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1 Pós-Graduação On-Line Tema: Fraude à Execução Prof. Augusto Grieco Sant’Anna Meirinho Pós Graduação On-line Roteiro: 1. Apresentação do Tema 2. Fraude de Execução – disposição do CPC 3. Conceito 4. Finalidade 5. Fraude de Execução – norma de ordem pública 6. Aparente Flexibilização da Objetividade da fraude de execução 7. Momento em que se caracteriza a fraude de execução 8. Requistos para configuração da fraude de execução 9. Fraude de execução e fraude contra credores 10. Fraude de execução e a alienação de bem de sócio 11. Conclusão do Tema Pós Graduação On-line 1. Apresentação do Tema A fraude de execução consiste na alienação ou oneração de bens sem reserva de patrimônio suficiente para fazer frente a uma obrigação pecuniária que já vem sendo objeto de discussão judicial. É um instituto processual que tem como objetivo principal garantir a efetividade do processo sob o aspecto da satisfação do crédito trabalhista. Também é importante instituto moralizador das condutas do executado no processo. Pós Graduação On-line 2. Fraude de Execução – disposição do CPC O processo do trabalho não possui dispositivo legal específico para regular as hipóteses de fraude de execução. Assim sendo, aplica-se, de forma subsidiária, a legislação processual civil compatível, uma vez que a lei de executivos fiscais também silencia a respeito do tema (art. 769 c/c o art 889, ambos da CLT, e com o art. 15 do CPC). Pós Graduação On-line Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver; II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828; Pós Graduação On-line III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude; IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; V - nos demais casos expressos em lei. Pós Graduação On-line Comparativamente à regulamentação anterior do CPC de 1973, o novo Código de Processo Civil optou por um posição mais analítica das hipóteses de fraude de execução (em cinco incisos, ao invés de três), com inserção de procedimentos prévios de registro ou averbação dos atos executivos, demonstrando uma preocupação com os efeitos da fraude em relação a terceiros. Pós Graduação On-line Wolney de Macedo Cordeiro agrupa as hipóteses de fraudes de execução em três estruturas distintas: a) Fraude de Execução Relacionada à Modalidade da Ação Movida contra Réu ou Devedor; b) Fraude de Execução Baseada na Existência de Prévio Gravame do Bem ou do Patrimônio d Devedor; e c) Fraude de Execução Relacionada ao Limite Temporal da Alienação ou Oneração dos Bens. Pós Graduação On-line - Inciso I do art 792 do CPC quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público; Para parte da doutrina, não se aplica ao processo do trabalho este dispositivo, na medida em que a Justiça do Trabalho não tem competência material para ações fundadas em direito real. Pós Graduação On-line - Inciso II do art 792 do CPC quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828; Embora não haja grandes controvérsias ao cabimento dessa forma de averbação no processo do trabalho, sendo um direito potestativo do credor, a sua viabilidade ante a hipossuficiência do exequente torna questionável a sua viabilidade fática. Pós Graduação On-line O art. 828, § 4°, do CPC, estabelece que se presume em fraude à execução a alienação ou oneração de bens efetuada após a averbação. Este dispositivo se refere à chamada averbação premonitória, que poderá ser efetuada pelo exequente, às suas expensas, a partir da distribuição da execução, no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora ou arresto, nos termos do caput do mesmo dispositivo legal. Pós Graduação On-line - Inciso III do art 792 do CPC quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude; Também não existe incompatibilidade da hipoteca judiciária com o processo do trabalho, sendo necessária, contudo, a sua averbação para os fins caracterizadores da fraude de execução. Pós Graduação On-line - Inciso IV do art 792 do CPC quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; Em relação ao inciso IV, a conduta é recorrente no processo do trabalho. A insolvência do devedor ocorre quando os seus bens patrimoniais são de valor inferior ao valor de suas dívidas. Pós Graduação On-line 3. Conceito Mauro Schiavi diz que se caracteriza a fraude à execução quando o devedor, diante de uma lide pendente, onera ou grava bens, sem ficar com patrimônio suficiente para quitar a dívida. Gustavo Filipe Barbosa Garcia diz que a alienação e oneração do bem pode ocorrer na fase de conhecimento, não se exigindo que ocorra durante a execução. Pós Graduação On-line 4. Finalidade A declaração de fraude de execução tem como objetivo neutralizar as alienações ou onerações de bens por parte do executado, quando houver ação pendente, sem este ficar com patrimônio suficiente para solucionar o processo. É instituto destinado a assegurar a efetividade processual, a dignidade da justiça e o efetivo recebimento do crédito consagrado no título executivo. Pós Graduação On-line 5. Fraude de Execução – norma de ordem pública A fraude de execução é instituto de ordem pública e, portanto, pode ser conhecida de ofício pelo magistrado, sem necessidade de ajuizamento de ação própria ou manifestação da parte. O seu reconhecimento poderá ser feito, de forma incidental, nos próprios autos da execução. Também independe de estar o terceiro adquirente do bem de boa-fé ou de má-fé (objetividade do instituto). Pós Graduação On-line 6. Aparente Flexibilização da Objetividade da fraude de execução Nos termos do art. 792, § 4o, antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias. Assim, verifica-se preocupação do CPC em preservar o interesse do terceiro adquirente de boa-fé diante da fraude de execução. Pós Graduação On-line Esse dispositivo, em conjunto com o art. 792, § 2o, do CPC que dispõe que, no caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem, parece seguir a posição do Superior Tribunal de Justiça consolidada na súmula nº 375. Pós Graduação On-line Súmula 375 do STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má- fé do terceiro adquirente Pós Graduação On-line 7. Momento em que se caracteriza a fraude de execução O entendimento prevalente é que a fraude de execução somente se caracteriza com a citação válida, momento em que se configura a litispendência. A demanda pendente, no processo do trabalho, deve serinterpretada como sendo o momento da propositura da ação = a notificação da reclamação é ato do Diretor de Secretaria (art. 841 da CLT) Pós Graduação On-line 8. Requistos para configuração da fraude de execução - lide pendente, que se dá com a propositura da ação - a alienação ou oneração de bens por parte do executado, com potencialidade de conduzir o devedor à insolvência - irrelevância da boa-fé do terceiro que adquire o bem (controvertido diante do art. 792, §§ 2º e 4º do CPC) Pós Graduação On-line 9. Fraude de execução e fraude contra credores A fraude de execução apresenta semelhanças com a fraude contra credores, já que ambas têm por objeto a proteção do credor contra atos do devedor que visam a tornar ineficaz o pagamento da dívida. Mauro Schiavi identifica as seguintes distinções entre os institutos: Pós Graduação On-line a) a fraude de execução é instituto de natureza processual. É ato atentatório à dignidade da justiça. A fraude contra credores é instituto de natureza civil, sendo uma espécie dos defeitos do negócio jurídico; b) na fraude contra credores, o prejudicado é o devedor, na fraude de execução é o Estado e reflexamente o exequente; c) Na fraude de execução, o negócio jurídico é ineficaz. Não há necessidade de ação autônoma para a declaração da nulidade do negócio jurídico. Já a fraude contra credores exige ação própria para a declaração da nulidade do ato (que é anulável). Pós Graduação On-line 10. Fraude de execução e a alienação de bem de sócio Questão complexa é a ocorrência de alienação de bem, pelo sócio da pessoa jurídica, após o ajuizamento da reclamação trabalhista, e se a conduta configura, ou não, a fraude de execução. Estes problemas ocorrem quando a execução se volta ao patrimônio dos sócios (em sede de execução), com a desconsideração da personalidade jurídica do executado. Pós Graduação On-line O Código de Processo Civil estabeleceu regra própria e específica relacionada à desconsideração da personalidade jurídica (art. 792, § 3º, do CPC): Art. 792, § 3o. Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar. Pós Graduação On-line 11. Conclusão do Tema Na presente aula, estudamos um importante instituto processual destinado à assegurar a efetividade processual, a dignidade da justiça e o efetivo recebimento do crédito consagrado no título executivo.
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