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JERUSA E DIOGO RESE

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PRATICA PENAL 
 
 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
Introdução 
Recurso que possibilita o reexame de decisões especificadas pela lei. Em 
geral, é cabível contra decisões interlocutórias, expressamente previstas, além 
de sentenças e decisões administrativas. Em qualquer decisão, só será cabível 
o recurso em sentido estrito se expressamente previsto em lei. 
 
Cabimento 
O recurso em sentido estrito é cabível nas hipóteses do art. 581, CPP. Trata-se 
de ROL TAXATIVO que não admite analogia, embora seja possível a 
interpretação extensiva. 
 
A seguir, serão analisados os incisos do art. 581: 
 
I – que não receber a denúncia ou a queixa; 
Embora seja considerada decisão terminativa, há previsão de recurso em 
sentido estrito. Trata-se de hipótese em que há a rejeição da denúncia ou 
queixa. 
 
Parte legítima para interpor o recurso é o Ministério Público, no caso de 
rejeição de denúncia, ou do querelante, se rejeitada a queixa. 
 
NÃO cabe se houver o recebimento da denúncia, pois não se pode aplicar a 
analogia. Caberá, nessa hipótese, habeas corpus. 
 
Discute-se, nessa hipótese, se deverá ser intimada o denunciado ou querelado, 
já que ainda não há propriamente ação penal, para apresentação de 
contrarrazões. Prevalece o entendimento de que deve ocorrer a intimação, em 
razão da ampla defesa, já que possui interesse legítimo no não provimento do 
recurso. 
 
O STF editou a súmula 707: “Constitui nulidade a falta de intimação do 
denunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da 
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.” 
 
Caso haja rejeição parcial, possível para parte da doutrina, também é cabível o 
recurso em sentido estrito. 
 
Possível a interpretação extensiva, para a rejeição do aditamento da denúncia 
ou queixa. Não cabe, como já dito, se houver o recebimento da denúncia, pois 
nesse caso haveria analogia. 
 
O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subirá 
nos próprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP. 
 
Exceção: No rito sumaríssimo da Lei 9.099/95, cabe apelação se houver a 
rejeição da denúncia (art. 82, caput). 
 
PRATICA PENAL 
 
 
II – que concluir pela incompetência do juízo; 
Trata-se de hipótese de reconhecimento ex officio da incompetência (art. 109, 
CPP), pois se houver a procedência de exceção de incompetência, será 
cabível o recurso com base no inciso III. 
 
Em caso de processo da competência do júri, se, ao final do sumário de culpa, 
o juiz decidir pela desclassificação (art. 419, CPP), — p.ex. por considerar que 
houve culpa e não dolo ou que houve lesão corporal seguida de morte (art. 
129, § 3º, CP) e não homicídio — caberá o recurso com fundamento no inciso 
II, pois o juiz considerou que o Tribunal do Júri não é competente para o 
julgamento da causa. 
 
III – que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; 
Cinco são as exceções previstas no art. 95, CPP: suspeição, incompetência, 
litispendência, ilegitimidade de partes e coisa julgada. 
 
Em caso de exceção de suspeição, nos termos do art. 99, CPP, se o juiz 
reconhecer a suspeição, não será admitido recurso, em razão de sua natureza. 
Se o próprio juiz, reconhece ser suspeito, ou seja, não se sente em condições 
de ser imparcial, não há como obrigá-lo a julgar. Por outro lado, caso ele não 
reconheça a suspeição, o julgamento da exceção será feito pelo Tribunal, 
razão pela qual não é cabível o recurso em sentido estrito, que é exclusivo para 
impugnar decisões de primeiro grau (BADARÓ, Gustavo Henrique. Manual 
dos recursos penais, p. 257). 
 
Tais exceções serão autuadas em apartado e deverão se opostas no prazo da 
defesa preliminar; após, haverá manifestação do Ministério Público e a decisão 
do Juiz (art. 108, § 1º). 
 
Ressalte-se que o recurso em sentido estrito será cabível apenas se a exceção 
for julgada procedente. Se houver a improcedência a decisão será irrecorrível, 
sendo cabível o habeas corpus. 
 
ATENÇÃO: Nada impede que o juiz, ex officio, reconheça a coisa julgada, 
litispendência ou ilegitimidade de parte. Nesse caso, não é cabível o recurso 
em sentido estrito, já que não se trata de procedência da exceção. Caberá 
apelação, pois se trata de sentença terminativa (art. 593, II, CPP). (BADARÓ, 
Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 257) 
 
O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subirá 
nos próprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP. 
 
IV – que pronunciar o réu; 
Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008. 
Nos crimes de competência do Júri, terminado o sumário de culpa, o juiz 
poderá proferir uma das quatro decisões: pronúncia (art. 413, CPP), 
impronúncia (art. 414, CPP), absolvição sumária (art. 415, CPP) ou 
desclassificação (art. 419). 
 
PRATICA PENAL 
 
 
Contra as sentenças de impronúncia e absolvição sumária cabe apelação (art. 
416, CPP). Contra desclassificação, cabe recurso em sentido estrito com base 
no inciso II. 
 
A pronúncia é uma decisão interlocutória mista não terminativa. 
 
Trata-se, nesta hipótese, de recurso secundum eventum litis, que é o recurso 
cabível apenas se a decisão for em um sentido, não sendo cabível se a 
decisão for oposta. 
 
Na maioria dos processos de competência do Júri, ao ser pronunciado, o 
acusado interpõe recurso em sentido estrito, pleiteando a impronúncia, 
absolvição sumária ou desclassificação. É preciso atentar-se para o caso 
concreto, para saber qual será o pedido, em caso de provimento do recurso. 
 
Se a defesa entende que era caso de impronúncia, por faltar prova do crime ou 
indícios de autoria, o pedido será para que seja dado provimento, para que o 
réu seja despronunciado. 
 
Por outro lado, se a defesa sustenta que o crime não é doloso contra a vida, 
deverá pedir o provimento para o fim de desclassificar, remetendo o processo 
para o juízo competente. 
Por fim, caso entenda que deveria ter sido absolvido sumariamente, nos termos 
do art. 415, CPP, isso é o que constará no pedido. 
 
VEJAMOS OS SEGUINTES EXEMPLOS: 
 
Exemplo 1: Acusado de homicídio, em caso em que não encontrado o 
cadáver. Nesse caso a alegação é de que o acusado deveria ter sido 
impronunciado por falta de materialidade do crime. Note que o CPP não 
impede a condenação por homicídio sem cadáver. Se tiverem desaparecidos 
os vestígios, a prova do crime poderá ser feita por prova testemunhal (art. 167, 
CPP). Atenção para o capítulo II, do Título VII, do CPP, com ênfase nos artigos 
158, 164 e 167. 
 
Exemplo 2: Acusado de homicídio, por ter matado a vítima no contexto de 
briga, que alega não ter tido dolo de matar. O pedido será para que seja dado 
provimento ao recurso, para o fim de desclassificar para lesão corporal seguida 
de morte (art. 129, § 3º, CP). 
 
Exemplo 3: Embriaguez ao volante, em que a acusação é de que teria ocorrido 
dolo eventual no acidente que resultou em morte. Pedido para que seja 
desclassificado para homicídio culposo (art. 121, § 3º, CP). 
 
Exemplo 4: Réu acusado de homicídio tentado, que alega que teve dolo de 
lesão corporal. Pedido para desclassificar para lesão corporal. 
 
 
PRATICA PENAL 
 
 
Exemplo 5: O réu alega que agiu em legítima defesa. Deverá a defesa 
requerer que seja dado provimento ao recurso, para o fim de que seja o réu 
absolvido sumariamente, nos termos do art. 415, IV, CPP. 
 
O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subirá 
nos próprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP. 
 
V – que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, 
indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder 
liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; 
Em relação à fiança, é cabível o recurso em sentido estrito, se a decisão 
conceder, negar, arbitrar, cassar (em qualquer fase, se houver nova 
capitulação do crime) ou julgar inidônea(quando é prestada em valor 
insuficiente, art. 340, parágrafo único). 
 
A fiança poderá ser fixada pelo delegado, se o crime tiver pena máxima não 
superior a 4 anos (art. 322, CPP). Caso o Delegado não tenha arbitrado fiança, 
o preso, por seu advogado, deverá requerer ao juiz a concessão de fiança, 
mediante simples petição, nos autos da prisão em flagrante encaminhada ao 
juiz (art. 306, CPP). 
 
Quanto à prisão preventiva, caberá recurso em sentido estrito se o juiz a 
indeferir (quando o MP requer a decretação da prisão, mas o juiz não a 
decreta) ou revogar (se a prisão preventiva foi decretada e, estando ou não 
preso o acusado, o juiz a revoga). 
 
Em relação à liberdade provisória será cabível recurso em sentido estrito, se a 
decisão a conceder. Trata-se da aplicação do art. 310, parágrafo único, que 
impõe que, não obstante ter sido legal o flagrante, seja o acusado posto em 
liberdade se não estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva. 
 
Também é cabível o recurso em sentido estrito, sob o fundamento do inciso V, 
se a decisão relaxar a prisão em flagrante. O relaxamento da prisão em 
flagrante ocorre quando esta não se deu em observância às hipóteses do art. 
302, CPP. 
 
Em todas as situações em que houver restrição da liberdade do acusado, será 
cabível o habeas corpus. 
 
Em razão do advento da Lei 12.403/2011, que modificou o CPP, ao criar novas 
medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 e 320, CPP), sustenta-se que o 
inciso deverá ter interpretação extensiva, de modo a que seja cabível o recurso 
em sentido estrito contra as decisões que conceder, negar, cassar ou revogar 
qualquer das medidas cautelares (BADARÓ, Gustavo Henrique. Manual dos 
recursos penais, p. 258). 
 
VII – que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; 
 
PRATICA PENAL 
 
 
Se a fiança for quebrada, o réu perderá metade do valor, será decretada sua 
revelia, perderá o direito a nova fiança e será preso. A fiança será quebrada, 
nos termos do art. 341, CPP, quando o réu deixar de comparecer a ato do 
processo (I), obstruir o andamento do processo (II), descumprir medida cautelar 
cumulativa (III), resistir a ordem judicial (IV), praticar nova infração penal dolosa 
(V). 
 
O perdimento da fiança se dá se o acusado for condenado e não iniciar o 
cumprimento da pena (art. 344, CPP). 
 
Da decisão contrária, que não julgar quebrada ou perdida a fiança, não caberá 
recurso em sentido estrito, sendo cabível a apelação (Tourinho Fº, Código de 
Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 335.) 
 
VIII – que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a 
punibilidade; 
Trata-se de sentença terminativa de mérito, que pode ser decretada em 
qualquer fase do processo. Legitimidade da acusação. 
O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subirá 
nos próprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP. 
 
IX – que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra 
causa extintiva da punibilidade; 
Em oposição à hipótese anterior, é cabível se houver o indeferimento de 
qualquer causa de extinção de punibilidade. 
 
X – que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; 
O habeas corpus é impetrado em primeira instância, quando a autoridade 
coatora, por exemplo, for o delegado de polícia. Da decisão, tanto concessiva 
como denegatória, caberá recurso em sentido estrito. 
Se a ordem for impetrada perante o Tribunal de 2ª instância, denegada a 
ordem, caberá Recurso Ordinário Constitucional para o STJ; se for impetrado 
perante o STJ, caberá Recurso Ordinário Constitucional para o STF . 
Se for concessiva, caberá, também, o recurso em sentido estrito ex officio, nos 
termos do art. 574, I, CPP. 
 
Discute-se sobre a possibilidade de se impetrar novo habeas corpus contra a 
decisão que nega a ordem em primeira instância. Para parte da doutrina, não é 
possível a impetração, pois há previsão de recurso (Mougenot Bonfim, Edilson. 
Curso de Processo Penal. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 651. Mirabete). 
 
Para outra corrente, é possível a substituição do recurso em sentido estrito 
pela impetração de habeas corpus (Tourinho Fº, Código de Processo Penal 
Comentado, vol. 2, p. 335, Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal: e sua 
conformidade constitucional. Vol. II. Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2009, 
p. 466 e Busana, Dante. O habeas corpus no Brasil. São Paulo: Atlas, 2009, 
p. 157). De qualquer modo, se for impetrado habeas corpus em substituição ao 
recurso em sentido estrito, devem ser usados os mesmos argumentos, para 
 
PRATICA PENAL 
 
 
que não ocorra supressão de instância. (Busana, Dante. O habeas corpus no 
Brasil. São Paulo: Atlas, 2009, p. 157) 
 
Se o habeas corpus for impetrado diretamente no Tribunal, por ser a 
autoridade coatora o juiz, é pacífico o entendimento nos Tribunais Superiores, 
de que a decisão denegatória poderá ser atacada com outro habeas corpus. 
 
Busana assegura, com a experiência de mais de trinta anos ocupando o cargo 
de Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo: “O entendimento de 
que o juiz de primeiro grau, ao negar a ordem, referenda o ato acoimado de 
ilegal e passa a ser autoridade coatora, (…) pacificou-se na jurisprudência e 
esvaziou o recurso em sentido estrito da decisão denegatória de habeas 
corpus.” (Busana, Dante. O habeas corpus no Brasil. São Paulo: Atlas, 2009, 
p. 156) 
 
O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subirá 
nos próprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP. 
 
XI – que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; 
Trata-se de inciso inaplicável, pois se o sursis for concedido ou negado na 
sentença penal condenatória, será cabível apelação, ainda que esse seja o 
único ponto contra o qual se recorra (art. 593, § 4º, CPP). 
 
Se houver revogação, o juízo será o de execução, hipótese em que caberá 
Agravo em Execução (Tourinho Fº, Código de Processo Penal Comentado, 
vol. 2, p. 331). Com a entrada em vigor da Lei de Execução Penal, o “inciso 
perdeu completamente sua eficácia” (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. 
II, p. 467). 
 
XII – que conceder, negar ou revogar livramento condicional; 
Por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da 
entrada em vigor da Lei de Execução Penal (Lei nº 9.210/1984), tal decisão 
não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em 
execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal. 
 
XIII – que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; 
Se o juiz decretar a nulidade da instrução criminal, caberá o recurso em sentido 
estrito. 
Se não decretar, indeferindo requerimento da parte, caberá Correição Parcial, 
se houver abuso de poder ou inversão tumultuária do processo ou, até mesmo, 
habeas corpus (Tourinho Fº, Código de Processo Penal Comentado, vol. 2, 
p. 336) 
 
XIV – que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; 
Trata-se de hipótese em que há o alistamento de jurados, nos termos do art. 
425 e 426, CPP. Se o juiz incluir ou excluir jurado, está previsto o recurso em 
sentido estrito, no prazo de 20 dias. A legitimidade é de qualquer cidadão. 
Contudo, diz Badaró que “diante das mudanças operadas pela Lei 
 
PRATICA PENAL 
 
 
11.689/2008, que teve como um dos objetivos eliminar atos inúteis, o novo § 1º 
do art. 426 CPP deixou de prever o recurso em sentido estrito contra a decisão 
administrativa que inclui ou exclui jurado da lista geral, pelo que restou 
esvaziada a previsão do art. 581, XIV, do CPP. Em suma, tal decisão não mais 
é passível de impugnação pelo recurso em sentido estrito.” (BADARÓ, Gustavo 
Henrique. Manual dos recursos penais, p. 264 e 265) Em sentido contrário, é 
a posição de Aury Lopes (Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal, p. 1210). 
 
PRATICA PENAL 
 
 
XV – que denegar a apelação ou a julgardeserta; 
Denegar a apelação significa que o juiz, ao fazer o juízo de admissibilidade, 
determinou a não subida da apelação ao Tribunal, por julgá-la intempestiva, 
inadequada, descabida ou por falta de legitimidade do recorrente. Ou seja, o 
juiz entendeu faltar pressuposto recursal. Trata-se de decisão interlocutória. 
Julgar deserta é na hipótese de fuga do réu — tida como inconstitucional —, ou 
por falta de pagamento de custas. 
Em ambos os casos, o Tribunal, ao apreciar o recurso não ingressará no 
mérito, mas apenas fará o juízo de admissibilidade (Lopes Jr. Direito 
Processual Penal, vol. II, p. 468) 
 
XVI – que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão 
prejudicial; 
Trata-se de decisão interlocutória. A questão prejudicial, disciplinada no art. 92 
e 93 do CPP, nada mais é que a possibilidade de que o juiz suspenda a ação 
penal, se a decisão dela depender o juízo cível. 
Isso pode se dar, p.ex., em caso de ação penal de apropriação indébita na qual 
a decisão dependa da resolução de controvérsia sobre a propriedade do bem, 
objeto de ação cível. 
Se a decisão for de negar a suspensão, não será cabível o recurso em sentido 
estrito, mas tal decisão pode ser impugnada mediante habeas corpus 
(Tourinho Fº, Código de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 337). 
 
XVII – que decidir sobre a unificação de penas; 
Por se tratar de decisão proferida pelo juízo de execução penal, desde da 
entrada em vigor da Lei de Execução Penal (Lei nº 9.210/1984), tal decisão 
não mais é impugnável pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em 
execução, nos termos art. 197, da Lei de Execução Penal. 
 
XVIII – que decidir o incidente de falsidade; 
O incidente de falsidade vem disciplinado nos arts. 145 a 148, CPP. Se 
entender ser falso um documento a parte poderá argüir por escrito, devendo 
ser autuado em apartado. Após a manifestação da parte contrária, no prazo de 
48 h, se o juiz decidir ser falso o documento, proferirá decisão determinando o 
seu desentranhamento dos autos. Se rejeita a arguição, o documento continua 
nos autos, produzindo os efeitos probatórios. 
Qualquer que seja a decisão é cabível o recurso em sentido estrito (Lopes Jr. 
Direito Processual Penal, vol. II, p. 470). 
 
XIX – que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença 
em julgado; 
Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente 
modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARÓ, Gustavo Henrique. Manual dos 
recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo 
juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal 
(Lei nº 9.210/1984), tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido 
estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de 
 
PRATICA PENAL 
 
 
Execução Penal (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. II, p. 470. Tourinho 
Fº, Código de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331). 
 
XX – que impuser medida de segurança por transgressão de outra; 
Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente 
modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARÓ, Gustavo Henrique. Manual dos 
recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo 
juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal 
(Lei nº 9.210/1984), tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido 
estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de 
Execução Penal (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. II, p. 470. Tourinho 
Fº, Código de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331). 
 
XXI – que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 
774; 
Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente 
modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARÓ, Gustavo Henrique. Manual dos 
recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo 
juízo de execução penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execução Penal 
(Lei nº 9.210/1984), tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido 
estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de 
Execução Penal. ( Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. II, p. 470. Tourinho 
Fº, Código de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331) 
 
XXII – que revogar a medida de segurança; 
Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente 
modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARÓ, Gustavo Henrique. Manual dos 
recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo 
juízo de execução penal, desde a entrada em vigor da Lei de Execução Penal 
(Lei nº 9.210/1984), tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido 
estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de 
Execução Penal. (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. II, p. 470. Tourinho 
Fº, Código de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331.) 
 
XXIII – que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a 
lei admita a revogação; 
Houve a revogação tácita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente 
modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARÓ, Gustavo Henrique. Manual dos 
recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisão proferida pelo 
juízo de execução penal, desde a entrada em vigor da Lei de Execução Penal 
(Lei nº 9.210/1984), tal decisão não mais é impugnável pelo recurso em sentido 
estrito, mas pelo Agravo em execução, nos termos art. 197, da Lei de 
Execução Penal. (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. II, p. 470. Tourinho 
Fº, Código de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331) 
 
XXIV – que converter a multa em detenção ou em prisão simples. 
O art. 51, CP, com a redação que lhe deu a Lei 9.268/1996, não mais admite a 
conversão da multa de pena privativa de liberdade. Ainda que permitisse, tal 
 
PRATICA PENAL 
 
 
decisão seria em sede de execução, razão pela qual seria impugnável através 
do Agravo. Não é, pois, mais cabível o recurso em sentido estrito por tal 
fundamento. 
 
PRATICA PENAL 
 
 
PRAZO 
O prazo para interposição será de 5 dias (art. 586, caput, CPP), que poderá 
ser feito por uma petição simples (sem as razões) ou termo nos autos. 
Para o oferecimento das razões o prazo será de 2 dias (art. 588, caput, CPP), 
a contar da intimação (art. 798, § 5º, “a”, CPP) do recorrente para o 
oferecimento das razões. 
No prazo de 2 dias, a contar da intimação, a parte recorrida deverá oferecer 
contrarrazões. 
Se a interposição for feita pelo assistente de acusação não habilitado, o 
prazo será de 15 dias para interposição (arts. 584, § 1º, c/c 598, parágrafo 
único, CPP). 
Para quem entende que não houve a revogação do inciso XIV, 
exclusivamente nessa hipótese, o prazo para recorrer será de 20 dias para a 
interposição, a contar da data da publicação da lista de jurados. 
A tempestividade do recurso será considerada no prazo de interposição, de 
modo que o oferecimento das razões fora do prazo de 2 dias “é mera 
irregularidade que não prejudica a admissão do recurso.” (Lopes Jr. , 1213) 
 
COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO 
Competente para julgar o recurso em sentido estrito é o Tribunal competente 
para julgar a apelação, que pode ser o Tribunal de Justiça, Tribunal Regional 
Federal e Tribunal Regional Eleitoral, conforme o caso. 
 
JUÍZO DE RETRATAÇÃO 
No recurso em sentido estrito, há previsão de juízo de retratação (art. 589, 
caput, CPP), podendo o juiz reformar sua decisão, após o oferecimento das 
razões e das contrarrazões. 
Deverá, pois, o recorrente, colocar uma fórmula pedindo a retratação, nas 
razões do recurso. 
Se houver a retratação, o recorrido passa a ter interesse recursal, razão pela 
qual poderá recorrer mediante simples petição (art. 589, parágrafo único, CPP). 
Em tal caso, não será apresentado novo arrazoado e o juiz não mais poderá 
retratar-se. 
Ressalte-se, que o essa hipótese só será cabível sehouver a previsão de 
recurso para a decisão contrária. Por exemplo, é cabível o recurso em sentido 
estrito no caso de rejeição da inicial, mas não é cabível no caso de 
recebimento. Desse modo, em caso de rejeição da denúncia se, após o 
oferecimento das razões do Ministério Público e das contrarrazões do 
denunciado, o juiz se retrata e recebe a denúncia, o denunciado não poderá 
recorrer. Isso porque a decisão do juiz equivale ao recebimento da denúncia e 
contra tal decisão não há previsão de recurso. 
Como o código não estabeleceu qual o prazo para que a parte interponha o 
recurso por “simples petição”, entende-se que é o prazo de 5 dias, previsto 
para a interposição do recurso (Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal…, 
p. 1218). 
 
LEGITIMIDADE 
 
PRATICA PENAL 
 
 
Podem recorrer o Ministério Público, querelante, réu e defensor (art. 577, 
caput, CPP), além do assistente de acusação. 
Contudo, para que tenha legitimidade, é necessário que tenha interesse na 
reforma da decisão recorrida (art. 577, parágrafo único, CPP). Segundo Aury, é 
necessário para ter legitimidade que a parte tenha sofrido “um gravame gerado 
pela decisão impugnada” (Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal…, p. 
1195). 
Assim, no caso do inciso I, que comporta o recurso em sentido estrito no caso 
de rejeição da inicial, só pode recorrer o autor, Ministério Público ou querelante, 
pois a defesa jamais terá interesse em recorrer se a inicial foi rejeitada. 
 
EFEITOS 
Como em todo recurso, está presente o efeito devolutivo. 
Por haver previsão expressa de juízo de retratação, o recurso em sentido 
estrito possui o efeito regressivo, pois o juiz deverá, no prazo de dois dias, 
reformar ou sustentar sua decisão, instruindo o recurso com as cópias, se 
necessário for. Tal decisão deverá ser fundamentada, devendo o Tribunal ad 
quem converter o julgamento em diligência, se a fundamentação for 
insuficiente. (Tourinho Fº, Código de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 
346.) 
Já o efeito suspensivo é cabível no caso de perda da fiança e nos incisos XV, 
XVII e XXIV. No caso de recurso contra pronúncia, a interposição suspende o 
julgamento. 
 
FORMA DE INTERPOSIÇÃO 
Será interposto perante o juiz a quo, que fará o juízo de admissibilidade e 
poderá reformar sua decisão, por previsão do juízo de retratação (art. 589, 
caput, CPP). Mantida a decisão, o juiz determinará a subida dos autos. 
Não há previsão de arrazoar em segunda instância, ao contrário da apelação. 
O recurso em sentido estrito poderá subir nos próprios autos ou mediante 
instrumento, nos termos do que dispõe o art. 583, CPP. 
 
Subirá nos próprios autos, quando interposto com fundamento nos incisos I, III, 
IV, VIII e X. Nas demais hipóteses, o recurso subirá por instrumento, salvo se 
“o recurso não prejudicar o andamento do processo” (art. 583, III, CPP). 
 
No caso de pronúncia, se forem dois ou mais réus e um deles se conformar 
com a decisão ou não tiver sido intimado, será feito o traslado para a remessa 
ao Tribunal (art. 583, parágrafo único, CPP). 
 
No caso em que o recurso sobe por instrumento, o recorrente deverá indicar 
as peças que entende necessárias à formação do instrumento, além das 
obrigatórias. São peças obrigatórias: decisão recorrida, certidão de intimação, 
petição ou termo de interposição (art. 587, parágrafo único, CPP). 
 
Além das obrigatórias e indicadas pelo recorrente, o juiz poderá determinar que 
outras peças integrem o instrumento (art. 589, CPP). 
 
 
PRATICA PENAL 
 
 
TERMINOLOGIA 
Usa-se recorrente e recorrido; o verbo é interpor; pede-se o provimento do 
recurso. 
No caso específico de recurso interposto contra decisão de pronúncia, caso o 
recorrente queira a impronúncia do acusado, deverá requerer seja dado 
provimento ao recurso para o fim de despronunciar o acusado. A chamada 
despronúncia é a decisão do juiz, em sede de retratação, ou do Tribunal de 
Justiça que reforma a anterior decisão de pronúncia. 
 
O recorrente deverá pedir a retratação do juiz, nas razões do recurso, com uma 
fórmula como essa: “Ante o exposto, requer a revisão da r. decisão e, caso seja 
mantida, a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal…” 
 
TESTE: JERUSA, atrasada para importante compromisso profissional, dirige 
seu carro bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em 
uma via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual 
estava abaixo da velocidade permitida. Para realizar a referida manobra, 
entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo 
e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em 
alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a 
presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais 
testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão. 
Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o 
Ministério Público decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a 
prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 
121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP). Argumentou o ilustre membro do 
Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao não 
ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para 
o trânsito em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e 
todos os atos processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. Finda 
a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente 
fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial 
acusatória. O advogado de Jerusa é intimado da referida decisão em 02 de 
agosto de 2013 (sexta-feira). 
Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos 
fornecidos, elabore o recurso cabível e date-o com o último dia do prazo para a 
interposição. 
 
 
PRATICA PENAL 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ... VARA CRIMINAL DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ... DO ESTADO ... 
 
 
 
JERUSA, já qualificada nos autos da presente ação penal 
movida pelo Ministério Público, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência, por seu advogado, regularmente constituído conforme procuração 
acostada aos autos em folhas ..., inconformado com a decisão de folhas ..., 
interpor, com fundamento no artigo 581, IV do CPP, o presente 
 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
requerendo seja o mesmo recebido com as razões e, após apresentadas as 
contrarrazões ministeriais, seja feito o juízo de retratação, nos termos do art. 
589 do CPP. Contudo, caso seja mantida a decisão ora atacada de fls. ..., seja 
o presente recurso encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado de ...., para 
regular processamento e julgamento do mérito, onde se espera a reforma da 
decisão impugnada. 
 
Termos em que, pede deferimento. 
 
 
Local..., 09 de agosto de 2013 
 
 
Advogado... 
OAB/UF nº 
 
 
PRATICA PENAL 
 
 
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
Recorrente: A. 
Recorrido: Ministério Público de XXXX. 
Autos nº: ________. 
 
Egrégio Tribunal de Justiça XXXX 
 
Colenda Câmara, 
Ínclitos Desembargadores, 
Douta Procuradoria de Justiça 
 
Em que pese a respeitável decisão do Excelentíssimo 
Juiz de Direito a quo, não merece prosperar a pronúncia do recorrente pelas 
razões fáticas e jurídicas a seguir expostas, vejamos: 
 
I – SÍNTESE DOS FATOS 
 
O Ministério Público ofereceu denúncia em face da acusa 
pela suposta prática de crime de homicídio doloso, tipificado no art. 121 do CP, 
com fundamento no fato de que a mesma, ao ultrapassar veículo automotor em 
via de mão dupla, não sinalizou com a seta luminosa vindo a atingir Diogo, 
motociclista que, em alta velocidade, conduziasua moto no sentido oposto, 
falecendo mesmo após a presteza do socorro diligenciado pela acusada. 
Diante da denúncia, e, após regular instrução criminal, o 
douto magistrado deste juízo, proferiu decisão de pronúncia da acusada, que, 
data venia, deve ser reformada conforme fundamentos abaixo aduzidos. 
 
II – DO DIREITO 
 
Em primeiro lugar, a acusada não agiu com dolo em sua 
conduta, uma vez que além de diligenciar socorro prestativo à vítima, o 
acidente ocorreu nestas circunstâncias por imprudência do motociclista que 
estava em alta velocidade, não sendo previsível ou não tendo assumido o risco 
 
PRATICA PENAL 
 
 
de tal fato a acusada, cuja conduta se amolda ao crime de homicídio culposo 
na direção de veículo automotor, tipificado no art. 302 do CTB, razão pela qual, 
deve ser desclassificado o crime de homicídio doloso, tipificado no art. 121 
caput do CP, para o supracitado crime. 
Nesta mesma esteira, não se verifica o dolo na conduta 
da acusada, pois mesmo que se admita configurar o dolo eventual, este exige 
além da previsão do resultado, que o agente assuma o risco de ocorrência do 
mesmo, consoante ao art. 18, I parte final, do CP, que adotou a teoria do 
consentimento, não encontrando tal hipótese, contudo, suporte na realidade 
destes autos. 
Em segundo lugar, consequentemente à desclassificação 
de crime acima fundamentada, não é competente para julgar a acusada o 
Tribunal do Júri, nos termos do art. 74 §1º do CPP, havendo os autos de ser 
remetidos para juiz de Direito da Vara Criminal, na forma do art. 419 do CPP, 
que expressamente prevê esta hipótese. 
 
IV – DOS PEDIDOS 
 
Ante ao exposto requer: 
a) Seja conhecido o presente recurso e suas razões; 
b) Seja desclassificado o crime de homicídio doloso, 
previsto no art. 121 caput do CP, imputado na 
denúncia à acusada, para o crime de homicídio 
culposo, previsto no art. 302 do CTB; 
c) Seja, consequentemente, os autos remetidos ao 
competente Juiz de Direito de Vara Criminal da 
Comarca de ..., para o devido processamento e 
julgamento do feito, nos termos do art. 419 do CPP 
c/c art. 74 §1º do CPP. 
 
Termos em que, pede deferimento. 
 
Local..., 09 de agosto de 2013 
 
PRATICA PENAL 
 
 
 
Advogado... 
OAB/UF nº

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