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Aristóteles O filósofo da universalidade. Aspectos iniciais • Nascido em Estagira, na Macedônia (384-322 a. C.), é considerado um dos mais expressivos filósofos gregos da Antiguidade. Filho do médico Nicômaco, herdou do pai o interesse pelas ciências naturais. • Aos dezoito anos foi para Atenas e ingressou na Academia de Platão, onde permaneceu cerca de vinte anos. Teve seu nome cogitado para substituir o mestre após sua morte, porém foi impedido pelo fato de não ser ateniense. • Por motivos pessoais, deixou Atenas, retornando alguns anos depois fundou sua própria escola filosófica, o Liceu, e homenagem ao templo do deus Apolo Lício. Permaneceu na docência por 12 anos. Da sensação ao conceito • Ao abordar a realidade, reconhecia o papel dos sentidos, diferentemente do seu mestre Platão (teoria das Ideias; sombras ou ilusões da verdadeira realidade existentes), para a constituição dos seres. • Tudo que vemos, pegamos, ouvimos e sentimos é aceito como elemento da realidade sensível. • Partindo dessa realidade sensorial- empírica-, a ciência deve buscar as estruturas essenciais de cada ser. A Racionalidade como essência • Rejeitando o mundo das ideias de Platão, fundiu o mundo sensível e o inteligível no conceito de substância. • SUBSTÂNCIA= Aquilo que é em si mesmo; o suporte de atributos (essência). • Sem algumas qualidades ou características, determinada substância não seria o que é. • O homem é homem, porque tem por essência a racionalidade. O processo do conhecimento • Desejava compreender o mundo a partir do próprio mundo. Procurava ligar-se mais aos fatos empíricos, na contemplação dos fenômenos sociais. • O conhecimento começa com a experiência. Nasce da impressão que o mundo externo processa sobre os sentidos. • Tem seu início pela presença de um objeto particular ao universal, que se dá pela apreensão da essência das coisas. O método aristotélico: a questão do ser. • A indução, representa o processo intelectual básico de aquisição de conhecimento, possibilitando ao ser humano atingir conclusões científicas, de âmbito universal, a partir do trabalho metódico com os dados sensíveis. • Contrariando as teorias de Heráclito (tudo flui) e Parmênides (o ser é imóvel), propôs uma nova interpretação ontológica (relativa ao estudo do ser), segundo a qual em todo ser devemos distinguir: • 1) O Ato- a manifestação atual do ser; o que já existe. • 2) A Potência- a capacidade do ser, que pode vir a ser. • O movimento, a transitoriedade ou mudança das coisas se resumem na passagem da POTÊNCIA ATO Ao adquirir flores, a árvore manifesta em ato aquilo que já continha, intrinsecamente, em potência. O que determina a realidade do ser: a causa • A investigação do ato e da potência do ser depende da causalidade. A passagem (da potência para o ato) é causada. • Existem quatro tipos de causas fundamentais: • 1. Causa Material- referindo-se à matéria de que é feita uma coisa. Ex: o mármore de que feita uma estátua. • 2. Causa Formal- refere-se à forma, à configuração de uma coisa. Ex: a forma da estátua. • 3. Causa Eficiente- refere-se ao agente que produziu a coisa. Ex: o escultor da estátua. • 4. Causa Final- refere-se ao objetivo, à finalidade de ser uma coisa. Ex: o que queria o escultor com a estátua. A metafísica aristotélica: o ser e suas propriedades. • Considerada por Aristóteles como filosofia primeira, a Metafísica (depois, além da física), trata de assuntos que transcendem a física, que estão além dela porque ultrapassam as questões relativas ao conhecimento do mundo sensível. • Busca as causas mais universais e que são as mais fundamentais na ordem real. • É a parte nuclear da filosofia, na qual se estuda “o ser enquanto ser”, independente das determinações particulares. • A metafísica de Aristóteles é uma metafísica da natureza, do real, na medida em que parte do real para compreender o real. • Por meio do processo de abstração, pelo qual o sujeito do conhecimento, primeiro, percebe o mundo sensivelmente, e a seguir por um processo de abstração, vai se libertando das características particulares do objeto do conhecimento, permanecendo com suas características essenciais. A felicidade humana • Para ser feliz, o homem deve viver de acordo com a sua essência, isto é, de acordo com a sua razão, a sua consciência reflexiva. • Orientando seus atos para uma conduta ética, a razão o conduzirá à prática da virtude. • A virtude representa o meio-termo, a justa medida de equilíbrio entre o excesso e a falta de um atributo qualquer. • Ex: a virtude da prudência é o meio-termo entre a precipitação e a negligência. A coragem está entre a covardia e a valentia insana; Para a Filosofia do Direito A Política • O homem é um animal social e naturalmente político. Chamado a viver na pólis, por exigência de sua própria natureza. A pólis faz do homem um ser completo, pois ela realiza as condições desta completude: ordem, paz e justiça. • A política é ciência primordial porque o bem da cidade é superior ao bem individua e necessário ao aperfeiçoamento do homem. A Justiça • Os filósofos que antecederam Aristóteles não chegaram a abordar o tema da justiça dentro de uma perspectiva jurídica, mas como valor relacionado à generalidade das relações interindividuais ou coletivas. • Formulou a teorização da justiça e equidade, considerando-as sob o prisma da lei e do Direito. • Considera justo o homem respeitador da lei e injusto o sem lei. Os tipos de justiça: • Justiça distributiva (proporcional) – se configura com a distribuição, proporcional ao mérito de cada pessoa, de bens, recompensas, honras. • Justiça Comutativa (Corretiva)- ocorre nas relações de troca, consistindo na igualdade entre a parte que se dá e a que se recebe. Ela pode ser voluntária, como nos contratos; e involuntária, como nos delitos. Justo Natural x Justo Legal • Para Aristóteles o justo natural é aquele que sempre e em todas as partes é intrinsicamente, independentemente da vontade humana. • O justo legal, ou convencional é obrigatório. • Ambos classes de preceitos integram a ordem normativa da cidade. A Equidade • Seria uma correção da lei quando ela é deficiente em razão de sua universalidade. Apresentou a equidade como critério de preenchimento de lacunas. • Quando um legislador errar ou falhar na aplicação de uma lei por excesso de simplicidade, no caso de situações não abrangidas por uma lei universal. Curiosidades... • Apesar de desenvolver amplamente a reflexão sobre a justiça, considerou legítimo o regime da escravidão, alegando que na vida, ao mesmo em que a atividade intelectual da classe dirigente era essencial, necessitava de mão de obra dos agricultores e artífices. • Para ele, a escravidão deveria acabar quando pudesse ser substituída pela máquina. • Alguns autores justificaram essa posição de Aristóteles alegando que a sociedade daquela época adotava aquele modelo de organização. • Sua filosofia ficou conhecida como peripatética, pois adotava a prática da caminhada na escola enquanto dissertava aos seus discípulos.
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