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ASSISTÊNCIA AO RECÉM -NASCIDO NA SALA DE PARTO Saúde da criança e adolescente Profa. Lenir Honório Soares ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RN � O atendimento ao RN em sala de parto tem-se tornado cada vez mais importante por poder auxiliar na transição da vida intra-uterina para extra uterina, assegurando uma assistência adequada às suas necessidades. � Faz parte de uma boa reanimação a necessidade do conhecimento prévio dos antecedentes obstétricos maternos, a presença de uma equipe habilitada para recepção do RN e a disponibilidade de materiais adequados e devidamente checados. PORTARIA Nº 371, DE 7 DE MAIO DE 2014 Institui diretrizes para a organização da atenção integral e humanizada ao recém nascido (RN) no Sistema Único de Saúde(SUS). • Considerando que manobras de reanimação neonatal podem ser necessárias de maneira inesperada, torna-se essencial o conhecimento e a habilidade em reanimação neonatal pelos profissionais que atendem ao recém-nascido em sala de parto (Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria: Condutas 2011); • Considerando que a asfixia perinatal, incluindo a aspiração de liquido meconial, está presente em 20% dos óbitos neonatais precoces (Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria: Condutas 2011); • Considerando os compromissos firmados pelo Brasil junto à Organização Mundial de Saúde, de cumprimento da meta número quatro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, de redução da mortalidade na infância em 2/3, entre 1990 e 2015; e Considerando a necessidade de organização e melhoria da qualidade da atenção ao recém-nascido no momento do nascimento, com vistas à redução da morbimortalidade neonatal, resolve: • Art. 1º Ficam instituídas diretrizes para a organização da atenção integral e humanizada ao recém-nascido (RN) no momento do nascimento em estabelecimentos de saúde que realizam partos. • Parágrafo único. O atendimento ao recém-nascido consiste na assistência por profissional capacitado, médico (preferencialmente pediatra ou neonatologista) ou profissional de enfermagem (preferencialmente enfermeiro obstetra ou neonatal), desde o período imediatamente anterior ao parto, até que o RN seja encaminhado ao Alojamento Conjunto com sua mãe, ou à Unidade Neonatal (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional ou da Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru), ou ainda, no caso de nascimento em quarto de pré-parto, parto e puerpério (PPP) seja mantido junto à sua mãe, sob supervisão da própria equipe profissional responsável pelo PPP. • Art. 2º Para prestar este atendimento o profissional médico ou de enfermagem deverá exercitar as boas práticas de atenção humanizada ao recém-nascido apresentadas nesta Portaria e respaldadas pela Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde e ser capacitado em reanimação neonatal. • Art. 3º Considera-se como capacitado em reanimação neonatal o médico ou profissional de enfermagem, que tenha realizado treinamento teórico-prático, conforme orientação ser publicada, por expediente específico, pela Coordenação Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (CGSCAM) do Ministério da Saúde. • Art. 4º Para o RN a termo com ritmo respiratório normal, tônus normal e sem líquido meconial, recomenda-se: • I - assegurar o contato pele a pele imediato e contínuo, colocando o RN sobre o abdômen ou tórax da mãe de acordo com sua vontade, de bruços e cobri-lo com uma coberta seca e aquecida, Verificar a temperatura do ambiente que deverá está em torno de 26 graus para evitar a perda de calor; • II - proceder ao clampeamento do cordão umbilical, após cessadas suas pulsações (aproximadamente de 1 a 3 minutos), exceto em casos de mães isoimunizadas ou HIV HTLV positivas, nesses casos o clampeamento deve ser imediato; • III - estimular o aleitamento materno na primeira hora de vida, exceto em casos de mães HIV ou HTLV positivas; • IV - postergar os procedimentos de rotina do recém-nascido nessa primeira hora de vida. Entende-se como procedimentos de rotina: exame físico, pesagem e outras medidas antropométricas, profilaxia da oftalmia neonatal e vacinação, entre outros procedimentos; • Art. 5º Para o RN pré-termo ou qualquer RN com respiração ausente ou irregular, tônus diminuído e/ou com líquido meconial seguir o fluxograma do Programa de Reanimação da Sociedade Brasileira de Pediatria. • Art. 6º O estabelecimento de saúde que mantenha profissional de enfermagem habilitado em reanimação neonatal na sala de parto, deverá possuir em sua equipe, durante as 24 (vinte e quatro) horas, ao menos 1 (um) médico que tenha realizado treinamento teórico- prático conforme previsto no artigo 3º desta Portaria. • Art. 7º O estabelecimento de saúde deverá dispor no ambiente de parto (sala ou quarto de parto) ou em ambiente próximo, das condições necessárias para reanimação neonatal, acessíveis e prontas para uso, FATORES QUE COLOCAM O RN EM CONDIÇÕES DE ALTO RISCO �Primigesta tardia (idosa) ou adolescente �DPP, PP,RPMO ou TPP �Malformação fetal �SFA �DM, SHEG ou cardiopatia �Cesária anterior �Trabalho de parto prolongado �Apresentação pélvica �Prolapso de cordão �Anestesia geral � ...... PREPARO DA SALA - Paramentação dos profissionais (precauções-padrão que compreendem a lavagem/higienização correta das mãos e o uso de luvas, aventais, máscaras ou proteção facial para evitar o contato do profissional com material biológico do paciente) - Temperatura: deve permanecer entre 26 graus - Relógio de parede com ponteiro de segundos; - Incubadora de transporte/ torpedo de oxigênio MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA REANIMAÇÃO NEONATAL �Material para prevenção da perda de calor • Berço aquecido por sistema de calor irradiante, com acesso por 3 lados, tendo como opção de leito mesa e não cesto/cuba de acrílico; • Campos esterelizados e aquecidos Fontes de oxigênio umidificado e de ar comprimido, com fluxômetros; Blender para mistura oxigênio/ar; Aspirador a vácuo com manômetro Oxímetro de pulso com sensor neonatal e bandagem elástica escura. �Material de aspiração • Aspirador a vácuo • Sondas de aspiração: nº 6, 8 e10 • Sonda gástrica nº 8 e seringa de 20 ml • Aspirador de mecônio �Material para intubação • Laringoscópio com lâminas retas nº 0 (RN pré-termo) e 1 (RN termo) • Cânulas traqueais sem balonete, de diâmetro uniforme 2,5/ 3,0/ 3,5 e 4,0 mm; � Material para ventilação • Reanimador manual neonatal (balão auto-inflável com volume máximo de 750 ml, reservatório de O2 e válvula de escape com limite de 30-40 cm H2O e/ou manômetro); • Máscara para RN a termo e pré-termo • Babypuff Ressuscitador Infantil � Medicamentos • Adrenalina • Bicarbonato de sódio • Expansores de volume: sangue total, SF ou Ringer lactato. • Nalaxona • Dopamina • Água destilada MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA REANIMAÇÃO NEONATAL � Outros • Estetoscópio infantil • Seringas • Agulhas • Material para cateterismo umbilical • Sonda gástrica • Monitor cardíaco ou oxímetro • Material para fixar a cânula Transições respiratórias e circulatórias no nascimento RVP: resistência vascular pulmonar RVS: resistência vascular sistêmica RESPIRAÇÃO Fatores que induzem a respiração • Canal vaginal: comprime o tronco do feto • Expulsão: ocorre a compressão do tórax e o ar entra nos pulmões. • Clampeamento do cordão: afeta os quimiorrecptores sensíveis às mudanças no conteúdo de oxigênio e dióxido de carbono das artérias. • Temperatura: perda de temperatura – estimula os recptores sensoriais da pele- transmitido impulsos ao centro respiratório. • Estimulo tátilPASSOS PARA O ATENDIMENTO DO RN . Recepcionar o RN em campos estéreis e previamente aquecidos; . Secá-lo e remover os campos úmidos; . Colocar o Rn No berço aquecido, indicando-se os seguintes passos: prover calor, posicionar a cabeça em leve extensão, aspirar vias aéreas (se necessário) .RN vigoroso Não está indicada a aspiração da VAS, se necessário à aspiração à mesma deve seguir a seguinte ordem: BOCA E NARIZ. .Verificar a vitalidade do RN através do índice de Apgar * no 1º e 5º minuto de vida; PASSOS PARA O ATENDIMENTO DO RN • Fazer estimulação tátil se a respiração for irregular (apnéia 1ª) • Caso o RN não responda (apnéia 2ª) necessitará de ventilação com pressão positiva (VPP) *** • Laquear/clampear o cordão (2 a 3 cm da inserção do cordão e conferir os vasos) • Credeização (nitrato de prata a 1%, instilado no saco conjuntival inferior; causa uma conjuntivite química, levando a uma resposta inflamatória com efeito antibiótico secundário. ) • Identificar o RN PASSOS PARA O ATENDIMENTO DO RN • Realizar lavagem gástrica, se o líquido for meconial; • Pesar, medir estatura, PC* e PT* e PA • administrar vitamina K, 1mg IM -vasto lateral da coxa ( prevenção de doença hemorrágica do recém-nascido. As indicações são: • pequena passagem de vitamina K pela placenta; • ausência de flora intestinal para produzí-la; • baixo conteúdo de vitamina K do leite materno (0,29mcg/100kcal).) • Administrar 0,5 ml de vacina de hepatite B em VL (nas primeiras 12 horas) • colocar o RN para mamar (se resultado de HIV negativo) BOLETIM DE APGAR* SINAL 0 1 2 FC Ausente < 100bpm > 100bpm Esforço respiratório Ausente Choro fraco Choro forte Tônus muscular Flácido Semi flexão Flexão Boa Irritabilida de reflexa Sem resposta Algum movimento do Corpo Choro Cor Cianótico ou pálido rosado, extremidades cianosadas corado PASSOS PARA O ATENDIMENTO DO RN *** Ventilação com pressão positiva (VPP) – FC < 100 bpm; – Pode ser realizada por meio de balão de reanimação e da máscara; – A concentração de O2 deve ser de 90 a 100 %; – O fluxo de O2 deve ser mantido em 5 litros/m; – A máscara deve ser de tamanho apropriado, e deve estar bem ajustada cobrindo o nariz, a boca e o queixo; – Se o RN apresentar respiração espontânea, depois de 30 segundos de VPP, com FC > 100 bpm e estiver rosado, interrompê-la. • O emprego da VPP com balão e máscara, na reanimação neonatal em sala de parto, deve ser feito na frequência de 40 a 60 movimentos/minuto, de acordo com a regra prática “aperta/solta/solta/aperta...”. *** Ventilação com pressão positiva (VPP) – FC < 60 bpm associar a massagem cardíaca # (sincronia com a ventilação, 3 compressões e 1 ventilação). – Após 30 segundos avaliar se a FC > 60 bpm interromper a massagem e manter a VPP até que a FC > 100, se o RN respirar espontaneamente interromper a VPP – FC < 60bpm, manter VPP e iniciar medicação (adrenalina na diluição de 1/10. 000) – Considerar a possibilidade de intubação – Depois de 2 minutos de VPP deve-se utilizar uma sonda orogástrica para evitar distensão gástrica. Valores de SatO2 pré-ductais desejáveis; Minutos de vida SatO2 pré-ductal Até 5 70-80% 5-10 80-90% >10 85-95% # Massagem cardíaca Técnica: • Colocar os dedos indicador e médio perpendicularmente ao externo, no terço inferior, acima do apêndice xifóide, ou colocar os dedos polegares de ambas as mãos sobre o terço inferior do esterno e pressionar 1-2 cm numa freqüência de 120 mov/min; • Manter ventilação • A massagem e a ventilação devem ser feitas na relação de 3:1 • Após 15-30 segundos, o RN deve ser reavaliado # Massagem cardíaca MEDICAÇÕES E FLUIDOS � Vias preferenciais: veia umbilical ou via endotraqueal � Objetivos: estimular o coração, melhorar perfusão tecidual e corrigir o equilíbrio ácido-básico. Tipos � Adrenalina: estimulante cardíaco, aumentando força de contração da musculatura miocárdica e a freqüência dos batimentos. �Expansores de volume: correção da hipovolemia. �Bicarbonato de sódio: usado na parada cardiorespiratória prolongada, o efeito esperado é a correção da acidose metabólica �Nalaxona: indicado nos RNs com depressão respiratória grave cuja as mães tenham recebido opióides MEDICAÇÕES USADAS ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PRÉ- TERMO CUIDADOS ESPECIAIS: • O processo de reanimação não foge ao processo anterior • Rn abaixo de 30 semanas requerem ventilação mecânica e intubação** • Estabilizadas as funções o RN poderá ser mostrado para a mãe e os familiares e então transportado para o berçário em incubadora de transporte. ** Intubação traqueal: • Tamanho das lâminas: • RN pré-termo: nº 0 • RN de extremo baixo peso: Nº 00