Buscar

Contestação trabalhista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 4ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ – SC 
UZANIO PIMPAS, pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua das Pedras, nº233 E, bairro Líder, inscrita no CNPJ sob o nº 24.278.998/0001-09, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, através de seu advogado in fine assinado, com escritório profissional na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, nº7627D, Centro, Chapecó/SC, para onde devem ser destinadas as intimações pertinentes, apresentar CONTESTAÇÃO aos termos aduzidos por RECLAMANTE, nos autos da Reclamatória Trabalhista de nº 218733149382, o que o faz com arrimo nos fatos e fundamentos a seguir expostos. Veja-se:
I – DO ESCORÇO FÁTICO
Cuida-se de Reclamatória Trabalhista promovida por RECLAMANTE em desfavor do Requerido, com o fito de obter provimento jurisdicional que condene a Empresa Reclamada ao seguinte: pagamento de “verbas rescisórias” (férias proporcionais 2/12; 13º proporcional 2/12; FGTS + 40%; aviso prévio; horas extras + reflexos; multas dos arts. 467 e 477 da CLT); repouso remunerado, adicional de insalubridade; indenização por danos morais; contribuição previdenciária; honorários de sucumbência.
Em prol do pretendido, afirma ter sido contratado pela Empresa Reclamada em março de 2019, para exercer a função de “instalador hidráulico”, com salário de R$ 2.000,00 (dois mil reais) e jornada de trabalho de segunda à sexta-feira, das 8:00h às 18:00h, sem intervalo intrajornada para descanso e alimentação. Relata que a Empresa Reclamada lhe dispensou sem justa causa e sem pagar suas verbas rescisórias aos 06 de dezembro de 2019.
Afirma que, em razão do não pagamento de suas verbas rescisórias e anotação de sua CTPS, faz jus ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 21.601,14 (vinte e um mil, seiscentos e um reais e quatorze centavos).
II – DOS FATOS SOB A ÓTICA DA VERDADE
O Reclamante, numa clara e ardilosa tentativa de locupletar-se ilicitamente à custa da Empresa Reclamada traz aos autos inúmeros fatos que não guardam qualquer correspondência com o contexto fático ao qual estava inserido, manipulando a realidade a fim de induzir este Probo Juízo a erro.
Cumpre destacar que o Reclamante NUNCA foi contratado COMO EMPREGADO para exercer a função de instalador hidráulico. Na verdade, o Reclamante era verdadeiro prestador de serviços, trabalhando de maneira autônoma, assim como os demais obreiros que também efetuavam serviços esporadicamente.
Desse modo, não sofria qualquer controle de jornada por parte da Empresa Reclamada, razão pela qual sequer haverá juntada de cartões de ponto, haja vista serem inexistentes.
O Reclamante tão somente fazia serviços de hidráulica e era livre para ir trabalhar no dia que melhor lhe aprouvesse, não havendo qualquer sanção acaso faltasse, bem como qualquer mácula ao serviço da Empresa Reclamada, que poderia, perfeitamente, redistribuir a obra a outro prestador de serviço, sendo irrelevante a pessoa física que iria fazer o serviço.
Só o fato de manter mais 04 (quatro) outros obreiros já demonstra a absoluta impessoalidade na relação jurídica ora exposta, haja vista que, se o Reclamante não pudesse comparecer ou, por algum motivo, não quisesse, poderia perfeitamente ser substituído por outro profissional, sem qualquer ônus para a Empresa Reclamada e tampouco para o obreiro.
De fato, a Empresa Reclamada adicionava o valor do serviço a chamada “taxa de mão-de-obra”, a qual era repassada, INTEGRALMENTE, aos obreiros prestadores de serviço.
Durante o curtíssimo período em que prestou serviços para a Empresa Reclamada, o Reclamante sempre foi tratado com respeito e urbanidade e tinha plena ciência de que não se tratava de vínculo empregatício, haja vista a completa autonomia que tinha de ir no dia que julgasse conveniente, bem como fazer a rota que quisesse para a entrega dos pedidos.
Evidente, portanto, que não existia qualquer controle de jornada por parte da Empresa Reclamada, para quem pouco importava se o Reclamante compareceria para trabalhar ou não, uma vez que poderia perfeitamente ser substituído por qualquer outro prestador de serviços que tivesse disponibilidade.
Impende destacar, ainda, a completa má-fé do Reclamante, ao afirmar que cumpria a extenuante jornada de 10 (dez) horas diárias seguidas, sem qualquer intervalo para alimentação e repouso.
Ora, Excelência, a Empresa Reclamada é empresa de pequeno porte, situada em bairro simples e que, por conseguinte, não possui uma gama de clientes – tampouco de pessoal – tão volumosa, que realize serviços incontáveis por 10 (dez) horas seguidas.
Por fim, ressalta a reclamada que qualquer fato diverso do ora contestado, deve ser comprovado pelo Reclamante, pois:
O Código de Processo Civil, em seu artigo 333, I, dispõe que:
Art. 333. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
A CLT, assim determina:
“Art. 818. O ônus da prova incumbe:
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. 
§ 2º A decisão referida no § 1º deste artigo deverá ser proferida antes da abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito admitido.
§ 3º A decisão referida no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil”.
Ao reclamante cabe a prova dos fatos constitutivos de seu direito, enquanto que à reclamada incumbe a prova dos fatos impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do autor.
Portanto, cabe ao Autor provar os fatos constitutivos como fundamentos do aludido direito. Não o fazendo, merece ser julgado improcedente o referido pedido.
Em que pese o resumo do contrato de trabalho aliado às provas carreadas que ora se junta serem suficientes a afastar QUALQUER pretensão autoral, pelo amor ao debate e em atendimento a impugnação específica, passa-se a contestar cada pedido isoladamente.
III – PRELIMINARMENTE: DA INÉPCIA DA INICIAL.
Precedendo a entrada às questões meritórias, de bom alvitre destacar a inépcia da petição inicial, razão pela qual deve ser rejeitada prima facie, haja vista o não preenchimento dos requisitos básicos insculpidos no Código de Processo Civil.
Trata-se, portanto, de clara situação de inépcia da petição inicial, enquadrada no art. 840, § 1º da CLT e art. 330, § 1º, I, do Novo Código de Processo Civil. Veja-se:
CLT
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
(...)
NCPC
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
I – for inepta;
(...)
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
Verifica-se, portanto, que o Reclamante, ao expor suas pretensões, olvidou-se de regra básica trazida pelo ordenamento jurídico civil e trabalhista, tornando impossível, portanto, o reconhecimento de tais pedidos.
Levando em consideração que, em torno do pleito de reconhecimento do vínculo empregatício gravitam todos os demais pedidos formulados pelo Reclamante, pugna a Empresa Reclamada pela extinção do processo sem resolução do mérito, por inépcia da petição inicial, nos termos do disposto no art. 485, I, do Novo Código de Processo Civil.
Em atençãoao princípio da eventualidade, acaso seja rejeitada a pretensão de extinção do processo sem resolução do mérito, pugna a Empresa Reclamada unicamente pela extinção dos pedidos de anotação da CTPS e reconhecimento do vínculo empregatício sem resolução do mérito, uma vez que houve violação ao disposto nos arts. 840, § 1º, da CLT e art. 330, § 1º, I, do Novo Código de Processo Civil.
IV - DO MÉRITO
Em atenção ao princípio da eventualidade, considerando a remota possibilidade deste Probo Juízo não acolher a pretensão aventada no item anterior, o que só se admite por excesso de zelo, vem a Empresa Reclamada demonstrar a inexistência de qualquer arrimo fático e jurídico que autorize o deferimento de qualquer dos pleitos formulados na peça vestibular.
Conforme restará demonstrado, as alegações contidas na petição inicial são absolutamente carregadas de inverdades, demonstrando uma clara tentativa de locupletamento ilícito por parte do Reclamante, fato que deve ser afastado pelo Poder Judiciário Trabalhista, sob pena de violação ao disposto no ordenamento jurídico pátrio.
IV.1 – DA INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DO NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS ARROLADOS NO ART. 3º DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO.
A análise perfunctória do disposto na petição inicial permite verificar que o Reclamante postula direitos aos quais não faz jus, haja vista INEXISTIR qualquer liame empregatício entre o profissional e a Empresa Reclamada.
Consoante abalizado pela doutrina e legislação pátria, a configuração do vínculo de emprego pressupõe o preenchimento de determinados requisitos de maneira cumulativa, o que faz concluir que o perecimento de qualquer um deles compromete a pretensão de reconhecimento.
Para que seja reconhecida a relação empregatícia, necessário que estejam presentes, na relação jurídica em análise, os seguintes requisitos: subordinação, pessoalidade, onerosidade e não eventualidade.
No caso em tela, não demanda muito esforço intelectual para verificar que o Reclamante não preenche as condições estabelecidas por lei, razão pela qual seus pedidos devem ser julgados improcedentes. Veja-se:
IV.1. A – DA INEXISTÊNCIA DE SUBORDINAÇÃO
O Reclamante afirma, em sua exordial, que foi “contratado” pela Empresa Reclamada para exercer a função de instalador hidráulico, afirmando que recebia R$ 2.000,00 (dois mil reais) de salário e alegando que cumpria a fantasiosa jornada de trabalho das 8:00h às 18:00h, de segunda a sexta-feira, sem qualquer intervalo para repouso e alimentação.
Conforme aduzido anteriormente, o Reclamante nunca foi contratado para exercer função de instalador, como empregado da Empresa Reclamada.
O acerto verbal existente sempre foi de mera prestação de serviços. É tanto que, conforme aduzido no item “dos fatos sob a ótica da verdade”, restou anotado que a Empresa Reclamada possui, ainda, mais 04 (quatro) obreiros no mesmo sistema: trabalho autônomo, sem qualquer controle de jornada, exigência de comparecimento ou pagamento de salário, sendo a remuneração dos profissionais tão somente a chamada “taxa de mão-de-obra” acrescida ao valor do material solicitado pelo cliente.
O Reclamante não sofria, por parte da Empresa Reclamada, qualquer forma de subordinação ou controle. Poderia aparecer para trabalhar no dia que quisesse e, acaso faltasse, não lhe era aplicada qualquer sanção ou punição.
O que acontecia era o seguinte: havendo algum serviço para realizar, o obreiro era chamado. Caso não pudesse realizar a serviço, um outro era contatado pela Empresa Reclamada e o serviço era efetuado. Faticamente, o Reclamante só tinha que trabalhar quando havia serviço para ser feito. Caso não houvesse, poderia livremente para realizar outros serviços de outras empresas.
Em assim sendo, verifica-se que o Reclamante não estava submisso a qualquer ordem exarada pela Empresa Reclamada ou seus prepostos. O que havia, na verdade, era uma “oferta” de trabalho: efetuar o serviço em troca da percepção do valor cobrado a título de “taxa de mão-de-obra”. Caso não quisesse, poderia rejeitar de forma livre, sem sofrer qualquer sanção por isso.
Nesse sentido, merece destaque o que preceitua a jurisprudência moderna acerca do tema. 
VÍNCULO DE EMPREGO. PRESSUPOSTOS INDISPENSÁVEIS À SUA CARACTERIZAÇÃO. A onerosidade, a pessoalidade, a não eventualidade e a subordinação são os pressupostos essenciais do contrato de trabalho. Não demonstrada a existência dos requisitos enumerados no artigo 3º da CLT, não há o reconhecimento da existência de vínculo empregatício entre as partes. 
(TRT12 - AIRO - 0001223-16.2018.5.12.0028 , ROBERTO BASILONE LEITE , 6ª Câmara , Data de Assinatura: 19/03/2020)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. CONCESSÃO AO LITIGANTE DE MÁ-FÉ. O litigante de má-fé não perde o direito ao benefício da justiça gratuita. Aplicabilidade da Súmula nº 93 deste Tribunal. VÍNCULO DE EMPREGO. NÃO CONFIGURAÇÃO. Para o reconhecimento do vínculo de emprego, são necessários os requisitos previstos no art. 3º da CLT: pessoalidade, onerosidade, subordinação e não eventualidade. Caso não presentes um ou mais desses requisitos, não se configura a relação empregatícia. (TRT12 - AIRO - 0002077-53.2017.5.12.0025 , NIVALDO STANKIEWICZ , 6ª Câmara , Data de Assinatura: 18/03/2020)
Por todo o exposto, uma vez amplamente demonstrada a inexistência de subordinação através das ilações fáticas trazidas à baila, as quais serão oportunamente confirmadas através de prova testemunhal, pugna a Empresa Reclamada pelo indeferimento do pleito de reconhecimento do vínculo empregatício e, por conseguinte, dos pedidos que lhe são acessórios.
IV.1. B – DA INEXISTÊNCIA DE PESSOALIDADE
O próximo requisito a ser analisado, indispensável para a caracterização do liame empregatício, é a existência da pessoalidade.
No caso em tela, conforme aduzido anteriormente, a presença ou não do Reclamante na empresa era absolutamente irrelevante, mormente pelo fato de que a Empresa Reclamada possuía outros obreiros em seus contatos, os quais poderiam ser acionados para realizar serviços/obras, orçadas pelos clientes.
Em assim sendo, acaso o obreiro faltasse o dia de trabalho, nenhum prejuízo traria para a Empresa Reclamada, haja vista a desnecessidade de sua mão de obra PESSOAL, demonstrando, portanto, o viés de prestação de serviços que reveste a relação jurídica ora analisada.
Impende destacar, igualmente, que o obreiro não estava sujeito a qualquer sanção ou punição acaso faltasse e não avisasse, fato que jamais ocorreria em se tratando de empregado regido pela CLT.
Resta claro, portanto, que não existia a condição de pessoalidade na relação jurídica ora exposta, perecendo, portanto, o requisito ora analisado.
Nesse sentido, cabível trazer à baila a lição do Professor Sérgio Pinto Martins[1] acerca da pessoalidade. Veja-se:
“A prestação de serviços deve ser feita com pessoalidade. O contrato de trabalho é feito com certa pessoa, daí se dizer que é intuitu personae. O empregador conta com certa pessoa específica para lhe prestar serviços. Se o empregado faz-se substituir constantemente por outra pessoa, como por um parente, inexiste o elemento pessoalidade na referida relação”.
Clarividente, portanto, que o requisito em tela não está presente na relação jurídica apresentada a este Probo Juízo, uma vez que irrelevante para a Empresa Reclamada quem seria o prestador do serviço, contanto que o serviço fosse efetivado.
Ante a tal fato, pugna a Empresa Reclamada pelo indeferimento do pedido de reconhecimento de vínculo empregatício e os pedidos que lhe são acessórios, os quais englobam toda a Reclamatória Trabalhista, razão pela qual deve ter os pleitos julgados absolutamente improcedentes, o que desde já se requer.
IV.1. C – DA INEXISTÊNCIA DE ONEROSIDADE
Não fosse suficiente o perecimento dos dois requisitos esmiuçados no item anterior, o Reclamante também não preenchia o requisito da onerosidade.
Ora, Excelência, conforme anotado anteriormente, a Empresa Reclamada NUNCA EFETUOU QUALQUER PAGAMENTO AO RECLAMANTE A TÍTULO DE SALÁRIO, de formaque sua remuneração, quando aparecia para trabalhar, consistia unicamente no repasse da “taxa de mão-de-obra”, cobrada quando da ocorrência de orçamento de serviço. Em assim sendo, não havia o binômio “prestação de serviços – contraprestação salarial” entre as partes, razão pela qual o acerto de prestação de serviços firmado entre as partes não tinha caráter oneroso diretamente para a Empresa Reclamada, uma vez que quem adimplia com a remuneração do obreiro responsável pelo serviço era o próprio cliente.
Perceba-se, portanto, que a Empresa Reclamada não tinha custo com a manutenção dos obreiros, inexistindo, portanto, onerosidade na relação jurídica, o que evidencia, novamente, o caráter de prestação de serviços desse liame existente entre as partes.
Ante ao exposto, pugna a Empresa Reclamada pelo indeferimento do pleito de reconhecimento de vínculo empregatício e dos pedidos acessórios, que englobam a totalidade da Reclamatória Trabalhista ora rebatida, devendo ser declarados totalmente improcedentes, com a consequente extinção da demanda.
IV.1. D – DA OCORRÊNCIA DE EVENTUALIDADE NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PELO RECLAMANTE
Conforme exaustivamente demonstrado no item V desta contestação, não havia qualquer relação de pessoalidade entre o Reclamante e a Empresa Reclamada, de modo que a pessoa física que iria realizar o serviço sempre foi fator irrelevante para a Empresa Reclamada.
De mais a mais, diferente do que alega em sua exordial, o Reclamante NUNCA laborou na jornada de trabalho afirmada, haja vista que, assim como os demais obreiros que prestam serviços para a Empresa Reclamada, trabalha de forma autônoma, trabalhando apenas nos dias que lhe interessar.
Desse modo, não há como se estabelecer uma constância na prestação dos serviços pelo Reclamante, especialmente pelo fato de que não existia nenhuma expectativa em torno de seu serviço. Se viesse trabalhar, teria serviço para efetuar, assim como os demais; se não viesse, os prepostos direcionariam o serviço para os obreiros que tivessem disponibilidade, sem designar qualquer sanção ou punição ao Reclamante pela sua ausência.
Excelência, a leitura atenta do presente item permite verificar a ausência de absolutamente todos os requisitos indispensáveis para a caracterização do vínculo de emprego, conforme lição insculpida no art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, de modo que o indeferimento dos pedidos de reconhecimento de vínculo de emprego e correlatos é medida que se impõe.
IV.2 – DA INOCORRÊNCIA DE DANO MORAL
Em que pese a rejeição do pleito ora vergastado decorrer do próprio indeferimento do pedido de reconhecimento de vínculo empregatício, por excesso de zelo, vem a Empresa Reclamada demonstrar a inocorrência do suposto dano moral alegado pelo Reclamante.
Inicialmente, há de se destacar que os fatos ensejadores do suposto dano são o não pagamento das supostas verbas rescisórias e a ausência de anotação da CTPS do obreiro.
Ora, Excelência, amplamente demonstrado no item anterior que o vínculo fático-jurídico existente entre as partes não guarda qualquer característica própria das relações de emprego, razão pela qual o pedido de indenização por dano moral, arrimado nos fatos alegados pelo Reclamante, não se sustentam.
Em assim sendo, pugna a Empresa Reclamada pelo indeferimento do pleito em questão, por ausência de causa de pedir, haja vista a inexistência de vínculo empregatício entre as partes.
Entretanto, em atenção ao princípio da eventualidade e considerada a importância da alegação de toda a matéria de defesa em sede de contestação, vem a Empresa Reclamada demonstrar o não preenchimento dos requisitos necessários para a caracterização da responsabilidade civil empresarial, a fim de fulminar, por todos os aspectos, a ardilosa pretensão do Reclamante. Veja-se:
IV.2. A – DA INEXISTÊNCIA DE CONDUTA DANOSA POR PARTE DA EMPRESA RECLAMADA
É lição comezinha do Direito Civil que a caracterização do instituto da responsabilidade civil pressupõe a existência concomitante de três pressupostos, a saber: ato/omissão danosa; o dano propriamente dito e um nexo de causalidade que una o ato/omissão danosa ao dano experimentado pelo ofendido.
No caso em tela, não consta nos autos a comprovação de qualquer prática danosa por parte da Empresa Reclamada, mormente pelo fato de que nunca houve relação de emprego entre as partes e, consequentemente, inexiste a obrigação de quitação de verbas rescisórias ou anotação da CTPS.
Conforme amplamente anotado, o Reclamante prestou serviços por um curto período, sem jornada de trabalho fixa e sem qualquer obrigação de comparecimento, além de poder ser substituído por qualquer outro prestador de serviço, sendo irrelevante a sua presença pessoal para a Empresa Reclamada.
A natureza jurídica da relação existente entre as partes tutela a Empresa Reclamada, afastando a obrigação de anotação da CTPS do Reclamante e o pagamento de “verbas rescisórias”, haja vista não se tratar de relação de emprego.
Em assim sendo, o não pagamento das supostas verbas rescisórias e a não anotação da CTPS do Reclamante não figuram como atos danosos, uma vez que a Empresa Reclamada não está obrigada a reconhecer relação jurídica de prestação de serviços como se emprego fosse, criando uma realidade falsa.
Nesse sentido, pugna a Empresa Reclamada pelo indeferimento do pleito de indenização por dano moral, posto que nunca incorreu em qualquer conduta que maculasse a honra objetiva ou subjetiva do Reclamante.
IV.2. B – DA INOCORRÊNCIA DE DANO
O Reclamante, de maneira superficial, afirma que sofreu dano moral em razão do não pagamento das verbas rescisórias que entende fazer jus e da não anotação de sua CTPS.
De início, cumpre destacar que, curiosamente, em que pese ter cessado a prestação de serviços em dezembro do corrente ano, apenas agora veio pleitear o suposto “dano” sofrido.
Ademais, a inexistência de ato/omissão danosa por parte da Empresa Reclamada já faz cair por terra a ocorrência de dano. Entretanto, ainda que assim não se considere, o Reclamante não trouxe aos autos qualquer comprovação da mácula moral que alega ter sofrido, seja pela ausência de anotação de sua CTPS, seja pelo não pagamento das supostas verbas rescisórias que entende fazer jus.
Consoante é cediço, a mera alegação de dano não franqueia o seu deferimento, devendo haver prova cabal de que o Reclamante realmente experimentou mais do que um mero dissabor.
No caso em tela, clarividente é a intenção do Reclamante de locupletar-se ilicitamente à custa da Empresa Reclamada, haja vista a sua alegação genérica de que sofreu dano.
Ressalte-se, por oportuno, que inexistia relação de emprego entre as partes, razão pela qual nunca figurou como obrigação da Empresa Reclamada a anotação da CTPS ou o pagamento de verbas rescisórias, haja vista que estas últimas são, inclusive, inexistentes.
Por todo o exposto, sendo a inexistência de dano decorrência lógica da ausência de prática de qualquer ato ilícito por parte da Empresa Reclamada, pugna pelo indeferimento do pleito ora vergastado.
IV.2. C – DA INEXISTÊNCIA DE NEXO CAUSAL
Igualmente, não há que se falar em nexo causal se inexistente ato ilícito e dano, devendo, portanto, o pleito em questão ser indeferido de plano.
No caso em tela, os fatos que arrimam a pretensão autoral não têm razão de ser, simplesmente em razão da natureza jurídica do vínculo existente entre as partes.
Não pode o Reclamante esperar que a Empresa Reclamada cumpra obrigações próprias de relações empregatícias quando, na verdade, existia entre as partes um mero acerto para realização de serviços mediante repasse de taxa cobrada ao cliente. Ora, se tinha ampla liberdade para ir trabalhar ou não, para formular sua própria rota de serviços e não sofria qualquer controle de jornada ou manifestação do poder diretivo por parte da Empresa Reclamada, como poderia esperar o cumprimento de obrigações claramente empregatícias?
Há de se rememorar que o contrato de emprego, assim como qualquer contrato bilateral, traz direitos e obrigações para ambas as partes. Caracterizalatente má-fé da parte a exigência tão somente das obrigações da outra, sem haver o cumprimento de direitos.
No caso em tela, considerado o acerto existente entre as partes, sempre foram cumpridas mutuamente as obrigações existentes, tanto pela Empresa Reclamada quanto pelo Reclamante, obviamente, respeitando as estipulações próprias dessa relação jurídica, não havendo que se falar em exigência – de nenhuma das partes – de obrigações próprias de outras modalidades contratuais.
Inexistentes o dano e a prática de ato ilícito pela Empresa Reclamada, perece a fixação de nexo causal, fazendo cair por terra o pleito de indenização por danos morais formulado pelo Reclamante, cujo indeferimento se requer.
IV.3 – DO DESCABIDO PLEITO DE VERBAS RESCISÓRIAS, PAGAMENTO DE MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT E HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.
O Reclamante postula o pagamento de verbas rescisórias e de multas específicas em razão do seu não pagamento.
Conforme amplamente ventilado na presente contestação e demonstrado em sede de audiência, a relação jurídica existente é de prestação de serviços, de modo que não se admite a cobrança de direitos trabalhistas próprios dos empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.
O acerto ora esmiuçado tem natureza civil, razão pela qual não lhe são extensíveis as garantias insculpidas na Consolidação das Leis do Trabalho. No caso em tela, havia a prestação dos serviços mediante o recebimento do valor integral cobrado a título de “taxa de mão-de-obra” para cada serviço orçado.
O Reclamante possuía liberdade para construir seu horário, poderia faltar ou sair para resolver assuntos pessoais quando quisesse e não precisava apresentar qualquer satisfação para a Empresa Reclamada, razão pela qual não há que se falar em vínculo empregatício.
Sucumbente a caracterização do vínculo de emprego entre as partes, os pedidos correlatos devem seguir a mesma sorte, razão pela qual pugna a Empresa Reclamada pelo indeferimento do pedido de pagamento das verbas rescisórias, contribuição previdenciária e multas dos arts. 467 e 477 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Acerca dos honorários pleiteados, é entendimento pacificado pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, nas Súmulas nº 219 e 329 que os honorários advocatícios na Justiça do Trabalho só são devidos a parte hipossuficiente representada por sindicato da categoria, o que, notadamente, não é o caso dos autos.
Havendo, portanto, regra específica para o cabimento de honorários na Justiça do Trabalho, não há que se falar em aplicação do Novo Código de Processo Civil na forma que pretende o Reclamante.
Por todo o exposto, pugna a Empresa Reclamada pelo indeferimento dos pleitos de condenação ao pagamento de verbas rescisórias, anotação da CTPS, multas dos arts. 467 e 477 e honorários advocatícios.
V – DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS PEDIDOS
Em atenção ao princípio da eventualidade, na remota hipótese da preliminar arguida ser superada, pugna a Empresa Reclamada pela IMPROCEDÊNCIA TOTAL de todos os pleitos formulados na petição inicial, a saber:
a) Reconhecimento do vínculo empregatício e anotação da CTPS;
b) Pagamento das verbas rescisórias arroladas na petição inicial;
c) Pagamento de indenização a título de danos morais;
d) Pagamento das multas insculpidas nos arts. 467 e 477 da CLT;
e) Recolhimento de contribuições previdenciárias;
f) Adicional de insalubridade;
g) Multa de 40% sobre FGTS;
h) Pagamento de honorários de sucumbência.
VI – DOS REQUERIMENTOS FINAIS
Ante ao exposto, pugna a Empresa Reclamada pelo deferimento do pedido de Justiça Gratuita, nos termos do disposto na Lei nº 1060/50.
Requer, igualmente, o acolhimento da preliminar de inépcia da inicial, com a consequente extinção do presente feito sem resolução de mérito, haja vista as transgressões ao disposto no art. 840, § 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho e art. 330, § 1º, I, do Novo Código de Processo Civil. Caso seja superada a preliminar aventada, requer o reconhecimento da inépcia da exordial especificamente no tocante aos pedidos de reconhecimento do vínculo empregatício e da anotação da CTPS do Reclamante, haja vista não constarem no rol de pedidos.
Em atenção ao princípio da eventualidade, na remota hipótese da preliminar arguida ser superada, pugna a Empresa Reclamada pela IMPROCEDÊNCIA TOTAL de todos os pleitos formulados na petição inicial.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento das partes, oitiva de testemunhas e demais provas legal e moralmente aceitas.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Chapecó/SC, 14 de abril de 2020.
Matheus Antônio
OAB/SC 39.900
Larissa Maria Rocha
OAB/SC 43.590

Continue navegando