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Parasito aula 19 09 07

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Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 4º período
Toxoplasma
Neospora
Sarcocystits
São os três gêneros do filo Apicomplexa. 
Toxoplasma gondii
A toxoplasmose é uma zoonose com distribuição mundial. É a zoonose de maior prevalência no mundo. É uma patologia antiga, muito adaptada. Dá muito prejuízo econômico. No homem pode ter conseqüências graves como abortos, lesões graves e óbitos. Aborto no primeiro trimestre da gestação. Principalmente caprinos e suínos têm grandes problemas com aborto. O ciclo é único, com HD e HI (parasito heteroxênico). HD: felídeos de uma forma geral, sendo os gatos domésticos os HD do parasito mais importantes.
O toxoplasma tem uma fase sexuada e uma assexuada dentro do gato. Sexuada: células epiteliais do intestino. Fase assexuada: outros tecidos. Toxoplasma gondii talvez seja o parasito que mais acometa espécies. Onde o parasito faz só o ciclo assexuado: HI ou incompleto.
Há três formas evolutivas: taquizoítos, bradizoitos e oocistos. Ao contrario da maioria dos parasitos, no caso do toxoplasma, as três formas evolutivas são infectantes. Isso contribui para que o parasito se dissemine mais ainda. Pode parasitar qualquer tipo celular, com exceção de hemácias e plaquetas (que são células não nucleadas). 
Taquizoítos: tachy = rápido, faz referencia à fase aguda da infecção, onde o parasito se multiplica rapidamente. É móvel. Resiste pouco à ação do suco gástrico, mas pode ser que uma pequena parte possa passar pelo suco gástrico. Faz divisão assexuada = endodiogenia = divide-se todo o núcleo e as organelas, e depois que se divide o citoplasma. Vive em vacúolos parasitóforos nas células. 
O filo é chamado apicomplexa, pois há uma estrutura denominada complexo apical. Há algumas proteínas que fazem com que o parasita consiga se fixar e penetrar na célula hospedeira. Adesão, penetração e sobrevivência. Todos apicomplexa têm esse complexo apical. Vai impedir a formação do fagolisossomo em células mononucleares. 
Bradizoítos: multiplicação lenta, brady = lento. Está presente na fase crônica da doença. Há a multiplicação lenta, eles invadem as células e formam um cisto. O taquizoíto multiplica muito em uma célula, rompe ela, vai para outras células. O bradizoíto precisa se manter, a infecção já se estabeleceu. A célula morre, mas ao invés de morrer, o parasito secreta uma membrana formando um cisto. Geralmente esses cistos são encontrados em órgãos bem oxigenados, como músculos, língua, etc. Não se encontra bradizoítos em corrente sanguínea. 
Oocistos: não é um ovo. Helminto que coloca ovo. É a forma de resistência do parasito no ambiente. Taquizoíto e bradizoíto não sobrevive no ambiente. Tem uma parede dupla, bem espessa. Só é formado nas células intestinais do hospedeiro definitivo, pois o oocisto é resultado da reprodução sexuada do parasito. O felino é o HD e faz o oocisto. Saem imaturos nas fezes, em aproximadamente 4 dias se tornam infectantes. Cada oocisto contém 2 esporocistos com 4 esporozoítos cada. O oocisto pode sobreviver no ambiente até 18 meses. Se uma pessoa ingerir o oocisto não esporulado, ou seja, não maduro, não há risco de infecção. Para se infectar tem que ingerir o oocisto com os esporozoítos. 
O ciclo sexuado só ocorre em felinos jovens, em filhotes de gato, e na primeira infecção. Somente em gatos jovens, que têm imunidade imatura, e na primeira infecção, que ocorre o ciclo sexuado. Gatos adultos serão HI como a gente, vai formar só bradizoíto e taquizoíto. 
Um gato filhote, não teve contato com nada, está com a imunidade baixa. Pode se infectar. O gato pode se infectar ingerindo oocistos, taquizoítos ou bradizoítos. Mais de 50% dos gatos que ingerem taquizoítos, eliminam oocistos. Se ingerir oocisto ou bradizoíto, se infecta de todo jeito. O gato pode se infectar ingerindo um HI (como ratos), insetos, água contaminada. O parasito é tão adaptado que os ratos infectados, se forem machos, tendem a se reproduzir muito. Além disso, o toxoplasma no encéfalo do rato, inibe o medo dele por gato, o rato se aproxima do gato sem medo. 
O gato novo está infectado. Qualquer uma das formas evolutivas penetram nas células intestinais. Ocorre uma mudança, se transformam em trofozoítos maduros = esquizonte; transforma em merozoítos, liberando-os. Os merozoítos invadem novas células intestinais, recomeçando o ciclo. Em determinado momento, alguns merozoítos se transformam em microgametas, que são os gametas masculinos, são gametas móveis, arrebentam as células intestinais. Outros merozoítos se transformam em macrogameta, que é o gameta feminino. O microgameta que é móvel, invade a célula que tem o gameta feminino (imóvel). Há fecundação, com formação de zigoto, que se diferencia em oocisto imaturo. Esse oocisto sai nas fezes, e no ambiente se torna oocisto maduro. Há liberação de milhões de oocistos em um curto período de tempo. O período de liberação não passa de 30 dias, o gato não vai liberar oocisto pro resto da vida. O sistema imunológico, chega um ponto que consegue controlar isso. Após a primoinfecção, o gato se comporta como HI, vai ter só a reprodução assexuada.
Podemos nos infectar ingerindo carne mal passada ou crua, água, recebendo fluidos corporais contaminados, como transfusão de sangue, leite materno. Uma pessoa ingere uma das formas infectantes. A forma que eu ingeri invade células intestinais, se transformam em taquizoítos, caem na corrente circulatória, começam a se multiplicar de forma rápida. Se eu já ingeri o taquizoíto não há transformação. Em torno de 7-15 dias já há uma resposta imune contra os taquizoítos. Quando começa a ter destruição dos taquizoítos, eles param de multiplicar, entram na fase crônica da doença, não é interessante cair na circulação. Se encista em células, preservando a membrana celular nossa, o sistema imune não reconhece essa célula como infectada. A pessoa para de ter sintomas (como febre, indisposição), entrando na fase crônica. Em caso de imunossupressão, há rompimento dos cistos, se transformam em taquizoítos novamente, começando todo o processo. Em pacientes imunossuprimidos cronicamente, como em HIV+, há uma dificuldade imensa em conter o parasito. 
Há também a imunossupressão natural, como em caso de um animal prenhe. A pessoa se contaminou no inicio da gestação. O parasito consegue passar a barreira placentária. O grande problema é no primeiro terço da gestação, sendo uma primoinfecção. A mulher que já foi infectada anteriormente, ela já está na fase crônica, não há passagem para o feto, pois a pessoa já está imune aquilo. Mulheres já infectadas, se quiserem engravidar, não há problema. Já na primeira infecção, não da tempo de ter resposta imune = aborto. Quando se passa para o feto = toxoplasmose congênita. No primeiro terço da gestação há aborto. Se a infecção for no segundo trimestre, pode ter aborto, ou a criança pode nascer com síndrome/tétrade de Sabin: convulsões, miocardite, esplenomegalia, etc. infecção no terceiro trimestre: a criança ou o animal nasce normal. A imunidade da mãe já está melhor. A criança pode nascer normal ou ter sintomas leves, como problemas oculares = roseta ou roda de carroça. 
A neurotoxoplasmose, que não é muito comum em animais não humanos, os cistos se encontram no encéfalo. Os parasito secretam algumas proteínas na parede cística, que são iguais as nossas, não há resposta inflamatória. Essas proteínas são trocadas de tempo em tempo, para que não haja resposta imune. Existem estudos que associam pessoas psicopatas, serial killers, com a presença de toxoplasma gondii no encéfalo (toxoplasma gondii and homicide). 
Fatores: susceptibilidade do hospedeiro (primoinfecção), estágio do parasito, via de inoculo (como aleitamento), carga parasitária, virulência. 
Sintomas: encefalite, enterite, linfoadenomegalia, penumonia, distúrbio degenerativos, etc. 
Diagnóstico: surtos de abortos, malformação. A melhor maneira é necropsia. Citologia e histopatologia. Exame de fezes (vai funcionar só para gato jovem, em primoinfecção). Exames sorológicos (RIFI, ELISA), moleculares.Obs: um gato adulto nunca infectado, imunossuprimido, se comporta como filhote. 
Os cistos de bradizoítos são microscópicos, não tem como fazer inspeção macroscópica. 
Controle: não fornecer carne crua ou mal cozida para gatos, econtrole da população de felinos errantes, posse responsável, proteger caixas de areias, etc. Só existe uma vacina na Austrália para caprinos, e não é tão boa assim.
Neospora caninum
É como se fosse toxoplasmose do cão. Causa as mesmas coisas que toxoplasma, mas principalmente em bovinos. Tambem tem ciclo heteroxenico, bovino é HI, HD é o cão. Dentro do cão tem o ciclo assexuado e sexuado. O bovino ingere o oocisto, taquizoito > no trato GI há a mudança de fase evolutiva, multiplicação rápida (ciclo biológico)
Não é zoonose, não existe neosporose humana. Não irá ocorrer, aborto etc..
Prejuizo econômico na pecuária visto a grande incidência e aborto no rebanho. 
Não tem vacina, não tem tratamento, necessário diagnosticar e prevenir. Prevenir realizando o manejo. Retirar animais infectados, retirando os cães na propriedade.
No cão o período de eliminação é maior do que o gato e intermitente.
Qualquer cão que nunca se infectou com neóspora e tiver contato, vai se infectar. Não precisa estar imunossuprimido. 
A transmissão transplacentária é a pior, é a que vai dar prejuízo no gado. Em qualquer momento que a vaca se infecta com neóspora, ela vai ter tendência de abortar. Bovino cronicamente infectado vai abortar frequentemente. Podem ter casos esporádicos de aborto, com abortos intermitentes. A vaca infectada cronicamente, a cada gestação vai ter perigo de aborto. 
O diagnóstico principal é o molecular. É essencial que se faça um diagnóstico diferencial entre toxoplasma e neospora, pois toxoplasma o animal se abortar, vai abortar só uma vez. Já a infecção por neospora, os abortos são frequentes, e se a cria nascer, também vai dar problema para o rebanho.
O exame de fezes no cão é interessante, já que há liberação esporádica de oocistos. O melhor exame é o molecular, ou histopatológico no animal morto. 
Sarcocystis sp.
Forma cistos teciduais, denominados sarcocistos. Os cistos são espessos, encontrados em músculos. A grande diferença é que o homem é HD. No homem há aquele ciclo no intestino, liberando oocistos nas fezes. Os oocistos vão ser ingeridos principalmente por suínos e bovinos (HI). O homem se infecta ingerindo seus próprios oocistos e/ou carne bovina ou suína crua ou mal passada. Já sai maduro nas fezes, infectante. Os sinais clínicos no HI na fase aguda é igual: diminuição da produção de leite, sintomas neurológicos (principalmente), aborto, morte. Os problemas neurológicos são os principais, devido a espessa membrana do cisto. Os sarcocistos são visíveis a olho nu. No HI, o ideal é diagnóstico molecular ou histopatológico. Para o homem usa-se sorologia.

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