Parasito aula 13

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Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 4º período
Classe cestoda – Ordem Cyclophyllidea
Características gerais da classe: são parasitos chatos, que apresentam formato de fita. São grandes. Divididos em três partes: cabeça, colo (pescoço), corpo = estróbilo. Cabeça = escólex. O corpo é constituído por vários segmentos, cada segmento é uma unidade independente reprodutiva = proglótides ou proglotes. Dentro da cabeça existem órgãos que são de fixação. Todos os cestódeos apresentam no escólex ventosas, no número de 4, quatro ventosas. Algumas espécies, além das ventosas, possuem rostro = rostéolo, cheia de espinhos = acúleos. Todas as espécies têm as quatro ventosas, mas nem todas tem os acúleos. 
Os cestódeos normalmente ficam no intestino delgado (em fase adulta). Na fase de larva, podem ficar em vários outros locais. Não tem mais L1, L2 e L3. A larva recebe um nome e produz patogenia. Esses parasitos se alimentam por perfusão. Normalmente não são hematófagos. A perfusão é feita através de microtríqueas, que são semelhantes a cílios. A perfusão é como se fosse um transporte ativo, o alimento em contato com o parasito entra no seu corpo.
O escólex pode ter várias formas. Todas tem ventosas. Proglótides: há três tipos ou três partes de proglótides. A proglótide logo após o colo, ainda não tem o aparelho reprodutor desenvolvido, ela é denominada de jovem. A proglótide que tem aparelho reprodutor desenvolvido é chamada de madura. A proglote que fica ao final do corpo, e vai se soltar, tem ovos presentes, são denominadas de gravídicas. São as proglótides gravídicas que se soltam perpetuando a presença do parasito no ambiente. Se ficar a cabeça com um pedaço do colo, no final de 6 meses mais ou menos ela estará regenerada.
Solitária: outro nome dado para as tênias. Não há dimorfismo sexual, cada unidade é macho e fêmea. Algumas pessoas falam que por ela ser tão grande, não encontramos mais de uma, normalmente a pessoa não é infectada por mais de uma. Esse parasito adulto é única e exclusivamente no intestino delgado! A forma larvar, os cisticercos, que migram. Não encontramos tênia adulta na cabeça ou em outro lugar que não intestino delgado.
Tipos larvares: nos cestódeos há larvas que recebem nome. Essas larvas se localizam em hospedeiros e podem produzir alterações. Cada cestódeo recebe nome para suas larvas. 
Cysticercus: normalmente ficam nos hospedeiros intermediários. Os cestódeos apresentam dois hospedeiros, um definitivo e um intermediário. O definitivo alberga o parasito adulto, o intermediário alberga a larva. 
Estrobilocercus, coenurus, cysticercoides: são outros tipos larvais. Cisto hidático: é constituído por várias camadas.
Os ovos dos tenídeos têm uma estrutura própria. Nunca vemos ovos parecidos. Os ovos são sempre constituídos de uma casca muito grande, espessa. Casca constituída por lâminas de quitina, entre essas há uma substancia cimentante que confere a esse ovo muita resistência. Há ovos constituídos da mesma maneira, só que têm a casca mais fina. Embriófaro = a casca dos ovos de tenídeos. Dentro dessa casca fica um embrião = embrião hexacanto. O embrião hexacanto possui os acúleos, todo embrião possui, mesmo que o adulto não possua. O adulto que possui os acúleos tem fixação muito mais eficiente. 
T. solium e T. saginata: têm como hospedeiro definitivo o homem. A solium tem como HI suínos, enquanto a saginata, bovinos. A larva proveniente da T. solium é denominada cysticercus cellulosae. A larva proveniente da T. saginata: cysticercus bovis. Essas larvas, nos suínos, ficam em músculo cardíaco, esquelético, olhos e encéfalo. Em bovinos: língua, cardíaco, esquelético (masseter), ou seja, órgãos de alta oxigenação. O homem pode se tornar HI acidentalmente, ele pode apresentar cysticercus, que leva à cisticercose, que tem como órgão de predileção o cérebro, havendo a neurocisticercose. Complexo teníase cisticercose no homem. 
O homem pegaria a tênia ingerindo a carne contendo o cysticercus, que iria desenvolver a tênia. Ele desenvolveria o cysticercus ingerindo ovos, ou de alimentos ou por auto-infecção. 
O bovino ingere ovos juntamente com a pastagem. O suíno ingere os ovos no alimento, ou em caso de porcos com hábitos coprofágicos, podem ingerir os ovos nas fezes.
Essa parasitose é uma das com maior facilidade de erradicação. Ela está baseada em saneamento básico e educação sanitária. No homem, essa doença é denominada complexo teníase cisticercose. Embora a tênia precise do cisticerco e vice versa, são consideradas duas entidades distintas, pois causam patologias diferentes.
Quando dizemos que o individuo tem teníase, quer dizer que ele tem a forma adulta no intestino delgado. Quando dizemos que o individuo tem cisticercose, quer dizer que ele tem a larva em algum tecido. Normalmente quem tem a larva é o HI. 
Se for T. saginata, mede de 8 a 12 metros. A Taenia solium, de 2 a 4 metros (podendo chegar a 8m). A T. solium se fixa muito melhor que a saginata. 
A T. solium, às vezes é denominada solitário do porco, mas não é verdade, já que o porco não tem a forma adulta. Na proglótide há um número de ramificações. A cabeça tem 4 ventosas e apresenta ganchos no rostelo/rostro. Tem de 800 a 1000 proglótides.
A Taenia saginata, tem proglótide mais cheia de ramificações. O escólex só apresenta as ventosas. 
A proglótide é uma unidade reprodutora independente. As ramificações representam as ramificações uterinas. No caso da T. solium, essas ramificações são em menor proporção, tendo muito espaço vazio. Já na T. saginata, há muitas ramificações, as proglótides estão muito mais preenchidas. 
Os ovos não tem muito jeito de reconhecer. Tem uma casca grande, denominada embrióforo, que confere muita resistência. Dentro do ovo está o embrião hexacanto = oncosfera, possui ganchos. Os ovos são expelidos juntamente com as proglotes, saindo pelas fezes humanas, já que o homem é o único hospedeiro definitivo. A partir dos ovos, há formação dos cysticercus, e a partir deles há formação do verme adulto.
Metacestódeo = larva, é quase um cestódeo. A única coisa que não possui é o corpo. A larva possui a cabeça e o colo, só não tem o corpo. Atualmente as larvas são denominadas metacestódeos. O cysticercus recebe o nome popular de canjiquinha. 
Em frigoríficos, há um livro que regulamenta o que fazer com a carne que está contaminada com cysticercus. Se for até uma proporção, pode ir para salga, para defumação, ou para embutidos (mortadela). Após determinada proporção, há descarte, com perdas econômicas. 
A cabeça, dentro do cysticercus, é protegia por uma vesícula, com um líquido protegendo. Para ter o cysticercus, o homem tem que ingerir os ovos. Para ter tênia, tem que ingerir o cysticercus.
No caso do cysticercus cellulosae, acomete tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e olhos de suínos. Cysticercus bovis nos músculos de bovinos, língua.
No caso da cisticercose humana, além da ingestão de ovos, pode haver a auto-infecção. 
A tênia adulta coloca os ovos ou a proglótide contendo os ovos. O individuo vai ingerir os ovos, que vão para o intestino, atravessam o intestino, cai na corrente sanguínea, vai se transformar nos músculos em cysticercus. Quando for ingerido pelo HD, vai desenvaginar, começando a formar as proglótides. 
Uma pessoa está com tênia. Defeca no meio do pasto. A tênia vai soltando as proglótides (contendo vários ovos), os ovos saem junto com as fezes. Veio a chuva, carregou esses ovos. O embrião conseguiu ficar viável. Vem um bovino, ingere juntamente com as gramíneas o ovo. O embrião hexacanto possui ganchos = acúleos. Quando passa pelo aparelho digestório, o embrióforo vai sendo digerido pelos ácidos. Quando chega ao intestino, o embrião está liberto da sua casca, pelos ganchos ele perfura o intestino, ao perfurar, a oncosfera = embrião, cai na corrente sanguínea, indo parar em alguns órgãos, no caso do bovino, órgãos com maior oxigenção. Durante o trajeto, desenvolve ventosas, se for saginata, perde os ganchos, se for solium os ganchos permanecem.
Esse bovino é abatido, ele estava com cysticercus. A pessoa come a carne mal cozida, a vesícula se rompe, lá dentro havia o escólex. As pessoas que comeram podem sentir uma dor abdominal, e podem eliminar cysticercos. No humano a cisticercose ocorre da mesma forma. 
É uma doença extremamente cultural. Como exemplo, não é comum T. solium em judeus, pois eles não comem carne de porco.
Patogenia: carga parasitária, resposta imune. Para se ter uma patogenia, vários fatores devem ser levados em conta. São parasitos grandes que estão no intestino, podendo levar a danos na mucosa intestinal. Como é um parasito grande e libera antígenos, pode levar a uma reação alérgica. O parasito compete com o hospedeiro por nutrientes.
Pode ser assintomática ou apresentar sintomas como: tonturas, astenia (dores no corpo), apetite excessivo, náuseas, vomito, alargamento do estômago. 
No HI é assintomática. A cisticercose tem grande importância econômica, pois as carnes são condenadas parcialmente ou totalmente. 
Em humanos: se for para o cérebro, há neurocisticercose. Às vezes, o tratamento é só medicamentoso, ou necessita de cirurgia. Às vezes um único cysticercus está em uma parte mais delicada do cérebro. Podem ter processos de bipolaridade, convulsões, esquizofrenia. Nesse caso há o tratamento medicamentoso: praziquantel, e em algumas vezes o tratamento cirúrgico. Entretanto, apesar de retirar o cysticercus, o individuo pode ter uma lesão permanente. Pode acometer tecido subcutâneo, língua, olhos (levando a cegueira), etc. O diagnóstico é difícil, pois os sinais clínicos são confundidos com muitas outras patologias. O individuo pode ter apenas os cysticercus, não apresentando ovos nas fezes. 
O maior problema com as tênias é o abate clandestino, sem vigilância. No Brasil, de 50 a 70% da carne consumida é proveniente de abate clandestino. Na América do Sul há uma perda de 420 milhões de dólares por ano. O cysticercus é sensível ao congelamento e calor. 
Diagnóstico: clínico, parasitológico, imunológico, molecular, imagens e necropsia (padrão ouro).