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FICHAMENTO PASSOS, J.J.Calmon de. Globalização Identificação do Aluno Nome Matrícula Turma HELSON NUNES DA SILVA Identificação da Disciplina Código e Descrição Fichamento Professor DIR113 – ANTROPOLOGIA Nide O FUTURO DO ESTADO E DO DIREITO DO ESTADO. DEMOCRACIA, GLOBALIZAÇÃO E O NEONACIONALISMO O artigo se sugere uma preocupação com o futuro do Estado de Direito Social Democrático, provocando a reflexão acerca dos fenômenos da Globalização e do Neonacionalismo. Para tanto, inicia com os questionamentos: i) O Estado de Direito Social Democrático atual estaria ameaçado pela globalização? ii) O Neonacionalismo seria uma resposta ou um complicador a essa ameaça? De início, J.J Calmon de Passos assevera que a Globalização é uma palavra que se servindo para tudo, termina por nada dizer a ninguém; de tão abrangente é tão inespecífica, por isso, diz tudo e nada significa, salvo se antes não lhe for estabelecido o alcance. Assim, discorre sobre três dimensões da globalização: i) Um fato – porque pode ser confirmada empiricamente; ii) Uma ideologia – porque está a serviço de um sistema de dominação; iii) Uma utopia – porque toda dimensão ideológica possui um avesso. Essa dimensão utópica poderá significar transformações profundas, tanto em termos econômicos como políticos, resultando em novo paradigma em que se privilegie a emancipação do homem. A dimensão do Fato É considerado um fato, mais que um modismo, na medida em que consiste em um complexo conjunto de fatos históricos com acentuado poder de determinação, que implicam fraturas irrecuperáveis de tal forma que as mudanças levam a um caminho sem volta. A história demonstra diversos exemplos: i) a automação que propiciou a transferência de parte das operações de produção de um país para outro; ii) como consequência, ocorreu uma nova divisão internacional do trabalho; iii) mercado de capitais que se desenvolveram ligados entre si e acima das Nações; iv) expansão crescente das multinacionais, qualificadas atualmente de transnacionais; v) a economia se tornou planetária; vi) reduz-se o papel do Estado, na medida em que se faz um ajuste estrutural com privatizações. A dimensão ideológica A ideologia tecnocrata da globalização é uma ação instrumental que objetiva impedir a problematização do poder existente, assim como outras ideologias, contudo, se distingue das demais porque é a única que busca esse resultado não pela legitimação das normas, mas através de sua supressão. O poder é legítimo por obedecer normas técnicas, não se exigindo que sejam justas, mas eficazes. FICHAMENTO PASSOS, J.J.Calmon de. Globalização Com isso, os problemas clássicos são resolvidos por uma pequena minoria de experts, impondo-se, assim, a despolitização as massas que desencadeia o conformismo e a domesticação por induzimento. É por isso que se afirma que a globalização tem por dimensão ideológica desmobilizar resistências e induzir conformismos. Para tanto, vale-se dos seus mitos: O mito da economia de mercado – esclarece que o capitalismo é um sistema que repele a plena submissão às leis de mercado. Capitalismo e economia de mercado são incompatíveis. Nesse ponto, o autor destaca que o Estado sempre foi um agente atuante e decisivo na condução do processo econômico, em benefício dos interesses capitalistas, desde o surgimento do capitalismo, quando a burguesia tinha interesse na destituição do sistema feudal até a atualidade, quando o capitalismo de cassino, desorganizado necessita de expansão para além das fronteiras das Nações. Antes, a ideologia estava baseada nos ideais liberais, hoje está alicerçada na ciência e na tecnologia – ideologia tecnocrata. O mito da prosperidade geral e crescente – baseia-se no engodo de que o máximo de prosperidade coletiva dependeria da livre busca, por cada indivíduo, de seu bem-estar pessoal, logrando esse objetivo pelo mercado global, livre comércio e a desregulamentação do fluxo de capitais e da locação de força de trabalho. Na prática, as consequências de se deixar os agentes econômicos livres na busca dessa maximização de sua prosperidade são uma alarmante concentração de riquezas e a progressiva e impiedosa exclusão social até mesmo para a satisfação das necessidades básicas da condição humana. Entidades ditas de gestão supranacional (FMI, Banco Mundial, etc.) asseguram a eficácia da política concentradora, cuja matriz favorece aos interesses dos países desenvolvidos. O mito da crescente consolidação e generalização da democracia pretende passar a ideia de uma democracia genuína com ascendente organização do poder social, quando, em verdade, o mercado obedece a uma lógica descendente, onde os grupos beneficiados (grande oligopólios) é que constroem, controlam e modificam de “cima para baixo”, segundo sua necessidade. Calmon de Passos considera hipocrisia tentar compatibilizar o capitalismo com a “mão invisível do mercado” e assevera que o capitalismo de sustenta na cumplicidade do poder político. O Estado e sua simbiose com o capitalismo O Estado moderno surgiu da necessidade do capitalismo em superar a organização política do feudalismo e se mantém até hoje sendo o centro de decisões políticas disciplinadoras imprescindíveis à expansão e segurança do regime. A história demonstra que o capitalismo submeteu o assalariado ao mais desumano regime de divisão do trabalho social e apropriação de seu produto, situação favorecida pela grande oferta de mão de obra, inexistência, à época, de trabalhadores organizados e possibilidade de expansão mediante conquista de mercados externos. É bem verdade que houve um período após a 2ª Guerra Mundial que o assalariado viveu o Estado de Direito Democrático e Social, mas ainda nesse ponto o autor considera que o capitalismo cedeu pela conveniência de sua sustentação. O Futuro do Estado e do Direito do Estado O Estado surgiu por força dos pressupostos político e econômico que o condicionaram e desaparecerá quando esses mesmos pressupostos deixarem de existir ou sofrerem modificações substanciais. FICHAMENTO PASSOS, J.J.Calmon de. Globalização Calmon de Passos acredita que o capitalismo atingiu um estágio de desorganização a ponto de ser chamado de capitalismo de “cassino”, e está fadado a sucumbir, caso não consiga conformar em novos termos o Estado-nação, adequando ao projeto de mundialização do mercado em benefício dos países hegemônicos. O capitalismo avança em seus lucros com os ganhos tecnológicos e busca a expansão pela planetalização do mercado. Nesse sentido necessita a institucionalização de um centro de poder político supranacional que gerencie esses novos interesses, monopolizando a produção e aplicação do direito e o uso legítimo da força (FEDERAÇÃO INTERPLANETÁRIA). Existe uma pressão por um novo ajustamento do Estado em face da mudança de determinantes históricas do presente. O que se mantém é o essencial: a produção de lucros em economia de escala, deixando de lado as necessidades humanas. Sobre o Direito do Estado Se o poder político se transnacionalizar, para servir ao capitalismo transnacionalizado, institucionalizando a esse nível, criando organismos que detenham o monopólio do uso legítimo da força em termos transnacionais, o Direito do Estado também se transnacionalizará, globalizando-se com o viés concentrador e excludente de sempre. Conclusões Sem a consciência de nossa unicidade e irrepetibilidade, nada é construível em termos sociais. O espaço privilegiado do político é o “local”, entendido como aquele em que se faz possível decidir sobre o que diz respeito a interesses que transcendem aos de cada indivíduo. A globalização política, no estágio atual dos acontecimentos, é uma perversa forma de dominação de poucos em detrimentode quase todos. A dimensão utópica Toda ideologia contém em seu avesso uma dimensão utópica, por isso a globalização também nos aponta a esperança de um futuro melhor. A dimensão utópica da globalização é precisamente permitir que pensemos nessa emancipação em termos planetários e manter a crença de que existe um caminho para um futuro melhor. A geração que passou acreditou no sonho de um mundo melhor. Mas teve o castigo de ver o sonho interrompido. A nossa geração tem que construir sua própria utopia, construir um novo paradigma, pois o homem não pode renunciar sua condição. Calmon de Passos falou que a fé pelo sonho do que estava “lá na frente” era muito maior de que o próprio chão em que sua geração pisava. Não há como transferir essa fé para a geração atual, na medida em que cada geração deve sonhar seu futuro e trilhar caminhos próprios. Se assim o fizer, “o que nunca teve sentido terá sentido”. Qual seria esse caminho? Reinventar tudo para manter vivo o compromisso que está na essência da própria condição humana – o projeto emancipatório do ser humano. Não pode ser o sonho de antes, deve ser a construção de um sonho novo, mas pautados nas mesmas motivações. A reinvenção desse espaço “local” é o grande desafio utópico da atual geração.
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