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Resumo Sociologia Jurídica U1


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Resumo Sociologia Jurídica
Aula 1 – Sociologia Geral e Jurídica
- O Direito, é fenômeno social, que surge das inter-relações sociais e se destina a satisfazer necessidades sociais, tais como prevenir e compor conflitos.
- Se o Direito, como já vimos, está ligado à ideia de organização e conduta, então deve ser ele entendido como um conjunto de normas de conduta que disciplinam as relações sociais.
- Direito a única relação inteiramente determinada pela coexistência humana e que se exaure de homem para homem seja ela indivíduo versus o grupo, o grupo versus o indivíduo e o grupo versus outro grupo.
- Normas de Conduta: O Direito não se dirige a pessoas determinadas nem a relações consideradas individualmente. Isso assegura igualdade de tratamento às partes. Trata-se de normas de conduta que se destinam a todos, aplicáveis a todas as relações abrangíveis pelo seu escopo.
- Para a sociologia jurídica, entretanto, não há como tergiversar: as normas de Direito emanam do grupo social.
- Obrigatoriedade: Em regra são normas obrigatórias, isto é, de observância necessária. A obrigação é, portanto, elemento fundamental do Direito.
- Sanção: A obrigação não pode existir sem sanção. Por isso alguns teóricos chegam a definir o Direito como um sistema de sanções. Sanção é a ameaça de punição para o transgressor da norma.
- Escola Monista: Englobando quase todos os juristas, esta escola entende que apenas um tipo de grupo social- o grupo político - o Estado devidamente organizado -, está apto a criar normas de direito. A doutrina monista, que se encontra mais próxima das teorias de Hegel, Marx e Kelsen.
- Escola Pluralista: A escola pluralista que, além de alguns juristas, compreende sociólogos e filósofos, considera que todo agrupamento de certa consistência ou expressão pode outorgar-se normas de funcionamento que, ultrapassando o caráter de simples regulamentos, adquirem o alcance de verdadeiras regras jurídicas.
-Mutabilidade Das Normas: Mudando o grupo, mudam-se também as normas de Direito, não tem o Direito caráter estável ou perpétuo, mas sim essencialmente provisório, sujeito a constantes modificações. 
-Direito está sujeito a transformações contínuas, pois o simples confronto com os diferentes sistemas jurídicos basta para dar ideia da admirável diversidade das normas de direito aplicadas na superfície do globo. 
-Conceito Sociológico do Direito: Direito: conjunto de normas de conduta, universais, abstratas, obrigatórias e mutáveis, impostas pelo grupo social, destinadas a disciplinar as relações externas do indivíduo, objetivando prevenir e compor conflitos.
Aula 2 – Função Social e Gênese do Direito: Jusnaturalismo
Direito Objetivo: São normas que vivem e sobrevivem fora e independentes das pessoas, a que conferem faculdades de agir.
Direito Subjetivo: direito subjetivo de cada pessoa (física ou jurídica), como o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à educação, à saúde e assim por diante.
Jusnaturalismo: Para os jusnaturalistas, o direito é um conjunto de ideias ou princípios superiores, eternos, imutáveis, outorgados ao homem pela divindade, quando da criação, a fim de traçar-lhe o caminho a seguir e ditar-lhe a conduta a ser mantida. As principais características do direito natural seriam, portanto, a estabilidade e a imutabilidade, já que se trata de princípios imanentes ao próprio cosmos, cuja origem estaria na Divindade.
- A concepção do direito natural surge com os filósofos gregos - Heráclito, Aristóteles, Sócrates, Platão etc. - e foi adotada em Roma por Cícero.
Existem basicamente duas formas de conceber o direito natural:
A primeira entende que o direito natural é algo dado, inscrito na “natureza das coisas”, e independe do juízo que o homem possa ter sobre o mesmo.
A segunda vertente vê o direito natural com o um direito ideal, ou seja, com o um conjunto de normas justas e corretas, que devem fazer parto do direito positivo, do direito criado pelos homens.
Escola Teológica: origem do direito estaria ligada diretamente à Divindade, já que as primeiras leis foram escritas e outorgadas por Deus. Em suma, a própria Divindade teria se empenhado em elaborar as primeiras leis, eternas, permanentes e imutáveis. 
Escola Racionalista/Contratual: Para os racionalistas, duas são as categorias de direito, ou órbitas jurídicas, a saber: a do Direito natural e a do Direito positivo.
- Quanto ao direito natural, continuaria sendo um conjunto de princípios permanentes, estáveis e imutáveis. A origem desse direito seria a natureza racional do homem - imutável diante de qualquer vontade divina ou humana.
- O Direito positivo, por sua vez, decorreria do pacto social a que o homem fora levado a celebrar para viver em coletividade.
Função Social e Gênese do Direito: 
- O Direito do ponto de vista sociológico é um fato social e tem sua origem na própria sociedade, nas inter-relações sociais. Por conseguinte, trata-se de uma ciência essencialmente social. O Direito invade e domina a vida social desde as mais humildes às mais solenes manifestações.
Atividades de cooperação: Caracterizam-se pela convergência de interesses. Envolvem fins ou objetivos comuns. Na cooperação as pessoas estão movidas por um mesmo objetivo e valor e por isso conjugam o seu esforço. A interação se manifesta direta e positiva.
Atividade de concorrência: nunca se encontram, pois não convergem para um interesse comum. Na competição há uma disputa, uma concorrência, em que as partes procuram obter o que almejam, uma visando a exclusão da outra.
Conflito de interesses:
Cooperação: Procura então o vendedor para devolver o material e receber de volta o valor pago, ou para obter outra mercadoria em perfeito estado, mas este se recusa a atendê-lo. Nesse momento rompe-se o perfeito equilíbrio que deveria haver na atividade de cooperação, e surge o conflito.
Concorrência: Conflitos surgem igualmente nas atividades de concorrência, quando as partes vão além daquilo que lhes é lícito fazer no campo do seu próprio interesse.
Paulo Nader pondera com propriedade: O conflito podemos defini-lo como oposição de interesses, entre pessoas ou grupos, não conciliados pelas normas sociais.
Função Preventiva do Direito: 
Primeira e principal função social do Direito - prevenir conflitos: evitar, tanto quanto possível, a colisão de interesses. O Direito previne conflitos através de um conveniente disciplinamento social, estabelecendo regras de conduta na sociedade: direitos e deveres para todos. À medida que cada um respeitar o disciplinamento estabelecido pelo Direito, evitará entrar em conflito com outrem na sociedade. 
Paulo Nader, repetidamente citado: “O Direito está em função da vida social. A sua finalidade é a de favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do progresso da sociedade. ’’
Concluindo, destacamos as duas principais funções que o Direito realiza na sociedade. A primeira é a de prevenir conflitos, que podem ocorrer tanto nas atividades de cooperação como nas de concorrência. Isto ele faz através do adequado disciplinamento das relações sociais. A segunda é a de compor conflitos, que acabam por ocorrer não obstante toda prevenção exercida pelo direito, e isto ele faz através do critério jurídico.
Função Compositiva do Direito:
Superar um conflito de interesses é aquilo que chamamos composição. E aí está a segunda grande função social do Direito: compor conflitos. Não se pode evitar o conflito, por mais que se procure preveni-lo. A maneira de solucionar o conflito é, então, colocar os dois interesses em antagonismo na balança, e determinar qual o que deve prevalecer e qual o que deve ser reprimido. 
Critério de composição de conflitos voluntária: É aquele que se estabelece pelo mútuo acordo das partes.
Critério de composição de conflitos autoritária: Por esse critério, cabe ao chefe do grupo o poder de compor os conflitos de interesses que ocorrem entre os indivíduos que se encontram sob sua autoridade. Normalmente a autoridade lança mão do seu foroíntimo, do próprio senso de Justiça, para desempenhar a tarefa de compor conflitos.
Critério de composição jurídica: São, pois, características do critério jurídico - a anterioridade, a publicidade e a universalidade. A anterioridade é o traço característico e fundamental da composição jurídica, e implica em dizer que o critério aplicado preexiste ao conflito. É necessário que se dê conhecimento do critério antes de sua aplicação.
A Função Social do Direito na Atual Ordem Jurídica Brasileira:
A atual ordem jurídica brasileira dá grande ênfase à função social do Direito. A Constituição de 1988, ao garantir o direito de propriedade, ressaltou que terá ela que cumprir a sua função social. O novo Código Civil, por sua vez, prestigia esta questão a ponto do seu grande coordenador, o jurista Miguel Reale, ter afirmado que a socialidade é uma das suas principais características. - O Direito como instrumento para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária.
Aula 3 - Positivismo Jurídico e Pós Positivismo
Critérios de distinção entre direito natural e direito positivo (Norberto Bobbio):
Direito natural: Universalidade, imutabilidade, racionalidade, razão, diferença e bondade.
Direito positivo: Particularidade, mutabilidade, Estado, promulgação, indiferença e utilidade. 
A formação social e a necessidade de uma normatividade.
Positivismo Jurídico:
A separação dos poderes e a primazia do legislador: Lei enquanto fonte ativa do direito, o instrumento estatal de intervenção na vida social. O direito, os propósitos humanos e a moldagem das condutas sociais.
Justificativas históricas:
O desenvolvimento da hermenêutica exegética na França após a elaboração do Código Civil francês (1804).
A necessidade de regular as condutas sociais que se tornavam mais e mais complexas após a Revolução Industrial;
A sistematização do direito originada pela teoria geral do direito – a importância da jurisprudência dos conceitos e o Código Civil alemão (1899);
Abordagens teóricas: teorias centradas na legislação e teorias centradas na aplicação do direito.
Thomas Hobbes: Afirma que é necessário estabelecer limites para a convivência social. Não considera que a solidariedade seja uma característica natural do homem – devido ao Estado de Natureza. A busca do convívio social objetiva a satisfação de necessidades pessoais e não ocorre harmonicamente. Necessidade que exista alguém que tome decisões em nome de todos e imponha uma ordem, pacificando a sociedade (Leviatã). Estabelecimento de um pacto entre os homens – o contrato social. As regras jurídicas são respeitadas porque quem as impõe tem o poder de coação. A existência de uma lei ruim é sempre preferível a uma situação de ausência de lei.
Jean-Jacques Rousseau:
Cabe ao Estado garantir a igualdade entre todos os cidadãos Igualdade formal característica do iluminismo francês que visa garantir a equiparação entre burgueses e aristocratas.
Também adota uma concepção contratualista como Thomas Hobbes.
Reconhece que o homem entra no Estado de Natureza por conta da propriedade privada. Difere aqui de Hobbes, já que o Estado de Natureza só ocorre frente aos anseios egoísticos do homem.
Ideia de soberania popular.
Entende que é o povo que deve fazer e aplicar as suas leis – e não o soberano, diferentemente de Thomas Hobbes;
O direito é produto de uma vontade política; 
Hans Kelsen:
Elimina qualquer pergunta sobre as forças sociais que criam o direito;
Teoria Pura do Direito - o objeto da ciência jurídica é examinar como funciona o ordenamento jurídico.
O estudo das normas em vigor deve ser realizado sem nenhuma interferência sociológica, histórica ou política.
As causas de criação de uma norma e o problema do respeito a ela na prática não interessam ao jurista.
O que principalmente interessa são as relações entre as diferentes normas jurídicas, as competências dos órgãos estatais e os procedimentos de criação de normas.
Escalonamento do ordenamento jurídico. (Pirâmide de Kelsen)
A legitimidade do direito repousa em uma norma fundamental que legitima as demais – Constituição;
Existência de um tribunal constitucional que avalia formalmente a constitucionalidade das leis
Teorias positivas sobre a aplicação do direito: Estas consideram como decisivos os processos de interpretação do direito. Interesse pela realidade do direito, tal como esta resulta de sua aplicação. Crítica contra uma análise do sistema jurídico que insistia na letra da lei.
Jurisprudência dos interesses (Alemanha):
Qualquer caso jurídico é um conflito de interesses e a decisão a ser tomada deve ponderá-los. A ponderação de interesses deve ser realizada conforme a intenção do legislador (levar em consideração o conteúdo da lei). Deve-se levar em conta a situação social. Há uma preocupação com as condições de aplicação do direito na realidade.
Realismo jurídico (Estados Unidos):
Enaltece o processo de aplicação da norma e os fatores que influenciam as decisões dos tribunais, assim como o estudo do seu impacto social.
Abordagem pragmática: considera decisivo estudar quem decide e como decide.
Destaque para o funcionamento dos órgãos judiciais e as regras de sua organização.
Reconhecimento do papel decisivo do juiz no funcionamento do sistema jurídico.
O juiz é um ente criador do direito – H.L.A. Hart.
Jurisdicização a partir dos fatos sociais a aplicação.
Risco de decisões arbitrárias e discrionárias. 
Charles de Montesquieu:
Predomínio da separação dos poderes entre legislativo, executivo e judiciário.
Análise dos fatores naturais e sociais que explicariam as diferenças entre as legislações dos diversos povos.
Não é possível falar na existência de um único modelo de direito “justo” ou adequado.
As leis seguem os costumes de cada povo.
Escola histórica – Friedrich von Savigny;
O direito não decorre de uma razão universal válida para todo o gênero humano.
Para que se compreenda o direito, é necessário analisar a realidade histórica de cada povo.
Considera importante o surgimento do direito nas tradições populares.
Escola marxista: Entende que o direito surge quando há uma sociedade politicamente organizada, com órgãos capazes de estabelecer regras e impor o cumprimento das suas prescrições. O Direito é considerado um instrumento de dominação (interesses da classe dominante) que contribui para a continuidade da desigualdade.
 Émile Durkheim:
O direito como fenômeno social, sendo na sociedade que o direito surge e se desenvolve.
As regras do direito impõem aos indivíduos obrigações e modos de comportamento, aptos a garantir a coesão social.
Existência de formas de controle e de constrangimento aplicáveis aos indivíduos que não respeitam as regras em vigor e ameaçam a coesão social.
O direito garante a estabilidade social através da aplicação de sanções contra os indivíduos desviantes.
A sanção tem diferentes características a depender da área do direito trabalhada:
Direito penal – sanção repressiva;
Direito civil – sanção restitutiva;
Pós Positivismo:
Falência do sistema positivista.
Os excessos praticados pela Alemanha durante a segunda guerra e a crise da legalidade.
Reaproximação de direito e moral.
Criação do sistema internacional de proteção dos direitos humanos.
Existência de princípios como centro da ordem jurídica.
Teoria material da Constituição:
Os princípios adquirem diversas funções, tendo como: Orientar a atividade do legislador infraconstitucional, viabilizar a ponderação de direitos conflitantes.
Aula 4 – Evolução e Fontes do Direito
Fatores de evolução do Direito: 
Fatores Econômicos: A estrutura econômica de uma sociedade reflete-se diretamente no seu ordenamento jurídico. O direito vai se modificando à medida que vai se alterando a estrutura econômica da sociedade sendo o fator econômico é o que exerce uma influência mais decisiva.
Fator Político: o regime político de um país exerce influência direta sobre suas regras de direito público e até de direito privado. Segundo o regime em que se vive a sua dinâmica, apresentarãopeculiaridades. 
Consequências dos fatores políticos (Machado Neto): 
1) O direito sofre, necessariamente, o impacto de uma tendência centralizadora. Da norma indiferenciada passa-se à centralização jurisdicional e daí à centralização legislativa.
2) Criam-se condições objetivas para o aparecimento gradativo da distinção entre direito público e privado: o primeiro como a regulamentação da conduta dos indivíduos naqueles pontos que mais de perto dizem respeito ao interesse coletivo ou estatal; e o segundo, em que o interesse dominante é o dos particulares.
3) Aparecimento das condições objetivas para o direito separar-se das normas sociais: o direito passa a ser a norma estatal por excelência; a moral e as normas do trato vão aparecer como as formas específicas da socialização, quando esta é realizada diretamente pela sociedade e pelos diversos grupos sociais extra estatais.
Fatores Culturais: O direito evolui acompanhando a evolução cultural, a ponto de podermos afirmar ser ele o aspecto cultural de um povo. 
Cultura: De acordo com Edward B. Tylor: “cultura é o conjunto de conhecimentos, crenças, artes, de regras morais, jurídicas e de costumes, e de quaisquer outras aptidões do homem, por ele adquiridas em sua condição de membro da sociedade”
Fator Religioso: Nos povos antigos, o direito não se diferenciava da religião. Praticamente se confundiam porque o poder, a autoridade, o direito e a religião emanavam da mesma divindade, e quase sempre estavam centralizados nas mãos da mesma pessoa. 
Fontes do Direito: 
As fontes do direito e suas definições;
A fonte é o próprio direito em sua aplicação normativa: normas superiores que irão legitimar – material ou formalmente – normas inferiores (Hans Kelsen).
O estudo das fontes atine aos órgãos que possuem habilitação para produzir normas, nos termos das regras definidas pelo ordenamento jurídico. Daí que as fontes colhem elementos no “mundo social” e ao serem juridicizados, permitem a introdução de outras normas (Paulo de Barros Carvalho).
As fontes do direito são uma estrutura de poder que absorve um certo conteúdo e oferta uma solução normativa (Miguel Reale).
Fontes materiais: As fontes materiais são as responsáveis pela elaboração do Direito.
Fontes formais: por sua vez, são assim chamadas porquê de fonte só têm a forma; nada, porém, de conteúdo.
Fontes Materiais ou de Produção: 
Fontes Imediatas: Fonte material imediata são os órgãos frequentes do Estado, ou seja, aqueles que, segundo a ordem constitucional, têm a função de legislar, tanto no Poder Legislativo como no Executivo.
Fontes Mediatas: Fonte material mediata ou remota é a sociedade, pois, o Direito emana do grupo social.
As fontes mais importantes do ponto de vista da Sociologia Jurídica: 
As fontes mais relevantes para a Sociologia Jurídica: costume, jurisprudência e lei (Sérgio Cavalieri Filho);
Costume: Tão logo a sociedade elabora uma determinada forma ou regra de conduta, exterioriza-a através do costume, a expressão autêntica da consciência jurídica social.
Lei: A principal (e única para alguns) fonte material é o Estado, os órgãos legislativos, sendo a lei a mais importante fonte formal.
Jurisprudência:  é o termo jurídico que designa o conjunto das decisões sobre interpretações das leis feitas pelos tribunais de uma determinada jurisdição. Essas decisões reiteradas que emanam dos órgãos judiciários constituem a jurisprudência.
O costume enquanto fonte do direito:
Elemento externo do costume: uniformidade dos atos. Pensar na exterioridade e generalidade dos fatos sociais;
Elemento interno do costume: relevância jurídica. Os tipos de costume: secudum legem, praeter legem e contra legem. Secundário à lei, complementar à lei e contra a lei. 
Aproximações e diferenças entre lei e costume:
 Quanto à origem: O costume, como já vimos, emana diretamente da sociedade, e a lei de um órgão estatal. Por isso o costume, historicamente, é anterior à lei. Esta só veio a surgir quando a sociedade criou o Estado. Até então, toda a regulamentação da vida social foi feita através do costume. 
Quanto ao processo de elaboração: O costume, também já vimos, é de formação livre, espontânea, gradativa; vai se formando paulatinamente, à medida que determinada conduta vai sendo aceita e reiterada pelo grupo. O processo de elaboração da lei, entretanto, é formal, preestabelecido, iniciando-se com um projeto, passando pela discussão, votação, sanção, promulgação, até chegar à publicação. Nunca podemos saber com precisão quem, quando, onde teve origem um determinado costume. Já quanto à lei, sabemos exatamente quando foi elaborada, quando entrou em vigor e quando foi revogada.
 Quanto à forma: O costume se exterioriza através de condutas repetidas e é transmitido em regra por via oral; passa de pai para filho pela tradição. A lei se exterioriza por escrito e através de fórmulas rígidas, precisas. Eis aí outra razão pela qual o costume é anterior à lei, pois, estas só surgiram após a invenção da escrita.
Aula 05 – Direitos Humanos
Da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) até a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
O caráter cosmopolita dos direitos humanos.
Direitos humanos:
É um processo histórico e afirmação de um valor (ético e/ou moral), a saber, a dignidade da pessoa humana que, como todo valor, tem, ao mesmo tempo, um suporte na realidade e aponta um dever ser; (Celso Lafer)
Os direitos humanos são universais e titularizados por todos que detém a condição de pessoa – o homem é um ser essencialmente moral com unicidade existencial e dignidade; (Flávia Piovesan)
Direitos fundamentais – Leonardo Martins: É o mínimo de direitos garantidos, podendo o legislador ordinário acrescentar outros, mas não tendo a possibilidade de abolir os tidos como fundamentais – são os direitos previstos na Constituição;
Direitos humanos fundamentais – Ingo Sarlet: São os direitos ligados ao mínimo existencial para preservar a dignidade da pessoa humana;
Conclusão: os direitos humanos estão ligados a dignidade e ao mínimo existencial.
O conceito de dignidade e o de mínimo existencial;
Dignidade da pessoa humana: A dignidade da pessoa humana está atrelada ao respeito que deve ser conferido tanto pelo Estado quanto pela comunidade ao homem, que deverá ter assegurado todos os direitos e garantias que se façam necessários para garantir sua participação ativa no corpo social. A dignidade da pessoa humana é o antecedente de todo direito humano fundamental.
Mínimo existencial: Já o mínimo existencial atine as necessidades intermediárias são a alimentação, a água limpa, a moradia, o ambiente laboral sadio, a saúde apropriada, a segurança física, econômica, da infância e educação apropriada. 
Direitos humanos fundamentais e direitos sociais:
Direitos Sociais: Art. 6º da Constituição Federal: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Direitos Fundamentais: Há cumprimento dos direitos humanos fundamentais quando o Estado segue à risca o papel de prestador de políticas públicas necessárias para o bem-estar social.
A sociologia jurídica e os direitos humanos fundamentais – a análise das posturas adotadas pelo Estado na elaboração e aplicação do Direito.
Dimensões de direitos humanos: 
Primeira dimensão - Direitos civis e políticos: O governo é para o indivíduo e não o contrário e a liberdade requerem a distribuição do poder econômico, político e cultural entre os governados e exige limitações impostas pelo direito à discricionariedade do poder dos governantes.
Art. 5º da Constituição Federal - Direitos de liberdade; Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes [...]Segunda dimensão - Econômicos, sociais e culturais: Igualdade concreta por meio do reconhecimento do valor da pessoa humana, tanto como pessoa moral, como pessoa social; Art. 6º da Constituição Federal – Direitos sociais.
Terceira dimensão – Internacionalização ou hospitalidade: Direitos de titularidade coletiva, ou direito de solidariedade que proporcionam o direito a paz, ao desenvolvimento, cuja base é a unidade planetária através da diplomacia. Art. 3º, inciso I da Constituição Federal Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária.
Aula 6 – Eficácia das Normas Jurídicas
Existência: Para o direito, algo existe quando é tornado público para o conhecimento de todos. A lei quando for promulgada ou o contrato é averbado em cartório.
Validade: A validade diz respeito aos requisitos essenciais para elaboração de terminado ato ou negócio jurídico (Direito Privado); ou se a produção legislativa seguiu conforme os procedimentos trazidos pela Constituição (Kelsen);
“Válido é tudo aquilo que está revestido de todos os seus requisitos legais”
Consequências da invalidade: o ato jurídico ou lei não produz efeitos;
Quando uma lei é declarada inconstitucional ela se torna invalida;
Eficácia: É decorrente da validade é exprime a capacidade de o ato válido produzir efeitos concretos, alcançando os objetivos para os quais foi elaborado.
Efeitos da norma são todos aqueles resultados por ela produzidos.
Para Sérgio Cavalieri Filho, são quatro os efeitos da norma: Controle social, educativo, conservador e transformador.
Controle social: O controle social através das normas objetiva adaptar as condutas naturais e jurídicas da sociedade aos padrões de comportamento dominantes. O poder público pode se valer tanto da orientação quanto da fiscalização para viabilizar o exercício destas normas.
Modos de exercício: Essas normas podem ser destinadas a grupos específicos (localizado) ou para toda sociedade (difuso).
Destinatários:A fiscalização pode acontecer tanto por órgãos estatais quanto pela sociedade, através da pressão exercida pela opinião pública ou até mesmo pelos fatos sociais. Objetivo do controle social: prevenir conflitos através das regras de conduta
Efeito Educativo: Tanto antes de entrar em vigor e começar a desenvolver seus efeitos quanto após, a norma deve ser amplamente divulgada para educar seus destinatários quanto as mudanças que são pretendidas. O efeito educativo realça ainda mais o caráter preventivo do direito, já que o cidadão se torna consciente dos direitos e deveres que possui;
Efeito Conservador: O efeito conservador está conectado a manutenção da ordem vigente e a necessidade do direito em tutelar não somente bens como institutos.
Os riscos do efeito conservador em países subdesenvolvidos: usar do direito para perpetuar o atraso econômico e social;
Esse caráter conservador é um exemplo de quando o direito vale da sua faceta coercitiva e repressiva: o sujeito deixa de praticar certas condutas ante as punições que lhes podem ser aplicadas;
Efeito Transformador: Por seu turno, o efeito transformador surge quando o direito contempla novas diretrizes a serem seguidas pela sociedade. O legislador e o operador do direito devem observar a sustentabilidade desse projeto normativo: não basta iniciar a transformação, o direito deve ser capaz de manter essa trajetória até que todos os objetivos sejam alcançados e mantenham-se por si mesmos;
Efeitos negativos das normas:
 Nem sempre o direito terá efeitos positivos na sociedade: há certas circunstâncias em que as normas trazem efeitos indesejáveis ao interesse social; Três são as hipóteses: quando for ineficaz, quando a houver omissão da autoridade em aplicá-la ou quando inexistir estrutura adequada à aplicação da lei
Ineficácia da lei e sua desatualização: O dever do Estado de manter a legislação atualizada;
Ineficácia da lei frente a pressões extrajurídicas: A questão do misoneísmo e as pressões de grupos religiosos quanto a temas sensíveis a seus dogmas.
Ineficácia da lei por antecipação do legislador a uma realidade social inexistente: A norma criada pelo legislador não encontra suporte para valer na realidade, frente um possível idealismo na sua elaboração.
Omissão da autoridade em aplicar a lei: quando a lei requer uma fiscalização constante, nem sempre o Estado consegue fazer frente aquela demanda.
Inexistência estrutura adequada à aplicação da lei: o Estado não possui meios para fazer valer determinada cominação legal, de modo a ilicitude finda sendo estimulada pela ausência de punição.