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~FRAU FMU - NÚCLEO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO APOSTILA TÉCNICA DIETÉTICA E GASTRONOMIA Elaboração: Profa Marly Matiko Viski Revisão: Janeiro/15 Responsável pela disciplina: Ms. Profa. Ana Cristina Moreira - Ms. Profa. Paula Morcelli de Castro - Ms. Profa. Vanessa Cukier de ~no São Paulo Fevereiro/15 CURSO: GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO DISCIPLINA: TÉCNICA DIETÉTICA E GASTRONOMIA CÓDIGO: 026006 CARGA HORÁRIA: 80 horas/aula SEMESTRE: 2° ANO: 2015 , EMENTA A disciplina Técnica Dietética e Gastronomia aborda as principais operações a que são submetidos os alimentos, adequando-os às necessidades das populações no que tange às características nutricionais e sensoriais dos alimentos e preparações culinárias associadas a técnicas gastronômicas. Aspectos da história_evolução e técnicas básicas da gastronomia são apresentados como ferramentas auxiliares no desenvolvimento das atividades do profissional nutricionista. OBJETIVOS DA DISCIPLINA Proporcionar ao aluno conhecimentos básicos sobre: • Adequar a forma de preparo dos alimentos às necessidades da coletividade sadia; • Aplicar os melhores métodos de preparo aos alimentos preservando ao máximo seu valor nutritivo, tornando os alimentos mais digestivos e ressaltar suas qualidades sensoriais, de forma a proporcionar o prazer de comer. • Aplicar os conceitos higiênico-sanitários durante a manipulação, cocção e armazenamento dos alimentos, prevenindo a ação de fatores que possam prejudicar a qualidade dos alimentos; • Orientar quanto a padronização de procedimentos para elaboração de ficha técnica culinária; • Preparar e organizar espaços físicos, materiais, equipamentos e utensílios para a operacionalização de cardápios; • Reconhecer a terminologia e aplicações técnicas da gastronomia. • Identificar as diferentes cozinhas (internacional e regionais brasileiras). CONTEUDO PROGRA ATICO PARTE TEÓRICA: - A importância da disciplina na Atuação Profissional. - História da gastronomia. - A relação da nutrição com a gastronomia em prol da saúde. - Interação da Técnica Dietética com as técnicas gastronômicas. - Objetivos: Gastronomia, culinária, dietética e técnica dietética. - Alimentos. Conceito. Fatores que modificam os alimentos. Etapas da preparação culinária. - Fontes de calor e métodos de transmissão de calor. Métodos de cocção. 2 - Bateria de cozinha, materiais e cutelaria. - Quantificação e padronização culinária. Elaboração de Ficha Técnica. Estudo quantitativo dos alimentos: pesagem e medição, per capita, porção, fator de correção e índices de reidratação e cocção. - Cortes em hortaliças. - Estudo das transformações físico-químicas, higiene e preparações culinárias: • Hortaliças e frutas. • Bases de cozinha, molhos e sopas. • Leguminosas. • Cereais. • Massas e pães. • Óleos e gorduras. • Carne bovina e suína. • Vísceras. • Aves e pescados. • Ovos • Leite e laticínios • Açúcar • Infusos e bebidas PARTE PRÁTICA: Preparações culinárias, elaboração de ficha técnica e degustação das substâncias alimentares: • Hortaliças e frutas. • Bases de cozinha, molhos e sopas. • Leguminosas. • Cereais. • Massas e pães. • Óleos e gorduras. • Carne bovina e suína. • Vísceras. • Aves e pescados. • Ovos • Leite—e laticínios • Açúcar • Infusos e bebidas METODOLOGIA DE ENSIN Aulas teóricas expositivas. Aulas práticas em laboratório de Técnica Dietética e Gastronomia. Estudos dirigidos para apoio ao estudo das avaliações. Elaboração de atividades técnicas — relatórios. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃ 3 Avaliação continuada — composta por três partes: 1. Uma prova individual, sem consulta, com valor de O a 1,5. A matéria será o conteúdo ministrado desde o primeiro dia de aula até a data prevista da prova (máximo 1,5 ponto). O aluno que faltar não terá direito a realizar a prova em outra data. 2. Participação, elaboração e entrega de relatórios de aula prática e atividades sobre ficha técnica (grupo) — com valor de até 0,75 ponto (máximo 0,75 ponto). O aluno que faltar em aula, não terá direito à nota. 3. Trabalho — Programa de televisão — Receita Nacional (grupo) — com valor de até 0,75 ponto. Entrega do programa de televisão com duração de no máximo 10 minutos, editado em linguagem wmv em DVD ou em pen drive, que não será devolvido ao aluno. A nota da avaliação continuada será composta pela soma das avaliações individuais, das notas dos relatórios de aula prática e elaboração de trabalho em grupo, totalizando no máximo 3,0 pontos. Avaliação Regimental — a avaliação regimental será individual, sem consulta e valerá de O a 7,0 pontos. A matéria será o conteúdo de todo semestre. A nota final da disciplina será a soma da avaliação continuada mais a avaliação regimental. Para a aprovação, o aluno deverá ter a nota igual ou maior que 7,0. Quando a nota for igual ou maior que 4,0 e menor do que 7,0 o aluno terá direito ao exame. Quando o aluno obtiver nota menor do que 4,0 será reprovado na disciplina. BIBLIOGRAFIA BASICA DOMENE, S. M. A. Técnica dietética: teoria e aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. ORNELLAS, L.H. Técnica Dietética: seleção e preparo de alimentos, 7a edição. SP. Atheneu. 2001. PHILIPPI, T.S. Nutrição e Técnica Dietética. SP. Ed. Manole,2003 SOUZA,T.C. Alimentos: propriedades físico-químicas. 2a edição. RJ. Cultura Médica,2002. TEICHMANN, I. Tecnologia Culinária. Caxias do Sul. Ed. EDUCS, 2000 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ARAUJO, W.M.0 ; MONTEBELLO, N.P; BOTELHO, R.B.A; BORGO, L.A. Alquimia dos Alimentos. Brasilia:Editora SENAC DF, 2007. BARRETO, R.L.P. Passaporte para o sabor: tecnologias para a elaboração de cardápios. São Paulo:Editora SENAC São Paulo, 2004. BOBBIO,F.O.,BOBBIO P. Introdução à Química de Alimentos. 2a edição, SP. Varela. 1992. GOMENSORO, M.L., Pequeno Dicionário de Gastronomia. RJ. Ed. Objetiva. 1999. PROENÇA, R.P.C. e col. Qualidade nutricional e sensorial na produção de refeições.Florianópolis:Ed. Da UFSC, 2005. MONTEBELLO, N.; ARAUJO, W.M.C. Carne & Cia. Brasilia:Editora SENAC-DF, 2006. SENAC DN. A história da gastronomia. Maria Leonor de Macedo S. Leal. Rio de Janeiro:SENAC Nacional, 2006. 4 SILVA, S.M.S.; MARTINEZ, S. Cardápio — guia prático para elaboração. 2a Ed. São Paulo:Roca, 2008. TEICHMANN, 1. Cardápios — técnica e criatividade. Caxias do Sul. Ed. EDUCS, 2000. Professoras: Ana Cristina Moreira, Paula Morcelli de Castro e Vanessa Cukier de Aquino Coordenadora: Bemadete Azevedo PARTE 1— HISTÓRIA DA GASTRONOMIA Autor: Roberta Celestino Ferreira RESUMO: Com uma pesquisa rápida, discorreremos sobre a história da gastronomia, passando pela Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade contemporânea. INTRODUÇÃO: A principal preocupação da arte de cozinhar é proporcionar o máximo de prazer a quem come. A cozinha tem a marca do passado, uma grande sucessão de trocas, conflitos, desavenças e reconciliações entre cozinha comum e arte de cozinhar. Para se falar de gastronomia é preciso se voltar aos primórdios e relatar fatos da Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade contemporânea. A HISTÓRIA DA GASTRONOMIA Pré-História: A passagem do homem a caminhar apenas com os dois pés o deixou com as mãos livres para criar todo tipo de armas, e com o auxilio dessas armas ele ampliou a sua dieta de um modo assombroso. Começou a caçar e comer animais, deixando de se alimentar apenas de vegetais. A descoberta do fogo se deu a cerca de 1,5 milhões de anos e isso foi decisivo para diferenciar o homem dos outros animais. O fogo era calor e luz, com ele o homem se aquecia nos dias frios, mantinha as feras afastadas, passando a ser usado para assara caça ou a pesca. Deixando a carne de ser consumida crua, e sim assada diretamente nas chamas ou nas brasas, presa a um espeto. O fogo também teve um papel decisivo na conservação das comidas. As técnicas mais antigas surgiram na Pré-história, quando o homem aprendeu que os alimentos se deterioravam no ar e no calor, perdendo a pureza e as propriedades nutritivas. Mais tarde, as carnes foram secas por exposição ao sol, como também as frutas e os vegetais. O homem descobriu que a semente plantada acabava germinando, dando origem a uma nova planta que serviria para alimentá-lo. Como a caça praticada ate então era um modo de vida muito precário, o homem começou a semear e colher trigo, cevada, milho, batata, feijão, mandioca e arroz, precisando ficar junto ao lugar onde plantava, o que o levou a montar acampamento perto das plantações. O camponês também passou a perceber a influência dos fenômenos meteorológicos sob a terra. Os acampamentos fixos interferiram bastante na tarefa dos caçadores, as presas capturadas passaram a ser mantidas vivas durante certo tempo, para garantir um abastecimento prolongado de carne fresca, dando inicio a dornesticação de animais. A criação de abelhas foi uma das primeiras desenvolvidas pelo homem, depois antílopes, veados, hienas, cães, carneiros, cabras, vacas, ovelhas, porcos e galinhas. Ele instalou mobiliários para dormir, sentar, comer e guardar alimentos nas moradias fixas. Inventou novos instrumentos e aperfeiçoou outros. Cada grupo de pessoas começou a trocar experiências com grupos vizinhos, fazendo surgir o comércio. Apareceram as primeiras aldeias, que mais tarde deram origem às cidades. 6 Surgiram os utensílios de cerâmica para armazenar e conservar os alimentos. Com isso, a alimentação humana ficou mais variada, pois as vasilhas possibilitavam ferver os líquidos e manter os sólidos em temperatura constante, iniciando-se na culinária propriamente dita, cozinhando os alimentos e condimentando-os com ervas e sementes aromáticas, para melhorar e ativar o gosto. O alimento passou a ser preparado com antecedência, o fogo estava sempre aceso e a panela fervia indefinidamente com a caça misturada a cereais, batatas e outros tubérculos, dando um caldo espesso que se tomava com pão, trigo, milho ou farinha, no caminho da cerâmica vieram a cocção e o caldo. As bebidas não eram nem muito frias e nem muito geladas. No rastro dos alimentos líquidos surgiu a bebida fermentada, fabricada com raízes e servida quente, para reforçar a resistência, tratar dos doentes ou para magias. O vinho já era preparado, produzido com frutas como a framboesa, amora e cerejas silvestres. Foi nesse período pré-histórico que o sal passou a ser extraído e sua descoberta foi uma das mais valiosas para a gastronomia. Também nessa época foi inventado o forno de barro compactado, o qual revelava sabores inesperados, o que dava o exato ponto de assadura ao alimento, dando origem as primeiras combinações de carne, aves ou peixes. Idade Antiga: O pão começou a ser preparado há mais de dois mil anos, pelo povo egípcio, que também foi o inventor da padaria artística, produzindo pães das mais diferentes formas. Por vários séculos o pão foi o alimento sólido, de base em todas as classes sociais da civilização ocidental. Só mais recentemente ele foi substituído pela carne. Alem do pão, os egípcios também consumiam vinho, mel e um tipo de cerveja que surgiu em locais aonde a vinha não florescia. E comiam cebola com respeito religioso. Mais tarde, estreitando relações com povos vizinhos, os egípcios ampliaram sua culinária, incluindo carnes, aves, peixes, ostras, ovos e frutos variados. Entre os gregos da Antiguidade, o aumento da classe aristocrática, mais rica, levou a arte de comer a se associar à arte de receber, acarretando um refinamento da cozinha. A comida era preparada por cozinheiros escravos, que tinham uma posição de destaque em relação aos demais escravos, tendo em vista o enorme valor dado às refeições. Com o passar do tempo o trabalho de cozinheiro passou a ser feito pelo padeiro, que muitas vezes também era escravo, evoluindo para chefes de cozinha. Por um longo tempo, a alimentação principal do grego foi o peixe, Essa dieta era enriquecida com centeio, arroz e aveia, e condimentada com sálvia, tomilho, alho porá, cebolinha, alcaparra, raiz forte, orégano e coentro. Os ricos gostavam de boi, cabra e porco, e todos empregavam alface como calmante. A pastelaria grega era à base de trigo, mel, azeite, pinhões, tâmara, amêndoas e sementes de papoula, muito semelhante ao que existe hoje no norte da África e nos países do Oriente. Bebia-se muito leite, vinho e misturas a base de mel. As caçarolas e os caldeirões utilizados pelos gregos eram geralmente feitos de bronze ou de metais preciosos, ricamente decorados. A riqueza trouxe hábitos exagerados de comer e beber, tendo sido em vão os esforços contra esses excessos. Os gregos levaram os princípios da sua culinária para os romanos, quando eles se confrontaram em guerras de conquistas. O povo romano acabou criando uma cozinha variada e refinada, ultrapassando os gregos, mas guardando muitas semelhanças em relação às refeições e à hospitalidade. Seus jantares eram divididos em duas partes. A primeira era a refeição propriamente dita, tudo que havia para comer era colocado ao mesmo tempo sob a mesa, para cada um escolher o que quisesse. Terminada a refeição, as mesas eram trocadas por outras menores e redondas, e começava a segunda parte do jantar, onde todos bebiam vinho e comiam frutas frescas e secas, nozes e azeitonas, Havia música, dança, canto, acrobacia, jogos e muita conversa nesses jantares, onde as mulheres jamais compareciam. Os hábeis 7 cozinheiros desses jantares deram início à figura do chefe de cozinha. Nos festins, a refeição era tão exagerada e demorada, que foram introduzidos os vomitórios, para possibilitar a continuidade do excesso à mesa. Os pobres comiam, basicamente, uma espécie de polenta feita com cereais ou com farinha de grão-de-bico. Eles também apreciavam o leite coalhado, sedo o mais comum o de cabras. Em Roma, nas cerimônias de casamento, as noivas comiam um pão especial para a ocasião, significando a vida em comum, a responsabilidade que se iniciava. É desse costume grego e romano que vem o bolo de casamento dos dias atuais. No século III, uma grave crise econômica, social e política tomou conta de todo o Império Romano, e as conquistas chegaram ao fim. Os bárbaros acabaram depondo o imperador romano no ano de 476, o que marcou o fim do Império romano do Ocidente e, também, o fim da Idade Antiga. A arte da mesa quase desapareceu. Idade Média: O vinho já era produzido por vários povos da Antiguidade, mas foi nos mosteiros da Idade Média que ele se aprimorou, junto com o desenvolvimento das videiras, o mesmo era utilizado nas eucaristias e nas mesas dos monges e seus hóspedes. No início da Idade Média, com a invasão do Império romano do Ocidente pelos bárbaros, a população das cidades fugiu para as fazendas, onde recebia alimento, agasalho e proteção em troca de trabalho e obediência, as cidades foram desaparecendo, o comércio praticamente acabou e a moeda deixou de circular, porque perdeu a sua razão de ser. Os mil anos da Idade Média foram marcados por grandes tempestades, invernos rigorosos, epidemias, muita ignorância e muito medo resultante dessa ignorância. Existiam grandes diferenças: ricos e pobres, onde a média de idade das pessoas era de 34 anos, pois a alimentação era insuficiente e não havia conhecimento de remédios, ervas ou plantas. A igreja possuía muitas terras, acumuladas em função das doações que recebia dos nobres, ela era poderosa, influente e rica, e um dos seus importantes centros de cultura eram os mosteiros, os quais desenvolveram a arte dacozinha consideravelmente e desempenharam um importante papel na gastronomia. Os monges herdaram os conhecimentos da cozinha romana e transmitiram toda a tradição culinária para outros povos do Ocidente, reavivando a agricultura e a produção sistemática de alimentos. Os monges cultivavam a uva para o vinho, a maçã para a cidra e o malte para a cerveja. Desenvolveram a jardinagem, levando legumes e frutas de volta para as mesas. Exploraram minas de sal, praticaram a pecuária, curtiram o couro e aprimoraram a conservação de alimentos. Eles também fabricavam o pão, já que as padarias só existiam nos mosteiros, conventos e castelos dos grandes senhores. Os mosteiros também serviam de armazém de alimentos para a população das redondezas e ofereciam hospedagem aos viajantes, com mesa muito farta, prosperando muito, passando a vender os alimentos em feiras livres. Paralelamente a essas atividades, também cresciam a pesca no Oceano Atlântico e o comércio de peixes salgados levou a prosperidade para diversas cidades. A cozinha da Idade Média apresentava mais luxo do que sabedoria, importando apenas a apresentação do prato e não como os alimentos eram preparados, havia um abuso exagerado de temperos e especiarias, como pimentas de diversas espécies, noz-moscada, gengibre, canela, cravo, sementes do paraíso, sementes de girassol, cominho, hortelã, cebolinha, anis e açafrão, sendo este um dos ingredientes culinários mais caros da época, sendo algumas especiarias consideradas de primeira necessidade. Grande parte das especiarias, o açúcar e o trigo sarraceno usados no Ocidente foram trazidos pelas cruzadas que a Europa enviava ao Oriente, essas cruzadas eram expedições militares e religiosas organizadas para ocupar Jerusalém, a terra onde Jesus viveu e que estava em poder dos 8 muçulmanos, os seguidores da religião do profeta Maomé. As cruzadas não foram bem sucedidas, mas, este intercâmbio acabou propiciando o surgimento de uma culinária muito rica na Europa. Nos castelos dos reis ou nas mansões dos senhores feudais comia-se carne, peixe, queijo, couve, nabo, cenoura, cebola, feijão e ervilha. As frutas mais abundantes eram maçãs e peras. A carne era preparada pura ou então com peixe ou frutas frescas. Nos festins, serviam-se vitela, cabritos, veados e javalis, acompanhados de aves como cisnes, gansos, pavões, perdizes e galo. Comer muito e com voracidade era vício comum nos tempos medievais. As pessoas cortavam a carne com o próprio punho, comiam com as mãos e os restos eram jogados no chão para os cachorros. Urna verdadeira multidão comia ao redor do rei, que era servido por duques. O protocolo ditava que o rei devia ficar à mesa sem a dama. A Rainha fazia suas refeições em aposentos separados, em cerimônias que podiam levar horas. Só depois do jantar ela se juntava ao rei. Passou-se a usar grandes lareiras para assar as carnes em espetos ou penduras os caldeirões de sopa, somente no século XIII voltou a usar o forno. Foi nesse período que os molhos começaram a ser mais utilizados. O preparo da salsicha, do vinagre e a mostarda progrediu. O café, doce e forte, era bastante popular entre os árabes muçulmanos, pois o vinho era proibido por sua religião, o Islamismo. Os Orientais da Idade Média usavam o vinagre para preparar conservas e produziam geleias. Os chineses já preparavam uma mistura de farinha de trigo ou de soja, que deu origem aos talharins e espaguetes. O arroz também foi trazido da Ásia para o Ocidente na Idade antiga e se espalhou pela Europa, juntamente com os povos árabes, fazendo parte de uma enorme variedade de pratos doces ou salgados. O Império Romano do Oriente sobreviveu até meados do século XV, quando os turcos tomaram a sua capital, a cidade de Constantinopla, fato que marcou o fim da Idade Média. Foi no século XIV que surgiu uma obra simples e reduzida, chamada Le Ménagier de Paris, que reunia tudo de "bom - comer" naquela época. Idade Moderna: Embora o homem já usasse facas e colheres na Pré-História, o garfo só apareceu depois, mas, mesmo assim servia apenas para fixar o alimento e não para levá-lo à boca. O Renascimento surgiu na Itália e foi uma época marcas pela beleza das músicas, pelo brilho e exuberância das artes plásticas e pela liberação dos prazeres, dentre os quais estava os prazeres gastronômicos. Nesse tempo o destaque na gastronomia foi Taillevent, cozinheiros de reis, que escreveu Le Viandier, o mais antigo livro de cozinha em francês, que ficou famoso pela importância que deu a molhos engrossados com pão, e pelas receitas de sopa, como a de cebola, de mostarda, de favas e a de peixe. O objetivo das grandes navegações do século XV e XVI, não era apenas comprar especiarias, eles também procuravam ouro e pedras preciosas, pretendendo espalhar o cristianismo pelos quatro cantos do mundo. Em uma dessas viagens Cabral acabou descobrindo o Brasil, em 1500. A grande expansão marítima provocou um enorme intercâmbio cultural entre os Europeus e aqueles com os quais mantiveram contato na Ásia, no Brasil, na América, na África. O açúcar era muito caro na Idade Média porque tinha que ser importado do Oriente, graças às plantações de cana-de-açúcar na América, tomou-se mais barato, substituindo pouco a pouco o mel, pois se adaptava melhor ao uso culinário, sendo mais fácil de transportar e conservar. Os franceses comiam pouco pão, pouca fruta, muita carne e apreciavam todo tipo de patê. O 9 • pobre comia carneiro e perdiz, assim como os ricos. A variedade e a abundância de alimentos era tão grande que causava admiração aos estrangeiros. Em Paris, passou-se a sair cada vez mais para jantar nos cabarés, os quais se tomaram lugares de encontros de artistas e escritores. Também havia na Europa os hotéis e as tabernas com um menu servido em hora determinada, e pelo qual se paga um valor fixo por cabeça. Os talheres eram considerados objetos de uso pessoal e cada um tinha o seu estojo, levado no bolso para o caso de o anfitrião não ter talheres para os convidados. Um dos mais famosos chefs de cozinha do século XVII foi La Varenne, que causou uma verdadeira revolução na culinária, desenvolvendo os primeiros molhos verdadeiramente franceses. Uma das inovações mais significativas foi o molho bechamel, apreciado pela cozinha atual, e cujo nome foi dado em homenagem a um conhecido financista da época. As casas de café se espalharam rapidamente por Paris, dando grande popularidade não só ao café, mas também ao chá e ao chocolate, consumidos geralmente nos fins de tarde. Nos cafés havia refeições ligeiras. Na Alemanha serviam uma grande variedade de bolos e tortas para acompanhar o café, chá ou chocolate. Já na Inglaterra, os cafés se transformavam em centros de cultura e política. Foi mais ou menos no século XVII que o grande fogão de cozinha, de onze a vinte bocas chegou para substituir o fogão de lenha e o braseiro de carvão. O Champagne foi outra grande novidade da gastronomia, impondo-se e alcançando altos preços. Sendo no decorrer desse século que os costumes franceses começaram a se espalhar por outros países. As iniciativas de Luís XV em relação à política exterior envolveram a França em conflitos, levando-a a perder terras e a se endividar. Em meio a essa crise, a França viu nascer em Paris o seu primeiro restaurante, um pequeno estabelecimento aberto por Boulanger, e que vendia apenas sopas. O chef Beauvilliers escreveu a Arte de Cozinhar, uma obra prima da gastronomia. Durante o período revolucionário, os cozinheiros e a boa mesa da França foram colocados de lado, passando a viver uma situação critica. Idade Contemporânea: Napoleão Bonaparte, preocupado com a boa alimentação de seu exército, ofereceu um prêmio a quem criasse uma técnica de conservar alimentos por mais tempo, surgindo assim a conserva em vidro, que evoluiu para osenlatados, dando grande impulso para a indústria. Os menus, cada vez mais artísticos e luxuosos, começaram a se espalhar pelos restaurantes da Europa durante a Restauração Francesa. O primeiro desses menus apareceu num banquete oferecido por Luís XV, quando os anfitriões mandaram redigir, com muito luxo e capricho, a lista dos 48 pratos da festa. Ainda durante a Restauração, grandes chefs e cozinheiros foram trabalhar nos restaurantes de Paris ou abriram seus próprios restaurantes, depois de perderem seus empregos nos palácios da nobreza, já que ela ficara enfraquecida com a revolução. No período seguinte à Restauração, a França foi reinada por Luís Filipe, mas problemas econômicos de seu governo levaram muitos cafés e pequenos restaurantes a fecharem as portas. Um dos grandes chefs que merecem destaque foi Grimod de Ia Reynière, um gastrônomo profissional requintado, original e exigente, implantando um tipo de serviço conhecido no Brasil como serviço à francesa, em que cada prato é servido de uma única vez, também escreveu alguns livros sobre o assunto. Foi nessa época que Nova Iorque, uma das cidades mais importantes dos Estados Unidos da América tomou-se o segundo centro gastronômico do planeta. O jantar passou a ser cada vez mais tarde, por considerarem mais elegante, tornando-se o chá da tarde uma refeição, com muitos bolos e tortas para acompanhamento. As cozinhas estavam equipadas com fogões de ferro fundido, aquecidos com carvão vegetal e mais tarde, com geladeira. O 10 fogão a gás já havia sido inventado, mas só mais tarde é que ele se espalharia pelos lares da Europa. Na segunda metade do século XIX a França se envolveu em uma guerra com a Alemanha, e Paris foi cercada pelo exercito alemão quando o inverno era mais rigoroso. Mas os franceses acabaram superando a crise e Paris, no final do século XIX, já vivia uma fase de grandes prosperidades, sendo inaugurada nesta época a primeira escola destinada ao ensino da cozinha francesa para as filhas das famílias ricas, a Le Cordon Bleu, conhecida em todo o mundo, procurada por amadores e profissionais de cozinha. Receitas francesas viajaram para os quatro cantos do mundo, facilitadas pelos rápidos meios de transporte que passaram a distribuir as mercadorias mais rapidamente e pelas técnicas mais modernas de conservação de alimentos. Grandes chefs franceses também viajaram por todo o mundo, ministrando cursos, formando seguidores e abrindo filiais de seus restaurantes em hotéis famosos. Esses restaurantes ofereciam alguns pratos regionais, próprios do país onde estavam instalados e também uma enorme variedade de pratos tipicamente franceses, com ingredientes e técnicas de preparo à moda francesa. Foi assim que no século XX, se viu nascer a cozinha internacional, onde grandes chefs usam seus conhecimentos gastronômicos e sua criatividade para adaptar pratos de diferentes regiões, de modo a criar pratos novos e originais, usando o que lhe oferece o local onde está situada. Uma cozinha muito mais voltada para a inovação, sem se afastar dos aspectos regionais. • A cozinha internacional e um tipo de cozinha que facilita a alimentação dos viajantes, turistas, porque sabem que poderão encontrar pratos de sabor que eles já conhecem bem, facilitando a comunicação e a compreensão entre os povos. Grandes restaurantes e hotéis de luxo foram se espalhando pela Europa no inicio do século XX, sendo os multiplicadores da cozinha internacional pelo mundo. Ao mesmo tempo, os ingleses influenciavam os costumes da França, o que se percebia nas vestimentas e no chá tomado todas as tardes. No hotéis Hitz, o grande sucesso da cozinha devia-se a Escoffier, que foi um dos maiores cozinheiros do fim do século, revolucionando e modernizando a cozinha francesa. Escreveu livros e inventou a sobremesa pêche-Melba. Ia se firmando a cozinha internacional, enquanto em diferentes países crescia a preocupação com os pratos regionais. Inúmeros livros de receitas e restaurantes especializados na cozinha francesa se espalhavam pelo mundo. Nessa época o mundo vivia uma grande criasse que acabou levando à Primeira Guerra Mundial, a cozinha francesa teve uma queda considerável, e quando a guerra terminou, a Europa havia perdido a superioridade, dando lugar para os Estados Unidos da América e o Japão desponta como um país industrializado. Após a guerra, os materiais de cozinha sofreram grande aperfeiçoamento, começando pelos utensílios, que foram trocados pelos de alumínio ou metal inoxidável. O gás e a eletricidade chegaram à cozinha, dando vida a fogões, liquidificadores, batedeiras e equipamentos que possibilitaram a conservação maior de alimentos. Nos Estados Unidos, começou a procura por refeições do tipo fast-food e self-service, como por restaurantes que produziam alimentos em massa, como as pizzarias. Cadeias de restaurantes cresceram substancialmente, passando a empregar uma boa parte da população. As lanchonetes tomaram o lugar dos cafés tradicionais, que aos poucos fecharam suas portas. Também apareceu uma grande cadeia de hotéis, como a Hilton Internacional e a Intercontinental. Na segunda metade do século XX, surgiu um movimento chamado nouvelle cuisine, que significa cozinha nova, quando muitos cozinheiros, chefs e gastrônomos passaram a defender uma culinária que realçasse mais o sabor natural dos alimentos. A nouvelle cuisine está em vários países do mundo, valorizando pratos em que os alimentos têm cozimento rápido, para deixar cada um deles 11 mais definidos e mais destacados, não havendo excessos de temperos e os molhos são mais leves e menos gordurosos, preocupando-se com a apresentação dos pratos, cujas cores devem estar em harmonia para agradar aos olhos, olfato e gosto. Frutas, verduras e especiarias foram introduzidas em seus pratos. CONCLUSÃO: Conclui-se que a gastronomia se espalhou peto mundo com a interação de diferentes povos. Na Pré-História, com o deslocamento e os acampamentos fixos dos povos, já na Idade Antiga os gregos influenciaram muito o povo romano, sob todos os aspectos, época em que também se comia exageradamente. Na Idade Média, os mosteiros foram de grande valia, para a população local e para o resto do mundo, com suas descobertas e renovação de técnicas antigas. O uso do talher dá inicio a Idade Moderna. Acontece o refinamento da cozinha e o intercâmbio das grandes navegações. Já na Idade Contemporânea, deu início ao requinte, técnicas de conservação de alimento foram inventadas, o luxo tomou conta da gastronomia, a cozinha francesa entrou em crise com as guerras, mas deu a volta por cima. A internacionalização da cozinha veio para facilitar a vida dos viajantes. Promovendo a abertura de grandes cadeias de restaurantes e hotéis, em todo o mundo. Mas com toda esta inovação, muitos países, não deixaram de lado a sua típica culinária, como é o caso do Brasil, que e miscigenado, mesmo assim a culinária típica, passou a ser um atrativo turístico em diversas localidades. BIBLIOGRAFIA: LEAL, M. L. M. S. A história da gastronomia. Rio de Janeiro: SENAC, 1998. 12 ATIVIDADE DE SENSIBILIZAÇÃO — LEITURA DE TEXTO Gastronomia e Nutrição: fortes aliados No início dos tempos, o homem pré- histórico alimentava-se instintivamente. A caça e as ervas eram ingeridas apenas no momento da fome, como para suprir uma necessidade primária. A evolução da alimentação ocorreu juntamente com os recursos e ferramentas desenvolvidos pelo homem como o fogo e as armas, por exemplo. Por outro lado, sabe-se que o homem deixou de ser nômade no momento em que dominou o cultivo da terra, fixando-se nela e, a partir daí, formou as comunidades e civilizações. Comer passou a ser sinônimo de prazer e fazê-lo de forma abundante passou a ser símbolo de poder e riqueza. De lá para cá o homem veio se aprimorando naescolha, preparo e conservação dos alimentos que compõem suas refeições, adicionando refinamento ao ato de comer e pesquisando a influência dos alimentos em sua saúde. Assim nasceram a Gastronomia e a Ciência da Nutrição nesta exata ordem. A palavra Gastronomia surgiu na Grécia Antiga, aproximadamente em 384-322 a.C. O vocábulo, composto de gaster (ventre, estômago), nomo (lei) e do sufixo ia, significa o estudo ou observância das leis do estômago. O termo Gastronomia foi usado pela primeira vez em 1801, na França por Joseph Berchoux, significando "a arte da boa mesa" e ganhou notoriedade após a publicação em 1825 do livro "Fisiologia do Gosto ou Meditações sobre a Gastronomia Transcendental; obra teórica, histórica e actual, dedicada aos Gastrônomos parisienses, por um Professor, membro de várias sociedades literárias e científicas", escrito por Jean Anthelme Brillat-Savarin. A obra, cujo nome em francês é "Physiologie du GoOt, ou Méditations de Gastronomie Transcendente; ouvrage théorique, historique et à Pordre du jour, dédié aux Gastronomes parisiens, par un Professeur, membre de plusiers sociétés littéraires et savantes" explana sobre os fundamentos da gastronomia e da arte de bem receber. Gastronomia é arte e reflete através de suas técnicas de preparo de alimentos, aspectos culturais de um povo. Também é grande agente de fluxos turísticos, negócios, investimentos, empregos e renda. Enquanto a Gastronomia enfatiza o lado cultural e econômico da alimentação, a ciência da Nutrição foca os alimentos sob o ponto de vista da saúde. Juntas, Gastronomia e Nutrição podem trazer muitos benefícios à saúde. Até pouco tempo, Gastronomia e Nutrição caminhavam paralelamente. Porém, a mudança dos hábitos alimentares da população levou a um estreitamento de relacionamento entre as áreas. Nos últimos anos o consumidor adquiriu novos hábitos alimentares. Mostrou-se mais aberto a novas experiências de sabor — fato comprovado pelo aumento no consumo de alimentos prontos ou mesmo na frequência de restaurantes — mostrando-se, porém mais preocupado com a qualidade do alimento e com a manutenção da saúde. Tal comportamento levou a uma aproximação de profissionais nutricionistas e tecnólogos ou chefes de cozinha, contribuindo para a expansão do conhecimento em ambas as áreas. Assim como o sal e a pimenta, essa troca de experiência vem acrescentando sabor e saúde em diversas áreas. 13 Hotelaria e Gastronomia Hospitalar Nos últimos anos muita coisa vem mudando em termos de serviços. Novos conceitos vêm sendo aplicados de maneira a oferecer cada vez mais comodidade e conforto ao cliente. Essa preocupação chegou também aos hospitais que passaram a focar não apenas a questão saúde, mas também as condições de conforto, bem-estar, assistência, segurança e qualidade no atendimento. O fato é que a hotelaria sempre esteve integrada aos serviços prestados pelas instituições de saúde, mas não de uma forma profissional. Ante um mercado mais competitivo e um consumidor mais exigente, os hospitais investiram na hospitalidade e na busca de profissionais especializados. A adequação de processos, instalações e infraestrutura, além dos novos conceitos adotados, gerou uma verdadeira revolução dentro das instituições de saúde. Novos cargos foram criados dentro da estrutura organizacional dos hospitais. Com isso, gerente de governança, chefe de cozinha e muitos outros profissionais da área de hotelaria, passaram a dividir corredores com médicos, enfermeiros e nutricionistas. A Hotelaria Hospitalar trouxe novos ares aos serviços prestados ao paciente (visto agora como "cliente") desde a recepção, serviço de quarto, higiene, lavanderia, até as mudanças na arquitetura e' decoração das instituições. E a alimentação também teve que se adequar. Os serviços de quarto prestados pelas copas dos hospitais ganharam refinamento e apresentação esmerada. Louças, receitas bem elaboradas, ingredientes e sabores diferenciados, transformaram a antiga "dieta de hospital" em uma alimentação bastante apetitosa. Segundo dados divulgados por instituições de saúde que implantaram esses diferenciais, essas mudanças refletiram até no período de recuperação do paciente, que se tomou menor. Apesar desse conceito ser relativamente novo em algumas instituições de saúde nacionais, os resultados apresentam-se positivos. Hoje o paciente que necessita de uma internação, se puder optar entre um hospital que disponha desses serviços e um que não os tenha, com certeza escolherá o que lhe oferece mais conforto, humanização e qualidade. Com certeza, a gastronomia hospitalar contribui — e muito — para isso. 14 Gastronomia nas Refeições de Coletividade Nos últimos anos, as empresas que prestam serviços na área de Refeições de Coletividades tiveram que conviver com uma nova realidade: a concorrência direta ou comparativa com os estabelecimentos comerciais de rua. O público que passou a conviver com mais opções de alimentação oferecidas nas ruas e shoppings das cidades, passou a apreciar a liberdade de escolha. Tal fato fez com que as empresa de Refeições de Coletividade, investissem em novos conceitos e novas formas de atendimento. Para atender essa demanda, o serviço ganhou maior sofisticação e maior variedade de cardápios, sem abandonar as características nutricionais e de segurança alimentar necessárias. O conceito de diversificação de cardápio, incluindo as ilhas ou praças de alimentação, com restaurantes oferecendo um mix variado de produtos para satisfazer a todos os perfis de consumidores e refeições a preços diferenciados é uma tendência que deverá crescer nos próximos anos neste segmento. Na busca da diferenciação, muitas dessas empresas não abrem mão de uma arma poderosa: a gastronomia. Hoje é cada vez mais comum a contratação de chefes de cozinha ou mesmo de nutricionistas com especialização em gastronomia. Esses profissionais fazem um trabalho importante no sentido de valorizar os sabores e a apresentação dos pratos. E isso não implica necessariamente em aumento de custos, pois o uso adequado da técnica de preparo pode resultar em pratos deliciosos e mais econômicos. A gastronomia agrega valor às Refeições de Coletividade a partir do momento em que valoriza o sabor e acrescenta criatividade aos cardápios. E até o visual renova! Dentro dessa nova proposta de serviços, a apresentação diferenciada aguça o paladar do consumidor. Se antes o serviço das empresas de refeições de coletividade era associado a um simples "bandejão", hoje a apresentação de soluções personalizadas às necessidades dos clientes é fator imperativo e muitas vezes decisivo na escolha do prestador de serviço. Nutrição no Restaurante Comercial e Fast Food Os dois grandes segmentos da área de Refeição comercial — os Restaurantes e as Redes ou lojas de alimentação rápida (fast fooc1)— eram, até algum tempo atrás, território pouco conhecido pelos nutricionistas. Timidamente os profissionais começaram a atuar na área comercial e os pioneiros tiveram que conquistar espaço superando barreiras. Normalmente com uma administração familiar, os restaurantes comerciais viam os serviços desses profissionais como uma intromissão. Já os fast foods, com suas fórmulas padronizadas de serviços, atribuíam a esses profissionais apenas serviços de fiscalização aos conceitos pré-definidos pelas redes. 15 Dois fatores fizeram com que essa atuação ganhasse importância. O primeiro foi a obrigatoriedade da responsabilidade técnica exigida pela legislação dos órgãos competentes, fato que levou o nutricionista a ganhar destaque principalmente na área de qualidade com atividades como: elaboração do Manual de Normas e Procedimentos, adequação dos estabelecimentos à legislação Sanitária Estadual e Federal, treinamento de manipuladores e qualificaçãode fornecedores. O outro fator que impulsionou a atuação do nutricionista nesses estabelecimentos, principalmente nas redes de fast food, foi o interesse do consumidor pela alimentação saudável como fator de promoção de um estilo de vida equilibrado e ativo. Tal demanda fez crescer a oferta de opções light ou equilibradas nos menus com informações sobre valores calóricos. Com isso a ciência da Nutrição passou a ser um diferencial na acirrada concorrência que os restaurantes comerciais e fast foods enfrentam diariamente. Ponto para o consumidor que ganhou mais opções de escolhas saudáveis. Nutrição na Hotelaria Os mesmos fatores que impulsionaram os restaurantes comerciais a incluírem os nutricionistas em seus quadros fizeram com que esses profissionais ingressassem também na área hoteleira. E aqui os percalços foram outros: como atuar juntamente com os chefs de cozinha - muitas vezes renomados - interferir no operacional da cozinha para que as boas práticas fossem respeitadas, sem ferir suscetibilidades? Esse foi o grande desafio dos nutricionistas que buscaram atuar em hotéis. - Estabelecida com clareza a área de atuação de cada um e respectivas atribuições, o resultado mostrou-se excelente. A ponto de ser cada vez mais comum encontrar nutricionistas atuando nas grandes redes hoteleiras. Juntos, chef e nutricionista desenvolvem cardápio light e dietas, principalmente em Spas é Resorts, prova que a união da Gastronomia e da Nutrição é garantia de saúde e prazer. Fonte: Revista Nutrinews, abril, maio/2005, p. 17-20 16 CONCEITO A Gastronomia é a arte do bem comer e do saber escolher a melhor bebida para acompanhar a refeição (GOMENSORO, 1999), enquanto Culinária é a arte de cozinhar, de modificar os alimentos, tomando-os mais apetitosos e de mais fácil digestão. A Dietética estuda e aplica os princípios e processos básicos da Ciência da Nutrição no organismo humano, permitindo o planejamento, a execução e a avaliação de dietas adequadas às características biológicas, socioeconômicas, culturais e psicológicas dos indivíduos (PHILIPPI, 2003). Técnica dietética, segundo ORNELAS (2007) é a disciplina que, baseada em ciências exatas estuda as operações às quais são submetidos os alimentos, depois de cuidadosa seleção e modificações que estes sofrem durante os processos culinários e de preparações para consumo. Os objetivos da Técnica Dietética podem ser classificados em: - Dietético: adequar a forma de preparo dos alimentos às necessidades fisiopatológicas de cada indivíduo ou população. - Digestivo: modificar os alimentos por meio de processos culinários facilitando a digestão. - Nutritivos: selecionar os melhores métodos de preparo de alimentos para seu melhor aproveitamento e conservação de nutrientes. - Higiênico: prevenir a contaminação e deterioração de alimentos através da operacionalização de técnicas adequadas de higiene de alimentos. - Sensorial: apresentar os alimentos de forma a despertar todos os sentidos, tornando-os atraentes para o consumo. - Operacional: preparar e organizar os espaços, materiais equipamentos e utensílios disponíveis; planejar cardápios e capacitar pessoal para o trabalho. - Econômico: escolher as técnicas a serem empregadas no preparo de alimentos considerando os custos e os recursos (humanos, materiais e financeiros) disponíveis. A preocupação com os aspectos econômicos envolve o planejamento de cardápios, compras racionais, cálculos corretos de quantidades per capita, armazenamento correto, pré-preparo e preparo sem desperdício. 17 EVOLUÇÃO DA GASTRONOMIA Movimentos gastronômicos • Nouvelle Cuisine (séc. XX): Comida mais simples, menos condimentos, valorização do sabor natural e frescor dos alimentos. Redução das porções, pratos elegantes. • Fast food: comida que se pode preparar e comer rapidamente. O termo ganhou destaque a partir da fundação do primeiro Mc Donald's, em 1955 nos EUA. • Fusion Food: em inglês, culinária de fusão; ou fusion cuisine ou fusion culinary. Mescla elementos de várias culturas para obter um resultado único, diferente, inusitado. É a culinária da criação. Atualmente, essa é a tendência mundial em restaurantes, combina técnicas clássicas de uma determinada culinária regional aliada a alimentos de outra região ou país. Esse novo conceito de gastronomia amplia a criação de novos pratos e colabora ricamente na valorização regional e estética dos alimentos, pois recria e enriquece uma técnica já utilizada e adiciona novos componentes com o intuito de fusão de sabores e sensações antes não experimentados. • Cuisine du Terroir valoriza as especialidades regionais, com ênfase em produtos de qualidade e tradição camponesa. Resgatam os valores esquecidos da terra, dos produtos da terra. Terroir, originalmente significava extensão limitada de terra conforme as qualidades que dava à agricultura. Em gastronomia, o termo tornou-se mais abrangente e abarcou os ingredientes que compõem o prato, seu preparo tradicional, aspectos culturais e históricos. A Cuisine du Terroir aponta claramente para a pluralidade, (na contramão de movimentos que buscam a fusão de diversas cozinhas), com a percepção de diferentes cozinhas mesmo em áreas espacialmente pequenas, delimitadas pelo clima, solo, costumes e história. Ela procura, ainda, conciliar a tradição com a inovação, respeitando as receitas originais e melhorando sua aparência. • Slow food: contraposição ao fast food. Apreciar a comida, comer com calma, sentado. Envolve a questão ambiental, valoriza os alimentos naturais. Preocupa-se com o momento da alimentação. • Cozinha de desconstrução (tecnoemocional): movimento que tenta trazer emoção ao momento da comida, através de novas técnicas culinárias e formas de apresentação. A desconstrução na cozinha consiste em utilizar e respeitar harmonias já conhecidas em preparações clássicas, transformando as texturas de todos seus ingredientes ou parte deles, assim como sua forma e temperatura. Um prato desconstrutivo conserva o gene de cada um de seus elementos, mantém ou até intensifica o sabor, porém apresenta uma combinação de texturas completamente transformada. Ao consumir este prato, graças à memória gustativa, relacionaremos o sabor final do mesmo com a receita clássica. Ex. Gelatina quente, criação do chef espanhol Ferran Adriá. Com características que remetem a uma lembrança carinhosa e familiar, reconhecida pelo sabor, a Cozinha Tecno-emocional consegue extrair a emoção das receitas com o auxílio de ferramentas modernas. Os pratos são elaborados com tecnologia de última geração, equipamentos capazes de atingir processos químicos ideais para a concepção do mais perfeito ponto de textura, com mínima alteração do sabor e da cor do produto. De fato a 18 desconstrução brinca e muito com nossas sensações, pois podemos experimentar vários tipos de alimentos com formato e textura completamente diferentes que fogem ao nosso imaginário. 19 ALIMENTO Segundo ORNELLAS (2007), alimento é toda substância ou mistura de substâncias, no estado sólido, pastoso, liquido ou qualquer forma adequada, destinada a fornecer ao organismo vivo os elementos necessários à sua formação, desenvolvimento e manutenção. Os alimentos possuem também um importante valor simbólico ligado aos aspectos afetivos, sociais e culturais do homem. Características dos alimentos: é importante conhecer as características próprias dos alimentos e os fatores que as alteram para poder apreciar e utilizá-los da melhor maneira possível. - Características Físicas: aspecto, cor, aroma, sabor, consistência e estrutura. Estado físico: líquido, sólido, emulsão (mistura de dois líquidos que não se misturam), suspensão (líquido em que flutuam partículas sólidas), estado viscoso (substânciaque contém algo que prende ou atrai), etc. Características biológicas: propriedade de modificar-se por ação de fermentos (químico ou biológico), enzimas ou bactérias, adquirindo características novas de sabor, aroma, digestibilidade e valor nutritivo. - Composição química: os nutrientes que integram os alimentos podem alterar-se pelas operações e pelos tratamentos empregados na cozinha, e determinam os processos a serem executados no alimento. Ex: coagulação das proteínas (ação do calor), etc. Características físico-químicas: solubilidade (qualidade de ser solúvel), hidratação (ato de formar compostos com a união de água e outras substâncias), coagulação, poder edulcorante dos açúcares, ação estimulante sobre as papilas gustativas e mucosa gástrica, entre outros fatores que interferem nos processos de digestão e absorção dos alimentos. Fatores que modificam os alimentos: • Físicos: temperatura, subdivisão, dissolução e união. • Químicos: cocção, ação de enzimas e ação de ácidos e álcalis, reações e combinações químicas. • Biológicos: fermentos, bactérias e fungos. GRUPOS DE ALIMENTOS: Os alimentos são provenientes de três grupos de matéria-prima (BARUFFALDI e OLIVEIRA, 1998): - Origem vegetal: hortaliças, frutas, leguminosas, sementes oleaginosas, cereais, ervas e especiarias e vegetais utilizados para a fabricação de açúcar como a cana e a beterraba. - Origem animal: carnes (bovina, suína, aves, carnes de caça, etc.), leite (de diversas espécies), pescados (peixes, crustáceos, moluscos, entre outros), mel e ovos. 20 - Origem mineral: água e sal CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS SEGUNDO A FORMA COMO SE APRESENTAM PARA O CONSUMIDOR: - Alimentos In natura: alimentos de origem vegetal ou animal em seu estado natural para cujo consumo imediato, exige-se apenas a remoção de partes não comestíveis. - Alimentos industrializados ou produtos alimentícios: alimentos de origem vegetal ou animal que sofreram tratamento físico e/ou químico, podendo ou não ocorrer modificações. São exemplos: alimentos congelados, concentrados, desidratados, produtos fermentados (pão, iogurte, vinagre, etc.), entre outros. - Preparações culinárias: as preparações ou produções culinárias são resultantes da combinação qualitativa e quantitativamente pré-estabelecidas de ingredientes/alimentos utilizando ou não métodos de cocção. Essas RECEITAS podem ser confeccionadas em cozinhas domésticas, restaurantes comerciais e institucionais, cozinhas experimentais, entre outros. MISE EN PLACE Segundo o Larousse Gastronomique, mise en place é o "conjunto de operações que precedem a preparação propriamente dita de cada serviço de restauração". Na cozinha profissional, a mise en place é um procedimento obrigatório que facilita e organiza todas as operações necessárias para a elaboração de qualquer preparação". Um termo muito utilizado na gastronomia é MISE EN PLACE, expressão francesa que, literalmente, significa "colocar no lugar". No mundo da cozinha significa o planejamento prévio do local e da produção, ou seja, aplica-se tanto à seleção, separação e limpeza prévia de equipamentos e do local de trabalho para a execução das preparações, quanto ao pré-preparo dos ingredientes a serem processados, como limpeza e corte de vegetais e carnes, pesagem e separação dos ingredientes da receita. 21 Uma mise en placa bem feita garante a correta execução do trabalho e mantém o ambiente organizado, limpo e agradável, possibilitando executar diferentes preparações simultaneamente, otimizando o tempo de preparo e recursos utilizados. No salão, a mise en placa se traduz pela disposição das mesas e couverts. Até o século XV, havia o hábito de "servir à couvert", isto é, de cobrir com um grande pano branco os pratos e as preparações expostos sobre a mesa ou aparador, para mostras aos hóspedes que todas as precauções haviam sido tomadas para evitar um possível envenenamento. O couvert observa classicamente disposições precisas: posição e dobradura dos guardanapos, número de copos, colocação da faca, etc. No Brasil, a palavra couvert significa pequenas porções de alimentos servidos antes da refeição principal. O primeiro passo para iniciar um trabalho na cozinha é familiarizar-se com o local, seu layout, utensílios e equipamentos. O segundo passo é a montagem da praça de trabalho e o terceiro é fazer o mise en placa. Cumpridas essas etapas pode-se iniciar a preparação dos alimentos. 22 ETAPAS DAS PREPARAÇÕES CULINÁRIAS Como salienta ORNELAS (2007), a utilização correta dos alimentos é simultaneamente, ciência e arte, pois é a combinação de ambas que os transforma em preparações culinárias. O preparo dos alimentos tem por objetivos: 1 - Permitir o aproveitamento de alimentos que não poderiam ser consumidos em seu estado natural. 2 — Tornar os alimentos de mais fácil digestão. 3 — Aumentar a absorção de seus nutrientes. 4 — Desenvolver características desejáveis de textura, sabor/aroma que despertem o interesse pelo alimento maximizando suas características sensoriais. Para que os alimentos possam ser consumidos como preparações culinárias, duas etapas são necessárias: o pré-preparo e preparo. Ambos envolvem uma série de operações que exigem técnicas e materiais (utensílios e equipamentos) adequados para se atingir os objetivos descritos anteriormente. PRÉ -PREPARO Termo aplicado às operações preliminares a que se submetem os alimentos antes de sua cocção final ou não, como limpar, separar, lavar, descascar, cortar, misturar, etc. Nesta etapa os alimentos podem ser unidos ou divididos. 4 Métodos de divisão: - Simples: cortar, picar, moer, triturar. - Com separação de partes: decantar, centrifugar, destilar, pelar (descascar), peneirar, espremer, sedimentar, coar e filtrar. 4 Métodos de união: - Misturar, bater, amassar ou sovar. PREPARO E COCÇÃO O preparo compreende as operações realizadas por meio de energia mecânica (divisão ou união) e energia térmica (calor ou frio) ou pela associação de ambas. Durante o procedimento do preparo utiliza-se, quando necessário, a cocção que possibilitará o consumo dos alimentos. Para que o processamento do alimento seja realizado de forma adequada é fundamental o conhecimento sobre equipamentos, utensílios e métodos de cocção. 23 COCÇÃO DOS ALIMENTOS A cocção é a aplicação de calor nos alimentos por meio de uma fonte calorífica. O calor modifica a estrutura, extrai o sabor, amacia, modifica o volume e peso dos alimentos, enfim, produz mudanças físico-químicas desejáveis que os tomem mais digeríveis. TRANSMISSÃO DE CALOR As formas de transmissão de calor são: - Convecção: É o processo de transmissão de calor nos líquidos e gases. A transmissão é feita pelo deslocamento de moléculas aquecidas, que se tornam menos densas, subindo à superfície, substituindo as mais frias, que irão para o fundo. - Condução: A transmissão é feita de uma molécula a outra por contato; o corpo mais quente cede calor ao menos quente. É a forma como se aquecem os metais. - Irradiação ou radiação: A transmissão de calor é feita pelo ar ou vácuo em forma de ondas. FONTES DE CALOR è tè Gás (envasado) - Limpo - Elevação e resfriamento rápido da temperatura - Perigo de racionamento. - Necessidade de local para depósito dos botijões em uso; - Pagamento antecipado dos botijões; - Necessidade de boa ventilação; - Perigo de explosão Eletricidade - Muito limpa; - temperaturas precisas e regulares (fornos); - sem cheiro; - sem fumaça; - não necessita local de armazenamento; - Perigo de racionamento; - Falta de energia; - Demora a esfriar; - Aquecimento lento. 24 - Pouco custo; - Pagamento conforme o consumo. Placas de indução - economiade energia - calor reduzido no ambiente - facilidade de limpeza de equipamentos e utensílios - Material caro; - Bateria de cozinha bastante onerosa. Ondas eletromagnéticas (microondas) - Rapidez - Nenhum calor no ambiente - Fácil limpeza - Pouco espaço; - Utensílios adequados - Adaptação das técnicas de cozinha. Fonte: TE1CHAMANN 2000; p. 268 25 MI MÉTODOS DE COCÇÃO De acordo com BARRETO (2005), o domínio dos métodos de cocção e a escolha adequada são essenciais para a elaboração das preparações culinárias. Diferentes técnicas produzem diferentes resultados conforme o tipo de alimento, podendo ser usadas indistintamente para carnes, ovos ou legumes. COCÇÃO COM CALOR ÚMIDO Utiliza-se o meio aquoso (água, sucos, leite, vinho, etc.) com a ação de hidratar o alimento e dissolver as substâncias químicas responsáveis pelo sabor. Esta técnica pode ser utilizada em praticamente todos os alimentos, variando o tempo e a temperatura de acordo com a consistência do produto. A quantidade de água deve ser mínima, para evitar perdas excessivas de substâncias hidrossolúveis e os alimentos devem ser preferencialmente, submetidos à cocção inteiros e não devem ser deixados submersos em água, por tempo prolongado. Em todos os métodos que utilizam calor úmido, a troca de energia ocorre por condução, da fonte de calor para a panela, e da panela para a água por convecção, por meio de correntes de calor na água; e novamente por condução no interior do alimento. Alguns métodos de cocção que utilizam prioritariamente o calor úmido são: fervura, cocção a vapor e pocher (escalfar). 1) Fervura em fogo lento: consiste em submergir o alimento em meio aquoso durante longo tempo, com temperatura que não poderá ser superior a 95°C. Podem ser adicionados temperos e outros ingredientes para melhorar o sabor. Ideal para preparações que necessitam de cocção prolongada, a fim de adquirir sabor. Ex: doces e molhos. 2) Fervura em ebulição: consiste em submergir o alimento em meio aquoso em temperatura 100°C. Ex: batatas, massas. 3) Cocção a vapor: consiste em submeter o alimento ao vapor da água ou de outros líquidos, com ou sem pressão. Ao atingir o alimento frio, o vapor condensa e libera calor. Quando a temperatura do alimento atinge a temperatura próxima à temperatura do vapor, a taxa de condensação se reduz. Pode ser com ou sem pressão. Para uma perfeita cocção a vapor, os alimentos devem ter o mesmo tamanho e estrutura. Apresenta a vantagem de realçar a aparência dos alimentos, além de reduzir as perdas por dissolução, preservando o valor nutritivo. Normalmente os alimentos submetidos à água fervente são cozidos a 100°C; sob pressão a temperatura atinge 121°C. É considerado também cozimento a vapor a cocção en paillotte ou ai cartocchio quando o alimento é enrolado em uma folha de papel manteiga ou papel de alumínio, ou mesmo folha de bananeira e palha do milho. 26 4) Escalfar ou pocher: o cozimento é feito em pequena quantidade de líquido quente, porém abaixo da temperatura de ebulição (<100°C), sem utilização de tampa. Consiste em cozinhar alimentos em ácido. Aplica-se a alimentos ricos em proteínas, como carnes e ovos. O meio ácido em que é feita a cocção é geralmente o vinagre ou o suco de limão. A razão de se escalfar, e não simplesmente cozinhar em meio neutro, é de que ácido (juntamente com o calor) facilita o processo de transformação físico-química das proteínas. Exemplo: ovo poché. COCÇÃO COM CALOR SECO Os meios utilizados são o ar e/ou óleo. É um método concentrante em que as substâncias sensoriais, os nutrientes e os elementos solúveis, em presença de calor seco, se concentram no interior do alimento, intensificando suas características sensoriais. A aplicação de calor deve ser lenta e a temperatura baixa caso contrário, o alimento ficará cozido na superfície e cru no seu interior. No caso de frituras em imersão, o alimento absorverá mais gordura se o óleo estiver em baixas temperaturas, o que não é aconselhável quando se deseja manter a crocância externa do mesmo. APLICAÇÃO DE CALOR SECO COM GORDURA 1. Saltear ou sauter: consiste em submeter o alimento, dividido em pequenas porções, à cocção por um curto período de tempo em gordura bem quente. O alimento é revolvido rapidamente, em pouca gordura e corando em fogo alto. 2. Frigir: colocar o alimento em pouca gordura, bem quente, não movimentando o recipiente de cocção. Ex: ovos. 3. Fritar com gordura: colocar o alimento em gordura suficiente, em temperatura elevada, sem imersão. Ex: bife a milanesa. 4. Fritar por imersão: mergulhar completamente o alimento em grande quantidade de gordura. Ex: batata frita. A seleção da gordura é fundamental porque sua composição química estabelece o grau de hidrólise dos lipídios. Os mais recomendados são aqueles com pontos de fumaça mais elevados. Alimentos que são fritos com pouca quantidade de gordura são geralmente empanados. Essa técnica mantém a umidade dos alimentos em seu interior e previne absorção excessiva de gordura quando executada corretamente. Tipos de empanados: - à dorê: o alimento é passado na farinha de trigo, depois nos ovos batidos com sal e frito imediatamente. Na prática culinária dos brasileiros o empanado à dorê é uma mistura de farinha de trigo, ovo, leite e condimentos. - à milanesa: o alimento é passado na farinha de trigo, depois nos ovos batidos com sal e por último na farinha de rosca. - à francesa: o alimento é passado somente na farinha de trigo. - à romana: o alimento é passado na farinha de trigo, depois em uma mistura de ovos mexidos com salsa, queijo ralado e saí. - ã inglesa: igual a milanesa. 27 APLICAÇÃO DE CALOR SECO SEM GORDURA 1. Assar no forno: aplicação de ar quente e calor indireto. 2. Assar no espeto: aplicação de ar quente e calor indireto, por meio de forno ou churrasqueira. 3. Grelhar: consiste em preparar os alimentos por exposição direta ao calor seco e forte, utilizando-se grelha ou chapa. Esta técnica requer carnes bem macias (podem ser pinceladas com gordura para não grudar nem ressecar, se necessário). O objetivo é o de fechar os poros dos alimentos e reter os sucos. O corte do alimento, assim como a temperatura empregada, irá interferir no sucesso da preparação. COCÇÃO COM CALOR MISTO O calor seco e o calor úmido agem conjuntamente, buscando concentrar e dissolver substâncias do alimento. Sua ação faz com que os compostos organolépticos e nutricionais se concentrem primeiramente no interior do alimento para, depois, pela adição de líquido, formarem molhos de sabor peculiar. Realizado em duas etapas: início com calor seco em gordura, formando uma camada protetora no alimento, impedindo a saída de sucos com posterior adição de pequenas quantidades de líquidos. O calor é transmitido ao alimento por condução (da panela para o alimento, e no interior do alimento) e por convecção (líquidos adicionados). Os métodos de cocção por calor misto são: 1. Ensopar: consiste em refogar o alimento em gordura quente, acrescentando a quantidade de líquido necessária para amaciar. Se junta o líquido para dissolver sabores e leva-se à ebulição com a panela tampada; ao final, destampa-se para redução e espessamento do molho. 2. Refogar: o alimento é frito em pouca gordura e termina seu cozimento no vapor, no líquido que se desprende na cocção. Pode-se acrescentar um pouco de líquido para término da cocção. Ex: chuchu, abobrinha. 3. Brasear ou braisage: método de cocção em que o item principal, em geral carne, é selado em gordura e fervido suavemente em baixa temperatura por longo período de tempo, em pequena quantidade de fundo ou outro líquido (geralmente chega até a altura da metade da carne), dentro de um recipiente tampado. O líquido de cocção é reduzidoe utilizado como base para o molho. Utilizado para peças grandes, que serão cortadas após o preparo. 4. Guisar: semelhante ao refogado, porém, com adição de pouco líquido. Origina um molho mais encorpado, normalmente com teor lipídico mais elevado. A técnica exige que o alimento seja mexido frequentemente sem colocar a tampa. Refogar o alimento, em geral carnes mais duras e gordurosas, cozinhando em pouco líquido para formar um molho grosso e geralmente gorduroso. A diferença entre guisado e ensopado é a quantidade de líquido empregado, sendo que o ensopar é adicionado de uma maior quantidade de líquido. COMPARAÇÃO ENTRE BRASEADO E GUISADO: Braseado: -,=•4 Guisado: Quantidade de de liquido Cobre 1/2 a 1/3 da Carne Cobre a Carne Molho Permite ser Coado Usualmente não é coado 28 As substâncias organolépticas, os nutrientes, os elementos solúveis na água se dissolvem, passando para o líquido de cocção, tornando esse caldo mais saboroso. Calor Úmido Dissolução Hidratar o alimento As substâncias organolépticas, os nutrientes, os elementos solúveis em presença do calor seco, vão se concentrar dentro do alimento, tornando-o mais saboroso. Calor Seco Desidratar Concentração As substâncias organolépticas, os nutrientes, os elementos solúveis são primeiramente concentradas no alimento, para depois, pela adição de liquido, espalhar seu sabor em todo o produto. Calor Misto Desidratar Hidratar Concentração Dissolução TÉCNICAS AUXILIARES DE MÉTODOS DE COCÇÃO 1. Branqueamento: consiste na pré-cocção de alimentos em água fervente por um curto período de tempo, seguida de resfriamento imediato em água gelada para dar firmeza, manutenção da cor, inativação de enzimas e inibição de microrganismos. Utilizado por exemplo, para o congelamento de vegetais, conservas ou alimentos que serão posteriormente submetidos à fritura ou assados. A proporção entre alimentos/água deve ser de 1:3. Relação de tempo e quantidade de hortaliças no branqueamento 450 3 Brócolis Cenoura 675 2 — 5 Couve-flor 450 3 Batata 450 1 e % Abobrinha 675 3 Ervilha 900 1 e % Fonte: ARAUJO e col. Alquimia dos alimentos, 2007. 2. Gratinar: Não é considerado um processo de cocção, pois o objetivo é dar cor na superfície do alimento já pronto, em temperatura alta em tempo muito curto. Esta técnica consiste em pincelar, espalhar ou polvilhar na superfície do alimento um produto que ao aquecer rapidamente, adquira um colorido dourado, como ovos, gema, queijo, farinha de rosca. Utiliza-se o equipamento salamandra ou fomos com resistência na parte superior. 3. Banho-maria: utilizado como auxiliar de método de cocção para alimentos delicados, que não podem ser submetidos diretamente ao calor forte. O alimento é colocado em um recipiente que, por sua vez, é colocado em outro com água quente ou fervente. O calor é transmitido por condução (banho-maria que aquece a água que aquece o recipiente no qual o alimento se encontra). É um método muito utilizado para pudins, ovos mexidos e molho holandês. O banho-maria é utilizado também para a conservação dos alimentos. A temperatura da água deve atingir pelo menos 95°C para que o alimento atinja no seu interior, pelo menos 74°C em seu centro geométrico. 29 MÉTODOS CONTEMPORÂNEOS DE COCÇÃO 1. Microondas: o forno microondas transmite calor por radiação. Enquanto em todos os métodos de cocção o calor é aplicado a partir do exterior, no forno microondas as ondas se espalham pelo interior do alimento, provocando fricção entre as moléculas de água e, consequentemente, produzindo o calor diretamente no interior do alimento. A incidência das ondas eletromagnéticas atingem até 4 cm de profundidade no interior do alimento. As ondas eletromagnéticas não causam mudanças químicas perigosas, pois são ondas não ionizantes. Utensílios de metal, papel alumínio e madeira não devem ser utilizados, pois os metais refletem as microondas e a madeira as absorve. 2. Forno combinado: equipamento com alto nível tecnológico, o forno combinado prepara alimentos em curto espaço de tempo, combinando cocção a vapor e forno de convecção. Nos fornos combinados é possível regenerar alimentos refrigerados ou congelados sem perda das características sensoriais ou n utricion ais. 3. Indução É um processo de geração e troca de calor, mas no equipamento não existe uma fonte de calor propriamente dita. É um fogão que apresenta uma superfície superpolida (vidrocerâmica). No lugar das chamas convencionais, existe uma serpentina de indução. A serpentina de indução cria uma corrente magnética que faz com que a panela de metal sobre a cerâmica se aqueça rapidamente, mas a cerâmica se mantém fria. Os recipientes utilizados para o cozimento por indução devem ter o fundo plano para que haja um bom contato com a superfície de cozimento e devem ser feitos de materiais ferrosos, como ferro fundido, aço inoxidável magnético ou esmalte sobre aço. 4. Sous-vide (cocção a vácuo) Método em que alimentos selados- a vácuo, em embalagens plásticas, são cozidos no vapor do próprio alimento, em tanques com água aquecida e, rapidamente, resfriados. Os alimentos podem ser estocados entre 3°C e 5°C, mas também podem ser mantidos a temperaturas de congelamento. É um método mais eficiente na preservação da qualidade sensorial e nutricional dos alimentos. 30 ESTUDO DIRIGIDO CONCEITO — MÉTODOS DE COCÇÃO 1. Classifique os alimentos abaixo segundo a forma como se apresentam para o consumidor: - Banana da feira: - Bananada: - Banana desidratada: - Escondidinho: - Carne do açougue: - Carne seca: 2. Quais são os objetivos do preparo de alimentos? 3. O que significa mise en placa? 4. Quais as vantagens da cocção a vapor? 5. Exemplifique 2 métodos de cocção com calor seco com a utilização de gordura. 6. Quais as características do alimento "salteado"? 7. Descreva a operação de branqueamento de vegetais e sua utilização. 8. São métodos auxiliares de cocção: 9. Descreva a cocção a vácuo (sous vide). 31 BATERIA DE COZINHA Entende-se por bateria a série de utensílios e equipamentos destinados ao pré-preparo, preparo, armazenamento e cocção dos alimentos. Os materiais utilizados para a fabricação da bateria de cozinha devem apresentar as seguintes características: - não apresentar toxicidade para os alimentos - ser duráveis e indeformáveis - resistir a choques mecânicos, térmicos e ao uso contínuo. - ser bons condutores de calor - ser fáceis de limpar e conservar - resistir a ácidos, manchas e odores. Os materiais comumente utilizados são aço inox, alumínio, cerâmica, vidro, cobre, plásticos resistentes, barro, ferro fundido, entre outros. Segue abaixo, quadros com os principais equipamentos/utensílios utilizados: EQUIPAMENTOS DE COZINHA: Balança Usada para controle de matéria-prima ou na elaboração de receitas. Deve ser aferida sempre para garantir o registro exato do peso. Batedeira Mistura ou amassa alimentos, prepara molhos, massas, pastas, etc. Possui três tipos de braços: o batedor de arames cruzados; o misturador em forma de pá aberta e o amassador em forma de gancho. Liquidificador Usado para triturar os alimentos ou para deixá-los liquefeitos. Cada praça de cozinha deve ter o seu liquidificador. Cortador de legumes Corta legumes em diversas espessuras, conforme lâmina usada. Há discos próprios para ralar. Descascador de batatas Descasca tubérculos, raizes e legumes. E necessário controlar o tempo de funcionamento da máquina para não descascar demais os alimentos. Requer ponto de água. Triturador (Cutter) Transforma em pasta qualquer alimento cru, exceto os duros. Cortador de frios Corta alimentos em fatias uniformes. Há máquinasautomáticas e outras que são acionadas manualmente. Moedor de carne Serve para triturar e moer alimentos moles. Utilizam-se discos de furos maiores ou menores, conforme a necessidade do processamento. Serra mecânica Para peças com osso e em carne congelada. Permite um corte reto e uniforme. Lavadora de louças Construídas em aço inoxidável em vários tamanhos. A lavagem é feita com jatos de água quente com detergente espalhados pelos braços giratórios. Bloco de cozinha ou unidade de cocção Geralmente se localiza no centro da área de trabalho. Quase todos os equipamentos de cocção podem ser incorporados ao bloco de cozinha. São 32 eles: fogão central, grelhas e chapas, forno, banho-maria, fritadeira, frigideira basculante, caldeirão autoclave, panela basculante, exaustor. Fogão central Geralmente se localiza no centro da área de cocção, sendo o equipamento principal do bloco de cozinha. Pode ser aberto (queimadores e grades) ou coberto por chapas lisas de aço. A regulagem da temperatura é feita por chaves ou interruptores. Grelha e chapa Servem para assar e frigir. Geralmente a gás ou elétricas. Salamandra Serve para gratinar. Forno de cozinha (convencional ou de convecção) Acoplado ou não ao fogão. Assa, estufa, guisa e cozinha em banho-maria. O forno de convecção difere do convencional por possibilitar a circulação de ar quente através de ventilador ou rotor. Forno combinado Forno de última geração que combina a cocção a vapor e o forno de convecção. Charbroiler Para grelhados, tipo churrasco. Equipamento constituído de grelha e de uma fonte de calor indireta através de pedras naturais ou sintéticas ou barras de ferro fundido para armazenamento de calor, que são aquecidas através de queimadores a gás. Banho-maria Mantém quentes os alimentos, que devem ser colocados em recipientes em forma de canudos mais altos e estreitos. As fontes de calor podem ser queimadores a gás, vapor ou serpentinas elétricas. Acoplado ou não ao fogão Fritadeira Usada para fritar alimentos em banho de óleo. Frigideira basculante Comporta alimentos nas mais diversas formas: assados, fritos, estufados, etc. O mecanismo basculante facilita o seu esvaziamento. Normalmente é elétrica. Caldeirão autoclave Prepara grandes quantidades de alimentos, cozinhando-os em líquidos ou vapor. Em geral é colocado paralelamente ao bloco de cozinha. Panelas basculantes São instaladas em baterias de duas a quatro panelas, com mecanismo basculante. Servem para preparar alimentos cozidos. Geralmente ficam paralelas ao bloco central ou num dos lados da cozinha. Exaustor ou coifa Serve par aspirar a fumaça da cozinha. É colocado sobre o bloco de cozinha ou outros equipamentos quentes que geram muita fumaça ou vapor. Assador giratório Prepara carnes e aves assadas. Possui garras de aço que prendem as peças de carne e são instaladas em suportes que giram sobre seu próprio eixo. O assador fica separado do bloco de cozinha. Câmaras frias Servem para armazenar alimentos perecíveis, com temperaturas reguladas para o grau de perecibilidade dos alimentos (-18°C até 10°C). As câmaras devem ficar distantes da área de cocção e o mais próximo possível da área de recebimento e pré-preparo de alimentos. É recomendável que sejam constituídas em conjunto, mas divididas em seções isoladas e com uma antecâmara. Geladeira vertical Menor que as câmaras frias, servindo para resfriamento ou congelamento de alimentos dependendo da regulagem da temperatura. Congelador horizontal Os congeladores horizontais ou freezer(s) servem para armazenar por muito tempo produtos congelados. Fonte: Adaptado de SENAC D.N. O Mundo da Cozinha — Perfil profissional, técnicas de trabalho e mercado. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2004. p.19-22. 33 UTENSÍLIOS Abridor de lata Vários tipos. Os maiores são presos à mesa ou à parede. Agulha para lardear Usada para introduzir tiras de toucinho e outros alimentos em carnes. Batedor de arame (fouet) Os arames flexíveis servem para bater ovos, cremes, molhos, etc. Há vários tamanhos. Chinois Coador de aço inox ou arame fino. Serve para passar sopas, cremes e molhos. Colheres de arame Parecidas com escumadeiras. Servem para retirar alimentos líquidos e frituras. Conchas Usadas para retirar porções de caldos, molhos e fundos. Escumadeiras Retiram espumas e ingredientes dos caldos de cozinha. A concha é ligeiramente côncava e com furinhos. Espátulas Utilizados para virar panquecas e fritadas, desprender alimentos de recipientes e misturar alimentos. ' Facas Há facas específicas para cada atividade ou alimento: carnes, peixes, pão, frutas, descascar legumes, desossar, filetar, trinchar, cortes ornamentais, entre outras. O tamanho do cabo, das lâminas e formatos depende do uso específico. Frigideira A frigideira é usada para saltear os alimentos e preparar fritadas e omeletes. Garfo de cozinha Utilizado para virar carnes durante o preparo e para ajudar a trinchar alimentos. Mandolim Usado para cortar legumes. É de aço inox e no centro atravessam duas aberturas (ou uma) nas quais estão instaladas as lâminas. Tem um dispositivo de regulagem para cortes mais finos ou mais grossos. Pás Quadradas ou retangulares, servem para virar alimentos na chapa ou frigideira. Panelas e caçarolas Em aço inox, alumínio, cobre, entre outros para cocção de alimentos. Passador de purê Existem vários tipos e tamanhos de prensas. Peneira Para passar farinhas, açúcar e legumes. Tesoura Geralmente de aço inox, para trinchar carnes. Travessas Usadas para servir alimentos à mesa. Diversas formas, dimensões e materiais (aço inoxidável, prata, louça, vidro, etc.) Travessa para conservação Rasa ou funda. De vários tamanhos. A rasa tem a forma de uma bandeja e é usada para a refrigeração de alimentos. A funda serve para armazenar e conservar peças grandes de carnes, frangos e alimentos líquidos. São fabricadas em ferro esmaltado, alumínio ou aço inoxidável. Fonte: SENAC D.N. O Mundo da Cozinha — Perfil profissional, técnicas de trabalho e mercado. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2004. p. 23-25 CUTELARIA Referem-se a todos os instrumentos cortantes presentes na área de trabalho (cozinha): facas, facões. As facas utilizadas na cozinha são de extrema importância e deve-se observar: - Manusear as facas com cuidado: as facas podem sofrer danos se não forem manuseadas com cuidado. - Manter as facas afiadas: aprender as técnicas apropriadas para afiar e amolar na pedra. O uso de facas afiadas vai apresentar melhor desempenho e mais seguridade, pois o esforço para cortar o alimento será menor. - Manter as facas limpas: a limpeza deve ser feita imediatamente após o uso. Necessário higienizar a faca inteira, incluindo o cabo, gavião e lâmina. 34 - Usar procedimentos seguros para manusear a faca: ao passar a faca para alguém, coloque-a sobre a superficie de trabalho de modo que o cabo fique mais próximo da pessoa que vai pegá-la. Ao carregar a faca de uma área de trabalho à outra, segurar verticalmente, com a lâmina para baixo, ao seu lado e o fio voltado para trás. - Usar superfície adequada para corte: cortar diretamente sobre superfícies de metal ou mármore irá cegar e danificar a lâmina da faca. Utilizar tábuas de altileno. TIPOS DE FACAS Há uma extensa gama de facas para desempenhar funções específicas, conforme modelos abaixo: Faca para legumes: esta faca curta é usada para aparar e cortar frutas e outros vegetais tem uma lâmina de 2 a 4 polegadas. Faca de carne: faca do chef, porém menor e mais leve, é usada para tarefas de corte mais leves. A lâmina tem em geral, 5 a 8 polegadas de comprimento. Faca para desossar: é usada para separar a carne crua do osso. A lâmina, que é mais fina e curta do que a lâmina de uma faca de chef,tem cerca de 6 polegadas e em geral é rígida. 35 Cutelo: usado para picar, o cutelo frequentemente é pesado o bastante para cortar ossos. Tem uma lâmina retangular e varia em tamanho, segundo o uso que pretende dar-lhe. AMOLAÇÃO E AFIAÇÃO O segredo para o uso apropriado e eficiente de qualquer faca é certificar-se de que está amolada. Uma faca com a lâmina afiada sempre trabalha melhor e com mais segurança, pois corta facilmente. As lâminas das facas são afiadas numa pedra de amolar e a manutenção, entre uma afiação e outra, é feita com a chaira. 36 PESOS E MEDIDAS PARA PADRONIZAÇÃO DAS PREPARAÇÕES CULINÁRIAS O sucesso de uma produção culinária depende de vários fatores, como a qualidade dos ingredientes, a utilização de utensílios e equipamentos adequados e a temperatura utilizada. O sucesso de uma receita culinária depende também de sua reprodutibilidade, isto é, toda vez que a receita for elaborada, o resultado deve ser semelhante a cada repetição, mesmo quando executada por pessoas diferentes. Para que isso ocorra é imprescindível que os ingredientes sejam medidos com precisão. Obter medidas exatas requer instrumentos com essa capacidade, como balanças digitais e recipientes graduados que facilitam a medição de ingredientes. Normalmente, os alimentos acabam sendo medidos em volume (xícara, copo, colher) ao invés de pesados. Como esses recipientes são de diferentes tamanhos, podem ocorrer variações nas medidas, ocasionando o insucesso da receita. Para minimizar essas variações é importante a padronização e a manipulação correta dos ingredientes e a utilização dessas medidas. Para ingredientes secos, a relação peso/volume pode variar até mais de 100% dependendo do alimento pesado. Para líquidos, a relação peso/volume varia menos. PRECISÃO NO CÁLCULO DE INGREDIENTES Nas receitas, o cálculo é essencial. Para manter os custos sob controle e assegurar consistência de qualidade e quantidade, os ingredientes e tamanhos das porções deve ser calculado corretamente, sempre que se prepara uma receita. Os ingredientes são comprados e usados de acordo com uma das três convenções de medidas: contagem, volume e peso. Eles podem ser adquiridos de acordo com um sistema e medidos para uso numa receita seguindo outro. A contagem é uma medida de itens inteiros, como seriam comprados. As palavras cada, maço e dúzia indicam unidades de contagem. Se o ingrediente foi processado, classificado ou embalado de acordo com os padrões estabelecidos, a contagem pode ser uma forma útil e precisa para medir ingredientes. É menos precisa para ingredientes que requerem algum tipo de preparação antecipada, ou que não tem nenhum padrão estabelecido para compra. Os dentes de alho ilustram esse ponto. Se uma receita pede dois dentes de alho, a intensidade do alho no prato mudará, dependendo do tamanho do dente de alho. O volume é a medida do espaço ocupado por um sólido, líquido ou gás. Os termos colher de chá, colher de sopa, xícara, mililitro (ml) e litro (1)- indicam medidas de unidade de volume. Recipientes graduados (xícaras medidoras) e utensílios que se conhecem o volume (como por exemplo, uma concha de 160 ml ou uma colher de chá) são utilizados para medir o volume. As mensurações de volume são mais adequadas para líquido, embora sejam utilizadas também para sólidos, em particular em pequenas quantidades de especiarias. Os utensílios usados para medir volume nem sempre são tão precisos quanto se necessita, especialmente se você deve aumentar ou reduzir a receita com freqüência, pois is utensílios utilizados podem ser muito diferentes, levando a diferenças no volume final mensurado. O peso é a medida da massa de um sólido, líquido ou gás. Os termos grama (g) ou quilograma (kg) indicam unidades de medida de peso. Utilizam-se balanças para medir o peso e, para serem mais preciso, é necessário obedecer a padrões. 37 M ensuração dos alimentos: A pesagem do alimento requer uma balança de precisão (digital ou eletrônica). Quando se prepara uma receita é recomendável que se utilize a mesma balança para a pesagem de todos os ingredientes para que se evitem alterações decorrentes de possíveis diferenças entre equipamentos. Um recipiente medidor deverá ser primeiramente, pesado e ter seu peso anotado. Em seguida, o ingrediente deverá ser colocado neste recipiente e pesado. Para a obtenção do peso real do alimento, é necessário subtrair o peso do recipiente. A balança digital precisa ser antes de tudo, zerada e nivelada. Após a colocação do recipiente medidor, a balança deve ser tarada (zerada) e o alimento pode então, ser colocado no recipiente. O peso obtido será correspondente somente ao peso do alimento. Técnicas para pesagem e medição de ingredientes Ingredientes secos: 1 — Caso o alimento esteja encaroçado, desmanchar os grumos utilizando uma colher. 2 — Peneirar o alimento, segurando a peneira aproximadamente 10 cm acima do recipiente, para evitar que o alimento fique calcado com o próprio peso ao cair. 3 - Com auxilio de uma colher, colocar o alimento cuidadosamente no utensílio de medida (xícara, por exemplo), sem que seja comprimido e até que o utensílio esteja cheio por completo. 4 — Com uma espátula ou com o lado cego de uma faca, nivelar a superfície do recipiente, retirando todo o excesso do alimento. Para medir uma colher de um ingrediente seco, encha-a bem e depois retire o excesso com uma espátula, em posição vertical, tendo o cuidado de não o apertar na colher. Para medir % colher, encha-a e passe a espátula para nivelar e, em seguida, "corte" o ingrediente pela metade, no sentido do comprimento da colher e tire a metade. Técnica para pesagem e medição de ingredientes secos Ingredientes líquidos: Os alimentos líquidos devem ser colocados nos utensílios onde serão pesados e em seguida transferidos para medidores de vidro com graduação, ou xícaras de tamanho adequado para leitura do volume. A leitura do volume deve ser feita em superfície plana e ao nível dos olhos, mas não se deve segurar o recipiente na mão enquanto se despeja o liquido dentro dele. O correto é abaixar-se até o nível 38 do medidor para ver corretamente as marcações e o nível do líquido, ou então, colocá-lo em uma prateleira/bancada ao nível dos olhos. Ingredientes pastosos ou gordurosos: Alimentos pastosos (ex. doce de leite) ou gordurosos (ex. manteiga) devem ser pesados sempre em temperatura ambiente e colocados em um utensílio padronizado, com auxilio de uma colher. Deve-se pressionar o alimento a cada adição a fim de acomodá-lo e evitar formação de bolhas de ar. Em seguida, deve-se nivelar a superfície com uma espátula. Se a quantidade da receita for medida em colher, o alimento poderá ser colocado diretamente, desde que se tome cuidado com a formação de bolhas de ar e retirar os excessos do produto na parte externa da colher. O alimento deve ser nivelado com o auxílio de espátula. 39 ESTUDO DIRIGIDO BATERIA DE COZINHA E PESOS E MEDIDAS 1. Que utensílios/equipamentos são utilizados para cortar e preparar: 2. Qual a importância de se pesar /medir corretamente os ingredientes de uma receita? 3. Como se mede corretamente os ingredientes secos? 4. Como se mede corretamente os ingredientes líquidos? 5. Como se mede corretamente os ingredientes pastosos? 40 QUANTIFICAÇÃO DOS INGREDIENTES O preparo dos alimentos exige informações sobre as quantidades de cada um dos gêneros utilizados nas receitas, pois a partir dessas quantidades expressas pode-se prever o total necessário para compra, como também estimar a quantidade da porção de cada alimento ou da preparação que será oferecido ao comensal. Per capita: é a quantidade (em gramas) do alimento cru e limpo, estipulado para consumo individual por refeição. Para o estabelecimentodas per capitas de alimentos e preparações, é necessário considerar os seguintes aspectos: - tipo de serviço e distribuição - hábitos e preferências alimentares - fator econômico - respeito às exigências nutricionais Cada serviço deve calcular as suas per capitas de acordo com as características da clientela e do tipo de serviço oferecido. Assim, um serviço self service que ofereça várias opções de salada, por exemplo, pode ter uma per capita menor de cada alimento, quando comparado a outro serviço que só ofereça uma ou duas opções. Porção: é a quantidade do alimento pronto para servir. Segundo a resolução — RDC n° 360, de 23 de dezembro de 2003, todas as informações contidas nos rótulos dos alimentos devem ser apresentadas em porções. As porções podem ser servidas individualmente (serviço empratado) ou em travessas que comportem mais de uma porção. Peso bruto: corresponde a quantidade de alimento (expresso em quilo) que ainda não foi submetido ao processo da limpeza do pré-preparo. Suas características de origem ainda se fazem presentes. Peso líquido: corresponde a quantidade de alimento (expresso em quilo) que se encontra próprio para ser submetido ao processo do preparo. 41 FATOR DE CORREÇÃO Um dos índices utilizados para acompanhamento do desperdício dos alimentos é o Fator de Correção, ou Indicador de Parte Comestível, que serve para definir a quantidade de alimento a ser comprada, já considerando o que será perdido durante todo o processo de preparação (ARAÚJO et ai, 2007, p. 204). O Fator de correção (FC) ou Indicador de parte Comestível (IPC) é um índice obtido da relação entre o peso bruto e o peso líquido, que permite calcular as perdas inerentes ao alimento como: aparas, casca, sementes, talos e sujidades. As técnicas de pré-preparo e formas de consumo também influenciam no cálculo do FC. Recomenda-se que cada restaurante defina seus valores de FC, pois dificilmente eles serão iguais devido à grande variabilidade das condições (safra, corte, modo de preparo, etc.). Na impossibilidade de se definir este indicador, podem ser adotados alguns valores médios encontrados na literatura, conforme listagem apresentada neste material. O FC é assim obtido: Por exemplo: Compra-se uma peça de filé mignon de 2,5 kg (peso bruto). Após a limpeza, retirando-se as aparas, chega-se a um peso de 2 kg (peso líquido). Assim: FC = 2,5/2,0 = 1,25 Isto significa que, para obter 2 kg de carne "limpa" é necessário comprar 2,5 kg. Por meio do FC pode-se determinar o seu rendimento isto é, a parte aproveitável do alimento. O rendimento pode ser caracterizado em porcentagem. No exemplo anterior pode-se afirmar que o rendimento do filé mignon antes do preparo foi de 80%: RENDIMENTO = 2 kg ÷ 2,5 kg = 0,80 x 100 = 80% ÍNDICE DE COCÇÃO O índice de cocção ou Fator Térmico é utilizado para averiguar a perda ou ganho de peso que ocorre no processo de cocção. Esse fator determina a porção da preparação (a quantidade da preparação a ser servida) a partir da per capita (quantidade de alimento cru e limpo para uma pessoa). Geralmente os alimentos de origem vegetal ricos em amido ganham peso, pois absorvem água e o IC é alto (>1). Alimentos de origem animal, ricos em proteínas apresentam baixo IC (<1). 42 Por exemplo: 2 kg de filé mignon após a cocção pesam 1,55 kg. Então: IC = 1,55/2 = 0,77 O índice de Cocção não apresenta unidade de medida. Segue abaixo com quadro estimado com o índice de cocção de diversos alimentos: Fonte: Cardápio — Guia prático para elaboração, 2008. Além das perdas de processamento e cocção, para os alimentos congelados deve-se considerar a perda de degelo, principalmente para carnes e pescados. Em média, carnes bovinas, sumas e frango congelado perdem 5% do peso no degelo e o peixe perde em média 10% a 15%, podendo chegar a 40%. ÍNDICE DE REIDRATAÇÃO Alimentos como os grãos secos (cereais e leguminosas) precisam ficar de remolho, pois a hidratação além de diminuir o tempo de cocção desses alimentos torna-os mais macios e saborosos. 43 Vale salientar que esse indicador sofre variações dependendo da variedade do alimento e do tempo e temperatura em que os grãos ficaram imersos. Quanto maior o tempo de reidratação, menor o tempo de cocção. Por exemplo, 0,5 kg de feijão após ficar de rennolho por 10 horas pesam 0,95 kg. IR = 0,95/0,5 = 1,90 44 LISTAGEM DE FATOR DE CORREÇÃO FRUTAS FRESCAS Abacate 1,33 - 1,68 Abacaxi 1,75 Ameixa 1,40- 1,60 Ananás 1,60 Araçá 1,15 Banana d'água 1,45 Banana maçã 1,32 Banana ouro 1,30 Banana prata 1,38 Banana da terra 1,65 Carambola 1,23 Caju 1,35 Caqui 1,10 Cereja 1,13 Castanha portuguesa 1,41 Coco verde 7,40 Coco maduro 1,79 Cupuaçu 2,25 Figo 1,06 Fruta do conde 1,33 Fruta pão 1,30 Goiaba 1,22 Grape fruit 2,07 Jaca 1,40 Kiwi 1,11 Laranja (só caldo) 2,15 Laranja 1,39 Lima 1,71 Limão 2,06 Mamão 1,30 - 1,60 Maçã 1,17 Manga 1,55 Maracujá 3,17 Melancia 2,17 Melão 1,40 Mexerica Murcot 1,30 Morango 1,10 Nectarina 1,24 Pára 1,20 Pêssego 1,25 Pitanga 1,23 Sapoti 1,32 Tangerina 1,30 Tamarindo 2,10 Uva branca 1,20 Uva preta 1,28 FRUTAS SECAS Ameixa 1,15 Caju 1,03 Damasco 1,03 Figo seco 1,03 Tâmara 1,15 Uva seca (passa) 1,10 OLEAGINOSAS Amêndoa 2,80 Avelã 2,05 Azeitona 1,25 Castanha do para (com casca) 2,00 Coco maduro 2,09 Coco verde 6,70 VEGETAIS Acelga 1,25 - 1,54 Abóbora d'agua 1,35 Abobrinha verde 1,20 Abóbora madura 1,30 Aipo 1,11 -1,58 Aipim/mandioca 1,24 Alcachofra 2,08 -2,30 Alface 1,15 - 1,60 Alho 1,08 Alho porro 1,30 Agrião 1,58- 2,20 Almeirão 1,12 Aspargo 2,00 Batata doce 1,20 Batata inglesa (cozida c/casca) 1,10 Batata inglesa (descascada crua) 1,40 Berinjela 1,04- 1,13 Beterraba 1,20 Bertalha 1,80 Brócolis 1,65- 2,12 Broto de bambu 3,33 Cará 1,35 Cebolinha 1,10 Cebola 1,03- 2,44 Cenoura 1,17 Cheiro verde 1,10 Chicória crespa 1,15 - 1,12 Chicória lisa 1,30 Chuchu 1,48 Coentro 1,10 Couve manteiga 1,45 Couve flor 2,22 - 2,43 Ervilha fresca 1, 30 - 1,80 Ervilha torta 1,04 Escarola 1,60 Espinafre 1,49 - 1,81 Fava fresca 2,94 Fruta pão 1,30 Gengibre 1,11 Hortelã 1,50 Inhame 1,35 Jiló 1,10 Funcho 1,07 Nabo 1,15 45 Mandioquinha Maxixe Milho verde Mostarda Nabo Pepino Pimentão Quiabo Rabanete com folhas Rabanete s/folhas Repolho Salsa Tomate Vagem manteiga Vagem corda 1,15 1,15 2,50- 2,63 1,14 1,11 1,32 - 1,42 1,26 1,32 1,40 1,06 1,45 1,07 1,18- 1,25 1,32 1,10 (Pescados) Fresco, inteiro 2,00 Fresco, Posta 1,25 - 1,30 Bonito 1,70 (Boi) Acém 1,11 -1,50 Alcatra 1,12- 1,35 Contra-filé 1,25 Costela três ripas 1,13 Coxão mole (chã) 1,10 - 1,35 Dobradinha 1,20 Fígado 1,06 Filé mignon 1,08 Lagarto 1,60- 2,22 Língua 1,50 Miolo 1,08 Mocotó 3,60 Músculo 1,12 Patinho 1,45 Picanha 1,27 Peito 1,30 Rabo 1,90 Rim 1,35 CARNES (Aves) Faisão 1,81 Frango (inteiro) 2,38 Asa e sobreasa de frango 1,81 Pescoço de frango 2,17 Coxa de frango 1,50 Sobrecoxa de frango 1,31 Galinha 1,80 Ganso 1,69 Pato 1,50 Peru 1,84 Perdiz 2,56 Pombo 2,00 LEGUMINOSAS SECAS Ervilha seca 1,03 Grão-de-bico 1,03 Lentilha 1,03 Soja s/pelicula 1,15Soja seca 1,03 OLEAGINOSAS Amendoim c/casca Amendoim s/casca (torrado) Avelã Castanha-do-pará Nozes 2,70 1,10 2,08 - 2,10 2,00 2,50 - 6,14 CEREAIS (em grãos) 1,02 OVOS Ovo de galinha Ovo de pata 1,15 Corvina 1,60 Enguia 1,30 Linguado 1,60 Meduza 1,60 Pescadinha 2,00 Pintado 1,03 Robalo 1,80 Salmão 2,17 Sardinha 1,65 Truta 2,04 Bacalhau salgado (Sem espinha) 1,05 Bacalhau salgado (com espinha) 1,38 Mexilhão 3,45 Ostra 6,45 Lagosta 2,70 Camarão fresco (graúdo) 2,00 Camarão fresco (miúdo) 2,50 Camarão seco 1,70 Caranguejo, siri 8,30 (Porco fresco) Costela 1,90 Pernil 1,75 Lombo 1,10 Bacon 1,08 Coelho 1,80 Cabrito 1,55 Carneiro 1,40 46 LISTAGEM DE PER CAPITA(S) MÉDIOS Quantidades médias per capita de carnes, aves e peixes (serviço com um tipo de carne e porcionada) 1 : Carne bovina: • Almôndegas: 100 a 120 g de carne ou 5 unidades prontas de 25 g cada. • Bife (comprados fatiados): 120 g. • Bife a milanesa: 100 a 120 g. • Bisteca grelhada (fatiada em 110 g): 220 g. • Bucho bovino para dobradinha: 140 a 160 g. • Carne em cubos: 150 a 180 g. • Carne moída: 130 a 150 g. • Costela bovina: 280 a 350 g. • Cupim assado: 150 a 200 g. • Iscas para estrogonofe: 110 g (sem aparas) • Lagarto assado: 160 a 220 g. • Carne para panqueca: 100 a 120 g. Carne suína: • Costelinha: 250 a 330 g. • Lingüiça curada (espeto): 110 a 130 g. • Lingüiça fresca: 140 a 160 g. • Lombo assado: 160 a 200 g. • Medalhão suíno: 170 g. Aves: • Coxa de peru com osso: 350 g. • Coxa e sobrecoxa de frango a passarinho: 250 a 300 g. • Coxa e sobrecoxa de frango (assada, ao molho): 250 a 300 g. • Empanados de frango (nuggets): 140 a 160 g (5 unidades) • Peito de frango sem osso para grelhar: 160 a 200 g. • Peito de frango com osso para grelhar: 250 a 300 g. Peixes: • Filé de peixe empanado: 90 a 120 g. • File de peixe ao molho: 140 a 160 g. • Peixe em posta frito: 140 a 160 g. • Posta de peixe ao molho: 220 a 250 g. 1 VAZ, CS. Alimentação de coletividade: uma abordagem gerencial. Brasília, 2003. 47 ATENÇÃO: Para consumo livre (self service), aumentar de 20 a 30% os valores per capita mencionados. Quantidades per capita de guarnições (consumo livre): Batata frita (in natura): 160 g Batata frita (congelada) palito: 110 g Batata chips (in natura): 140 a 180 g • Batata palha (in natura): 150 g • Batata palha pronta: 30 a 40 g • Batata para purê (in natura): 100 g • Legumes: 110 a 150 g • Verduras para refogar: 120 a 160 g • Farinha de mandioca para farofa: 30 g • Massa seca (espaguete, parafuso): 40 a 60g • Massa fresca recheada: 80 a 100 g Quantidades per capita de saladas (consumo livre): • Verduras: 30 a 50 g. • Legumes: 60 a 110 g. • Cenoura, rabanete ou beterraba para ralar: 40 a 50 g • Leguminosas (ervilha, grão-de-bico, feijão branco): 20 g. • Tomate: 100 a 120 g. • Macarrão: 20 g • Pepino: 60 g • Legumes com maionese: Batata: 50 g Cenoura: 30 g. Vagem: 20 g. Maionese: 10 g. Quantidades per capita outros alimentos: 2 • Arroz: 60 — 100 g • Feijão: 35 — 60 g • Feijão para tutu de feijão: 30 g • Feijão e outras leguminosas para sopa: 30 — 40 g • Feijão preto para feijoada: 80— 100 g • Fubá para sopa: 15 g • Nhoque pré-cozido: 100 - 120 g • Rabo bovino para rabada: 300 — 350 g • Verdura para viradinho: 20 -30 g • Frios para sanduíche (pão de 50 g): 40 — 60 g 2 De acordo com a vivência da profa. Marly M. Viski em restaurantes institucionais. 48 = COZ CRU COZ = IC x CRU CRU = COZ IC EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Essas professora vai me deixar louco (a)!!! Antes de iniciar os exercícios a seguir relembre que: REND% = PL x100 PB OU REND% = 1 x100 FC FC = PB PL PB = PL x FC PL = PB FC ...... Cru e limpo = Peso liquido (= per capita) 49 1. Considerando que as quantidades dos alimentos abaixo servem 850 pessoas, calcule o que se pede. (Obs. Todos os valores são fictícios). Alimento Peso bruto (Kg) Peso liquido (kg) Rendi- mento ( 0/0) Fator de Correção IPC Peso final após cocção (kg) índice de cocção Per capita (9) Porção (9) Batata sautée 140 100 98 Bife grelhado 170 160 115 Salada de alface 58 50 Beterraba ralada 38 31 Filé de salmão grelhado 180 180 125 Coxa de frango com osso assada 320 245 160 2. Qual o PB de uma hortaliça que tem seu Pcozido = 245g, IC = 2,0 e FC = 1,1? 3. Calcule o FC e o n° de porções (40g cada), sabendo-se que há o recebimento de 20 caixas contendo em cada uma delas 3 kg de escarola para salada, e o peso líquido é de 32 kg. Qual a per capita da escarola? 4. Qual a quantidade de grão-de-bico que deverá ser comprada para uma salada, sabendo-se que: IC = 2,15; FC = 1,02; porção = 50g; n° de refeições = 1200. Qual a per capita do grão de bico? 5. Dados: IC = 0,65; FC = 1,30; preço por quilo = R$ 0,90; n° refeições = 1250; porção = 80g. pergunta- se: a) Qual a quantidade e o custo total de mostarda que deverá ser comprada para um refogado? b) Qual a per capita da mostarda para o refogado? c) Qual foi o rendimento total do produto antes da cocção? 6. Dados: IC = 0,69; FC = 1,20; preço/quilo = R$ 5,90; n° refeições = 1290; porção = 150g. Pergunta-se: a) Qual a quantidade e o custo total de peixe que será comprada para 2 dias? b) Qual a per capita do peixe? c) Qual foi o rendimento total do produto antes da cocção? 7. Qual a quantidade e o custo total de repolho que deverá ser comprada para uma salada crua, sabendo-se que: FC = 1,27; preço/quilo = R$ 0,35; n° de refeições = 650; porção = 50g. Calcule o rendimento do produto. 8. Para uma UAN, qual a quantidade a ser comprada e o custo total do tomate para 1550 refeições, sabendo-se que FC = 1,25; PC = 55g e preço/quilo = R$ 2,50? Calcule o rendimento do produto. 9. Qual o FC do chuchu, sendo que ao comprar 150 kg obteve-se 80 kg de peso liquido? Em dados percentuais, qual foi o rendimento do produto? 10. Calcule o custo total e o rendimento da escarola, sabendo-se que o FC = 1,92; PC = 60g (para salada). Número de refeições = 3.500, custo per capita = R$ 0,50 11. Quantas porções de 0,15 kg podem ser feitas com 100 kg de patinho, sabendo-se: Perda de degelo = 2,5 kg Perda de limpeza = 7,8 kg Perda de cocção = 9 kg 50 FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO Um dos documentos mais importantes para o controle operacional e financeiro das UANs é a ficha técnica de produção, que pode ser utilizada para todos os processos realizados no restaurante, pois nela registram-se todas as etapas de produção da receita assim como o seu custo, porcionamento, rendimento, forma de apresentação e outras informações que possam auxiliar o gerenciamento e a confecção do prato. A ficha técnica tem como funções básicas: • Registrar quantidades de matéria-prima utilizadas nas preparações; • Padronizar quantidades de matéria-prima nas preparações; • Padronizar a montagem e apresentação dos pratos; • Identificar os custos da produção; • Registrar os processos da produção; • Manter um histórico das preparações do restaurante; • Permitir a comparação das informações de consumo; • Facilitar as projeções de compras e especificações de mercadorias; • Controlar os volumes de matéria-prima requisitados; Para que uma preparação culinária seja realizada com sucesso, vários fatores são importantes, tais como tipo de utensílio,temperatura e tempo de preparo, além da qualidade dos ingredientes. A reprodução dessas condições garantirá a obtenção de resultados semelhantes a cada repetição da receita ou protocolo, mesmo quando elaborados diversas vezes e por pessoas diferentes. A redação de uma receita deve conter informações claras e precisas, a fim de possibilitar sua reprodutibilidade. Quando se executa uma receita, é imprescindível que os ingredientes sejam medidos com precisão. Vale lembrar que a ficha técnica deve atender às necessidades da UAN, assim ela poderá ser adaptada acrescentando-se ou suprindo itens. A seguir, modelo de uma ficha técnica de produção. FICHA TÉCNICA (FRENTE - GERENCIAL) NOME DA PREPARAÇÃO: RENDIMENTO EM PORÇÕES: REFERÊNCIA: (prato principal, molho, etc.) Produto Quant Liquida Unidade (11) Vdcr untário Rendimento (io) For Ccarção Quadidade buba Veior Total CUSTO TOTAL DA PREPARAÇÃO: PREÇO DE CUSTO (OU CUSTO DA PORÇÃO): FICHA TÉCNICA (VERSO - OPERACIONAL) NOME DA PREPARAÇÃO: RENDIMENTO EM PORÇÕES: MODO DE PREPARO: 1. 2. 3. Nas aulas práticas de TDG, a Ficha Técnica de Produção será simplificada, conforme modelo a seguir: 51 Curso de Nutrição — Técnica Dietética e Gastronomia Professor: Componentes do grupo/turma FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO — AULA PRÁTICA Data: Tema da aula: Preparação Culinária: Categoria da Receita: Ingredientes Medida caseira (colherhdc/unidade) P.B. Pl. F.C. Rendimento (%) Modo de preparo: Rendimento final da preparação (g/m1) Tempo de preparo N° de porções Tempo de cozimento Peso da porção (g/m1) 52 a ii.Mtfct:vatt,ndicar o tzpo- çao.cLL(iha-- rta'd_esertto no, carda Modelo de FICHA Técnica Curso de Nutrição — Técnica Dietética e Gastronomia Professor: FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO — AULA PRÁTICA Data: Componentes do grupo/turma Tema da aula: Preparação Culinária: Salada Mista Categoria da Entrada Receita: Ingredientes Medida caseira (colherlxiclunidade) P.B. P.L. F.C. Rendimento (%) Alface americana Se não tiver medida caseira, não colocar nenhuma informação 30g 23g 1,30 76,6% Tomate 1/2 unidade 45g 41g 1,09 91,1% Cebola 1/2 unidade 35g 26g 1,34 74,2% Azeite extra virgem 1 colher de sobremesa 8g 8g 1,0 100,0% Sal 1 pitada 0,35g 0,35g 1,0 100,0% Vinagre de vinho tinto 1 colher de sobremesa 8g 8g 1,0 100,0% Modo de preparo: 1. Separar as folhas da alface. Retirar as folhas impróprias para consumo. Lavar folha a folha em água corrente. Proceder com a sanitização (emergir em solução clorada por 15 minutos) 2. ..... .. 3. UTILIZAR O VERBO NO INFINITIVO — PICAR, RALAR, MOER, COZER, etc. PROCEDER COM A DESCRIÇÃO PASSO A PASSO, EM CADA ETAPA DA PREPARAÇÃO. 53 Rendimento final da preparação (g/m1) PESARA PREPARAÇÃO PRONTA Tempo de preparo REGISTRAR O TEMPO TOTAL DE PREPARO, DESDE O INÍCIO ATÉ O FINAL N° de porções DIVIDIR O REDIMENTO PELO PESO DA PORÇÃO Tempo de cozimento REGISTRAR O TEMPO DE COCÇÃO EM FORNO, OU FOGÃO Peso da porção (g/m1) AVALIAR QUAL A QUANTIDADE DE ALIMENTO PRONTO PARA UMA PESSOA. Dicas gerais para a elaboração de Ficha Técnica: - Nome e Titulo do item ou prato Exemplo: Filet au Gratin (filet gratinado); - Informações sobre o rendimento (expresso de forma conhecida: peso total, volume e porções). Exemplo: 500 gramas o prato 11 porção; - Informações sobre a porção de cada prato, expressas em uma ou mais forma (itens (contagem), volume, peso). Exemplo: cada porção: 500 gramas /4 itens - Nome dos ingredientes, expressos em detalhe, especificando variedade, marca ou regionalidade (conforme necessário). Exemplo: aipim (aipim = mandioca) / mandioca "brava"; - Medida dos ingredientes, expressa em uma ou mais formas (contagem, volume, peso). Exemplo: 500 gramas de batatas / 4 unidade de batatas grandes; - Instruções para a preparação dos ingredientes, o verbo deve estar sempre no infinitivo, algumas vezes incluídas com o nome do ingrediente se o mesmo estiver presente em várias etapas no modo de preparo: Exemplo: 500 gramas de aipim em brunoise / cortar 500 gramas de aipim em brunoise; - Informações sobre o equipamento para a preparação, cozimento, armazenamento, retenção e serviço. Exemplo: Ralar 500 gramas de cenoura no ralador (mecânico ou máquina). 54 BASES DE COZINHA B ases de cozinha são preparações compostas por diferentes ingredientes, utilizadas para facilitar a confecção de determinadas produções culinárias, servindo também para modificar ou melhorar o sabor, a textura, a cor e o aroma dos alimentos. As bases são divididas em quatro grupos: 1. fundos básicos (bases extrativas); 2. ligações ou espessantes; 3. aromáticos ou aromatizantes; 4. embelezadores ou melhoradores de sabor. 1. FUNDOS BÁSICOS Os fundos são à base da cozinha clássica, influenciando e caracterizando o sabor das produções culinárias que servem de base: molhos, sopas, cozidos. Os fundos podem ser preparados com ossos, aparas de boi, vitela, frango, peixe, ou legumes, adicionados de componentes aromáticos e água ou vinho. Os fundos também podem ser divididos em claros ou escuros. - Fundos claros: a base de sabor é escaldada, isto é, os ossos e aparas são colocados na água sem assar. Usualmente: vitela ou bovino, porco, aves de carne branca (frango, peru), cordeiro, coelho, peixe. - Fundos escuros: a base de sabor é assada até dourar. Usualmente: vitela ou bovino, aves de carne escura (pato, faisão), cabrito, ovelha, caças em geral. Também é comum acrescentar tomate pinçage. Os fundos mais utilizados são: - fundo de carne (fonds de veau): ossos e aparas de vaca ou vitela. Para caldos mais escuros, os ossos e aparas são previamente enfarinhados e dourados no forno. Em seguida são cozidos lentamente em água e mirepoix.( aromático composto por 50% de cebola, 25% de cenoura e 25% de salsão, cortados em cubos). Pela adição de água e evaporação posterior, as substâncias extrativas se solubilizam e concentram depois, tomando cor escura e aspecto transparente. Coam-se os condimentos antes de concentrar a preparação. - fundo de galinha (fonds de volaille): osso e carcaça de frango cru; - fundo de legumes (fonds vegetariens): vegetais variados e aromáticos como cebola, alho, cebolinha, etc. - fundo de peixe (fonds de poisson): aparas de pescados. As técnicas e o tempo de cozimento de caldos e fundos são semelhantes. As carnes, aves, peixes, aparas ou vegetais, que podem ser assados ou chamuscados, são fervidos suavemente com vegetais aromáticos, especiarias e ervas, para produzir um líquido claro e saboroso, um pouco encorpado. A maior diferença entre caldos e fundos é que os caldos podem ser servidos como estão, ao passo que os fundos são utilizados na produção de outros pratos. Os caldos de carne e aves têm sabor mais pronunciado do que os fundos com as mesmas bases, por serem baseados em carnes e não em ossos. Os caldos de peixes e vegetais são feitos com os mesmos ingredientes básicos dos fundos de peixes e vegetais. Cuidado com a temperatura do cozimento do caldo, de modo que seja sempre uma fervura uniforme e suave, e se a espuma for retirada da superfície quando necessário, o caldo pode ser tão claro, encorpado e suculento quando qualquer consommé, sem que a clarificação seja necessária. 55 Plnçage Ingrediente dourado lentamente com um pouco de 01eo. vegetal ou outra gordura. Usualmente feito com de, :extrato de tomate e/ou mirepoix, afim de: "escurecer" coMpfetemente. Servepara reiOrear êáiidi- e tom castanho. O cozimento é feito até que o tomate ganhe cor marrom ferrugem , ,e aroma doce. Deve -se cuidar para nunca queimar evitando um sabor amargo. Essa técnica é :chamada pinçage, do francês pincer — técnica de aromatizar vegetais antes de umedecê-los, para preparar um fundo escuro .m IMPORTANTE: - Se os ossos forem comprados congelados, descongele-os antes de leva-los ao fogo. - Lave bem todos os ossos, frescos ou congelados, antes de colocá-los na panela, para remover sangue e outras impurezas que podem comprometer a qualidade do produto. - As panelas utilizadas para o preparo dos fundos são, em geral, mais altas do que largas. Esse tipo de panela cria uma superfície menor, para minimizar a evaporação durante a fervura. - Geralmente se utiliza 10% do peso referente aos ossos e aparas para o mirepoix. - No caso de um fundo claro, quanto mais "dépouillern (tirar a pele, descascar - termo utilizado para descrever o processo de escumar), mais claro o fundo e mais longa sua vida de prateleira, pois as impurezas que o deixam turvo são os mesmos elementos que rapidamente o estragam e acidificam o meio. gm.tom Os 10 passos importantes para o preparo de fundos: 1. Começar com líquidos frios; 2. Cozinharem fogo baixo (85"C); 3. Cozinhar o tempo adequado e necessário; 4. Manter a panela aberta e todos os ingredientes cobertos com liquido; 5. Retirar a espuma que se forma na superfície; 6. Coar assim que ficar pronto; 7. Resfriar imediatamente o mais rápido possível; 8. Retirar toda a gordura da superfície; 9. Corrigir o volume; 10. Ferver e resfriar. Um bom fundo: 1. Tem aroma agradável. 2. Tem equilíbrio de sabor. 3. Tem brilho. 4. Tem cor adequada (claro ou escuro). 5. Está desengordurado. 56 TEMPO DE COZIMENTO DOS FUNDOS Os tempos de cozimento que se seguem são aproximados, o tempo varia de acordo com numerosos fatores, como a quantidade de ingredientes, o volume total e a temperatura de cozimento. Fundo claro de carne — 8 a 10 horas; Fundo claro e escuro de vitela e carne de caça — 6 a 8 horas; Fundo claro de aves e aves de caça — 4 a 6 horas; Fundo de peixe — 30 minutos a 1 hora; Fundo de vegetais — 30 a 40 minutos, dependendo dos ingredientes específicos e do tamanho em que os vegetais foram cortados. 2. LIGAÇÕES OU ESPESSANTES (LIAISON) As ligações são realizadas pelos componentes espessantes que servem para engrossar líquidos. São utilizadas na confecção de molhos, cremes, sopas, pudins, suflês, e algumas delas em produções de confeitaria. Os espessantes ou ligações podem ser preparados com alimentos ricos em amido e seus produtos (cereais, tubérculos, amido e fécula), gemas ou ovos inteiros, azeite ou manteiga, creme de leite, gelatina e sangue (em produtos de charcutaria e molho pardo). As ligações de amido a quente são chamadas de "roux": mistura de manteiga derretida e farinha de trigo, em quantidades mais ou menos iguais. A textura deve ser de um "creme firme" lembrando "areia molhada". Cozinhar a farinha muda o gosto do cereal cru para um sabor tostado e amendoado. Quanto mais o roux for cozido, o sabor e a cor se tornam mais pronunciados. O tempo de cocção varia de acordo com o tipo de roux a ser utilizado, determinando também a sua coloração: - Roux branco: pouco cozimento. - Roux amarelo: cocção suave até ficar dourado. - Roux escuro: exige maior tempo de cozimento até obter-se uma cor bem escura. O roux branco tem maior poder espessante do que o roux mais escuro, porque o cozimento rompe parte do amido da farinha, perdendo a capacidade de espessar. Portanto, quanto mais escuro o roux, menor_poder espessante terá. A Liaison é a mistura de gemas de ovo e creme de leite, utilizada para enriquecer e engrossar ligeiramente molhos e sopas. Não se trata de um espessante que funciona da mesma maneira que o roux. Quando fervida suavemente de modo adequado, em qualquer prato adiciona brilho, cremosidade, cor e sabor, assim como uma cor marfim-dourada leve. As liaisons também adicionam sabor e conferem uma textura mais lisa ao molho e sopa. 57 As gemas de ovos começam a coagular a 65°C. A adição de creme de leite faz o ponto de coagulação ficar entre 82 a 85°C. Combine o creme e as gemas até obter uma mistura uniforme. Acrescentar uma porção de líquido quente à liaison evita uma mudança drástica de temperatura, que faz coagular as gemas. Esse processo reduz as temperaturas extremas, de modo que a sopa ou o molho pronto continuem lisos. Acrescente gradualmente cerca de um terço de líquido quente à liaison, uma concha de cada vez, batendo sem parar. Quando já acrescentou líquido quente suficiente, coloque a ligação, cuja temperatura foi abaixada, de volta a sopa ou molho. Leve a panela ao fogo baixo e aqueça a mistura suavemente, misture com freqüência, até que engrosse um pouco. Não ultrapassar a temperatura dos 85°C, temperatura que as gemas podem coagular. Geralmente se utiliza três partes de creme de leite para uma parte de gemas para espessamento de líquidos, de acordo com o volume total final da preparação. 3. AROMÁTICOS OU AROMATIZANTES São componentes a base de legumes, ervas e especiarias adicionados aos fundos, sopas e molhos com a finalidade de realçar e acentuar o sabor. Algumas bases aromáticas: - Mirepoix: 50% cebola, 25% cenoura e 25% salsão. - Mirepoix branco: alho poró ao invés de cenoura. - Bouquet garni: salsão ou alho-porá, tomilho, salsinha, folha de louro, amarrados juntos. Ao utilizar o alho-porá para embrulhar os outros ingredientes, lave bem e corte um pedaço de barbante longo o bastante para que sobre o suficiente para prender o bouquet ao cabo da panela. Isso facilita sua retirada após fornecer ao fundo, molho ou sopa o sabor desejado. Os ingredientes do bouquet garni podem variar conforme a região. - Sachet d'épices: alho, folha de louro, pimenta em grãos, tomilho, talo de salsinha, envoltos em pano fino ou gase. É retirado após a sua utilização. O sachet infunde sabor no líquido, do mesmo modo que o saquinho de chá é usado para preparar uma xícara de chá. - Oignon brulée (cebola queimada): descascar a cebola, cortar ao meio e tostar a superfície cortada em uma chapa ou frigideira seca. Além de aromatizar, acentua a cor de fundos escuros. - Oignon piquée: cebola cortada ao meio, folha de louro e cravos-da-índia. Utilizado para aromatizar molho bechamel e algumas sopas. - Salmoura: sal fino e grosso com ou sem água. - Vinha d'alhos: vinho ou vinagre + aromatizantes + salmoura - Vegetais: purês, tomate concassé (sem pele e sem sementes, cortados em cubos) 4. EMBELEZADORES E MELHORADORES DE SABOR São complementos de molhos, sopas e massas com a finalidade de melhorar o aroma e a textura dos comestíveis. São: - Liga fina: mistura de gemas com féculas com a finalidade de adensar suavemente as preparações. 58 - Creme de leite, requeijão, nata e manteiga: suavizam, espessam e dão cremosidade aos alimentos. - Corantes naturais e artificiais: realçar ou mudar a cor de uma preparação. Na maioria das vezes também são aromatizantes (páprica, mostarda, catchup, curry, tomate concassé, etc). ERVAS E ESPECIARIAS A principal função das ervas e especiarias é exaltar as características sensoriais dos alimentos, aumentando seu sabor e odor. Ervas: folhas de plantas frescas, secas ou em pó, com propriedades aromatizantes. Ex.: louro, manjerona. Especiarias: outras partes aromáticas de plantas. o Frutos e sementes: anis, pimentas, cominho, noz-moscada. o Cascas: canela. o Bulbos: alho, cebola, alho-porro. 59 TÉCNICA PARA TOMATE PELADO (INTEIRO SEM CASCA) E TOMATE CONCASSÉ (SEM CASCA, SEM SEMENTES, PICADO) 60 o Flores e partes florais: cravo. o Raízes e rizomas: gengibre.Na legislação brasileira, as especiarias fazem parte dos condimentos. - Condimentos (ou temperos): produto constituído de uma ou diversas substâncias sápidas de origem natural, com ou sem valor nutritivo, empregado nos alimentos com o fim de modificar ou exaltar seu sabor. Classificação dos condimentos: - Ácidos: vinagre, limão, vinho. - Adoçantes calóricos: açúcar, mel, melaço. - Adoçantes não calóricos: sacarina, ciclamato, aspartame - Corantes: açafrão, páprica, urucum. - Ervas aromáticas: alecrim, coentro, estragão, louro, manjericão, orégano. - Especiarias: anis, canela, cravo, cominho, noz-moscada. - Especiarias picantes: pimentas em geral, gengibre, mostarda. - Essências ou aromatizantes (naturais ou sintéticas): baunilha, limão, menta, anis, hortelã. - Extratos: substância concentradas por evaporação: extrato de tomate, de carne, etc. - Gorduras: creme de leite, manteiga, azeite, banha, azeite de dendê. - Salgados: sal de cozinha, cloreto de potássio, glutamato monossódico. 0'1 I-, CORTES DE LEGUMES () formato de legumes pode ser alterado por meio de diferentes cortes. De cúbico a redondo, eles mudam a aparência dos pratos conferindo—lhes delicadeza ou sofisticação. Mas é bom frisar que determinados cortes acabam gerando desperdícios do alimento, o que, definitivamente não é uma boa conduta na cozinha. (O mundo da cozinha, 2004). - Em forma de cubos Bretone Mirepoix Parmentier Macedoine Printanier Parisiènne Brunoise (2 cm) (1,5 cm) (1,2 cm) (6 mm a1,0 cm) (8 mm) (5 mm) (1 a 3 mm) - Em forma de bastões Pont-neuf Fritas Bâtonnet Jardinière Julienne Paille (1,5 x 7 cm) (1 x 1,5 cm) (8 mm x 3 cm) (5 mm x 2 cm) (3 mm x 3 cm) - Boleados (em forma de bolinhas) 62 Chips SoufléNichy (2 mm) (3 mm) - Fatiados (cortes em rodelas) Portuguesa (1 a 1,5 cm) Parisienne Noisette Printanière (1,5 cm) (1 cm) (8 mm) - Torneados Royalle (6 mm) Chateau Fondant Cocotte Olivette (6 cm) (5 cm) 4 cm) (2 cm) - Ornamentais Chatouillard (rodelas em espiral); flores, francesa (talhada), entre outros. - Outros: Chiffonnade: Corte finíssimo de folhas ou legumes em forma de palha. Paysanne: cortes irregulares. Gauffrette ou prussiana: chips com sulcos cavados, imitando um waffel (cortada no mandolim). Batata tomeada Corte Chiffonnade 63 .t w RE LE M BR AN DO ... MOLHOS São produções culinárias quentes ou frias que servem para acompanhar, realçar, disfarçar ou mesmo identificar um alimento. A maior parte dos molhos tem mais do que uma função no prato. O molho que adiciona um sabor contrastante, por exemplo, também pode introduzir atrativos na textura e no visual. Geralmente os molhos apresentam alguns objetivos: - introduzem sabores contrastantes ou complementares, sublinhando o sabor dos alimentos; - acrescentam umidade ou suculência: o molho pode acrescentar umidade a alimentos naturalmente magros ou quando se usarem técnicas de cozimento que tendem a secar o alimento, como grelhar ou saltear, - acrescentam interesse visual: o molho pode destacar a aparência de um prato conferindo-lhe brilho e realce; - ajustam a textura. De acordo com a descrição de GOMENSORO (1999): lL asicamente, o molho é um líquido espesso e saboroso que acompanha um alimento DI com a finalidade de acentuar o sabor. Nascido da necessidade de salgar (sauce), temperar por igual um alimento, passou depois a apenas "molhar" e completar o alimento. Aspecto muitíssimo importante de um prato, o que é corroborado por um axioma francês, 'ia sauce fait manger". Pode até ser mais importante do que o próprio prato, como sugere um dito popular nordestino "faça o molho e bote pedras". Antigamente os molhos eram usados mais para disfarçar o odor desagradável do alimento que, muitas vezes, já começava a se deteriorar, do que para realçar o sabor... Os franceses foram os responsáveis por refinar e sofisticar a arte de fazer molhos. Foi o chef francês Antoine Carême que, no século XIX, criou uma metodologia pela qual todos os molhos existentes são classificados vinculados a cinco básicos: molho espagnole, um caldo básico escuro; molho velouté, caldo básico leve; molho béchamel, molho branco básico; maionese e hollandaise, molhos emulsificados; e vinaigrette, combinação de vinagre e óleo." (GOMENSORO, M.L. Pequeno dicionário de gastronomia. 1999, p.268-9) Didaticamente, os molhos são divididos em: BÁSICOS: 1. tomate, 2. emulsionados (maionese e holandês), 3. molhos de base clara (bechamel e velouté), 4. molhos de base escura (espanhol, e demi-glace). 5. bases líquidas (vinagrete) 1 - BASE DE TOMATE (molho ferruginoso) — molho de tomate é uma expressão genérica usada para descrever qualquer molho cuja base principal seja de tomates. Podem ser feitos de muitas maneiras: crus ou cozidos em qualquer quantidade de tempo. O tempo de cozimento varia, mas em geral, quanto menor for o tempo de cozimento, melhor para qualquer molho com base em frutos ou vegetais. Tempos de cozimento muito longo diminuem o frescor dos sabores. Tomate: azeite + cebola + alho + vinho tinto + tomate concassé + fundo (frango ou boi) + manjericão + tomilho + pimenta + sal Bolonhesa Molho de tomate + carne moída Calabresa Molho de tomate + lingüiça calabresa 65 Alcaparras Molho de tomate + alcaparras + anchovas Pizzaiola Molho de tomate + alho + azeite + orégano Puttanesca Molho de tomate + azeite + azeitonas pretas + alcaparra + salsinha Napolitana Molho de tomate + azeite + alho + manjericão + cheiro verde Pomodori Molho de tomate + azeite + alho + manjericão + orégano 2 - BASE EMULSIONADA — MAIONESE (fria — molho estável) — consta de azeite incorporado ao ovo adicionado de condimentos desejados. Maionese: gemas + sal + suco de limão ou vinagre + óleo + azeite + pimenta-do-reino branca Americano Maionese + catchup Golf Maionese + catchup + creme de leite + conhaque Tártaro Maionese + gema cozida + picles picado + salsinha Chantilly Maionese + creme de leite batido Anglaise Maionese + mostarda Aioli Maionese + alho + azeite 2 - BASE EMULSIONADA — HOLANDÊS (quente — emulsão estável) — preparado emutsificando-se a manteiga derretida ou clarificada e água (na forma de uma redução ácida e/ou suco de limão) com gemas de ovos parcialmente cozidas. Holandês: vinagre de vinho branco + grãos de pimenta do reino + água (mesma quantidade, reduzir e esfriar) + gemas + manteiga clarificada + suco de limão + pimenta-do-reino branca + sal Bearnaise Mesmo preparo do holandês, mas a redução do vinagre é feita com estragão. Choron Beamaise + purê de tomates Mostarda Bearnaise + mostarda Dijon Mousseline Bearnaise + creme de leite batido (também chamado de Chantilly) Foyot Beamaise + caldo de carne 66 3 - BASE CLARA — BÉCHAMEL — utilização de roux claro com adição de leite quente e outras especiarias. Béchamel: roux claro + leite quente + sal + noz moscada + pimenta-do-reino branca Aurora Béchamel + creme de leite + purê de tomate Curry Béchamel + cebola na manteiga + curry + creme de leite Momay Béchamel + queijo gruyère ralado fino + parmesão ralado fino + manteiga Mostarda Béchamel + mostarda Dijon Creme Béchamel + creme de leite + gotas de limão Nantua Béchamel + creme de leite + manteiga de crustáceos + conhaque + pimenta caiena 3 - BASE CLARA - VELOUTÉ — difere do bechamel no que se refere a adição de fundo claro quente e não leite quente ao roux claro. Velouté: roux claro + fundo claro quente (ave, peixe, vitelo, vegetais) + sal + pimenta-do-reino branca + sal Bercy Velouté de peixe + echalotes + salsa picada Suprème Veloutéde frango + creme de leite Ravigote Velouté de vitela + vinho branco + echalotes Camarão Velouté de peixe + manteiga de camarão Chaud-froid Velouté de vegetais + gelatina + creme de leite (consumido frio) Alemão Velouté de vitela + gema + creme de leite + suco de limão Parisiense Velouté + gemas + suco de limão + pimenta-do-reino branca + noz moscada 4 - BASE ESCURA - ESPANHOL e DEMI-GLACE Espanhol: fundo escuro + roux escuro Demi-glace: fundo escuro + Espanhol (na mesma proporção e quentes) 67! O molho demi-glace é uma redução do molho espanhol. Bigarade Demi-glace + vinho do Porto + suco e raspas de laranja e limão Bordelaise Demi-glace + vinho tinto + cebolas picadas + grãos de pimenta-do-reino + louro + suco de limão. Classeur Demi-glace + cogumelos e echalotes na manteiga + vinho branco + tomate concassé Chateaubriand Demi-glace + vinho branco + echalotes picadas + tomilho + louro + cogumelo laminado + manteiga + estragão + salsinha Madeira Demi-glace + vinho madeira Marchand de vin Demi-glace + cebola roxa + vinho tinto Duxelles Demi-glace + cebola picada + manteiga + vinho branco Bourguignonne Demi-glace + vinho tinto + cebola + manteiga + ervas 5 - BASE LIQUIDA (fria — emulsão instável) Vinagrete: vinagre branco + azeite (proporção 2:1) + sal + pimenta-do-reino Mostarda Vinagrete + mostarda Campanha Vinagrete + cebola + tomate picados (pimentão opcional) Argentino Campanha + ervilhas 5 - BASE LIQUIDA (fria — emulsão instável) Base de azeite: azeite + liquido (proporção 2:1) + sal + pimenta-do-reino Crioulo Azeite + vinagre + alho + cebola + tomate + pimentões Francês Azeite + vinagre + mostarda Dijon + sal + pimenta-do-reino Laranja Azeite + suco de laranja + mostarda Dijon + aceto balsâmico + sal + pimenta-do- reino Limão Azeite + suco de limão + sal + pimenta-do-reino Maracujá Azeite + suco de maracujá concentrado + aceto balsâmico + sal + pimenta (estes também podem ser considerados molhos contemporâneos) MOLHOS CONTEMPORÂNEOS São aqueles que não são elaborados a partir dos molhos básicos, sendo elaborados com ingredientes variados como frutas, legumes e ervas aromáticas. 68 0 Chutneys De origem indiana, em forma de geléia agridoce e picante, feito com vários tipos de frutas ou vegetais cozidos em vinagre, condimentos e ervas. Servidos frios, acompanham carnes, aves, queijos ou servem de recheio. Coulls Purê de legumes ou frutas aquecidas em banho-maria ou cozidos em fogo lento, podendo-se acrescentar ao final manteiga ou creme de leite. São muito utilizados para decoração e espelhar pratos. Jus e sucos de assados Jus de rôti — suco desprendido do assado (gotejamento). Pode ser deglaceado com vinho e espessado com amido. Molhos à base de manteiga - Beurre blanc: molho emulsificado => a manteiga derretida é adicionada à uma redução de echalota, vinho e fundo claro. - manteiga derretida: manteiga clarificada acrescida de outro ingrediente, como: alcaparras, suco de limão e limão em cubos, cebolas, ervas e especiarias. São ótimas para peixes. - manteiga composta: manteiga aromatizada com ervas e especiarias. Exemplo: manteiga de alho; maitre d'hôtel => manteiga + salsa picadinha + suco de limão; manteiga café de paris => manteiga batida com vários tipos de ervas (curry, tomilho, basilicão fresco, sálvia fresca, alho bem picado ou moído, alcaparras, pimenta branca moída, noz moscada, cominho) Relishes Similar ao chutney é um condimento agridoce composto por frutas e vegetais, finamente cortados e cozidos em açúcar, vinagre e especiarias, podendo ser servido quente ou frio. Sabayons salgados Resultam da cocção em banho-maria (emulsão) de uma mistura de gemas com fundos, azeite ou creme de leite, aromatizados com ervas, vinho seco ou champanhe. Salsa De origem mexicana, são compostas por legumes, ervas e às vezes, frutas. Os ingredientes são picados ou batidos no processador, são servidos crus ou cozidos al dente. Exemplo; guacamole (abacates maduros amassados, temperados com alho, suco de limão, cebola, pimenta e sal. indicado para acompanhar batatas, aves, burritos, taco e tortillas. MOLHOS REGIONAIS BRASILEIROS: - Molho tucupi: feito com o sumo da mandioca brava, fervido e temperado com pimenta. Usado para peixes e carnes de caça, é o principal ingrediente do "pato no tucupi", preparação típica do Para. - Cabidela: molho de origem nordestina, por meio da mistura do sangue da galinha com vinagre. Geralmente adicionado em um ensopado com galinha em pedaços ("galinha cabidela ou galinha ao molho pardo". - Bobó: preparação típica baiana elaborada com um molho feito com mandioca cozida, leite de coco, azeite-de-dendê, tomate e pimentão. O mais comum é o de camarão, mas também pode ser de frango. - Molho para moqueca: ensopado típico nordestino, feito em geral com peixe, contendo um molho feito com coentro, cheiro-verde, cebola, tomate, pimenta-do-reino, azeite-de-dendê, pimentão e leite de coco. 69A * Bisque é uma sopa à base de crustáceos (camarão, lagosta, etc.) ou moluscos espessados com molho velouté. SOPAS De origem européia, as sopas são preparações liquidas servidas no inicio das refeições, estimulando o apetite. Basicamente, as sopas são líquidos aromatizados, mas com métodos variados de preparo. Excepcionalmente são servidas como prato principal. As sopas são ótimos veículos para substâncias diversas, como nutrientes e substâncias extrativas que dão sabor às preparações. O valor calórico pode variar de acordo com a composição. A palavra sopa deriva do verbo alemão suppen, que significa sorver, que se tornou suppe e originou a soup inglesa, a sappa italiana, a soupe francesa e a sopa portuguesa (GOMENSOR0,1999). Tipos de sopas: 1. Sopa mista: preparada por meio da combinação de vários ingredientes como carnes, leguminosas, cereais, massas ou vegetais. Normalmente, o ingrediente que conferem sabor predominante dará o nome à sopa, como por exemplo: sopa de feijão com macarrão, sopa de legumes. 2. Sopa purê: elaborada com o caldo de carne ou legumes e purê de vegetais. 3. Sopa creme: elaborada com purê de vegetais e molho bechamel (roux + leite). Exemplos: sopa- creme de palmito. 4. Sopa velouté: elaborada com molho velouté (roux + caldo). Exemplo: sopa velouté de espinafre, bisque* de camarão. 5. Consomê (consommé): é um caldo fino e clarificado feito com carne, aves, peixes ou legumes. É servido no inicio da refeição em recipientes especiais, semelhante a xícaras com duas asas. Em geral é quente. Sopas típicas: - Gaspacho: Sopa fria de origem espanhola, com vegetais como tomate, pepino, etc. - Vichyssoise: sopa fria de origem americana, cremosa, feita com batata, cebola, alho-poró, manteiga e caldo de carne. Depois de cozidos, os ingredientes são amassados e acrescidos de leite ou creme de leite e cebolinha picada. • Caldo verde: sopa de origem portuguesa feita com água, batatas cozidas e amassadas, azeite, folhas de couve cortadas bem finas e rodelas de chouriço ou paio. - Minestrone: sopa de origem italiana, feita com cenoura, nabo, alho-poró, repolho picado, carne de porco salgada, tomate, feijão branco, ervilha, vagem e macarrão, servida com queijo parmesão ralado. - Borsch: de origem polonesa, é feita com beterraba, caldo de carne, vinagre, farinha de trigo e creme de leite. Pode ser servida fria ou quente. É comum também em restaurantes russos e judeus. 7o' ESTUDO DIRIGIDO — BASES DE COZINHA, ERVAS E ESPECIARIAS, MOLHOS E SOPAS 1. O que são bases de cozinha? Quais são os ingredientes chaves de cada uma delas? 2. Descreva os principais ingredientes dos molhos básicos. 3. Como se prepara o tomate concassé? 4. Como se prepara uma mirepoix? 5. Como se prepara umacebola piquée? 6. Complete a frase: A manteiga é obtida pela extração da água e resíduos de proteína por meio de cocção lenta (banho-maria). 7. Dê a nomenclatura dos molhos abaixo: - Maionese + catchup = - Maionese + catchup + creme de leite + conhaque = - Molho bechamel + creme de leite + purê de tomates = - Molho de tomate + carne moída: - Molho vinagrete + cebola + tomate picado = 8. O que é um coulls? 9. Pesquise sobre a utilização culinária das ervas e especiarias: - Açafrão: - Noz-moscada: - Alecrim: - Coentro: - Dill: - Tomilho: - Orégano: - Gengibre: 67 HORTALIÇAS E FRUTAS H °dança é a denominação genérica para verduras e legumes. Utiliza-se a denominação verdura quando as partes comestíveis dos vegetais são as folhas, as flores, os botões ou as hastes. Legume quando as partes comestíveis são os frutos, as sementes ou as partes que se desenvolvem na terra. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA Folhas: acelga, agrião, aipo, alface, almeirão, couve, espinafre, repolho, couve, rúcula; Sementes: ervilha, milho verde, vagem; Raízes e tubérculos: beterraba, cenoura, mandioca, mandioquinha, rabanete, batata, cará, inhame, batata-doce; Bulbos: alho, cebola, alho-poró; Flores: alcachofra, brócolis, couve-flor; Frutos: Abóbora, abobrinha, berinjela, chuchu, jiló, pepino, pimentão, quiabo, tomate, maxixe; Caules: acelga, aipo, aspargo, palmito. Fruta é parte polposa que rodeia a semente de plantas. Possui aroma característico, é rica em açúcares solúveis e suco. Normalmente de sabor doce. Pode na maioria das vezes ser consumida crua. Frutos secos são sementes comestíveis, em geral de consistência compacta, protegidas por uma casca dura e são muito ricas em gordura: amêndoa, avelã, castanha de caju, castanha-do-pará, castanha portuguesa, macadâmia, noz e pinhão. VALOR NUTRITIVO A maioria das hortaliças e frutas são fontes de vitaminas, minerais e fibras. Dentre as vitaminas, destacam-se a vitamina C, as vitaminas do complexo B e a pró-vitamina A (beta caroteno), presente em vegetais amarelos e amarelo-alaranjados. Nos minerais, destacam-se o ferro, o cálcio, o potássio e o magnésio. Fibras solúveis e insolúveis são encontradas em diversos tipos de hortaliças. Geralmente, as hortaliças e frutas quase não contem gorduras e são de baixo valor calórico. Algumas exceções são as frutas classificadas como oleaginosas como amêndoas, avelãs, castanhas de caju, castanha-do-pará, nozes, etc. O abacate e o coco também possuem grande concentração de gordura (monoinsaturada e saturada, respectivamente). Entre os nutrientes fornecidos pelas hortaliças e frutas, a vitamina C, a pró-vitamina A (caroteno) e os minerais são os mais importantes. As fibras contribuem para o bom funcionamento intestinal e regulação da absorção de glicose e colesterol provenientes da alimentação. As hortaliças, por seu colorido e variedade, melhoram as características organolépticas do cardápio, favorecendo sua aceitação. 68 Abobrinha, acelga, agrião, aipo, alcachofra, alface, alfafa, almeirão, aspargos, azedinha, berinjela, brócolis, broto de bambu, cebolinha, coentro, couve-flor, espinafre, jiló, maxixe, palmito, pepino, pimentão, rabanete, salsa, tomate, etc. Cerca de 5% Abóbora, beterraba, cenoura, chuchu, ervilha verde, nabo, quiabo, couve-de- bruxelas, vagem, ervilha torta, etc. Cerca de 10% Cerca de 20% Aipim; mandioquinha; batata-doce, cará; inhame, milho verde, fruta-pão, pinhão. Abacaxi, açaí, caju, carambola, goiaba, groselha, melancia, melão, morango, pitanga, etc (abacate, com 19,30 % de lipídeos). Até 5% 5% a 10% Cajá, jaca, laranja, lima, limão, maracujá, pêssego, romã, etc Ameixa, amora, cereja, cupuaçu, damasco, figo, framboesa, fruta-do-conde, graviola, maçã, mamão, manga, pêra, etc. 10% a 15% 15% a 20% Banana, caqui, fruta-pão, marmelo, nêspera, pequi, uva, etc. Tamarindo = 53% de glicídios; tuturubá e uchi = 35% de glicídios Especiais CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE CARBOIDRATOS Esta classificação permite flexibilidade nos cardápios, com substituições sem modificar significativamente o valor calórico da refeição. Fonte: ORNELAS, 2007 FATORES QUE INFLUEM NO PREPARO DE FRUTAS E HORTALIÇAS O tecido das frutas e hortaliças é revestido por uma membrana de celulose e protopectina. Dentro das células são encontrados nutrientes como açúcar, amido, proteína, vitaminas e outros. A celulose, que é uma substancia fibrosa, constitui a base estrutural do tecido vegetal. A protopectina tem ação consolidante, mantendo unidas as moléculas de celulose nas membranas das células e as células entre si. Encontra-se em grandes quantidades nas plantas e frutas verdes; sendo uma substância sólida e insolúvel é, em parte, responsável pela rigidez dessas plantas e frutas. À proporção que se dá o amadurecimento, a protopectina transforma-se em pectina, a qual é solúvel e tem a propriedade de formar gel. O mais alto teor de pectina é encontrado nas frutas que ainda não atingiram pleno amadurecimento. Alguns frutos, como jabuticaba, goiaba, morango e maçã, contêm pectina suficiente para fazer geléia. À medida que as frutas amadurecem, a pectina transforma-se em ácido péctico, o qual não forma gel. Esta é a razão por que as frutas excessivamente maduras não se prestam para fazer geléia. A pectina e o ácido péctico não têm as mesmas propriedades consolidantes da substancia precursora, a protopectina; por isso, a estrutura começa a perder a solidez, tendo com resultado final a separação das moléculas de celulose. Varia muito a quantidade e qualidade de celulose no tecido vegetal. A celulose encontrada nas folhas de verdura como espinafre é muito fina e torna-se macio quando sujeitas a temperatura elevada durante a cocção; já nas hastes e caules de algumas hortaliças como aipo, aspargo e brócolis, encontra- se um tipo de celulose duro e fibroso. O processo de cocção não amolece este tecido suficientemente para que as partes das verduras que a contém se tornem aproveitáveis. Pode-se abreviar o tempo de cocção das hortaliças alcalinizando a água de remolho. Baseados nesse conhecimento é que muitos cozinheiros procuram diminuir o tempo de remolho adicionando bicarbonato de sódio à água, o que é prejudicial porque reduz o teor vitamínico do alimento. 69 A perda de vitaminas e minerais é inevitável durante a cocção, mas pode ser minimizada, por exemplo, pelo reaproveitamento da água utilizada para a cocção, pelo cozimento das hortaliças inteiras e com a casca, pelo cozimento a vapor e também pelo cozimento com a panela tampada, evitando assim, a exposição das mesmas ao ar e, portanto, a oxidação, principalmente da vitamina C. PIGMENTOS E CONSERVAÇÃO DA COR A aparência de um alimento concorre grandemente para a sua aceitabilidade, razão pela qual a cor é uma das propriedades mais importante dos alimentos, tanto naturais quanto processados. A cor em alimentos in natura resulta da presença de compostos coloridos existentes no produto em quantidades variáveis. Verde: hortaliças e frutas verdes possuem maior quantidade do pigmento clorofila, que é solúvel em água. Na presença de ácido a clorofila transforma-se em feofitina de cor verde-oliva ou marrom. As substâncias alcalinas intensificam a cor verde, formando a clorofilina, que é verde brilhante, daí o uso de bicarbonato de sódio, contra-indicado, pois como já foi dito anteriormente, há a destruição de vitaminas. As hortaliças verdes devem ser cozidas rapidamente para que o ácido contido nas células vegetais não venha a modificar o tom verde da clorofila. As folhas tenras devem ser cozidas em pouca água, abafadas e por curto tempo. As folhas mais duras, quando se quer aproveitá-las, devem ser cozidas em quantidade maior de água emebulição, encurtando o tempo de cocção. Usar, então, excepcionalmente, panela destampada, para que se volatilizem os ácidos e os vegetais mantenham a cor verde. A mudança de cor no amadurecimento dos frutos ou envelhecimento dos vegetais é causada pelo desaparecimento das clorofilas, que enquanto presentes mascaram a cor dos outros pigmentos. Hortaliças e frutas amarelas e alaranjadas: a cor é dada pelos pigmentos caroteno e xantofila. Estes pigmentos não são solúveis em água, nem se modificam pela cocção ou acréscimo de ácido ou álcali ao meio de cocção. São exemplos: cenoura, abóbora, manga e outros. Vermelha: a cor é dada pelo licopeno, pigmento semelhante ao caroteno. Exemplos: tomate e melancia. Vermelho-arroxeadas: a cor é dada pela antocianina, pigmento muito solúvel, que na presença de ácido, se torna mais vermelho, e na presença de álcali se modifica para um tom mais arroxeado. A antocianina pode ser destruída quando submetida a altas temperaturas. Exemplos: cereja, morango, repolho-roxo, berinjela, ameixa. O pigmento da beterraba é a betalaina e quimicamente, comporta-se como a antocianina. Branca e branco-amarelada: a cor é dada pelas antoxantinas, pigmentos muito solúveis que na presença de álcali tornam-se amarelados e escurecem com a cocção prolongada. São exemplos, a couve-flor, repolho e batata. Esses alimentos se cozidos em panela de ferro ou cortadas com uma faca de ferro, ficarão com uma cor escura, pouco atraente. EFEITO DO CALOR As frutas e hortaliças possuem os mais diversos sabores que são dados por várias substâncias: açúcares, ácidos orgânicos, compostos aromáticos e taninos e todos podem ser modificados pela cocção. Algumas dessas substâncias que conferem sabor característico ao alimento são solúveis em água e podem perder-se durante a cocção; outras podem evaporar-se (cebola e alho, por exemplo) e outras ainda podem ter o sabor acentuado, quando cozidas em excesso, como é o caso do repolho, nabo, brócolis. 70 O sabor das hortaliças que contém açúcar ou amido também pode ser modificado. Batatas, maçãs ou bananas, por exemplo, assadas ou fritas, têm sabor característico, diferente do vegetal fresco ou cozido sem corar. A textura das hortaliças é determinada pela quantidade de água e de celulose que contêm. Espinafre por exemplo, contem elevada quantidade de água e pouca celulose. Os galhos de brócolis contem mais celulose do que as folhas e por isso necessita de mais tempo de cocção. Dessa forma, menor é a temperatura quando o tempo é longo e abreviado é o tempo de cocção quando se submete o alimento a altas temperaturas, inclusive sob pressão. EFEITO DOS ÁCIDOS O ácido do sumo de limão ou do vinagre endurece a celulose das frutas e hortaliças cruas e, se for adicionado enquanto estiverem cozinhando, o tempo de cocção é prolongado. Por esse motivo, os temperos contendo ácidos devem ser adicionados depois que os vegetais estiverem cozidos. (Atenção: nas fibras musculares da carne, o ácido exerce efeito contrário, isto é, amacia o tecido muscular). O ácido adicionado após a cocção recupera a cor vermelho vivo de alimentos contendo antocianinas, como o repolho-roxo e a betalaina da beterraba, por exemplo. O meio ácido e na presença de açúcar a pectina precipita-se e forma a geléia. Frutas ricas em pectina e que tenham certo grau de acidez são as mais indicadas para esse tipo de preparação, como morangos, uva, maçã, figo, goiaba, laranja, etc. EFEITO DO SAL OU AÇÚCAR Devido a osmose, a textura dos tecidos vegetais murcha e encolhe na presença de soluções concentradas de sal ou açúcar. CUIDADOS E ARMAZENAMENTO As frutas possuem um invólucro natural, a casca, que as protege de perdas por oxidação de vitaminas, dissolução de substâncias nutritivas e evitam a contaminação. Quando a fruta é colhida antes do amadurecimento completo, deve ser mantida na temperatura ambiente até atingir o grau desejado de maturação. Será então colocada em temperatura ao redor dei 0°C, no gavetão da geladeira ou em câmaras frigoríficas próprias. As hortaliças frescas, colhidas ao atingirem o ponto ideal de maturidade, são melhores logo após terem sido colhidas. A qualidade das frutas e hortaliças compradas em estabelecimentos comerciais é determinada por diversos fatores como condições de armazenamento e transporte, tempo de transporte, e embalagem. Hortaliças mantidas a temperatura ambiente diminuem seu teor vitamínico além de sofrerem com mais facilidade, as ações de microorganismos como bactérias e fungos, deteriorando-se mais rapidamente. Além disso, o armazenamento adequado retarda a ação de enzimas que atuam no processo de maturação de vegetais. As condições de armazenagem necessárias para a conservação da qualidade de frutas e hortaliças frescas são determinadas pelas características desses alimentos. As hortaliças de raiz ou tuberosas, como a batata, mandioca e cebola seca, devem ser conservadas em lugar fresco e seco, não precisando ser guardadas sob refrigeração. Vegetais folhosos e frutas com fina casca de proteção, devem ser mantidas sob refrigeração. As hortaliças devem ser limpas antes de acondicioná-las e conservá-las, porém deixá-las, de preferência, com a casca e inteira, sem solução de continuidade, até o dia em que forem utilizadas. Mantê-las secas e em recipientes apropriados para evitar a deterioração precoce. Quando se deseja guardar hortaliças suculentas, como brócolis, ervilhas, espinafre, couve, etc., por mais tempo ou mesmo para congelamento, é necessário submetê-las a um processo conhecido com "branqueamento", que inativa a ação de enzimas, interrompendo, portanto, o processo de maturação. 71 fac enstibaT Pigmentos Cor Água, celulose, hemicelulose, substâncias pécticas (fibras insolúveis e solúveis) Textura Sabor e aroma Ácidos orgânicos, taninos, compostos sulforados, açúcares, alcalóides. Amarela, laranja, avermelhada Cenoura, tomate, manga, milho amarelo, açafrão, pimentão vermelho, abacaxi, etc Verde-oliva a acastanhado (feofitina) Verde brilhante (clorofilina) Verde Morango, amora, acerola, jabuticaba, berinjela, uva, feijão preto, etc. ANTOXANTINA Clara, branca Marrom Escurecimento Cebola, alho, repolho Clara, Não Não significativa significativa Aumenta intensidade da cor CAROTENOIDES CLOROFILA Verde-oliva a acastanhado Hortaliças verdes Vermelho, azul, roxa Alguns perdem a Cor ANTOCIANINA Vermelha Azul, roxa Hortaliças beneficiadas pelo processo de branqueamento podem ser assim conservadas na geladeira por mais 2 ou 3 dias, o que não seria possível de outra maneira, ou mesmo congeladas e armazenadas por vários meses. Para servir, é suficiente terminar de cozinhar e temperá-la. SABOR E AROMA Como relatado anteriormente, existem inúmeras substâncias odoríferas nas hortaliças e frutas. Estas substâncias, além do aroma, conferem também sabor. Entre estes compostos que conferem aroma e sabor acentuados encontram-se os compostos sulforados voláteis (que contém enxofre) como, por exemplo: - alho e cebola: alilsulffrico - mostarda: isotiocianato de alilo - repolho, couve-flor e brócolis: combinação de hidrato de carbono com sulfocianeto de alilo. - pimenta: capsaicina e piperina. Os ácidos orgânicos são responsáveis pelos sabores e aromas, mais particularmente nas frutas. O conteúdo varia de um tipo a outro, em um mesmo vegetal, segundo o grau de desenvolvimento ou maturação. Citam-se como exemplos: o ácido cítrico (frutas cítricas), ácido málico (maçã), ácido tartárico (uvas), ácido oxálico (morango e laranja) e o ácido benzóico (ameixa). A sacarose, frutose e glicose são os açúcares que conferem o gosto doce às frutas maduras. Resumo dos componentes relacionados às características sensoriais: Resumodas alterações nos pigmentos em alinentos de origem vegetal 72 branca, amarelada branco, couve-flor, etc BETALAINA Rosa, vermelha e amarela Vermelho Marrom Escurecimento Beterraba ESCURECIMENTO DE VEGETAIS No transporte, processamento, armazenamento e manipulação de hortifrutis, frequentemente ocorrem rupturas dos seus tecidos, produzindo alterações indesejáveis que comprometem principalmente a cor dos produtos. Estas reações de escurecimento se devem, em grande parte, a oxidações enzimáticas. O escurecimento enzimático consiste na reação de enzimas que oxidam alguns compostos presentes nos alimentos (compostos fenólicos). A melanina (composto escuro) é o produto dessa reação. O escurecimento não enzimático é favorecido pelos tratamentos de calor e inclui uma ampla variedade de reações químicas, como a reação de Maillard, e a caramelização. Diversos tratamentos físicos evitam o escurecimento dos legumes e frutas que são cortadas, como a refrigeração, o congelamento, a inativação das enzimas através da cocção ou a adição de ácido ascórbico que possui ação antioxidante. SENESCÊNCIA E MATURAÇÃO Dentre as alterações que ocorrem com o envelhecimento das células vegetais destacam-se: - Diminuição do valor nutricional. - Perda de textura ou amolecimento causada por reações enzimáticas naturais que degradam as paredes celulares. - Modificação de cor: a clorofila é substituída por outros pigmentos. - Modificação de sabor e textura provocados pela quebra do amido em açúçares mais simples, o que torna as frutas mais doces e mais macias. - Diminuição da acidez e do teor de taninos em frutas. - Transformação da protopectina em pectina e esta, em ácido péctico na fruta já passada, o que ocasiona a desintegração da fruta. - Perda de água, o que torna os vegetais frescos "murchos", e enrijecimento dos grãos de cereais e leguminosas. DICAS PARA O PREPARO DE HORTALIÇAS 3 Cortar o mais próximo possível do preparo e de servir. •( Preparar inteiras ou subdividi-las o menos possível. 3 Cozinhar de preferência com casca. ./ Aproveitar a água de cocção de hortaliças para sopas, molhos e ensopados, enriquece o sabor e o seu conteúdo nutricional. ,( Não cobrir o recipiente onde se cozinha (para que os ácidos se volatizem). ,r Dar preferência para a cocção a vapor, sempre que possível. 73 • Hortaliças ricas em enxofre (couve-flor, repolho, nabos) devem ser cozidas em bastante água e com panela destampada para que os ácidos aromáticos se volatizem. Não cozinhar demais para não produzir sabor indesejável e escurecer a cor. 3 As hortaliças amarelas e vermelhas contendo caroteno, xantofila e licopeno não perdem a cor quando cozidas em água. Para evitar perda de nutrientes por dissolução, aconselha-se o cozimento em pouca água e fogo brando. •( Nas hortaliças arroxeadas deve-se evitar a perda de pigmento e nutrientes por dissolução, recomendando-se então pouca água na cocção. No caso da beterraba que necessita de muita água no processo de cocção, cozinhar sempre com casca e inteira. Pode-se também assá-la. 3 Acrescentar um pouco de vinagre ou sumo de limão na água de cocção de hortaliças arroxeadas (repolho roxo, beterraba) acentua a cor sem prejudicar seu valor nutricional (aproximadamente uma colher de sopa para cada litro de água). s( A cocção por calor seco acentua a cor de hortaliças como a cenoura e a batata. A adição de uma pequena quantidade de açúcar também acentua a cor e o dourado, ao caramelizar-se. Preparações à base de frutas Em calda Camadas de açúcar e fruta em caçarola funda e tampada. As frutas cozinham em seu próprio suco, resultando em uma calda encorpada mantendo o formato da fruta. Compota Frutas frescas ou secas, inteiras ou cortadas no formato desejado cozidas em calda rala ou edulcorante não calórico até abrandar, mas sem desintegrarem. Doce em pasta (doces de corte) Frutas cozidas até desintegrarem-se, peneiradas e cozidas com açúcar (60% a 70% de açúcar), apurando-se até o ponto de desejado. Geléia Frutas ricas em pectina e ácidas são as mais indicadas: maçã, uva, morango, goiaba, laranja, etc. são cozidas com açúcar e 1/3 de água. Fruta seca A secagem da fruta para fazer passas concentra nutrientes como os glicídios, as fibras e minerais. Caramelada Fruta fresca, inteira ou fatiada envolvida em caramelo. Glaçada Fruta inteira ou em fatia envolta por líquido fino que após endurecer deixa a fruta lisa e brilhante. Cristalizada Processo de conservação onde a fruta é fervida várias vezes, em sequencia, em uma calda densa, até que seu suco seja substituído por açúcar. 74 ATIVIDADE 5— ESTUDO DIRIGIDO SOBRE HORTALIÇAS E FRUTAS 1. Diferencie verdura de legume. Exemplifique. 2. Quais são os principais nutrientes presentes nos vegetais? 3. Descreva a influência das substâncias pécticas sobre a textura das frutas. 4. Quais as alterações em relação a pigmentação nos vegetais verdes quando se utiliza: - meio ácido: - meio básico: - cocção excessiva: 5. Resuma as principais alterações que ocorrem com os vegetais em decorrência do processo de maturação e senescência. 6. Quais são as principais substâncias presentes nos alimentos vegetais que conferem aroma e sabor? 7. Como ocorre o escurecimento de vegetais? 8. Sugira pelo menos duas formas de se evitar a perda de nutrientes no preparo de vegetais. 75 CEREAIS Os cereais são grãos provenientes das gramíneas, cujas sementes dão em espigas. São largamente consumidos em todo o mundo pela facilidade de seu cultivo, conservação, alto valor calórico e baixo preço, sendo o alimento básico de várias populações. O nome cereal deriva de Ceres, deusa grega da agricultura e da colheita. Os principais cereais cultivados são: o arroz, milho, trigo, aveia, cevada, centeio. Dos cereais são extraídos os principais ingredientes de muitas preparações culinárias como as farinhas, com as quais são feitas massas, pães, bolos e outros produtos da culinária doce e salgada. Na botânica existe uma classificação de pseudocereais, como a quinoa que possui um elevado conteúdo de amido. Para fins nutricionais ela compõe a base da pirâmide de alimentos, juntamente como arroz, trigo, cevada e outros cereais. VALOR NUTRffIVO Do ponto de vista nutricional, são considerados principalmente, alimentos fontes de carboidratos complexos e energia, pois são constituídos principalmente de amido. Quando não refinados, são excelentes fontes de fibras e vitaminas, como a vitamina B1 (tiamina), B2 (riboflavina) e B3 (niacina). Os cereais contêm, também, proteína em quantidade variável, dependendo do alimento (6% a 18%). No entanto, são deficientes em aminoácidos (Usina, treonina e triptofano), mas que pode ser compensada com a combinação de alimentos. O feijão, por exemplo, é rico em lisina e complementa a lisina do arroz. Por sua vez, o feijão é pobre em metionina e se complementa com a metionina do arroz. Essas combinações resultam em proteínas de melhor valor nutricional. A proporção adequada entre feijão e arroz é uma parte de feijão para três partes de arroz. Os cereais integrais possuem mais fibras, vitaminas e minerais quando comparados aos cereais refinados. No caso da quinoa, ela apresenta em sua composição 10 a 18% de proteína, 5 a 9% de gordura total, 54 a 64% de carboidratos e 2 a 5% de fibra total. O grão de quinoa tem excelente digestibilidade, alto conteúdo de lisina (aminoácido limitante em cereais), além de fornecer importante quantidade de vitamina e minerais, sobretudo a vitamina E, ferro e cálcio. ESTRUTURA Os cereais possuem várias estruturas distintas: casca, películas, endosperma e germe que apresentam valores nutritivos diferentes: a casca e película são constituídas de celulose, minerais e vitaminas.O endosperma é rico em amido. Entre os grãos de amido, encontra-se o glúten (proteína). O germe (embrião) é fonte de gordura, proteínas de baixo valor biológico e vitaminas lipossolúveis, principalmente vitamina E. O beneficiamento dos cereais consiste na retirada da casca, películas e do germe, restando o amido e as proteínas de baixo valor biológico. 76 Casca Endosperma "Película Germe O Grão: a parte do cereal que se recolhe, transporta e armazena é o grão, que é composto por: a. Germe - de onde se formará a futura planta (2% ou 3% do peso total); b. Endosperma - que é a reserva interna de alimento em forma do amido (81% a 84% do peso total); c. Casca - que são as capas externas (14% a 16% do peso total). O Germe e o Endosperma exterior, juntamente com a casca, proporcionam a maior parte da gordura, da Vitamina E (germe), das vitaminas e outros minerais (principalmente vitaminas do complexo B e ferro). Contudo, a distribuição dos nutrientes pelas diferentes partes não é uniforme. Ao contrário do amido que se encontra só no endosperma, as proteínas estão distribuídas por todo o grão e as fibras quase que se limitam apenas à casca. No processo de moagem do trigo (ou de polimento, no caso do arroz), a casca é separada do germe. O produto final (de refinamento variável) é considerado mais apetitoso porque não contém as fibras celulósicas indigedveis, e é mais fácil de conservar porque se separam as gorduras que podem criar ranço durante o seu armazenamento. No entanto, o seu valor nutritivo é menor que o do grão integral (ou inteiro). Assim, os grãos integrais são aqueles que não foram polidos. Tendem a estragar-se mais rapidamente que os polidos, e portanto devem ser adquiridos em quantidades que possam ser utilizadas em período relativamente curto. CEREAIS MAIS CONSUMIDOS 1 — Arroz (grão da Oryza saliva): o arroz é conhecido pelos chineses há mais de três mil anos. Possui aproximadamente 2.500 variedades classificadas em função do tamanho dos grãos. Entre elas estão: longo fino (agulhinha), carioca, cateto, entre outros. Além do consumo básico, podem-se preparar farinhas e bebidas. No Brasil, a classificação é regulamentada pelo Ministério da Agricultura em tipos 1, 2, 3, 4, 5 e abaixo do padrão. Os tipos são definidos conforme a percentagem de grãos quebrados ou com defeitos. Comercialmente, podemos encontrar vários tipos: - Arroz polido: comumente conhecido como arroz branco. Seus grãos podem ser curtos e redondos (tendem a empapar com mais facilidade), médios (arroz de risoto) e longos (o mais utilizado, pois quando preparado corretamente, fica com os grãos bem soltos). - Arroz arbóreo: é uma variedade de arroz italiano, com grãos grossos, redondos e brancos. Tradicionalmente utilizado no preparo de risotos, pois, após cozido, sua consistência fica "ai dente" e cremosa já que absorve uma maior quantidade de líquidos sem desintegrar-se. - Arroz parboilizado: no processo de parboilização, o arroz integral é colocado em tanques com água quente por algumas horas, o que faz com que as vitaminas e sais minerais migrem para o interior do grão. Então, o arroz úmido é submetido a uma temperatura mais elevada (sob pressão), provocando a compactação do grão e fixação das vitaminas e minerais. Assim, o arroz é secado para posterior descascamento, polimento e seleção. O arroz parboilizado é considerado um arroz semi-integral, pois é mais rico em nutrientes quando comparado ao arroz branco. 77 - Arroz selvagem: é uma gramínea aquática, mas de outra classificação botânica, de longas sementes escuras. Possui elevado valor nutricional e sabor característico. Geralmente utilizado como acompanhamento para carnes e aves. Apresenta textura emborrachada e sabor amendoado. - Arroz integral: é o grão do qual se remove apenas a casca. A estrutura do grão não foi alterada e portanto mantém-se a integridade de seus nutrientes. São mais nutritivos que o polido - Arroz jasmine: perfumado, típico da culinária tailandesa, sendo cozido em bastante água e escorrido. - Arroz japonês ou sasanishiki: grãos médios, curtos e arredondados, ideal para o preparo de sushis e bolinhos. - Arroz instantâneo: obtido do arroz branco, integral ou parboilizado. Por meio de uma cocção úmida e rápida, suas paredes celulares são rompidas e ocorre a gelatinização. Posteriormente os grãos são secos e embalados. Para seu preparo, basta acrescentar água fervente. 2 — Aveia (grão da espécie Avena): Mais de 75% do total cultivado no mundo é de A. sativa (aveia branca). Rica em fibras, vitaminas do complexo B, cálcio, fósforo e proteínas. No beneficiamento, quase todo o germe da aveia é retido, o que faz com que esse cereal seja mais rico em gordura e vitamina E que os demais cereais. Pode ser ingerida sob a forma de flocos, farinhas, farelo, grãos e em preparações doces ou salgadas, quentes ou frias. A aveia está entre os alimentos considerados funcionais, auxiliando na prevenção de doenças cardiovasculares (1 colesterol ruim), devido seu alto teor em fibras solúveis, ácidos graxos polinsaturados e vitamina E. 3 - Centeio: típico da Europa central contém vitaminas do complexo B, ferro e outros minerais como . potássio, manganês, zinco e cobre. É encontrado em farinha e flocos e como a farinha é produzida do_ _ grão integral, é de cor escura e mais rica em nutrientes. Por ter pouco glúten produz um pão que se conserva melhor e de mais fácil digestão. Produz whiskey norte-americano. 4 — Cevada (Hordeum vulgare sp.): é o cereal mais antigo da história da humanidade. Mais conhecida por ser matéria-prima da cerveja e do uísque escocês (o malte origina-se da germinação do grão da cevada). Na culinária, pode ser utilizada em sopas, mingaus ou cremes. Torrada e moída transforma-se em pá que pode substituir o café. 5 - Milho: grão de Zea mays, originário da América e levado para a Europa no século XVI pelos espanhóis. O milho é encontrado em inúmeras variedades, verde ou seco, congelado ou em conserva. Na culinária como legume pode ser cozido, assado, grelhado, preparado em saladas, sopas, cremes, pudins, suflês, tortas, sorvetes, pipoca, entre outros, além da fabricação de farinha de milho e fubá. Há ainda outros derivados do milho como o óleo, o xarope e o amido de milho. 6 — Trigo (Tdticum aestivum): é o cereal mais cultivado no mundo e um dos mais utilizados desde a Antiguidade. É utilizado em grande parte por seus subprodutos: farinha, farelo, semolina, germe de trigo e óleo. Como cereal pode ser cozido ou simplesmente integral e partido (trigo para quibe: bulghur). No Brasil, foi trazido por Martin Afonso. O trigo é composto, principalmente, por amido e contém uma proteína denominada glúten. É utilizado principalmente, na forma de farinha para o fabrico de pães, biscoitos, bolos, e massas em geral. O trigo sarraceno, apesar do nome, é um cereal diferente do trigo. Seu nome deriva da cor morena dos grãos, associada à cor morena dos sarracenos (árabes). Por não possuir glúten pode ser utilizado por portadores de doença celíaca. 7 — Quinoa (Chenopodium quinoa): o nome tem origem quéchua — o idioma Inca, e significa Grão-Mãe ou Grão-de-Ouro. Sua utilização na culinária é ampla, podendo ser incorporados a saladas ou cozidos como substitutos do arroz, a quinoa em flocos pode ser polvilhada sobre frutas ou iogurtes. A farinha é a melhor opção para o preparo de massas, pães, tortas, bolos e biscoitos, o que permite sua utilização por pacientes portadores de doença celíaca, devido à ausência de glúten. 78 FARINHAS As farinhas são obtidas a partir da moagem dos grãos de cereais ou também de sementes e raízes. Quando processado e bem moído, o trigo geralmente é usado na confecção de produtos assados. - Farinha de trigo integral: é preparada pela moagem do grão de trigo completo, istoé, 100% de taxa de extração. - Farinha de trigo branca: é resultado da moagem dos grãos, sem o farelo e o germe. É classificada em função do teor de cinzas e proteínas na sua composição em tipo 1 e tipo 2. A farinha de trigo tipo 1 tem baixo teor de minerais, boa porcentagem de glúten e é própria para bolos, pães levedados e massas. A farinha de trigo tipo 2 apresenta um teor mais elevado de minerais e vitaminas, porém, menor porcentagem de glúten, uma coloração amarelada sendo mais indicada para o preparo de bolos, biscoitos, tortas e pães de menor crescimento. - Fécula: é o amido encontrado nas raizes e tubérculos e cereais. - Farelos: são os resíduos mais grosseiros dos cereais moídos (casca). Nos cereais integrais são deixados e moídos juntos (> teor de vitaminas e minerais); nas farinhas beneficiadas os farelos são retirados. - Sêmola ou semolina: produto obtido pela moagem de cereais; é o produto resultante do primeiro estágio, rico em glúten. Outras farinhas disponíveis no mercado são: a farinha de arroz, de centeio, de milho, de mandioca, integral, de glúten, entre outras. CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS DOS CEREAIS As características funcionais dos cereais são decorrentes do amido e do glúten. Amido: constituinte principal do endosperma, o amido é um polissacarideo composto de vários polímeros de glicose, com predomínio da amilose e amilopectina. A proporção de amilose e amilopectina varia entre as diferentes espécies e na mesma espécie, de acordo com o grau de maturação da planta. A amilose tem maior solubilidade na água, facilitando a formação de géis. A amilopectina, por sua vez, é insolúvel em água e, portanto, não contribui para a formação de géis. Por exemplo, o arroz de grão curto possui de 12% a 15% de amilose enquanto o de grão longo apresenta um teor entre 15% a 25%. Esta é a razão pela qual o arroz de grão longo fica mais alto, soltinho e menos pegajoso quando cozido do que o arroz de grão curto. Arroz com alto teor de amilose, normalmente, apresentam grãos secos e soltos e ficam duros após o resfriamento. Ao contrário, com baixo teor de amilose, o arroz fica mais macio, aquoso e pegajoso no cozimento. Teor intermediário de amilose proporcionam grãos mais enxutos, soltos e macios mesmo após o resfriamento. O amido apresenta-se em forma granulada e de cor branca, insolúvel na água e sem sabor. Em água quente, o amido toma-se hidrófilo, pois a membrana que o envolve torna-se permeável, absorve água e incha lentamente, até atingir cerca de três vezes seu volume inicial. Esse fenômeno é conhecido como uelatinização. 79 A temperatura de gelatinização (TG) do amido refere-se à temperatura de cozimento na qual a água é absorvida e os grânulos de amido aumentam irreversivelmente de tamanho, com simultânea perda de cristalinidade. A gelatinização inicia-se quando a solução atinge 60°C de aquecimento. Aos 70°C o líquido é viscoso; a 85°C já se tem uma massa mais sólida, gelatinosa. Aos 95°C ocorre o máximo de gelatinização, quando há a formação de uma massa translúcida que constitui a goma do amido. É o que ocorre, por exemplo, com o arroz cozido, mingau. A gelatinização do amido é o fenômeno responsável pela consistência de produtos como molhos, pudins, mingaus, etc. Prosseguindo o aquecimento, em temperatura mais elevadas, as moléculas de amido rompem- se (hidrólise do amido), formando e liberando dextrina que é semi-solúvel. Esse processo é conhecido como dextrinização. Exemplo: quando o mingau "desanda". O calor seco também provoca a dextrinização do amido. No aquecimento prolongado e acima de 150°C, ocorre a hidrólise do amido e liberação da dextrina, formando um produto mais escuro, amarelado e tostado. É o que ocorre, por exemplo, nas farinhas tostadas e na preparação do roux. A dextrinização melhora a digestão do amido, por isso, as farinhas dextrinizadas são também utilizadas na alimentação infantil. Outro fenômeno que ocorre com o amido é a retrogradação. Como colocado anteriormente, durante a cocção, em presença de água, o amido gelatiniza, pois os grânulos absorvem água e incham formando uma rede espessa, o gel. Em repouso, porém, a rede de amido começa a se contrair e espremer para fora a maior parte da água. É o que vemos, por exemplo, no pudim ou no molho branco deixado em repouso ou o aumento da firmeza do pão durante o armazenamento. Em meio ácido, a membrana do amido se rompe e não absorve o mesmo volume de água. Portanto, se a alguma preparação de pudim ou mingau for acrescentado suco de laranja ou limão, por exemplo, deverá haver uma proporção maior de amido que a habitual nas preparações com leite. O açúcar nos pudins à base de amido tem o efeito de amaciar o gel e torná-lo mais transparente. Sendo adicionado em concentração acima de 50% impede a formação de gel e produz uma mistura fluida e melosa. Efeito da agitação sobre a consistência do amido cozido: durante o processo de cocção os grãos de amido tornam-se frágeis, podendo ser rompidos facilmente pela agitação. Eis a razão pela qual a consistência de uma mistura amilácea cozida é reduzida quando é mexida demasiadamente durante ou depois da cocção. COCÇÃO DOS CEREAIS O principal método de cocção dos cereais em grãos é o calor úmido. Algumas farinhas podem ser submetidas ao calor seco para o preparo de farofas ou úmido (cuscuz). - Cereais integrais => necessitam de remolho para uma hidratação parcial do grão, facilitando a cocção. Exemplos: trigo em grão e farelo. - Cereais tratados (farinhas) => devem ser uniformemente misturados à água para facilitar a gelatinização e não formar grumos. Deve-se misturar sempre em pequenas quantidades em líquido frio antes do meio quente. Exemplos: amido de milho e féculas. - Cocção de arroz polido => a lavagem elimina o excesso de amido, a dextrinização da camada externa em gordura quente (refogado) assegura que os grãos fiquem soltos e íntegros. A proporção de água normalmente é de 2:1. ARMAZENAMENTO Os cereais devem ser armazenados em local seco e arejado, sem luz solar, à temperatura ambiente, em estrados e livres de insetos e roedores. 80 MASSAS Este termo é utilizado para designar uma grande diversidade de preparações cujo ingrediente básico é a farinha de trigo pelo fato de ela possuir grande quantidade de glúten, proteína indispensável para a confecção de massas de maior aceitação. Outros cereais como o centeio, a cevada e a aveia também contem glúten, daí se conseguir pão destas farinhas. CLASSIFICAÇÃO DAS MASSAS 1. SEGUNDO A SIMILARIDADE DOS GÊNEROS UTILIZADOS NA CONFECÇÃO: - massas de panificação: linha de pães, croissant, panetones, roscas, sonhos, etc. - massas de confeitaria: massa folhada, massa brisée (quebradiça), massa choux (massa de bomba e Carolina), sablé (arenosa). - massas ou pastas alimentícias: massas de macarrões. - massas de bolos e tortas. - massas de crepes. - massas de salgadinhos: coxinha, rissoles, bolinha de queijo, etc. - massas para pizza e esfiha. 2. SEGUNDO ALGUMAS TÉCNICAS DE PREPARO: - massa batida: bolos, tortas úmidas e crepes. - massa unida: brisée, sablé, biscoitos. - massa fermentada: pizza, esfiha, pães, panetones. - massa cozida: choux, massa para salgadinhos. - massa folhada: vol-au-vent, mil folhas, palmieres. - massa sovada: linha de macarrões e pastéis. Nem sempre é adotado um único procedimento de preparo, havendo uma combinação de técnicas. Exemplo: existe croissant de massa fermentada depois de folhada e pães sovados e fermentados. INGREDIENTES E FINALIDADES NO PREPARO DE MASSAS: 1- FARINHA DE TRIGO Como colocado anteriormente, o grão de trigo é composto por casca, germe e endosperma, sendo este último, o mais presente. Na moagem o endosperma é separadodos demais componentes e moído para dar origem à farinha de trigo branca. A farinha de trigo é o componente estrutural da massa e 81 constitui o ingrediente fundamental para obtenção do pão. A farinha obtida do trigo é a mais utilizada para fazer massa fermentada devido a sua composição: • Amido: 70% a 80% de sua composição. • Proteínas solúveis: albuminas e globulinas • Proteínas insolúveis: as gliadinas e gluteninas quando hidratadas e sob energia mecânica formam uma rede tridimensional, viscoelástica, insolúvel em água, aderente, extremamente importante por sua capacidade de influenciar a qualidade dos produtos de panificação e de massas, chamada glúten. É a formação do glúten que torna a massa elástica, adequada para a produção do pão fermentado. O glúten faz com que a massa tenha liga e possibilita a retenção de gás carbônico para o seu crescimento, portanto, quanto maior a proporção de glúten na farinha, mais dura será a massa e melhor para a fabricação de pães. O glúten tem duas funções importantes: dar extensibilidade (quando submetido ao esforço de tensão, não oferece resistência e se estica) e elasticidade à massa (resiste ao esticamento tentando voltar ao seu estado natural). Em contato com o calor o glúten coagula, conferindo a crocância do pão fresco. O pão velho é elástico porque o glúten, mesmo cozido, absorve água adquirindo elasticidade. Existem três espécies de trigo: Trigo duro (Triticum vulgares) 12 a 13% pão Trigo durum (Triticum durum) 13,5 a 15% massas Trigo club/mole (Triticum compactum) 7,5 a 10% biscoitos e bolos 2 — AGENTE DE CRESCIMENTO O agente de crescimento deve estar uniformemente incorporado à massa, tendo como finalidade dar porosidade e leveza ao incorporando ar, que ao ser aquecido, expande determinando o crescimento. Tipos de agentes de crescimento: - Físico: que proporcionam a formação de espumas e incorporação de ar (batimento do açúcar com gordura, líquidos batidos, peneirar os ingredientes secos, claras -em neve). - Biológico: as leveduras (Saccharomyces cerevisiae) desdobram a sacarose em monossacarídeos para utilizá-los como fonte de energia, produzindo álcool e gás carbônico. O crescimento é mais lento e necessita de temperatura adequada (em torno de 25 a 30°C). - Químico: compostos que liberam CO2 na presença de água (fermento químico em pó, bicarbonato de sódio, cremor de tártaro). O crescimento é rápido. 3 — GORDURAS As gorduras conferem sabor e maciez à massa. 0 seu estado físico e quantidade (sólida, semi- sólida ou liquida) interferem diretamente nos resultados. As gorduras mais apropriadas para a massa de pastelaria, pão doce, bolos, etc., são aquelas que se apresentam sólidas à temperatura ambiente. Os empregos obtidos pelo emprego da gordura nas massas variam. No caso da massa folhada, a técnica de confecção desta preparação faz que tênues camadas de massa fiquem separadas por gordura, obtendo assim a massa em escamas, devido o efeito isolante da gordura. 82 Nas receitas comuns de bolo, a gordura é batida inicialmente com as gemas e o açúcar, tomando aspecto cremoso. Ao se incluir a farinha, o creme age sobre as proteínas, evitando a formação do glúten mesmo após a adição de liquido. Para a fabricação de massas a interação entre amido, proteínas e gordura são também responsáveis pela retenção de CO2 no processo de crescimento da massa. 4 — AÇÚCAR Além de conferir sabor, a sacarose proporciona substrato para a ação dos fermentos biológicos e retém a umidade do produto preparado. Por meio da reação de Maillard proporciona cor e aroma aos produtos. 5 — OVOS Há preparações que só levam gemas, o que favorece a cor e sabor. A gema também age como isolante do glúten na massa, tendo o mesmo efeito da gordura, isto é, tornando-a mais macia. Os ovos também exercem funções de aeração com o batimento, ligantes, emulsificantes, aromáticos e aumentam o valor nutricional das massas. 6 — LÍQUIDOS São importantes para a gelatinização do amido, desenvolvimento do glúten e na dissolução dos ingredientes. Dependendo do modo como são adicionados à massa colabora com o seu crescimento, pois com a cocção, parte da água é absorvida pelo amido e outra parte transforma-se em vapor, facilitando o levantamento da massa. 7 — SAL Além de conferir sabor, evita que a massa se desmanche ao corte, mantém umidade. O sal faz com que a massa fique mais "forte", ou seja, o sal aumenta a resistência à extensão do glúten, mas em excesso exerce efeito ao contrário, isto é, desestabiliza o glúten e diminui a ação de leveduras. MODIFICAÇÕES DURANTE A COCÇÃO - ao ser colocada no forno, a massa deve crescer pela ação do calor sobre as partículas de gás carbônico, que se expande à medida que vão sendo liberadas pela reação química do fermento. A temperatura deve estar entre 170 0 a 180°C, exceto para bolos à base de ovos (pão-de-ló), que deve estar em tomo de 120° a 160°C. É preciso dar tempo dar tempo para que o crescimento ocorra lento e uniforme. - o aquecimento transforma a água de composição da massa em vapor, facilitando o levantamento da mesma. Parte da água é absorvida pelas partículas de glúten, dando estrutura ao bolo ou pão. - depois do crescimento, após 20 a 30 minutos de cocção (dependendo do tipo de massa), doura-se a superfície (reação de Maillard), podendo-se aumentar a temperatura do forno. O calor acima de 150°C dextriniza o amido da superfície, carameliza o açúcar das massas e desidrata a superfície formando uma crosta. 83 FATORES QUE AFETAM A MASSA - tipo, qualidade e proporção dos ingredientes. - tamanho e formato da forma e do equipamento. - ordem e método para misturar. - tempo e temperatura para assar e depois de assar para manipular. - forno muito alto => Glúten não coagula => Resulta em pão ou bolo solado. MASSAS ALIMENTÍCIAS De acordo com a ANVISA (RDC 93/2000), massa alimentícia é o produto não fermentado, apresentado sob diversas formas, recheado ou não, obtido pelo amassamento mecânico de farinha de trigo comum e/ou sêmola ou semolina de trigo e/ou farinha de trigo integral e/ou derivados de cereais, leguminosas, raízes ou tubérculos, adicionados ou não de temperos e/ou outros complementos. São classificadas de acordo com o teor de umidade em secas, frescas, instantâneas ou pré- cozidas; com o formato em longas e curtas e de acordo com a composição em mista de farinhas, recheadas, com ovos, etc. COCÇÃO DE MASSAS ALIMENTICIAS De acordo com as orientações encontradas em "Técnicas Básicas de Gastronomia" (SENAC — SP): • Para cada 100g de massa seca de macarrão, o ideal é utilizar 1 litro de água. Usar sempre uma panela grande. Quando a água ferver, colocar o macarrão e 1 colher de sopa de sal para cada litro de água. • Manter o fogo forte do início ao fim do cozimento. O macarrão deve ser sempre cozido "al dente", ou seja, firme e consistente.Deve-se lembrar que seu cozimento continua fora da água, até o resfriamento. O tempo de cozimento do macarrão vem, normalmente, indicado na embalagem. O normal é que leve de 8 à 11 minutos. • Para saber se o macarrão chegou ao ponto certo, não há melhor regra que aquela de extrair um fio e mastigá-lo. Escorrer bem o macarrão em um passador e servir com o molho preferido. • Não passar o macarrão em água fria, somente no caso de saladas. • Não quebrar o espaguete para colocar na água. • O per capita varia de 60 a 100 g de massa seca e o volume triplica. FORMATOS E MOLHOS • Longos e finos, como o espaguete, ficam melhor com molhos líquidos para envolver bem os fios, alho e óleo, molho de carne e molho de soja com vegetais. • Longos e largos, como o talharim, combinam com molhos concentrados como Alfredo ou bolonhesa. • Formatos especiais, como farfale, parafuso ou conchinha, vão bem com molhosde carnes e vegetais ou como salada principalmente com molho de iogurte. • Pequenos, como cabelo de anjo, combinam com molhos vinagrete em saladas ou, no seu uso mais comum, em sopas. 84 85 LEGUMINOSAS Leguminosas são grãos contidos em vagens ricas em tecido fibroso. São usualmente consumidas secas, mas algumas espécies podem ser consumidas ainda verdes (ervilhas e vagens). Estrutura: os grãos apresentam uma envoltura de celulose, que representa 2% a 5%, e contêm no seu interior 50% de amido e cerca de 23% de proteínas. VALOR NUTRITIVO Alimentos ricos em proteínas, fibras e ferro não hemínico. São também boas fontes de vitaminas do complexo B e carboidratos. TIPOS DE LEGUMINOSAS Existem diferentes espécies: feijão (preto, fradinho, roxinho, branco, azuki, entre outros), lentilha, grão-de-bico, soja, ervilha, fava e amendoim. FATORES QUE INFLUEM NA COCÇÃO DE LEGUMINOSAS SECAS Durante o preparo as leguminosas secas absorvem água e se tornam macias; a digestibilidade aumenta e o sabor desenvolve-se. Esse processo de reidratação e cocção depende de diversos fatores como: - O tempo de cocção aumenta à medida que aumenta o tempo de armazenamento, pois os grãos desidratam. - Temperatura e grau de umidade do local de armazenamento: quanto maior a temperatura maior será a perda de umidade dos grãos, dificultando sua cocção. - A variedade das leguminosas tem grande influência na cocção: lentilhas e ervilhas secas cozinham em 15 a 40 minutos, enquanto outras, como-grão-de-bico, pode demorar 3 horas. - Meio básico (por exemplo, com a adição de bicarbonato de sódio) amolece a celulose da casca dos grãos, facilitando a cocção. A adição do bicarbonato reduz cerca de 113 o tempo de cocção (cerca de 0,5 g [= 1/8 de colher de chá] para cada 200 gramas de feijão). - Ingredientes ácidos como tomate e vinagre não devem ser adicionados à cocção para evitar o enrijecimento da celulose. REIDRATAÇÃO DE LEGUMINOSAS SECAS A reidrataç'áo é necessária para diminuir o tempo de cocção de leguminosas secas. Esse processo consiste em deixar os grãos de molho em água fria. O feijão demora cerca de 10 a 18 horas para dobrar de peso. CRAWFORD (1966) exemplifica: 86 índice de reidratação e tempo de cocção de 2 variedades de feijão: Variedade do feijão e temperatura da água índice de reidratação 1/2 h 1 h 2h 3 h 4 h 5 h 6 h 10h Feijão preto -ra 20°C 1,18 1,34 1,61 1,72 1,82 1,86 1,90 1,98 100° por 2 min passando a- ambiente 2,02 2,06 2,08 2,12 2,12 2,12 2,12 2,12 Feijão Branco Ta 20°C - 1,33 1,53 1,88 1,93 2,02 2,05 2,05 100° por 2 min passando a ambiente o 2,02 2,10 2,12 2,15 2,15 2,15 2,15 Fonte: CRAWFORD, 1996.- p.254 (adaptado Um método de reidratação rápida consiste em deixar os grãos em água quente, depois de uma fervura de 2 minutos e deixar de remolho por aproximadamente uma hora. Usando esse procedimento não é necessário deixar o feijão de molho de um dia para outro. Esse método além de melhorar o índice de reidratação, acelera o processo de cocção e evita perdas de nutrientes por dissolução. Se houver descarte da água de remolho, em qualquer das duas técnicas, haverá redução da produção de gases formados a partir de carboidratos complexos como a rafinose e a estaquiose. Alguns minerais e vitaminas também são perdidos na água de descarte, mas a qualidade protéica não se altera. A cocção das leguminosas além de proporcionar o desenvolvimento de suas características sensoriais, inativa os fatores antinutricionais representadas pelas enzimas proteolíticas, que têm a capacidade de inibir a ação de certas enzimas importantes para o processo metabólico. A quantidade de água necessária para intumescer os grãos varia para os diferentes tipos de leguminosas: lentilha, ervilha seca e feijão branco=> 4:1 (4 medidas de água para 1 de grão); feijão preto, carioca, fradinho, etc.=> 3:1. COCÇÃO DE LEGUMINOSAS O tempo de cocção de leguminosas varia com a temperatura, forma de cocção e com o tipo de grão usado. O tempo de cocção será encurtado grandemente se for usado o método de cocção por pressão em lugar de ebulição simples (de 2 a 3 horas para 15 a 30 minutos). Na fervura inicial das leguminosas forma-se uma camada superficial de espuma que diminui com o acréscimo do sal de cozinha e gordura. Entretanto, sempre que possível, as leguminosas devem ser salgadas e temperadas apenas após o cozimento, pois o sal endurece os grãos, interferindo na gelatinização do amido e impedindo o abrandamento das fibras. 87 Exceto o amendoim, por seu alto teor em gorduras, as demais leguminosas não devem ser submetidas à cocção por calor seco. ARMAZENAMENTO Em local seco, ventilado, em cima de estrados e livres de insetos e roedores. VARIEDADES Ervilha: basicamente são três os tipos de ervilha: petit-pois, ervilha de debulhar e ervilha-torta. São encontradas comercialmente desidratadas, secas, em pó, congeladas, enlatadas ou frescas. A ervilha- torta caracteriza-se por possuir a vagem comestível, possuindo elevado valor comercial. Lentilha: no Brasil encontramos normalmente a lentilha marrom; em outros países encontram-se amarelas, alaranjadas e verdes. O nome "lentilha" indica o formato das sementes, que se parecem com uma lente côncava. Grão-de-bico: grãos redondos de coloração amarelada, encontrados comercialmente secos, congelados ou em conservas. Nos países em que o grão-de-bico é muito consumido, como Grécia e Espanha, a planta inteira é aproveitada: a raiz, depois de torrada, como substituto do café; as sementes, em diversas preparações e o restante da planta como forragem. Fava: apresentada em algumas variedades, sendo as mais comuns a marrom e a branca. São encontradas comercialmente frescas, secas, congeladas ou em conservas. Produz vagens grandes, dentro das quais se formam grãos grossos, ovalados, de cor verde-esbranquiçada. Quando verde, é considerada uma hortaliça, depois de seca, é leguminosa como o feijão. No Brasil, é produzida na -- Região Sul. Soja: conhecida desde os primórdios da humanidade pelos países orientais, a soja possui mais de 2.500 variedades, classificadas conforme a cor do grão; as mais apreciadas são a amarela, a branca e a verde. Rica em fibras e cálcio, contém uma considerável quantidade de todos os aminoácidos essenciais. Também é uma boa fonte de vitaminas dc5complexo B, potássio, zinco e outros minerais. Apesar de ser consumida em grão, a soja é mais utilizada na produção de derivados caseiros ou industrializados como o óleo, o "leite" de soja, o queijo (tofu), o molho (shoyu), fermentada em pasta (missô) e o farelo na qual é feita a "carne de soja", usada em croquetes, almôndegas e hambúrgueres. Amendoim: originário do Brasil, Paraguai, Bolívia e norte da Argentina. Única que dá frutos embaixo da terra. Apresenta maior teor de gordura (45% - 50%) e amido que as demais. Feijão: Nativo das Américas foi muito utilizado pelas populações indígenas, que o apreciavam tanto pelo sabor como pela facilidade de cultivo. É uma leguminosa que produz vagens de até 15 cm de comprimento, dentro das quais estão as sementes, empregadas na alimentação. Pode ser encontrado em inúmeras variedades: roxinho, preto, mulatinho, branco, rosinha, jalo, azuki, rajadinho, entre outros. Utilização prática na culinária: o feijão habitualmente é consumido pelos brasileiros como acompanhamento do arroz. Outras preparações das leguminosas incluem saladas, sopas, purês, refogados, cozidos e doces (feijão azuki na culinária japonesa). 88 ATIVIDADE 6 — ESTUDO DIRIGIDO SOBRE CEREAIS, MASSAS E LEGUMINOSAS 1. O que são cereais? E qual a importância desses alimentos na nossa alimentação? 2. Descreva a estrutura dos cereais e seus principais nutrientes. 3. Diferencieo arroz polido do arroz integral. 4. Diferencie farinha refinada, farinha integral, farelo e sêmola. 5. O que é o amido? Explique rapidamente sua importância na culinária. 6. Quais são os fenômenos que ocorrem com o amido na presença de calor? 7. O que 4-retrogradação do amido? 9. Qual a influência do meio ácido, do açúcar e da agitação sobre o amido cozido? 10. Diferencie a massas de acordo com a técnica de preparo: - massa de coxinha: - massa de bomba: - massa de bolo: - massa de pão: - massa de panqueca: - massa de pastel: - massa de empadinha: 11. O que é o glúten e qual a sua função no fabrico de massas? 12. No fabrico de massas, descreva as funções dos ingredientes abaixo: - gordura - ovos: - sal: - açúcar: - farinha : - liquido: - fermento: 13. Quais as modificações que ocorrem com as massas durante a cocção? 14. O que são leguminosas? Exemplifique. 15. Qual a composição nutricional das leguminosas? 16. Quais são os fatores que interferem na cocção de leguminosas secas? 89 17. Diferencie os métodos de reidratação de leguminosas secas. 18. Quais as vantagens da cocção de leguminosas na panela de pressão? 19. Como podemos minimizar a formação de flatos provocada pelo consumo de leguminosas? 20. Como devem ser armazenados os grãos secos de cereais e leguminosas? 90 ÓLEOS E GORDURAS O leos e gorduras são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), de origem animal ou vegetal, formadas predominantemente de ácidos graxos e glicerol. Denomina-se óleo quando são líquidos à temperatura ambiente e gordura quando são sólidas à temperatura ambiente, passando ao estado líquido a uma temperatura entre 30 0 e 41° C. Os principais óleos utilizados na alimentação humana são extraídos de grãos ou sementes: soja, milho, girassol, canola, algodão e amendoim, ou extraído de frutos como a azeitona e dendê. As principais fontes de gordura de origem animal: banha, toucinho, manteiga e bacon. VALOR NUTRITIVO São alimentos energéticos, fornecendo 9 kcal por grama de óleo ou gordura. CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS - Aumenta o valor calórico de preparações; - Veículo de transporte de vitaminas lipossolúveis, ácidos graxos essenciais e colesterol; - Confere sensação de saciedade - Veículo de corantes e aromas - Acentuação de sabor; - Estabilidade: forma barreira contra umidade; - Leveza: confere aeração; - Maciez: auxilia na estrutura - Produzem emulsão, - Servem como meio de cocção por calor seco. PONTO DE FUSÃO É a temperatura em que gorduras sólidas passam para o estado líquido. As gorduras saturadas, com maior peso molecular, possuem ponto de fusão mais alto. A maioria das gorduras de origem animal é sólida ou semi-sólida à temperatura ambiente. Na culinária, o ponto de fusão é uma referência para a seleção da gordura mais adequada à preparação a ser realizada. Gorduras sólidas são mais adequadas para preparações como massas para tortas, bolos, entre outros. Gorduras líquidas são mais indicadas para frituras ou para condimentar saladas (ARAUJO e col., 2007). REAÇÕES DE DEGRADAÇÃO 91 1 - PONTO DE FUMAÇA As gorduras sofrem mudanças durante o aquecimento em altas temperaturas. O glicerol é desidratado, originando a acroleína, substância volátil, e irritante da mucosa gástrica. A hidrólise da gordura pode ser observada a olho nu pela liberação de uma fumaça densa e branca, com cheiro acre e picante, alteração física conhecida como "ponto de fumaça". Pelo fato de as gorduras apresentarem diferentes pontos de fumaça, quando utilizadas para frituras, devem ser escolhidas aquelas que tiverem maior resistência à temperatura. Assim, os óleos mais adequados para as frituras são aqueles que atingem o ponto de fumaça em temperaturas maiores como o óleo de soja (240°C). O tempo de aquecimento pode variar de acordo com o volume de óleo utilizado, tamanho e espécie do recipiente usado para o aquecimento e a intensidade da chama. Valores aproãcinados de temperatura para os pontos de fumaça de alguns óleos e gorduras: Gordura Ponto de fumaça (°C) Tempo (minutos) Gordura vegetal hidrogenada 215 17 Margarina 192 8 Azeite de oliva 175 7 Óleo de girassol 183 5 Óleo de milho 215 7 Óleo de canola 233 9 Óleo de soja 240 7 onte:P I IPPI, 2003. 2- REAÇÕES DE OXIDAÇÃO (RANCIFICAÇÃO) As gorduras e óleos podem estragar-se com relativa facilidade, produzindo o ranço, que consiste em modificações físico-quimicas, que provocam alterações sensoriais tomando-as rançosas. O ranço é resultado da combinação dos ácidos graxos com o oxigênio do ar, formando peróxidos. Este processo é acelerado pelo calor, luz, umidade, sal, ácidos e alguns metais, como cobre e ferro. A rancificação pode ser oxidativa ou hidrolitica (enzimática). A rancificação oxidativa é a formação de grupos peróxidos, pela combinação do oxigênio do ar e ácidos graxos. Os grupos peróxidos dão odor e sabor desagradáveis às gorduras. Por exemplo, a decomposição da lecitina produz odor e sabor de peixe. A rancificação hidrolítica também chamada de enzimática é menos comum, mas muito importante no armazenamento de laticínios, carnes e alimentos congelados. A gordura é hidrolisada pela lipase e, havendo algum ácido graxo volátil, o odor rançoso se desenvolve. Este tipo de rancificação não ocorre em alimentos aquecidos, pois o calor inativa a enzima, além de destruir microrganismos que poderiam produzi-la. 92 TIPOS DE ÓLEOS E GORDURAS 1) Óleo vegetal: é o óleo extraído das sementes de várias plantas (soja, amendoim, algodão, milho, arroz) e, por meio de processos industriais, é refinado para perder a cor, sabor e odor originais. É líquido a temperatura ambiente. Aplicação: - Pode ser utilizado para fritar, refogar ou temperar alimentos, pois age como condutor de calor. - Utilizado para agregar sabor e maciez de preparações como bolos e pães. 2) Azeite de oliva: obtido por meio de prensagem mecânica de azeitonas, sendo o único tipo de óleo que pode ser utilizado sem passar por purificação ou refinação. O azeite de oliva comercializado é classificado como: A - Virgem: obtido do fruto da oliveira apenas por processos mecânicos ou outros meios físicos. Possui custo elevado e sabor acentuado. De acordo com o teor de acidez é classificado como: • virgem extra: acidez < 1,0 g/100 g; • virgem fino: acidez <2,0 g/100g; • virgem comum: acidez < 3,0 g/100g; B - Refinado: obtido pelo refino do azeite de oliva virgem. Com acidez < 0,5 g/100g e redução de coloração, sabor e aroma, em relação ao azeite virgem. C - Azeite de oliva: mistura de azeite de oliva refinado e azeite de oliva virgem extra, com teor de acidez < 1,5 g./100 g Aplicação: o azeite é usado principalmente como tempero, em saladas, em molhos ou emulsões, como a maionese e serve também para regar alimentos. Quando aquecido em altas temperaturas perde sabor e odor; por isso, se o objetivo for manter suas características sensoriais, deve ser mantido no fogo, somente até aquecer, fazendo com que o odor seja ressaltado. 3) Banha: gordura proveniente dos tecidos gordurosos suínos. Quando aquecidas de forma lenta, transforma-se em um óleo, que se solidifica à temperatura ambiente. Possui sabor e odor característicos e é de cor branca. Aplicação: Tem a propriedade de isolar o glúten, por isso é utilizada para preparar massa conhecida como "podre" e usada em empadas e tortas. 4) Gordura vegetal hidrogenada: gordura sólida, obtida por meio da hidrogenação de óleos vegetais. Tem aparência e cor de banha, porém possui odor e sabor quase imperceptíveis. Aplicação: Por ser sólida, a gordura vegetal hidrogenada oferece vantagens para preparar massas de empadas e tortas, pois exige menos farinha.No preparo de bolos, auxilia na maciez e no crescimento, uma vez que, quando batida em batedeira, incorpora ar, aumentando o volume da massa. Pode também ser utilizado no preparo de glacês, e deve ser usada preferencialmente em temperatura ambiente, porque quando gelada, é bastante dura e quebradiça. Pode ser empregada para frituras de imersão. 5) Toucinho: é chamado toucinho o tecido gorduroso de porco com o respectivo couro. Fica localizado logo abaixo da pele. Aplicação: O toucinho pode ser picado e derretido em banho-maria, para obtenção de banha, ou consumido frito, como torresmo. Cortado em tiras, sem o couro, é útil para lardear carnes e melhorar o sabor de carnes assadas ou cozidas. 93 6) Bacon ou toucinho defumado; tecido gorduroso salgado e defumado retirado do porco, juntamente com o couro, porém entremeado com a carne do lombo. Utilizado para conferir sabor a preparações como carnes, vegetais ou cereais. 7) Manteiga: produto derivado do leite, obtido por meio do batimento do creme de leite. Aplicação: de odor e sabor característicos, a manteiga é consumida acompanhando pães e torradas, com a vantagem de agregar sabor. Por ser sólida à temperatura ambiente, também é utilizada para o preparo de massa "podre" e bolo. Por conter partículas sólidas (resíduos de proteínas, principalmente caseína) e bastante umidade, ao ser aquecida, queima antes de atingir o ponto de fumaça e espirra excessivas gotículas de gorduras. Para se evitar a carbonização da manteiga, utiliza-se a técnica de clarificação, isto é, retirada dos resíduos de proteínas. A manteiga é aquecida por muito tempo em fogo brandíssimo. Após aproximadamente 30 minutos a caseína precipita formando uma espuma, que deve ser retirada. O sobrenadante, que é a manteiga clarificada é retirada e pode ser utilizada em frituras conservando suas propriedades originais de aroma e sabor. 8) Margarina e creme vegetal: a margarina é fabricada a partir da hidrogenação de óleos vegetais acrescida obrigatoriamente de gordura láctea (no máximo 3%), soro de leite e aditivos. A quantidade de gordura na margarina pode variar de 35% a 80%. As margarinas com menor teor de gordura são normalmente denominadas light, as cremosas contêm cerca de 70% de gordura. Aplicação: utilizada como substituta da manteiga como ingrediente de tortas, bolos e para refogar alimentos ou para passar no pão. As margarinas com menor teor de gordura são inadequadas às preparações por conterem maior umidade (menor crescimento de bolos, emulsões mais instáveis). As margarinas líquidas contêm cerca de 70% de óleo vegetal em estado líquido (sem hidrogenação). O creme vegetal é um produto similar à margarina, em textura, maciez, cor e sabor. No entanto, diferencia-se por não conter gordura láctea, leite ou derivados lácteos. Não é indicada para o preparo de frituras, pois além de espirrar bastante gordura, quando aquecida por mito tempo, demora para fritar d - alimento, tomando-o primeiro cozido e depois frito. 9) Maionese: é uma mistura de água e óleo emulsionada com o auxilio de ovos. A maionese industrializada deve conter no mínimo 65% de óleo e três gemas ovos por kilo. 10) Creme de leite: emulsão tipo gordura/água que se obtém por repouso ou centrifugação do leite. USOS CULINÁRIOS DA GORDURA - Dourar => fritura rápida, para impedir que o alimento fique embebido. A temperatura deve estar entre 190°C e 198°C, sendo ideal para bolinhos e croquetes. - Corar => dourar ligeiramente a superfície, com pequena quantidade de gordura, na temperatura de 130°C a 150°C. Exemplo: batata corada. - Fritar => cozinhar, colocando o alimento ainda cru em temperatura variando entre 135°C e 180°C. PROPORÇÃO DE GORDURA A quantidade de gordura/óleo utilizada depende do tipo de alimento e da forma de preparo. Nas imersões em fritura, terá que encobrir a porção que se frita de cada vez. Alimentos envoltos com farinha 94 sorvido pèlwpapoLabsorven Batata chips 34 g Ovo frito 10 g ura ..à:!:60à11400 .d„ Batata frita em palito 16g absorvem mais gordura. Como exemplo, de acordo com a Tabela de Composição de Alimentos elaborada pela profa Sonia Tucunduva Philippi (PHILIPPI, 2002), 100g de filé de frango à milanesa possui aproximadamente 10g de gordura enquanto 100g de filé de frango grelhado possui aproximadamente 6g. ARMAZENAM E NTO Além de ser armazenado em local fresco e de baixa luminosidade, utilizar recipientes altos e estreitos para reduzir a superfície de contato com o oxigênio, mantendo-os fechados; não utilizar recipientes metálicos para evitar a reação de ranço oxidativo; não usar recipientes transparentes para evitar reações catalisadas pela luz. ABSORÇÃO DE GORDURAS (EM GRAMAS) EM FRITURAS EM IMERSÃO. RETENÇÃO DE GORDURA (MÉDIA) EM ALIMENTOS FRITOS • 95 ATIVIDADE 7 ÓLEOS E GORDURAS 1. Calcule o percentual de absorção de óleo da preparação polenta frita, sabendo que: - peso inicial óleo = 300g - peso final do óleo = 285g - peso do óleo absorvido pelo papel = 7g - peso final da preparação = 230g 2. Indique qual a quantidade de óleo absorvido do bolinho de bacalhau, sabendo que: peso inicial óleo = 700g; peso final óleo = 580 e peso do óleo absorvido pelo papel = 13g: 3. Calcule o percentual de absorção de óleo da preparação quibe frito, sabendo que: - peso inicial óleo = 185g - peso final do óleo = 174g - peso do óleo absorvido pelo papel = 4g - peso final da preparação = 115g e 96 LEITE E LATICÍNIOS O leite é um dos alimentos mais complexos, podendo ser definido como o produto da secreção das glândulas mamárias das fêmeas de mamíferos. Os mais consumidos na alimentação humana são o de vaca e de cabra. Deve-se chamar leite" sem nenhuma outra especificação, somente o oriundo da ordenha de vacas. O leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de que proceda (Ministério da Agricultura). COMPOSIÇÃO A composição do leite é diferente para cada raça e variável de acordo com a alimentação do animal, idade, estação do ano, clima e intervalo entre as ordenhas. Cerca de 86% da composição do leite é água e o restante é formada por: Proteínas: principalmente a albumina, globulinas e caseína presentes no soro; a caseína é a principal delas, pois tem a propriedade de coagular-se sob ação de ácido ou enzimas, o que é importante na fabricação de queijos. Carboidratos: principalmente a lactose. Lipídios: formado principalmente por ácidos graxos saturados e insaturados, lecitina e colesterol, a gordura apresenta-se no leite em forma de pequenas gotículas em suspensão, chamadas de "glóbulos de gordura", formando uma emulsão natural. Os glóbulos estão cercados por uma membrana composta de caseína e cálcio. Esta membrana impede que os glóbulos se juntem e subam até a superfície. Entretanto, qualquer processamento a quente prejudica a membrana e desta forma os glóbulos podem juntar-se e, como são menos densos do que a água vem à tona sob a forma de uma camada de nata. O leite integrafpossui de 3,5% a 4% de gordura. Os glóbulos de matéria gordurosa dispersos na água, desviando a luz em todas as direções, são responsáveis pela cor branca do leite. Vitaminas e minerais: principalmente riboflavina, vitamina A, D e cálcio. MODIFICAÇÕES DO LEITE - Efeito do calor: à temperatura de 60 a 65°C, há formação de uma película fina sobre a superfície do leite, formada por uma "pele" de caseína coagulada e gordura, que como já foi referido anteriormente, é menos densa do que a água e sobe á superfície formando a nata. Essa película de caseína impede que as bolhas de vapor formadas durante a fervura escapem. Esse vapor aprisionado pela película pressiona o líquido para cima e o leite "derrama sobre o fogão". Durante a fervura, pode-se evitar a formação da película, tampando-seo recipiente, ou mexendo o leite frequentemente. 97 O leite fervido também "gruda" no fundo e nas paredes do recipiente. Isso ocorre por que a albumina se precipita quando o leite é fervido. É esse precipitado que adere sobre o fundo e paredes do recipiente. Para evitar que isto aconteça, o leite também pode ser aquecido em banho-maria. Há modificação de sabor quando o leite é fervido (perda de H2 e 02) e o sabor original pode ser recuperado batendo-se o leite depois de frio. O cheiro do leite também se modifica com a cocção devido à presença de átomos de enxofre que reagem com o hidrogênio formando sulfeto de hidrogênio. - Efeito dos ácidos: o leite fresco sofre a ação das bactérias que produzem ácido tático, há precipitação da caseína e formação da coalhada. Outros alimentos que possuem agentes ácidos (frutas, vinagre, tomates) também podem provocar a coagulação do leite. A caseína também se coagula pela ação da enzima quimosina (enzima empregada na fabricação de queijos). - Coagulação de proteínas pelos taninos e pelo sal: os taninos, componentes de muitas hortaliças (aspargos, ervilha, repolho) provocam a precipitação das proteínas do leite. Isso pode ser evitado, cozinhando-se o leite com um pouco de amido, evitando que as proteínas se unam, separando-se do soro do leite. O sal, quando presente em altas concentrações, provoca a precipitação das proteínas do leite. Ex.: a preparação de bacalhau com leite, na qual deve ser acrescentado frio aos poucos, durante o' período de cocção no forno. Aplicação do leite: a utilização do leite nas preparações confere sabor, cor, maciez, umidade e- cremosidade as preparações, além de aumentar o seu valor nutritivo. TIPOS DE LEITE: As formas mais comuns de processamento térmico do leite são a pasteurização e a ultrapasteurização. Além do processamento térmico, os leites industrializados são submetidos à homogeneização, processo que reduz o tamanho dos glóbulos de gordura com a finalidade de impedir a separação da gordura do leite. - leite pasteurizado: o leite é aquecido à temperatura de 72° a 76°C, por 15 a 20 segundos e resfriado a seguir. A pasteurização destrói microorganismos patogênicos e reduz o número total de bactérias. - leite ultrapasteurizado: UHT (Ultra High Temperature): o leite longa vida ou ultrapasteurizado é aquecido a 1300 a 150°C, por 2 a 4 segundos e resfriado imediatamente, destruindo todos os microorganismos. Pode ser transportado e armazenado por 3 meses em temperatura ambiente a partir da data do seu processamento. - leite semi-desnatado: leite com retirada parcial de gordura. - leite desnatado: leite com retirada praticamente total de gordura. - leite em pá: leite tratado termicamente, desidratado e de boa qualidade microbiológica, desde que reconstituído com água de boa procedência ou fervida. - leite modificado: leite formulado com acréscimo ou redução de nutrientes, especial para a alimentação infantil. - leite condensado: corresponde ao leite submetido à evaporação até 1/3 do volume inicial e adicionado de açúcar (cerca de 40%). 98 PRODUTOS DERIVADOS DO LEITE Creme de leite: produto obtido a partir da nata (parte gordurosa) do leite integral, por meio de evaporação e centrifugação. O creme de leite é utilizado industrialmente para a fabricação de manteiga. Seu uso na culinária é muito importante, servindo para preparações doces e salgadas, na composição de molhos, cremes, suflês. Batido (e incorporando ar) forma o chantffiy. Manteiga: é obtida batendo-se continuadamente o creme de leite. A maneira de bater o creme para se obter a manteiga não é incorporando ar e sim, simplesmente, procurando juntar os glóbulos de gordura, que, reunidos na manteiga, formam uma estrutura semelhante a uma rede que retém, nos espaços, restos de soro. Comercializada com ou sem sal, em lata ou em tabletes aluminizados. Seu uso na culinária é dos mais abrangentes, conferindo sabor, maciez e leveza a diversas preparações. Soro de leite: o soro de leite é obtido quando se bate o creme para fazer manteiga. Contém os componentes do leite em menor concentração, mas é especialmente pobre em gordura. A ricota é feita com o soro do leite cozido, formando uma massa cremosa, branca e fresca. É um alimento rico em albumina. Iogurte: é o leite fermentado pela ação de bactérias Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus. Pode ser obtido artesanalmente ou por processos industriais. Queijo: produto obtido da industrialização do coalho do leite. Pode ser fresco (pronto para consumo logo após a fabricação) ou maturado (submetido ao processo de cura). Existe uma grande variedade de queijos que se diferenciam pelo método de fabricação. Exemplos: quanto ao teor de umidade, os queijos podem ser classificados em macio (requeijão, minas), semi-duro ou firme (prato, mussarela), duro (suíço) ou muito duro (parmesão). Quanto ao tratamento dado à massa: massa crua (minas frescal, gorgonzola, camembert), massa semi-cozida (prato, gouda, cheddar) ou cozida (parmesão), massa filada (mozarela, provolone). A maturação ou amadurecimento é a fase final do processo de fabricação dos queijos, que são mantidos em câmaras com temperatura e umidade controladas. É a maturação adequada que confere aos queijos o flavour característico de cada variedade. 99 CARNES Todas as partes comestíveis dos animais que servem para a alimentação do homem são comercialmente denominadas "carne". Incluem- se as carnes de aves, mamíferos, peixes e vísceras. TIPOS Os principais tipos de carne são bovina, suína, ovina, caprina; aves, pescados e tipos especiais como avestruz, búfalo, ganso, entre outros. VALOR NUTRITIVO As carnes são fontes de proteínas de alto valor biológico (cerca de 10% a 20%), gorduras (5% a 30%), vitaminas (principalmente do complexo B), vitamina A e minerais (ferro, cálcio, fósforo, além de zinco, magnésio, sódio e potássio). A carne de mamíferos contém cerca de 60% a 80% de água. Além disso, os extratos da carne estimulam a secreção dos sucos digestivos contribuindo para a digestão de outros alimentos. O porcentual de absorção das proteínas da carne é de 87% e o das gorduras é de 96%. A quantidade de carboidratos na carne é desprezível, sendoapenascesca de 1%. Cerca de 50% da gordura da carne é gordura saturada e o restante é gordura insaturada, em sua maioria, monoinsaturada. Estrutura: as carnes são formadas por tecido muscular, tecido conjuntivo, gordura, ossos e cartilagens. TECIDO MUSCULAR 100 É formado por feixes de fibras microscópicas, de forma tubular, que se afinam nas extremidades, variando de tamanho, tendo em média 2,5 cm a 5,0 cm de comprimento. O tamanho dos feixes musculares e a quantidade de tecido conectivo que os mantém ligados determinam a textura da carne: quanto menor o diâmetro das fibras, mais macia ela será. As fibras musculares contêm várias substâncias extrativas que dão o sabor característico às carnes. Outros fatores também influenciam na maciez da carne, além do diâmetro dos feixes musculares e da quantidade de tecido conectivo, a saber: a quantidade de gordura, a idade, o gênero, a espécie do animal, a alimentação e atividade física a qual ele foi submetido. proteinas mio .t .nlaress(aCtina;:e3rrop:~ principalmente) correspondem temas que compõem as mio fibrilas. Elas so importantes devido a alta capacidade de re água e tfolç•• 4070.00010.101.0160 --processos de-êt7hg-éiãffiéntonri.dosmigeMPPtg::90:99,9 efeitos ,nflucnciam a maciez e a suculéncia das cairias. Sob o aspecto econômico. a perdE 'acidade de role, - gua pode significar menor rendimento dos cortes. TECIDO CONJUNTIVO Tem a função de sustentação do tecido muscular, isto é, envolvem os músculos, ligando-os em feixes e formando os tendões(ligam músculos a ossos) e ligamentos (ligam os ossos entre si). O tecido conjuntivo é formado principalmente de colágeno (por exemplo, pele de peixes, pés de galinha) e elastina. O colágeno e a elastina são insolúveis em água fria. Quando submetidos ao calor seco, dessecam e endurecem. Entretanto, o colágeno quando submetido ao calor úmido, por tempo prolongado, transforma-se em gelatina e amolece, desprendendo-se das fibras, contribuindo para amaciar a carne. A elastina, encontrada principalmente nos tendões, é mais flexível e de cor amarelada, não é amaciada pela cocção. Quanto mais velho ou nos músculos submetidos a exercícios, maior a quantidade de elastina. A quantidade de tecido conjuntivo varia nos diferentes músculos. A carne de porco apresenta menos tecido coWntivo do que a do boi. O animal macho possui mais tecido conjuntivo do que a fêmea. O produto da desnaturação do colágeno é a gelatina extraída principalmente da pele, das cartilagens e dos ossos, principalmente bovino. GORDURA A gordura da carne está geralmente entre as células do tecido conjuntivo. A gordura que se deposita entre os músculos ou entre os feixes de fibras é chamada de gordura marmorizada que torna as carnes mais úmidas e mais tenras. Os principais depósitos estão situados ao redor dos órgãos, entre os músculos, ao redor deles e também sob a pele. Ex.: cupim, costela, picanha e vísceras. A gordura melhora o sabor, a suculência e a maciez da carne cozida, reduz o tempo de cocção e diminui perdas de sucos por evaporação. O aquecimento da carne pode provocar alterações nas gorduras que resultam na formação de aromas particulares para cada tipo de carne. A cor e o ponto de fusão variam de acordo com a espécie e o tipo de alimentação do animal. Geralmente, a gordura de porco é mais branca e mais mole do que a bovina. 101 COR DA CARNE A coloração da carne é dada pelos pigmentos hemoglobina (no sangue) e mioglobina (nos músculos). No tecido animal vivo, a mioglobina (vermelho púrpura) existe em equilíbrio com a oxiomioglobina (vermelho brilhante, intensa), sua forma oxigenada. Após a morte do animal, como o oxigênio dos tecidos é rapidamente utilizado, a forma predominante é a mioglobina. A superfície da carne logo que é cortada e exposta ao oxigênio, apresenta coloração vermelho brilhante, decorrente da transformação da mioglobina em codmioglobina. Depois de certo período, a cor da carne escurece novamente (castanho-clara), devido a desidratação e formação da metamioglobina ( oxidação da mioglobina e da oximioglobina). Se a superfície cortada ficar protegida do ar, a cor pode voltar a ser vermelho-púrpura. O calor do cozimento faz com que a cor da carne se modifique devido a coagulação das proteínas. AMACIAMENTO DA CARNE A carne pode ser amaciada por alguns procedimentos como ação mecânica, enzimática e química. o Ação mecânica: moer, picar, bater. o Ação enzimática: por ação de enzimas naturais, como a papaína do mamão ou a bromelina do abacaxi, ou industrializadas, que atuam sobre o colágeno e tecido muscular. o Ação química: um dos processos mais comuns é deixar a carne em vinha d'alhos (vinagre ou vinho e temperos) por algum tempo. O meio ácido hidrolisa as proteínas, contribuindo para a maciez da carne. AQUISIÇÃO No momento da compra, a carne de boa qualidade pode ser avaliada pela aparência tenra, firme e fresca, a cor vermelha intensa e uniforme, a ausência de manchas e odor característico (MONTEBELLO & ARAUJO, 2006). COCÇÃO DA CARNE O objetivo da cocção da carne é torná-las mais palatáveis, macias e digeríveis além de diminuir ou destruir microorganismos patogênicos. As principais modificações que ocorrem com a cocção são: - coagulação das albuminas superficiais e da globina, ocasionando mudança na cor da carne. - retração das fibras musculares proporcionando perdas de sucos, diminuição de superfície e peso. - fusão da gordura que se torna condutora de calor. - por meio do calor úmido o colágeno se transforma em gelatina. 102 - a cocção favorece o desenvolvimento do sabor e aroma devido a liberação de substâncias extrativas (combinações de aminoácidos, aminoácidos livres, peptidios, algumas proteínas, ácidos graxos), formação da reação de Maillard. - Digestibilidade e biodisponibilidade — a temperatura e tempo de cocção excessivos podem contribuir para a formação de substâncias indesejáveis 3 derivadas da tostadura. Alguns fatores influem sobre a penetração de calor no interior da carne como volume total, formato, espessura, presença ou não de osso (a carne com osso aquece mais rapidamente por que o osso é bom condutor de calor), revestimento de camada de gordura (facilita a penetração do calor), gordura entre os feixes musculares (retarda a penetração de calor). Formas de preparo: bife, picada, assada, moída. Bifes: o fatiamento das peças de carne para a retirada dos bifes deve ser feito no sentido transversal à fibra, seccionando-a. O corte no sentido da fibra, toma-a dura após a cocção. A gordura não deve ser de toda retirada, pois além de contribuir para a maciez, confere mais sabor. Para que não se tomem ressecados, os bifes devem ter uma espessura de 1 a 1,5 cm. Fonte: Técnicas básicas de Gastronomia, SENAC-SP 3 As aminas heteroriclicas são substâncias indesejadas produzidas durante a exposição de alimentos a altas temperaturas. As aminas heteroriclicas encontram-se entre as substâncias mutagênicas conhecidas mais potentes, causando tumores em animais de experimentação (neoplasias malignas em glândulas mamárias, próstata, pulmão, cólon, pele, pâncreas, bexiga e fígado). Fonte: MARQUES, A.C. Formação de toxinas durante o processamento de alimentos e as possíveis conseqüências para o organismo humano. Rev. Nutr., Campinas, 22(2):283-293, mar./abr., 2009. 103 Terripo me ar fritura de bifeTÇiiTTminutos Corte Malpassado Ao ponto Bem passado Medalhão 1,5 2,0 4,0 Bife 2,0 3,0 4,5 Turnedô 2,5 3,5 5,0 Bisteca 3,5 5,0 7,5 Châteaubriant 5,0 7,0 8,5 Fonte: PHILIPPI, 2003 Picados: o corte da carne picada deve seguir o mesmo padrão de tamanho e formato, para melhor apresentação e cozimento uniforme. Há preparações que exigem tamanho de corte padronizado como: Espeto: cubos de — 3 cm; poulash: — 4 cm; picadinho: cubos de — 2 cm; iscas: tiras de aproximadamente 5 cm de comprimento e 1 cm de largura. Assados: Tempo para assar carne no forno pré-aquecido: temperatura de 149 a 163°C Tipo de Corte peso Grau de Temperatura Tempo de cocção carne (kg) cozimento interior (horas) Bovina filé mirinon (pode + grossa) 1 mal passado: 60' ao ponto: 71" 1 bem passado: 77' 1 L11 marnirlha de alcatra mal passado: GO" 1 18 ao ponto: bem passado: 77 0 1 58 Suína pernil (fresco) 2 Bem passado: 85° 2 58 Lombo 2 Bom passado: 85' o CORTES DE CARNE BOVINA E APLICAÇÕES CULINÁRIAS 104 O animal é dividido em traseiro e dianteiro. Na parte dianteira estão localizados os cortes mais rijos e na parte traseira estão os corte mais macios. 105 DIANTEIRO Cupim: é a corcova do boi-zebu. Nele, fibras e gordura se entrelaçam. É saboroso e muito usado em churrasco. Mas exige um longo tempo de cozimento (calor misto). Acém: relativamente magra e macia. Exige aplicação de calor úmido ou misto. Peito: exige muito tempo de cozimento por causa da grande quantidade de fibras e gordura. Braço: conhecida por paleta ou pá; dele é extraído o peixinho, uma espécie de lagarto do braço. É mais rijo que o acém. Utilizado no preparo de ensopados, guisados, molhos à base de carnes, bifes de panela. Pescoço: carne apropriada para cocção com calor úmido, pois possui muito tecido conjuntivo e músculos rijos. Possuimuita gordura produzindo molhos densos e gelatinosos. Músculo: corte que antecede o mocotó está localizado nas patas dianteiras e traseiras. Cortado com osso toma o nome de ossobuco, muito valorizado na cozinha, principalmente a italiana. Ideal para sopas, caldos e cozidos. Deve ficar no fogo até amaciar (calor úmido). Desfiado pode ser usado também em saladas frias. É de ótimo sabor. Capa de filé: cheia de nervos e textura desigual, que pede muito tempo no cozimento. TRASEIRO 106 Aba do filé: muito rija, necessita de cocção prolongada. Recomendada para ensopados picados. Alcatra: tem fibras curta e é macio. Da peça inteira da alcatra, localizada no traseiro do boi, saem outros cortes igualmente apreciados: miolo, picanha e maminha. Cada uma de suas três partes tem aptidão para vários tipos de preparo: bifes, churrascos, grelhados, assados, refogados. Bisteca: também conhecida como chuleta. É arredondada, intercalada por gordura amarelo-clara. Pode vir com ou sem osso, é considerada uma das mais saborosas do boi e pode ser servida assada, frita ou grelhada. Contra Filé: também conhecido por filé do lombo. Muito macio, pode ser utilizado assado e frito. Corte nobre do lombo do boi, fica ao lado do filé mignon. Costela: cercada de osso e gordura, é apropriada tanto para cozidos como para assados. É fibrosa e requer preparo lento, que pode chegar a 12 horas no "bafo" da churrasqueira, ou seja, longe da brasa. Coxão duro ou Chã de fora ou Ponta de Alcatra: é um pedaço com fibras grossas, mas menos macia que as do coxão mole. Indicada principalmente para sopas, ensopados e outras receitas que exigem cozimento lento, capaz de lhe amaciar. Vem do músculo traseiro do boi. => calor misto, calor úmido. - Coxão mole ou chã de dentro: é constituído por fibras macias e curtas, com gordura e nervos, carne macia mas não muito suculenta. Durante muito tempo, foi sinônimo de carne para bife. Pode ser feita à milanesa, enrolada, assada ou na forma de escalopes. Filé mignon: é extremamente macio, tenro e suculento, mas não muito saboroso, sempre pede um bom molho por acompanhamento. Peso médio: 2 quilos. Ideal para bifes altos, servidos ao ponto ou mal passados. Da França vêm dois cortes feitos com este pedaço: tumedô, pedaços mais grossos, e medalhão, mais finos. Fica ao longo do dorso do boi. Fraldinha: composta pela parede do abdômen do animal, tem fibras longas, bem abertas, nervos e gorduras. Muito consumida em churrascos (cortes de fatias finas que vão à grelha), caldos, molhos, cozidos e ensopados. Pequena, macia e suculenta. Localizada na lateral do boi. Lagarto: de cor mais clara e formato alongado e definido. Cocção deve ser em calor misto. Cru, cortado em fatias finíssimos, faz sucesso como catpaccio. Patinho: menos macio que a alcatra, possui formato arredondado com uma faixa estreita de tecido conjuntivo, perfeitamente visível no corte de bifes. Utilizado moído (calor seco) e para bifes de panela (calor misto) ou a milanesa (calor seco). Picanha: possui gordura característica, inteira ou em bifes, essa carne é muito macia e suculenta e muito utilizada na grelha (churrasco). Mas também pode ser preparada no forno, frita ou cozida. Ela deve ter não mais de 25 centímetros de comprimento e o peso ideal é de 1 quilo a 1.200 gramas, além de possuir um aspecto "marmorizado", ou seja, entremeado por gordura. Ponta de agulha: é constituída pelas últimas costelas do boi, de fibras grossas e longas. Pode ser moída e, quando inteira ou em pedaços, também pede muito tempo de cozimento (calor misto e calor úmido) Ossobuco: conjunto formado por músculo e osso. É excelente para o preparo de molhos, sopas, fundos. Necessita de calor úmido prolongado ou misto. OUTROS CORTES: 107 Você sabia? Vitela é proveniente do novil âfidotifi:4"áti)eiir" • As de leite são abatic machos. A telas de confin amento . menos macia dàds"•::"Ídol,#1,01,-ggp.„ e nascidas: geralmente .são animais m, depois do eSitrai4iet te':rxEca: monos noseis ois de vinte dias - Baby beef: carne de bovino jovem com menos de 300kg. Apresenta-se em cortes pequenos de came rósea e muito macia. Em certas regiões refere-se ao miolo da alcatra. - T-bone: o filé seccionado com as partes ósseas forma o T-bone, que é constituído pela massa muscular, formada pelo filé do lombo e filé mignon, cortado no sentido transversal incluindo os ossos. Presta-se para grelhados. - Mocotó: são as canelas do boi, do joelho até o casco. O mocotó depois de bem limpo é cozido até que as carnes de soltem do osso. Forma um caldo gelatinoso que é empregado em preparações salgadas ou doces. - Tutano: substância gordurosa presente nos ossos longos da perna do boi. Cortado em fatias finas é acrescentado a várias preparações de carnes com molho. CARNES CONSERVADAS 1. Carne de sol: a carne de boi, depois de cortada, é ligeiramente salgada e exposta ao sol forte e clima seco. A secagem é rápida, formando-se uma crosta protetora, que conserva a umidade, suculência e maciez da parte interna da carne. 2. Carne seca: logo depois de abatido, o animal é retalhado, sendo os cortes esfregados com sal e empilhados em local seco. As "mantas" de carne são constantemente trocadas de posição nessas pilhas, para facilitar a evaporação da água e evitar que a carne se estrague. Em seguida as mantas são - penduradas em varais ao sol para completar a secagem por desidratação. 3. Carne curada: a cura da carne é um processo usado para a preservação e manutenção da cor -' vermelha. Usada há séculos, é hoje usado principalmente para a preparação de embutidos de vários sabores e não mais como meio de preservação do alimento. Para a cura da carne é utilizada uma - combinação de sal, nitrato eiou nitrito de sódio ou potássio e frequentemente açúcar e temperos. Reações químicas resultantes da interação do nitrato com a mioglobina produzem a cor rósea desses' produtos. 108 CARNE SUINA O porco é um mamífero adulto, descendente do javali e criado para alimentação humana. Quando novo chama-se leitão. As carnes de suíno caracterizam-se por ter maior quantidade de gordura entre os feixes musculares, o que lhes proporciona cor mais clara que a bovina. A carne de porco é muito saborosa e nutritiva, fonte de vitaminas A e B2, cálcio, ferro e fósforo. Além da carne, retiram-se subprodutos como o toucinho, presunto, miúdos, ossos e uma variedade de embutidos e defumados. Atualmente, os porcos são criados em absoluta condição de higiene. Entretanto, ainda podem transmitir parasitoses (teniase e triquinose), sendo por isso aconselhado o seu consumo somente quando completamente cozida e jamais consumi-la com sangue. A carne de porco deve ser rosada, firme e com gordura branca e consistente. Tipos de corte 1 — Cabeça 2 — Paleta 3 - Lombo! Lombinho 4 — Pernil 5 — Barriga 6 - Perna dianteira Cabeça: parcialmente desossada, pode ser preparada na forma de assado, com recheio ou cozida. É usada pela indústria de alimentos para fazer salsicha e outros frios. Paleta: é a pata dianteira. Carne escura com ossos, nervos e tendões. É preparada como o pernil. Lombo: carne nobre e saborosa. Carré é o lombo com osso, abrangendo todo o dorso e as costeletas (sete de cada lado). Lombinho: inteiro, desossado, bistecas ou costeletas. Pernil: é o membro traseiro sem o pé. Corte macio e suculento. Excelente para assados. Barriga: usada no preparo de carnes temperadas, embutidos e em conserva. 109 Toucinho: gordura fresca de porco. Muito usado na culinária do interior do Brasil, principalmente na cozinha mineira. Bacon: toucinho defumado, fatiado ou em partes. De sabor forte e marcante, é muito utilizado para dar gosto a muitos pratos, ou até mesmo envolvendo maravilhosos medalhões de outras carnes. Pés,orelhas e rabo: apuram o sabor de determinados pratos, como a feijoada, por exemplo. Normalmente encontram-se já salgados. A geléia concentrada feita dos mesmos é extensamente usada para confecção de caldos. A costela ou costelinha é a parte da carne retirada da caixa torácica enquanto as costeletas são parte traseira da coluna. Fonte: http://www.gastroramiabrasil.com/Gastronomia/Dicas_Uteis/Dicas sobre_Carnes.htm VISCERAS E MIUDOS São termos utilizados para designar órgãos e outras partes dos animais passíveis de serem utilizados na alimentação humana, como o fígado, bucho (dobradinha), rins, coração, miolos, língua, moela, bofe (pulmão), patas, rabo, entre outros. VALOR NUTRICIONAL As vísceras são excelentes fontes de proteínas, minerais e vitaminas, são pobres em gordura (exceto pâncreas, timo e língua) com a vantagem de serem de baixo custo. ARMAZENAMENTO E PREPARO São alimentos altamente perecíveis e, portanto, necessitam ser adquiridos em locais que prezam pela higiene e controle de qualidade das mercadorias. Miriti:6s. „.. iliiãOti "6'cáiaéfédítid Fígado Cocção rápida para que não fique endurecido. Deve ser temperado apenas ao final da cocção. Os mais utilizados são o bovino e o de aves, sendo que o de ave é mais utilizado em ensopados, guisados ou sopas. O bovino pode ser preparado grelhado, frito, refogado ou como patê e croquetes. Rim O bovino é o mais apreciado, sendo preparado cozido, frito ou grelhado. Língua A bovina é a mais utilizada, tanto para feijoadas como servida fatiada ao molho. Deve ser limpa e fervida antes de seguir para outros tipos de preparo. Moela A de aves é a mais utilizada, sendo preparada refogada, ensopada ou guisada. Muito apreciada em farofas, recheios e aperitivos. Coração O bovino e o de aves são os mais utilizados. Tecido mais rijo, que necessita de cocção mais lenta. Tripa ou bucho Estômago do boi que é pré-preparado ainda nos abatedouros para a eliminação do odor desagradável. Muito utilizado em tiras, cozido e ensopado, como a dobradinha. Pulmão Conhecido como bofe. Utilizado na culinária baiana à passarinha (cortado, temperado com vinha d'alhos por dois dias e seco ao ar livre). Fonte: ALQUIMIA DOS AUMENTOS, 2007. P. 262 110 AVES A carne de aves tem um conteúdo protéico semelhante às outras carnes. As aves mais novas são mais tenras, pois tem menos tecido conjuntivo e são menos gordurosas, o que as torna de mais fácil digestibilidade. O frango é o tipo de ave mais consumido no Brasil. Há outros tipos de aves que são utilizadas na alimentação humana: peru, pato, marreco, ganso, faisão, galinha d'angola, codorna, perdiz, pombo. CLASSIFICAÇÃO DOS FRANGOS, DE ACORDO COM TAMANHO E IDADE DO ANIMAL Frango de leite ou galeto: ave de até três meses de idade, pesando aproximadamente 600 g. tem carne macia, com cartilagem e ossos moles, pouca gordura e gosto não muito forte. Frango comum: tem entre três e sete meses e chega a pesar mais de um quilo. Em geral, são animais machos, pois as fêmeas são destinadas à postura de ovos e só são abatidas quando adultas. Carne de sabor mais acentuado, ossos e cartilagens mais duras que as do galeto. O frango caipira é aquele criado solto, com alimentação natural ou mista, e forte apelo mercadológico. No entanto, sua carne é mais rija e a pele, além de mais corada, não desmancha no cozimento, presta- se aos assados no forno, espeto e guisados. Galo ou galinha: são as aves adultas, com mais de sete meses e que pesam cerca de 1,5 kg. O galo tem a carne mais rija que a da galinha, menos gordura e precisa de mais tempo para cozimento. Frango capão: é o frango castrado para que possa engordar mais. Geralmente é abatido com cerca de sete meses e pesa mais do que um galo ou galinha comuns. A carne é saborosa e tem bastante gordura. Peso aproximado de 2,5 kg quando inteiro. 111 CORTES CARACTERÍSTICAS PARA A AQUISIÇÃO - Coloração homogênea, sem sinais de machucado ou de penas. Úmida, consistência flexível e pele intacta. PRÉ- PREPARO É fundamental o conhecimento das técnicas de corte que devem ser adequadas ao tipo de preparação desejada, assim como o tipo de ave, seu tamanho e sua idade. Utilização e características tíliiãO6e:affietesijttíCãá Peito Corte com pouca gordura e tecido conectivo. Utilizado para recheios e sopas, bem como em filé grelhado, frito à milanesa ou à dorê, ou até mesmo assado, quando com cobertura. Coxa e sobrecoxa Corte mais gorduroso que, normalmente, é assado com ou sem osso. Quando desossado, pode ser grelhado ou frito. Também é utilizado sob calor úmido, 112 Asa Corte gorduroso, principalmente pela pele que o envolve. Utilizado assado, frito ou cozido sob calor úmido em sopas e ensopados. Pé Utilizado em sopas e ensopados, pois necessita de cocção lenta. Pescoço Utilizado cozido e servido em sopas ou como aperitivos. Apresenta muitos ossos. ensopado ou guisado. Fonte: ALQUIMIA DOS ALIMENTOS, 2007. P.261 113 PESCADOS Pescados são todos os animais aquáticos que servem de alimento para o homem, os quais podem ser consumidos diretamente ou aproveitados para industrialização, incluindo-se principalmente, peixes e mariscos. Os pescados podem ser classificados de acordo com a sua procedência em pescados de água doce (carpa, curimbatá, cascudo, dourado, pintado, pirarucu, traíra, tilápia, truta, pitu, etc.) e de água salgada (atum, badejo, bonito, corvina, garoupa, linguado, merluza, namorado, pescada, sardinha, lula, lagosta, camarão, siri, polvo e ostra). CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE GORDURA => gordo (sardinha, tainha, salmão, anchova, pirarucu, traíra, etc.); => meio gordo (truta, carpa, cação, badejo, etc.) e => magro (bacalhau, namorado, pescada, robalo, entre outros). PEIXES Animais aquáticos que possuem esqueleto cartilaginoso ou ósseo e apresentam guelra. Os peixes migratórios são mais gordurosos e possuem músculo escuro, pois para capturar o alimento necessitam realizar esforço físico para se deslocar. Exemplos de peixes com músculo escuro: atum, sardinha, tainha, anchova, cavala e salmão.—Exemplos de peixes com músculo claro: pargo, corvina, pescada, badejo, robalo, garoupa, carpa, dourado, linguado. MARISCOS: são divididos em: Crustáceos: possuem uma carapaça dura e um pigmento esverdeado chamado astaxantina, que ao sofrer fica vermelho (astaceno). São exemplos: camarão, lagosta e caranguejo. Moluscos: apresentam conchas (valvas) ou não. Podem ter uma concha (caracóis e escargot) ou duas (mexilhões, ostra e sururu). Os moluscos sem conchas (chamados de cefalópodes) apresentam coluna vertebral cartilaginosa, como a lula e o polvo. Com exceção das vieiras, que vivem em alto mar, em águas relativamente limpas, a maioria dos mariscos vive em águas costeiras ou em estuários, podendo ser portadores das mais diversas doenças; tanto devido a bactérias contidas em matéria orgânica, como por metais pesados e/ou outras substâncias que são incorporadas pelos moluscos, que agem como filtros. 114 VALOR NUTRICIONAL A carne de peixe possui estrutura semelhante a dos mamíferos e aves, com teores aproximados de 16% a 25% de proteínas de alto valor biológico. Diferencia-se, entretanto, por possuir menor quantidade de tecido conjuntivo o que estimula em menor grau, as secreções digestivas. O teor de gordura é variável podendo apresentar em media teores entre 3 a 4% (pescadinha, robalo, badejo, linguado, espada, etc.). São ricos em gordura os que têm de 6% a 15% como salmão, cavala, carpa, atum, merluza, sardinha, etc.). Os peixes são possuem também valores expressivos de cálcio, fósforo, vitaminas A e D. Os peixes de água salgada também são ricos em iodo. O valor nutricional doscrustáceos é alto em minerais e ácidos graxos de cadeia longa. Entretanto, há em alguns crustáceos, um nível elevado de colesterol. ESTRUTURA Nos peixes, a estrutura muscular é mais delicada, comparada aos animais terrestres, com fibras mais curtas e finas, de contração rápida, ligadas por membranas que formam redes também delicadas. Vivendo em ambiente sem gravidade, não necessitam de músculos fortes com tanto tecido conectivo para prender o esqueleto, que às vezes se resume a uma única espinha dorsal, nem para desenvolver muito trabalho ou força (MONTEBELLO e ARAUJO, 2006). Os frutos do mar possuem músculo mais elástico, com alguma resistência à mastigação, como as lulas, ou com fibras macias, como os siris e os caranguejos. COMERCIALIZAÇÃO E CONSUMO - In natura: peixe inteiro, apenas resfriado, adquirido nos locais de pesca. - Industrializado: pescado limpo, escamado, eviscerado, subdividido, sem cabeça; resfriado, congelado ou submetido a outros métodos de conservação (seco, defumado, salgado, enlatado, fermentado, entre outros). DETERIORAÇÃO DO PESCADO Vários processos concorrem para a deterioração do pescado: ação dos sucos digestivos, enzimas e crescimento bacteriano. - Ação dos sucos digestivos: um peixe ao ser capturado quase sempre tem alimento nos intestinos, que será digerido por sucos digestivos. Enquanto o peixe está vivo, as paredes dos intestinos resistem a eles, mas depois de morto, as paredes intestinais são facilmente rompidas e os sucos digestivos chegam a atingir os tecidos musculares, o que provoca o escurecimento e manchas, as chamadas queimaduras abdominais, tomando o peixe, inadequado para consumo. - Ação de enzimas: após a morte, as enzimas continuam sua ação nos tecidos dos pescados, tornando a carne mole e que podem até desintegrar-se. Essa ação destrutiva das enzimas também favorece a penetração das bactérias na carne. A deterioração enzimática é particularmente importante, quando os peixes não são eviscerados e limpos completamente dos conteúdos estomacais. 115 - Desenvolvimento bacteriano: apresenta-se como um dos fatores principais pela deterioração do pescado. As bactérias estão presentes no trato intestinal, queiras e limo superficial. Quando da captura, novas fontes de contaminação (gelo, manuseio, equipamentos) modificam ou aumentam a microflora. Quando ocorrem as queimaduras abdominais, as bactérias invadem os tecidos musculares, acarretando assim um aumento no ritmo da deterioração. É por essa razão que, visando aumentar o tempo de conservação, o peixe deve ser eviscerado logo após a captura. Ao remover os intestinos procura-se eliminar os sucos digestivos e as bactérias. De todos os produtos cárneos, o pescado é tido como o mais susceptível à alteração microbiana. CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DO PEIXE FRESCO • Odor: apesar do cheiro característico que lembra o mar, em boas condições, praticamente o peixe não tem cheiro algum. • Textura: A carne deve ser firme e resistir ao toque. Se houver escamas, devem estar aderentes e brilhantes. Barbatanas e cauda devem estar inteiras. • Olhos: devem ser brilhantes e salientes. À medida que o peixe envelhece na prateleira, os olhos tendem a afundar. • Guelras: Devem estar róseas ou vermelhas e úmidas. Na compra de peixes já filetados, verificar se os mesmos estão firmes e macios. Filés velhos, em_, geral, são ressequidos e amarelados. Observar as condições de armazenamento. Postas CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DOS CRUSTÁCEOS (CAMARÃO, LAGOSTA, SIRI, CARANGUEJO) PARA A COMPRA • aspecto geral brilhante, úmido; • corpo em curvatura natural, rígida; • carapaça bem aderente ao corpo; • coloração própria à espécie, sem qualquer pigmentação estranha; • cheiro característico e suave. É comum o comércio de siris e caranguejos vivos capturados nos mangues com grande possibilidade de poluição orgânica e química. Portanto, é mais seguro comprar a carne congelada desses animais. 116 Espécies de camarões de água salgada: - Camarão pistola ou camarão rosa pintado: é o maior de todos e chega a pesar 150g. - Camarão branco: atinge 15 cm e pesa 20g a 30g. - Camarão rosa: atinge 20 cm e pesa 60g a 100g. - Camarão de sete barbas: pesa de 3g a 8g. CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DOS MOLUSCOS PARA A COMPRA - Conchas: merecem aquisição cuidadosa, pois quando retirados de águas poluídas concentram em seus tecidos substâncias indesejáveis, metais pesados e outros possíveis poluentes. É recomendável adquiri-los congelados, porém, quando frescos devem estar vivos, com valvas fechadas e com retenção de água incolor e límpida nas conchas, possuindo cheiro agradável, carne úmida, bem aderente à concha, aspecto esponjoso, de cor clara (acinzentada nas ostras e amarelada nos mexilhões). - Polvo e lula: por terem habitat em alto mar podem apresentar menor risco de contaminação química e orgânica. Estão próprios para consumo quando a pele estiver lisa e úmida; olhos vivos, salientes nas bordas, carne consistente e elástica; odor característico. PRÉ -PREPARO - Peixes: devem ser eviscerados em água corrente logo após a pesca, cortar as barbatanas, raspar as escamas e lavar bem em água corrente. - Camarão: remoção da cabeça, carapaça e vísceras em água corrente antes da utilização. Para manutenção de um maior sabor, essa limpeza necessita ser feita próxima à cocção. Caso seja necessário o congelamento após a compra, este deve ser feito com os crustáceos inteiros. - Mariscos e võngoles: limpos e raspados com o auxílio de facas pontiagudas, removendo corpos que se encontram aderidos à concha. Em seguida, são colocados em recipiente limpo com água e mexidos, com mudança desta água por várias vezes para garantir o desprendimento de areia que poderá estar encaixada nas conchas. TIPOS DE CORTES PARA PEIXES - Filés: corta-se o peixe no sentido do comprimento isolando a espinha; assim, as duas metades obtidas podem ser subdivididas várias vezes sempre no sentido do comprimento, obtendo-se assim, vários filés, dependendo do tamanho do peixe e espessura desejada para os filés. - Postas: cortados no sentido transversal ao seu comprimento. - Peixe inteiro: com ou sem recheio. - Cubos e iscas. 117 peixe,rtados obliquamente, COCÇÃO DE PESCADO A carne de peixe cozinha facilmente em curto espaço de tempo e sem exigir alta temperatura, pois tem pouco tecido conjuntivo e as fibras são mais curtas e finas. Por haver menor retração, não perde tão facilmente a forma, exceto guando se ultrapassa o tempo de cocção. Técnicas de preparo mais comuns: cozido, fritura por imersão; grelhado e salteado; papelotes, vapor, assado. 118 ATIVIDADE 8— ESTUDO DIRIGIDO ÓLEOS E GORDURAS, CARNE BOVINA, AVES, PESCADOS 1. Diferencie óleo de gordura. 2. Quais são as características funcionais dos óleos e gorduras? 3. Qual a importância de se conhecer os diferentes pontos de fumaça dos óleos ? 4. Complete as frases abaixo: A é formada com a queima do óleo e é prejudicial ao organismo pois é irritante da mucosa gástrica o que pode provocar dores de estômago e sensação de queimação e ou mal-estar. O é resultado da combinação dos ácidos graxos com o oxigênio do ar, formando peróxidos. O é obtido por meio da prensagem mecânica a frio das azeitonas. 5. Dê a classificação do azeite de acordo com o grau de acidez. 6. Coloque (V) ou (F) caso a informação seja Verdadeira ou Falsa ) As carnes são fontes de proteínas de alto valor biológico. ) As carnes são ricas em carboidratos. ) A maciez da carne é influenciada pela quantidade de tecido conectivo. ) O pigmento do tecido muscular da carne é a hemoglobina. ) O tecido conjuntivo das carnes é formado por colágeno e cartilagens. ) Colágeno e elastina influenciam na maciez da carne. ) Com a cocção a elastina transforma-seem gelatina e a carne fica mais macia. ) Com a cocção o colágeno resseca e endurece. ) A gordura da carne melhora o sabor, a suculência e a maciez da carne. ) O vermelho brilhante da carne fatiada é devido ao contato com o oxigênio do ar e a formação da oxionnioglobina. ( ) O mamão e o abacaxi podem amaciar a carne devido a presença da pepsina e bromelina (respectivamente). ( ) A papaina é a enzima presente principalmente no mamão verde, que pode ser utilizada como amaciante natural de carnes. ( ) A adição de vinagre ou limão no tempero da carne contribui para tomá-la mais macia pois o meio ácido hidrolisa as proteínas da carne. 7. Qual a melhor forma de se preparar: (método de cocção e/ou preparação): Acém: Músculo: Filé rnignon Fraldinha: 119 Coxão mole: Picanha: Lagarto: Contra-filé: 8. Complete as frases abaixo: - O de leite é ave de até três meses de idade. - Os mariscos são divididos em , sendo que os possuem carapaça e os podem apresentar conchas. - A cor vermelha do camarão cozido é devido ao pigmento - Os peixes são produtos altamente suscetíveis à deterioração por ação de que podem provocar as queimaduras abdominais e torná-los impróprios ao consumo. - Peixe em condições de consumo tem as guelras , olhos e escamas 9. O que são vísceras? Cite as principais vísceras utilizadas na alimentação e formas de preparo. 120 membrana interna embrana externa Casca câmara de-af Albu n embrana vitelina OVOS O ovo é um corpo unicelular formado no ovário de animais. No Brasil, a maioria dos ovos consumidos é de galinha e, mais raramente, de pata, de codoma, de galinha d'angola, de gansa, de tartaruga e de peixe. Dentre os ovos exóticos, destacam-se o de avestruz e o do crocodilo. VALOR NUTRICIONAL: Os ovos são fontes de proteínas, vitaminas A, D e vitaminas do complexo B. A gema representa cerca de 30% do peso de um ovo médio e é composta em média por 34% de gordura, 16% de proteína e 50% de água. Cerca de 5% da gordura é colesterol. A presença da lecitina (proteína) e viscosidade da gema resulta em sua capacidade de atuar como emulsionante ou espessante de molhos e maionese. A clara é composta por 10% de proteínas, quantidades mínimas de gordura e 90% de água. A quantidade de minerais (principalmente o ferro) presentes nos ovos depende da alimentação da ave; a cor da gema varia devido à presença de pigmentos (xantofilas). A casca externa do ovo é composta por carbonato de cálcio e possui pequenos poros para a troca de gases. Os poros estão cobertos por uma cutícula composta de cera que o protege contra a perda de água e impede que microrganismos penetrem nele, por isso só deve ser lavado no momento da utilização. O ovo novo tem a casca áspera e fosca, ao passo que o ovo velho tem a casca lisa e com certo brilho. A cor da casca do ovo depende da raça e da linhagem da ave e é errôneo atribuir maior valor nutritivo ao ovo de acordo com a cor da casca. ESTRUTURA Biastocisto a 121 ARMAZENAMENTO Os ovos quando mantidos a temperatura de 0°C a 4°C e umidade entre 74% a 85% podem ser conservados de 9 a 10 meses (ARAUJO e col., 2007; ORNELAS, 2007). O ovo fresco possui a gema centralizada, destacada e redonda, a clara espessa e membrana aderida à casca. No ovo velho, a gema está espalhada e a clara parece aguada. O teste de luz e o teste da água são duas formas domésticas utilizadas para verificar se o ovo é fresco. O ovo fresco apresenta-se ácido devido à presença de dióxido de carbono (CO2), que se encontra solúvel na clara. Porém, durante o armazenamento, o pH do ovo se eleva, devido à perda de CO2 por difusão, através da casca. Essa modificação provoca um aumento do tamanho da câmara de ar, a gema se espalha, fragilizando a membrana que a envolve; a clara torna-se mais liquefeita e formam-se compostos derivados de enxofre, alterando o odor e o sabor do ovo (ovo "choco"). Os testes descritos abaixo são duas formas domésticas utilizadas para se verificar se o ovo é fresco. 1 Teste da luz: o ovo fresco ao ser colocado contra a luz, parece denso e escuro por igual. Se houver uma parte oca, o ovo está estragado. V Teste da água: ao ser colocado num copo com água e sal, o ovo fresco ficará parado no fundo; se for velho, flutuará. CLASSIFICAÇÃO Industrial <42 Pequeno 43 — 49 Médio 50 — 54 Grande 55 — 62 Extra 63 — 72 Jumbo > 73 122 Ingrediente Tempo Volume Estabilidade Gema 4- 4. Açúcar Sal 4- Água 4, Ácido n.a. = maior 4-= menor n.a. = não altera USO CULINÁRIO A utilização dos ovos na culinária é das mais abrangentes: - a gema possui excelentes propriedades emulsionadoras e estabiliza facilmente as emulsões, como a maionese. - a gema pode também engrossar os líquidos para formarem sólidos; - a gema pode ser utilizada para dar cor em biscoitos e doces; - a clara do ovo tem a capacidade de formar espumas que são a base de bolos e merengues. Clara em neve: ao se bater a clara, ocorre retenção de ar devido à viscosidade da ovalbumina, conferindo esponjosidade e leveza às preparações. A adição de ingredientes como ácido ou açúcar conferem maior estabilidade às claras batidas; entretanto, a adição de sal compromete a qualidade da espuma formada, diminuindo o volume e a estabilidade. Quando a clara é batida por muito tempo ela se divide em duas fases, pois o ponto de aeração foi ultrapassado. A presença de outros ingredientes (gema, açúcar, sal, água ou algum ácido) têm influência sobre o tempo de batimento, o volume final obtido, rendimento e estabilidade da clara em neve, conforme a tabela abaixo: OVOS INDUSTRIALIZADOS Atualmente podem-se encontrar ovos na forma líquida ou desidratados. As vantagens desses produtos são praticidade, economia e segurança (são pasteurizados), além da facilidade de transporte e economia no espaço de armazenamento. A duração do ovo líquido é de 7 dias e o do ovo em pó, 6 meses. 123 ORIENTAÇÕES PRÁTICAS: • Utilizar os ovos à temperatura ambiente, pois isso melhora o rendimento e evita rachaduras durante a cocção; • Evitar o cozimento excessivo do ovo, pois as proteínas da clara contêm ácidos de enxofre, que, submetidas a altas temperaturas, liberam gás sulfeto de hidrogênio. A coloração esverdeada ao redor da gema deve-se a reação entre o enxofre presente na clara e o ferro presente na gema, formando sulfeto ferroso. • Esfriar rapidamente após a cocção, a fim de evitar a formação de sulfeto ferroso (anel verde em tomo da gema); • Utilizar somente a clara em preparações à milanesa, pois a cobertura fica mais crocante e o óleo espirra menos durante a fritura; • Não acrescentar ovos a misturas quentes, para não talhar. Esperar esfriar ou adicionar pequena quantidade da mistura aos ovos e colocar sobre o restante. • Incorporar a clara em neve com os outros ingredientes somente no último momento, com movimentos suaves; • Verificar os ovos um a um, antes de acrescentarás preparações; • Adicionar ácido (limão ou vinagre) na água de cocção. A parte externa coagula imediatamente e evita vazamentos. • Cortar ovos cozidos em rodelas fica mais fácil se a faca for antes mergulhada em água quente. Isso impede que o ovo se esfarele. • Acrescentar sal ao fritar um ovo também acelera a coagulação das proteínas. 124 AÇÚCARES Açúcar é o termo empregado para designar os carboldratos mais simples, incluindo os monossacarideos (glicose, frutose, galactose) e os dissacarideos (sacarose, maltose e lactose). O açúcar mais utilizado na alimentação é a sacarose obtida da cana-de-açúcar e da beterraba. Do milho e da cevada também se obtém açúcar. Como conseqüência do processodo refino, o açúcar é comercialmente encontrado em diferentes tipos: - Açúcar refinado ou comum: este açúcar é processado a partir do melado da cana. O produto, que inicialmente é marrom, recebe adição de ácido sulfidrico gasoso e outras substâncias químicas para clarear. Nesse processo, o açúcar refinado perde vitaminas e minerais. - Açúcar de confeiteiro: refinado, extremamente fino, ao qual é acrescentado um pequeno percentual de amido (3%) para impedir o empedramento, também conhecido como glaçúcar ou açúcar impalpável. - Açúcar cristal: refinado, granuloso. - Açúcar mascavo: não refinado, de cor escura, obtido das primeiras extrações da cana de açúcar. - Açúcar demerara: açúcar mascavo cristalizado. - Açúcar invertido: no qual a sacarose é hidrolisada ou invertida em iguais partes de glicose e frutose. A hidrólise do açúcar pode ser obtida pela ebulição constante, pela adição de ácidos fracos, pela enzima invertase, ou por uma combinação destes três processos. O açúcar invertido apresenta-se geralmente em forma de xarope, que impede a formação de cristais. É utilizado, por exemplo, na fabricação de balas. VALOR NUTRITIVO O açúcar é fonte de energia devido seu elevado teor em carboidratos. O melado de cana-de- açúcar (melaço) e a rapadura são ricos em ferro e possui pequena quantidade de cálcio e vitaminas do complexo B. No processo de refinação perde-se o ferro. PROPRIEDADES - Grau de doçura (ou poder edulcorante): a frutose (açúcar encontrado nas frutas) é o açúcar mais doce, seguido do açúcar invertido e da sacarose. A lactose é o açúcar com menor poder edulcorante. Considerando-se a sacarose com poder edulcorante 100, os demais açúcares têm seu poder edulcorante classificado em relação a sacarose. Observe o quadro a seguir. 125 Quadro comparativo do grau de doçura de açúcar em comparação à sacarose - Solubilidade: a solubilidade do açúcar é diretamente proporcional ao aumento da temperatura e a sua classificação corresponde à classificação do grau de doçura, isto é, a frutose é o açúcar mais solúvel e a lactose a menos solúvel. - Cristalização: ocorre em soluções supersaturadas de açúcar. O tamanho e o número de cristais dependem do grau com que se mexe a solução (o que provoca a decantação do açúcar) e da presença ou ausência de ingredientes que impedem sua formação, a saber: • A presença de mais um tipo de açúcar (4 , o tamanho dos cristais); st Presença de gordura e proteínas do leite (impedem que os cristais aumentem de tamanho); ,( Xarope de milho e mel (retardam a cristalização); • Cremor de tártaro/meio ácido (provoca a inversão da sacarose e consequentemente diminuição da velocidade de cristalização); ,( Presença de açúcar invertido (evita a cristalização). - Ponto de fusão: quando se aquece o açúcar sem adição de líquido (calor seco) ele derrete e forma um líquido claro. Esse fenômeno ocorre a uma temperatura de 160°C e se denomina ponto de fusão Continuando o aquecimento do açúcar derretido, a água nele contido se evapora resultando na caramelização do açúcar (aproximadamente 170°C), momento em que adquire a cor e sabor característico do caramelo. - Absorção de umidade: o açúcar tem propriedades higroscópicas, e quando mantido em lugar úmido fica empedrado. 126 pRODUTOS DE CONFEITARIA - Caramelo ou bala: é o produto obtido pela fervura de açúcar com óleos essenciais (aromatizantes) e coloridos artificialmente. - Fondant: é preparado por solução fervente de açúcar aromatizado, com pequena quantidade de cremor de tártaro e resfriado rapidamente por agitação. Esse processo leva à formação de cristais diminutos de açúcar, em xarope supersaturado. Utilizado em recheios cremosos de chocolate, biscoitos e decoração de bolos. - Marzipã: alimento doce ou decoração de bolo, composto de 25% de pasta de amêndoas e 75% de açúcar. Também chamado de pasta de amêndoa. -Marshmallow: elaborado por meio da mistura de açúcar, xarope de amido, gelatina ou clara de ovo. OUTROS ADOÇANTES Mel: o mel, que é o néctar das flores coletado, modificado e concentrado pelas abelhas, contém 40% de frutose, 35% de glicose e 2% de sacarose, além de vitaminas do complexo B e ferro. Dependendo da origem do néctar do mel pode variar a cor e sabor. São conhecidos cerca de 350 tipos, identificados por epicuristas. Xarope de glicose: obtido pela hidrólise do milho, recebe o nome comercial de "Karo" e apresenta-se na forma de uma mistura de dextrina, maltose e glicose dispersas em água. ATIVIDADE 10— ESTUDO DIRIGIDO AÇUCAR E PRODUTOS DE CONFEITARIA 1. O que são açúcares? 2. Diferencie os tipos de açucares encontrados para consumo? 3. Quais são os fatores que podem interferir na formação de cristais de açúcar? 127 INFUSOS E BEBIDAS B ebidas são todos os tipos de líquidos consumidos, com ou sem a presença de outros alimentos. São partes integrantes dos cardápios. O valor nutricional é muito variável, pois possuem diferentes composições. As bebidas podem ser divididas em alcoólicas e não alcoólicas. Na disciplina serão abordadas somente as bebidas não alcoólicas. Os infusos são líquidos resultantes da infusão de vegetais aromáticos (folhas, sementes, raiz, caule), dos quais se extrai o flavour. São exemplos: café, chá e mate. CAFÉ Fruto maduro de diversas espécies do gênero coffea podendo ser encontrado na forma de grão, em pó, solúvel, capuccino, descafeinado, aromatizado. A delicadeza do sabor do café é determinada tanto pelo grau de torrefação, como pela concentração utilizada na infusão. Ao torrar o grão de café, o calor libera substancias voláteis capazes de se dissolver na água como' o cafeol e cafeona, ácidos graxos de cadeia curta produtores do sabor e aroma característicos dos grãos de café. MÉTODOS DE PREPARO • Ebulição: o pó de café é colocado em água fervente, deixando em ebulição por dois a três minutos. • Gotejamento usando filtro: o pó é colocado dentro do filtro, a água quente é despejada aos poucos para gotejamento. • Extração por pressão: o café expresso é produzido por uma caldeira de pressão que faz com que a água quente e o vapor sejam expelidos através de uma pequena quantidade de café, para produzir uma ou duas xícaras de cada vez. • Café turco: consiste em colocar açúcar, água e pá nesta ordem em um pequeno bule metálico (ibrik) e deixar ferver. O pó deve ser bem fino, pois o café deve ser servido diretamente após a fervura. CONCENTRAÇÃO DE PÓ A concentração da infusão varia de acordo com o método de preparo, em geral, é utilizado na concentração de 6% a 10% (PHILIPPI, 2003) e a água deve estar próxima à temperatura de ebulição (80° a 90°C). 128 ARMAZENAMENTO O café é um produto que perde rapidamente seu aroma e rancifica seus óleos naturais liberados pelo calor, por isso deve ser conservado em local seco e ventilado ao abrigo da luz solar, mas em quantidades que sejam usadas num período de tempo bem curto (TEICHMANN, 2000). C HÁ O chá é um infuso proveniente da imersão de folhas, ervas ou flores de algumas plantas, em água fervente, para extrair-lhes as substâncias aromáticas. Das folhas da Carne/lia sinensis obtém-se quatro tipos básicos de chá: • Chá verde: as folhas são submetidas ao vapor, enroladas e desidratadas. • Chá preto: as folhas são primeiramente, murchas e fermentadas para depois enrolar e desidratar. • Tipo Oolong: é parcialmente fermentado, dando um produto intermediário entre o verde e o preto. • Aromatizados. Os chás contêm tema, substância análoga a cafeína, taninos e outras substâncias aromáticas próprias. MATE Produto elaborado proveniente da 'lex para guaiensis Saint Hilaire. Também contêm teína, taninos e substâncias aromáticas. A preparação é semelhante à do chá. Encontrado na forma verde para chimarrão,torrado e instantâneo. Preparo/Concentração: em tomo de 1% até 5% para chá e mate. 129 SUCOS Os sucos são líquidos obtidos da extração de frutas maduras e de legumes. A elaboração com criatividade poderá ser um recurso atrativo nos cardápios. A fim de que a coloração, sabor e valor nutricional não sejam alterados, o preparo deve ser o mais próximo possível do consumo. No mercado consumidor são encontrados vários tipos de sucos: integral, concentrado (parcialmente desidratado), desidratado (pó). CHOCOLATE O cacau é o fruto do cacaueiro Theobroma cacao que é processado para a fabricação da massa de cacau de onde se originam todos os produtos do cacau. Achocolatado é a mistura de pó de cacau desengordurado total ou parcialmente, manteiga de cacau e sacarose e, às vezes, leite ou essências. 130 ATIVIDADE 11 - EXERCICIOS Calcule: 1. Volume total de café para 343 pessoas, sendo que cada pessoa toma 3 xícaras/dia (-150 ml), durante 22 dias. Diluição => 7,5%. 2. Quantidade total de café solúvel para preparar café com leite a 2%, copo de 200 ml, 1890 pessoas, durante 3 dias de evento. 3. Quantidade de erva e volume total de chá que deverá ser produzido para uma creche com 320 crianças que tomam 2 copos/dia de 100 ml cada, durante 20 dias. Diluição a 1% de erva mate. 4. Volume total/dia de refresco para 530 funcionários, considerando que cada um toma 400 ml/dia, diluição a 12%. 5. Quantidade total/dia de café que deverá ser produzida para 40 pessoas que consomem cerca de 150 ml cada, diluição a 6%. 131