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* * * Giselle Ma Araújo Felix Coordenadora: Dra. Elisa de Carvalho HRAS – 10/02/2006 ESCS/FEPECS – SES DF ANEMIA FALCIFORME Caso Clínico * * * Relato de Caso Informações obtidas em 20/01/06 Identificação: M.M.S., 6 anos e 2 meses, sexo feminino, parda, natural e procedente da Bahia. Queixa Principal: “Dor no peito e na barriga há 12 dias.” * * * História da Doença Atual: Criança com diagnóstico de anemia falciforme há 2 anos. Mãe relata que há 12 dias a criança apresentou quadro álgico mais intenso em região para-esternal de tórax do que em abdome. Esta dor era intensa, intermitente, sem irradiação e não cedia com o uso de dipirona (20 gts). Há 10 dias, passou a apresentar febre, não aferida, quase diária. Há 8 dias, passou a apresentar tosse produtiva, com expectoração amarelada. Relato de Caso * * * Revisão de Sistemas: Astenia, tosse produtiva, dor torácica e abdominal. Eliminações fisiológicas. Antecedentes Fisiológicos: Mãe: GII PII (NII ) A0 . Pré-natal – 5 consultas. Nega intercorrências durante a gestação. Parto hospitalar, a termo. Chorou ao nascer. Peso: 2600g. Apgar: ? Comprimento: ? Perímetro cefálico: ? Nega intercorrências neonatais. Leite materno exclusivo até 2 meses de vida. DNPM adequado. Relato de Caso * * * Antecedentes Patológicos: 3 internações prévias por crises álgicas e pneumonia. 1 hemotransfusão. Nega alergias/intolerâncias. Calendário vacinal em dia. Antecedentes Familiares: Mãe (21 a), relata anemia ferropriva Pai (46 a), hígido, tabagista e etilista leve. Não reside com a criança. Irmão falecido aos 2 anos por anemia falciforme. Prima: anemia falciforme. Avó paterna: HAS. Relato de Caso * * * Hábitos de vida e condições sócio-econômicas: Dieta atual: arroz, feijão, frutas, pão e leite. Pobre em carnes e verduras. Casa de alvenaria, urbana, com 5 cômodos, água encanada, rede de esgoto e luz elétrica. Renda familiar < 1 salário mínimo Relato de Caso * * * Exame Físico (20/01): Ectoscopia: BEG, hipocorada (2+/4), anictérica, acianótica, hidratada, afebril, ativa e reativa, consciente, orientada, emagrecida. Peso:15 Kg Oroscopia: dentes em bom estado de conservação, sem hiperemia. Pele, mucosas e fâneros: sem alterações. Gânglios: impalpáveis. ACV: RCR 2T BNF s/ sopros. FC: 119 bpm AP: MV rude, roncos e sibilos difusos. FR:28 ipm ABD: plano, normotenso, RHA presentes e normais, indolor à palpação, fígado à 2 cm do RCD e baço à 3 cm do RCE. Ext: perfundidas e sem edema. Relato de Caso * * * Exames Complementares (18/01): Hemograma: Hematócrito = 26,6 % Hemácias = 3,56 x 106/mm3 Hemoglobina = 8,5 g/dL Leucócitos = 7.400 Segmentados = 73 % Linfócitos = 28 % Bastões = 1 % Monócitos = 20 % Eosinófilos = 6 % Plaquetas = 120 x 103 Radiografia de tórax: Condensações pneumônicas no lobo médio Bioquímica: Bilirrubina = 1,8 mg/dL BD = 0,3 mg/dL BI = 1,5 mg/dL Relato de Caso * * * Condutas: - Ampicilina + sulbactam 500mg EV 6/6 hs. - Novalgina 0,6 ml EV 6/6 hs intercalado com nimesulida. - Nimesulida 15 gts VO 12/12 hs. - Prednisona 15mg VO 1x/dia. - NBZ SF 0,9% - 3 ml Berotec 6 gts - Tax e sinais vitais 6/6h Relato de Caso * * * Relato de Caso Evolução: * * * Evolução: Bioquímica (21/01): Uréia = 19 mg/dL Creatinina = 0,4 mg/dL Na = 139 mEq/L K = 4,5 mEq/L Cl = 104 mEq/L Radiografia de tórax (23/01): Extensa condensação pneumônica em lobo superior D com componente atelectásico Radiografia de tórax (26/01): Processo atelectasiante do lobo superior D, com considerável elevação hilar e hiperinsuflação de lobo médio e inferior. Involução na densidade do infiltrado. Relato de Caso * * * Evolução: Paciente evoluiu afebril e com melhora do quadro álgico torácico e abdominal. Houve redução da esplenomegalia. Apresentou processo atelectasiante de lobo superior direito. Foi avaliada pela fisioterapia respiratória. Recebeu alta hospitalar dia 03/02. Relato de Caso * * * Conceitos É uma doença hemolítica crônica grave resultante da destruição prematura dos eritrócitos frágeis e pouco deformáveis. Ocorre devido a uma mutação no cromossomo 11 que resulta na substituição do ácido glutâmico pela valina na cadeia B da globina, dando origem à hemoglobina S. Manifesta-se em indivíduos homozigóticos para a hemoglobina S. Em condições de hipóxia, a hemoglobina S assume a forma de foice. Anemia Falciforme * * * Anemia Falciforme http://www.anvisa.gov.br * * * Conceitos Freqüente em indivíduos de origem africana. Na África Equatorial 40% da população é portadora. É a doença hereditária mais prevalente no Brasil. É mais freqüente nas regiões sudeste e nordeste. Não apresenta relação com o sexo. Atinge, em média, um a cada cinco mil recém-nascidos. Anemia Falciforme * * * Anemia Falciforme Origem http://www.drashirleydecampos.com.br * * * Etiopatogenia Os glóbulos vermelhos em forma de foice não circulam adequadamente na microcirculação, resultando em obstrução do fluxo sangüíneo e hemólise. Maior adesão dos eritrócitos ao endotélio. Na primeira infância, ocorre uma esplenomegalia decorrente da congestão pelo seqüestro de eritrócitos falcizados. Posteriormente, evolui com a formação de trombose e infartos culminando com a atrofia e fibrose do órgão (auto-esplenectomia). Anemia Falciforme * * * Anemia Falciforme http://www.sicklecelldesease-il.org * * * Etiopatogenia Níveis séricos deficientes de opsoninas. Maior susceptibilidade à infecções por organismos encapsulados, principalmente Hib e pneumococo. Infecções favorecem a produção de citocinas inflamatórias podendo desencadear e/ou intensificar as crises de falcização, tornando-se um ciclo vicioso. As infecções podem se acompanhar de febre, hipóxia e acidose que promovem a desoxigenação da Hb S. Ocorre acentuada hiperplasia compensatória da série eritróide. Anemia Falciforme * * * Anemia Falciforme Etiopatogenia Cotran et al. Robbins: Patologia estrutural e funcional; 2000. * * * Manifestações Clínicas Durante os 6 primeiros meses de vida, a maioria é assintomática devido à altos níveis de hemoglobina F Episódios vaso-oclusivos e crises dolorosas agudas representam as manifestações mais freqüentes. AVE decorrentes de oclusão vascular cerebral sendo causa freqüente de hemiplegia. Fibrose glomerular e tubular difusa do rim, lesão hepática e do miocárdio devido à isquemia. Formação de cálculos biliares. Palidez, icterícia. Atraso de maturação física. Anemia Falciforme * * * Manifestações Clínicas Dactilite falciforme aguda (síndrome mão-pé): primeira evidência em um lactente. Tumefação dolorosa e, em geral, simétrica das mãos e pés. Síndrome torácica aguda decorrente de infarto pulmonar. Seqüestro esplênico agudo em que grande quantidade de sangue acumula-se agudamente no baço com sinais de colapso circulatório. Mais comum em crianças pequenas. Úlceras crônicas nos MMII, mais comum em adolescentes. Anemia Falciforme * * * Anemia Falciforme Manifestações Clínicas http://www.drashirleydecampos.com.br * * * Diagnóstico Hemograma completo com contagem de reticulócitos. Concentrações de hemoglobina na faixa de 5 a 9 g/dl. Reticulocitose acentuada. Contagem total de leucócitos elevada com predomínio de neutrófilos. Esfregaço do sangue periférico contém células em alvo, poiquilócitos e células irreversivelmente afoiçadas. Contagem de plaquetas elevadas e VHS baixo. Anemia Falciforme * * * Diagnóstico Exames de triagem: teste do afoiçamento ou teste da mancha. Exame confirmatório: eletroforese de hemoglobina. Identificação da Hb S em cada um dos pais. Mielograma: acentuada hiperplasia da série vermelha. Provas de função hepática alteradas com hiperbilirrubinemia e hipergamaglobulinemia. Radiografias de tórax com expansão dos espaços medulares, osteoporose difusa e espessamento da imagem trabecular. Anemia Falciforme * * * Anemia Falciforme Hemácias http://www.ucm.es * * * Anemia Falciforme Teste do pezinho http://www..ufmg.br * * * Diagnóstico Diferencial Febre reumática ou artrite reumatóide. Osteomielite. Leucemia. Deficiência de ferro. Combinação de Hb S com talassemia. Anemia Falciforme * * * Tratamento Prevenir as complicações. Episódios dolorosos: acetaminofeno ou codeína. Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos. Transfusão sangüínea: seqüestro esplênico agudo e aplasia medular. Tratamento de quelação do ferro para evitar hemossiderose. Suplementação com ácido fólico. Processo curativo: transplante de medula óssea. Anemia Falciforme * * * Prognóstico Maiores taxas de mortalidade ocorrem nos 2 primeiros anos de vida. A mortalidade em crianças menores de 5 anos é de cerca de 25 a 30% e é secundária a infecções, seqüestro esplênico e crises aplásicas. A atual expectativa de vida para a população americana é de 42 anos para homens e 48 anos para mulheres. No Brasil, a morte sobrevém entre os 30 anos por infecção intercorrente, insuficiência renal,cardíaca ou trombose. Anemia Falciforme * * * Profilaxia Diagnóstico neonatal seguido de orientação e programa de educação familiar através de regular acompanhamento ambulatorial. Profilaxia medicamentosa com penincilina. Vacinação contra pneumococo e Hib nas idades apropriadas. Identificação precoce e manejo adequado dos episódios febris, considerando-os como potenciais eventos sépticos. Aconselhamento genético. Anemia Falciforme * * * Obrigada! http://www..aafesp.org.br
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