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ATIVIDADE ESTRUTURADA
Guilherme, 40 anos e Lorena, 35 anos, vivem em união estável desde outubro de 2000. Da união nasceram dois filhos Gustavo, 8 anos e Luciana, 6 anos. A união não foi constituída por meio de escritura pública e, tão-pouco, escrito particular. Antes do estabelecimento da convivência Lorena possuía uma casa na Cidade de Florianópolis, imóvel que vendeu em 2005 e com o produto da venda adquiriu casa em Curitiba, na qual residia com a família.
Guilherme, após o estabelecimento da convivência, em dezembro de 2001, adquiriu um carro com economias que vez decorrente de salários recebidos durante aquele ano. Em janeiro de 2011, Lorena falece em virtude de grave acidente. Guilherme lhe procura para que providencie a partilha dos bens da companheira, mas lhe faz uma série de perguntas. Elabore um parecer explicativo a Guilherme, respondendo às suas perguntas:
O que é união estável e qual sua diferença com o casamento?
Define o art. 1.723, CC, “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. Uma vez que a união estável pode ser convertida em casamento, deve preencher os mesmos requisitos de existência (exceto autoridade competente) e validade do casamento (exceto o impedimento previsto no art. 1.521, VI, c/c art. 1.723, §1º., CC). A principal diferença é que o casamento é um dos atos mais solenes do Código Civil, enquanto a união estável não depende de nenhuma solenidade para sua constituição, preenchida os pressupostos do art. 1.723, CC.
Segundo a doutrina de Maria Helena Diniz, a união estável caracteriza-se pela “ convivência publica, continua e duradoura de um homem com uma mulher, vivendo ou não sob o mesmo teto, sem vinculo matrimonial, estabelecida com o objetivo de constituir família, desde que tenha condições de ser convertida em casamento, por não haver impedimento legal para a sua convolação”
Embora as definições sejam, a rigor, formuladas pela doutrina, todavia, no particular da união estável, o próprio diploma civil desenhou seu conceito no art. 1.727 dispondo que “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. Dessa forma, configura-se tal união quando presentes os requisitos de diversidade de sexos, notoriedade, estabilidade ou duração prolongada, continuidade, inexistência de impedimentos matrimoniais e relação monogâmica (GONÇALVES, 2005) 
Sua diferença com o casamento se dá principalmente no que tange a questão de partilha da herança.
No casamento pelo regime de comunhão parcial, os bens adquiridos onerosamente durante o casamento são considerados bens comuns, dando ao sobrevivente o direito a meação desse bens. Quantos aos bens particulares, por ser o cônjuge herdeiro necessário, concorre com os filhos do falecido.
Já na união estável, por sua vez, não existem os mesmos direitos sucessórios. O companheiro vai atingir somente os bens que foram adquiridos onerosamente na vigência da união estável, o que não inclui os bens exclusivos, não sendo,assim considerando como herdeiro necessário, preceitua o artigo 1790 do CC/02.
 2- Uma vez que a união nunca foi constituída em documento público ou particular, pode-se afirmar que há regime de bens aplicável ao casal? Explique sua resposta e aponte seus efeitos.
 
Há regime de bens aplicável ao casal, qual seja o da comunhão parcial de bens ou regime lega, pois segundo o artigo 1.725 do CC/02, aplicar-se-á as relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens quando as partes não tiverem convencionado diferentes por instrumento publico ou particular.
Como efeitos, temos que todos os bens adquiridos de forma onerosa após a data da união estável são comuns ao casal, devendo haver partilha igualitária dos mesmos com o fim efetivo da relação, seja por separação ou por morte de uma das partes.
Tratando-se especificamente de bens adquiridos de forma onerosa, estão excluídos desse rol, por óbvio, os bens adquiridos ( por somente uma parte) por doação ou herança.
Também há o direito a alimentos após a separação, segundo regra do artigo 1.694 do CC/02.
Por ultimo quanto aos direitos sucessórios, o companheiro sobrevivente terá, segundo regra do artigo 1.790 do CC/02, direito exclusivo sobre os bens adquiridos onerosamente na constância da união estável, não tendo direito, contudo, à parcela dos bens particulares do cônjuge falecido.
3-Com a morte de Lorena, Guilherme terá algum direito sucessório sobre os bens por ela deixados? Explique sua resposta.
Guilherme não terá direito sucessório sobre os bens deixados por Lorena, pois o único bem que a falecida possuía era um imóvel adquirido antes da constância da união estável. Contudo, por tratar-se de imóvel destinado a residência da família, Guilherme terá direito a moradia no imóvel deixado por Lorena.
4- O sistema de sucessão estabelecido pelo Código Civil de 2002 para a união estável é adequado? Explique sua resposta apontando vantagens e desvantagens.
O sistema de sucessões estabelecido pelo CC/02 para a união estável não é o mais adequado. Isso porque trás ao companheiro direito diferente do cônjuge, ou seja, estabelece diferenças entre a união estável e o casamento.
A CRFB/1988 em seu artigo 226 parágrafo 3° protege a união estável e lhe reconhece como entidade familiar, ou seja, equipara-a ao casamento. Porem, o CC/02 em seu artigo 1.790, não confere qualquer direito ao companheiro sobrevivente quanto ao bens particulares do falecido, mas tão somente aos bens adquiridos na constância da união estável, o que a diferencia do casamento.
Como o referido artigo do CC/02 não foi revogado e é posterior a Constituição, é regra ainda em vigor, porem, numa interpretação conforme a Constituição, o artigo 1.790do CC/02 não deveria ter mais aplicação.
 A linha evolutiva dos direitos companheiris, almejada principalmente após a elevação constitucional da união estável ao patamar de família, sofreu uma ruptura com relação aos direitos sucessórios conferidos aos conviventes no Código Civil de 2002. E, desta involução, sobressaíram várias incongruências que denotam a desigualdade que foi reservada aos companheiros quando na condição de sucessores, de maneira que os (poucos) direitos sucessórios que alude o vigente diploma civil encontram-se insuficientemente materializados em um único dispositivo, o qual permite o arrolamento de pontos onde se observa a disparidade no tratamento sucessório conferido aos cônjuges, em detrimento dos companheiros.
Neste sentido, o artigo 1.790 do Código Civil, além de inserir-se em espaço completamente estranho daquele destinado às disposições relativas à sucessão legítima, onde se incluem as regras atinentes aos direitos sucessórios dos cônjuges, reúne em seu bojo uma série de disparidades, a destacar: restrição da participação do companheiro somente quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável; exclusão da garantia da quarta parte mínima da herança ao companheiro, quando concorre com descendentes comuns; concorrência do companheiro com parentes colaterais; inserção do companheiro no último lugar da ordem de vocação hereditária, preterido pelos colaterais; ausência de previsão do direito real de habitação e ausência de reconhecimento expresso do companheiro como herdeiro necessário.
Algumas decisões dos Tribunais de Justiça estaduais já se encarregaram de pronunciar críticas ao grande problema da desigualdade no trato sucessório dos companheiros no vigente Código Civil, encontradas de modo determinante nos Tribunais de Justiça de São Paulo e do Rio Grande do Sul, os quais utilizaram como fundamento a proteção destinada à união estável no texto constitucional, interpretada como equiparação entre as entidades familiares. Deste modo, a orientação presentenestes julgados determina que se deva afastar a incidência do nefasto artigo 1.790, utilizando-se em seu lugar as disposições mais benéficas encontradas nas Leis 8.971/94 e 9.278/96.
Nesta linha, as prescrições que regem a sucessão no regime da união estável entram em confronto com as garantias impostas na Carta Magna, além de representarem um retrocesso quanto às vantagens que já haviam sido incorporadas por meio dos diplomas legais pretéritos.
Diante de todos os debates e críticas advindos das discrepâncias trazidas pelo Código Civil de 2002 em matéria sucessória relativa à união estável, a solução mais eficaz e equânime é a abolição do artigo 1.790, buscando ajustar os direitos sucessórios dos companheiros conjuntamente com os dispositivos que tratam da sucessão dos cônjuges, tal como já prevê o Projeto de Lei 508/2007. Se a proteção assegurada constitucionalmente às entidades familiares é indistinta, o direito sucessório, por consequência, é unívoco, e, portanto, a sua disciplina merece ser imposta de modo isonômico.
Ante as frustrações já vivenciadas, as expectativas renovam-se em face da constante busca da preservação de uma sociedade justa, igualitária e fundada nos valores extraídos da dignidade da pessoa humana.
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