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Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo [Ano] Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 2 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo Responsável pelo Conteúdo: Profa Dra Vilma Silva Lima Revisão Textual: Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcante. Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo MATERIAL TEÓRICO Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 3 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo As relações na sociedade moderna, tipicamente industrial, foram marcadas por transformações significativas em função da explosão das informações e intensificação das comunicações em nível global nos últimos tempos. Vários estudiosos entre eles - Jameson, Bauman e Baudrillard - destacam que, atualmente, se vive numa sociedade de consumo na qual o indivíduo foi reduzido à condição de consumidor. Ainda, segundo esses autores, tudo está relacionado ao consumo, desde o modo de produção1(forças produtivas) e circulação de bens, até o modo como se estruturam as instituições da vida cotidiana. O consumo configura-se, nesse contexto, como um sistema que molda as relações dos indivíduos e cria novos espaços para mais e mais consumo. Para os pesquisadores da modernidade, estamos vivendo o reflexo/contraste de mais uma etapa do capitalismo. O capitalismo, neste cenário, tem suas bases fundadas na ação da mídia, na universalização da comunicação (procurando ampliar uma mentalidade consumista, a serviço dos interesses econômicos) e no modo de ser e ter do indivíduo moderno. Nessa nova configuração da sociedade, os trabalhadores bem como os meios de produção também sofreram mudanças a partir do momento em que deixaram de serem determinados, exclusivamente, pelo capital, pelos recursos naturais e pela mão de obra, passando, nessa fase, a receber influência, também, do conhecimento técnico e científico. Essas alterações repercutiram de forma significativa na vida dos trabalhadores e, consequentemente, no mundo do trabalho. Para compreender essas alterações é preciso pensar a partir de dois fenômenos, que, embora sejam diferentes, se complementam: o primeiro diz respeito à evolução do capitalismo que tende, em função da tecnologia, produzir (tanto serviço quanto bens) cada vez mais, com um número cada vez menor de trabalhadores; o 1 O conceito de modo de produção foi desenvolvido por Marx e Engels para designar a maneira pela qual determinada sociedade se organiza visando garantir a produção das suas necessidades materiais, de acordo com o nível de desenvolvimento de suas forças produtivas. Trata-se de um modelo racional abstrato criado com vistas a proporcionar uma análise criteriosa das formações sociais realmente existentes, possibilitando a comparação entre as diferentes sociedades formadas ao longo da história. É preciso ter claro que o modo de produção ajuda a compreender a realidade, mas não é a realidade. Outrossim, o modo de produção não existe na sua forma pura, pois é possível depreender a presença, nas formações sociais reais existentes, de características mescladas de diferentes modos de produção, a depender do momento histórico estudado. http://www.pcb.org.br/portal/docs/modosdeproducao.pdf Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 4 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo segundo está relacionado à reestruturação produtiva, ocasionada também pelo impacto das novas tecnologias. À medida em que os processos de trabalho e de gestão foram sendo reconfigurados, impôs-se a flexibilização da produção e as estratégias empresarias demandaram adaptação às novas condições do mercado; isso aumentou a insegurança e a concorrência entre os trabalhadores. A instabilidade dos vínculos de emprego, a pressão por aumento de produtividade, a modulação da jornada de trabalho e os comportamentos acirradamente competitivos tornaram o ambiente de trabalho muito mais estressante, causando dificuldades de relacionamento pessoal e reforçando a propensão a doenças profissionais e a problemas psicológicos, como a depressão.2 É preciso lembrar que os eventos relatados acima, se desenvolveram, em um cenário (anos 70) político e econômico pouco favorável ao trabalho. Todas essas modificações são consequências de mudanças mais gerais que ocorreram na política, na economia e na sociedade. A tecnologia permeou todos os fenômenos e, sozinha, não empreendeu qualquer mudança. Todas as alterações ocorridas e que até hoje ocorrem no mundo do trabalho são determinadas socialmente. Até essa parte de nosso estudo falamos acerca das alterações ocorridas no mundo do trabalho na sociedade contemporânea. Mas você já se perguntou como ocorriam as relações de trabalho em sociedade mais antigas? Conhecer a história talvez o faça compreender melhor todas as idiossincrasias do mundo moderno no que se refere à questão da produção de bens e serviços. 2 http://luz.cpflcultura.com.br/transformacoes-do-trabalho-no-capitalismo-contemporaneo,12.html José Dari Krein e Marcelo Weishaupt Proni são economistas do Instituto de Economia da Unicamp. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 5 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo Modo de Produção Primitivo O modo de produção primitivo designa uma formação econômica e social que abrange um período muito longo da história, ou seja, desde o aparecimento da sociedade humana. Neste tipo de organização, os homens trabalhavam em conjunto. Os meios de produção e o resultado do trabalho eram de propriedade coletiva, ou seja, de todos. Portanto, neste período não existia o conceito da propriedade privada, e consequentemente, a oposição entre proprietários e não proprietários. As relações de produção eram balizadas pela amizade e pela propriedade coletiva dos meios de produção. Além disso, é preciso ressaltar que nessa época não havia a figura do estado. Modo de Produção Escravista Na sociedade escravista, tanto os meios de produção (terras e instrumentos de produção) quanto os escravos tinham um proprietário, ou seja, um dono. O escravo era considerado um instrumento, um objeto, assim como um animal ou uma ferramenta. Dessa forma, o modo de produção, durante esse período, tinha como foco a relação de dominação, na qual, um restrito número de proprietários dos meios de produção explorava a força de trabalho. Nessa configuração, os senhores de escravo, além de serem proprietários dos meios de produção e da força de trabalho, ficam também com todo o produto do trabalho, visto que os escravos não tinham qualquer direito. Modo de Produção Asiático O modo de produção asiático, predominou no Egito, na China e na Índia durante a antiguidade (Idade Antiga). Nesse modelo, a produção era mantida, principalmente, pelos camponeses que entregavam, forçadamente ao Estado, o excedente produzido. As comunidades eram controladas pelo Estado que intervinha diretamente no controle da produção; inclusive, acerca desse excedente,é importante ressaltar que quem determinava o excedente era o estado. O que predominava nesse tipo de produção era a servidão entre explorados e exploradores. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 6 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo Modo de Produção Feudal Toda a produção deste período visava a atender às necessidades locais, configurando-se como um sistema econômico e de produção de subsistência. A sociedade feudal era constituída por servos e senhores feudais. A relação social de produção que caracteriza o Modo de Produção Feudal é a servidão. Modo de Produção Capitalista Nesse modelo as relações de produção ocorrem a partir da propriedade privada dos meios de produção e do trabalho assalariado. Tanto a produção quanto a distribuição das riquezas são regidas pelo mercado, no qual, em princípio, os preços são determinados pelo livre jogo da oferta e da procura. O “capitalista”, proprietário de empresa, compra a força de trabalho de terceiros para produzir bens que, após serem vendidos, lhe permitem recuperar o capital investido e obter um excedente denominado de lucro. No capitalismo, as classes não mais se relacionam pelo vínculo da servidão como em períodos anteriores (Idade Média), mas pela posse ou carência de meios de produção e pela livre contratação do trabalho e/ou trabalhadores. Todas essas transformações se refletiram na vida daqueles que vivem do trabalho, ou como abordado por muitos teóricos, “daqueles que vivem da venda da sua força produtiva”. A ampliação do capitalismo, estabelecida por meio da produtividade e da competitividade inerentes à acumulação de status e capital, provoca alterações significativas na economia, nas relações de empregos e na estrutura ocupacional no interior das organizações, e traz definições da formação e da qualificação do trabalhador, além de incitar contínuas reestruturações produtivas. A concorrência capitalista requer contínuo aumento da produtividade pelo aumento do controle e da racionalização do trabalho e pela redução dos custos de cada unidade produzida. MACHADO (1993, p. 33) Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 7 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo É preciso destacar, no entanto, que essas mudanças nem sempre significam valorização das ocupações, ao contrário, estão produzindo uma maior segmentação e pulverização dos cargos e salários. Neste horizonte, a tendência é formar uma polarização social, em dois sentidos. Por um lado, há a criação de ocupações que exigem maiores qualificações e competências, em contraposição a um expressivo incremento de empregos taylorizados e pouco qualificados, denominados de "mac jobs". Assim, há ocupações mais próximas do que muitos pesquisadores denominam de sociedade do conhecimento, com outras com baixo conteúdo profissional. Por outro lado, a própria desigualdade de renda permite a reprodução dessa lógica, ao aceitar que os trabalhadores com maior renda contratem uma série de serviços oferecidos pelos que não têm muita alternativa na dinâmica atual do mercado de trabalho. O capitalismo, em função de sua lógica, muitas vezes contraditória, impõe, por meio de contínuas reestruturações, um mercado de trabalho com redução do emprego regular, crescente trabalho em tempo parcial, temporário, ou subcontratado. A adaptação a essa nossa lógica de mercado levou à substituição do sistema taylorista-fordista3, que organizou a produção por muito tempo, por processos mais modernos e que respondia de maneira mais coerente às necessidades da sociedade moderna. Como resposta à sua própria crise (taylorismo-fordismo), iniciou-se um processo de reorganização do capital e de seu sistema ideológico e político de dominação, cujos contornos mais evidentes foram o advento do neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatal, da qual a era Thatcher-Reagan foi expressão mais forte; a isso se seguiu também um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, com vistas a dotar o capital do instrumental necessário para tentar repor os patamares de expansão anteriores. (Antunes, 2002, p. 31). 3 Modelo de produção que vigorou na grande indústria ao longo do século XX, particularmente a partir da segunda década. http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/marcia.html Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 8 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo No bojo dessas mudanças, iniciam-se alterações significativas no modelo de produção na sociedade moderna. Da produção em massa e, enormemente, verticalizada, uniforme e padronizada passa-se a produção “just-in-time”. Nesse sistema, também conhecido como produção enxuta4, os lotes de produção são pequenos e os trabalhadores são multifuncionais, ou seja, além de suas tarefas são capazes de desenvolver os demais processos da produção. Com tantas alterações, podemos dizer que os meios de produção deixaram de ser determinados, exclusivamente, pelo capital, pelos recursos naturais e pela mão-de-obra. O que baliza a produção, nessa nova configuração, é o conhecimento técnico e científico. A sociedade globalizada transformou a natureza do trabalho. A tendência é trabalhar de forma mais intelectual, mais autônoma e criativa. A rigidez dos sistemas (taylorismo, fordismo) anteriores perdeu espaço para a flexibilização via inovação tecnológica, comercial e organizacional. Dessa forma, o modo de produção determinado pela lógica clássica passa a vigorar a partir de paradigmas baseados no conhecimento. Em síntese, nas últimas décadas, na medida em que a maneira de produzir e distribuir bens e serviços foi se modificando, também foram se diversificando a maneira de viver, as representações sociais a respeito das ocupações, o valor moral atribuído às práticas laborais, assim como a capacidade de reivindicação dos trabalhadores. Em função disso, a construção das identidades sociais deixou de se basear no exercício de uma profissão, e a separação entre cultura operária e cultura burguesa perdeu sua nitidez. 4 No início da década de 1950, a Toyota estava desenvolvendo e implantando seu sistema de gestão de produção que se tornaria difundido para as demais empresas japonesas e, depois, para outras partes do mundo, principalmente para a América do Norte e para a Europa. Esse sistema de gestão da produção veio a ser caracterizado, na década de 1990, como produção enxuta, termo traduzido da expressão inglesa lean manufacturing. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 9 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo Anotações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 10 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Cultura, Sociedade e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo Referências ANTUNES, Ricardo, & ALVES, Giovanni (2004). As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Educação e Sociedade, 25(87), 335-351, http://www.cedes.unicamp.br (Consultado na Internet em 23 de setembro de 2007). MACHADO, Lucília Regina de Souza. Sociedade industrial x Sociedade tecnicizada – mudança no trabalho, mudança na educação. In: Educação e Trabalho, UFMG 1993. www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br
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