídico a 
partir do valor da prestação, “até 10 reais é compra e venda, acima de 10 é troca”. Ele não acha que isso 
tecnicamente tem uma justificativa. É uma justificativa que a doutrina dá e que parece que é mais uma 
justificativa para tentar dar uma resposta. E o que o professor acredita, é o que a doutrina minoritária diz por 
aí. Na visão dele, quando o pagamento é parte em dinheiro e parte em bem, tem-se o que se chama de 
contrato misto. O que é Contrato misto? 
O CC, naqueles contratos que mais ocorrem na sociedade, estabelecem regras próprias e, portanto, 
tem-se os contratos típicos. Compra e venda é um contrato típico, pois é regulado pelo CC. Mas se para 
minha peculiaridade prática / fática, eu não tenho nenhum contrato típico, eu posso criar outro contrato? Sim, 
Art. 425, CC. Se nenhuma daquelas hipóteses do CC atende os meus interesses, vou criar um contrato 
atípico. Nessa atividade criativa, será que eu não posso pegar partes dos contratos típicos que já existem e a 
partir de pedaços criar um novo? Sim. E é isso que é um contrato misto. O contrato misto é um contrato 
atípico, mas que é caracterizado por ter partes de contratos típicos. Ex.: Contrato de Leasing. É um pouco de 
locação e um pouco de compra e venda. Mas ele é caracterizado como um novo contrato. 
Como o preço é fixado? É fixado, via de regra, por consenso entre as partes. Esse consenso fixa o 
preço de maneira direta ou indireta? A fixação de maneira direta é aquele preço certo, determinado, que as 
próprias partes estabelecem e fixam no contrato. Ex.: Eu quero comprar um caro no valor de 20 mil reais. O 
Marcelo tem o carro e quer vender por 20 mil. Nós celebramos o contrato de compra e venda do carro pelo 
preço de 20 mil reais. Esse preço foi fixado por acordo de vontades e o preço é certo, determinado, 20 mil 
reais. Mas as vezes o preço não é certo, determinado logo na inseminação do contrato. O consenso das 
partes, ao invés de fixar o preço, fixa parâmetros para a quantificação desse preço – Arts. 485 ao 487, CC. 
Então, as partes não dizem qual é o preço, mas elas concordam em como será fixado esse preço. Essa é a 
fixação indireta. Ex.: eu sou dona de uma casa de leilão em Las Vegas. E o Marcelo tem na mão uma relíquia. 
E ele chega para mim e diz que quer me vender a relíquia. Eu digo que quero comprar, mas pergunto por 
quanto ele quer vender. E o Marcelo diz que não faz ideia, pois não sabia dizer quanto vale a relíquia. Ele me 
pergunta quanto eu pago? Eu digo que também não sei. Mas como fazemos? Para evitar problema, o 
Marcelo sabe que vai vender para mim e eu quero comprar. Então, já fazemos o contrato de compra e venda 
da relíquia. Contrato pelo qual o Marcelo venderá a relíquia para mim. Na parte do preço fazemos assim: eu 
irei pagar nessa relíquia o preço que o especialista arbitrar, fixar. Aqui dizemos de que forma vamos chegar ao 
preço. O consenso é tão importante para a fixação do preço, que nessa hipótese, se o terceiro indicado pelas 
partes se recusar a fixar o preço, o juiz não pode nomear outra pessoa – Art. 485, CC. 
Os Arts. 486 e 487, CC estabelecem fixação de preço por índices de mercado. Ex.: Eu vou comprar 
o carro do Marcelo, fazemos o contrato de compra e venda e eu vou pagar no carro o preço de 100% da 
tabela FIP de outubro de 2016. Nós concordamos com isso. Sabemos qual é o valor? Não, mas sabemos de 
que forma chegaremos ao preço. 
Art. 489, CC – Ex.: Eu fui ao mercado sábado fazer compras para casa. Cheguei lá, comprei 3Kg de 
picanha. Estava escrito lá “Picanha: R$ 38,00 / Kg”. Eu fui lá, comprei e paguei, mas quem fixou esse preço 
não fui eu. Eu fui lá e comprei um pacote de arroz. Estava R$ 12,00 o pacote. Eu comprei e levei para casa, 
mas quem fixou esse preço foi exclusivamente o dono do mercado. Por que esse contrato não é nulo? 
Porque é uma proposta que eu aceitei. Quando o dono do mercado coloca o preço no produto, ele está 
propondo. Se eu não quiser concordar, eu não compro. Mas se eu pegar a picanha e pagar, significa que eu 
concordei. E se eu concordei, esse preço foi fixado exclusivamente ou por consenso? Por consenso. O que 
esse artigo procura regular, não é a hipótese da proposta. Ex.: relíquia que eu vou comprar. Eu quero comprar 
e o Marcelo quer vender. Nós escrevemos assim: contrato de compra e venda, objeto do contrato “relíquia”. O 
preço: por esse preço, eu pagarei o preço que o Marcelo quiser. Isso é um contrato que deixa a fixação do 
preço a exclusivo arbítrio de uma das partes. Isso não pode, é nulo. Aqui o contrato já está formado, nós já 
temos a concordância quanto a contratar. No mercado eu não tenho contrato firmado, eu tenho uma proposta. 
E se o contrato de compra e venda for celebrado sem a fixação do preço? As partes esqueceram de 
estabelecer o preço. O preço não é um elemento constitutivo do contrato de compra e venda? A regra geral, 
portanto, é que quando não há fixação do preço, o contrato é nulo. Não há contrato de compra e venda sem 
preço. Não é doação, porque esta exige o que se chama de vontade de transferir a propriedade, sem exigir 
uma contraprestação. Porém, o CC/2002 trouxe uma regra nova, que é a regra do art. 488, caput. É uma 
tentativa de salvar o contrato. Se não houver fixação do preço, nem um meio para se fixar o preço (nomear 
um avaliador, não indicar um terceiro ou um índice oficial), entende-se que as partes se sujeitaram ao preço 
habitual do vendedor. Ex.: o Marcelo é um vendedor de chapéus. E cada chapéu que ele vende, vende ao 
custo de 10 a 20 reais. Aí vai eu e celebro com o Marcelo um contrato de compra e venda de um chapéu. Mas 
não fixamos preço. Regra geral, ele é nulo, mas se o Marcelo tem esse preço habitual de 10 a 20 reais, o que 
o 488 busca dizer é: nessa hipótese, vamos salvar esse contrato. Vamos entender que as partes quiseram 
comprar com o preço habitual do vendedor. Mas Marcelo, você vendia entre 10 a 20 e, agora, aplica-se o 
que? § único. Então, quando o vendedor tiver preço habitual, eu vou afastar a regra da nulidade e vou 
interpretar como preço habitual do vendedor. Agora, se for um vendedor que não realiza habitualmente 
vendas, aí não tem o que salvar, o contrato vai ser nulo. Não dá para fixar preço de mercado, dá somente 
daquele vendedor. 
3. Consentimento: nada mais é que a vontade de vender em conjunto com a vontade de comprar. 
Não dá para firmar um contrato de compra e venda, se um quer vender, mas o outro quer receber a título de 
doação, por exemplo. Não dá para firmar contrato de compra e venda se um quer comprar, mas o outro quer 
alugar. Ambos, portanto, tem que convergir suas vontades no sentido de realizar a alienação da propriedade 
do bem mediante uma contraprestação, que necessariamente tem que ser em dinheiro. 
 Limitado: trata-se também de consentimento como elemento constitutivo de compra e venda, 
porque tem hipóteses que, não obstante, existe essa vontade convergente das partes, no sentido de vender e 
comprar, que a própria lei afasta a possibilidade de celebração do contrato de compra e venda. Ou seja, há 
situações em que as partes querem efetivamente celebrar o contrato, mas não podem. Ou seja, o 
consentimento nessas hipóteses é limitado é restringido pela própria lei. 
Ex.: Art. 496, CC – mesmo que um pai queira vender para um filho, se ele o fizer sem o 
consentimento dos outros filhos, esta venda será anulável. O intuito dessaprevisão legal, é proteger a divisão 
hereditária de maneira equilibrada, igual. Evitar que um filho seja favorecido em face dos demais. Nessa 
hipótese se o pai quiser vender para o filho, precisa da anuência dos demais filhos e do cônjuge. Existe 
apenas uma hipótese de regime de comunhão de bens em que não é necessária a outorga marital ou 
comissória do cônjuge para essa transferência de propriedade, esse contrato de compra e venda. Que é a 
hipótese do Art. 1641, CC, que trata do regime de separação obrigatória de bens. Uma outra hipótese que há 
restrição ao consentimento, é do Art. 497, CC, que fala nos casos de compra de bens por entes responsáveis 
pelo zelo desses bens. Ex.: Imagine que eu sou juiz federal do Rio de Janeiro e sou responsável por conduzir 
um processo de execução de uma pessoa chamada Eike Batista. Que eu nesse processo de execução como 
juiz responsável por bem conduzir esse processo, defiro a penhora de um Porsche Cayenne. E 
imediatamente defiro a realização do leilão. No dia previsto para a realização do leilão, a primeira pessoa que 
está sentada na primeira cadeira para dar o lance sou eu. Eu penhorei, mandei a leilão e estou apta a 
comprar esse carro. Isso não pode (Art. 447, CC). 
Outra hipótese de restrição é a do Art. 504, CC – Trata de uma situação em que há uma 
copropriedade sobre o mesmo bem. Nessa hipótese, se um dos condôminos quiser vender a sua cota-parte, 
ele precisa garantir o direito de preferência do outro condômino. Não pode vender para terceiro sem antes 
garantir esse direito. Ex.: eu e minha irmã temos um apartamento, ou seja, cada um é proprietário da cota-
parte de 50% desse apartamento. Nós dois somos proprietários de 100%, cada um é 50%. Por isso se fala 
em cota-parte. Eu quero vender a minha cota-parte. Se eu sou proprietário de 100%, eu posso vender os 
100%? Sim. Se eu não sou proprietário de 100%, mas sou de 50%, posso vender os 50%? Naturalmente que 
sim. Eu encontro uma pessoa e vendo 50% desse bem para essa pessoa, ou seja, toda a minha propriedade 
eu vendi para ela. Só que o que esse artigo estabelece é que caso eu queira vender a minha cota-parte para 
terceiro, eu preciso dar a preferência de compra para o outro condômino. Então eu tenho que avisar a minha 
irmã: olha, vou vender para um terceiro por X mil reais, pagamento à vista. Você quer comprar? Se ela quiser 
comprar, por mais que eu não goste dela e que eu não queira vender para ela e sim para um terceiro, azar, eu 
tenho que vender para ela. Isso é restrição também a hipótese de consentimento. Caso o outro condômino 
não aceite comprar a cota-parte, eu posso vender a terceiro. Não existe também, prazo de aceitação por parte 
do outro condômino, prazo para que este responda se aceita ou não a compra da cota-parte. Mas daí vai ser 
o prazo de constado a notificação. Então você tem que notificar a parte de que tem alguém interessado em 
comprar, se ela aceita ou não e concede o prazo. O que tem, é um prazo de 180 dias, caso se verifique que 
não foi observado direito de preferência, para que o condômino preterido, no seu direito de preferência, 
deposite o dinheiro e cobre o bem. 
No caput deste artigo, vê-se uma situação interessante. Veja que, o condômino preterido tem direito 
real de cobrar o seu direito de preferência, ou seja, o direito de preferência estabelecido no 504, tem eficácia 
real. O que significa isso? Significa que, se não for observado direito de preferência, aquela pessoa que teve 
a preferência preterida, pode buscar o bem nas mãos de quem quer que esteja. Ou seja, ela tem o direito de 
sequela. Direito de sequela, é o direito que se liga ao bem e não sai dele, podendo buscar o bem nas mãos 
de quem quer que esteja. Qual é a eficácia real dos direitos reais? Se eu tenho um apartamento em 
condomínio com a minha irmã, eu tenho que preservar a preferência dela. Então ela tem um direito 
obrigacional perante mim, ou seja, ela pode cobrar uma prestação a ser exercida de mim, que é preservar a 
preferência, isso é o direito obrigacional. Agora, se eu descumprir isso e vender a minha cota-parte a um 
terceiro, ela tem condições de pegar essa cota-parte nas mãos de quem quer que seja. Então ela tem um 
direito pessoal, mas ela vai poder exercer esse direito pessoal na mão de quem quer que esteja. E quando se 
fala em buscar na mão de quem quer que esteja, não se está falando de um atributo inerente aos direitos 
reais? Sim, por isso essa é uma obrigação com eficácia real. 
E por que é importante o Art. 504? Porque quem já celebrou escritura pública de compra e venda de 
imóvel, vai se identificar com isso: chama o vendedor e fala “vendedor, vamos até o cartório fazer a escritura 
pública de compra e venda do imóvel” e ele diz “vamos”. Você chega para o vendedor e fala: “querido 
vendedor, se nós colocarmos aqui que realmente estou pagando 1 milhão nesse imóvel, eu vou ter que 
recolher todos os meus tributos sobre esse valor que está aqui declarado. Eu estou com 600 mil reais aqui na 
mala e vou te dar agora. Não tem como, em vez de nós colocarmos que o imóvel foi comprado por 1 milhão, 
colocarmos que eu comprei por 400 mil e eu te dou 600 mil por fora?”. Isso é maquiar o valor da escritura. O 
grande problema disso, é que isso pode gerar consequência para terceiro. Ex.: eu vendi 50% do apartamento 
do exemplo anterior. Eu ofereci para minha irmã “querida irmã, o comprador está me oferecendo 1 milhão de 
reais, você quer comprar por 1 milhão?” e ela “Eu até queria, mas eu não tenho 1 milhão!”. Eu vendi para ele, 
mas na escritura colocamos 400 mil reais. Eu até recebi 1 milhão, mas na escritura está escrito 400 mil. O 
que diz o Art. 504? Diz que o terceiro preterido pode depositar o valor do negócio e pegar o bem na mão de 
terceiro. Se nós colocamos 400 mil reais, minha irmã vê lá na matrícula que foi comprado por 400 mil e não 1 
milhão. A parcela que oferecida a ela era de 1 milhão e não 400 mil. Por 400 mil ela compra. Ela: “tá aqui a 
grana, terceiro vaza que é tudo meu”. Então não vale muito a pena fazer essa maquiagem. 
 Algumas regras específicas do contrato de compra e venda: 
1. Referente a Ordem das Obrigações: Anunciei um carro para vender nos classificados do jornal. 
Achei um comprador. O comprador ia pagar a vista, só que fica uma dúvida: será que primeiro eu entrego o 
documento assinado para ele com a chave do carro ou primeiro ele paga para mim? Eu não conhecia a 
pessoa. Então o meu medo é “tá, eu vou fazer a tradição, mas ele não vai me pagar! Não, primeiro ele me 
paga”. Qual o medo dele “Vou te pagar e você some com o carro!”. Tanto é que normalmente essas 
negociações são feitas em banco. Caso não exista previsão contratual própria, quem tem a primeira 
obrigação no contrato de compra e venda? O comprador ou o vendedor? Primeiro o comprador paga ou 
primeiro o vendedor transfere a propriedade do bem? Primeiro o comprador paga. Art. 491, CC. 
Vamos pensar num contrato que estabelece pagamento a prazo. Faz-se um contrato no dia 01/01, 
onde se estabelece que o comprador vai pagar o valor de 50 mil reais em 5 parcelas de 10 mil. A 1ª parcela 
vai ser paga até o dia 10/01, que é quando o vendedor precisa entregar o carro. Porém, nesse meio tempo, o 
vendedor percebe que o comprador caiu em solvência e não vai ter condições de cumprir as demais parcelas. 
Será que ainda assim ele é obrigado a entregar o carro para só depois cobrar parcelas que provavelmente 
não serão pagas? Nós já estudamos que não. Não é obrigado a entregar porque aqui algo próximo da 
resolução por inadimplemento antecipado. Mas o contrato de compra e venda tem uma regra muito similar 
àquela regra do 477, que é o Art. 495. Este último autoriza o vendedor a reter a entrega do bem, quando nas 
vendas a prazo, se verificar que o compradorse tornou insolvente. 
2. Referente aos Custos Financeiros da Transferência: Regra geral, (porque se não tiver no 
contrato, aplica-se essas regras) pelos custos da tradição, responde o vendedor. Pelas despesas da escritura, 
responde o comprador. Art. 490, CC. 
3. Regras Referente aos Riscos sobre a Coisa: Art. 492, CC. Até a tradição, quem será 
responsável pelos riscos incidentes sobre a coisa é o vendedor. Ex.: Eu comprei 100 cabeças de gado do 
Marcelo, que tem uma fazenda no MS. E eu tenho uma fazenda em Irati. Nós celebramos esse contrato de 
compra e venda e eu falo assim “Marcelo, você tem que me entregar esses 100 gados. Então no dia 10/10, 
você vai entregar o gado na minha fazenda em Irati e lá nós vamos juntos contar os gados e marcar, para daí 
concluir o processo de tradição. A tradição vai se dar quando as cabeças de gado estiverem na minha 
fazenda em Irati, todos contados, pesados e marcados”. Só que no dia em que o Marcelo chegou na minha 
fazenda em Irati com as 10 carretas cheias de gado, quando nós começamos a contar o gado, todas as 
carretas foram atingidas por um “raio desintegrador de gados”. Quem responde por isso? Quem vai ficar no 
prejuízo, eu ou o Marcelo? A tradição ainda não tinha terminado, mas já tinha começado. Justamente nessa 
hipótese que incide o Art. 492, §1º – A responsabilidade é do comprador. 
Outro exemplo: Eu vou vender meu carro ao Marcelo. Nós fizemos um contrato de compra e venda 
que o Marcelo tem que retirar esse carro. Então estabelecemos que a obrigação é dele ir até o domicílio e 
retirar o carro que eu vendi para ele. O carro está na minha garagem e o Marcelo tem até o dia 10/10 para ir 
lá retirar o carro e, portanto, realizar a tradição. E dia 10/10 o Marcelo não foi. No dia 11/10, esse carro é 
atingido por um “raio desintegrador de carros”. Já tinha havido a tradição? Não. Mas quem que está em mora 
nessa situação? O comprador, pois este foi quem descumpriu a obrigação. Então caso fortuito ocorrido 
durante a bordo do comprador, a responsabilidade será assumida pelo comprador. E tem uma regra no Art. 
399, mas que também tem no 492, §2º. 
Regra do 503, CC – essa hipótese onde o objeto do contrato de compra e venda é uma 
universalidade de bens. Ex.: Eu vou comprar a biblioteca do Marcelo. Eu compro a biblioteca, quando eu 
recebo a biblioteca percebo que dos 1200 livros, tem dois que possuem defeito. Eu posso rejeitar todos os 
demais? Não. Posso ser indenizado? Sim, posso buscar uma indenização. Mas eu não posso resolver o 
negócio em razão desse defeito. Para que serve a regra deste artigo? A regra serve para amenizar a 
aplicação da Teoria dos Riscos Redibitórios. Porque bem ou mal, eu tenho um bem vendido pelo Marcelo, 
quando ele se comprometeu a vender a biblioteca, mas dois desses bens tem vício, mas os demais não têm. 
Então nessa hipótese não é possível resolver o contrato. 
 VENDAS ESPECIAIS: 
1. Venda mediante Amostra: Art. 484, CC. O que vem a ser amostra? Quer dizer que quando você 
compra algo analisando a amostra daquilo e não o próprio bem adquirido, a coisa que lhe for entregue, tem 
que ser exatamente igual a amostra que lhe mostraram. - Caso julgado pelo STF há alguns anos: uma pessoa 
vendedora de tecidos, colocou um pedacinho de tecido no catálogo, foi até uma loja de roupa e falou “querido 
dono dessa loja de roupa, você quer comprar esse tecido, comprar tecidos meus?” e ele, “onde é que estão 
os seus tecidos?”. Ela, “Eu tenho uma amostra dos tecidos comigo”. A pessoa pega esse catálogo, dá uma 
olhada, sente a textura e fala “esse tecido aqui eu quero” e compra. O nome do tecido é turquesa. Então a 
pessoa vai comprar X metros do tecido turquesa. No dia da entrega, chega o entregador e deposita os 10 m², 
o dono olha e diz que esse não é o tecido, a maciez não é a mesma. O entregador “não, mas ele é turquesa e 
que aquele é turquesa, mesmo tecido”. Diz o dono da loja de roupas, “mas o Art. 484 diz que quando a venda 
se der por amostra, o produto tem que ter as mesmas características da amostra”. Entregador, “mas o nome 
está aqui, o tecido é o mesmo”. Dono da loja “eu não quero saber do nome e sim das características”. Tanto é 
assim que o § único estabelece: quando o contrato tiver a descrição da coisa, mas ela for diferente da 
amostra, vale a amostra, o que foi mostrado. 
2. Art. 500, CC prevê duas espécies de venda, quando se refere a bens imóveis. Toda compra de 
bem imóvel, ela vai ser ou Ad Mensuram ou Ad Corpus. O que significam essas vendas? Este artigo parte 
da ideia, de que a pessoa que compra o bem imóvel, pode estar focada ou nas dimensões físicas do bem, no 
seu tamanho, ou ela está se importando com o próprio bem, isoladamente considerado como aquele corpo, 
por isso Ad Corpus. Existem algumas espécies de compra de bens imóveis em que as dimensões do bem 
tomadas em consideração de forma preponderante. E há outras espécies de compra de imóveis, onde as 
dimensões do bem são meramente enunciativas, exemplificativas, descritivas. Vamos pensar na hipótese de 
que eu estou procurando uma casa para morar. Saio no domingo a tarde visitando várias casas, até que gosto 
de uma casa. Eu quero comprar essa casa. E faço o contrato de compra e venda da casa situada na Rua 
Chile, n° 1302. Ou seja, estou indicando expressamente qual é o bem que estou comprando. A segunda 
hipótese, eu sou agricultora e quero um espaço de terra para plantar soja. Encontro o espaço de terra, 
compro o terreno numa fazenda situada na localidade tal, pelo preço de 10 mil reais o m². O artigo 500 
estabelece é o seguinte: na hipótese da compra da fazenda, as dimensões do imóvel foram mais importantes 
que o próprio bem em si isoladamente considerado, ou seja, não se comprou aquela fazenda 
necessariamente porque ela era a fazenda mais bonita. O que fez eu comprar aquela fazenda foi o tamanho, 
a metragem, a dimensão. E agora quando você vai lá, num domingo a tarde, analisa o imóvel para morar e 
compra aquela casa. As dimensões, o tamanho da casa milimetricamente considerado, não foi tomado em 
consideração de forma preponderante. O que foi tomado em consideração de forma preponderante, foi o bem 
como um corpo único. Eu decidi comprar aquele bem específico, por isso Rua Chile, n° 1302. Mas aquele 
bem tem 500 m² e disseram que ele tinha 520 m². Não é o mais importante, pois eu não comprei 
necessariamente pela dimensão, eu comprei pelo que vi. A grande diferença é analisar assim: a dimensão foi 
levada em consideração pelo comprador de forma preponderante ou não foi levada em consideração de 
forma preponderante? E como que se faz essa análise? Quando se diz que as dimensões são 
preponderantes e quando não são? Normalmente quando se fixa preço por unidade de medida, se tem que 
as dimensões são preponderantes. E quando se fixa o preço pelo bem especificamente descrito, 
normalmente é uma venda Ad Corpus. Qual é a relevância de se estabelecer essa diferença entre a venda Ad 
Corpus e a venda Ad Mensuram? A relevância é para as situações em que se compra o bem e se percebe 
que ele tem uma dimensão inferior àquela que foi descrita no contrato. Então pense num agricultor, compra 
10 hectares de soja, a 10 mil reais cada. Comprou os 10 hectares. Quando ele tomou posse do bem, da 
matrícula, percebeu que tinha 08 hectares e não 10. Quando ocorre a venda Ad Mensuram, o comprador tem 
o direito de exigir a complementação da área. “Querido vendedor, comprei a fazenda, você me disse que ela 
tinha 10 hectares, na verdade ela tem 08, eu quero que você me entregue mais dois”. O vendedor vai dizer, 
“mas como eu vou lhe entregar mais dois? Eu não tenho, o que eu tinha está aí!”. A primeira hipótese é: o 
comprador tem direito de exigir a complementação da área. Quando isso não for possível, o comprador

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