Buscar

14 Semiologia Pediátrica

Prévia do material em texto

Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA 
 
 A pediatria pode ser conceituada como a especialidade da medicina que cuida do ser humano durante seu 
período de desenvolvimento: da fecundação à puberdade. Desta forma, a semiologia pediátrica é definida como a 
ciência que estuda os sinais e sintomas que vão constituir as síndromes na infância, com finalidade diagnóstica. 
 Portanto, a semiologia pediátrica é a ferramenta que médico pediatra lança mão para guiá-lo na consulta 
pediátrica. Ela é, basicamente, composta por três partes: 
 Anamnese 
 Exame Físico 
 Exames Complementares 
 
 
ANAMNESE 
 A anmanese do paciente pediátrico deve ser o mais completa e detalhada possível, representando a evolução da 
criança até o momento da consulta. Para isso, é necessário ao pediatra utilizar uma linguagem acessível e demonstrar 
respeito e interesse na história contada pelo paciente. Os seguintes passos caracterizam a anamnese: 
a) Identificação; 
b) Queixa Principal (QP) 
c) História da Moléstia Atual (HMA) 
d) Antecedentes Gineco-obstétricos (AGO) 
e) História Mórbida Pregressa (HMP) 
f) Antecedentes Alimentares (AA) 
g) Desenvolvimento Psico-motor (DPM) 
h) Antecedentes Imunológicos (AI) 
i) História Mórbida Familiar (HMF) 
j) Revisão de sistemas (RS) 
k) Condições e Hábitos de Vida (CHV) 
 
 
Durante a anamnese, o médico deve coletar uma história clínica adequada, preferencialmente com a ajuda do 
responsável legal pela criança. Dessa forma, o médico deve estabelecer os fatos relevantes da anamnese, levantar 
todos os achados clínicos relevantes, confrontar os achados da anamnese para a realização do exame físico, 
identificando os fatos veríditos e dessa forma exclindo excessos e percebendo alterações não relatadas pela mãe ou 
criança. 
 Depois disso, o médico deve formular um diagnóstico hipotético, baseado nos sinais e sintomas coletados e 
comprovados através dp exame físico e, da mesma forma, estabelecer o diagnóstico diferencial com outra entidades 
nosológicas. Com essas medidas, pode-se estabelecer com segurança o plano terapêutico daquele paciente. Caso 
seja necessário, pode-se fazer uma investigação complementar, para tornar o diagnóstico mais claro. 
 
IDENTIFICAÇÃO 
 A identificação possui múltiplos interesses. O primeiro deles é de iniciar o relacionamento com o paciente. Saber 
o nome de uma paciente é indispensável para que se comece um processo de comunicação em nível afetivo. 
 São obrigatórios os seguintes interesses: 
Nome; Data de nascimento; Sexo; Cor; Naturalidade; Procedência; Tipo de residência; Ocupação (estudante?). 
 
QUEIXA PRINCIPAL 
Em poucas palavras, registra-se a queixa principal que levou o paciente a procurar o médico, além do tempo de 
duração do sinal deste sinal. Portanto, a queixa principal registra o motivo pelo qual a família levou a criança ao médico 
e deve ser escrito com as próprias palavras do informante. 
A QP é, em outras palavras, a resposta da seguinte pergunta: “Qual o problema que o (a) trouxe à consulta? 
Há quanto tempo o(a) senhor(a) sente isso?”. A resposta deve ser reescrita pelo médico buscando seguir os 
seguintes pontos: 
 Repetir as expressões utilizadas pelo paciente; 
 Incluir sempre a duração da queixa. 
 
HISTÓRIA MÓRBIDA ATUAL 
É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave-mestra para se chegar ao diagnóstico. Tudo que foi dito, 
quando analisamos o método clínico e a anamnese, encontra sua melhor aplicação na feitura da história da doença 
atual (HDA). Esta HDA deve conter as seguintes informações: 
 Início e evolução da doença; 
 Sintomas associados; 
 Medicamentos utilizados (se houve melhora ou não); 
 Escrever em ordem cronológica e linguagem técnica; 
 Intervir e investigar - quando necessário; 
Arlindo Ugulino Netto. 
SEMIOLOGIA 2016 
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
2 
 
www.medresumos.com.br 
 
HISTÓRIA MÓRBIDA PREGRESSA 
 Neste momento, devemos coletar dados sobre as doenças e internações ocorridas anteriormente: infecções; 
doenças próprias da infância; procedimentos cirúrgicos; alergias; uso de medicamentos; etc. 
 
ANTECEDENTES GINECO-OBSTÉTRICOS 
 Os seguintes pontos devem ser abordados: 
 Estado de saúde da mãe durante a gestação; 
 Idade da mãe; 
 Grupo sanguíneo e Rh; 
 Intercorrências no parto; 
 Se fez pré-natal (número de consultas); 
 Tipo de parto e local; 
 Condições de nascimento. 
 
 
ANTECEDENTES ALIMENTARES 
 É necessário levantar os seguintes questionamentos: 
 Se foi amamentado exclusivo ao seio materno e 
quanto tempo; 
 Idade do desmame e condições; 
 Qualidade e quantidade dos alimentos ofertados; 
 Número de refeições; 
 Pesquisar intolerância ou alergia alimentar. 
 
DESENVOLVIMENTO PSICO-MOTOR 
 Assinalar c/ que idade:-sorriu ,sustentou a cabeça, 
sentou, engatinhou, andou; 
 Quantidade e qualidade do sono; 
 Controle esfíncteres; 
 Sociabilidade; 
 Escolaridade e aproveitamento escolar. 
 
ANTECEDENTES IMUNOLÓGICOS 
 Verificar carteira de vacinas; 
 Verificar sinal de BCG; 
 Obter informações sobre reações vacinais. 
 
HISTÓRIA MÓRBIDA FAMILIAR 
 Pesquisar doenças na família; 
 Idade,sexo e estado de saúde dos irmãos; 
 Idade e estado de saúde dos pais. 
 
REVISÃO DOS SISTEMAS 
 Diurese e aspecto da urina; 
 Hábito intestinal. 
 
CONDIÇÕES DE HÁBITO DE VIDA 
 Condições da habitação:número de cômodos ,banheiro,água encanada,rede de esgoto,luz elétrica; 
 Escolaridade dos pais; 
 Quem mora na casa; 
 Uso de cigarros, álcool e drogas pela criança ou parente. 
 
 
EXAME FÍSICO 
Neste ponto, é pertinente fazer a seguinte observação: o exame físico na criança não segue as regras 
estabelecidas para o exame físico sistemático dos adulto. Geralmente, o médico pediatra deve iniciar o exame pela 
região que esteja mais acessível e/ou que seja menos estressante ou dolorosa para criança, de modo que o paciente 
aceite, com uma maior facilidade, o exame. 
No próprio colo da mãe, por exemplo, o médico pediatra já é capaz de avaliar o padrão respiratório do paciente, 
a presença de deformidades ou abaulamentos, coloração da pele, batimentos de aletas nasais, sinais evidentes de 
síndromes, etc. Só então devemos iniciar alguns procedimentos e técnicas que são desagradáveis (o que inclui: 
oroscopia, otoscopia, exame ocular e inspeção da região inguinal). 
 
OBS
1
: Durante o exame físico, a cooperação da criança é indispensável para que o exame tenha algum valor 
diagnóstico. Crianças estressadas inquietas tornam a avaliação médica dificultosa e incômoda (principalmente para 
mães e acompanhantes). Com isso, algumas medidas simples podem acalmar a criança, tais como: 
 Conquistar amizade da criança: item indispensável para avaliação dessa criança, isso é importante não só para 
a a consulta, mas também porque o vínculo pediátrico com aquela estará presente até os 21 anos. 
 Falar com voz suave; 
 Explicar antes o que vai fazer: 
 Evite dominar a criança; 
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
3 
 
www.medresumos.com.br 
 Iniciar por áreas menos ameaçadoras ou incômodas para a criança; Procedimentos desagradáveis no fim (avisar a criança sobre a realização de exames de sangue e ainda exames 
de imagem) 
 Aquecer mãos e equipamentos; 
 Usar objetos para distração. 
 
OBS
2
: O local do exame físico também é um fator relevante. Como foi dito anteriormente, os consultórios pediátricos 
são salas decoradas de modo que a criança se sinta mais agradável. Para o médico, deve ser um ambiente bem 
iluminado, com temperatura ambiente, tendo espaço e aparelhos adequados para a realização dos exames. Geralmente 
consultórios médicos muito frios podem mascarar algumas patologias e simular outras. Salas muito frias podem 
predispor as crianças a hiportemia e cianose. Por isso, deve-se sempre tentar manter o consultório em uma temperatura 
ambiente. 
 
OBS
3
: Com relação a faixa etária, as consultas podem ser conduzidas de maneiras diferentes: 
 1
os
 meses: nos primeiros meses de vida, a consulta não é tão dificultosa, e geralmente é feito 
acompanhamentos mensais até o 3º mês, avaliando o diâmetro torácico, perímetro cefálico, peso, avaliação e 
confirmação de vacinas, exame físico do tórax, abdome e genitália externa. 
 6 - 8 meses  2 - 3 anos: Geralmente nessa época a consulta passa a se tornar mais dificil. A partir dos 6 
meses a criança já é capaz de reconhecer os pais, daí a importância de frequentar sempre o mesmo pediatra, 
pois com a criança identificando aquela pessoa, a consulta se tornará mais tranquila. 
 Pré-escolar: nessa fase as consultas já são direcionadas para a queixa principal do paciente, entretanto deve-
se sempre lembrar de alguns itens que são indispensáveis durante a realização do exame. 
 Escolares / Adolescentes: nos adolescentes normalmente na primeira consulta não é necessária uma 
avaliação completa, embora adolescente, sabendo das diversas alterações que ocorrem nessa idade, deve-se 
primeiro conquistar sua confiança para realizar um exame mais específico, ou seja, que seja necessário retirar a 
roupa. 
 
De um modo geral, durante o exame físico de uma criança, o médico vai comprovar todos os achados que foram 
relevantes coletados durante a anamnese. Dessa forma, os sinais (dados que podem ser verificados de maneira 
objetiva) e os sintomas (dados subjetivos, que o médico só terá conhecimento com o relato do paciente) poderão ser 
evidenciados e, desta forma, caracterizar síndromes (conjunto de sinais e sintomas que estão ligados alguma mesma 
entidade nosológica) e, portanto, todos estes dados devem ser cuidadosamente investigados pelo médico, para que 
possa ser estabelecido uma hipótese diagnóstica concreta. 
Em resumo, o exame físico caracteriza-se por: 
 Avaliação dos aspecto gerais e dados vitais 
 Medidas antropometricas 
 Avaliação de órgãos e sistemas 
 
AVALIAÇAO DOS ASPECTOS GERAIS (ECTOSCOPIA) 
 Neste momento inicial do exame físico, devemos observar o aspecto geral da criança logo ao chegar, dando 
ênfase ao seguintes dados: 
 Nível de consciência 
 
 Atitude e posição: posição que o paciente adota com a finalidade de se sentir confortável. 
o Atípica (normal): não há preferências. 
o Típica: Sugere um desconforto. 
 Genupeitoral: geralmente a criança adota essa posição, pois ela permite uma melhor 
oxigenação e ventilação, por isso, nesses casos deve-se suspeitar de alguma cardiopatia 
congênita. 
 Ortopnêica: em crianças a ortopneia deve-se sempre pensar em edema agudo de pulmão. 
Nesses casos o exame do aparelho respiratório é de extrema importância, podendo nesses 
casos auscultar ruídos adventícios (estertores finos), mostrando na radiografia congestão 
bilateral. Diferentemente em adultos ocorre devido a enfisema pulmonar, cardiopatias, 
insufiência cardíaca congestiva. 
 Cócoras: Também sugere doenças cardíacas. 
 Antálgica: pode se manifestar de várias formas: (1) Colocação da mão sobre o local, (2) 
decúbito lateral sobre o local, (3) decúbito lateral oposto ao local, (4) decúbito ventral, (5) 
decúbito dorsal / flexão MMII. 
 Posições contraturais: (1) Opistótono: contratura muscular intensa em que a criança 
permaneça apoiada sobre os calcanhares e região nuncal. Pode ocorrer devido a irritação 
meníngea infecciosa (meningite) ou ainda, nos casos avançados de tétano; (2) Ortótono, (3) 
Pleurotótono, (4) Gatilho. 
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
4 
 
www.medresumos.com.br 
 
 Condições de higiene 
 
 Ativo ou hipoativo 
 
 Estado psíquico 
 
 Biotipo: 
 Longilíneo; 
 Brevilíneo; 
 Normolíneo; 
 
 Fala: 
 Disfonia; 
 Afonia; 
 Disfasia; 
 Dislalia; 
 Dislexia. 
 
 Marcha: forma de andar da criança. 
o Atáxica: lesões do SNC 
 Tabética: lesões posteriores da medula 
 Cerebelar: lesões cerebelares 
o Escarvante / Parética. 
 Lesão de nervos periféricos 
 Lesões Esquistossomóticas da medula 
o “Em Foice”: Hemiplegias 
o Anserina ou “de pato”: Miopatias 
o “De passos miúdos”: Doença de Parkinson 
o Claudicante: Dor ao andar 
 
 Coloração da pele: um sinal clínico importante nesses pacientes é a palidez cutâneo-mucosa. Este sinal pode 
ser simplesmente devido a uma má-alimentação, ou ainda, predizer condições graves, como ocorre por 
exemplo, nos casos de hipoxemia, que mesmo a criança com hemograma normal, apresenta-se pálida, nesses 
casos é necessária a utilização de O2. Quando a palidez está acompanhada de sudorese, extremidade frias, 
oligúria, pode ser devido a hipotensão, sinais importantes de choque (inclusive, diferentemente do adulto, a 
hipotensão é um sinal tardio de choque na criança). 
 
 Dados vitais: 
 Temperatura em graus Celsius: axilar, auricular e retal. 
 Frequência cardíaca; 
 Pulso; 
 Frequência respiratória. 
 
 Peso: 
o Desnutrição: ocorre naqueles casos em que há um deficit alimentar, nesses casos são chamadas de 
desnutrição primária. Já nos casos de desnutrição secundária, ocorre devido a patologias específicas. 
o Obesidade: é o resultado de um desequilíbrio energético, em que, a oferta é maior que a gasto de 
energia. Com isso, o alimento é armazenado na forma de tecido adiposo. 
 
OBS
4
: É importante estabelecer o diagnóstico diferencial de edema com obesidade. Geralmente crianças desnutridas 
apresentam um quadro de hipoproteinemia e, devido a um desequilíbrio osmótico, podem apresentar edema 
generalizado, o que erroneamente pode ser interpretado pelas mães como obesidade. Além disso, ainda é necessário 
fazer diagnóstico diferencial com doenças renais. 
 
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS 
Os dados aqui obtidos devem ser colocados em gráficos específicos, e incluem: 
 Peso 
 Estatura 
 Perímetro cefálico 
 Perímetro torácico 
 Perímetro abdominal 
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
5 
 
www.medresumos.com.br 
 
PESO 
A pesagem de recém-nascidos (com até 16kg) deve ser feita em balanças próprias para esta faixa etária; 
quando acima de 16kg, utilizar balança para adultos. 
 
 IDADE PESO (kg) 
03 a 12 meses Idade (meses) + 9 
2 
01ano a 6 anos Idade (anos) x 2 + 8 
 
07anos a 12 anos Idade(anos) x 7 - 5 
 2 
 
 
Quanto ao ganho de peso, devemos considerar o seguinte padrão: 
 Primeiros 4 ou 5 dias –ocorre perda fisiológica de 3 a 10% do peso; 
 O peso se recupera em torno do décimo dia de vida; 
 Primeiro trimestre-em média-30g/dia; 
 Segundo trimestre-20g/dia; 
 Terceiro trimestre-10g/dia; 
 Dobra o peso de nasc. entre 5 e 6 meses; 
 Triplica o peso de nasc. em torno os 12 meses; 
 Aos 5 anos-dobra o peso em relação aos 12 meses; 
 Aos 10 anos -triplica o peso em relação aos 12 meses; 
 Aos 14 anos -quadruplica o peso em relação aos 12 meses; 
 
 
ESTATURA 
A medição da estatura deve ser feita mensalmente, pelo menos, e devidamente registrada nas curvas de 
crescimento. Para crianças menores de 2 anos, devemos medí-la deitada, com antropômetro de Harpender; para 
crianças maiores de 2 anos, a medição deve ser feita em pé, com escala métrica ou em balança antropométrica. 
Desta forma, temos os seguintes padrões para aumento da estatura: 
 Primeiro ano de vida- 25 cm; 
 Segundo ano de vida- 12,5 cm; 
 Terceiro ano de vida- 9 cm; 
 Cerca de 6cm/ano até a puberdade; 
 Entre 4 e 5 anos - duplica a estatura em relação ao nascimento; 
 Entre 12 e 13 anos - triplica a estatura em relação ao nascimento; 
 
 
PERÍMETRO CEFÁLICO 
A medição do perímetro cefálico deve ser feito com auxílio de fita métrica, passando pela glabela e pelo 
occipício, sem abranger as orelhas. 
 O padrão normal é o que segue: 
 Primeiro ano de vida em torno de 12 cm; 
 Primeiro semestre 1cm /mês; 
 Segundo semestre ½ cm /mês. 
 
 
AVALIAÇÃO DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS 
 Os seguintes parâmetros devem ser avaliados: 
 Cadeias ganglionares 
 Cabeça e pescoço 
 Exame do tórax 
 Aparelho cardiovascular 
 Exame do abdome 
 Exame da região inguinal 
 Exame da genitália 
 Exame do aparelho osteoarticular 
 Otoscopia 
 Exame da boca. 
 
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
6 
 
www.medresumos.com.br 
EXAME DAS CADEIAS GANGLIONARES 
 Localização 
 Tamanho 
 Consistência 
 Mobilidade 
 Coalescência 
 Sensibilidade dolorosa 
 
EXAME DA CABEÇA E PESCOÇO 
a) Observação de fácies; 
b) Inspeção de crânio: simetria; formato; proporção 
craniofacial; presença de abaulamentos; implantação de 
cabelos. 
c) Palpação de crânio: consistência óssea; junção das suturas; 
abaulamentos; palpam-se fontanelas: anterior-bregmática 
(18m) e posterior-lambdoide(1m). 
d) Orelhas: implantação(normal-borda sup.do pavilhão se 
encontra na mesma altura dos cantos internos dos olhos); 
formato; presença de conduto auditivo; alterações peri auriculares. 
f) Nariz: forma; permeabilidade das narinas; presença de secreções; crianças maiores: rinoscopia anterior-cor e 
brilho da mucosa e presença e aspecto das secreções. 
h) Pescoço: inspeção; palpação; -mobilidade (ativa/passiva); palpação da tireoide. 
 
EXAME DE TÓRAX E APARELHO RESPIRATÓRIO 
a) Inspeção: Padrão respiratório (frequência, ritmo, amplitude) 
 
FR 
 0 a 2 meses - até 60mpm 
 2 a 11 meses - até 50mpm 
 1 a 4 anos - até 40mpm 
 Adolescente-20mpm 
 
b) Palpação: aquecer as mãos e pesquisar: pontos dolorosos, tumorações, nódulos, frêmito tóraco vocal – 
choro/gemido, expansibilidade – simetria. 
 
c) Ausculta: toda a região torácica; pesquisa de murmurio vesicular; presença de ruídos adventícios; pode ser um 
dos primeiros passos do exame físico,dependendo do psiquismo da criança. 
 
a) Percussão: toda a região torácica (anterior e posterior) e maneira suave. 
 
 
EXAME DO APARELHO CARDIOVASCULAR 
a) Palpação: com dedo indicador-pesquisa-se o Ictus cordis (extensão,intensidade,ritmo dos batimentos cardíacos); 
mão espalmada-verificar presença de frêmitos. 
 
Localização do ictus 
 até 3 meses - entre 3 e 4 espaço intercostal E para fora da linha hemiclavicular E; 
 -3 meses- 4 EICE para fora da linha hemiclavicular E; 
 -9 meses- 5 EICE para fora de linha hemiclavicular E; 
 -7 anos- 5 EICE na linha hemiclavicular E; 
 
b) Ausculta: inicia-se pelo ictus-que corresponde a área mitral (AM); ainda no 4 EICE mais próximo ao esterno-área 
tricúspide (AT); no 2 EICE ,próximo ao esterno-área pulmonar (AP); no 2 EICD,próximo ao esterno-área 
aórtica(AA). Deve-se determinar: frequência cardíaca; ritmo das bulhas cardíacas; intensidade das bulhas 
cardíacas; presença de outros ruídos (atrito ou sopros(sistólico,diastólico e contínuos). 
 
 
 
FC 
 0 a 1 mês –70 a 190 bpm 
 1m a 11 meses-80 a 160 bpm 
 2 anos-80 a 130 bpm 
 6 anos-75 a 115 bpm 
 10 anos-70 a 110 bpm 
 14 anos-60 a 105 bpm 
 18 anos-50 a 95 bpm 
 
c) Palpação de pulsos: com 2 e 3 dedos, devemos avaliar, de forma comparativa (lados simétricos), a intensidade, 
ritmo e simetria dos pulsos. Devemos verificar os pulsos radiais, femorais e pediosos. 
 
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
7 
 
www.medresumos.com.br 
d) Aferição de Pressão arterial: o manguito deve ser adequado ao tamanho da criança; só tem valor quando 
medido com a criança tranquila. 
 
EXAME DO ABDOME 
a) Inspeção: forma; simetria; cicatriz umbilical(hérnias/secreções); presença de movimentos peristálticos; 
abaulamentos; circulação colateral. 
 
b) Ausculta: deve preceder a palpação e a percussão; inicia-se pela fossa ilíaca esquerda; pesquisar ruídos hidro 
aéreos: aumentados (diarreia,fase inicial da peritonite) / redução ou abolidos (íleo paralítico e peritonite 
avançada). 
 
c) Palpação: evitar manobras bruscas; mãos devem estar aquecidas e a mão espalmada sobre o abdome (utiliza 
as popas digitais); aproveitar a inspiração (maior relaxamento muscular). 
 Inicia-se com palpação superficial -deslizando a mão sobre o abdome,observando se há dor. 
 Pesquisa-se presença de massas ou visceromegalias; 
 No lactente –fígado é palpado a 2/3 cm abaixo do RCD; 
 Em 14 % dos lactentes palpa-se ponta de baço e em 7% das crianças entre 2 e 7 anos; 
 Palpação de loja renal-c/ a mão esquerda apoiada sob o ângulo costovertebral e palpa-se c/ a mão 
direita,normalmente os rins não são palpáveis; 
 
d) Percussão: todo abdome deve ser percutido. O som é timpânico na maior parte do abdome devido a presença 
de víscera ocas (intensidade variável). Por meio da percussão, podemos realizar hepatimetria e pesquisa de 
esplenomegalia. 
 
EXAME DA REGIÃO INGUINAL E DA GENITÁLIA 
 De uma forma geral, na região inguinal, devemos pesquisar a presença de linfonomegalias, hérnias e pulso 
femoral. O exame da genitália, por sua vez, deve ser direcionado da seguinte forma: 
 Meninos: 
 Aspecto e tamanho de pênis e bolsa escrotal; 
 Exposição da glande: localização do orifício uretral (normal, epispádia, hipospádia), presença de 
aderências 
 Palpação do testículos: tópicos, retráteis, presença de tumorações ou líquidos. 
 
 Meninas: 
 Simetria de grandes lábios; 
 Presença de pilificação ou tumoraçao; 
 Coloração de mucosa da vulva e introito vaginal; 
 Características de clitóris,pequenos lábios e hímem; 
 Presença de secreções. 
 
No que diz respeito àregião anal, devemos, inicialmente, procurar a perfuração anal (alguns recém-nascidos 
podem nascer com ânus imperfurado) e avaliar o pregueamento de esfíncter. Neste momento, devemos observar a 
presença de mal formações, fissuras e outras lesões. 
 
EXAME DO APARELHO OSTEOARTICULAR 
Devemos avaliar a posição do paciente, a proporcionalidade entre os segmentos, o aspecto das articulações e a 
amplitude dos movimentos. Algumas estruturas devem ser especialmente avaliados, tais como: 
 Palpa-se músculo esternocleidomastoideo, clavículas, gradil costal, coluna vertebral; 
 Observa-se na região sacrococcígea se há presença de fosseta ,seio pilonidal,tumorações; 
 Aavalia-se mobilidade (ativa /passiva) das articulações. 
 
AVALIAÇÃO DA PELE 
A avaliação cutânea baseia-se pela pesquisa de discromias, tumorações, descamações, lesões 
eritematovesiculares, sinais de infecção, alterações da coloração (cianose, icterícia, anemia, etc.). 
 
OROSCOPIA 
 Realizado com auxílio de luz e espátula; 
 Avaliar: aspecto e cor da mucosa; condição dos dentes; exame da língua (papilas, manchas, lesões); 
visualização de palato mole,úvula e amígdalas e presença de secreções; 
 
OTOSCOPIA 
 Utiliza-se Otoscópio com espéculo de tamanho apropriado p/ cada idade; 
Cliente
Realce
Cliente
Realce
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
8 
 
www.medresumos.com.br 
 A criança deve estar imobilizada; 
 Inicia-se por observação do conduto auditivo externo (secreções, cerúmen, traumatismos, corpo estranho); 
 Visualização de membrana timpânica (deve-se tracionar o pavilhão orelha para retificar o conduto). 
 
EXAME NEUROLÓGICO 
Durante o exame físico do RN, é possível iniciar-se simultaneamente a avaliação neurológica, com base na 
observação da postura, da movimentação espontânea, da resposta ao manuseio, incluindo o choro. Um exame mais 
acurado deve ser realizado, após 24 horas de vida, a fim de minimizar a influência do estresse do parto sobre sua 
performance neurológica. 
O exame neurológico pode ser feito com a pesquisa dos reflexos arcaicos que traduzem uma imaturidade, ou 
falta de mielinização do SNC. Alguns desses sinais desaparecem e alguns outros se modificam, entre os principais são: 
 Reflexo de Moro (reflexo do abraço): é um movimento global do qual participam os membros superior e 
inferior; é facilmente provocado por um som ou soltando-se subitamente o RN que estava seguro nos braços. A 
coluna vertebral arqueia-se para trás, a face mostra surpresa, os braços e mãos se abrem, encurvam-se para 
frente num movimento que simula um abraço; as pernas se estendem e depois e depois se elevam; pode 
acompanhar-se de choro. A ausência ou redução deste reflexo indica grave lesão do SNC. Quando assimétrico 
pode significar paralisia braquial, sífilis congênita (pseudoparalisia de Parrot) ou fratura de clavícula ou úmero. 
Desaparece aos 3-4 meses de idade. Sua forma completa consta de 3 componentes: abdução dos braços e 
extensão dos antebraços sobre os braços, abertura das mãos, choro. Desaparece entre 4 e 6 meses. 
 Sucção: o RN normal apresenta sucção reflexa como resposta a qualquer objeto que lhe toque os lábios. 
 Preensão Palmo-Plantar: obtém-se por estimulação da palma das mãos ou planta dos pés com um objeto ou o 
próprio dedo. Entretanto quando o bebê está com a 6 a 8 meses, a preensão já é considerada voluntária e não 
reflexa. 
 Marcha Reflexa: sustentando-se o RN sob as axilas em posição supina, encosta-se um dos pés do RN sobre o 
plano. Este contato vai desencadear uma flexão do outro membro inferior, que se adianta e vai tocar o plano à 
frente, desencadeando uma sucessão de movimentos que simula a deambulação. Desaparece aos 2 meses. 
 Fuga ou Asfixia: colocando-se o RN em decúbito ventral, de modo que as narinas fiquem obstruídas pelo 
plano onde está deitado, o RN faz uma rotação da cabeça para respirar melhor.

Continue navegando