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Programa de Direito Financeiro 
e Tributário I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito –2017 
 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 2 
I – O ESTADO COMO REALIDADE SUPERIOR AO INDIVÍDUO 
 
1) As Atividades do Estado: 
 O Estado é formado pela conjugação, mínima, de três elementos: Território, 
Povo e Governo. No Estado Democrático de Direito, como no caso do Brasil, o Governo é 
exercido por representantes eleitos pelo povo, condicionado à observância da lei. 
 A Lei, ressalte-se, representa a vontade geral, fundada num juízo de valor 
que se faz sobre um determinado fato, que rege o comportamento humano, de forma 
coercitiva, visando o bem comum. 
 O Estado, por sua vez, sempre age autorizado em Lei, ou seja, em 
conformidade com a vontade geral, buscando o bem estar de todos. Desta forma, o interesse 
público, por representar a vontade de todos, prevalece sobre o interesse individual (Princípio 
da Supremacia do Interesse Público Sobre o Particular). 
 Desta forma, a Lei estabelece as necessidades públicas a serem satisfeitas, a 
fim de se atingir o mencionado bem comum, observando-se que estas necessidades podem 
ser essenciais e permanentes (segurança pública, prestação jurisdicional, e etc.) ou 
secundárias e eventuais (serviços telefônicos, e etc.), de acordo com interesse visado. 
 O Estado, então, desenvolve uma série de atividades, direta ou 
indiretamente, para satisfazer as necessidades eleitas, tais como a realização de obras 
públicas e prestação de serviços públicos. Enfim, há uma grande estrutura humana 
(servidores públicos) e material(órgãos), que dá corpo ao Estado e o possibilita concretizar 
os seus objetivos. 
 
2) O Estado e sua Atividade Financeira: 
 Basicamente, a finalidade do Estado é a realização do bem comum. Pode-se 
conceituar bem comum como sendo um ideal que promove o bem-estar e conduz a um 
modelo de sociedade, que permite o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas, 
ao mesmo tempo em que estimula a compreensão e a prática de valores espirituais. 
 Mas como se atingir este bem comum? Respondendo, através da satisfação 
dos interesses primários e secundários da sociedade, atingidos pelo desenvolvimento das 
atividades do Estado. 
 A concretização das atividades estatais são dispendiosas, e, por óbvio, 
necessitam de financiamento, para manutenção do aparelho público. 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 3 
 A atividade financeira do Estado é, justamente, a atuação estatal voltada 
para obter, gerir e aplicar os recursos financeiros necessários à consecução das finalidades 
do Estado, que, em última análise, se resumem na realização do bem comum. 
 Destaque-se, ainda, que o Estado moderno passou a intervir no domínio 
econômico e social, utilizando as finanças públicas como instrumento dessa intervenção, 
iniciando-se, assim, o chamado período moderno das referidas finanças. 
 OBS: Tributo com fim extrafiscal: É caracterizado pelas finanças 
funcionais, isto é, a atividade financeira do Estado orientada no sentido de influir sobre a 
conjuntura econômica. 
 
3) Fins da Atividade Financeira: 
 Tudo aquilo que incumbe ao Estado prestar em decorrência de uma norma 
jurídica, de natureza constitucional ou legal, configura necessidade pública, que não se 
confunde com necessidade coletiva. Em outras palavras, necessidade pública é aquela de 
interesse geral, satisfeita sob o regime de direito público, presidido pelo princípio da estrita 
legalidade, em contraposição aos interesses particulares ou coletivos, satisfeitos pelo regime 
de direito privado, informado pelo princípio da autonomia da vontade. 
 Pode-se dizer que, entre nós, atualmente, a atividade financeira do Estado 
está vinculada à satisfação de três necessidades básicas, inseridas na ordem jurídico-
constitucional: a prestação de serviços públicos, o exercício regular do poder de polícia e a 
intervenção no domínio econômico. 
 Serviços Públicos: A CF se refere em vários dispositivos sobre serviços 
públicos, ora como organização de recursos materiais e pessoais necessários à atuação 
estatal, ora para significar unidades para abstenção de meios financeiros e técnicos para o 
desempenho das atribuições do Poder Público. 
 Serviço Público significa prestação de utilidade ou comodidade material 
fruível diretamente pelos administrados, prestados pelo Estado ou por quem faça suas vezes, 
sob regime de direito público. 
 Poder de Polícia: O CTN, em seu art. 78, define o poder de polícia como 
sendo a atividade da administração pública, que, limitando ou disciplinando direito, interesse 
ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público 
concernente à segurança, à higiene, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, 
ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização de poder 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 4 
público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou 
coletivos. 
 Sinteticamente, podemos conceituá-lo como sendo a atividade inerente do 
poder público que objetiva, no interesse geral, intervir na propriedade e na liberdade dos 
indivíduos, impondo-lhes comportamentos comissivos ou omissivos. 
 Intervenção no Domínio Econômico: A CF consagra como princípio 
fundamental a livre iniciativa, sendo certo que esse princípio é reafirmado no capítulo 
específico que cuida dos princípios gerais da atividade econômica. 
 Neste sentido, a Carta Política de 1.988 só permite a exploração de atividade 
econômica pelo Estado quando necessária a imperativos da segurança nacional ou a 
relevante interesse coletivo. As empresas públicas ou sociedade de economia mista que 
explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprios das empresas 
privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias, não podendo gozar de 
privilégios fiscais não extensíveis às do setor privado. 
 OBS: Formas de intervenção do Estado: através do poder normativo, do 
poder de polícia, e da assunção direta da atividade econômica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 5 
II – O DIREITO FINANCEIRO. 
 
1) Noções Iniciais: 
 O Direito Financeiro tem por objetivo disciplinar a atividade financeira do Estado e, 
assim, estabelecer regras relativas aos três pilares dessa atividade, o que é realizado, 
basicamente, através de normas constitucionais, da Lei nº 4.320/64 e da LC 101/2000 
(LRF). 
 Por sua vez, atividade financeira é representada pelo conjunto de ações que o Estado 
desempenha visando à obtenção recursos para seu sustento e a respectiva realização de 
gastos para a execução de necessidades públicos. 
 Neste sentido, o desempenho de tal atividade depende da concretização de três 
elementos: 
a) Orçamento Público: peça responsável pela delimitação das receitas e despesas 
em um dado exercício; 
b) As formas, condições e limites de obtenção de receita, para fazer frente às 
despesas fixadas; 
c) E as formas, condições e limites de gasto do dinheiro público e, assim, os 
métodos de aplicação e dispêndio das receitas. 
 É esta ordem que seráutilizada para o estudo das noções de direito financeiro. 
 
2) Princípios do Direito Financeiro: 
a) Legalidade: É corolário do Estado Democrático de Direito, na medida em 
que enuncia o dever do Estado apenas exigir ações dos particulares dos particulares diante 
da aprovação de leis em sentido amplo. 
 Neste sentido, quanto à realização de dispêndios, e, pois, de gasto de dinheiro 
público, este somente será possível diante de prévia autorização legislativa, conforme 
disciplina o art. 167, da CF/88: 
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; II - a realização de 
despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou 
adicionais; III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de 
capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade 
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; V - a abertura de crédito 
suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos 
correspondentes; VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma 
categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização 
legislativa; VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos 
fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e 
fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º; 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 6 
 Importante destacar que somente em casos muito extremos é que seria 
possível a realização de uma despesa sem a respectiva autorização proveniente do 
Poder Legislativo: (Art. 167, § 3º, CF/88) A abertura de crédito extraordinário 
somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as 
decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o 
disposto no art. 62. 
b) Economicidade: exigência relativa à eficiência, do ponto de vista 
econômico, do gasto público, ou seja, com o mínimo de recursos possíveis, deve-se atingir o 
máximo de satisfação das necessidades públicas. 
c) Transparência: O Estado deve permitir que qualquer pessoa possa exercer 
o controle das contas públicas, o que é assegurado através da publicidade e transparência, 
conforme especialmente exigido pelos artigos 48 e 49 da LRF. Dentre outras exigências, 
deve o Estado disponibilizar versões simplificadas e completas das leis orçamentárias, dos 
gastos públicos, bem como incentivar a participação popular e realização de audiências 
públicas durante a elaboração do orçamento; 
d) Responsabilidade Fiscal: trata-se de assegurar que o gasto público seja 
realizado dentro de certos limites e de acordo com regras estritas que, se não cumpridas, 
acarretam sanções aos entes públicos. 
 
3) Disciplina Normativa do Direito Financeiro: 
 Nos termos do art. 24, I, da CF/88, compete à U, aos E e ao DF legislar, 
concorrentemente, sobre o direito financeiro. Cabe à União estabelecer, portanto, as normas 
gerais sobre direito financeiro, estabelecendo o art. 165, §9º, da CF/88, a necessidade de 
utilização de LC. 
 A Lei 4320/64 foi recepcionada com status de LC. LC 101/2000. 
 
 
 
 
 
 
 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 7 
III – O ORÇAMENTO PÚBLICO. 
 
1) Princípios Orçamentários: 
 Os princípios orçamentários são diretrizes do direito financeiro, que estabelecem 
regras específicas à elaboração do orçamento público. 
a) Princípio da Exclusividade: A lei orçamentária anual não conterá dispositivo 
estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na 
proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação 
de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei 
(art. 165, §8º, da CF/88). Visa afastar previsões estranhas ao direito financeiro. 
b) O Princípio da universalidade: Estabelece a necessidade de todas as receitas 
e despesas estarem previstas na LOA. A lei orçamentária anual compreenderá: I 
- o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e 
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e 
mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em 
que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com 
direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as 
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem 
como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público (art. 165, 
§5º, CF/88). 
c) O princípio da unidade: Fixa a necessidade de existir apenas um orçamento 
para cada ente da federação, observada a periodicidade anual. 
d) O princípio da anualidade: Como regra, os orçamentos valerão para um único 
exercício financeiro, que atualmente compreende o intervalo entre 1º de janeiro 
a 31 de dezembro de cada ano, nos termos do art. 34, da Lei 4320/64. Busca 
garantir que as contas públicas e as previsões respectivas sejam reavaliadas ano 
a ano. 
e) O princípio da programação: O orçamento não deve conter apenas as 
estimativas de receitas e despesas do próximo exercício financeiro, mas, 
também, a previsão de objetivos e metas relacionados à realização das 
necessidades públicas. 
f) O princípio do equilíbrio orçamentário: Exigência relativa às contas públicas, 
que deverão apresentar o mesmo montante quando se tratar de estimar receitas 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 8 
e as despesas. Não há previsão expressa na constituição, mas implícita no 
sistema legal financeiro. 
 
2) As Leis Orçamentárias: 
 A Constituição (art. 165) estabelece a existência de três leis orçamentárias, todas de 
iniciativa do Poder Executivo. 
a) O Plano Plurianual (PPA): Trata dos grandes objetivos da Administração pelo 
prazo de quatro anos. É a mais abstrata. Deve ser encaminhado até o dia 31 de 
agosto do primeiro ano do mandato. 
 Desdobramento do orçamento-programa; 
 Define o planejamento das atividades governamentais; 
 Programação governamental pelos próximos quatro anos. 
 Nenhum investimento que ultrapasse um ano será realizado sem 
previsão no PPA. 
b) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Deve ser encaminhado até o dia 15 
de abril de cada ano; 
 Metas e prioridades da Administração; 
 Orientações para a elaboração da LOA; 
 Metas relativas às despesas, receitas, patrimônio e resultados. 
c) A Lei Orçamentária Anual (LOA): É a mais concreta, pois detalha as receitas e 
despesas de um dano exercício. Deve ser encaminhado até o dia 31 de agosto de 
cada ano. 
 Apenas Receitas e Despesas (exclusividade) e todas as receitas e 
despesas (universalidade); 
 3 contas na LOA: orçamento fiscal, de investimento e da seguridade 
social; 
 Compatibilidade com a LDO e com as metas 
OBS: 
 Poder Judiciário; 
 Procedimento: comissão Mista do Congresso. 
 
 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 9 
3) A natureza do Orçamento: 
 Em regra, o orçamento é autorizativo e não impositivo. Desse modo, o que se tem é 
uma mera previsão de gastos, que será realizados de acordo com a disponibilidade das 
receitas arrecadadasno exercício. 
 
4) As vedações orçamentárias: 
 O art. 167, da CF/88, trata das matérias e condutas que são vedadas na elaboração 
do orçamento e na execução. 
a) Vedações relativas à execução orçamentária: 
I – início de programa ou projetos que não tenham sido incluídos na LOA; 
V – abertura de crédito suplementar ou especial sem autorização legislativa e 
indicação da receita que lhe fará frente; 
VI – remanejamento de recursos do orçamento de uma categoria para outra ou de 
um órgão para outro sem prévia autorização legislativa; 
VII –existência de créditos ilimitados, i.e., autorização de despesas sem a indicação 
da receita e do montante de gasto autorizado pelo Legislativo. 
VIII – proíbe a utilização de recursos do orçamento fiscal e da seguridade social 
para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos sem 
autorização legislativa específica. 
IX – vincula a instituição de fundos, que são instrumentos orçamentários, à prévia 
autorização legislativa. 
X – vedada a transferência voluntária e a concessão de empréstimos para 
pagamento de despesas com pessoal ativo ou inativo 
b) Vedações relcionadas à discriminação das receitas e despesas: 
 II – proíbe a realização de despesas que superem os créditos orçamentários ou 
adicionais; 
IV – vinculação de receitas de impostos a despesas específicas; 
XI – não utilizar as receitas de contribuições para o financiamento da previdência 
social. 
 
5) Recursos Orçamentários x Prestação de Políticas Públicas x Decisões 
Judiciais. 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 10 
 A Administração pública se vê diante de um impasse: obedecer aos dispositivos 
constitucionais de direito financeiro, considerando as vedações orçamentárias,ou cumprir 
decisão condenatória que exige recursos não previstos em lei orçamentária, além da 
interferência nas políticas públicas de competência do Poder Executivo. 
 
6) Execução Orçamentária: 
 a) Programação Financeira: recursos para a execução do orçamento + equilíbrio; 
 b) Cronograma de execução mensal de desembolso; 
 c) Disponibilidade Financeira das unidades orçamentárias; 
d) Empenho (ordinário, global, estimativa): vinculação da receita com a despesa 
que se quer realizar; 
e) nota de empenho: nome do credor, representação da importância da despesa, 
dedução do saldo da dotação orçamentária. Confere certeza e previsibilidade para a 
despesa empenhada. 
f) liquidação: garante o pagamento do valor certo para a pessoa certa. Condição 
para o pagamento. 
g) ordem de pagamento: 
h) pagamento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 11 
IV – AS RECEITAS E DESPESAS PÚBLICAS. 
 
1) Receitas Públicas: definição e classificação. 
a) Conceito: É a entrada de dinheiro nos cofres públicos de forma definitiva. 
Obs: Ingresso, ou fluxo de caixa, quando valores são repassados ao Estado, porém, 
em algum momento, por força de lei ou contrato, terão de ser retirados do Estado. 
b) Classificação das receitas de acordo com a origem: originárias, derivadas 
e transferidas. 
Receitas Originárias: são resultantes das atividades do Estado como agente 
particular e, assim, submetidas ao direito privado. Exemplos: contratos; 
exploração do patrimônio público; serviços públicos. 
Receitas Derivadas: são aquelas cuja origem está no Poder de imposição do 
Estado em face do particular. Decorrem, portanto, de uma relação de 
subordinação. Exemplos: tributos. 
Receitas Transferidas: decorrem da transferência de recursos entre os entes 
da Federação. Portanto, não se trata de relação entre o Estado e o particular, 
mas de relação que se estabelece entre entes da Federação. Exemplos: 
repartição das receitas tributárias. 
c) Classificação das receitas de acordo com o motivo da entrada: receitas 
correntes e receitas de capital. É a classificação disciplinada pela Lei 
4320/64. 
Receitas correntes: são aquelas provenientes de atividades próprias do Estado, 
tais como (i) tributação; (ii) cobrança de preços públicos e (iii) entrada de receita 
por conta das transferências obrigatórias. 
Receitas de capital: podem ser compreendidas como as entradas resultantes 
de operações nas quais o Estado busca a captação externa de recursos, como, 
por exemplo, as provenientes das operações de endividamento, conversão em 
dinheiro de bens e direitos, e o superávit do orçamento corrente. 
 
2) As Receitas Públicas na Disciplina da LRF: 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 12 
a) Previsão e arrecadação das receitas públicas (arts. 11 a 13): Impõe ao 
Estado “a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da 
competência constitucional” 
OBS: Os entes que não criarem os tributos de sua competência ficarão tolhidos de 
receber transferências voluntárias. 
 b) Previsão de Receitas na LDO e LOA: o montante de receita indicado, 
estimado e previsto na LDO e LOA deve ter conexão forte com elementos fáticos que 
justifiquem o montante apontado. 
c) Renúncia de receita (art. 14): Somente poderá ser feita a renúncia de receita 
se (i) houver estimativa de impacto orçamentário no exercício que a mesma entrará 
em vigor e nos dois subsequentes; (ii) atenda ao disposto na LDO, de não afetar as 
metas e resultados fiscais, ou deverá estar acompanhada de medidas de 
compensação, também pelo período de três anos. 
 
3) Despesas Públicas: Definição e Classificação. 
a) Conceito: Pode ser definida como o conjunto de gastos do Estado, cujo objetivo é 
promover a realização de necessidades públicas, o que implica o correto 
funcionamento e desenvolvimento de serviços públicos e manutenção da estrutura 
administrativa necessária para tanto. 
De outro lado, a despesa pública pode também ser compreendida como a aplicação 
específica de dinheiro público, visando ao custeio da atividade estatal e, assim, o 
cumprimento das necessidades públicas. 
OBS: 
 Lembre-se que toda e qualquer despesa depende de autorização legislativa. 
 Créditos adicionais (suplementares, especiais e extraordinários): são 
autorizações de despesas não computadas no orçamento, ou dotadas de forma 
insuficiente, o que significa dizer que a despesa se revelou maior do que prevista 
inicialmente. 
b) Classificação das despesas de acordo com o motivo do dispêndio: 
despesas correntes e despesas de capital. 
Despesas Correntes: são aquelas resultantes da manutenção das atividades 
próprias do Estado, como o custeio da estrutura administrativa. A realização desse 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 13 
tipo de despesa não aumenta o patrimônio do Estado, apenas contribui para a sua 
continuidade. 
Despesas de Capital: são aquelas cujo resultado será o aumento do patrimônio 
público e, assim, da capacidade produtiva como um todo (investimentos, inversões 
financeiras e as transferências de capital). 
 
4) As Despesas Vinculadas e Obrigatórias na Constituição da República. 
 Os artigos 198 e 212, ambos da CF/88, tratam da obrigatoriedade dos entes públicos 
efetivarem gastos mínimos nas áreas de saúde e educação. 
 A exigência de gastos mínimos com a saúde foi incluída na Constituição em 2000, 
com a edição da EC 29. 
 A forma pela qual haveria a vinculaçãodessa despesa seria estabelecida em lei 
complementar, a qual, também, estabeleceria (i) os percentuais obrigatórios para os 
Estados, DF e Municípios, (ii) os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde 
e que seriam destinados aos Estados, DF e Municípios; (iii) normas de fiscalização, avaliação 
e controle das despesas em todas as esferas. 
 O art. 212, da CF/88, por sua vez, ao tratar das despesas com a educação, 
determina, desde logo, os percentuais que os entes devem observar: 18% para a União, 
25% para os Estados, DF e Municípios. 
 
5) As Despesas Públicas na Disciplina da LRF: 
a) Regras Gerais (arts. 15 a 17): 
Para criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental: deve-se 
ter estimativa do impacto orçamentário-financeiro (3 anos), adequação com a LOA, 
compatibilidade com o PPA e a LDO. 
Para despesas correntes que sejam obrigatórias e de caráter continuado: 
estimativa do impacto orçamentário-financeiro (3 anos), demonstração da origem 
dos recursos, não afetação das metas e criação de medidas de compensação 
b) Despesas com Pessoal (arts. 18 a 23): todos os gastos com a prestação de 
serviços, inclusive terceirizados. 
Limites: Global: União: 50% RCL. 
 Estados, DF e Municípios: 60% RCL. 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 14 
 A Administração pública se vê diante de um impasse: obedecer aos dispositivos 
constitucionais de direito financeiro, considerando as vedações orçamentárias,ou cumprir 
decisão condenatória que exige recursos não previstos em lei orçamentária, além da 
interferência nas políticas públicas de competência do Poder Executivo. 
 
6) Execução Orçamentária: 
 a) Programação Financeira: recursos para a execução do orçamento + equilíbrio; 
 b) Cronograma de execução mensal de desembolso; 
 c) Disponibilidade Financeira das unidades orçamentárias; 
d) Empenho (ordinário, global, estimativa): vinculação da receita com a despesa 
que se quer realizar; 
e) nota de empenho: nome do credor, representação da importância da despesa, 
dedução do saldo da dotação orçamentária. Confere certeza e previsibilidade para a 
despesa empenhada. 
f) liquidação: garante o pagamento do valor certo para a pessoa certa. Condição 
para o pagamento. 
g) ordem de pagamento: 
h) pagamento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Programa de Direito Financeiro e Tributário I 
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V – O DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
1) Introdução: 
 Antigamente, o Estado, para fazer face às despesas necessárias ao 
cumprimento de suas finalidades, valia-se de vários meios universalmente conhecidos, tais 
como guerras de conquistas, extorsões de outros povos, doações voluntárias, etc. 
 Com a gradativa evolução das despesas públicas, para atender às mais 
diversas necessidades coletivas, tornou-se imprescindível ao Estado lançar mão de uma 
fonte regular e permanente de recursos financeiros. Assim, assentou-se sua força coercitiva 
para a retirada parcial das riquezas dos particulares, em qualquer contraprestação. Dessa 
forma, o tributo passou a ser a principal fonte dos ingressos públicos, necessários ao 
financiamento das atividades estatais. 
 O estudo histórico não deixa dúvida de que a tributação foi a causa direta ou 
indireta de grandes revoluções ou grandes transformações sociais, como a Revolução 
Francesa, a Independência das Colônias Americanas, e, entre nós, a Inconfidência Mineira. 
 Hoje, o princípio de que a receita tributária deve ser previamente aprovada 
pelos representantes do povo acha-se inscrito nas Cartas Políticas de quase todos os países. 
 Disso resulta que, atualmente, o fenômeno tributário encontra-se 
juridicizado, isto é, o tributo passou a constituir-se em uma categoria jurídica disciplinada 
pelo Direito. Só pode ser exigido através de uma relação jurídica entre o Estado e o súdito-
contribuinte, a qual, resulta exclusivamente da lei. 
 
2)Conceito: 
 A relação jurídica que se instaura entre o Estado, que tem o poder de exigir o 
tributo, e a pessoa sob sua jurisdição, que tem o dever de pagar esse tributo, é submetida a 
uma série de normas jurídicas que vão compor a disciplina do Direito Tributário. 
 Direito Tributário é, por assim dizer, o direito que disciplina o processo de 
retirada compulsória, pelo Estado, da parcela de riquezas de seus súditos, mediante a 
observância dos princípios reveladores do Estado de Direito. É a disciplina jurídica que 
estuda as relações entre o Fisco e o Contribuinte. 
 Em uma conceituação sintética e didática, como diz Ruy Barbosa Nogueira, o 
Direito Tributário é a disciplina da relação entre o fisco e o contribuinte, resultante da 
imposição, arrecadação e fiscalização dos tributos. 
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3) Autonomia do Direito Tributário: 
 O que realmente caracteriza a autonomia do Direito Tributário é o fato de 
existir princípios jurídicos próprios, não aplicáveis aos demais ramos da ciência jurídica, tais 
como a imunidade recíproca, imunidade genérica, da capacidade contributiva, da 
discriminação de rendas tributárias, da vedação de efeitos confiscatórios, etc. 
 
4) Relação do Direito Tributário Com Outros Ramos do Direito: 
 O Direito Tributário não é uma ciência autônoma, mas apenas um ramo 
independente da Ciência Jurídica, por ter princípios jurídicos próprios, inaplicáveis aos 
demais ramos do Direito. 
 Assim, submete-se aos princípios gerais do Direito, bem como relaciona-se 
com os demais campos do Direito, que é uno e indivisível, não comportando divisões 
estanques. 
 
5) Fontes do Direito Tributário: 
 A) MATERIAIS: são os pressupostos fáticos da tributação. Fonte real, 
portanto, é o pressuposto de fato que compõe a norma jurídica definidora do fato gerador da 
obrigação tributária. 
 B) FORMAIS: são os atos normativos ou conjunto de norma que dão 
nascimento ao Direito Tributário. 
 As fontes formais são constituídas pelas normas constitucionais e pelos atos 
normativos referidos no art. 59, da CF, quais sejam: Emendas à Constituição, Leis 
Complementares, Lei Ordinárias, Lei Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos e 
Resoluções. 
 Incluem-se, também, os tratados e as convenções internacionais. 
 OBS: Normas Constitucionais e Emendas Constitucionais: Essas normas 
regulam o exercício do poder tributário por meio de princípios limitadores; prevêem as 
diversas espécies tributárias; procedem à discriminação de rendas tributárias nominando os 
impostos cobertos a cada entidade política. 
 
 
 
 
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VI – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
 
 Podemos, de forma simplificada, definir competência tributária como a 
atribuição ou o poder, diretamente haurido da Constituição Federal, para editar leis que 
abstratamente instituam tributos. Somente têm competência tributária, em nosso país, as 
pessoas políticas ou entes federados: União, Estados, DF e Municípios. 
 Nenhuma outra pessoa jurídica possui competência tributária em nosso 
ordenamento, nem mesmo as autarquias, pessoas jurídicas de direito público com 
atribuições tipicamente estatais. O que pode ocorrer é que algumas autarquias, como é 
exemplo o INSS, recebam da pessoa política que detém a competência tributária,por 
outorga, atribuições relativas à arrecadação e fiscalização de tributos, bem como a execução 
de atos normativos em matéria tributária e prerrogativas processuais. 
 A pessoa jurídica de direito público que receba, da pessoa política 
competente, tais atribuições passa a ter capacidade tributária ativa, ou seja, está apta a 
integrar a relação jurídica obrigacional tributária. Esta, a competência, é indelegável e 
somente a possui quem pode legislar, vale repetir, as pessoas políticas. 
 A repartição constitucional de competências assume notável relevância na 
área tributária. Como explicitado, somente a União,os Estados, o DF e os Municípios 
possuem competência tributária em nosso ordenamentos jurídico, sendo ela diretamente 
conferida pela Constituição. 
 A Constituição não cria tributos. Confere, sim, competência às pessoas 
políticas para que estas os instituam por meio de lei, regra geral lei ordinária. Cinco são as 
espécies tributárias, sendo competentes para sua instituição a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios. 
 A primeira destas espécies, os impostos, são tributos de competência 
privativa, nominados e atribuídos discriminadamente a cada uma das pessoas políticas. 
 Por sua vez, as taxas e contribuições de melhoria, são tributos de 
competência comum, sendo atribuídos genericamente às pessoas políticas. 
 Por fim, as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios são 
tributos vinculados quanto ao produto de sua arrecadação e de competência 
exclusiva da União (contribuições do art. 149, da CF/88, e Empréstimos 
Compulsórios) e dos Municípios e DF (contribuição para custeio da iluminação 
pública). 
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VII – DAS LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR: Princípios e Imunidades: 
 
1) Princípio da Legalidade: 
 Dentre as limitações constitucionais ao poder de tributar, o princípio da 
legalidade é, unanimemente, considerada a mais importante. Determina o princípio que 
somente a lei é instrumento hábil para a criação e, regra geral, majoração de quaisquer 
tributos. Neste sentido, atentar para o disposto no art. 97, do CTN. 
 Fica, assim, afastada a possibilidade do Poder Executivo, por ato 
administrativo próprio (decreto, regulamento, instrução normativa), gravar, mediante 
criação de tributos, o patrimônio dos particulares. 
 Há, porém, exceções ao princípio da legalidade, como, por exemplo, a 
hipótese do art. 153, §1º, da CF/88, em que é autorizado ao Poder Executivo, por ato 
próprio (decreto), alterar as alíquotas do Imposto de Importação (II), Imposto de 
Exportação (IE), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Impostos sobre Operações 
Financeiras (IOF). Não é autorização absoluta ao Executivo, já que deverão ser observadas 
as condições e limites estabelecidos em lei; lei sem a qual não pode o Executivo exercer a 
prerrogativa. 
 É de notar-se que os impostos abrangidos pela exceção constitucional são 
impostos com forte componente extrafiscal. Significa que a principal função destes impostos 
não é a obtenção de receitas pelo Estado, mas sim instrumentalizá-lo para intervir no 
domínio econômico, incentivando ou desestimulando determinadas operações ou atividades, 
por meio de maior ou menor tributação sobre elas. Logo, para possibilitar o exercício 
adequado da regulação extrafiscal fez-se necessário dotar o Executivo de meio ágil para 
alteração das alíquotas destes impostos, sendo este o motivo de haver o constituinte 
originário excepcionado(limitadamente) o postulado da legalidade estrita e, como veremos 
adiante, também a anterioridade, para estes impostos. 
 
2) Princípio da Isonomia Tributária: 
 O princípio da igualdade ou, mais adequadamente, da isonomia é princípio 
geral de direito. Sua formulação genérica mais conhecida afirma que a lei deve tratar 
igualmente os que se encontram em situação (juridicamente) equivalente e tratar de forma 
desigual os (juridicamente) desiguais, na medida de suas desigualdades. 
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 A lei não poderá estabelecer diferenças entre os contribuintes com base em 
critérios arbitrários, ou relativos a condições inerentes às pessoas, ou a seu status. A 
Constituição, e não a lei, pode excepcionar a literalidade do princípio da isonomia tributária. 
Não se trata propriamente de exceção, mas sim de explicitação de critérios que o legislador 
constituinte originário considerou suficiente para justificar o desigualamento de tratamento 
entre os contribuintes. 
 Assim, por exemplo, a própria CF, no art. 151, I, excepciona o princípio da 
uniformidade geográfica para permitir a concessão de incentivos fiscais destinados a 
promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do 
País. 
 
3) Princípio da Irretroatividade: 
 O princípio da irretroatividade das leis é considerado princípio geral de 
direito, sendo excepcionado, de regra, apenas no caso de leis puramente interpretativas e de 
leis penais que beneficiem as pessoas a elas sujeitas. 
 Em matéria tributária, diz o princípio que a lei que institua ou aumente 
tributo deve ser publicada e estar vigendo antes da ocorrência concreta de seu fato gerador 
para que possa alcançá-lo. Embora o comando constitucional apenas mencione instituição ou 
aumento de tributos, a verdade é que, para o Direito Tributário, nem mesmo a lei que 
extinga ou reduza tributo pode retroagir. Também não podem retroagir leis que instituam 
infrações ou tornem mais gravosas penalidades tributárias. 
 A retroatividade, no Direito Tributário, somente é possível (CTN, art. 106): 
a) quanto a leis meramente interpretativas; 
b) relativamente a leis que reduzam penalidades ou deixem de definir 
determinados atos como infração tributária, ou seja, leis pertinentes ao 
denominado Direito Tributário Penal, quando mais benéficas, podem 
retroagir para beneficiar os infratores, desde que estes se encontrem em 
litígio, administrativo ou judicial instaurado contra a cobrança. 
 
 A irretroatividade se refere à vigência da lei, que deverá ser proativa, ou 
seja, não poderão ser alcançados fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei 
que institua ou extinga, aumente ou diminua tributos. Nenhum tributo excepciona o 
princípio da irretroatividade. 
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4) Princípio da Anterioridade: 
 O princípio da anterioridade tributária é uma das formas possíveis de 
operacionalizar-se um valor tributário maior: o princípio geral da não-surpresa ao 
contribuinte. 
 A garantia da não-surpresa do sujeito passivo é corolário do próprio Estado 
de Direito. Assegura-se aos contribuintes não só a criação e majoração de tributos 
dependentes de seu consentimento indireto (efetivada por seus representantes eleitos), 
conforme o princípio da legalidade. É exigência constitucional, também, que os sujeitos 
passivos de obrigação tributária tenham conhecimento, com uma certa antecedência, de 
quais tributos, e em que montante, serão deles exigidos em situações normais. 
 Dentre as várias formas possíveis de garantir-se a não-surpresa tributária, 
observa-se que a CF/88 optou por duas: 
a) a antecedência da publicação da lei que institua ou majore tributo ao 
exercício financeiro em que será cobrado (é a regra geral); e 
b) o lapso temporal de 90 dias para exigênciade contribuições de 
seguridade social com base em lei que as tenha instituído ou modificado 
(art. 195, §6º). É comum a referência a esta regra como anterioridade 
nonagesimal. 
 A Emenda Constitucional n° 42 aumentou a proteção, pois inseriu a línea c ao 
art. 150, III, da Constituição Federal, estabelecendo que, sem prejuízo da anterioridade 
comum (a regra geral) muitos tributos não podem ser cobrados antes de decorridos noventa 
dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. É comum a 
referência a esta regra como noventena. 
 Pela redação constitucional conclui-se que a anterioridade é regra pertinente 
à produção de efeitos das leis tributárias, e não à sua vigência. 
 
5) O Princípio do Não Confisco: 
 O princípio impede ao legislador conferir caráter confiscatório aos tributos 
(qualquer espécie tributária), tendo sua base no direito de propriedade. 
 O conceito de confisco é impreciso. Não existe definição do limite a partir do 
qual se ultrapassa o que seria uma tributação pesada e passa-se a ter uma tributação 
confiscatória. 
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 O problema é tanto mais difícil porquanto a Constituição admite a tributação 
exarcebada, sempre com finalidade extrafiscal, visando, por exemplo, a desestimular o usa 
da propriedade que desatenda sua função social. São os casos do ITR e do IPTU. 
 Comumente diz-se que a garantia do não-confisco assemelha-se a um 
princípio de razoabilidade da carga tributária. A vedação ao confisco pretende impedir que se 
ultrapasse, com essa carga, níveis de incidência considerados suportáveis por determinada 
sociedade, em certa época e sob específicas conjunturas. 
 
6) Princípio da Liberdade de Tráfego: 
 Este dispositivo não merece maiores comentários. Essa regra consta 
atualmente do texto constitucional porque na Velha República havia grande discussão a 
respeito da constitucionalidade de impostos sobre importação e exportação de um Estado-
membro para outro (é por isso que o texto constitucional refere-se, ainda hoje, a 
“exportação para o exterior”, como no art. 153, II ou no 156, §3º, II). 
 A norma veda que o fato gerador de qualquer tributo seja especificamente a 
circulação intermunicipal ou interestadual de pessoas ou mercadorias. Não significa que 
operações interestaduais ou intermunicipais sejam imunes à tributação geral, tanto que 
sofrem normalmente a incidência do ICMS interestadual, por exemplo. 
 
7) Imunidades: 
 Pode-se afirmar, simplificadamente, que caracteriza a imunidade o fato de a 
Constituição, diretamente, excluir parcela da competência das pessoas políticas que, não 
fosse a regra imunizante, estariam aptas a instituir tributo sobre aquele ato, fato ou pessoa. 
 As imunidades tratadas no art. 150, da CF/88, referem-se exclusivamente a 
impostos. Entretanto, a Constituição prevê também imunidades de seguridade social (art. 
195, §7º); imunidade sobre todos os tributos (exceto IOF) nas operações com ouro, quando 
definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial (art. 153, §5º); e até 
imunidade para taxas (CF, art. 5º, XXXIV). 
 As imunidades são classificadas em subjetivas, quando referem-se a pessoa 
ou entidade, e objetivas, quando excluem a competência impositiva de tributos sobre 
determinado bem. 
 7.1) Imunidade Recíproca: 
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É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a 
instituição de impostos sobre: 
 a) Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. 
 A imunidade recíproca impede que impostos atinjam os patrimônios das 
pessoas políticas, as rendas por elas recebidas ou os serviços por eles prestados, 
independentemente de vinculação a suas atividades essenciais. 
 A imunidade recíproca é considerada corolário da forma federativa de Estado, 
dada a igualdade político-jurídico existente 
 No caso das Autarquias e Fundações Públicas (Administração Indireta) é 
preciso que haja vinculação da renda, patrimônio ou serviço envolvido à finalidade essencial 
da entidade, para enquadramento na imunidade em comento. 
7.2) Imunidade Religiosa: 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a 
instituição de impostos sobre: 
 b) templos de qualquer culto. 
 Esta alínea deve ser interpretada em conjunto com a regra do §4º do art. 
150. Embora aqui haja referência apenas a templos, o mencionado parágrafo fala em 
“entidades”, o que leva ao entendimento de que é a entidade religiosa como um todo, e não 
apenas seus templos, fisicamente considerados, que goza de imunidade. Em outras palavras, 
esta imunidade é considerada subjetiva, conferida à entidade religiosa, e não apenas ao 
templo físico. Estão abrangidas pelo conceito quaisquer crenças ou cultos religiosos, 
expressa da garantia da liberdade de crença (art. 5º, VI, da CF/88), excluídas do conceito de 
religião somente aquelas seitas (ilegais) em que haja violação dos direitos humanos, como 
prática de sacrifícios em seitas de culto ao demônio. 
 Além desse aspecto, observa-se que a alínea não faz restrições, devendo 
estas ser procurada no citado §4º. Neste, lê-se que a imunidade das entidades religiosas 
abrange somente impostos sobre seu patrimônio, sua renda e os serviços por elas prestados, 
e desde que estejam estes relacionados com as finalidades essenciais dessas entidades. 
7.3) Imunidade dos Partidos Políticos, inclusive suas fundações, das 
Entidades Sindicais dos Trabalhadores, das Instituições de Educação e de 
Assistência Social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei: 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a 
instituição de impostos sobre: 
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Bacharelado em Direito------------------------------------------------------------------------------ 23 
b) patrimônio, renda ou serviços, dos partidos políticos, , inclusive 
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das 
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, 
atendidos os requisitos da lei . 
 A imunidade dos partidos políticos visa a garantir a própria existência de um 
Estado Democrático de Direito. A democracia postula a existência de partidos políticos, nos 
quais se aglutinam correntes de opinião majoritárias e minoritárias da sociedade, reflexo do 
pluralismo político, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. 
 A imunidade das sindicais dos trabalhadores abrange os sindicatos e centrais 
sindicais, não incluindo os sindicatos de empregadores ou de empresários em geral 
(entidades sindicais patronais). 
 A restrição, “sem fins lucrativos”, direciona-se apenas às entidades 
educacionais e assistenciais, pois partidos políticos e sindicato de trabalhadores, pela própria 
natureza de suas atividades, não possuem finalidade de lucro. 
 Atualmente, os requisitos para que uma entidade seja considerada sem fins 
lucrativos, para efeito do gozo da imunidade tributária aqui tratada, encontra-se no art. 14, 
do Código Tributário Nacional. 
 Por último, registramos entendimento do STF extremamente favorável às 
entidades imunes. O STF tem entendido, de forma geral, que basta determinada renda ser 
destinada à consecução das finalidades essenciais da entidade para que seja uma renda 
imune. Igualmente, se a renda obtida com o aluguel de determinado imóvel for destinada à 
consecução de tais finalidades, estariam abrigadospela imunidade tanto o patrimônio como 
a renda dele proveniente. 
7.4) Imunidade dos Livros, Jornais, Periódicos e o Papel destinado a sua 
impressão: 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a 
instituição de impostos sobre: 
 d)livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
 A imunidade descrita nesta alínea é destinada a estimular a disseminação da 
cultura pelos meios descritos (livros, jornais e periódicos de papel). 
 É imunidade objetiva, abrangendo todos os impostos que poderiam incidir 
sobre os bens, seus objetos. Observe-se que, não sendo subjetiva, não estão a livraria, a 
banca de jornais ou os comerciantes em geral imunes dos impostos incidentes sobre os 
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rendimentos decorrentes de suas atividades. Imunes são as operações de importação, 
produção ou circulação destes bens, não a renda bruta resultante da venda destas 
mercadorias. Fica afastada, por exemplo, a incidência de II, IPI, ICMS, não a de imposto de 
renda. 
7.5) Imunidade fonograma e videograma musical produzido no Brasil de 
artista brasileiro: 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a 
instituição de impostos sobre: 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil 
contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros 
e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como 
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo 
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser..

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