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CONTESTAÇÃO tr 2

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EXCELENTÍSSIMO (A)SENHOR (A) DOUTOR JUIZ (A)DO TRABALHO TITULARDA 1ª VARA DO TRABALHO DE FLORIANÓPOLIS - SC
			
Processo nº 0010101-20.2017.512.0001.
MensaLtda, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 15.155.000/0001-00, com sede na Rua Alameda das Flores, n.º 30, Lagoa da Conceição, Florianópolis/SC, CEP 88.010-000, e-mail xxxxxx, doravante designado apenas como RECLAMADA, neste ato devidamente representado por seu advogado e bastante procurador infra-assinado, nos autos da Reclamação Trabalhista movido porJonas Fagundes,vem, respeitosamente perante Vossa Excelência nos termos do art. 847 da CLT apresentarCONTESTAÇÃO.
Dos Fatos
I– Síntese do Processado.
Trata-se de uma ação reclamatória aonde se pleiteia nulidade de contrato de prestação serviço firmado entre as partes, bem como, e o reconhecimento do vínculo de 01/08/2016 até 31/01/2017, anotação da CTPS do empregado, por fim requer ainda, seja reclamada compelida a entregar as guias CD/SD e o TRCT, e o pagamentos de todas as verbas contratuais e rescisórias tais como, 7/12 de férias proporcionais + 1/3, 13º salário proporcional e multa de 40% do FGTS.)horas extras,adicional de periculosidade, Benefícios da justiça gratuita, juros e correção monetária, e, atribuiu à causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
PRELIMINARMENTE
II – DA CARÊNCIA DE AÇÃO.
Argui a Reclamada, preliminarmente, a carência de ação, uma vez que no período de 01/08/2016 a 31/01/2017a Reclamante não foi seu empregado, nem estiveram presentes entre Reclamante e Reclamada, os requisitos de que trata o artigo 3º da CLT. 
Isso porque, o Reclamante não prestou à Reclamada serviços de natureza não eventual, com exclusividade, mediante subordinação jurídica e econômica e com pagamento de salário, portanto, não se pode reconhecer a relação de emprego.
Esclareça-se, apenas no período01/08/2016 a 31/01/2017, é que o Reclamante prestou serviços à Reclamada na qualidade de autônoma, como montador de móveis, conforme a seguir detalhado.
Ausentes, pois, as condições da ação, no que tange à legitimidade de parte e interesse de agir, impõe-se a extinção do feito sem julgamento do mérito, nos termos do artigo 485, IV do CPC subsidiário.
III -Da AusênciaVínculo Empregatício.
A reclamatória é manifestamente improcedente. A verdade é que o RECLAMANTE JAMAIS PRESTOU SERVIÇOS PARA A RECLAMADA NA CONDIÇÃO DE EMPREGADO, mas sim na qualidade de Autônoma, no período de 01/08/2016 a 31/01/2017.
			Pois bem,em 01/08/2016 o reclamante e o reclamado firmaram pacto de prestação de serviços, o reclamante estava responsável pela montagem dos móveis que são vendidos pelo reclamado.
No contrato firmado entre as partes, o reclamante estabeleceu o valor de R$ 20,00 (vinte reais) por cliente visitado, como essa prerrogativa de ganhar por montagem de móveis, o reclamante por conveniência, estabelecia sua própria jornada de trabalho.
 E ainda, houve entre as partes outro contrato firmado, referente ao aluguel do veículo, pelo qual as Lojas Mensa Ltda. pagavam R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mês, já estando incluídos neste valor os gastos com combustível e manutenção da moto.
O referido contratode aluguel da motocicleta formalizado teve por objetivo indenizar o reclamante pelos gastos que obtinha durante sua locomoção até o local em que prestava seus serviços de montagem.
Reintera-se, o percurso percorrido pelo reclamante entre um lugar e outro era ínfimo.
Conforme posto em parágrafos supra, os serviços sempre foram de forma autônoma assim, o reclamante poderia a qualquer momento fazer-se substituir, ou seja, poderia enviar outra pessoa em seu lugar para efetuar a montagem dos móveis.
Cumpri ainda salientar, o reclamado não obtinha nenhuma gerencia sobre o reclamante, este não era subordinado as determinações diretivas da reclamada, o reclamante detinha o poder de direção quanto as montagens que eram realizadas, tanto é verdade que o reclamante não era obrigado a se dirigir a loja, simplesmente obtinha o conhecimento dos locais que deveriam ser percorrido e a montagem a ser feita, com isso, não há que se falar no vínculo empregatício.
A relação havida entre as partes somente se deu na medida em que, a Reclamante, na qualidade de “MONTADOR”, de acordo com seus interesses e disponibilidade, realizou serviços de montagem de móveis repassados pela Reclamada, podendo inclusive contar com a mão de obra de pessoas por ela contratada, já que a Reclamada não exigia exclusividade, justamente por não se tratar de um serviço complexo. 
Jamais existiu, entre as partes, uma relação nos moldes previstos no artigo 3º consolidado, eis que, o Reclamante:
a) não estava sujeito a horário ou jornada de trabalho;
b) não percebia o pagamento de salário, remuneração ou dependência econômica;
c) não era subordinado a quem quer que fosse; e
d) não prestava serviços com exclusividade e pessoalidade, podendo se ativar para outras empresas.
Ademais, o Reclamante realizava seus serviços sem ter a obrigação de comparecer na loja da Reclamada, além de não cumprir horário e nem estar jurídica ou economicamente subordinada a Reclamada, como também não estava sujeita a qualquer tipo de fiscalização por parte da reclamada, restando fervorosamente impugnadas as alegações iniciais em sentido contrário.
Após a conclusão dos serviços, o Reclamante comunicava a Reclamada,e efetuava o pagamento, que era de acordo com a quantidade, portanto, não havia pagamento de salário fixo, no importe mensal de R$ 2.400, 00 (Dois mil e quatrocentos reais), como tenta fazer crer oreclamante. 
O fato é que a reclamada jamais ajustou com o Reclamante, tampouco realizou o pagamento de salário fixo sendo desprovidos de veracidade os fatos narrados na inicial. 
Outrossim, não tinha o reclamante horário de trabalho, iniciando sua jornada a hora que bem entendesse, encerrando-a da mesma forma, isto é, na hora que lhe aprouvesse. Jamais houve qualquer controle ou fiscalização por parte da Reclamada, conforme informado na própria exordial.
Assim, em razão de todo o quanto exposto, é que o Reclamante jamais foi empregado da Reclamada, tendo apenas à ela através de repasse, prestado serviços de montagem de móveis na qualidade de Autônomo.
Reintera-se que tais serviços eram prestados sem qualquer exclusividade, subordinação (fiscalização/ controle de horário) e pagamento de salários.
Além disso, não pode o Reclamada deixar de mencionar que, para a execução dos serviços, a Reclamante utilizava-se de suas próprias ferramentas. Portanto, inequívoco que a Reclamante corria o risco de seu próprio negócio.
Inexistiu, pois, entre Reclamante e Reclamada, as características de uma relação de emprego, que se configura pelo preenchimento cumulativo dos requisitos explicitados no artigo 3º da CLT. Nesse sentido, tem se manifestado a jurisprudência:
“Vínculo empregatício descaracterizado. Ausência dos requisitos constantes dos artigos 2° e 3° da CLT. Não há como reconhecer o vínculo empregatício entre o Autor e o Reclamado quando ausentes os requisitos caracterizadores da relação de trabalho previstos nos artigos 2° e 3° da CLT, ou seja, de que o Reclamado admitiu, assalariou e dirigiu a prestação pessoal de serviços do Reclamante e de que este prestou serviços de natureza não eventual ao Demandado, sob dependência deste e mediante salário. Ac. TRT 12ª Reg. 3ª T (RO 9015/92).
Insta salientar que, as condições exigidas no artigo 3o do Texto Consolidado para entender alguém como “empregado”, não podem ser interpretadas como uma ou outras, haverão de estar, necessariamente, todas presentes. E isto, de forma taxativa, não permitindo sugerir a consideração de uma ou outra situação, mas sim, obrigatoriamente de todas as características.
	
 A Reclamada jamais instituiu qualquer controle ou fiscalização, quer de jornada de trabalho, quer da atividade propriamente dita desenvolvida pelo reclamado, até porque, repita-se, a Reclamada apenas repassavaserviços de montagempara o Reclamante, que não se ativava com exclusividade para a Reclamada, podendo ter prestado seus serviços para outras empresas concomitantemente. 
Embora não negue que o Reclamante, eventualmente, tenha realizado serviços de montagem repassados pela Reclamada, esta afirma que àquela jamais teve que cumprir ordens ou determinações impostas pela mesma, sendo certo que, subordinação jamais houve entre as partes.
Desta forma, negando a Reclamante a efetiva relação de emprego, entende que incumbe a Reclamante o ônus de comprovar o vínculo pleiteado, por ser fato constitutivo de seu Direito. Veja-se a jurisprudência acerca do tema em debate.
TRIBUNAL: 2ª RegiãoACÓRDÃO NUM: 20040054092 DECISÃO: 11 02 2004 TIPO: RO01 NUM: 00919 ANO: 2003 NÚMERO ÚNICO PROC: RO01 - 00919-2001-441-02-00 RECURSO ORDINÁRIO TURMA: 7ª ÓRGÃO JULGADOR - SÉTIMA TURMA FONTE DOE SP, PJ, TRT 2ª Data: 12/03/2004 PG: PARTES RECORRENTE(S): RAIMUNDO LUIZ JOSE SILVEIRA RECORRIDO(S): MARCOS ALBERTO JARDIM RAMOS RELATORA ANELIA LI CHUM REVISOR(A) LILIAN LYGIA ORTEGA MAZZEU 
“EMENTA VÍNCULO EMPREGATÍCIO. ÔNUS DA PROVA. Negada a relação empregatícia, é do Reclamante o ônus de provar a concomitância dos elementos essenciais à configuração dessa modalidade de contrato, pelo que, deixando de desvencilhar-se desse encargo, não se pode reconhecer a existência de contrato de emprego entre as partes. Recurso Ordinário a que se nega provimento. DECISÃO. por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso e manter íntegra a r. sentença de Origem.”
TIPO: RS01NUM: 00027 ANO: 2003 NÚMERO ÚNICO PROC: RS01 - 00027-2003-302-02-00 RECURSO ORDNÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO TURMA: 7ª ÓRGÃO JULGADOR - SÉTIMA TURMA FONTE DOE SP, PJ, TRT 2ª Data: 12/03/2004 PG: PARTES RECORRENTE(S): EDUARDO DE ABREU NUNES RECORRIDO(S): LAUREANO ALONSO Y VILA RELATORA ANELIA LI CHUM 
“VÍNCULO EMPREGATÍCIO. FATO CONSTITUTIVO. ÔNUS DO AUTOR. É do Autor o ônus de provar o fato constitutivo do vínculo empregatício, negado pela parte contrária, cujo reconhecimento postula judicialmente. Recurso ordinário a que se nega provimento. DECISÃO por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, mantida íntegra a r. sentença de Origem.”
Por todo o exposto aqui, pode-se concluir sem maiores dificuldades que o Reclamante certamente prestava serviços para outras empresas, ou seja, detinha total independência no desempenho de seu mister, inexistindo qualquer tipo de ingerência da Reclamada em suas atividades.
De acordo com sua conveniência, o Reclamante prestava seus serviçosonde estava localizada as residências, portanto, de forma alguma tinha que justificar ausências ao trabalho sob pena de punição, como tenta fazer crer, até porque o seu pagamento era feito após a conclusão dos serviços, não havendo necessidade, sequer condições de a Reclamada proceder de tal maneira.
Frise-se que, como não poderia deixar de ser, detinha o Reclamante total liberdade para decidir sobre o seu horário de trabalho, não estando adstrito de forma alguma às regras da Reclamada. 
Improcede, assim, o reconhecimento do vínculo empregatício no período declinado na inicial, com a conseqüente anotação na CTPS, bem como os pedidos das verbas contratuais e rescisórias pleiteadas. Tais verbas só seriam devidas se houvesse a existência de um contrato de trabalho – o que não é a hipótese destes autos, definitivamente.
Nesse sentido a jurisprudência:
MONTADOR DE MÓVEIS. TRABALHO EXTERNO NÃO FISCALIZADO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Confessado pelo autor o exercício de atividade externa, com o comparecimento esporádico à sede da empresa, sem fiscalização da jornada, incide o caso na hipótese do art. 62, I, da CLT, sendo indevidas as horas extras.
(TRT-2 - RO: 00024539420125020024 SP 00024539420125020024 A28, Relator: KYONG MI LEE, Data de Julgamento: 11/02/2014, 3ª TURMA, Data de Publicação: 19/02/2014)
Desta feita, o pedido de reconhecimento de vínculo encontra-se desprovida de crédito, devendo serem rechaçadas os pedidos da exrodial, portanto, NÃO sendo reconhecida a relação de emprego, resta certo que o Reclamante que SÃO indevidas todas as verbas rescisórias postuladas (aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3, multa de 40% etc), inclusive a liberação das guias para movimentação do FGTS, e seguro desemprego.
IV– Multa do Artigo 477 da CLT
Como já asseverado à exaustão, as características que permearam a relação mantida entre as partes não autorizariam a condenação da Reclamada nas verbas decorrentes da resilição contratual imotivada.
De qualquer sorte, as férias, acrescidas da terça parte constitucional, bem como, não podem ser devidos, diante de todos os argumentos aqui expendidos.
Considerando-se a forma como se deu o rompimento da relação mantida entre as partes, NÃO sendo reconhecido o vínculo empregatício, não há que se falar em aviso prévio.
Desta mesma forma, resta improcedente o pedido da Obreira no que verse o recebimento de aviso prévio.
Ainda sob este prisma, importante salientar que é inaplicável as multas dos artigos 477 da CLT, eis que, referidas disposições, versam sobre pagamentos de verbas rescisórias e incontroversas, o que, conforme já demonstrado, a Reclamante efetivamente não fazia jus. 
Por todos os motivos já expostos, improcede a anotação na CTPS.
Por fim, sob qualquer aspecto que se vislumbre a questão, temos ser totalmente indevido o pleito em tela.
V–Das Horas Extras.
Alega o Reclamante que laborava de segunda a sábado das 08h00 às 20h00, com 01 hora de intervalo para refeição e descanso. 
Diante da jornada declinada, alega que realizava horas extras, que não foram pagas, devendo, portanto, ser remunerada pelas horas laboradas em extrapolação à 8ª diária e 44ª semanal, acrescidas do adicional de 50% sobre o valor da hora normal.
No entanto, as alegações do Reclamante não devem prosperar. E isso porque, o Reclamante sempre trabalhou na condição de autônoma nas residência para montar os móveis, sem sujeição a qualquer controle de horário, de modo que não faz jus à qualquer pagamento à título de remuneração por trabalho eventualmente prestado em sobrejornada. 
Ocorre que, trabalhava externamente, não subordinado a controle de horário,a carga horária era feito pelo reclamante, e ainda, a demanda de montagem diária não excedia 06h00 horas, os horários do Reclamante, por isso mesmo, não sofriam o mais mínimo controle por parte da reclamada, não havendo que se falar, portanto, em jornada extraordinária.
Frisa-se que, o reclamante exercia atividade externa não compatível com o controle de jornada. Mesmo havendo a ausência daanotação na CTPS de que se tratava de trabalhador externoinsuscetível de controle de jornada, é possível enquadrar umtrabalhador na exceção prevista no art. 62, inciso I, da CLT, ouseja, na exclusão do direito do recebimento de horas extras, segue “in verbis”:
Art. 62 – Não são abrangidos pelo regime previsto
neste capítulo:
I – os empregados que exercem atividade externa
incompatível com a fixação de horário de trabalho,
devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho
e Previdência Social e no registro de empregados;
Neste sentido, a farta e uníssona jurisprudência de nossos Tribunais:
“HORAS EXTRAS - TRABALHO EXTERNO - CONTROLE PELO EMPREGADOR. O fato de haver controle sobre a execução dos serviços do empregado externo é algo inerente à prestação de trabalho subordinado. Mas isso não induz à automática conclusão de que, só por isso, também existiam controles sobre a jornada, o que é coisa diferente. Por isso compete ao empregado demonstrar que, além dos controles sobre as tarefas, o empregador também tivesse controlado a duração do trabalho em sí mesmo. Não o fazendo o pedido improcede.” (TRT - 3ª R. - 2ª T. - RO 15101/96 - Rel. Juiz HIRAN DOS REIS CORREA - DJMG de 21.03.97 - pág. 12 - “in” Revista do Direito Trabalhista nº 04 - abril de 1997 - pág. 51 - ementa 905)
“EMENTA: HORAS EXTRAS - AUSÊNCIA DE INTERVALO PARA REFEIÇÃO E DESCANSO - SERVIÇOS EXTERNOS- Ativando-se o obreiro externamente, impossibilitada está a verificação de ausência de intervalo para refeição e descanso, para efeito de horas extras.” TRT – 2ª Região - RO - 03/03/1997 - Relator: GUALDO FORMICA - REVISOR(A): JOSÉ MECHANGO ANTUNES - ACÓRDÃO Nº: 02970085270 - PROCESSO Nº: 02950361158 - ANO: 1995 - TURMA: 7ª - PUBLICAÇÃO: 24/04/1997.(grifamos)
“HORAS EXTRAS – Não são devidas ao empregado que presta serviços externos sem fiscalização da jornada de trabalho.” (TRT 5ª R. – RO 01852-2002-025-05-00-3 – (16.470/05) – 4ª T. – Relª Desª Graça Boness – J. 02.08.2005)(grifamos)
“TRABALHO EXTERNO – HORAS EXTRAS – Descabe o pagamento de horas extraordinárias quando o trabalhador presta serviços externos, sem qualquer fiscalização na sua jornada. Não é o trabalho externo que inviabiliza o direito de o empregado perceber horas extras, mas a ausência de um controle efetivo da jornada por parte do empregador que afasta a condenação em horas extras, porque somente com um controle/fiscalização é possível aferir o horário de trabalho desempenhado pelo empregado a fim de se apurar a sobrejornada.” (TRT 5ª R. – RO 00028-2004-193-05-00-4 – (11.513/05) – 1ª T. – Rel. Juiz Luiz Tadeu Leite Vieira – J. 02.06.2005)(grifamos)
“HORAS EXTRAS – TRABALHO EXTERNO – INEXISTÊNCIA DE CONTROLE – PROMOTORA DE VENDAS E VENDEDORA – Notória a prestação de serviços externos pela reclamante – Promotora de vendas e vendedora – E inexistindo nos autos qualquer comprovação de que a reclamada controlasse sua jornada de trabalho, indevido o pagamento de horas extras, pois caracterizada a hipótese prevista no inciso I, do art. 62, da CLT, ainda que tal condição não tenha sido anotada na CTPS da obreira. Diferenças de comissão. Inovação recursal. Se a reclamante, na exordial, requereu tão-somente o pagamento das incidências legais decorrentes da integração à sua remuneração dos prêmios e comissões pagos pela ré, a apresentação, em sede de réplica, de demonstrativos de diferenças a título de tais verbas e o conseqüente pleito para o recebimento destas, configura-se em inovação e alteração do pedido, inviável naquele momento processual, impedindo sua análise.” (TRT 15ª R. – Proc. 32159/02 – (40872/03) – 6ª T. – Relª Juíza Olga Aida Joaquim Gomieri – DOESP 12.12.2003 – p. 36) JCLT.62 JCLT.62.I(grifamos)
Evidentemente, por não controlar os horários do ora Reclamante, nada pode a Reclamada acrescentar a propósito da asseveração doreclamante de que trabalhava de segunda a sábado das 08h00 às 20h00. 
Por fim, não se pode cogitar do pagamento de horas extraordinárias por prorrogação de jornada, trabalho aos sábados, se o Reclamante na condição de autônomo sempre trabalhou externamente, sem controle de jornada.
Por todo o exposto, inexistindo controle de jornada, improcedem os pedidos de horas extras acrescidas do adicional de 50%.
VI–Do Aluguel da Moto.
Conforme alegado pelo reclamante, utilizou veículo próprio na realização dos serviços em prol da reclamada, para tanto, recebeu mensalmente o importe de R$ 1.500,00(Um mil e quinhentos reais).
.No entanto, conforme narrado nos parágrafos anteriores o reclamante recebeu valores mensais que serviam para custear o aluguelda motocicleta, assim como os gastos com combustível,manutenção e seguro, além de cobrir a depreciação do veículo.
Nos termos do acordo devem se considerar,a legalidade do pagamento dos R$ 1.500,00(U mil e quinhentos reais) como de natureza INDENIZATÓRIA, ouseja, para ressarcir o patrimônio do reclamante, e não comocontraprestação pelos serviços prestados e NÃO SALARIAL.
Deve-se, portanto, seremrechaçada o pedido de inclusão destes valores a título de verbas rescisórias, bem como, seus reflexos em avisoprévio, hora extra,férias proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional,no décimo terceiro salário proporcional e na multa de 40% sobreo FGTS.
VII - Do Adiciona de Periculosidade.
Uma vez que o reclamante exercia a função de montador, ele se dirigia até as residências/estabelecimentos dos clientes da reclamada para montar os produtos que eram vendidos pela reclamada, portanto, percorria em diversos lugares.
Como já dito o meio de locomoção era a motocicleta, no entanto, o Reclamado percorria um trajeto ínfimo entre uma residência e outra, e ainda, conforme narrado nos fatos volume de trabalho era baixonão proveu.É entendimento lógico que os riscos durante os percursos curtos inviabilizam a o adicional de periculosidade.
E ainda, nos termos do art. 373 inciso, II, o ônus de provar o direito pleiteado cabe ao reclamante conforme declinado abaixo:
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
(.....);
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Ora, Excelência caberá ao reclamante comprovar o seu direito sobre seu pedido, não basta meras alegações, mas sim, de forma contundente comprovar os riscos que corria, para que possa fazer jus ao adicional de periculosidade.
O reclamante usava amotocicleta exclusivamente para se deslocar de casa parao trabalho e vice-versa, sendo que somente de maneira esporádicaele usava o veículo para visitar clientes, as visitas eram feitas sem utilização de motocicleta, e ainda,o deslocamento do reclamante consumialapso temporal ínfimo do período de trabalho, vez que a maiorparte do tempo era consumida na casa dos clientes, com amontagem dos móveis.
Com o intuito de dirimir a questão invoca-se a NR -16 em seu anexo 5, que dispõe quanto a inviabilidade de pagamento de adicional de periculosidade nos termos da fundamentação de parágrafos anteriores segue “ in verbis”
1. As atividades laborais com utilização de motocicleta ou motoneta no deslocamento de trabalhador em vias públicas são consideradas perigosas.
2. Não são consideradas perigosas, para efeito deste anexo:
a) a utilização de motocicleta ou motoneta exclusivamente no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela;
b) as atividades em veículos que não necessitem de emplacamento ou que não exijam carteira nacional de habilitação para conduzi-los;
c) as atividades em motocicleta ou motoneta em locais privados.
d) as atividades com uso de motocicleta ou motoneta de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido.(G.N).
Assim, resta incontestável que, o reclamante não faz jus ao recebimento do adicional de periculosidade nos termos da referida NR – 16, anexo 5.
A jurisprudência tem –se posicionado sobre o tema de forma acertada conforme sentença de nº n. 0010691-09.2015.5.03.0109, publicada pelo Tribunal Regionaldo Trabalho da 3a Região, em 16/08/2016, vez que nela omagistrado informa que o espírito do legislador, ao alterar aredação do art. 193, da CLT, era de resguardar somente odireito ao adicional de periculosidade para aqueles que laboramexercendo a função de “mototransporte, mototaxista, motoboye motovigia”.
Desta feita, resta guerreada o pedido de adicional de periculosidade considerando-se que, o reclamante NÃO faz jus aos recebimentos dos valores a este título.
VIII-Da Não Concessão do Benefício da Justiça Gratuita
Indevido, eis que o artigo 4º da Lei nº 1060/50 determina que tal benefício somente será concedido àqueles que, comprovadamente, não estiverem em condições de pagar as custas do processo e os honorários do advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
Não é este o caso dos autos, já que a procuração não foi outorgada ao Sindicato profissional, sendo certo que a contratação de Advogado constitui indício de idoneidade econômica.
IX - Dos Pedidos e Suas Especificações
			Ante todo o exposto,requer o reclamante:
X – Dos Requerimentos
No mais, protesta a Reclamada pela produção de todas as provas em direito admitidas, em especial, pelo depoimento pessoal da Reclamante, sob confissão, nos termos da Súmula nº 74 do C. TST, oitiva de testemunhas, provas periciais, vistorias, juntada de novos documentos, à comprovação de tudo quanto alegado nesta defesa,aguarda a reclamada, que essa MM. Vara do Trabalho haja por bem em acolher a preliminar argüida e, no mérito, em decretar a total IMPROCEDÊNCIA da reclamatória, como medida deJUSTIÇA!
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Florianópolis, XXXX de XXX.
______________________________________________
OAB/SC nº 
 Endereço do escritório profissional

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