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INTRODUÇÃO À ANÁLISE. Tema I. Título: Conjuntos finitos e infinitos. Objetivos:- Definir conjunto finito, infinito e enumerável. -Estudar as propriedades dos números naturais. -Demonstrar algumas propriedades dos conjuntos finitos e enumeráveis. Desenvolvimento: O conjunto N dos números naturais é caracterizado pelos seguintes fatos: 1. Existe uma função invectiva s:N N tal que s(n)=n+1, sucessor de n. 2. Existe um único n N, n=1 s(n) n N. 3. Se X N é tal que 1 X e s(X) X (isto é, n X s(n) X), então X=N). As propriedades 1,2 e 3 chamam-se axiomas de Peano. O axioma 3 é o princípio de indução. Este princípio serve de base ao método de demonstração conhecido como método de indução. No conjunto dos números naturais são definidas duas operações fundamentais: adição e multiplicação. Estas operações são caracterizadas por: m+1=s(m) m+s(n)=s(m+n) m.1=m m(n+1)=mn+m Propriedades: 1. Associatividade: (m+n)+p=m+(n+p), (n.m)=n(m+p). 2. Distributividade: m(n+p)=mn+mp 3. Comutatividade: m+n=n+m. 4. Lei de corte: m+n=m+p n=p; mn=mp n=p. Dados m,n N, vale uma e somente uma das alternativas : m=n, m<n ou m>n. Uma das mais importantes propriedades da relação de ordem m<n é o chamado: Princípio de boa ordenação: Todo subconjunto não vazio A N possui um menor elemento, isto é, um elemento n 0 n n A. I n é o conjunto dos números naturais n. Conjunto finito: I n ={p N; p n} Um conjunto X é finito se é vazio, ou existe uma bijeção f:I n X para algum n N. Escrevendo x 1 =f(1), x 2 =f(2),...., x n =f(n), então X={ x 1 , x 2 ,..., x n }. f chama-se uma contagem dos elementos de X, e n é o número de elementos, ou cardinal do conjunto X. Teorema 1: Se A é um subconjunto próprio de I n , não pode existir uma bijeção f:A I n . D:Suponha por absurdo, e considere n 0 N o menor elemento para o qual A 0n I subconjunto próprio e uma bijeção f:A 0n I , n 0 >1. Seja a A tal que f(a)= n 0 , a restrição de f a A –{a} I 10 n será uma bijeção sobre I 10 n , o que contraria a minimalidade de n 0 . Corolário 1: Se f: I m X e g: I n X são bijeções, então m=n.. Corolário 2: Seja X um conjunto finito. Uma aplicação f: X X é injetiva se, e somente se é sobrejetiva. Teorema 2: Todo subconjunto de um conjunto finito é finito. D: Se x= ou n=1é evidente. Supondo o teorema verdadeiro para conjuntos com n elementos, sejam X um conjunto com n+1 elementos e Y X. Se Y=X, não há nada o que provar. Caso contrário existe a X com a Y. Então Y X.- {a}. Como X.-{a} tem n elementos, segue-se que Y é finito. Corolário1: Dada f: Y X, se Y é finito e f é injetiva então X é finito; se X é finito e f é sobrejetiva então Y é finito. Corolário 2: Se X é finito e Y é um subconjunto de X, não existe uma bijeção de Y em X. D: Seja XY , e suponhamos que XYf : é uma bijeção, como X é finito, existe XIg n : bijetiva então AYg )(1 , assim nA IAofoggh :1 bijetiva de nIA em nI , o que é uma contradição. Conjunto infinito: O conjunto X é infinito quando não é vazio nem existe, seja qual for n N, uma bijeção f: I n X. O conjunto dos números naturais N é infinito e 2N dos naturais pares é infinito. Teorema 3: Se X é um conjunto infinito, então existe uma aplicação injetiva f: N X. D: Para cada subconjunto não vazio. A X se escolhe um elemento x A A. Enseguida define-se Y X indutivamente. Pondo f(1)=x 0A e , supondo já definidos f(1),..., f(n), escrevemos A n =X-{f(1),...,f(n)}. Como X é infinito, A n não é vazio. Definimos então f(n+1)=x nA . Isto completa a definição de f. Para provar f é injetiva, sejam m, n N, digamos m<n. Então f(m) {f(1),..., f(n-1)} enquanto f(n) X-{f(1),..., f(n-1)}, logo f(m) f(n). Corolário: Um conjunto X é infinito se, e somente se, existe uma bijeção g: X Y sobre um subconjunto próprio Y X. D: Existe f: N X ta l que f(n)=x n , Y=X-{x 1 }, g: X Y, g(x)=x se x não é um dos x n e g(x n )=x 1n . Exemplo: N 1 N-1, P=2N, I=N-P. Conjuntos enumeráveis: Um conjunto diz-se enumerável quando é finito ou quando existe uma bijeção f: N X. Neste caso, f chama-se uma enumeração dos elementos de X. Escrevemos x 1 =f(1), x 2 =f(2),...., x n =f(n),...tem-se então X={ x 1 , x 2 ,..., x n ,...} Teorema 4: Todo subconjunto X N é enumerável. D:Se X é finito, nada há que demonstrar. Caso contrário, enumerando os elementos de X pondo x 1 = menor elemento de X e supondo definidos x 1 < x 2 <,...,< x n , escreve-se A n =X-{ x 1 , x 2 ,..., x n }. A n , pois X é infinito, definindo x 1n = menor elemento de A n . Então X={ x 1 , x 2 ,..., x n ,...}. Se existe x x n , x A n para algum n , logo x seria um natural maior que todos os elementos do conjunto { x 1 , x 2 ,..., x n ,...}, o que não é possível. Corolário 1: O produto cartesiano de dois conjuntos enumeráveis é enumerável. D: f: N X e g: N X sobrejeções, logo : NxN XxY dada por (m,n)=(f(m),g(n)) é sobrejeção, por tanto basta provar NxN é enumerável : NxN N, dada por (n,m)=3 n m2 , é injetiva. Corolário 2: A reunião de uma família enumerável de conjuntos enumeráveis é enumerável. D: Com X 1 , X 2 , ..., X n ,...enumeráveis, existem as sobrejeções f 1 : N X 1 , f 2 : N X 2 ,... f n : N X n , ...X= 1n nX define a sobrejeçao f: NxN X pondo f(m,n)= f n (m). Todo conjunto infinito contem um subconjunto infinito enumerável. Exemplos: 1) f: N Z, f(n)= 2 1n , n impar. f(n)=- 2 n , n par. 2) f: ZxZ * Q, f(m.n)= n m SEMINÁRIO 1: 1. Prove por indução que s(n) n. 2. Se f: I m X e g: I n X são bijeções, prove que m=n. Sugestão: Indique a aplicação h: I m I n , fazendo uso de f e g. 3. Se existe uma bijeção f: X Y então, dado a X e b Y, prove que existe uma bijeção g: X Y tal que g(a)=b. Sugestão: Considere uma bijeção qualquer e troque adequadamente a imagem de a. 4. Dada f: X Y, prove que: a) Se Y é finito y f é injetiva, então X é finito. b) Se X é finito e f é sobrejetiva então Y é finito. Sugestão: Analisar a aplicação de X em f(X). Para o item b faça uso da inversa. 5. O conjunto X é limitado se existe um p em N tal que x é menor ou igual que p para todo x de X. Prove que X N é finito se, e somente se, é limitado. Sugestão: Considere como p para a cota do conjunto X a soma dos elementos de X. 6. Seja f: X Y, prove que: a) Se f é injetiva e Y é enumerável, então X é enumerável. b) Se f é sobrejetiva e X é enumerável então Y é enumerável. Sugestão: Considere g: Y N, e logo a composta de X em N. Para o item b proceda como no exercício 4 o item b. 7. Usando indução prove que: a) 1+2 + ...+ n= 2 )1( nn b)1+3+...+2n-1=n 2 8. Dada f: X Y, prove que: a) Se X é infinito e f é injetiva então Y é infinito. b)Se Y é infinito e f á sobrejetiva então X é infinito. Sugestão: Analisar que f é uma bijeção de X em uma parte de Y. Para o item b considere que a inversa de f será uma bijeção de Y em parte de X. 9. Seja Y enumerável e f: X Y tal que, para cada y Y, f 1 (y) é enumerável. Prove que X é enumerável. Sugestão: Fazer uso da reunião enumerável de conjuntos enumeráveis. Referências: Elon Luiz. Análise Real. Funções de uma variável real. 8va ed. Rio de Janeiro. IMPA. 2006. Tema II. Título: Números reais. Objetivos: - Compreender porque R é um corpo ordenado e completo. - Analisar os teoremas fundamentais aplicando supremo, ínfimo, intervalos encaixados, intervalos degenerados, etc. Desenvolvimento: O conjunto dos números reais será indicado por R. R é um corpo, isto significa que estão definidas em R duas operações, chamadas adição e multiplicação. Os axiomas que essas operações obedecem são: 1. Associatividade: x,y,z R tem-se : (x+y)+z=x+(y+z); (xy)z=x(yz). 2. Comutatividade: x+y=y+x; xy=yx. 3. Elementos neutros: em R os elementos 0 e 1 tais que : x+0=x; 1.x=x x R. 4.Inversos: Todo x R possui inverso - x R; x+(-x)=0 e, se x 0, o inverso multiplicativo x 1 R; x x 1 =1 5. Distributividade: Para x,y,z R tem-se x(y+z)=xy+xz. Diferença: x-y=x+(-y) Quociente: y x =x y 1 Estas operações chamam-se subtração e divisão. R é um corpo ordenado, pois R R (chamado conjunto dos números reais positivos) cumpre as seguintes condições: 1. A soma e o produto de números reais positivos são positivos: x, y R então: x+y R e xy R . 2. Dado x R, exatamente uma das três alternativas seguintes ocorre: ou x=0, ou x R ou - x R . Se indicarmos por R o conjunto dos números –x onde x R , a condição (2) diz que R=R R {0} e os conjuntos R , R e {0} são dois a dois disjuntos. Os números y R chamam-se negativos. Dados x,y R, se x 0, então x 2 R ; se x 2 =y 2 então x=y ou x=-y. Se x<y então y-x R , isto é y=x+z com z R . Propriedades: 1.Transitividade: Se x<y e y<z então x<z. 2. Tricotomia: Dados x, y R ocorre exatamente uma das alternativas x=y, x<y ou x>y. 3. Monotonicidade da adição: Se x<y, z R, x+z<y+z. 4. Monotonicidade da multiplicação: Se x<y , z>0 xz<yz. Se, porém z<0 então x<y xz>yz. Temos que N Z Q R. Desigualdade de Bernoulli: Para todo número real x -1 e todo n N, tem-se (1+x) n 1+nx. D: Provemos por indução: é obvio para n=1.Suponhamos é válida para n , e provemos o é para n+1. (1+x) 1n (1+nx)(1+x)=1+(n+1)x+n x 2 1+(n+1)x Módulo ou valor absoluto: x =max xx , . Para todo x R, - x x x . Teorema 1:Se x, y R yx x + y e xy = x y . D: x x, y y x + y x+y; x -x, y -y x + y -(x+y) -( x + y ) x+y yx x + y . xy 2 = x 2 y 2 ( x y ) 2 =x 2 y 2 Então xy = x y . Teorema 2: Sejam a, x, R. Tem-se ax < a- <x<a+ . D: Como ax =max{x-a e –(x-a)} x-a< e –(x-a)< - <x-a< a- <x<a+ . Os intervalos são tipos especiais de conjuntos de números reais, e podem ser limitados e ilimitados: (a,b]={x R; bxa }- limitado. [a,+ )= {x R;a x}-ilimitado. O conjunto dos números reais R é um corpo ordenado compreto, Q é um corpo ordenado, mas não é completo. Um conjunto X é limitado superiormente quando b R; x b x X, e limitado inferiormente se a R; a x x X. É limitado, se e só se é limitado superior e inferiormente, ou equivalentemente, que K>0 ; x K x X. O número b chama-se supremo de X. O supremo cumpre as condições: 1. x X, tem-se x b. 2. Se c R é tal que x c x X então b c. 2’. Se c<b então x X com c<x. O supremo é o menor das cotas superiores. O número a chama-se ínfimo se cumpre as condições: 1. x X tem-se a x. 2. Se c<x x X então c<a. 2’. Se a<c então x X; x<c. O ínfimo é a maior das cotas inferiores. Se b X, então b é o máximo elemento de X. Se a X, então a é o mínimo elemento de X. R é completo, significa que todo conjunto não vazio limitado superiormente X R possui supremo b=supX R. Teorema 3: i) O conjunto N R dos números naturais não é limitado superiormente. ii) O ínfimo do conjunto X={ n 1 , n N} é 0. iii) Dados a, b R , n N; na>b. D: i) Se c=supN c-1 não é cota superior de N, n N; c-1<n c<n+1 N, então c não é supN. ii) Basta provar que c>0 não é cota inferior de X, se o fosse, n 1 >c n n< c 1 , mas por (i) dado c 1 R, n N; c 1 <n; por tanto c não é cota superior. iii) Se a, b R , por (i) n N; n> a b na>b. As propriedades (i), (ii) e (iii) significam que R é um corpo arquimediano, mas (iii) é devida a Eudoxo. Teorema4(Intervalos encaixados): Dada uma seqüência decrescente ......21 nIII de intervalos limitados e fechados ],[ nnn baI , pelo menos um c R; c nI n N. D: As inclusões 1 nn II significam que 1221 ......... bbbaaa nn . O conjunto A={ 121 ,...,...,, naaa } é, portanto, limitado superiormente, seja c=supA. Evidentemente, na c n N. Além disso, como cada nb é cota superior de A, temos c nb n N. Por tanto c nI qualquer que seja n N. Teorema 5: O conjunto dos números reais não é enumerável. D: f: N R não é sobrejetiva para nenhuma f. Dada f se construiu uma seqüência ......21 nIII , I 1 =[a 1 , b 1 ], f(1)< a 1 , f(j) I j . Suponhamos obtido nIII ...21 se f(n+1) I n , toma-se I 1n = I n , se f(n+1) I n e na < f(n+1), I 1n =[a 11, nn b ] com ,a ,1n = na e 2 )1( 1 nfa b nn . Se c I n n N, então não existe n tal que f(n)=c. Então f não é sobrejetiva.. Sendo R=Q (R-Q) temos que o conjunto dos números irracionais é não- enumerável. Corolário: Todo intervalo não-degenerado é não-enumerável. D:Todo intervalo não-degenerado contém um intervalo (a,b), e como f:(-1,1) (a,b); f(x)= 2 1 [(b-a)x+a+b] é uma bijeção , basta mostrar que (-1,1) é não enumerável. Ora, a função g:R (-1,1), dada por g(x)= x x 1 é uma bijeção cuja inversa é h:(-1,1) R; h(y)= y y 1 , pois g(h(y))=y e h(g(x))=x. Teorema 6: Todo intervalo não-degenerado I contém números racionais e irracionais. D:I contém irracionais, pois é não-enumerável. Provemos contém racionais, tomemos [a,b] I onde a<b, podem ser irracionais. Fixemos n N tal que n 1 <b-a. Os intervalos mI = ] 1 ,[ n m n m , n Z, cobrem a reta, isto é Zm mIR . Portanto existe m Z; a mI . Como é irracional, temosn m a n m 1 , sendo n 1 o comprimento do intervalo mI menor do que b-a, segue-se que n m 1 <b, logo n m 1 [a,b] I. SEMINÀRIO. 1. Prove as seguintes unidades: a) Se x+u=x para algum x R então u=0. b) Se xu=x para todo x R então u=1. c) Se x+y=0 então y=-x. d) Se xy=1 1 xy . Sugestão: Fazer uso do inverso aditivo e multiplicativo. 2. Se a 0 e b 0 em R, prove que 111)( baab e conclua que a b b a )( Sugestão: Multiplicar por ab e considerar a comutatividade. 3. Dados a,b,c,d R, se b 0 e d 0 prove que bd ac d c b a e bd bcad d c b a ))(( . Sugestão: Multiplicar ambos os membros por bd. 4. Prove que n n xxx x x ...1 1 1 2 1 para todo x 1. Sugestão: Pode-se aplicar indução ou efetuar a soma do segundo membro. 5. Para quaisquer x, y, z R, prove que zyyxzx . Sugestão: Considere x-z=(x-y)+(y-z) y aplique a desigualdade triangular. 6. Prove por indução 2 2 )1( 1)1( x nn nxx n , 0x . 7. x 0 em R, prove que nxx n 1)1( 2 . Sugestão: Desenvolver o quadrado e aplicar a desigualdade de Bernoulli. 8. a)Se 2 2 1 1 , b a b a (a,b), 21,bb >0, prove que 21 21 bb aa (a,b). b) Se n n b a b a b a ,...,, 2 2 1 1 (a,b), nbbb ,...,, 21 >0, prove que n n bbb aaa ... ... 21 21 (a,b). Sugestão: Fazer uso da condição para que um número este num intervalo. 9. Se supf=sup{f(x);x X}. Prove que se f,g:X R estão limitadas superiormente e f+g:X R tem-se sup(f+g) sup-f+supg. Dé um exemplo com sup(f+g)<supf+supg. Enuncie e prove um resultado análogo para ínfimo. Sugestão: Aplicar a definição de supremo. 10. Use o fato que o trinômio de segundo grau f(L)= 0)( 1 2 i ii Lyx , L R para provar a desigualdade de Cauchy-Schwarz: n i i n i i n i ii yxyx 1 2 1 22 1 )( . Sugestão: Fazer uso do descriminante da expressão quadrática. Referências: Elon Luiz. Análise Real. Funções de uma variável real. 8va ed. Rio de Janeiro. IMPA. 2006. Tema III. Título: Seqüências de números reais. Objetivos:- Compreender os conceitos de seqüência convergência, monótona, etc. -Saber interpretar o conceito de limite de uma seqüência. -Conhecer o teorema de Bolzano-Weierstrass. Desenvolvimento: Uma seqüência de números reais é uma função x: N R, que associa a cada número natural n um número real x n , chamado o n-ésimo termo da seqüência. Escreve-se ( ,...,...,, 21 nxxx ) ou (x n ) Nn , ou simplesmente (x n ), para indicar a seqüência cujo n-ésimo termo é x n . Não se deve confundir a seqüência (x n ), com o conjunto { ,...,...,, 21 nxxx }.Pois (-1) n =(-1,1,-1,1,...), e o conjunto é {-1,1}. Uma seqüência (x n ) diz-se limitada superiormente (respectivamente inferiormente) Quando c R; x n c (respectivamente x n c) n N. É limitada quando ela é limitada superior e inferiormente. Isto equivale a dizer que k>0; x k n N Ex !: Se a>1 então a seqüência ( na ) é limitada inferiormente, porém não superiormente, multiplicando 1<a por na obtemos na < 1na , por outro lado a=1+d, com d>0, e pela desigualdade de Bernoulli (1+d) n >1+nd. Portanto dado qualquer c R temos que 1+nd>c sempre que n> d c 1 . Dada a seqüência (x n ) Nn , uma subseqüência de x é a restrição da função x a um subconjunto infinito N’={n ,...},...,, ,21 knn de N. Escreve-se x’=(x n ) 'Nn ou ( ,...,...,, 21 knnn xxx ). Exemplo 2: Seja a seqüência Nnn 1 . “Se N’é o conjunto dos números naturais pares e N” o conjunto dos números naturais ímpares então ' 1 Nnn =(1/2, 1/4, 1/6,...,1/2n,...), e a seqüência '" 1 Nnn =(1, 1/3, 1/5,...,1/(2n-1),...). Diz-se que o número real a é o limite da seqüência (x n ) quando, 0 real , dado arbitrariamente, pode-se obter 0n N; todos os termos x n com índice n> 0n cumprem a condição axn . Escreve-se então a=lim x n . Esta importante definição significa que, para valores muito grandes de n, os termos x n tornam-se e se mantém tão próximos de a quanto se deseje. Simbolicamente, escreve-se: a=lim x n 0 0n N; n> 0n axn . Dizer que a=lim x n significa afirmar que qualquer intervalo aberto de centro a contém todos os termos x n da seqüência, salvo para um número finito de índices n, a saber, n 0n , onde 0n é o escolhido em função do raio do intervalo dado. Em vez de a=lim x n , escreve-se a= nx Nn lim , a= nx n lim ou axn . Esta última expressão lê-se “x n tende para a”, ou “converge para a”. Uma seqüência que possui limite diz-se convergente, em caso contrário ela chama-se divergente. Teorema 1 (Unicidade do limite): Uma seqüência não pode convergir para dois limites distintos. D: Seja lim x n =a. Dado b a podemos tomar ; os intervalos I=(a- ,a+ ) e J=(b- ,b+ ) sejam disjuntos 0n N; n> 0n implica x n I, então n> 0n , temos Jx , logo b não é limite. Teorema 2: Se lim x n =a então toda subseqüência de (x n ) converge para o limite a. D: Seja ( ,...,...,, 21 knnn xxx ) a subseqüência. Dado qualquer intervalo aberto I de centro a, existe 0n N; todos os termos x n I com n> 0n . Em particular os termos kn x , com 0nnk também pertencem a I, logo limx kn =a. Teorema 3: Toda seqüência convergente é limitada. D: Seja lim x n =a. Tomemos =1, vemos que 0n N tal que n> 0n x n (a- , a+ ). Seja b o menor e c o maior elemento do conjunto finito {x 1,1,,..., 01 aaxn }. Todos os termos x n da seqüência estão contidos no intervalo [b,c], logo ela é limitada. Exemplo 3: Se x n =1+(-1) 1n , então (x n )=2,0,2,...) é limitada mas não é convergente. Exemplo 4: A seqüência x n =(n)=(1,2,3,...)não é convergente porque não é limitada. Uma seqüência (x n ) chama-se monótona quando se tem 1 nn xx , n N ou nn xx 1 n N. No primeiro caso, diz-se que (x n ) é monótona não- decrescente e, no segundo, que (x n ) é monótona não-crescente. Se, mais precisamente, tivermos 1 nn xx (respectivamente nn xx 1 ) n N, diz-se que a seqüência é crescente (respectivamente decrescente). Teorema 4: Toda seqüência monótona limitada é convergente. D: Seja (x n ) monótona, digamos não-decrescente, limitada. Escrevemos X=( ,...,...,, 21 nxxx ) e a=supX, afirmamos que a=lim x n . Com efeito, dado >0, o número a- não é cota superior de X. Logo 0n N; a- < 0n x <a. Assim, n> 0n a- < 0n x x n <a+ e daí limx kn =a. Semelhantemente, se (x n ) é não-crescente e limitada. Corolário (teoremade Bolzano-Weirstrass): Toda seqüência limitada de números reais possui uma subseqüência convergente. D: Basta mostrar que toda seqüência (x n ) limitada possui uma subseqüência monótona. Um termo x n é destacado quando pnxx pn . Se D for o conjunto dos índices n tais que x n é um termo destacado. Se D N é um conjunto infinito {n ...}...,21 knn , então a subseqüência (x n ) Dn será monótona não-crescente . Se entretanto, D for finito seja Nn 1 maior do que todos os n D. Então 1n x não é destacado, logo 2n > 1n com 2 2 nn xx . Por sua vez , 2n x não é destacado logo 3n > 2n com 3 2 2 nnn xxx . Prosseguindo, obtemos uma subseqüência crescente ,...,...,, 21 knnn xxx . Exemplo 5: A seqüência (x n )=(1/n)é monótona, decrescente , limitada, Temos então lim1/n=inf{1/n; n N}=0. Exemplo 6: Seja 0<a<1. A seqüência ( ,...,...,, 2 naaa ), formada pelas potencias sucessivas de a, é decrescente, limitada pois a<1 nn aa 1 . Afirmamos que 0lim na n . SEMIÁRIO 3: 1. Dadas as seqüências a n =(- n 1 ) n , b n =( 3 ) n , (-1) n 2 n : a) Diga se são ou não monótonas, por qué? b) Indique em cada caso uma subseqüência monótona. c) Qual das subseqüências é convergente? Sugestão: Analise o conjunto de valores das seqüências. 2. Uma seqüência (x n ) diz-se periódica quando p N; x pn = x n n N. Prove que toda seqüência periódica convergente é constante. Sugestão: Fazer uso do período e compare com a definição de convergência. 3. Dadas as seqüências (x n ) e (y n ), defina (z n ) pondo z 12 n = x n e z n2 = y n . Se lim x n =lim y n =a, prove que lim z n =a Sugestão: Aplicar a definição de limite para cada subseqüência e conclua para a seqüência. 4. Se lim x n =a, prove que lim nx = a . Sugestão: Fazer uso de que a-b a - b . 5. Se uma seqüência monótona tem uma subseqüência convergente, prove que a seqüência é, ela própria, convergente. Sugestão: Fazer uso da existência do limite e da monotonicidade. 6. Um número a chama-se valor de aderência da seqüência (x n ) quando é limite de uma subseqüência de (x n ). Para cada um dos conjuntos A, B, e C abaixo ache uma seqüência que o tenha como conjunto dos seus pontos de aderência. A={0,2}, B={1,3} e C={0,1,2}. Sugestão: Fazer para C uma partição do conjunto dos números naturais. Referências: Elon Luiz. Análise Real. Funções de uma variável real. 8va ed. Rio de Janeiro. IMPA. 2006. Título:Operações com limites. Objetivos:- Compreender as principais propriedades do limite. Conhecer:- Teorema do sanduíche. -Resultados do limite infinito. Desenvolvimento: Diremos que para todo n suficientemente grande x n goza da propriedade P para significar que 0n N; n> 0n x n goza da propriedade P. Teorema 1: Seja lim x n =a. se b<a então, n suficientemente grande, tem-se b< x n . D: Tomemos =a-b, temos >0 e b=a- . Pela definição de limite, 0n N; n> 0n a- < x n <a+ b< x n . Analogamente, se a<b. Corolário 1: Seja lim x n =a. Se a>0 então n N suficientemente grande, tem-se x n >0. Analogamente, se a<0. Corolário 2: Sejam lim x n =a e lim y n =b. Se x n y n n suficientemente grande então a b. Em particular se x n b n suficientemente grande, então lim x n b. Observação: Se x n <y n n não se poderia concluir a<b basta tomar x n =-1/n e y n =1/n. Teorema 2(Teorema do sanduíche): Se lim x n = lim y n =a e x n z n y n n suficientemente grande, então lim z n =a. D: Dado arbitrariamente >0, n Nn ,21, ; n> 1n a- < x n <a+ e para n>n 2 a- < y n <a+ . Seja 0n =max{ n ,21,n }. Então n> 0n a- < x n z n y n <a+ a- < z n <a+ , logo lim z n =a. Operações com limites. Teorema 3: Se lim x n =0 e (y n )é uma seqüência limitada (convergente ou não) então lim (x n y n )=0. D: c>0; cyn n N. : Dado arbitrariamente >0, 0n N; n> 0n c xn . Então n> 0n c c yxyx nnnn . , logo lim (x n y n )=0. Exemplo 1: Se x n =1/n e y n =sen(n) então y n não converge mas -1 y n 1, tem-se lim (x n y n )= sen(n)/n=0. Observação: Se y n não é limitada, nada pode-se dizer. Teorema 4: Se lim x n =a e lim y n =b então: 1. lim (x n y n )=a b 2. lim (x n y n )=ab 3. lim (x n /y n )=a/b se b 0. D: 1) Dado arbitrariamente >0, n Nn ,21, ; n> 1n axn /2 e para n>n 2 byn /2. Seja 0n =max{ n ,21,n }. Então n> 0n )()( bayx nn )()( byax nn )( byax nn < /2+ /2= . 2) Temos x n y n -ab= x n y n - x n b+ x n b-ab= x n (y n -b)+b(x n -a), mas x n é limitada além disso lim(x n -a)= lim (y n -b)=0 e assim lim (x n y n )=ab. 3) x n /y n -a/b= (x n b-y n a)/b y n como lim (x n b-y n a)=0basta provar que 1/ b y n é limitada. Ora pondo c=b 2 /2 temos que 0<c< b 2 . Como lim b y n = b 2 , então: lim (x n /y n -a/b)=0. Limites infinitos. Dada uma seqüência x n , diz-se que o limite de x n é + e escreve-se lim x n =+ , para significar que, dado arbitrariamente A>0 , existe 0n N; n> 0n implica x n >A. Analogamente lim y n =- . Nestes casos as seqüências não são convergentes. Teorema 5: 1)Se lim x n =+ e y n é limitada inferiormente então lim (x n +y n )=+ . 2) Se lim x n =+ e existe c>0 ; y n >c n N então lim (x n y n )=+ 3) Se x n >c >0, y n >0 n N lim y n =0 então lim (x n /y n )=+ . 4) Se (x n ) é limitada e lim y n =+ então lim (x n /y n )=0. D: 1) c R; y n c n N. Dado arbitrariamente A>0, existe 0n N; n> 0n implica x n >A-c. Segue-se que n> 0n x n +y n >A-c+c=A, logo lim (x n +y n )=+ . 2) Dado arbitrariamente A>0, existe 0n N; n> 0n implica x n >A /c logo n> 0n x n y n > (A /c).c =A donde lim (x n y n )=+ 3) Dado arbitrariamente A>0, existe 0n N; n> 0n implica x n >A /c logo n> 0n y n <c/A. Então n> 0n x n /y n >c.( c/A)=A e daí lim (x n /y n )=+ . 4) c>0; cxn n N. Dado arbitrariamente >0, 0n N; n> 0n , y n >c/ . Então n> 0n c y x n n ( /c )= , logo lim (x n /y n )=0. Proposição: Se x n >0 n N e lim n n x x 1 =a<1 então lim x n =0. D: Seja c R com a<c<1, então 0< n n x x 1 <c n suficientemente grande. Segue-se que 0< 1nx <c x n , logo para n suficientemente grande, a seqüência (xn ) é monótona limitada. Seja lim x n =b. De 1nx < cx n n suficientemente grande resulta, fazendo n , que b<cb (1-c)b 0. Como b 0 e 0<c<1, concluímos que b=0. SEMINÁRIO 4: 1) Prove que si a>1 então: a) lim k k a n =0 b) lim n an =0 c) lim 0 nn n Sugestão: Prove que lim n n x x 1 =a<1. 2) Seja lim x n =a e lim y n =b. Se a<b, provar que existe 0n N; n> 0n implica x n < y n . Sugestão: Considere 2 ab e aplique a definição de limite. 3) Se o número a não é o limite da seqüência limitada (x n ), prove que alguma subseqüência de (x n ) converge para um limite b a. Sugestão: Fazer uso do teorema de Bolzano-Weirstrass. 4) Prove que lim nn =1. Sujestão: Aplique ln a x n = nn 1 . 5) Se lim x n =+ , prove que lim [ nn xax ln)ln( ]=0. Sugestão: Fazer uso da conjugada. 6) Mostre que lim )ln( )1ln( n n =1. Sugestão: Use que lim x n =a se e só se lim (x n -a)=0. Referências: Elon Luiz. Análise Real. Funções de uma variável real. 8va ed. Rio de Janeiro. IMPA. 2006. Tema IV. Título: Séries numéricas. Objetivos: - Conhecer e aplicar os conceitos de convergência, convergência absoluta e convergência condicional. -Saber aplicar os testes de Cauchy e D’Alembert. -Conhecer os resultados fundamentais sobre convergência de series. Desenvolvimento: Uma série é uma soma s= ...,...21 naaa com um número infinito de parcelas. Para que isso faça sentido, poremos: Dada a seqüência )( n a de números reais, a partir dela formamos uma nova seqüência ns onde: ,11 as , 22 aas a ,..., nn aaas ...21 , etc Os números s n chamam-se as reduzidas ou somas parciais da série na . A parcela na é o n-ésimo termo ou termo geral da série. Se existe o limite s=lim s n , diremos que a série na é convergente e s= na = ...,...21 naaa será chamada a soma da série. Se o lim s n não , diremos que na é uma série divergente. Exemplo 1: Se a <1, então a série na =1/(1-a), é convergente. A série harmônica n 1 é divergente. Teorema 1(Critério de comparação): Sejam na e nb séries de termos não negativos. Se c>0 0n N; a n c b n n> 0n então a convergência de nb na enquanto a divergência de na nb . D: Sem perdida de generalidade, podemos supor a n c b n n N. Então as reduzidas s n e t n , de na e nb respectivamente, formam seqüências não- decrescentes tais que s n c t n n N. Com c>0, (t n ) limitada (s n ) limitada e (s n ) ilimitada (t n ) ilimitada, pois t n s n /c. Exemplo 2: A série rn/1 converge se r>1 e diverge se 0<r<1. 3/1 n - Converge. n/1 - Diverge. )...(lim 21 n n aaa Teorema 2: O termo geral de uma série convergente tem limite zero. D: Se a série na é convergente então, pondo a n = s n - s 1n , e com lim s n =s. lim a n = lim (s n - s 1n )=s-s=0. lim a n =0 é uma condição necessária para a convergência, mas não suficiente, pois na série harmônica n 1 =lim 1/n=0 e é divergente. Uma série na diz-se absolutamente convergente quando na converge. Exemplos 3: na quando -1<a<1 é absolutamente convergente. nn /)1( 1 =1- ½+ 1/3 -... é convergente. Quando tomamos a soma dos valores absolutos, obtemos a série harmônica que é divergente. Teorema 3(Teorema de Leibniz): Se (a n ) é uma seqüência monótona decrescente que tende para zero então nn a1)1( é uma série convergente. D: Seja s n = a-a 2 +.. + n)1( a n . Então nnnn aass 212222 e s 1221212 nnnn aas . Logo as reduzidas de ordem par formam uma seqüência não-decrescente (pois nn aa 212 0 ) e as reduzidas de ordem impar uma seqüência não –crescente (pois - 122 nn aa 0). Além disso, como nnn ass 2122 , temos 02122 nnn ass . Isto mostra que: 1312242 ......... ssssss nn E lim ns2 =lim 12 ns pois lim na2 =0. Logo (s n ) converge. Exemplos 3: A série )/11ln()1( nn é convergente. Mas ela não é absolutamente convergente, pois a reduzida de ordem n da série )/11ln( n = ) 1 ln( n n é s n = )1ln( n , portanto lim s n =+ . Uma série convergente na ; na =+ chama-se condicionalmente convergente. Teorema 4: Toda série absolutamente convergente é convergente. D: Seja na convergente. Para cada n N, definimos os números p n e q n , pondo p n =a n se a n 0 e p n =0 se a n <0; analogamente q n =-a n se a n 0, e q n =0 se a n >0.Os números p n e q n chamam-se, respectivamente, a parte positiva e a parte negativa de a n . Então p n 0 e q 0, p n +q n = na (em particular p n na e q n na ) e p n -q n = a n . (Note que, para cada n N, pelo menos um dos números p n , q n é zero). Pelo teorema 1, as séries np e nq são convergentes. Logo é convergente a série na = )( nn qp = np - nq . Observação: Dada a série na , definimos acima os números p n =max{a n , 0} e q n =max{-a n ,0}, a parte positiva e a parte negativa de a n . Se na é condicionalmente convergente, deve-se ter np =+ e nq =+ , pois do contrário não seria condicionalmente convergente. SEMINÁRIO 5: 1. Dadas as séries na e nb , com a n = nn 1 e b n ln( n 1 1 ) mostre que lim a n =0 e lim b n =0. Calcule explicitamente as n-ésimas reduzidas s n e t n destas séries e mostre que lim s n =lim t n =+ , logo as series dadas são divergentes. 2. Prove que ...,...21 naaa e na convergente então lim n a n =0. Sugestão: Veja que na n2 esta limitada pela soma dos termos desde n+1 até 2n de igual forma na 12 n esta limitado pela soma dos termos desde n até 2n-1; y considere as reduzidas e passe ao limite. 3. Se na é convergente e a n 0 n N então a série n nxa é absolutamente convergente x [-1,1] e )(nxsenan , )cos(nxan são absolutamente convergente x R. Sugestão: Aplique o teste de D’Alembert ou Cauchy, e logo o teorema de comparação. 4. A série 1-1/2 +2/3 -1/3 +2/4 -1/4 +2/5 -1/5 +...tem termos alternadamente positivos e negativos e seu termo geral tende para zero. Entretanto é divergente. Porque isso não contradiz o Teorema de Leibniz? Sugestão: Analisar as condições do teorema de Leibniz. 5. Se na é absolutamente convergente, prove que 2 na converge. Sugestão: Compare para os n suficientemente grandes os valores de na e 2 na , sabendo que a série é absolutamente convergente. 6. Se 2 na e 2 nb convergem, prove que nnba converge absolutamente. Sugestão: Fazer uso da desigualdade de Cauchy-Schwarz.Referências: Elon Luiz. Análise Real. Funções de uma variável real. 8va ed. Rio de Janeiro. IMPA. 2006. Título: Testes de convergência. Objetivos: - Conhecer e aplicar os diferentes testes de convergência. - Aplicar os exercícios as propriedades das series condicionalmente convergentes. Desenvolvimento: Teorema 1: Seja nb uma série absolutamente convergente, com b n 0 n N. Se a seqüência (a n / b n ) for limitada (em particular , se for convergente) então a série na será absolutamente convergente. D: Se, para algum c>0 tivermos n n b a c seja qual for n N então nn bca . Pelo critério de comparação, a série na é absolutamente convergente. Corolário (Teste de D’Alembert): Seja a n 0 n N. Se uma constante c; n n a a 1 c<1 n suficientemente grande (em particular lim n n a a 1 <1) então a série na é absolutamente convergente. D: Se n suficientemente grande vale n n a a 1 c= n n c c 1 , então n n n n caca // 1 1 . Assim a seqüência de números não negativos n n ca / é não-crescente a partir de uma cierta ordem, logo é limitada. Como a série nc é absolutamente convergente, segue-se que na converge absolutamente. No caso de lim n n a a 1 =L<1, escolhemos um número c; L<c<1e teremos n n a a 1 c para n suficientemente grande. Observação: Quando se aplica o teste de D’ Alembert, usualmente se procura calcular lim n n a a 1 =L. Se L>1 a série diverge, pois se tem n n a a 1 >1, donde nn aa 1 n suficientemente grande e daí resulta que o termo geral a n não tende a zero. Se L=1, o teste é inconcluso. Exemplo1: Seja a série a n =1/( )132 nn . Considerando a série 2 1 n , como lim 132 2 nn n =1, concluímos que na é convergente. Teorema 2(Teste de Cauchy): Quando um número c; nan <c<1 n suficientemente grande (em particular lim nan <1), a série na é absolutamente convergente. D: Se nan <c<1 n então n n ca n suficientemente grande. Como a série geométrica nc é convergente, segue-se do critério de comparação que na é absolutamente convergente. No caso de lim nan =L<1, escolhemos c; L<c<1 e teremos nan <c<1 n suficientemente grande. Observação: Também no teste de Cauchy, tenta-se calcular lim nan =L, se L>1, a serie na diverge. Com efeito, neste caso, tem-se nan >1 n suficientemente grande, donde na >1, logo a série na diverge, pois seu termo geral não tende a zero. Quando L=1 a série pode divergir ou convergir. Exemplo 2: Seja a n = n n n ) 1 (ln . Como nan =ln( )/11 n tende a zero, a série na converge. Teorema 3: Seja (a n ) uma seqüência cujos termos são diferentes de zero. Se Lim n n a a 1 =L então lim nan =L. D: Para simplificar a notação, suporemos que a n >0 n. Dado >0, fixemos K,M; L- <K<L<M<L+ , p N; n p K< n n a a 1 <M. Multiplicando membro a membro as n-p desigualdades K< 1 ip ip a a <M, i=1,2,...,n-p, obtemos K pn p npn M a a n>p. Ponhamos = p p K a e = p p M a . Então nnn MaK . Extraindo raiz, vem K nnnn Ma n>p. Levando em conta que L- <K,M<L+ , lim n =1 e lim n =1, concluímos que n 0 >p; n> n 0 L- <K n e M n <L+ . Então para; n> n 0 L- n n a L+ , o que prova o teorema quando L>0. Se L=0, basta considerar M em vez de K e M. Uma série na diz-se comutativamente convergente quando, para qualquer bijeção g:N N, pondo )(ngn ab , a série nb é convergente. (Em particular tomando g(n)=n, a série na é convergente). Resulta do que mostraremos a seguir que na é comutativamente convergente então nb = na qualquer que seja bijeção g. Teorema 4: Se na é absolutamente convergente então para toda bijeção g:N N, pondo )(ngn ab , tem-se nb = na . D: Supomos inicialmente a n 0 . Escrevamos n. Escrevamos s n = a 1 + a 2 +.. +a n e t nn bbb ...21 . Para cada n N, os números g(1),..., g(n) pertencem ao conjunto {1,2,..., m}, onde m é o maior dos g(i). Então t= nm i n j njig saa 1 1 )( Assim para cada n N, m N; t s n Reciprocamente,(considerando 1g em vez de g) para cada m N n N; s n t. Segue se que lim s n =lim mt , isto é nm ab . No caso geral a n =p n -q n se consideram as duas reordenações u n de p n e v n de q n . Teorema 5(Teorema de Riemann): Alterando-se convenientemente a ordem dos termos de uma série condicionalmente convergente, podemos fazer com que sua soma fique igual a qualquer número real pré-fixado. D: Seja na a série dada. Fixamos o número c, começamos a somar os termos positivos na ordem natural, parando quando ao somar a 1n , a soma pela primeira vez ultrapasse c ( np ) A esta soma acrescentamos os termos negativos, na ordem natural parando logo que, ao somar 2n a , o total resulta inferior a c (é possível pois - nq ). Prosseguimos analogamente , obtemos uma nova série com os termos de na em uma outra ordem. A respectiva soma desta série oscila entorno de c. Ora lim a 1n =0, porque a série na converge. Logo as reduzidas da nova série convergem para c. SEMINÁRO 6; 1.- Prove que as seguintes séries são convergentes: a) n an a>0. b) nn n c) n k a n a>1 d) n n n ) )ln( ( Sugestão: Fazer uso do teste adequado. 2. Dada uma seqüência de números positivos x 1n , com lim x 1n =a, prove que lim n nxxx ...21 =a. Sugestão: Fazer nn xxxz ...21 , e aplicar D’ Alembert. 3. Determine para quais valores de x cada uma das séries abaixo é convergente: a) nkxn b) n n n x c) nnxn d) nxn e) 2n xn Sugestão: Use qualquer dos testes e determine os valores de x. 4. Efetue explicitamente uma reordenação dos termos da série 1-1/2+1/3 - 1/4+....de modo que sua soma se torne igual a zero. Sugestão: Analise que é condicionalmente convergente e determine a reordenação a realizar. Referências: Elon Luiz. Análise Real. Funções de uma variável real. 8va ed. Rio de Janeiro. IMPA. 2006.. Tema V. Título:Algumas noções topológicas. Objetivos: - Conhecer os principais conceitos da topologia. -Aplicar os exercícios as propriedades dos conjuntos abertos e fechados. Desenvolvimento: Diz-se o ponto a é interior ao conjunto X R quando um número >0; o intervalo aberto (a- , a+ ) está contido em X. O conjunto dos pontos interiores de X chama-se o interior de X e representa-se pelanotação intX. Quando a intX diz-se que X é uma vizinhança do ponto a. Um conjunto A R é aberto quando A=intA, isto é quando todos os pontos de A são interiores. Exemplo 1: - (a,b) é aberto. -[c,d] não é aberto. 1A 2A - O conjunto vazio ( ) é aberto. Diz-se que a=lim nx se, e só se, aberto A, a A n 0 N; n> n 0 nx nx A. Teorema 1: a) Se A 1 e A 2 são conjuntos abertos, então a interseção A 1 A 2 é um conjunto aberto. b) Se ( LA ) é uma família qualquer de conjuntos abertos, a reunião A= L A é um conjunto aberto. D: a) Se x A 1 A 2 x A 1 e x A 2 . Como A 1 e A 2 são conjuntos abertos, 1 >0 e 2 >0; (x- 1 ,x- 1 ) A 1 e (x- 2 ,x- 2 ) A 2 . Seja =min{ 1 , 2 }. Então (x- ,x- ) A 1 e (x- ,x- ) A 2 logo (x- ,x- ) A 1 A 2 . Assim todo x A 1 A 2 é interior, ou seja, A 1 A 2 é aberto. b) Se x A então L ; x A . Como A é aberto, um número >0; (x- ,x- ) A A, logo todo x A é interior, então A é aberto. Exemplo 2: Se A n =(-1/n,1/n) então A 1 A 2 ... A n ...={0} e esse conjunto não é aberto, então a interseção qualquer de abertos não é aberto. Diz-se que o ponto a é aderente ao conjunto X R quando é limite de alguma seqüência de pontos nx X. Evidentemente, todo ponto a X é aderente a X: basta tomar nx =a. Chama-se fecho de um conjunto X ao conjunto X formado por todos os pontos aderentes a X. Tem-se que X X . Se X Y X Y . Um conjunto diz-se fechado quando X= X , isto é, quando todo ponto aderente a X pertence a X. Seja X Y. Diz-se que X é denso em Y Quando Y X , isto é quando todo b Y é aderente a X. Por exemplo, Q é denso em R. Teorema 2: um ponto a é aderente ao conjunto X se, e somente se, toda vizinhança de a contém algum ponto de X. D: Se a X . Então a=lim nx , onde nx X n N. Dada uma vizinhança V, a V temos nx V n suficientemente grande (pela definição de limite), logo V X . Reciprocamente, se toda vizinhança de a contém pontos de X podemos escolher, em cada intervalo (a-1/n, a+1/n), n N um ponto nx X. Então naxn /1 , logo lim nx =a e a é aderente a X.. Se existe uma vizinhança V, a V; V X= , então a não é aderente a X. Corolário: O fecho de qualquer conjunto é um conjunto fechado ( XX X R). D: Se a X então todo conjunto aberto A, a A, contém algum b X . A é uma vizinhança de b. Como b é aderente a X, segue-se que A contém pontos de X. Logo qualquer ponto a aderente a X é também aderente a X., assim X X , que X X é evidente. Teorema 3: Se um conjunto F R é fechado se , e só se , seu complementar é aberto (A=R-F). D: Se a A, isso é a F. Pelo teorema 2, alguma vizinhança V, a V que não contém pontos de F, isso é V A. Assim, todo ponto a A é interior a A, ou seja A é aberto. Reciprocamente, se o conjunto A é aberto, o ponto a é aderente a F então toda vizinhança de A contém pontos d F, logo não é interior a A. Sendo A aberto, temos que a A, ou seja, a F. Assim, todo ponto aderente a F pertence a F, logo Fé fechado. Teorema 4: a) Se 21eFF são fechados, então 21 FF é fechado . b) LF )( é uma família qualquer de conjuntos fechados então F= L F é um conjunto fechado. D: a) Os conjuntos A 1 =R- F 1 e A 2 =R- F 2 são abertos pelo teorema 3. Logo A 1 A 2 =R-( 21 FF ) é aberto, então 21 FF é fechado. b) Para cada L , FRA é aberto. Segue-se que A= L A é aberto. Mas A=R-F. Logo F é fechado. Exemplo 3: - O fecho de (a,b), (a,b] - Se I R , Q I é denso em I. Uma reunião infinita de fechados pode não ser fechada. Por exemplo, R-(- nn 1 , 1 ), é fechado e sua reunião para toda n não. Uma cisão de um conjunto X R é uma decomposição X= BA tal que A B = e BA , isto é nenhum ponto de A é aderente a B e nenhum ponto de B é aderente a A. A decomposição X= X chama-se cisão trivial. Exemplo 4: Se X= R-{0}, então X= RR é uma cisão. Teorema 5: Um intervalo de reta só admite a cisão trivial. D: Suponhamos o intervalo I admite a cisão X=A B . Temos a A e b B, digamos com a<b, logo [a,b] I. Seja c o ponto médio do intervalo [a,b], então c A ou c B. Se c A poremos a 1 =c e b 1 =b. Se c B faremos a 1 =a e b 1 =c, [a 1 ,b 1 ] [a,b] com b 1 - a 1 = 2 ab . O ponto médio de [a 1 ,b 1 ] o descompõe em dois intervalos de comprimento 4 ab um deles [a 2 ,b 2 ] tem a 2 A e b 2 B prosseguindo obtemos [a,b] [a 1 ,b 1 ] [a 2 ,b 2 ] ... [ nn ba , ]...com nb - na = n ab 2 , na A e nb B n N d R; na d nb n N. O ponto d=lim nb B , não pode estar em A, nem B pois d=lim na A . Contradição. Corolário: Os únicos subconjuntos de R que são simultaneamente abertos e fechados são R e . D: Com efeito, se A R é aberto e fechado, então R=A (R-A) é uma cisão, logo A= e R-A=R ou A=R e R-A= . SEMINÁRI 7: 1. Se X é limitado, não vazio. Prove que a=infX e b=supX são aderentes a X . Sugestão: Use a partir de a e b uma cota para a seqüência que converge para esses valores, indicando conjuntos discretos e intervalos. 2. Para todo X R, prove que vale a reunião disjunta R=intX int(R-X) frX, onde frX é formado pelos pontos x R; toda vizinhança de x contém pontos de X e pontos de R-X. O conjunto frX chama-se a fronteira de X.. Prove que A R é aberto se A frA= . Sugestão: Considere uma vizinhança qualquer e indique suas posíveis posições. Use uma decomposição para o conjunto R fazendo uso do conjunto X, contemplando os pontos interiores a X e ao complementar. 3. Para cada um dos conjuntos seguintes, determine sua fronteira: X=[-1,1], Y=(0,1) (1,2), Z= (0,1) [1,2], W=Q, U=Z. 4. Prove que X R, vale X =X frX. Conclua que X é fechado se, e só se, frX X. Sugestão: Considere os pontos de X a partir de sua definição e indique sua relação com X e determine sua característica. 5. Para todo X R, prove que R-intX= XR e R- X =int(R-X). Sugestão: Use o fato que x esta no conjunto considerado e faça uso das propriedades topológicas e das operações com conjuntos. 6. Prove que se X R tem fronteira vazia então X = ou X=R. Sugestão: Use o conceito de fronteira e fato que nela não há elementos assim como as propriedades de abertos e fechados vistas antes. Referências: Elon Luiz. Análise Real. Funções de uma variável real. 8va ed. Rio de Janeiro. IMPA. 2006.. Título: Conjuntos compactos.Objetivos:- Conhecer e aplicar os conceitos de conjunto compacto, cobertura, etc. - Aplicar aos exercícios os principais resultados com relação aos conjuntos compactos. - Conhecer o teorema de Borel-Lebesque. Desenvolvimento: Diz-se que a R é um ponto de acumulação do conjunto X R quando toda vizinhança V de a contem pontos de X diferentes de a(Isto é V (X-{a}) ). Equivalentemente: >0 tem-se (a- ,a+ ) (X-{a} . Indica-se com X’ o conjunto dos pontos de acumulação de X. portanto a X’ a }{aX . Se a X não é ponto de acumulação de X, diz-se que que a é um ponto isolado de X. Isto significa que >0 tal que a é o único ponto do conjunto X no intervalo (a- ,a+ ). Quando todos os pontos do conjunto X são isolados, X chama-se um conjunto discreto. Teorema 1: Dados X R e a R, as seguintes afirmações são equivalentes : 1) a é um ponto de acumulação de X. 2) a é limite de uma seqüência de pontos x n X-{a}. 3) Todo intervalo aberto de centro a contém uma infinidade de pontos de X. D: Supondo (1), n N podemos achar um ponto x n X, x n a, na vizinhança (a-1/n,a+1/n). Logo limx n =a, o que prova (2). Supondo (2), então, para qualquer n 0 N o conjunto {x n ;n> n 0 } é infinito porque do contrário um termo x 1n que se repetiria infinitas vezes e isto forneceria uma seqüência constante com limite x 1n a. Pela definição de limite, vê-se portanto que (2) (3). A implicação (3) (1) é obvia. Exemplos 1: -Se X é finito X’ = . - Z é infinito, mas Z’ = . -Q’=R -Se (a,b) X’=[a,b] -Se X={1,1/2,1/3,...,1/n,...} então X’={0}. Teorema2: Todo conjunto infinito limitado de números reais admite pelo menos um ponto de acumulação. D: Seja X R infinito limitado, X possui um subconjunto enumerável {x ,...},...,, 21 nxx . Fixando esta enumeração, temos uma seqüência (x )n de termos dois a dois distintos, pertencente a X, portanto uma seqüência limitada, a qual, pelo teorema de Bolzano-Weierstrass, possui uma subseqüência convergente. Esta subseqüência que denotaremos por (y )n é converge, seja a=lim y n , assim a X’. Um conjunto X R chama-se compacto quando é limitado e fechado. Todo conjunto finito é compacto. Um intervalo do tipo [a,b] é compacto. Teorema3: Um conjunto X R é compacto se, e somente se, toda seqüência de pontos de X possui uma subseqüência que converge para um ponto de X. D: Se X é compacto, toda seqüência de pontos de X é limitada, logo (por B-W) possui uma subseqüência convergente, para um ponto de X, pois X é fechado. Reciprocamente, seja X R um conjunto tal que toda seqüência de pontos x n X possui uma subseqüência que converge para um ponto de X. Então X é limitado, pois do contrario, para n N poderíamos encontrar x n X, com nx >n. A seqüência assim obtida não possuiria subseqüência convergente. Além disso, X é fechado, pois do contrário um ponto a X com lim x n =a, onde x n X. A seqüência (x )n não possuiria subseqüência convergindo para um ponto de X. Logo X não é compacto. Observação: Se X R é compacto então a=infX e b=supX pertencem a X. Assim X compacto x 0 e x 1 ; x 0 x x 1 , x X. Teorema4: Dada uma seqüência decrescente X 1 X 2 ... X n ...de conjuntos compactos não-vazios, (Pelo menos ) um número real que pertence a todos os X n . D: Definamos uma seqüência (x )n escolhendo, para cada X 1 um ponto x n X n . Esta seqüência (x ,...,...,, 21 k nnn xx ) convergindo para um ponto a X 1 . Dado qualquer n N, temos kn x X n sempre que kn >n. Como X n é compacto, segue-se que a X n . Chama-se cobertura de um conjunto X a uma família C de conjuntos C cuja reunião contém X. A condição X L C significa que, para cada x X, deve (Pelo menos) um L; x C .Quando todos os conjuntos C São abertos, diz-se que C é uma cobertura aberta. Quando L={ n ,...,1 } é um conjunto finito, diz-se que X C n C ...1 é uma cobertura finita. Se L’ L; se tem X '' ' L C , diz-se que C’=(C ' ) '' L é uma subcobertura de C. Teorema5(Teorema de Borel-Lebesque): Toda cobertura aberta de um conjunto compacto possui uma subcobertura finita. D: Tomemos inicialmente uma cobertura aberta [a,b] L C do intervalo [a,b] . Suponhamos não admite subcobertura finita. O ponto médio o descompõe em dois subintervalos de comprimento 2 ab . Pelo menos, um deles [a 1 ,b 1 ] não pode ser coberto comum número finito de conjuntos A . Por bisseções sucessivas obtemos [a,b] [a 1 ,b 1 ] ... [ nn ba , ] ...de intervalos tais que nb - na = n ab 2 e nenhum pode estar contido numa reunião finita dos A . um número c que pertence a todos os intervalos [ nn ba , ]. Em particular c [a,b]. L; c A . Como A é aberto (c- , c+ ) A para um certo >0. Tomemos n N tal que n ab 2 < temos então c [ nn ba , ] (c- , c+ ), donde [ nn ba , ] A , logo [ nn ba , ] pode ser coberto por apenas um dos conjuntos A . Contradição. No caso geral temos uma cobertura aberta X L A do compacto X e, Acrescentamos um novo aberto 0 A =R-X, obtemos uma cobertura [a,b] n AAA ...10 . Como nenhum ponto de X pode pertencer a 0 A , temos que X n AA ...1 . E isso completa a demonstração. Exemplo2: Os intervalos A n =(1/n,2), n N constitui uma cobertura aberta do conjunto X=(0,1] pois (0,1] Nn nA . Não possui subcobertura finita, pois X=(0,1] não é compacto. SEMINÁRIO 8: 1.- Prove que toda coleção de intervalos não degenerados dois a dois disjunto é enumerável. Sugestão: Considere em cada intervalo I um número racional r, e analise a correspondência. 2. Prove que se todos os pontos do conjunto x R são isolados então se pode escolher para cada x X, um intervalo I, de centro x, tal que x y I x I y = . Sugestão: Use o fato que se x X, então existe uma vizinhança de x que cuja interseção com X só esta formada por x. 3. Prove que todo conjunto não enumerável X R possui algum ponto de acumulação a X. Sugestão: Use que se não possui pontos de acumulação é isolado. 4. Seja a um ponto de acumulação do conjunto X. Prove que uma seqüência crescente ou decrescente de pontos x n X com lim x n =a. Sugestão: Use que existe uma seqüência que converge ao ponto a e tome dessa uma subseqüência. 5. Prove que uma reunião finita e uma interseção arbitraria de conjuntos compactos é compacto. Sugestão: Use a propriedade de ser fechado y limitado. 6. Um conjunto compacto cujos pontos são todos isolados é finito. Dê exemplo de um conjunto fechado ilimitado X e um conjunto limitado não-fechado Y, cujos pontos são todos isolados. Sugestão: Useque se é infinito e limitado tem ponto de acumulação. Referências: Elon Luiz. Análise Real. Funções de uma variável real. 8va ed. Rio de Janeiro. IMPA. 2006.. Tema VI. Título: Limites de funções. Objetivos: - Conhecer a definição de limite de uma função y=f(x) quando xtende pa a ou para infinito. - Conhecer a definição dos limites laterais. - Conhecer e aplicar os principais resultados de cálculo de limite. Desenvolvimento: Sejam X R um conjunto de números reais, f:X R uma aplicação real cujo domínio é X e a X’ um ponto de acumulação do conjunto X. Diz-se que L é o limite de f(x) quando x tende para a, e escreve-se Lxf ax )(lim Quando, >0 dado arbitrariamente, pode-se obter >0 tal que se tem. Lxf )( < sempre que x X, 0< ax < . Simbolicamente: Lxf ax )(lim >0 >0; x X, 0< ax < Lxf )( < . Observação: É essencial que a seja um ponto de acumulação de X, mas é irrelevante que a pertença ou não a X. Teorema 1: Sejam f, g:X R, a X’ Lxf ax )(lim e Mxg ax )(lim . Se L<M então >0; f(x)<g(x) x X, com 0< ax < . D: Seja k=(L+M)/2. Pondo =k-L=M-k temos >0 e k=L+ M- . Pela definição de limite, 1 , 2 positivos tais que x X, 0< ax < 1 L- <f(x)<k e x X, 0< ax < 2 k<g(x)<M+ . Portanto, pondo =min{ 1 , 2 } vem x X, 0< ax < f(x)<k<g(x), o que prova o teorema. Corolário 1: Se Lxf ax )(lim <M então >0;f(x)<M x X, com 0< ax < . Corolário 2: Sejam Lxf ax )(lim e Mxg ax )(lim . Se f(x) g(x) x X-{a} então L M. Teorema 2(Teorema do sanwiche): Sejam f,g,h: X R, a X’ e )(lim xf ax )(lim xg ax =L. Se f(x) h(x) g(x) x X-{a} então Lxh ax )(lim . D: Dado arbitrariamente, >0, 1 >0, 2 >0 tais que x X, 0< ax < 1 L- <f(x)<L+ e x X, 0< ax < 2 L- <g(x)<L+ . Seja =min{ 1 , 2 }. Então, x X, com 0< ax < L- <f(x) h(x) g(x)<L+ L- <h(x)<L+ , logo Lxh ax )(lim . Teorema 3: Sejam f: X R e a X’ a fim de que )(lim xf ax L é necessário y suficiente que, para toda seqüência de pontos x n X-{a}com lim x n =a, tenha- se limf(x n )=L. D: Suponhamos, primeiro, que )(lim xf ax L e que se tenha uma seqüência de pontos x n X-{a} com lim x n =a. Dado arbitrariamente, >0, >0; x X, 0< ax < Lxf )( < . Existe também n 0 N; n>n 0 0< axn < (pois x n a n). Por conseguinte, n>n 0 Lxf n )( < , logo limf(x n )=L. Reciprocamente, suponhamos que x n X-{a} e lim x n =a limf(x n )=L e provemos que se tem: )(lim xf ax L. Com efeito, negar esta igualdade implicaria em afirmar a existência de um >0, com a seguinte propriedade: qualquer que seja n N podemos achar x n X; 0< axn <1/n, mas Lxf n )( . Então teríamos x n X-{a}, lim x n =a sem que fosse. limf(x n )=L. Esta contradição completa a demonstração. Corolário 1(Unicidade do limite): Sejam f: X R e a X’. Se Lxf ax )(lim e Mxf ax )(lim então L=M. D: Basta tomar uma seqüência de pontos x n X-{a} com lim x n =a, o que é assegurado. Então temos limf(x n )=L e limf(x n )=M. Pela unicidade do limite da seqüência (f(x n )) vem que L=M. Corolário 2(Operações com limites): Sejam f, g:X R, a X’ Lxf ax )(lim e Mxg ax )(lim , então: 1) MLxgxf ax )]()([lim . 2) MLxgxf ax .)]()([lim 3) mLxgxf ax /)](/)([lim , se m 0. Além disso, se 0)(lim xf ax e g é limitada numa vizinhança de a, tem-se 0)]().([lim xgxf ax . Teorema 4: Sejam f:X R, a X’. Se existe )(lim xf ax então f é limitada numa vizinhança de a, isto é >0 c>0 tais que x X, 0< ax < )(xf <c. D: Seja Lxf ax )(lim . Tomemos =1 na definição de limite, resulta que >0; x X, 0< ax < Lxf )( < 1 )(xf = LLxf )( Lxf )( + L < L +1, basta tomar c= L +1. Exemplo 1: Sejam f, g:X R, f(x)=x e g(x)=sem(1/x), 0)(lim 0 xf x e )/1( xsen 1 0)](/)([lim xgxf ax . Limites laterais. Sejam X R. Diz-se que o número real a é um ponto de acumulação à direita para X, e escreve-se a X’ , quando toda vizinhança de a contém algum ponto x X com x>a. Equivalentemente : >0 tem-se X (a,a+ ) . A fim que a X’ é necessário e suficiente que a seja limite de uma seqüência de pontos x n >a, pertencestes a X. O ponto a é de acumulação a direita para o conjunto X se, e só se, é de acumulação Para Y= X (a,+ ). Analogamente define-se o ponto de acumulação à esquerda. Por definição a X’ . Quando a X’ X’ diz-se que a é um ponto de acumulação bilateral de X. Exemplo 1: Se X={1,1/2, 1/3, ...,1/n,...}então 0 X’ porém 0 X’ . Sejam f:X R, a X’. Diz-se que o número L é o limite à direita de f(x) quando x tende para a, e escreve-se Lxf ax )(lim quando >0 dado arbitrariamente, pode-se obter >0; Lxf )( < sempre que x X, 0<x-a< . Simbolicamente: Lxf ax )(lim >0 >0; x X (a,a+ ) Lxf n )( < . A esquerda Lxf ax )(lim >0 >0; x X (a- ,a) Lxf n )( < . Dado a X’ X’ , Lxf ax )(lim se, e so se, e são iguais os limites laterais. )(lim xf ax Lxf ax )(lim . Uma função f:X R chama-se monótona não-decrescente quando para x,y X x<y f(x) f(y). Se x<y f(x) f(y) diz-se que f é monótona não-crescente. Se x<y f(x)<f(y) dizemos que f é crescente. Se x<y f(x)> f(y) f é decrescente. Teorema 5: Seja f:X R uma função monótona limitada, a X’ e todo b X’ . Lxf ax )(lim e Mxf bx )(lim .Ou seja : existem sempre os limites laterais de uma função monótona limitada. D: Para fixar idéias, suponhamos f é não-decrescente. Seja L=inf{f(x); x X, x>a}. Afirmamos que Lxf ax )(lim . Dado >0, L+ não é cota inferior do conjunto. {f(x); x X, x>a}. Logo >0; a+ X e L<f(a+ )<L+ . Como f é não-decrescente, x X (a,a+ ) e L<f(x)<L+ , o que prova a afirmação. De modo análogo vê-se que M=sup{{f(x); x X, x<b} eMxf ax )(lim . Seja X R ilimitado superiormente. Dada f: X R, escreve-se Lxf x )(lim quando o número L satisfaz as seguintes condições: >0 A>0; x X, x>A Lxf )( < Lxf x )(lim >0 A >0; x X, x<-A Lxf )( < Exemplo3: Seja RRf : tal que x x xf 1 )( , é uma função decrescente e limitada inferiormente por L=1 (ínfimo da função), então 1)(lim xf x Sejam X R, f: X R e a X’. Décimos que )(lim xf ax + quando, A>0 >0; x X, 0< ax < f(x)>A. Exemplo3: 2)( 1 lim axax + , pois dado A>0, temos =1/ A , então 0< ax < 0<(x-a) 2 <1/A 1/(x-a) 2 >A. De modo análogo, definimos )(lim xf ax - Exemplo4: 2)( 1 lim axax - . São indeterminadas as expressos: 0/0, / , - , 0. , 00 , 0 e 1 . O instrumento mais eficaz para o cálculo do limite de expressões indeterminadas é a chamada “Regra de L’Hospital”. SEMINÁRIO 9: 1. Sejam X R , f: X R; f(x)=1/x.. Analisar )(lim xf x , )(lim xf x , )(lim 0 xf x e )(lim 0 xf x . 2. Sejam f:X R, a X’. A fim de que )(lim xf ax é suficiente que, seqüência x n X-{a} com lim x n =a, a seqüência (f(x n )) seja convergente. Sugestão: Considere que existem duas seqüências com igual limite a, e defina uma nova seqüência considerando os pares e impares. 3. Seja f:X R definida por f(0)=0 e f(x)=sen(1/x) se x 0. Mostre que c [- 1,1] existe uma seqüência de pontos x n 0 tais que lim x n =0 e limf(x n )=c. Sugestão: Considere sen(a)=c e x n =1/(a+2n ). 4. Prove que a X’ (respectivamente a X’ ) se, e só se, lim x n =a é limite de uma seqüência decrescente (respectivamente crescente) de pontos pertencentes ao conjunto X. Sugestão: Observe que se, lim x n =a, x n >a, existe uma subseqüência decrescente convergindo para a. 5. Prove que Lxf ax )(lim (respectivamente Lxf ax )(lim ) se, e só se, seqüência decrescente (respectivamente crescente) de pontos x n X com lim x n =a tem-se limf(x n )=L. Sugestão: Seguir a idéia da sugestão do 4. 6. Seja p:R R um polinômio não constante, esto é x R, p(x)=a n nxaxa ...10 , com a n 0 e n 1. Prove que , se n é par então )(lim xp x = )(lim xp x =+ se a n >0 e - se a n <0. Se n é impar então )(lim xp x =+ e )(lim xp x =- quando a n >0 e os sinais dos limites são trocados quando a n <0. Sugestão: Coloque a máxima potencia de x em evidencia. 7. Seja f:R R, definida por f(x)=xsenx. Prove que, c R existe uma seqüência de pontos x n R tais que lim x n = + e limf(x n )=c Sugestão: Se 2n - /2<x<2n + /2, a função f(x)=xsenx, va desde /2-2n a /2+2n . De aqui se pode concluir o exercício. Referências: Elon Lu2n iz. Análise Real. Funções de uma variável real. 8va ed. Rio de Janeiro. IMPA. 2006.. 2 2 )1( 2 )(' x xx xf Tema VII. Título:Funções contínuas. Objetivos: - Conhecer a definição de função contínua. - Conhecer e aplicar a exercícios os principais resultados de continuidade. _ Conhecer as principais propriedades das funções contínuas. Desenvolvimento: Uma função f: X R, definida no conjunto X R, diz-se contínua no ponto a X quando, >0 dado arbitrariamente pode-se obter >0; x X ax < )()( afxf < . Em símbolos, f é contínua no ponto a significa: >0 >0; x X, ax < )()( afxf < . Diz-se que f: X R é uma função contínua quando f é contínua em todos os pontos a X. A continuidade é um problema local, isto é, a função f: X R é continua no ponto a X se, e só se, uma vizinhança V de a; a restrição de f a V X é contínua no ponto a. Observação: Se a é um ponto isolado do conjunto X, isto é, se >0; X (a- ,a+ )={a}, então toda função f: X R é contínua no ponto a. Se a X X’ Então f: X R é contínua no ponto a se, e só se, )(lim xf ax =f(a). Teorema1: Sejam f, g:X R, contínuas no ponto a X, com f(a)<g(a). >0; f(x)<g(x) x X (a- ,a+ ). D: Tomemos c=[g(a)+f(a)]/2 e =g(a)-c=c-f(a). Então >0 e f(a)+ =g(a)- =c. Pela definição de continuidade, 1 >0 e 2 >0; x X, ax < 1 f(a)- <f(x)<c e x X, ax < 2 c <g(x)<g(a)+ . Seja =min { 1 , 2 }. Então; x X, ax < f(x)<c<g(x), o que prova o teorema. Corolário 1: Se f: X R contínua no ponto a X. Se f(a) 0, >0; x X (a- ,a+ ) f(x) tem o mesmo sinal de f(a). Corolário 2: Dadas f, g:X R, contínuas, sejam Y={x X; f(x)<g(x)} e Z= {x X; f(x) g(x)}. Existem A R aberto e F R fechado; Y=X A e Z= X F. Em particular, se X é aberto então Y é aberto e se X é fechado, então Z é fechado. Teorema2: A fim de que a função f: X R seja contínua no ponto a é necessário e suficiente que, seqüência de pontos x n X com lim x n =a, se tenha lim f(x n )=f(a). Corolário 1: Se f, g:X R, contínuas no ponto a X então são contínuas nesse mesmo ponto as funções f+g, fg,:X R, bem como a função f/g, caso seja g(a) 0. Todo polinômio p:R R é é uma função contínua f(x)=p(x)/q(x) se q(x) 0 é contínua. Teorema3: Sejam f:X R, contínuas no ponto a X, g:Y R, contínua no ponto b=f(a) Y e f(X) Y, de modo que a composta g o f:X R está bem definida. Então g o f é contínua no ponto a. D: Dado >0 , pela continuidade de g no ponto b, um >0; y Y, by < )()( bgyg < . Por sua vez, a continuidade de f no ponto a assegura que >0; x X, ax < bxf )( < . Consequentemente x X (a- ,a+ ) ))(())(( afgxfg = ))(())(( agofxgof < o que prova o teorema. Funções contínuas num intervalo. Teorema4(Teorema do valor intermediário): Seja f:[a,b] R contínua . Se f(a)<d<f(b) então c (a,b); f(c)=d. D: Consideremos o conjunto A={x [a,b]; f(x) d}e B={x [a,b]; f(x) d}. A e B são fechados, logo A B=A B =A B.Além disso, é claro que [a,b]=A B. Se for A B então o teorema está demonstrado porque f(c)=d para qualquer c A B. Se entretanto, fosse A B= então [a,b]=A B seria uma cisão não trivial (porque a A e b B), o que é vedado, logo A B , o teorema está provado. Corolário: Se I R é um intervalo e f:I R é contínua então f(I) é um intervalo.
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