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Contrução da Didática

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DIDÁTICA 17
UNIMES VIRTUAL
Aula: 03 
Temática: A Contrução da Didática como Campo de 
 Conhecimento: Idade Moderna 
 
Terminamos nossa aula anterior afirmando que as primeiras 
publicações sobre Didática foram editadas na Idade Moder-
na, no século XVII, momento de grandes transformações 
sociais e culturais. Em geral, os livros de História da Educação mencionam 
a figura de Jan Amos Komensky (1592-1670), em latim Comenius, pastor 
protestante nascido no atual território da Tchecoslováquia, como sendo a 
primeira referência histórica no campo da Didática. No texto das nossas 
aulas vamos utilizar o nome de Comenius em português, por isso vamos 
adotar a grafia Comênio. 
Sem dúvida nenhuma Comênio é uma referência histórica importantíssima 
para a Educação da Idade Moderna, porém há outro estudioso, anterior a 
ele, que costuma ser esquecido pelos manuais de Didática, no entanto as 
pesquisas atuais em História da Educação estão recuperando sua obra. 
Esse estudioso é Wolfgang Ratke (1571–1635), em latim Ratichius. 
Por volta de 1612, Ratke publicou uma pequena obra intitulada Memorial 
de Frankfurt, na qual defendia três grandes ideias: uma reforma do ensino 
das línguas; uma reforma da instrução pública e, consequentemente uma 
reforma na política e religião da Alemanha. Essa pequena publicação gerou 
tanta polêmica entre os intelectuais da época, que Ratke teve que explicar 
essas três grandes ideias em mais de 28 escritos posteriores, que aca-
baram gerando a obra conhecida como “Nova Arte de Ensinar” (RATKE, 
2008). 
Repare no título escolhido por Ratke: “nova arte de ensinar”. Isso quer dizer 
que Ratke, no início do século XVII, se opunha a um outro modo de ensi-
nar, que, supomos, ele provavelmente consideraria como sendo o “antigo” 
modo de ensinar. Lembre-se: Ratke publicou esse seu primeiro escrito em 
1612, em um mundo que estava vivendo profundas transformações. 
Supomos que você aceitou a nossa sugestão feita na aula anterior e rea-
lizou uma pesquisa prévia sobre o século XVII. Pois bem, então vamos re-
lembrar os fatos mais importantes do século XVII. Enquanto Ratke produ-
zia seus textos sobre a Nova Arte de Ensinar, Galileu Galilei (1564-1642), 
por volta de 1610, já utilizava o telescópio e constatara que a Via Láctea 
era composta por uma grandíssima quantidade de estrelas, e comunicava 
ao mundo suas descobertas no livro O Mensageiro das Estrelas, defenden-
DIDÁTICA18
UNIMES VIRTUAL
do a tese heliocêntrica de Copérnico (1473-1543). Francis Bacon (1561-
1626) estava produzindo a obra Novum Organum, publicada em 1620. 
René Descartes (1596-1650) estava elaborando seu Discurso do Método, 
publicado em 1637. Thomas Hobbes (1588 – 1679) estava escrevendo 
Leviatã, publicado em 1651. 
Por que nos interessam todas essas informações? Como é que esses fatos 
se relacionam entre si? Qual a relação entre a publicação dessas obras e a 
produção sobre a Nova Arte de Ensinar de Ratke?
A elaboração e publicação de todas essas obras significam que estava 
tomando forma um “novo” modo de pensar o mundo conhecido até en-
tão. A tese heliocêntrica de Copérnico, recuperada por Galileu Galilei, re-
tirava a Terra do centro do Universo e colocava o Sol nesse lugar. Todas 
essas produções afirmavam que o Conhecimento não deveria depender 
da fé, que ele era independente da religião, pois poderíamos conhecer 
o mundo a partir daquilo que experimentamos sobre o mundo com os 
nossos sentidos. 
Essas ideias estavam dando espaço para o empirismo. O Novo Organum 
de Francis Bacon defende a tese de que a humanidade pode investigar, 
pode pesquisa, pode estender seus limites e tornar mais sólidos seus co-
nhecimentos se deixar de acreditar pela fé e constar por meio de seus sen-
tidos e experimentos a realidade. Este também é o ponto de partida para o 
Discurso do Método, de Descartes. René Descartes sistematiza o caminho 
que não deixaria margem para os nossos sentidos nos enganarem. O ca-
minho, o método proposto por Descartes parte da dúvida, do questiona-
mento como princípio de trabalho científico. Thomas Hobbes, em Leviatã, 
defendia a ideia de que cada um de nós tem direito a tudo, porém como 
todas as coisas são escassas, a sociedade necessita de uma autoridade 
que possa assegurar a paz e a defesa dos interesses comuns.
Todas essas teses, que eram novas e revolucionárias para aquele mo-
mento histórico, foram dando forma ao que hoje denominamos de Ciência 
Moderna. O conhecimento científico da Idade Moderna vai sustentar o 
modo de divisão do trabalho denominado de manufatura e posteriormente 
industrial. A manufatura é um sistema de fabricação de uma grande quan-
tidade de produtos de forma padronizada e em série. É um processo que 
pode ser realizado a partir das mãos, como acontecia na época de Ratke 
(século XVII), ou com a utilização de máquinas, como passou a ser feito na 
chamada revolução Industrial (século XVIII).
Na próxima aula continuaremos com a apresentação do pri-
meiro didático: Wolfgang Ratke.
DIDÁTICA 19
UNIMES VIRTUAL
 
Para saber mais sobre o tema:
 
O professor/pesquisador brasileiro Sandino Hoff é um dos estudiosos que 
tem se debruçado sobre a obra de Wolfgang Ratke e traduziu para o portu-
guês. Esta obra está disponível gratuitamente na Internet. Isso quer dizer 
que podemos ler a tradução de um livro original do século XVII e chegar às 
nossas próprias conclusões a partir da leitura do original traduzido.
Apesar dos 4 séculos que nos separam de Ratke, sua obra ainda é capaz 
de levantar vários questionamentos sobre o fazer pedagógico. Vale a pena 
consultar:
RATKE, Wolfgang. Escritos sobre A Nova Arte de Ensinar de Wolfgang 
Ratke (1571-1635): textos escolhidos. Campinas: Autores Associados, 
2008.

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