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� � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 254 24. CINÉTICA DE UMA PARTÍCULA 24.1 SEGUNDA LEI DE NEWTON Um ponto submetido a uma força não nula adquire uma aceleração com módulo proporcional ao módulo da força na mesma direção e sentido desta. amF !! ⋅= (24.1) Para mais de uma força agindo sobre a partícula, sabe-se que a partícula adquire uma aceleração com módulo proporcional ao módulo da força resultante na mesma direção e sentido desta. Este resultado está expresso na equação (24.2) e na Fig. (24.1). amFFR !!! ∑ == (24.2) Figura 24.1 É importante salientar, que é mais usual empregar-se a ilustração da Fig. (24.2) do que a da Fig. (24.1). Figura 24.2 Na Fig. (24.2) iguala-se o diagrama de corpo livre, que representa a partícula livre de sua vizinhança e mostra todas as forças atuantes sobre esta, ao diagrama cinético, o qual corresponde ao movimento da partícula provocado pelas forças. Nota-se pela equação (24.2) que se a força resultante é nula ( 0∑ == FFR !! ) então a aceleração também é nula ( 0=a ! , já que 0≠m ), logo a partícula permanecerá em repouso ou realizará um movimento retilíneo uniforme (condição de equilíbrio estático – 1ª Lei de Newton). P 1F ! 2F ! RF ! a ! P = Diagrama de corpo livre P Diagrama de corpo livre 1F ! 2F ! RF ! am ! � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 255 24.2 QUANTIDADE DE MOVIMENTO O vetor quantidade de movimento L ! de um ponto tem a mesma direção e sentido que a velocidade do ponto e o seu módulo é igual ao produto da massa pela velocidade do ponto. vmL !! = (24.3) Utilizando-se este conceito pode-se rescrever a 2ª Lei de Newton na sua forma original L dt Ld F ! " ! ! ==∑ (24.4) Nesta expressão, o ponto sobre o vetor L ! indica derivada em relação ao tempo (por exemplo dt dx x =" e 2 2 dt xd x ="" ). Considerando a massa m constante, a expressão (24.4) reproduz a (24.2), ou seja amF dt vd mvF dt vmd F !! ! !! !! =→+=→= ∑∑ ∑ dt dm )( (24.5) É importante observar que se a força resultante, que atua numa partícula é nula, a quantidade de movimento da partícula permanece constante, tanto em módulo como em direção e sentido. 24.3 EQUAÇÕES DE MOVIMENTO Apresenta-se a seguir as equações de movimento mais empregadas na solução de problemas. 24.3.1 Equações de Movimento em Coordenadas Cartesianas Os vetores força e aceleração são representados por suas componentes cartesianas num sistema de referência XYZ como ilustrado na Fig. (24.3). Figura 24.3 – Representação das equações de movimento em componentes retangulares. X Z O Y P X Z O Y P= Fx Fy Fz maz may max � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 256 Considerando a expressão (24.2) e escrevendo os vetores força e aceleração em componentes cartesianas tem-se ∑ ++=++ )()( kajaiamkFjFiF zyxzyx !!!!!! (24.6) que resulta em três equações escalares ∑ ∑ ∑ = = = zz yy xx maF maF maF (24.7) Quando o problema é definido no plano XY as equações de movimento ficam reduzidas a duas: ∑ = xx maF e ∑ = yy maF . 24.3.2 Equações de Movimento no Triedro de Frenet Quando uma partícula se desloca ao longo de uma trajetória curva conhecida, normalmente é vantajoso escrever as equações de movimento em relação ao triedo de Frenet. A Fig (24.4) ilustra o diagrama de corpo livre e o diagrama cinético no sistema de referência adotado. Figura 24.4 – Representação dos diagramas de corpo livre e cinético no triedro de Frenet. Considerando-se a definição do triedro de Frenet, ver item 19.2, e a equação (19.11) pode-se escrever ∑∑ ∑∑ ∑∑ =→= =→= =→= 00 bbb tttttt nnnnnn uFF umauFamF umauFamF !! !!!! !!!! (24.8) nas quais nu ! e tu ! são vetores unitários que definem as direções normal e tangencial. Vale dizer que o somatório de forças na direção do vetor binormal bu ! é necessariamente nulo, já z y x O nu ! ∑ nF ! ∑ tF ! tu ! z y x O nu ! tam ! tu ! P P nam ! = � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 257 que o movimento da partícula está restrito a sua trajetória. As duas primeiras equações apresentadas em (24.8) podem ser rescritas como ttt nnn u dt dV muF u R V muF !! !! ∑ ∑ = = 2 (24.9) , o que indica que as forças na direção tangencial, ∑ ttuF ! , provocam variação no módulo da velocidade e as forças na direção normal geram a aceleração normal, que deve estar sempre direcionada para o centro de curvatura, com o sentido representado na Fig. (24.4). Como a resultante das forças normais tem sempre o seu sentido para o centro da trajetória, costuma-se chama-la de força centrípeta. As expressões apresentadas em (24.8) podem ser escritas na sua forma escalar como ∑ ∑ ∑ = = = 0b tt nn F maF maF (24.10) 24.3.3 Equações de Movimento em Componentes Polares Seja P um ponto móvel sobre um plano e seja OX um eixo escolhido sobre este plano. Considerando o item 19.3.4 e a Fig. (24.5) pode-se escrever as equações de movimento como rrrrrr trtrtrtrtrtr umauFamF umauFamF !!!! !!!! ∑∑ ∑∑ =→= =→= (24.11) Figura 24.5 - Representação dos diagramas de corpo livre e cinético num sistema de coordenadas polares. Nesta expressão trF ! e rF ! representam as forças nas direções transversal e radial. Considerando a expressão (19.26), pode-se rescrever a (24.11) como a (24.12), que corresponde as equações escalares apresentadas em (24.13). x P 90° r θ O 90° ur utr S ∑ trF! ∑ rF! x P 90° r θ O 90° ur utr S tram ! ram ! = � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 258 rrr trtrtr ur dt rd muF u dt d r dt dr muF !! !! ∑ ∑ −= += 2 2 2 2 ω ω ω (24.12) ∑ ∑ −= += r dt rd mF dt d r dt dr mF r tr 2 2 2 2 ω ω ω (24.13) Em alguns tipos de problemas pode ser mais vantajoso trabalhar com as forças projetadas segundo uma direção tangencial e normal à trajetória da partícula. Por exemplo, considere que uma partícula P realiza um movimento, ao longo de uma trajetória ( )θfr = , provocado por uma força F1. A força normal N que a trajetória exerce na partícula é sempre perpendicular à tangente a trajetória. Já a força de atrito FA age ao longo da tangente a trajetória no sentido oposto ao movimento. Neste caso, normalmente é mais simples identificar as direções normal e tangencial a partir da coordenada radial, calculando-se o ângulo ϕ definido entre o prolongamento da direção radial e a reta tangente à curva no ponto considerado. A Fig. (24.6) ilustra o cálculo do ângulo ϕ. Nota-se que quando a partícula percorre uma distância ds na trajetória, a componente deste deslocamento na direção radial vale dr e na direção transversal vale θdr . Como estas componentes são ortogonais pode-se definiro ângulo ϕ pela equação (24.14) Figura 24.6 θ ϕ ddr r =tan (24.14) É importante salientar que se o ângulo ϕ é positivo, este é medido no sentido anti-horário a partir da reta que prolonga a direção radial, e no caso do ângulo ϕ ser negativo, deve-se medi- lo no sentido horário a partir da reta que prolonga a direção radial. x r O θ ϕ tangente ( )θfr = dr rdθ ds dθ r � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 259 24.3.4 Equações do Movimento em Componentes Cilíndricas Seja um ponto P móvel no espaço. Considerando os resultados obtidos no item 19.3.5 e a Fig. (24.7) pode-se escrever as equações de movimento deste ponto num sistema de coordenadas cilíndricas como Figura 24.7 - Representação dos diagramas de corpo livre e cinético num sistema de coordenadas cilíndricas. ∑∑ ∑∑ ∑∑ =→= =→= =→= zzzzz rrrrrr amuFamF umauFamF umauFamF !!!! !!!! !!!! θθθθθθ (24.15) Considerando a equação (19.31) pode-se rescrever a (24.15) como ∑ ∑ ∑ = += −= zzz rrr u dt zd muF ur dt dr muF ur dt rd muF !! !! !! 2 2 2 2 2 2 θθθ αω ω (24.16) θ r z rp P uz ur uθ ∑ zF! ∑ θF! ∑ rF! = θ r z rp P zam ! θam ! ram ! � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 260 24.4 MOMENTO ANGULAR Define-se o momento angular de uma partícula como o momento em relação ao ponto O, conforme Fig.(24.8), do vetor quantidade de movimento vm ! da partícula, no instante considerado, ou seja LrHvmrH oo !!!!! ×=→×= (24.17) Figura 24.8 – Momento angular de uma partícula. Pela expressão (24.17) nota-se que o vetor momento angular OH ! tem as seguintes propriedades: • φsen.rmvHo = ; • oH ! é perpendicular ao plano definido por r ! e L ! ; • O sentido de oH ! é dado pela regra da mão direita; • Unidade: [kg m2/s]. O momento angular OH ! é calculado pelo determinante apresentado na expressão (24.18) =++= zyx OOOo mvmvmv HHHH zyx zyx rrr kji kji !!! !!!! (24.18) Em problemas definidos no plano XY tem-se ( )0;; yx rrr =! e ( )0;; yx vvv =! , logo como rHO !! ⊥ e vHO !! ⊥ , conclui-se que ( ) zOO HH ;0;0= ! Em coordenadas polares o momento angular pode ser definido a partir da Fig. (24.9), o que resulta na expressão (24.19). y x O oH ! r ! vm ! φ � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 261 Figura 24.9 – Definição do momento angular em coordenadas polares. dt d mrHrmvHrmvH ooo θφ θ 2sen. =→=→= (24.19) Calculando-se a derivada do momento angular oH ! em relação ao tempo tem-se dt vd mrvm dt rd dt Hd o ! !! !! ×+×= (24.20) Considerando as definições de velocidade e aceleração, expressões (19.1) e (19.2), pode-se rescrever a (24.20) como amrvmv dt Hd o !!!! ! ×+×= (24.21) Como v ! e vm ! são vetores paralelos, sabe-se que 0=× vmv !! , logo a (24.21) resulta em amrHamr dt Hd O o !! ! "!! ! ×=→×= (24.22) Considerando a 2ª Lei de Newton, equação (24.2), pode-se escrever a (24.22) como ∑×= FrHO !! ! " (24.23) que resulta em ∑= oO MH ! ! " (24.24) Conclusão: A soma dos momentos em relação a O, das forças que atuam num ponto P é igual a derivada do momento angular em relação ao tempo. 24.5 VALIDADE DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO As equações de movimento anteriormente apresentadas são válidas quando escritas em relação a um sistema de referência Newtoniano ou sistema de referência inercial. Defini- se um referencial inercial como um sistema de eixos em repouso ou realizando um movimento retilíneo uniforme. Esta definição assegura que a aceleração de uma partícula P O r ! mv φ rvm ! θvm ! P θ � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 262 medida em relação à dois sistemas de referência inerciais seja a mesma. Como exemplo, vamos analisar o movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV) de um partícula P em relação a vários sistemas de referência como está ilustrado na Fig. (24.10). Figura 24.10 – Exemplos de sistemas de referência. No desenho acima representa-se por aP/O a aceleração do ponto P medida em relação ao sistema de referência Oxy. Aplica-se a mesma convenção para os demais sistemas de referência. Nota-se que a aceleração da partícula observada a partir dos sistemas de referência Oxy (em repouso) e O1x1y1 (em MRU) é a mesma, ou seja POPOP aaa ### == 1// . Estes dois sistemas de referência são classificados como referenciais inerciais. Já a aceleração da partícula medida no referencial O2x2y2, que realiza um movimento retilíneo acelerado, vale 22/ OPOP aaa ### −= , e a aceleração da partícula medida no referencial O3x3y3, que realiza um movimento de rotação, sofre efeito da aceleração de coriolis resultando em 33/ OPOP aaa ### −= . Os referenciais O2x2y2 e O3x3y3 são denominados referenciais não inerciais, logo as acelerações medidas em relação à estes sistemas, 2/OP a # e 3/OP a # , não podem ser utilizadas na expressão da 2ª Lei de Newton com a finalidade de determinar as forças atuantes na partícula. Quando devemos trabalhar em relação a um referencial não inercial, as leis de Newton poderão ser aplicadas desde que se introduzam as chamadas forças inerciais. Essas forças são intrínsecas ao referencial e desaparecem quando a observação é feita fora dele. Logo, são utilizadas como uma técnica que nos permite aplicar as leis de Newton para descrever um evento num referencial não inercial como por exemplo um referencial rotacional. Eixos terrestres. Em um número significativo de aplicações, costuma-se adotar como sistema de referência um triedro solidário com a Terra e, portanto, afetado pela rotação desta. Na maioria dos problemas de engenharia isso não altera de modo significativo os resultados obtidos. Entretanto, em problemas de balística, trajetória de projéteis, em problemas de navegação aérea, não se pode deixar de considerar as acelerações de condução e de Coriolis. A aceleração de condução é a aceleração normal devida ao movimento de rotação da Terra, não dependendo do movimento relativo (cabe salientar que o movimento de translação da Terra não é considerado porque no intervalo de tempo no qual ocorre o movimento em estudo, pode-se considerar a translação terrestre como retilíneo e uniforme). A aceleração de coriolis também é provocada pela rotação da Terra, já que o movimento de condução do sistema de referência é uma rotação, mas esta aceleração somente se manifesta quando há também um movimento relativo. Denomina-se de efeito geostrófico a toda manifestação da aceleração de Coriolis em relação aos eixos terrestres. O x y ap trajetória da partícula sistema em repouso O1 sistema em MRU VO1 x1 y1 sistema em acelerado (movimento retilíneo) O2 x2 y2 aO2 ap ap/02 - aO2 sistema em rotação O3 x3 y3 ω3 ap - aO3 ap/03 Vp P aP/O = ap aP/O1 = ap � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil LucianoPerin - CEMACOM 263 24.6 EQUILIBRIO DINÂMICO A Segunda Lei de Newton pode ser escrita como 0=−∑ amF !! , que mostra ao adicionarmos o vetor am ! − às forças que atuam sobre o ponto em estudo, obteremos um sistema de vetores equivalentes a zero. O vetor am ! − é chamado de vetor de inércia ou de força de inércia. Diz-se então que o ponto está em equilíbrio dinâmico. Logo, este tipo de problema pode ser resolvido através dos métodos da estática. Este procedimento de trabalho costuma ser denominado de Princípio de D’Alembert. A Fig. (24.11) permite comparar o procedimento baseado nas equações de movimento, que emprega um diagrama de corpo livre e um diagrama cinético, com o procedimento do equilíbrio dinâmico, que trabalha apenas com um diagrama de corpo livre. Figura 24.11 – Comparação entre a equação de movimento e a equação de equilíbrio dinâmico. a) Equação de movimento representada através de um diagrama de corpo livre e um diagrama cinético; b) Equação de equilíbrio dinâmico indicando que a força de inércia am ! − deve se opor à força resultante das forças externas; c) Equação de equilíbrio dinâmico indicando que a força de inércia am ! − , quando somadas com as forças externas que atuam no corpo deve resultar no vetor nulo. A Fig. (24.12) faz uma comparação entre a equação de movimento e a equação de equilíbrio dinâmico quando se trabalha com as componentes tangencial e normal. Nota-se que a componente tangencial do vetor de inércia, tam ! − , mede a resistência que o ponto oferece quando se tenta mudar o módulo de sua velocidade, enquanto a componente normal do vetor de inércia, nam ! − , representa a tendência do ponto material em abandonar sua trajetória curvilínea. Este vetor de inércia é também chamado de força centrífuga. 1F ! 2F ! RF ! m am ! = m am ! − 1F ! 2F ! RF ! m = 0 am ! − 1F ! 2F ! m = 0 a) b) c) � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 264 Figura 24.12 – Comparação entre a equação de movimento e a equação de equilíbrio dinâmico em termos de componentes normal e tangencial. De modo geral, os vetores de inércia medem a resistência oferecida pelos pontos materiais quando tentamos colocá-los em movimento ou quando tentamos mudar as condições de seus movimentos. Os vetores de inércia são usualmente chamados de forças de inércia, no entanto este é um tema polêmico. Os vetores de inércia ou melhor forças de inércia não são iguais às forças encontradas na Estática, que são forças de contato ou forças gravitacionais. Além disso, relendo o item 24.5 nota-se que as forças de inércia são intrinsicas ao referencial não inercial adotado, ou seja estas forças desaparecem se o problema for analisado em relação a um referencial inercial, logo pode-se dizer que as forças inerciais são forças fictícias. Por este motivo, existem objeções ao uso da palavra força quando se trata do vetor de inércia am ! − . Por outro lado, verifica-se que os vetores de inércia, ou forças de inércia, e as forças reais afetam os nossos sentidos da mesma maneira e não podem ser distinguidos por medidas físicas. Por exemplo, um homem num elevador, que é acelerado para cima, terá a sensação de que seu peso aumentou, e nenhuma medida realizada dentro do elevador pode estabelecer se este está acelerado ou se a força gravitacional aumentou. Não entrando no mérito desta questão, ao longo deste texto emprega-se ambos os termos, força de inércia ou vetor de inércia, para identificar o vetor am ! − . Força centrífuga. A força centrífuga é uma força inércia que está associada a um referencial que realiza um movimento de rotação. Alguns exemplos nos quais se encontra o efeito desta força são as centrífugadoras, máquinas de lavar roupa. Outro exemplo comum é a tendência de sermos prensados contra a parede de um automóvel quando este realiza uma curva com velocidade considerável. A Fig. (24.13) ilustra esta situação. m ∑ nF ! ∑ tF ! nam ! tam ! m = nam ! − tam ! − m ∑ nF ! ∑ tF ! = 0 � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 265 Figura 24.13 – Exemplo de atuação da força centrífuga. Força de Coriolis. A força de Coriolis é uma força de inércia cujo efeito se manifesta quando se observa o movimento de um corpo a partir de um referencial girante. Para ficar mais claro vamos analisar alguns exemplos. Seja uma partícula P de massa m, que se move com velocidade v ! , em relação a um sistema de referência solidário (Oxy) a uma plataforma, que realiza um movimento de rotação com velocidade angular constante ω ! , em relação a um sistema de referência fixo (UXY). A Fig. (24.14) ilustra este exemplo. Figura 24.14 Quando o movimento da partícula é observado do referencial Oxy devem ser consideradas duas forças inerciais. A primeira é a força centrífuga ( ) 2ωPOmFcentr −=! , que é perpendicular ao eixo de rotação e dirigida radialmente para fora da plataforma. A segunda é a força de Coriolis vmFcoriolis !!! ×−= ω2 , que tem direção vFcoriolis !! ⊥ e ω! ! ⊥coriolisF . Quando um objeto de massa m é lançado na direção radial para um ponto A, que está na periferia de uma plataforma girante, a força de Coriolis provoca uma deflexão lateral em sua trajetória conforme ilustrado na Fig. (24.15a). Isto ocorre no referencial não inercial da plataforma, no qual o ponto A está em repouso e o corpo é defletido para a direita. Por outro lado, quando se observa este movimento de um referencial inercial, o objeto desloca-se em linha reta e não atinge o ponto A, já que este desloca-se com a plataforma conforme ilustrado na Fig. (24.15b). força centrífuga força de atrito entre o passageiro e o banco velocidade O x y ωωωω v0 U X Y Fcoriolis Fcentr. P � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 266 Figura 24.15 – Lançamento de um objeto do centro de uma plataforma girante para um ponto localizado na periferia desta plataforma. Exemplo 1. Um carrinho de brinquedo de 0,4 kg de massa se desloca sobre uma plataforma girante, com velocidade de 2 m/s constante e direcionado do centro da plataforma para a periferia. Considerando que a plataforma tem uma velocidade angular pmk r30 !! =ω constante e que o carrinho se encontra a 0,5 m do centro, determine quais as forças que atuam no carrinho. Apresente a solução num referencial não inercial (plataforma) e num referencial inercial. A Fig. (24.16) ilustra os dados do problema. Figura 24.16 – Exemplo de aplicação da força de Coriolis. ωωωω ωωωω A A m m b) ωωωω Pij X Y U=O 0,5 x y 30o ωωωω Am ωωωω A m � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 267 Solução: Na representação das forças que atuam no carrinho será desprezada a força aerodinâmica (atrito entre o carrinho e o ar) já que a velocidade deste é baixa. Considerando-se a solução no referencial não inercial tem-se rad/s 60 302 π π ω = ⋅ = O próximo passo é definir os vetores velocidade e aceleração. Particularizando-se as expressões (23.6) e (23.7) tem-se 0=OV # e 0=j dt dy ! , logo ( ) m/s 5,0 00 005,0 j kji π π ω = −=×−= ## POVcP e m/s2 iidt dx VrP !!# == , logo( )m/s0;618,0;786,054,2=PV# Para se definir o vetor aceleração deve-se particularizar as expressões (23.14) a (23.16), ou seja 0=Oa ! , 0=α# e 0 2 2 =j dt yd ! , logo tem-se ( )[ ] ( ) 22 m/s 93,45,0 iiPOPOacP !!#!! −=−=−=×−×= πωωω , 02 2 == i dt xd arP !! 2 m/s 4 002 0022 j kji ππωτ = =×= rPP Va #!! , logo ( ) 2m/s 0;931,0;365,049,13 −=Pa! Pelos resultados obtidos nota-se que a aceleração de condução é a aceleração centrípeta. As figuras abaixo auxiliam na interpretação dos resultados referentes aos vetores velocidade e aceleração. O próximo passo é determinar as forças que atuam no carrinho: Peso: N 9,3806,94,0 =⋅== mgP , reação normal N 9,3== PNo Força centrífuga: ( ) ( ) N 97,193,44,02 iiPOmFcentr !!! =−⋅−=−= ω , que é equilibrada por uma força de atrito. Força de Coriolis: ( ) N 544,02 jjvmFcoriolis !!!!! −=⋅−=×−= πω , que é equilibrada por uma força de atrito. A figura apresentada na próxima página auxilia na interpretação das forças de inércia. ωωωω Pij X Y U=O x y Vrel Vcond VP ωωωω P ij X Y U=O x y 30o acent ri acoriolis aP � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 268 Considerando a solução num referencial inercial tem-se que o carrinho de brinquedo realiza uma trajetória espiral. Neste caso, o cálculo da velocidade e aceleração do ponto P é feito segundo o item 19.3.4. Particularizando a expressão (19.24) tem-se m/s 5,02 jiuru dt dr V trrP !!!!! πω ⋅+=+= , e particularizando a expressão (19.26) tem-se 0 2 2 = dt rd já que a velocidade de 2 m/s do carrinho é constante, logo 222 2 2 m/s 56,1293,4225,02 jijiu dt d r dt dr ur dt rd a trrp !!!!!!! +−=⋅⋅+⋅−= ++ −= ππ ω ωω A figura abaixo auxilia a interpretação dos resultados. Nota-se que a aceleração do ponto P é provocada pela força de atrito entre a plataforma e o carrinho. ωωωω P X Y U=O x y Fcentrifuga Fcoriolis Fatrito Fatrito Z=z P No Z=z P No ωωωω P X Y 30o Fatrito = ωωωω P X Y 30o maP � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 269 24.7 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1) Uma caixa com 60 kg de massa cai horizontalmente de um caminhão que se desloca com uma velocidade de 80 km/h. Determine o coeficiente de atrito cinético entre a pista e o engradado considerando que este desliza 45 m sobre a pista sem tombar antes de atingir o repouso. Admita que a velocidade inicial do engradado sobre a pista seja de 80 km/h. Solução: Ao cair do caminhão a caixa tem como velocidade inicial a própria velocidade do caminhão devido a 1ª Lei de Newton. A partir deste ponto a caixa passa a deslizar sobre a pista sofrendo uma frenagem provocada pela força de atrito. A figura abaixo ilustra o diagrama de corpo livre e o diagrama cinético do problema. É importante ressaltar que como a caixa não tomba e como não foram especificadas as dimensões da caixa, considera-se que a reação normal ao peso da caixa atua na mesma reta suporte da força peso. Escrevendo-se as equações de movimento tem-se N 4,588806,960 =⋅== mgP ∑ =→=→= 588,4 0588,4- 00 NNNmaF Gyy Como o problema pede para determinar o coeficiente de atrito cinético pode-se coca NF ηη 4,588=⋅= GxcGxcGxx aamaF 102,0604,588 =→==∑ ηη (1) Para se calcular a velocidade considera-se 0=fV , m/s 22,22km/h 80 ==oV , 0=oS e m 45=fS , logo ( ) 2222 m/s 49,545222,2202 =→⋅+=→−+= GxGxofGxof aaSSaVV (2) Substituindo-se o resultado (2) em (1) obtém-se 56,049,5102,0102,0 =⋅== Gxc aη 2) O elevador ilustrado na figura ao lado tem massa de 500 kg, e o contrapeso A tem massa de 150 kg. Sabendo que o motor gera uma força constante de 5 kN no cabo em B, determine a velocidade do elevador para t = 3s, sabendo que este parte do repouso. Despreze as massas das polias e dos cabos. Solução: O motor está recolhendo o cabo, o que faz com que o elevador suba e o contrapeso A desça. Nota-se que as acelerações do contrapeso e do elevador devem ser iguais em módulo, mas têm sentidos contrários. O primeiro passo para a solução do problema é fazer o diagrama de corpo livre e cinético do contrapeso. Peso do elevador: N 4903806,9500 =⋅=mg Peso do contrapeso: N 9,1470806,9150 =⋅=mg P No Fa 80 km/h = m aGx 5 kN A Elevador B C D E � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 270 AAAAyAy aTaTmaF 1509,1470 150-1470,9- −=→=→=∑ Como a massa dos cabos é desprezada, a força do cabo que liga o contrapeso à polia B vale TA. Como a massa das polias é desprezada, e considerando que não há atrito entre o cabo e a polia, bem como entre a polia e o seu eixo, pode-se representar o diagrama de corpo livre abaixo. Aplicando-se o mesmo raciocínio para a polia C tem-se Fazendo-se o diagrama de corpo livre e cinético do elevador tem-se Escrevendo-se a equação de movimento do elevador tem-se ElevA aT 50049035000 =−+ , que pode ser rescrita como ElevA aa 500490350001509,1470 =−+− . Como ElevA aa = e os sinais das acelerações já estão considerados nas forças inerciais tem-se 2 m/s 41,21567650 =→= ElevElev aa Para calcular a velocidade do elevador faz-se m/s 23,7341,2 =⋅=→⋅+= fof VtaVV Obs. Nota-se que a força no cabo do contrapeso vale N 4,110941,21509,1470 =⋅−=AT . Como a força neste cabo é distinta da força no cabo do motor (5 kN) verifica-se que há uma tendência de rotação do elevador, que pode ser evitada posicionando os cabos no elevador de modo não simétrico ou acrescentando forças reativas horizontais, que poderiam ser fornecidas por trilhos que guiam o movimento do elevador. A 1470,9 N TA = A 150 aA B 2TA TATA C 5 kN5 kN 10 kN Elevador TA 5 kN = 500 aElev � � � �� �� �� �� � � �� �� ��� �� ��� ��� �� � � ENG 01156 – Mecânica - Aula 24 Prof Inácio Benvegnu Morsch / aluno Eng Civil Luciano Perin - CEMACOM 271 ENG 1156 – MECÂNICA – TRABALHO 10 – TERCEIRA ÁREA Os trabalhos devem ser desenvolvidos em folha A4 branca a caneta e sem rasuras, ou podem ser desenvolvidos em editor de texto. Neste caso, o trabalho pode ser entregue em arquivo (formato .rtf, pdf ou .doc) ou impresso em folha A4 branca. Trabalhos fora destas condições não serão avaliados. 1) O braço AO gira em torno de O com α = 3 rad/s2 e ω = 6 rad/s ambas no sentido antihorário. No mesmo instante, o disco gira em torno de A com α1 = 2 rad/s 2 e ω1 = 4 rad/s ambas no sentido antihorário. Determine os vetores velocidade e aceleração do ponto P. Faça um esquema ilustrando cada um destes vetores. Indique o que significa cada uma das parcelas. 2) Um bloco com 10 kg de massa é lançado rampa acima com uma velocidade de 4 m/s. Determine o ângulo mínimo da rampa para o bloco ser capaz de deslizar rampa abaixo. Determine a velocidade do bloco quando este retornar ao ponto de onde foi lançado. Considere que o coeficiente de atrito estático entre o bloco e a rampa vale 0,3 e o coeficiente de atrito cinético entre o bloco e a rampa vale 0,2. Y XO A xy P i j 1 m 0,1 m θ 4 m/s
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