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DA COMPRA E VENDA 2ª PARTE 4. EFEITOS DA COMPRA E VENDA 4.1. Efeitos Principais - são: a) gerar obrigações recíprocas para os contratantes: para o vendedor, a de transferir o domínio de certa coisa, e para o comprador, a de pagar-lhe certo preço em dinheiro (CC, art. 481) - gera obrigações mas não produz o efeito de transferir a propriedade - o vendedor não transfere a propriedade, sim, promete transferir * embora separados, os dois negócios (compra e venda e o acordo de transmissão mediante a tradição ou escritura) encontram-se entrelaçados - no nosso direito há nexo de causalidade entre o modo (transmissão da propriedade) e o título (contrato de compra e venda) – se este for nulo, aquele também será, por conseqüência * o descumprimento da obrigação de transmitir o domínio mediante a tradição ou o registro caracteriza o inadimplemento e possibilita a resolução do contrato, com o retorno das partes ao statu quo ante, podendo o adquirente optar pelo ajuizamento de obrigação de fazer (CPC, 639) ou pela ação de adjudicação compulsória, conforme o caso - a tradição pode ser: + real ou efetiva: quando envolve a entrega efetiva e material da coisa + simbólica ou virtual: quando representada por ato que traduz a alienação, como a entrega das chaves do apartamento vendido + ficta ou tácita: no caso do constituto possessório (ou cláusula constituti), p. ex. quando o vendedor, transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva-a em seu poder, mas na qualidade de locatário (CC, 1267) b) acarretar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção 4.2. Efeitos Secundários ou Subsidiários - destacam-se: a) a responsabilidade pelos riscos - até o momento da tradição dos móveis e o registro dos imóveis, a coisa pertence ao vendedor - os riscos da coisa perecer ou se danificar, até a tradição, correm por sua conta - os riscos do preço se perder, por conta do comprador *** Ver CC, arts. 492 e segs. b) a repartição das despesas - CC, art. 490 - essa norma incidirá na falta de cláusula expressa c) o direito de reter a coisa ou o preço - CC, art. 491 - na compra e venda à vista, primeiro o comprador paga e depois o vendedor é obrigado a entregar a coisa, podendo retê-la, ou negar-se a assinar a escritura definitiva, até que o comprador satisfaça a sua parte - se o vendedor não esta em condições de entregar a coisa, deve o comprador se precaver, consignando o preço; por outro lado, tem o dever de receber a coisa, salvo disposição em contrário + aplicam-se aqui as regras da mora do devedor e do credor - se a venda é à crédito, aplica-se o art. 495 do CC ou 477 do CC *** é importante a definição de quem deve adimplir primeiro (CC, 491), tendo em vista a possibilidade de utilização da exceção do contrato não cumprido (CC, 476) 5. LIMITAÇÕES À COMPRA E VENDA - decorrentes da falta de legitimação em razão de determinadas circunstancias ou da situação em que se encontram * não sem confunde com incapacidade a) Venda de ascendente a descendente – CC, 496 - a lei não distingue entre bens móveis e imóveis, nem proíbe a venda feita por descendente a ascendente - a lei se refere à venda de ascendente a descendente e não só aos descendentes que estiverem na condição de herdeiros – referiu-se a todos os descendentes indistintamente - a finalidade da vedação legal é evitar as simulações fraudulentas: doações disfarçadas de compra e venda * nas compra e vendas não é necessário, após o falecimento do ascendente, trazer o bem doado à colação; nas doações sim (CC, art. 2.002) + inclui-se na proibição legal a dação em pagamento + na troca também se exige o consentimento – CC, 533, II + Ver art. 2.005 do CC – autoriza o ascendente deixar quinhões desiguais a seus herdeiros necessários * devem consentir os herdeiros necessários ao tempo do contrato * somente será dispensado o consentimento do cônjuge se o regime bens for o da separação obrigatória; no regime de separação de bens voluntária é necessário o consentimento - a anuência deve ser expressa (CC, 496), mas não se fala nada da forma (aplica-se a regra geral do art. 220 do CC) * se um dos descendentes é menor ou nascituro, cabe ao juiz nomear curador especial (CC, 1692) - se a hipótese for de recusa em dar o consentimento ou impossibilidade (amental), pode requerer o suprimento judicial do consentimento * o cônjuge do descendente não precisa consentir * a venda realizada sem o consentimento é passível de anulação (anulável) e estão legitimados para a ação anulatória os descendentes preteridos e o cônjuge do vendedor (companheiro), que decai em 2 anos a contar da data da conclusão do ato b) Aquisição de bens por pessoa encarregada de zelar pelos interesses do vendedor - art. 497 CC - a intenção é manter a isenção de ânimo naqueles que, por dever de ofício ou profissão, têm de zelar por interesses alheios, como o tutor, o curador, o administrador, o empregado público, o juiz e outros, que foram impedidos de comprar bens de seus tutelados, curatelados, etc. - tem por fundamento a presunção de aproveitamento desleal da situação, na aquisição de bens confiados à sua gestão ou administração, em virtude da especial posição das pessoas a que se refere o artigo * a proibição no caso é absoluta c) Venda da parte indivisa em condomínio - o condômino, como proprietário, tem o direito de dispor de seu bem, mas, se o bem comum for indivisível, pode vendê-lo, desde que, obedeça ao disposto no art. 504 do CC * os outros condôminos tem direito de preferência, que é de natureza real, pois não se resolve em perdas e danos – o condômino que depositar o preço haverá para si a parte vendida * se preterido, o condômino pode exercer a ação de preempção, ajuizando-a no prazo de 180 dias contados da data que teve ciência da alienação * a orientação legal é a de evitar a entrada de estranhos no condomínio, preservando-o de futuros litígios e inconvenientes *** a venda a estranho é possível quando: a) for comunicada previamente aos demais condôminos b) for dada preferência aos demais condôminos para aquisição da parte ideal, pelo mesmo valor que o estranho ofereceu c) os demais condôminos não exercerem a preferência dentro do prazo legal - pode-se comunicar os outros condôminos por meios judiciais e extrajudiciais (carta, telegrama, notificação, etc), de modo expresso e com comprovante de recebimento, devendo mencionar as condições de preço e pagamento para a venda, negociadas com estranhos ou em vias de o ser * a regra só se aplica ao condomínio tradicional e não ao edilício (de apartamentos) * se a coisa é divisível, nada impede que o condômino venda sua parte a estranho, sem dar preferência aos seus consortes + Ver art. 1791, parágrafo único, 1794 e 1795 do CC – direito dos co-herdeiros é indivisível até a partilha d) Venda entre cônjuges - art. 499 do CC - um cônjuge pode vender, hipotecar ou gravar ônus real de bens imóveis depois de obter a autorização do outro ou o suprimento judicial de seu consentimento, em qualquer regime de bens do casamento * exceção: separação absoluta + Ver art. 1657, I e 1648 do CC *** nada impede que um cônjuge aliene um bem ao outro desde que este bem seja de sua propriedade exclusiva, esteja fora da comunhão - se um cônjuge está alienando um bem particular seu ao outro, presume-se a autorização recíproca + não é aplicável ao regime de comunhão universal de bens * não pode haver doação entre cônjuges casados no regime da separação legal ou obrigatória, por desvirtuar as suas características e finalidades
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