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AULA 9 LOCAÇÃO EM GERAL

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1 
DIREITO CIVIL III - CONTRATOS 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE IX – CONTRATOS EM ESPÉCIE: LOCAÇÃO EM GERAL 
 
É o contrato mais usado na sociedade depois da compra e venda. Hoje em dia 
alugam-se carros, casas, quartos, apartamentos, roupas, vestidos de noiva, serviços, filmes, fazendas, 
cadeiras de rodas, muletas, etc. 
 
O ato de locar (alugar) possui basicamente 3 espécies: locatio rei (locação de coisa), 
locatio operarum (locação de serviço) e locatio operis (locação de obra). Atualmente, só a 
primeira espécie conserva o nome de locação, e as demais são conhecidas, respectivamente, como 
prestação de serviço e empreitada. 
 
1. NOÇÕES GERAIS SOBRE AS ESPÉCIES DE LOCAÇÃO: 
 
1.1. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISAS: 
 
Na locação de coisas, que pode ter por objeto bens móveis e imóveis, as 
disposições gerais do Código Civil aplicam-se principalmente no tocante à locação de móveis e 
subsidiariamente, quando não houver disposição específica em contrário, às locações imobiliárias. 
 
Acentuando a limitação deste contrato às coisas, podemos definir: Locação é o 
contrato pelo qual uma pessoa se obriga a ceder temporariamente o uso e o gozo de uma 
coisa não fungível, mediante certa remuneração. 
 
Ver: art. 565 CC/2002 
 
O núcleo do contrato de locação é a cessão de uma coisa não fungível entre o seu 
proprietário – o locador – e aquele que se utilizará da coisa – o locatário. 
 
As partes denominam-se, no caso do proprietário da coisa: locador, ou senhorio, ou 
arrendador. Já para o possuidor que recebe a coisa: locatário, ou inquilino, ou arrendatário. E o preço 
conhecido por: aluguel ou aluguer ou renda. 
 
Na sua caracterização jurídica, diz-se que a locação é um contrato: bilateral, não-
personalíssimo, oneroso, consensual e de execução sucessiva. 
 
As obrigações do locador estão dispostas no art. 566 e seguintes do Código Civil. 
Dentre todas, a fundamental é a de proporcionar ao locatário o uso e gozo da coisa locado, a qual 
pode ser desdobrada, basicamente, nos deveres de entrega, manutenção e garantia da coisa locada. 
 
Ver: arts. 566, 567 e 568 CC/2002 
 
Já as obrigações do locatário estão dispostas fundamentalmente no art. 569 do 
Código Civil. A principal é a de pagar pontualmente o aluguel, na forma ajustada no contrato. 
 
Ver: arts. 569 e 570 CC/2002 
 
 
 
 
 2 
1.2. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO (LOCAÇÃO DE SERVIÇO): 
 
No Código Civil anterior, a prestação de serviços era tratada como “locação de 
serviços”. Modernamente, na vigência do Código Civil de 2002, o termo “locação” é utilizado apenas 
para coisas e não mais para pessoas. 
 
O trabalho com vínculo empregatício é regulado pelo Direito do Trabalho. O 
Código Civil regula apenas a prestação de serviços residual, ou seja, o trabalho avulso feito 
por pessoa física ou jurídica e o trabalho dos profissionais liberais, onde não se caracteriza a 
subordinação funcional. Isto é, as regras do Código Civil têm caráter residual, aplicando-se 
somente às relações não regidas pela CLT ou pelo Código de Defesa do Consumidor. 
 
Há serviços específicos que são tratados em seção específica do Código Civil, como 
transporte, corretagem, agência e distribuição, ou até mesmo em lei específica, como os serviços de 
telefonia e bancário. 
 
Dessa forma, constitui prestação de serviço “toda espécie de serviço ou trabalho 
lícito, material ou imaterial, contratada mediante retribuição e que NÃO esteja sujeita às leis 
trabalhistas ou à lei especial”. 
 
Ver: arts. 593 e 594 CC/2002 
 
O objeto primordial do contrato de prestação de serviço é uma obrigação de fazer, 
isto é, uma atividade humana lícita, que tanto pode ser material (manual) quanto imaterial (intelectual). 
 
Ver: art. 594 CC/2002 
 
A prestação de serviço é um contrato não solene, com forma livre de pactuação. 
Assim, pois, pode ser estabelecido tanto verbalmente quanto de forma escrita. 
 
Em função do caráter bilateral e comutativo do contrato de prestação de serviço, o 
regular desempenho da atividade pactuada faz surgir o direito a uma contrapartida. Este dever do 
tomador de serviço é uma retribuição pela atividade realizada, sendo também chamada de 
honorários, preço ou salário. Importante ainda lembrar que o sistema normativo brasileiro não 
admite a prestação gratuita de serviço, motivo pelo qual o prestador fará sempre jus a uma 
retribuição. 
 
Ver: arts. 596 e 597 CC/2002 
 
1.3. CONTRATO DE EMPREITADA (LOCAÇÃO DE OBRA): 
 
A Empreitada é o contrato em que uma das partes (empreiteiro) se obriga, sem 
subordinação ou dependência, a realizar certo trabalho para a outra (dono da obra), com material 
próprio ou por este fornecido, mediante remuneração global ou proporcional ao trabalho executado. 
 
Por sua vez, os caracteres jurídicos deste contrato são: não solene, bilateral, oneroso, 
consensual, comutativo, como regra, podendo, entretanto, ajustar-se com caráter aleatório. 
 
A empreitada é a relação contratual básica e de mais frequente utilização na atividade 
de construção civil, embora não se limite a ela. 
 
 
 3 
Assim, o objeto deste é o mais amplo e variado, compreendendo toda espécie de 
produções, seja a clássica construção de uma obra material (um prédio), seja a criação intelectual 
(elaboração de projetos), artística ou artesanal (feitura de uma estátua). 
 
A empreitada se classifica em: 
 
Empreitada de lavor – Aquela em que o empreiteiro contribui apenas com seu trabalho. E os riscos 
da atividade são, a priori, do dono da obra, salvo no caso de conduta culposa do empreiteiro. 
 
Ver: art. 610, 1ª parte, CC/2002 
 
Empreitada mista (ou de materiais) – Aquela em que o empreiteiro contribui com mão-de-obra e 
materiais. 
 
Ver: art. 610, parte final, e §1º, CC/2002 
 
A importância de se diferenciar estas 2 modalidades de empreitada reside nos riscos 
de execução da obra. Senão vejamos: 
 
Os riscos, no contrato de empreitada, variam com o tipo adotado. Na meramente 
de lavor, o dono perde o material; e perde o trabalho o empreiteiro, salvo se provar este que o dano 
resultou de defeitos no material, contra os quais reclamou em tempo oportuno. 
 
Ver: art. 613 CC/2002 
 
Na de mão-de-obra com fornecimento de materiais (empreitada mista), corre todos 
os riscos o empreiteiro até o momento da entrega da coisa. Se o dono incorrer em mora, os riscos se 
transferem para ele. 
 
Ver: art. 611 CC/2002 
 
 
2. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL URBANO: 
 
Após vermos o regime geral das locações (de coisas, de serviços e de obra) no Código Civil. 
Devemos agora destacar a importância da locação de coisa imóvel, em grande parte devido ao 
fato de que mais de 80% da população brasileira vive em grandes centros urbanos, indubitavelmente 
o maior número de casos, envolvendo a complexidade de um contrato de locação, que o profissional 
do Direito é levado a lidar, é o de locação de prédios urbanos. 
 
O regime da locação de imóveis urbanos é de tal importância para o Direito que 
mereceu uma disciplina própria em lei especial, separada do Código Civil, que hoje encontra abrigo 
na Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991, que, todavia, não foi a primeira legislação específica 
sobre o tema no Direito brasileiro. 
 
A locação de imóvel urbano, albergada pela Lei Federal de nº 8.245/91 (Lei de 
Locações de imóveis urbanos), é um contrato típico pelo qual o proprietário (locador), mediante 
remuneração (designada de aluguel) paga pelo respectivo usuário (locatário), se compromete a fornece-
lhe, durante certo lapso de tempo, determinado ou não, o uso e gozo de um imóvel destinado à 
habitação, à temporada ou à atividade empresarial. 
 
 
 
 4 
De fato, tendo em vista o rumo que as questões locatícias têm tomado, necessário se 
faz à análise detalhada de todo o processode elaboração de um contrato de locação de imóvel 
urbano. 
 
Nesta ordem, analisaremos, em separado, as principais regras que orientam a base do 
instrumento de contrato, observando o teor legal de cada uma e suas respectivas implicações 
obrigacionais. 
 
Oportunamente, atente-se para o fato de que não existem somente as cláusulas 
exemplificadas neste estudo, o contrato de locação poderá estabelecer outras disposições peculiares 
(direitos e deveres às partes contratantes), desde que não contrariem a Lei e que estejam em sintonia com os 
interesses concretos de cada parte. 
 
2.1. OBJETO DO CONTRATO: 
 
Em um contrato formalizam-se as obrigações das partes contratantes. Assim, a 
obrigação principal contida no contrato é que constituirá o seu objeto. 
 
Embora seja uma confusão bastante comum, o objeto do contrato de locação NÃO 
é a coisa em si, mas seu uso e gozo por alguém que não o seu proprietário, transferidos por 
meio de manifestação de vontade. Em regra, qualquer coisa não-fungível pode ser objeto de locação: 
corpórea ou incorpórea, móvel ou imóvel, inteira ou fracionada. 
 
Assim, o objeto do contrato de locação de imóvel urbano é o fornecimento por parte 
do proprietário (locador) do uso e gozo de determinado imóvel (discriminando as características deste), 
sob especiais condições, mediante remuneração (designada de aluguel) paga pelo respectivo usuário 
(locatário). 
 
2.2. SUJEITOS DA RELAÇÃO 
 
Em geral, temos como sujeitos da relação: 
 
O Locador – É todo aquele que dispõe o imóvel para a locação. 
 
O Locatário – É aquele que usa o imóvel disponibilizado, sob especiais condições, mediante 
contraprestação (designada de aluguel). 
 
2.3 DESTINAÇÃO DO IMÓVEL (Finalidade da locação): 
 
A destinação do imóvel, ou seja, a finalidade da locação deve estar perfeitamente 
identificada no contrato formalizado. Uma vez que é dever do locatário servir-se do imóvel para o 
uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza deste e com o fim a que se destina, 
devendo tratá-lo com o mesmo cuidado como se fosse seu. 
 
Segundo a natureza do pacto de locação, o imóvel poderá ser destinado: 
 
Locação Residencial – Considera-se quando o locatário for pessoa física e o imóvel destinar-se à 
residência (moradia) deste e/ou de sua família; 
 
Ver: Arts. 46 e 47 da Lei 8.245/91. 
 
 
 
 5 
Locação Não-Residencial (Comercial) - Considera-se locação não residencial quando o locatário 
for pessoa jurídica e o imóvel, destinar-se ao uso de seus titulares, diretores, sócios, gerentes, 
executivos ou empregados; 
 
Ver: Art. 55 da Lei 8.245/91. 
 
Locação para Temporada - Considera-se locação para temporada aquela destinada à residência 
temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura de 
obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão somente de determinado tempo, e contratada 
por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. 
 
Ver: Art. 48 da Lei 8.245/91. 
 
Locação “Build to suit” (Construir para locar) - Considera-se locação build to suit aquela locação 
não residencial na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por 
si mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação (futuro locatário), a 
fim de que seja a este locado por um longo prazo determinado. 
 
Ver: Art. 54-A da Lei 8.245/91. 
 
2.4 PRAZO DE LOCAÇÃO: 
 
O prazo de locação é livremente pactuado entre o locador e o locatário. Contudo, 
dependerá de autorização do cônjuge, se o prazo estipulado for igual ou superior a 10 (dez) anos. 
 
Didaticamente, podemos estabelecer o seguinte padrão: 
 
Prazo para Locação Residencial - Poderá ser ajustada por um prazo: 
 
• Igual ou superior a 30 (trinta) meses (caso em que, ocorrendo prorrogação, o locador poderá 
retomar o imóvel a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação); 
• Inferior a 30 (trinta) meses (pelo qual, ocorrendo prorrogação, o locador somente poderá retomar 
o imóvel nas hipóteses previstas nos artigos 9º e 47 da Lei de Inquilinato) 
 
Prazo para Locação Não-Residencial – Em observância ao direito a renovatória, poderá ser 
ajustada por um prazo: 
 
• Igual ou superior a 5 (cinco) anos (prazo mínimo de contrato a ser observado como um dos 
requisitos para uma ação renovatória); 
 
• Inferior a 5 (cinco) anos. 
 
Prazo para Locação por Temporada – Somente poderá ser ajustada por prazo não superior a 90 
(noventa) dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. Ultrapassado esse prazo, considera-se equiparada à 
locação residencial por prazo indeterminado. 
 
A Lei de Locações estabelece que durante o prazo estipulado para a duração do 
contrato não poderá o locador reaver o imóvel alugado, salvo a ocorrência de alguma infração 
contratual ou, até mesmo, em caso de caso fortuito ou força maior. Todavia, poderá o locatário 
devolvê-lo, pagando a multa pactuada, proporcionalmente ao período de cumprimento do contrato, 
e, na sua falta, a que for judicialmente estipulada. 
 
Ver: Art. 4º da Lei 8.245/91. 
 
 
 6 
Não obstante, findo o prazo estipulado, se o locatário continuar na posse do imóvel 
alugado por mais de 30 (trinta) dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação por 
prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do contrato. 
 
2.5 VALOR DO ALUGUEL: 
 
Por refletir o interesse de um individuo (proprietário) em ceder o seu imóvel para uso e 
gozo de outrem (inquilino) mediante determinada remuneração, a Lei de Locações permitiu que, ao 
ser locado um imóvel, seria livre a convenção do aluguel (entenda-se como a definição do seu valor), 
proibida somente a sua estipulação em moeda estrangeira e a sua vinculação à variação cambial ou ao 
salário mínimo. 
 
Apesar de livremente convencionado, a doutrina orienta que o aluguel seja fixado 
com base no real valor locatício do imóvel disponibilizado. 
 
Lembrando, ainda, que o Locador NÃO poderá exigir o pagamento antecipado 
do aluguel, salvo em caso de a locação não estar garantida (por fiança, caução ou seguro fiança) ou de 
locação por temporada. 
 
2.6 REAJUSTE DO ALUGUEL: 
 
Segundo a Lei de Locações, Locadores (proprietários) e Locatários (inquilinos) podem 
livremente escolher, de comum acordo, um índice econômico, oficial e de conhecimento público, 
que estime a variação do mercado no período para o reajuste do contrato. Sendo vedada a vinculação 
deste à variação do salário mínimo, variação cambial e moeda estrangeira. 
 
No Brasil, a inflação é medida por meio de diversos índices divulgados por 
instituições de credibilidade, tais como o Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE), a 
Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e 
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). 
 
A Lei do Inquilinato (8.245/91) não restringiu e nem especificou qual o índice a ser 
aplicado para correção monetária. Em virtude disso, devem as partes contratantes (locador e locatário) 
estipular expressamente no contrato qual o índice econômico a ser utilizado, dentre os índices 
existentes, tais como: ICV/Dieese; IGP-M/FGV; INPC/IBGE; IPC/FIPE; IPCA (IBGE). 
 
Saliente-se que não se deve confundir “reajuste de aluguel”, que é a mera correção 
de um aluguel, já definido, através de índice econômico; com “revisão de aluguel”, que é 
justamente uma nova estipulação do valor para o aluguel. 
 
Ver: Arts. 18 e 19 da Lei 8.245/91. 
 
2.7 DESPESAS E ENCARGOS LOCATÍCIOS: 
 
Uma vez celebrado contrato de locação entre locador e locatário, emana desta relação 
contratual algumas responsabilidades oriundas das despesas e encargos pela disponibilidade e uso do 
imóvel. A Lei doInquilinato, exemplificativamente, enumerou algumas dessas obrigações para as 
partes. 
 
 
 
 7 
As obrigações básicas do locador estão dispostas no artigo 22. Já para o locatário 
as respectivas responsabilidades estão dispostas no artigo 23 da lei. 
 
Não obstante a Lei do Inquilinato ter inicialmente delimitado a responsabilidade de 
cada um dos contratantes (locador e locatário), é importante observar que, no contrato de locação, as 
partes contratantes podem prever que a transferência para o locatário da responsabilidade pelo 
pagamento dos tributos (impostos e taxas) e do prêmio de seguro complementar contra fogo, que 
incidam ou venham a incidir sobre o imóvel locado. 
 
Ver: Art. 22, inc. VIII da Lei 8.245/91. 
 
2.8 ATRASO NO PAGAMENTO: 
 
Uma das principais obrigações do locatário é a de pagar pontualmente o aluguel e 
demais encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, 
até o 6º (sexto) dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver 
sido indicado no contrato. 
 
Ver: Art. 23, inc. I da Lei 8.245/91. 
 
O descumprimento desta obrigação legal e contratual ensejará ao Locatário: 
 
• O pagamento dos aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; 
• As multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; 
• Os juros de mora; 
• As custas e os honorários do advogado do locador, em caso efetivação de atos de cobrança, fixados em 
10 (dez) por cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa; 
• A rescisão do contrato de locação e consequente despejo. 
 
Em relação à multa de mora (por atraso no pagamento do aluguel e acessórios), esta não 
pode exceder ao percentual de 10% (dez por cento), por aplicação analógica do art.9º do Decreto nº 
22.626/33 (Lei de Usura), sob pena de reputar-se abusiva. 
 
Quanto aos juros, já existe a praxe negocial de estabelecê-los no patamar de 1% (um 
por cento) ao mês, conforme entendimento de nossos Tribunais. 
 
2.9 GARANTIAS LOCATÍCIAS: 
 
Em um contrato de locação, pode o locador exigir do locatário as seguintes 
modalidades de garantia contratual: 
 
• Caução; 
• Fiança; 
• Seguro de fiança locatícia; 
• Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. 
 
Garantia locatícia nada mais é que o ajuste, inserido no contrato, que visa dar ao 
locador uma segurança no que diz respeito ao pagamento dos alugueis e demais encargos locatícios. 
 
 
 
 8 
A lei proíbe que seja exigida mais de uma das modalidades de garantia num mesmo 
contrato de locação, sob pena de nulidade e configuração de contravenção penal, punível com prisão 
simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel 
atualizado, revertida em favor do locatário. 
 
Ver: Art. 43 da Lei 8.245/91. 
 
Importante lembrar que, salvo disposição contratual em contrário, qualquer das 
garantias da locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por 
prazo indeterminado. 
 
Ver: Art. 39 da Lei 8.245/91. 
 
 
2.10 HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO: 
 
Está implícito na relação contratual o fato de ser esta temporária. Observando esta 
característica, podemos concluir que qualquer contrato terá uma finalização certa e esperada, que 
poderá ser regular (também chamado de ordinária) ou irregular (extraordinária). 
 
Temos como extinção regular do contrato o cumprimento adequado de todas as 
previsões pactuadas, libertando ambas as partes das obrigações contratuais. No caso das locações 
urbanas, o final do prazo estipulado para locação e a entrega do imóvel. 
 
Qualquer outra forma que puser fim ao contratado que não seja o adimplemento das 
prestações devidas e pactuadas implicará em extinção irregular (extraordinária) do contrato. 
 
Nestes termos, podemos dizer que o pacto de locação poderá ser desfeito 
extraordinariamente: 
 
• Por mútuo acordo; 
• Em decorrência da prática de infração legal ou contratual; 
• Falta de apresentação de nova garantia pelo locatário após 30 dias da notificação realizada pelo locador; 
• Em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos; 
• Para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público, que não possam ser normalmente 
executadas com a permanência do locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti-las; 
• Em decorrência de desapropriação, com a missão do expropriante na posse do imóvel; 
• Em caso de eventual venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação em 
pagamento do imóvel locado, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de 
vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel; 
• Nos casos de extinção de usufruto ou de fideicomisso, na qual a locação celebrada pelo usufrutuário ou 
fiduciário poderá ser denunciada, com o prazo de trinta dias para a desocupação, salvo se tiver havido 
aquiescência escrita do nuproprietário ou do fideicomissário, ou se a propriedade estiver consolidada em mãos 
do usufrutuário ou do fiduciário; 
• Na ocorrência de qualquer evento catastrófico ou incêndio no imóvel locado que impossibilite a sua ocupação; 
• Na ocorrência de eventos imprevisíveis devido às ações governamentais e/ou judiciais, por força maior ou caso 
fortuito. 
 
Não obstante, seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador 
para reaver o imóvel é a de despejo. 
 
 
 9 
QUESTÕES PARA REVISÃO DA UNIDADE 
 
01. (Juiz do Trabalho – TRT 11ª Região – 2007) A prestação de serviço NÃO se poderá convencionar: 
a) Por instrumento particular quando qualquer das partes não souber ler e nem escrever; 
b) Por prazo indeterminado, sob pena de nulidade do contrato; 
c) Por mais de 4 anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de divida de quem o presta, ou se destine à execução de 
certa e determinada obra; 
d) Por mais de 3 anos, embora se destine à execução de certa e determinada obra; 
 
02. (TRE/RS – FCC/2010) Segundo as normas estabelecidas no Código Civil, na locação de coisas, 
havendo prazo estipulado para duração do contrato, antes do vencimento: 
a) Não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, o qual não goza de 
direito de retenção, tendo em vista a vedação legal específica para locação de coisa por prazo determinado; 
b) Poderá o locador reaver a coisa alugada, independentemente de ressarcir o locatário de perdas e danos, tendo em vista a 
liberdade concedida pela legislação civil decorrente do direito de propriedade; 
c) Não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, gozando o locatário 
do direito de retenção, enquanto não for ressarcido; 
d) Poderá o locador reaver a coisa alugada, desde que efetue o pagamento multa legal prevista na legislação civil de duas vezes o 
valor estipulado a título de aluguel; 
e) Poderá o locador reaver a coisa alugada, desde que efetue o pagamento de multa legal prevista na legislação civil de, no mínimo, 
dois salários mínimos. 
 
03. (Exame da Ordem – 27º RJ) Risco é o perigo a que está sujeita a coisa, de perecer ou de se 
deteriorar por caso fortuito ou força maior. Numa obra, se sobrevier acidente motivado pela 
natureza, que a destrói parcialmente, suportará sozinho o prejuízo: 
a) Tratando-se de empreitada mista, o empreiteiro, embora este não tenha agido com culpa; 
b) Tratando-se de empreitada mista, o empreiteiro, embora o dono da obra se encontre em mora de recebê-la; 
c) Tratando-se de empreitada de lavor, o empreiteiro, embora este não tenha agido com culpa; 
d) Tratando-se de empreitada de lavor, o dono da obra, embora o empreiteiro tenha agido com culpa.04. (Juiz Federal – 5ª Região – CESPE 2009) Carlos, de posse de projeto elaborado por uma arquiteta 
e por ele aprovado, celebrou contrato de empreitada mista com uma construtora para a realização de 
reforma em imóvel seu, não tendo sido estipulada cláusula de reajuste de preço. Com base nessa 
situação hipotética, assinale a opção correta: 
a) Como é usual nos contratos de empreitada mista, a responsabilidade da construtora abrangerá o fornecimento de mão de obra e 
de materiais, ficando a direção da obra sob a responsabilidade de Carlos; 
b) Ainda que a construtora comprove aumento do custo de material e dos salários dos empregados, não lhe cabe o direito a 
qualquer acréscimo no preço acertado com Carlos; 
c) Em face da natureza do contrato celebrado, a construtora é responsável por eventuais danos causados a terceiros em decorrência 
da reforma do imóvel, ficando Carlos isento de qualquer responsabilidade; 
d) Havendo modificações no projeto original, somente poderá a construtora exigir acréscimo no preço contratado se tais modificações 
forem autorizadas por instruções escritas do dono da obra, não cabendo a alegação de conhecimento tácito deste; 
 
05. (Exame de Ordem – MT – 2004) Na locação Não Residencial (empresarial), o locatário terá 
direito à renovação do contrato, por igual prazo, desde que preencha alguns requisitos legais. Não 
pode ser considerado requisito para a renovação compulsória do contrato: 
a) O contrato a renovar ter sido celebrado com prazo determinado; 
b) O contrato a renovar ter sido celebrado por escrito; 
c) O contrato a renovar ter sido celebrado com prazo mínimo de 10 (dez) anos; 
d) O contrato a renovar ter sido celebrado com prazo mínimo de 5 (cinco) anos; 
 
06. Durante o prazo estipulado para a duração do contrato locatício, poderá o locador reaver o 
imóvel? E o locatário, poderá devolvê-lo antes de findo o prazo de vigência ?

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