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Resumo EBC Aulas 1 a 5 questionário

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Exercícios de Economia Brasileira Contemporânea – Aulas 1 a 5
1- Sabemos que o consenso político foi peça importante para a construção do período dourado do capitalismo. Por que o crescimento da produtividade, viabilizado pelo desenvolvimento tecnológico, foi a chave para abrir as portas do consenso político construído no pós-guerra?
O consenso político previa a combinação de aumentos de salários com aumentos dos lucros, e para isso tinha de haver produtividade. Somente com ganhos contínuos de produtividade seria possível aumentar salários e lucros, sem aumentar os preços. A tecnologia foi muito importante para alcançar esses ganhos de produtividade. Caso contrário, os preços aumentariam ou os aumentos de salários espremeriam os lucros e vice-versa.
Os aumentos de salários eram importantes para dar poder de compra aos trabalhadores, para que pudessem consumir a produção em massa. Possíveis aumentos de preços iriam corroer o poder de compra. Por isso é que se diz que o crescimento da produtividade, viabilizado pelo desenvolvimento tecnológico, foi a chave pra abrir as portas do consenso político. 
2- A expressão “milagre econômico” teve forte conotação política. Devido a isso, ela foi um importante instrumento de publicidade para os governos de países como o Brasil, a Alemanha e o Japão, que tiveram a experiência de um milagre. No entanto, cada país focou essa propaganda em direções diferentes. Aponte quais foram os focos das propagandas políticas dos três países citados.
O uso da expressão “milagre econômico” foi utilizado no Japão como propaganda para um modelo voltado para o mercado externo. Já na Alemanha, a propaganda, foi voltada para o neoliberalismo renascente. No Brasil, a propaganda foi para a eficácia administrativa do regime militar, a fim de mostrar a época de excepcional crescimento econômico. 
3- Sabendo que o Estado aumentou sua participação na esfera produtiva durante o milagre econômico, responda:
a) Por que o Estado foi atuar, por exemplo, nas áreas de mineração, siderurgia, petroquímica e energia?
Porque o Estado foi produzir nas áreas em que a oferta não era suficiente para atender à demanda e porque não havia maior interesse do capital privado por essas áreas. Seja porque o volume de investimento necessário era muito alto, seja porque os riscos aí presentes eram considerados elevados pelo capital privado. 
b) Como essa produção realizada pelo Estado contribuiu para aumentar os lucros do setor privado nesse período?
Contribuiu na medida em que o Estado vendia para o setor privado a preços baixos a produção por ele gerada. Com isso, oferecia a sua parcela de contribuição para o processo de acumulação ampliada do capital no Brasil.
4- A reformulação do sistema financeiro nacional foi feita pelos militares alguns anos antes do início do milagre econômico, mas sabe-se que ela foi importante para o milagre. Por que essa reforma do sistema financeiro nacional foi importante para o milagre econômico?
A reforma do sistema financeiro, ao concentrar a poupança nacional nas mãos de alguns poucos agentes financeiros, foi importante para o milagre econômico brasileiro por duas razões: Primeiro, porque permitiu aumentar a capacidade de financiar os investimentos do setor produtivo e, segundo, porque permitiu ao setor financeiro financiar o consumo de bens de consumo duráveis das famílias. 
5- A participação do capital externo foi muito importante para a realização do milagre brasileiro. Por que durante o milagre aumentou a presença do capital externo no Brasil?
Aumentou a presença do capital externo no Brasil durante o milagre econômico tanto porque os lucros dos capitais externos que já estavam no Brasil foram reinvestidos no país, como porque entraram capitais externos novos. No entanto, o reinvestimento dos elevados lucros obtidos durante os anos de crescimento econômico foi mais importante do que a entrada de novos capitais externos (poupança externa) na explicação do aumento da presença dos capitais externos no Brasil durante o seu milagre econômico.
6- O uso da capacidade ociosa permitiu aumentar os lucros dos empresários nos primeiros anos do milagre econômico. Como isso foi possível?
Ao usar a capacidade instalada ociosa, os empresários tiveram a oportunidade de produzir mais, com a mesma capacidade produtiva já instalada. Assim, conseguiram diminuir os custos unitários dos seus produtos; mesmo mantendo o preço final de venda, foi possível aumentar o lucro por produto porque os custos unitários diminuíram.
7- Como é possível explicar que durante o milagre tenha havido, ao mesmo tempo, achatamento do salário real do trabalhador e aumento da renda familiar?
Essa combinação foi possível porque este último aconteceu com aumento do volume de trabalho, seja porque os que já estavam trabalhando passaram a trabalhar mais (horas extras), seja porque novos membros da família passaram a trabalhar, aumentando assim a renda da família, apesar da queda do salário real.
8- Além da concentração pessoal da renda, que outros níveis de concentração de renda podem ser identificados como consequência do milagre econômico brasileiro?
Além da concentração de renda no nível pessoal, o milagre econômico também aprofundou a concentração de renda no nível urbano, em detrimento do rural; no setor industrial, em detrimento do setor agrícola e de serviços; na região Sudeste em detrimento das demais regiões, particularmente com relação às regiões Norte e Nordeste.
9- Estabeleça uma relação entre o caráter excludente do milagre econômico brasileiro e o conceito de marginalidade apresentado pro Argemiro J. Brum.
O milagre econômico brasileiro se caracterizou como excludente porque deixou um grande número de pessoas à margem (marginalizados) do processo de crescimento econômico pelo qual o país passou. Argemiro J. Brum apresentou a marginalidade absoluta como sendo aquela condição em que se encontravam as pessoas com renda de até um salário mínimo, e definiu marginalidade relativa como a condição em que se encontravam as pessoas com renda acima de um e até dois salários mínimos. Considerando os valores de dezembro de 2007, estariam na condição de marginalidade absoluta as pessoas com renda até R$380,00, e estariam na condição de marginalidade relativa as pessoas com renda acima de R$ 380,00 e até R$760,00.
10- Durante os anos do milagre econômico, cresceu muito a demanda de bens de consumo duráveis das famílias brasileiras. Seria correto afirmar que esse crescimento do consumo ajudou a encobrir os efeitos das perdas de salário real sofridas pelos trabalhadores brasileiros. Justifique sua resposta.
Sim, o aumento do consumo de bens duráveis ajudou a encobrir a deterioração do salário real do trabalhador. O achatamento do salário real se caracteriza pela perda do poder aquisitivo do salário nominal. O aumento do consumo de bens duráveisfoi possível porque havia crédito em abundância e porque houve aumento da renda familiar. O aumento do consumo proporcionava a melhoria nas condições de vida das famílias. Como estas conseguiam consumir mais (rádio, televisão, geladeira, carro), melhoravam as suas condições de vida.
11- Indique pelo menos dois fatores que contribuíram para a configuração do quadro de crise externa da década de 1970, que afetaram o milagre brasileiro.
- Queda no ritmo de crescimento da produtividade, inviabilizando o crescimento de salários e lucros;
- Crise do petróleo, desencadeando aumento dos custos de produção e a inflação mundial.
12- Durante o milagre econômico brasileiro, houve um aumento da taxa de lucro devido à compressão salarial. Explique por que esse aumento da taxa de lucro via arrocho salarial prejudicou a continuidade do milagre econômico.
O aumento da taxa de lucro devido ao achatamento salarial impediu que os trabalhadores tivessem uma renda maior. Isto significou uma limitação na capacidade do trabalhador consumir mais. A limitação do crescimento do consumo inibiu o crescimento da produção. Assim, o aumento do lucro via compressãosalarial limitou o consumo e a produção, contribuindo também para limitar a continuidade do milagre econômico.
13- Dentre as características do milagre brasileiro, cite pelo menos duas que teriam sido afetadas com a crise externa.
- Presença dos capitais externos, que, por força da crise, deixaram de entrar e passaram a sair mais;
- O equilíbrio da balança comercial da época do milagre foi interrompido com o crescimento do valor das importações brasileiras, como conseqüência da crise do petróleo e da inflação mundial.
14- Em um pronunciamento que fez ao seu vice-presidente e aos seus ministros de Estado, referindo-se à situação da economia mundial e do Brasil, o presidente Geisel mencionou “... crise de energia e de matérias-primas essenciais, crise de uma inflação epidêmica...”.
Segundo sua interpretação, por que o Presidente da República construiu essa seqüência para as crises, ou seja, que relação existiria entre as crises citadas pelo presidente? Identifique também uma mudança na economia brasileira.
O Presidente construiu essa sequência para indicar que o início da crise aconteceu com a crise de energia, caracterizada pela elevação brutal dos preços dos barris de petróleo. Esse aumento provocou também elevação dos preços das matérias-primas essenciais que usavam o petróleo como insumo. Como o petróleo é a principal matéria-prima do mundo industrializado, seu aumento desencadeou um processo inflacionário em todo o mundo, e consequentemente proporcionou a mudança na economia brasileira.
15- O texto do II PND previa que suas propostas seriam executadas com um regime econômico de mercado e com delimitação das funções que seriam desempenhadas pelo Estado, pelo capital privado nacional e pelo capital externo. Marque com V ou F, considerando as áreas de atuação destinadas ao Estado, ao capital privado nacional e ao capital externo e o que previa o II PND.
1. ( F ) Para a atuação do capital externo foram priorizadas as áreas de exportação de manufaturados não-tradicionais, bens de capital e pesquisas tecnológicas. A área de bens de capital não era de prioridade do capital externo, apenas as áreas de exportação de manufaturados não-tradicionais e pesquisas tecnológicas. 
2. ( V ) Para a atuação do Estado foram priorizadas as áreas de comunicação, energia, transporte, saúde, educação e previdência social.
3. ( F ) Para a atuação do capital privado nacional foram priorizadas as áreas de exportação de manufaturas não-tradicionais, bens de capital, agroindústria, indústria, da construção, pecuária, agricultura e comunicação. A área de exportação de manufaturas não-tradicionais era de prioridade do capital externo e a área de comunicação era de prioridade do Estado, ficando como prioridade para o capital privado nacional as áreas de bens de capital, agroindústria, indústria da construção, pecuária e agricultura.
16- Ao ser escolhido como sucessor do presidente Geisel, o general João Baptista de Oliveira Figueiredo assumiu o compromisso político de completar o processo de transição política lenta, gradual e segura que já estava em curso.
Quais fatores ocorridos no primeiro ano de governo do presidente Figueiredo indicam o cumprimento do compromisso político por ele assumido?
A tolerância do governo para com o movimento grevista iniciado em março de 1979; a Lei da Anistia de agosto de 1979, que restituiu os direitos de brasileiros que viviam no Brasil e fora dele; a Lei do Pluripartidarismo, de dezembro de 1979, que permitiu a construção de novos partidos políticos para abrigar melhor diferentes correntes políticas que antes estavam obrigadas a se acomodar nos dois únicos partidos existentes.
17- Identifique as seguintes afirmativas como V ou F, com relação às propostas centrais do III PND e seus resultados, justificando as suas opções. 
a. ( F ) Os salários reais perderam poder aquisitivo ao longo de todos os anos de vigência do III PND. Os salários reais acumularam grandes perdas nesse período, mas houve ganhos nos anos de 1980 (2,5%) e 1982 (0,7%).
b. ( V ) A dívida externa bruta cresce sucessiva e ininterruptamente ao longo do período.
c. ( F ) O que explica os saldos positivos da balança comercial brasileira nos quatro últimos anos do plano são os crescimentos sucessivos das exportações e as diminuições sucessivas das importações. As importações diminuíram ao longo dos quatro últimos anos do plano, mas as exportações não cresceram no último ano do plano.
18- Imagine que você tem a responsabilidade de preparar o planejamento do Brasil para os próximos quatro anos. Trazendo isso para a realidade atual, identifique dois dos sete grandes objetivos nacionais definidos no III PND que estariam presentes na sua proposta de planejamento (Justifique). 
- Acelerado crescimento da renda e do emprego. O Brasil convive com baixos níveis de renda e elevadas taxas de desemprego. Aumentar o ritmo de crescimento seria importante para aumentar a renda e o emprego;
- Desenvolvimento do setor energético. O Brasil já é auto-suficiente em petróleo, mas a questão energética continua a ser um ponto importante. Seja em contar com fontes alternativas, seja em poder contar com energia suficiente para garantir um crescimento econômico com taxas mais elevadas por um período prolongado de tempo.
Resumo de Economia Brasileira Contemporânea 
Aula 1 - Milagre econômico: afinal, do que se trata?
- O crescimento da economia no pós-guerra foi feito com substituição de trabalho por tecnologia. Não houve desemprego, pois o crescimento da produção era muito intenso e utilizava mais força de trabalho. Também aconteceu a reestruturação e reforma do capitalismo, sendo possível alcançar o crescimento econômico.
- Houve um consenso político envolvendo o Estado, os patrões e os trabalhadores. Cada parte assumia responsabilidades e recebia sua contrapartida. Os patrões assumiam o compromisso de pagar salários crescentes, desde que pudessem ter seus lucros também crescentes. Os empregados assumiam a responsabilidade de contribuir para o processo produtivo, desde que tivessem salários crescentes e outros benefícios, como a previdência social. O Estado assumia o compromisso com o pleno emprego e redução da pobreza, comprometendo-se com uma política de bem-estar social, desde que pudesse receber governos estáveis politicamente.
- O consenso político previa a combinação de aumentos de salários com aumentos dos lucros, e para isso tinha de ter produtividade. Somente com ganhos contínuos de produtividade seria possível aumentar os salários e lucros, sem aumentar os preços. A tecnologia foi importante para alcançar essa produtividade. Caso contrário, os preços teriam de aumentar ou os aumentos de salários espremeriam os lucros. Os aumentos de salários serviam para dar poder de compra aos trabalhadores, para que pudessem consumir a produção em massa. Aumentos de preços iriam corroer o poder de compra. Por isso é que se diz que o crescimento da produtividade, viabilizado pelo desenvolvimento tecnológico, foi a chave para abrir as portas do consenso político.
- PIB de um país: soma de todas as riquezas produzidas nesse país.
- MILAGRE ECONÔMICO - Elevadas taxas de crescimento do PIB por vários anos consecutivos.
- Melhor trajetória para um milagre econômico em seu país: quando a taxa média de crescimento do PIB é maior, com crescimento mais acelerado (taxas maiores) e por período mais longo.
Aula 2 - O milagre econômico brasileiro
- No período de 1968 a 1973, o Brasil registrou elevadas taxas de crescimento do seu PIB, caracterizando assim o chamado milagre econômico brasileiro. 
- Características do milagre econômico brasileiro que provocaram o crescimento econômico acelerado: (1) participação do Estado; (2) produção do setor de bens de consumo duráveis; (3) reformulação do sistema financeiro; (4) presença dos capitais externos; (5) programa de exportação; (6) aumento da taxa de lucro; e (7) aumento da renda familiar.
- Houve aumento da participação do Estado na economia de diferentes formas.Na esfera produtiva, o Estado se fez presente na área da mineração, siderurgia, petroquímica e hidroelétrica.
- Uma das conseqüências do milagre econômico: concentração dos recursos financeiros nas mãos de alguns poucos agentes financeiros. 
- Essa concentração financeira cumpria duas funções importantes dentro do milagre econômico brasileiro: permitia a esses grupos ter capacidade econômica para financiar empreendimentos (investimentos) de maior volume; permitia financiar o consumo da produção de bens duráveis, um dos pilares do nosso milagre econômico.
- Presença dos capitais externos: as autoridades brasileiras facilitaram o capital externo na economia nacional, dando continuidade ao processo de integração de importantes setores da indústria nacional com o capital internacional.
- O valor das exportações brasileiras cresceu durante os anos do milagre. Foi um crescimento maior que o da economia brasileira na sua totalidade.
- Esse importante crescimento do valor das exportações brasileiras é explicado tanto por razões internas (política comercial e política cambial do governo brasileiro) como por razões externas (os anos do milagre econômico brasileiro coincidirem com anos de prosperidade internacional e de grande liquidez no mercado internacional).
-Políticas do governo para estimular as exportações brasileiras: isenções de impostos que incidiam sobre os produtos exportados, financiamento para os exportadores brasileiros com recursos públicos e taxas de juros abaixo das praticadas no mercado nacional pelo setor financeiro privado.
- Política cambial do governo: fazer “minidesvalorizações” da moeda nacional frente ao dólar. Contribuiu para aumentar as exportações, na medida que essas desvalorizações cambiais tornavam o produto nacional mais barato para o importador (valorização do dólar frente à moeda nacional), que o estimulava a comprar mais produtos do Brasil. 
- Por que durante o milagre aumentou a presença do capital externo no Brasil? porque os lucros dos capitais externos que já estavam no Brasil foram reinvestidos no país, como porque entraram capitais externos novos. O reinvestimento dos elevados lucros obtidos durante os anos de crescimento econômico foi mais importante do que a entrada de novos capitais externos durante o seu milagre econômico.
- O aumento da taxa de lucro: Os capitalistas aumentaram suas taxas de lucro porque eles conseguiram reduzir o custo de produção e também porque os trabalhadores tiveram um achatamento dos seus salários, ou seja, redução do salário real.
- Como é que a renda familiar pôde aumentar, dado que houve um arrocho salarial: porque aumentou o volume de trabalho da família, o que fez aumentar a massa de salário recebido por ela.
- Os membros da família que já estavam no mercado de trabalho (já empregados) foram convocados por seus patrões para trabalhar em horas extras e recebiam mais por isso. O crescimento econômico abriu novas vagas no mercado de trabalho, que foram ocupadas por outros membros das famílias.
- Aspectos somados ao crescimento acelerado da economia brasileira nesse período: • aumento da participação do Estado na produção; • crescimento da produção de bens de consumo duráveis; • reformulação do sistema financeiro nacional que fez aumentar a capacidade interna de financiamento; • aumento da presença dos capitais externos; • crescimento das exportações de produtos primários e manufaturados por meio de um programa; • aumento da taxa de lucro via achatamento salarial; • aumento da renda familiar via aumento do volume de trabalho da família.
Aula 3 - A crise do milagre econômico brasileiro
- Em vários países, o crescimento da produção por vários anos consecutivos aumentou seguidamente a demanda por força de trabalho, apesar do uso cada vez mais intensivo de tecnologia. Isso provocou o esgotamento do reservatório da força de trabalho.
- Com a queda na oferta da força de trabalho e mantidos os níveis elevados da demanda, houve um desequilíbrio no mercado, e as organizações trabalhistas aproveitaram essa situação para obter aumentos extras de salário.
- Com a elevação do preço do petróleo, a principal matéria-prima do mundo industrializado e principal fonte de energia para a produção de bens e serviços, houve um aumento generalizado dos custos de produção, que quando repassado para o preço final do produto, desencadeou um processo inflacionário no mundo e aumentou o valor das importações dos países importadores de petróleo. Isso provocou desequilíbrio na balança comercial e no balanço de pagamentos, que os fez recorrer ao mercado internacional para obter empréstimos para cobrir esses déficits, aumentando suas dívidas externas. 
- Os aumentos das taxas de juros provocaram aumento das despesas da produção. Quando esses aumentos foram repassados para o preço final, tivemos mais uma pressão sobre os preços (mais inflação).
- Fatores que contribuíram para a configuração do quadro de crise externa da década de 1970, que afetaram o milagre brasileiro: • Esgotamento dos exércitos de reserva da força de trabalho, desequilibrando o mercado de trabalho e aumentar os salários; • Queda no ritmo de crescimento da produtividade, que inviabilizou o consenso político, na medida em que inviabilizou o crescimento simultâneo de salários e lucros; • Esgotamento da capacidade do padrão tecnológico do pós-guerra de contribuir para aumentar a produtividade; • Crise do petróleo, que desencadeou aumentos dos custos de produção e a inflação mundial.
- Da década de 1930 (início da industrialização brasileira) até a década de 1950, predominaram as indústrias de menor porte, produtoras de bens de consumo popular (produtos alimentícios, fumo, bebidas). A partir daí passaram a predominar as indústrias de maior porte, produtoras de bens de consumo duráveis, de materiais elétricos e de transporte.
- Para esse crescimento acelerado, o Estado, mais uma vez na trajetória da industrialização brasileira, deu uma importante parcela de contribuição: se responsabilizou pelos investimentos para a construção e o melhoramento de infra-estrutura rodoviária, portuária, de armazenagem e de energia elétrica (o Estado promovia uma forte socialização dos custos e proporcionava economias externas às empresas privadas).
- Para esse crescimento também houve uma importante contribuição do capital externo. Esse capital que entrou no Brasil sob a forma de tecnologia permitiu aos capitalistas nacionais aumentar a produtividade e o lucro. 
- No período do Plano de Metas o salário mínimo real alternou anos de perdas com anos de ganhos.
- Os ganhos de produtividade obtidos pelos capitalistas não foram repassados nem para os salários dos trabalhadores nem para os preços. Esses ganhos foram incorporados ao lucro, o que acelerou o processo de acumulação de capital no período.
- No final do governo de JK, o Brasil entrou num grave quadro de crise econômica e política. As empresas produziam, mas não conseguiam vender. 
- Diante da aceleração inflacionária, o governo passou a restringir os gastos públicos, contribuindo para a configuração da crise do processo de acumulação do capital.
- Os trabalhadores passaram a mostrar insatisfação com o governo de JK. Chegaram à conclusão de que a produtividade aumentava, o lucro dos empresários também aumentava, mas o poder aquisitivo dos seus salários declinava. Transformaram os seus descontentamentos em reivindicações, e faziam greves.
- Semelhanças do período do governo de JK com o período do milagre econômico: na época do milagre econômico também houve uma importante participação dos capitais externos e do Estado, e os trabalhadores também acumularam perdas no seu salário real.
- Os capitais externos que contribuíram para o milagre motivados pela crise internacional, deixavam de vir para o Brasil. As empresas multinacionais que se instalaram no Brasil agora, no momento de crise, aumentavam a retirada de dinheiro do nosso país, sob a forma de remessa de lucros para a matriz (trocavam os seus cruzeiros por dólarese os enviavam para o exterior, promovendo sangria em nossas reservas cambiais. Naquele momento, o país precisava de recursos em dólares para pagar os déficits da sua balança comercial.
- As taxas de juros no Brasil, que já eram altas, com a crise aumentaram ainda mais. As taxas internas de juros tendem a ser naturalmente mais altas que as praticadas no mercado internacional (como uma forma de atrair capitais externos para o país).
- Durante o milagre, as famílias aceitavam pagar juros altos porque os prazos de financiamento eram longos e porque a renda familiar crescia. As prestações, mesmo com juros altos, “cabiam” no orçamento familiar.
- A partir de 1974 as taxas de juros aumentaram e as famílias tiveram a sua renda bastante comprometida com as prestações, já estando bastante endividadas. Como resultado, o consumo se retraiu.
- Características do milagre brasileiro que foram afetadas com a crise externa: • Estímulo ao consumo de bens duráveis com crédito e financiamento. A crise externa fez aumentar as taxas internas de juros, inibindo o consumo; • Presença dos capitais externos. Os capitais externos, por força da crise, deixaram de entrar e passaram a sair mais; • Relativo equilíbrio da balança comercial da época do milagre foi interrompido com o crescimento do valor das importações brasileiras, como conseqüência da crise do petróleo e da inflação mundial.
Aula 4 - A política econômica para a crise pós-milagre: II PND
- A elevação brutal do valor das exportações brasileiras está diretamente relacionada com a crise do petróleo. 
- Razões, que se somam, poderiam estar influenciando a decisão do governo de conceder aumentos nominais no salário mínimo que resultassem em aumento real: o trabalhador vinha acumulando perdas no seu poder aquisitivo desde 1971, com seguidas quedas no salário mínimo real; interesse do governo em conquistar apoio eleitoral para seus candidatos nas eleições parlamentares programadas para novembro de 1974.
- Ao tomar posse em 15 de março de 1974, o general Ernesto Geisel, o quarto e penúltimo presidente militar do período ditatorial, encontrou esse quadro de crise para administrar em seu primeiro ano de mandato.
- Durante o período de Emílio Garrastazu Médici (antecessor de Ernesto Geisel), o Brasil viveu um período de elevadas taxas de crescimento do PIB (milagre econômico), mas com muita repressão política e com piora significativa na distribuição de renda.
- O presidente Geisel propôs a II PND, contendo as diretrizes da política econômica brasileira para o período de 1975-1979. Aprovada, transformou-se na Lei 6.151, de 4 de dezembro de 1974.
- Ernesto Geisel expressou o sentimento de que a crise era vista como momentânea e passageira. Tinham a esperança de que não haveria muitas dificuldades para superar aqueles momentos mais críticos e que em seguida poderiam retomar o caminho do crescimento econômico acelerado.
- Alimentava-se a esperança de que o setor externo pudesse nos proporcionar os recursos financeiros, tecnológicos e mão-de-obra qualificada, necessários para executar o II PND, mas que não possuíamos, pelo menos nas quantidades e com as especificações necessárias.
- A industrialização brasileira, via substituição de importações, começou pela produção de bens de consumo não-duráveis – a chamada primeira fase do processo de industrialização brasileira. Ao longo da década de 1950, teve início a segunda fase do processo de industrialização, com a produção de bens de consumo duráveis, que se estendeu até o período do milagre. 
- A proposta contida no II PND era completar o processo de industrialização brasileira, via substituição de importações, com a terceira fase dedicada à produção interna dos bens de produção que importava.
- A elevação dos preços do petróleo fez aumentar o valor das exportações, desequilibrando a balança comercial e o balanço de pagamentos. Por isso estava sendo manifestada a preocupação em aumentar as exportações como uma forma de reequilibrar o balanço de pagamentos.
- O milagre também produziu aumento da concentração pessoal da renda, deixando milhares de brasileiros à margem do processo de crescimento econômico e produzindo inúmeros bolsões de pobreza.
- O II PND estava indo ao encontro desses problemas para solucioná-los ou para minimizá-los, alimentando, mais uma vez, a idéia de que o crescimento econômico seria um elemento facilitador da tarefa de melhorar a distribuição pessoal e regional da renda e melhorar os indicadores de qualidade de vida da população brasileira.
- Objetivo daqueles que patrocinam o golpe militar e 1964, conforme mencionado no II PND pelo presidente Geisel: compromisso de construir uma sociedade desenvolvida, moderna, progressista e humana, tendo como referência o binômio desenvolvimento e segurança.
- Manifestações do II PND, nos campos social e político: intenção de se fazer uma construção nacional, seguindo o modelo brasileiro de sociedade aberta – racial, política e socialmente; uma sociedade com capacidade de se transformar e de reformar suas instituições – econômicas, sociais e políticas.
- Objetivo do campo econômico, de acordo com o II PND: alcançar o pleno potencial de desenvolvimento para o período de 1975-1979, com o compromisso de manter o crescimento acelerado dos últimos anos, com taxas de aumento das oportunidades de emprego da mão-de-obra superiores às da década anterior; conter a inflação de maneira gradual; manter em relativo equilíbrio o balanço de pagamentos; realizar política de melhoria da distribuição de renda, pessoal e regional, junto com o crescimento econômico; reservar a estabilidade social e política, assegurada a participação consciente das classes produtoras, dos trabalhadores e, em geral, de todas as categorias vitais ao desenvolvimento, nas suas diferentes manifestações; realizar o desenvolvimento sem a deterioração da qualidade de vida e, em particular, sem devastação do patrimônio de recursos naturais do país.
- Campos de atuação direta do Estado: setores de infra-estrutura econômica, com as empresas estatais atuando em conjunto com estados e municípios, nos setores de energia, transporte e comunicações; áreas de desenvolvimento social, como saúde, educação e previdência social.
- A produção gerada pelo Estado era importante para o país e para a lucratividade do setor privado nacional, por ter acesso a insumos mais baratos.
- Papel do capital privado nacional: o governo compromete-se com um modelo econômico de mercado, com o setor público apoiando e estimulando a empresa privada nacional para que ela pudesse ocupar de fato os espaços que a ela caberiam.
- Espaços que deveriam ser ocupados pela empresa privada nacional: áreas de concessão de serviços públicos, áreas da INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO, da indústria da construção, da agricultura e da pecuária, do comércio, de seguros e do sistema financeiro. 
- A política de apoio, incentivo e estímulo ao capital privado nacional contemplava o seguinte: – apoio financeiro e fiscal a projetos de grandes empresas nacionais ou à participação de empresas nacionais em grandes empreendimentos, inclusive em setores básicos e/ou de tecnologia de ponta; – apoio à transformação de pequenas e médias empresas em grandes empresas, por meio de financiamentos e aporte de capital; – estímulos financeiros e fiscais para fusões e incorporações nos setores em que a excessiva disseminação de empresas nacionais lhes retire o poder de competição e as coloque em posição frágil, perante o concorrente estrangeiro; – apoio para a formação de conglomerados nacionais com o objetivo de alcançar maior produtividade no uso dos recursos, pela fluidez intersetorial das aplicações e a garantia de estrutura financeira sólida. 
- Papel da empresa estrangeira: participação da empresa estrangeira na economia nacional em algumas áreas não existia ou era fraca, mas em outras era muito grande. A participação era fraca ou não existia no caso dos setores de atuação do Estado, no setor financeiro (bancos comerciais, bancos de investimento,financeiras e corretoras), na agricultura, no comércio, na construção civil e nos serviços pessoais. Por outro lado, a presença da empresa estrangeira era grande na indústria de transformação, importante pelo seu significado na estratégia de desenvolvimento a ser implementada.
- Funções da empresa estrangeira, já que o propósito não era de não restringir a atuação dessas empresas, mas de indicar como poderiam estreitar a cooperação com as autoridades econômicas: – abertura de novos mercados, pela expansão das exportações, principalmente em manufaturas não-tradicionais; – contribuição ao desenvolvimento da pesquisa tecnológica, no Brasil, adotando orçamento próprio de pesquisa e contratando serviços de engenharia com empresas instaladas no país; – análise das repercussões de sua posição no mercado, evitando, práticas de controle de mercado ou de absorção de competidores.
- O II PND propunha do governo deixar de dar preferência ao setor de bens de consumo duráveis e passar a priorizar o setor de bens de produção.
- Para isso, o governo precisava ter capacidade de financiamento e apoio político (estes dois aspectos – apoio político e capacidade de financiamento – caminharam juntos). O governo utilizou o financiamento à iniciativa privada para obter o apoio político de que precisava.
- A questão do financiamento ganhava importância, na medida que teriam de ser obtidos recursos para financiar tanto a empresa pública como a empresa privada.
- As empresas estatais foram as grandes responsáveis pela execução do II PND. O financiamento das estatais brasileiras foi feito com recursos externos.
- Motivações básicas que respondia ao fato do financiamento das estatais terem sido feitos com recursos externos: Primeira (recorrendo ao exterior para obter financiamento, evitava-se que as grandes empresas estatais disputassem com as empresas privadas nacionais (de menor porte) os escassos recursos disponíveis no mercado interno para fins de financiamento. Isso poderia inclusive elevar as taxas de juros, encarecendo os custos de produção e pressionando a inflação); Segunda (facilidade de captação de recursos no mercado externo, dada a grande liquidez internacional).
- No caso do financiamento das empresas privadas nacionais, o BNDES atuou como o principal financiador de investimentos e coordenador do Sistema Nacional de Bancos de Desenvolvimento.
- Formação do Sistema Nacional de Bancos de Desenvolvimento: Banco Central, Banco do Brasil, Banco Nacional de Habitação, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e Banco Nacional de Crédito Cooperativo. 
- A questão do apoio político: cada vez mais expressivas as manifestações de descontentamento da sociedade (passeatas, greves) para com a situação em que viviam e que poderia piorar com a chegada da crise. 
- Esse descontentamento foi manifestado nas eleições parlamentares de novembro de 1974, que impuseram uma derrota fragorosa ao partido do governo, a Aliança Renovadora Nacional (Arena). Essa derrota inesperada influenciou fortemente o governo Geisel na construção do apoio político ao seu governo e ao seu plano. 
- Tal derrota também contribuiu para a decisão de enfrentar a crise econômica com crescimento acelerado (financiamento), ficando a política de ajuste como uma estratégia a ser utilizada no mais longo prazo. A opção seria a de ter o crescimento econômico como uma condição para fazer o ajuste, a opção de “fugir” para frente. 
- A proposta do presidente Geisel era implementar um processo de abertura política lenta, gradual e segura, visando alcançar um pluralismo político limitado, mas com a preocupação de não perder o controle do processo de abertura. 
- O aparato legal para essa construção: Lei Falcão.
- O texto do II PND previa que suas propostas seriam executadas com um regime econômico de mercado e com delimitação das funções que seriam desempenhadas pelo Estado, pelo capital privado nacional e pelo capital externo. 
- O II PND fracassou? Por quê? No período de 1975 a 1979, as medidas implementadas no âmbito do II PND não se mostraram eficazes para equilibrar a balança comercial, controlar a inflação e diminuir a dívida externa. O crescimento médio anual do PIB no período de 1975 a 1979 foi bem inferior ao crescimento médio anual do período do milagre econômico. No primeiro e no último ano de vigência do II PND foram registrados déficits no balanço de pagamentos. Nos três outros anos houve superávit, mas a dívida externa cresceu muito no período. Considerando que o plano não cumpriu os objetivos propostos, podemos dizer que o II PND fracassou.
Aula 5 - A política econômica do governo Figueiredo (III PND) e a transição política
- O presidente Geisel encontrou um quadro de crise na economia brasileira. Para atacar a crise, o presidente colocou o desafio de fazer o país crescer numa velocidade superior à da época do milagre econômico.
- Admitindo que a inflação era uma decorrência do excessivo crescimento da demanda, tomou uma série de medidas para conter o seu crescimento.
- Medidas tomadas pelo presidente Geisel para conter o crescimento da demanda (que causava a inflação): aumentos das taxas de juros (inibir o consumo, especialmente de bens de valor mais elevado e de bens comprados a prazo. A queda da demanda refletiria no setor privado, desestimulando os seus investimentos); controle dos gastos públicos (controle da demanda pública e contenção dos investimentos públicos, que também repercutiu no setor privado, desestimulando os seus investimentos).
- Efeitos dessas medidas, percebidos em 1977: a inflação se estabilizou (conseqüência da redução do consumo do setor público e do setor privado); os saldos da balança comercial melhoraram (diminuíram as importações – de bens para o consumo e insumos para a indústria – houve melhoria dos preços de alguns produtos exportados – do café, por exemplo – os preços dos barris de petróleo se estabilizaram no mercado internacional.- A situação de equilíbrio foi momentânea. Logo surgiram efeitos negativos e o país entrou em recessão.
- As altas taxas de juros praticadas para desestimular o consumo provocaram uma série de efeitos negativos, elevando a dívida pública interna, aumentando o endividamento do setor privado, corroendo as margens de lucro das empresas, desestimulando os investimentos produtivos e estimulando a especulação financeira. 
- Os juros altos aumentavam os custos financeiros dos agricultores, fazendo com que os seus custos finais superassem os valores já definidos para o produto. Isso provocou o endividamento de muitos agricultores e até a perda de propriedade (ou de parte dela) dada em garantia pelos empréstimos contraídos no sistema financeiro. As pequenas e médias empresas que não tinham capital de giro e tinham que recorrer ao mercado financeiro viram suas dívidas crescer e/ou suas margens de lucro encolher, porque tinham que abrir mão de parte dos seus ganhos para pagar taxas de juros mais altas.
- Comparando a situação do país em 1974, início do mandato do presidente Geisel, com a situação do país em 1978, observa-se que a inflação era mais alta, os juros eram mais elevados e as dívidas internas e externas também eram mais altas.
- Ele deixou como herança para o seu sucessor o poder e um quadro de crise.
- Em 15 de março de 1979 tomou posse como presidente da República o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, o último presidente do regime militar iniciado em 1964. 
- Plano político do presidente Figueiredo: compromisso quando ainda estava na condição de candidato, de conduzir o país de volta ao regime democrático. 
- Plano econômico do presidente Figueiredo: compromisso de manter a continuidade do modelo de crescimento econômico utilizado pelo regime militar desde 1964. 
- João Baptista de Oliveira Figueiredo foi o presidente militar que por mais tempo governou o país no período da ditadura.
- Lei da Anistia: restituiu os direitos políticos aos brasileiros residentes no Brasil que tiveram os seus direitos políticos caçadosao longo dos anos da ditadura. 
- A política econômica de 1979 privilegiou acima de tudo o combate à inflação. Estabeleceu como meta reduzir a inflação para 30% em 1979.
- O desenvolvimento agrícola e o equilíbrio do balanço de pagamentos foram as outras duas metas econômicas definidas no ano de 1979. 
- Expectativas criadas a partir do possível desenvolvimento do setor agrícola: o desenvolvimento desse setor permitisse aumentar a oferta interna de alimentos e de matérias-primas, contribuindo para o controle da inflação; que esse desenvolvimento agrícola também pudesse aumentar as exportações e diminuir as importações, contribuindo para melhorar os saldos da balança comercial e para equilibrar o balanço de pagamentos. Esperava-se que o crescimento e a modernização do setor agrícola contribuíssem para aumentar o consumo do meio rural, tanto de bens de capital como de bens de consumo. 
- Para promover esse desenvolvimento agrícola o governo lançou o chamado “pacote agrícola”: conjunto de medidas de estímulo para os produtores rurais. 
- Em junho de 1979 teve início a segunda crise do petróleo, que foi mais impactante que a de setembro de 1973. 
- Fatores ocorridos no primeiro ano de governo do presidente Figueiredo que indicam o cumprimento do compromisso político por ele assumido: tolerância do governo com o movimento grevista iniciado em março de 1979; Lei da Anistia de agosto de 1979, que restituiu os direitos de brasileiros que viviam no Brasil e fora dele; Lei do Pluripartidarismo, de dezembro de 1979, que permitiu a construção de novos partidos políticos para abrigar melhor diferentes correntes políticas que antes estavam obrigadas a se acomodar nos dois únicos partidos existentes.
- Aspectos que fundamentavam as definições e opções constantes do III PND: • necessidade de vencer os desafios adicionais que a economia mundial acrescentou ao árduo esforço anterior de construção de uma sociedade desenvolvida e livre; • importância de rever os prazos do desenvolvimento brasileiro com base nas modificações e incertezas decorrentes da crise energética e de seus reflexos; • reconhecimento de que o país não podia renunciar ao crescimento, seja porque o povo aspirava a uma maior prosperidade, seja porque era alto o custo social da estagnação; • necessidade de promover uma distribuição mais justa dos frutos do desenvolvimento econômico, dirigindo-se prioritariamente para a melhoria das condições de vida dos segmentos menos favorecidos da população; • respeito ao amadurecimento político da sociedade brasileira e ao histórico compromisso da Revolução de 1964, com sua vocação e seu ideal democrático; • reconhecimento da opção brasileira pela economia de mercado, com atuação governamental voltada para orientação, apoio e estímulo aos setores privados, limitando-se o governo, como produtor e investidor, aos campos e atividades exigidos pelo interesse e segurança nacionais e aos projetos não desejados ou inviáveis para iniciativa privada; a necessidade de concentrar os esforços na formulação de políticas exeqüíveis e socialmente pertinentes, porque as incertezas dos tempos atuais obrigam a não fazer uso das técnicas quantitativas do planejamento; • esforço de valorização do homem brasileiro, buscando garantir condições dignas de trabalho e remuneração adequada à satisfação de suas necessidades básicas.
- O III PND, seus objetivos, diretrizes, critérios, medidas e instrumentos de ação, seriam válidos enquanto perdurassem os seguintes condicionantes: • permanência e desdobramento da crise energética; • persistência do balanço de pagamentos como restrição crítica; • crescentes pressões sobre o nível e custo da dívida externa; • substancial pressão inflacionária de origem interna e externa; • necessidade de crescer para criar o maior número possível de empregos.
- O plano definia sete grandes objetivos nacionais, que convergiam para o objetivo-síntese de construir uma sociedade desenvolvida, livre, equilibrada e estável, em benefício de todos os brasileiros. São eles: (1) Acelerando crescimento da renda e do emprego; (2) Melhoria da distribuição de renda, com redução dos níveis de pobreza e elevação dos padrões de bem-estar das classes de menor poder aquisitivo; (3) redução das disparidades regionais; (4) Contenção da inflação; (5) Equilíbrio do balanço de pagamentos e controle do endividamento externo; (6) Desenvolvimento do setor energético; (7) Aperfeiçoamento das instituições políticas.
- Acelerado crescimento da renda e do emprego: condicionado às limitações impostas pelo combate à inflação e pelo equilíbrio do balanço de pagamentos (o que o governo queria era alcançar elevadas taxas de crescimento econômico, que garantissem a criação de novos postos de trabalho para atender tanto os que estavam entrando no mercado de trabalho, como os que estavam nesse mercado, mas na condição de desempregados).
- Melhoria da distribuição de renda, com redução dos níveis de pobreza e elevação dos padrões de bem-estar das classes de menor poder aquisitivo: reconhecendo que o crescimento econômico de anos anteriores piorou a distribuição de renda no Brasil, o caminho proposto era o de combinar rápido crescimento econômico com política de distribuição de renda coerente com a manutenção das liberdades democráticas, com o respeito às negociações salariais, com o uso de instrumentos fiscais em benefício da justiça social e com a crescente disponibilidade e acesso aos serviços de educação, saúde, saneamento e previdência social, bem como de moradia, alimentação e transporte. A idéia era de que a política de distribuição de renda deveria apoiar-se não só na democratização das oportunidades de emprego, como na alteração do perfil de investimentos nacionais, privilegiando setores de maior efeito redistributivo como a agricultura; no desenvolvimento do Nordeste; no apoio às pequenas e médias empresas; em uma eficiente e justa política salarial; em uma agressiva política social; em uma modificação da política tributária.
- Redução das disparidades regionais: tinha o foco nas áreas densamente povoadas e carentes de recursos, como o Nordeste, e na ocupação não predatória da Amazônia.
- Contenção da inflação: foi colocado como uma condição necessária e imprescindível para assegurar a eficiência, a estabilidade e o crescimento continuado da economia brasileira e a melhoria dos níveis de bem-estar da população.
- Equilíbrio do balanço de pagamentos e controle do endividamento externo: expansão das exportações brasileiras foi colocada como uma condição fundamental para alcançar o equilíbrio do balanço de pagamentos e o controle da dívida externa, ambos afetados pelos efeitos da crise do petróleo iniciada em 1973.
- Desenvolvimento do setor energético: definição de uma política governamental para a construção de um novo modelo energético, menos dependente do exterior, dando prioridade aos programas de pesquisa e exploração da Petrobras, ao Programa Nacional do Álcool, à produção de energia hidroelétrica, à produção de energia nuclear e de fontes não convencionais (energia solar, eólica, das marés, hidrogênio e fontes vegetais).
- Aperfeiçoamento das instituições políticas: proposta de construção de um estado de direito que assegurasse representatividade às diversas correntes de opinião existentes no país. O governo colocava o objetivo democrático como indissociável da idéia de melhoria da qualidade de vida de todos os brasileiros.
- Os resultados do III PND: Em termos de resultados da balança comercial, teve êxito. As exportações aumentaram e as importações diminuíram. Houve uma melhoria significativa nos saldos da balança comercial. Em relação às reservas cambiais o sucesso foi menos expressivo. Em relação à inflação, à dívida externa e ao salário mínimo, os resultados foram muito ruins. A inflação ao longo dos anos de vigência do plano foi sempre alta e com forte tendência de crescimento. O salário mínimo real acumulou perdas por vários anos, em especial nos últimos três anos do plano. A dívidaexterna bruta cresceu.
- Os salários reais acumularam grandes perdas durante a vigência do III PND, mas houve ganhos em alguns anos (1980 e 1982).
- A dívida externa bruta cresceu sucessiva e ininterruptamente ao longo do período.
- O que explica os saldos positivos da balança comercial brasileira nos quatro últimos anos do plano são os crescimentos sucessivos das exportações e as diminuições sucessivas das importações; porque de fato as importações diminuíram sucessivamente ao longo dos quatro últimos anos do plano, mas as exportações não cresceram no último ano do plano.
- Aspectos do quadro de crise que provocou ou estimulou a transição política: (1) esgotamento do modelo econômico adotado pelo Brasil nos últimos cinqüenta anos, com o II PND tendo dado a última dose de contribuição para viabilizar taxas mais expressivas de crescimento do produto interno bruto; (2) combinação de dívida externa, dívida interna, ciranda financeira e aceleração inflacionária, impedindo o Estado de continuar a desempenhar o seu papel de sustentáculo do desenvolvimento brasileiro; e (3) o Estado autoritário ter entrado em crise devido ao esgotamento de sua capacidade de induzir o processo de crescimento econômico e devido ao fortalecimento da sociedade urbana industrial, que acabou por se confrontar com a forma autoritária pela qual o governo se sustentava.

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