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Custos e Nível de Serviço SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 656.073 92 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Custos e Nível de Serviço – Brasília: SEST/SENAT, 2016. 1. Logística - custos. 2. Transporte - frete. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 5 Unidade 1 | Conceito de Custo Total de Produção e Custos Logísticos 7 1 Custo Total de Produção 8 1.1 Custos Totais: Fixos e Variáveis 9 1.1.1 Custos Fixos 9 1.1.2 Custos Variáveis 10 1.2 Custos Totais Médios 11 2 Outros Conceitos de Custos 11 2.1 Custo Direto 11 2.2 Custo Indireto 12 2.3 Custos Não Fabris 12 3 Custos Logísticos 13 3.1 Custos de Transporte 13 3.2 Custos de Manutenção de Estoques 18 3.3 Custos do Processamento de Pedidos 20 3.4 Os Custos Logísticos Totais 22 Glossário 23 Atividades 24 Referências 25 Unidade 2 | Formação de Preços de Fretes 27 1 Introdução aos Fretes 28 2 Fatores que Influenciam o Valor do Frete 30 2.1 Cálculo do Valor do Frete 38 2.2 Etapas do Serviço de Transporte 38 4 2.3 Formação de Preços do Serviço de Transporte – Frete 39 3 Despesas Administrativas 40 4 Margem de Lucro 42 5 Reduções do Frete Básico 43 6 Frete-Valor 44 7 Seguros Obrigatórios para o Transporte de Cargas 45 8 Cálculo do Frete-Valor (GRIS e Seguros) 46 Glossário 47 Atividades 48 Referências 49 Unidade 3 | Nível de Serviço Logístico ao Cliente 51 1 Introdução 52 Atividades 58 Referências 59 Unidade 4 | Indicadores de Nível de Serviço no Transporte e na Logística 61 1 Definição e Construção de Indicadores de Nível de Serviço no Transporte e na Logística 62 2 Alguns Indicadores e Exemplos de Medidas no Transporte e na Logística 66 Atividades 74 Referências 75 Unidade 5 | Sistema de Avaliação de Logística por Indicadores 77 1 Sistema de Avaliação por Indicadores 78 Glossário 87 Atividades 88 Referências 89 Gabarito 91 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Custos e Nível de Serviço! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 30 horas e foi organizado em 5 unidades, conforme a tabela a seguir. Unidades Carga Horária Unidade 1 | Conceito de Custo Total de Produção e Custos Logísticos 8 h Unidade 2 | Formação de Preços de Fretes 8 h Unidade 3 | Nível de Serviço Logístico ao Cliente 4 h Unidade 4 | Indicadores de Nível de Serviço no Transporte e na Logística 5 h Unidade 5 | Sistema de Avaliação de Logística por Indicadores 5 h 6 Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! 7 UNIDADE 1 | CONCEITO DE CUSTO TOTAL DE PRODUÇÃO E CUSTOS LOGÍSTICOS 8 Unidade 1 | Conceito de Custo Total de Produção e Custos Logísticos Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à unidade 1! Nela, veremos a definição de custo total de produção e custos logísticos. Bons estudos! 1 Custo Total de Produção Contadores e economistas definem custo total de produção de um bem ou de um serviço de forma distinta. Para os contadores, o custo total de produção é a soma dos custos dos insumos que foram lançados nos livros contábeis. Já para os economistas o custo total é avaliado pelos custos de oportunidade dos insumos empregados na produção. Eis alguns exemplos de custo de oportunidade: a) O custo de oportunidade do tempo gasto na obtenção da solução de uma questão em uma prova é o tempo perdido em trabalhar em outra questão. b) O custo de oportunidade de utilizar seu armazém para estocar, manusear e distribuir produtos é o lucro que poderia ter sido obtido pelo aluguel do espaço a terceiros. c) O custo de oportunidade de aumentar a frota de caminhões é o retorno que poderia ter sido obtido pela aplicação do dinheiro no mercado financeiro. c A definição do economista para custo total de produção de um bem ou serviço parece ser mais correta, todavia a apuração dos custos é mais trabalhosa. Para os nossos propósitos, vamos assumir que não existem distintas definições de custos totais de produção. 9 1.1 Custos Totais: Fixos e Variáveis • O custo total (CT) é a soma de todos os custos associados à produção de uma mercadoria (serviço). • Ele divide-se em dois componentes: custos totais fixos e custos totais variáveis, isto é: [1] CT = F + CV Onde F e CV são os custos totais fixos e variáveis, ou simplesmente, os custos fixos e variáveis, respectivamente. 1.1.1 Custos Fixos Os custos fixos são frequentemente definidos como aqueles custos que não podem ser reduzidos, independentemente do nível de produção, ou seja, mesmo que a empresa decida não produzir, ela terá de pagar os custos fixos. Se definirmos o custo fixo médio (F) como sendo: Então, não é difícil verificar que F diminui à medida que a produção (Q) cresce. A equação [2] representa o custo fixo médio. 10 1.1.2 Custos Variáveis Por definição, os custos variáveis são os custos incorridos pela utilização de insumos variáveis no processo de produção. Dito de outra forma, os custos variáveis oscilam com o nível de produção e incluiriam, portanto, a conta de salários, a conta de matérias-primas, a conta de combustível, e assim por diante. Os custos variáveis médios ( ) são definidos como: A equação [3] resume a curva de custo variável médio. Se bem-comportada, a curva de custo variável médio deve inicialmente cair e depois subir com o aumento da produção. Ela tem o formato de “U”. A demonstração do formato da curva de custo médio é complexa e, assim, está fora do escopo deste curso. g Aprofunde seus conhecimentos a respeito deste conteúdo, consulte o livro de Vasconcellos (Caps. 5 e 6) ou de Miller (Caps. 7 e 8) através dos links a seguir. https://profwalfredoferreira.files.wordpress.com/2014/02/ economia-micro-e-macro-marco-antonio-sandoval-de- vasconcellos.pdf https://pt.scribd.com/doc/201490495/Microeconomia-Miller- Meiners 11 1.2 Custos Totais Médios Os custos totais médios são definidos da seguinte forma: Ou simplesmente, 2 Outros Conceitos de Custos A seguir, apresentamos alguns conceitos de custos também usados no dia a dia das empresas. 2.1 Custo Direto O custo direto é qualquer custo que pode ser relacionado diretamente com um objeto de custo. A propósito, o que é objeto de custo? Qualquer item a que um custo é atribuído, como, por exemplo, uma mercadoria, um serviço, um departamento, um centro de distribuição ou uma linha de ônibus. 12 2.2 Custo Indireto O custo indireto é qualquer custo que não pode ser relacionado diretamente com um objeto de custo. Muitas vezes, um custo pode ser direto em relação a um objeto do custo e indireto em relação a outro. Por exemplo, o salário do supervisor de certa linha de ônibus é um custo direto em relação a essa linha, mas é indireto em relação às outras linhas que ele supervisiona.2.3 Custos Não Fabris Os custos não fabris são os custos que não estão diretamente relacionados ao processo de produção de um bem ou serviço. Eles contêm dois elementos: custos de vendas e custos administrativos. a) Os custos de vendas são os custos necessários à obtenção de pedidos dos clientes e fornecimento dos produtos acabados a eles. Incluem propaganda, comissões de vendas, custos de entrega, custos logísticos, custos de estoque, entre outros. b) Os custos administrativos são os custos necessários para administrar a empresa e suprir o apoio administrativo; incluem, por exemplo, os salários dos executivos e dos auxiliares administrativos, os custos dos serviços jurídicos, financeiros, contábeis e de processamentos de dados. 13 3 Custos Logísticos Compreendidos os conceitos econômicos importantes para definir e classificar os diferentes tipos de custos existentes nas atividades empresariais, vamos agora definir os custos das diferentes atividades da logística e do transporte de cargas. Vamos definir como são medidos os custos das atividades primárias da logística (elas representam a maior parte dos custos logísticos totais), começando com os custos de transporte! 3.1 Custos de Transporte De acordo com Alvarenga e Novaes (1994), os custos normalmente relacionam-se com diversas variáveis operacionais. Porém, quase sempre, uma variável tem mais importância na definição do custo de determinada atividade que as outras. No transporte rodoviário de cargas, por exemplo, o custo é fortemente relacionado com a distância de movimentação das cargas (a distância percorrida entre o ponto de origem e o ponto de destino das cargas) e com o tempo de viagem. h Assim, podemos deduzir que quanto maiores forem a distância percorrida e o tempo de viagem, mais elevado será o custo de transporte e mais caro será seu preço. Note bem que as despesas com o combustível e com os pneus são dependentes da distância percorrida, enquanto que as despesas relacionadas ao salário da equipe (motorista e ajudantes) são diretamente proporcionais ao tempo de viagem. Alvarenga e Novaes (1994) observam que no transporte rodoviário de carga a distância predomina sobre o tempo, uma vez que ela consegue explicar melhor os custos gerados pelas viagens do que o tempo. Além disso, o tempo e a distância têm forte correlação: quando a distância é longa, o tempo de viagem é elevado e vice-versa. 14 Agora, podemos dizer que os custos de transporte rodoviário de cargas são variáveis quando são influenciados pela distância percorrida (quilometragem percorrida) e são fixos quando não variam com a distância percorrida. Vamos, então, calcular qual é o custo de combustível para se realizar um conjunto de viagens durante determinado período de tempo por uma empresa de transporte rodoviário de cargas? Para isso, precisamos levantar algumas informações, como, por exemplo: o preço do litro de combustível, a quilometragem percorrida para a totalidade das viagens, o consumo de combustível por quilômetro ou o consumo total de combustível em litros para a quilometragem rodada no período. Você percebeu o quanto é importante manter um registro das informações na logística? Sem elas não poderíamos calcular o custo de combustível consumido pelos caminhões de uma empresa de transporte, por exemplo. Vamos simular alguns dados para resolvermos o problema proposto anteriormente? a) Preço do litro de óleo diesel = R$ 1,70 b) Quilometragem total percorrida no período = 1.500 km. c) Consumo médio de combustível pelo caminhão = 5 quilômetros rodados por litro de combustível. De posse dessas informações, podemos calcular o custo com combustível para o caso enunciado. Custo com combustível = 1,70 x (1.500/5) = R$ 510,00 Da mesma maneira, poderemos calcular os outros itens de custo de transporte para a empresa, desde que tenhamos as informações disponíveis. 15 c Você acha que as outras modalidades de transporte de carga como, por exemplo, o transporte aéreo e o transporte marítimo também têm seus custos relacionados à distância percorrida? A resposta correta é não! Na verdade, a variável definidora dos custos depende da modalidade de transporte e também do tipo de serviço oferecido. Para o transporte aéreo, por exemplo, é comum relacionarem-se os custos ao tempo de viagem (o consumo de combustível de um avião é explicado melhor pelas horas de voo do que pela distância de voo). Para o transporte marítimo os custos variáveis são baseados nos dias de viagem. Assim, cada modalidade tem especificidades para calcular seus custos de transporte. Uma forma alternativa de cálculo dos custos de transporte rodoviário, também muito utilizada na prática, consiste em considerar simultaneamente o peso transportado, a distância e a tarifa de transporte, resultando na seguinte equação: CTr=P×d×tar Onde: • CTr = custo de transporte em reais • P = peso transportado em toneladas • d = distância percorrida em km • tar = tarifa de transporte em reais / ton.km A tarifa mostra quanto custa em reais o transporte de 1 tonelada do produto por um quilômetro de estrada (reais/ton.km). Cabe lembrar que a fixação da tarifa de transporte de cargas depende de uma série de parâmetros operacionais e econômicos da atividade de transporte. Eis alguns deles que influenciam a tarifa de transporte: • O tipo e as características do produto transportado (carga geral, produto perigoso, produto de alto valor, produto perecível etc.); • O tipo de modal de transporte ou a combinação de modais utilizada; • O nível de competição entre os transportadores; 16 • O mercado considerado; • As características e a capacidade de carga do veículo utilizado; • As características geográficas da região de atuação; • A qualidade da infraestrutura de transporte existente; e • O volume de carga existente, entre outros parâmetros. Vamos trabalhar um exemplo de cálculo do custo de transporte rodoviário com o uso da equação detalhada anteriormente! Imagine que uma indústria localizada numa cidade A, compre matéria- prima para sua produção de uma cidade B. Após fabricar o produto acabado, ela venderá esse bem em outra cidade chamada de C. A seguir, são fornecidas as informações acerca das quantidades de matéria-prima e de produto acabado que essa empresa compra e distribui. • Quantidade de matéria-prima comprada da cidade B = 2.000 toneladas • Quantidade de produto acabado vendido na cidade C = 1.200 toneladas • Distância entre as cidades A e B = 45 km • Distância entre as cidades A e C = 60 km • Tarifa de frete para matéria-prima = 8 reais/ton.km • Tarifa de frete para produto acabado = 15 reais/ton.km Com os dados relatados, vamos calcular o custo de transporte para essa empresa movimentar os produtos necessários às atividades de suprimento e distribuição? c Você já percebeu que temos custos de transporte relacionados ao suprimento de matéria-prima e também custos de transporte ligados à distribuição de produtos acabados? 17 Pois bem, então vamos calculá-los! a) Custos de transporte para o suprimento de matérias-primas entre A e B = CTr Suprim Ctr Supri = P x d x tar Logo, aplicando os valores fornecidos no exemplo temos: Ctr Supri = 2000 x 45 x 8 Ctr Suprim = 720.000 reais Agora, vamos determinar qual é o montante dos custos de transporte de produtos acabados. b) Custos de transporte para a distribuição de produtos acabados entre A e C= CTr Distrib Aplicando novamente a equação do custo de transporte, teremos: Ctr Distrib = 1200 x 60 x 15Ctr Distrib = 1.080.000 reais Finalmente podemos determinar qual é o montante dos custos com transporte para a empresa A. Temos, então, que somar o custo de transporte de suprimento de matéria-prima com o custo de transporte de distribuição de produto acabado. Assim, o custo total com transportes é dado por: Ctr = Ctr Suprim + Ctr Distrib Ctr = 720.000 + 1.080.000 Ctr = 1.800.000 reais 18 Agora que já vimos como se determina o custo de transporte, podemos passar para a determinação do custo das outras atividades logísticas. Vamos em frente? 3.2 Custos de Manutenção de Estoques No início deste curso nós estudamos o custo de oportunidade; o custo com estoque é um custo de oportunidade. Assim, quando as empresas colocam seus recursos investidos em produtos em estoque, deixam de investi-los em outras oportunidades, como, por exemplo, em ações na bolsa de valores ou mesmo em fundos de investimentos. O que eles ganhariam nessas aplicações e deixam de ganhar para investir em estoques é o chamado custo de oportunidade. Desta maneira, os custos com estoque podem ser determinados pela seguinte equação: CEst = V x J x E/2 Onde: • CEst = custo anual de manutenção de estoques • V = valor unitário de um item do produto • J = taxa de oportunidade de capital em % ao ano • E = tamanho em unidades de um lote de compra do produto • E/2 = estoque médio que a empresa mantém de produto ao longo do ano Assim, caso a empresa queira determinar quanto custa manter um produto em estoque ao longo de determinado período, ela necessita coletar as informações necessárias para a aplicação da equação apresentada. Vamos a um exemplo? 19 Suponha que uma empresa compre determinado produto para mantê-lo em estoque enquanto ele não é vendido ou consumido ao preço unitário de R$ 5,00. A empresa também conhece seu custo de oportunidade, pois deixou de investir esses recursos numa aplicação financeira que poderia lhe trazer um rendimento de 25% ao ano. Além disso, ela calculou o lote econômico de compra do produto e chegou à conclusão que ele é de 500 unidades. O lote econômico é a quantidade de compra que minimiza o custo com estoques. Ele é determinado pela seguinte equação: Onde: • Eot = lote econômico de compra • D = demanda ou consumo anual do produto em unidades • Cp = custo para processar um pedido • J = custo de oportunidade de capital • V = valor unitário do produto. Agora, podemos calcular o custo com estoques para essa empresa. Basta aplicarmos a equação: CEst = 5,00 x 0,25 x 500/2 CEst = 312,5 reais Das três atividades logísticas primárias falta-nos definir agora o custo da atividade de processamento de pedidos. Vamos lá? 20 3.3 Custos do Processamento de Pedidos Os custos com a atividade de processamento de pedidos nas empresas estão diretamente relacionados à forma de comunicação que se utiliza entre o comprador e fornecedor por ocasião da aquisição de um produto. Há diversas maneiras para se fazer um pedido de compras. Entre as várias alternativas, podemos destacar os pedidos realizados via fax, via telefone, via vendedores que passam nos clientes e anotam os pedidos de mercadorias, via internet, via EDI. g Você conhece essa técnica de comunicação entre empresas? Confira mais informações sobre o funcionamento do EDI, entre no portal oficial da Edicom através do link a seguir e aprofunde seus conhecimentos! http://www.edicomgroup.com/pt_BR/home.html Dependendo da alternativa que for escolhida para realizar e processar os pedidos, a empresa incorrerá em custos mais ou menos elevados. De qualquer maneira, há algumas rubricas de despesas com pedidos que estão presentes em grande parte das alternativas de processamento de pedidos: • Salários e encargos de pessoal que trabalha com o processamento de pedidos; • Gastos com material de escritório e computadores; • Gastos diversos com a central de pedidos, com energia elétrica, com telefone etc. Podemos também definir uma equação que represente os custos totais relativos ao processamento de pedidos numa empresa, durante determinado período. Para isso, precisamos conhecer a demanda total pelo produto durante o período considerado. Vamos chamá-la de D. 21 Em seguida, é necessário sabermos qual vai ser a quantidade de itens do produto ou dos produtos solicitada em um pedido: é o tamanho do lote de compra, ou seja, é a quantidade de itens que iremos comprar a cada vez que fizermos um pedido ao fornecedor. Vamos chamá-la de E. Finalmente, é preciso que computemos todas as rubricas de despesas necessárias para se fazer um pedido com a alternativa de comunicação escolhida entre o comprador e o fornecedor. A soma de todas as rubricas é o custo total para se fazer um pedido. Vamos chamá-lo de Cp (custo unitário para fazer um pedido). Por exemplo: se fizermos o pedido via fax, teremos que computar as despesas com a ligação telefônica, com as horas de trabalho do funcionário encarregado de fazer o levantamento das necessidades de aquisição da mercadoria e de transmitir o pedido, com o material de escritório necessário para o processo, entre outras. Vamos a um exemplo de cálculo do custo de processamento de pedidos? Suponha que uma empresa tenha realizado o levantamento das despesas incorridas para a realização de um pedido ao seu fornecedor e tenha encontrado o valor de R$ 10,00. Esse valor corresponde a Cp. Sua demanda ou consumo anual com esse produto foi medida e se chegou ao valor de 2.000 unidades/ano, que corresponde ao D, anteriormente especificado. Além disso, a empresa calculou o lote econômico de compra dessa mercadoria e chegou a uma quantidade igual a 200 unidades por pedido, representado por E. Assim, poderíamos determinar o custo total com os pedidos dessa empresa ao longo de um ano, através da seguinte equação: Ctpedidos = Cp x D/E Substituindo os valores do exemplo na equação teremos: Ctpedidos = 10 x 2000/200 = 100 reais/ano Note que a expressão D/E indica-nos a quantidade de pedidos que deve ser feita no período considerado. Essa quantidade multiplicada pelo custo unitário de processamento de um pedido nos fornece o custo total com as compras para a empresa durante um determinado período, no nosso caso durante um ano. 22 Você compreendeu o processo? Podemos dizer que o passo mais difícil é a determinação do custo unitário do pedido, o Cp, não é mesmo? Para isso, a empresa deve possuir um sistema de informações que permita identificar as rubricas e valores dos custos para os processos ou atividades. 3.4 Os Custos Logísticos Totais Para determinarmos os custos logísticos totais basta somarmos os custos individuais das várias atividades logísticas. Neste curso, abordamos somente os custos das atividades logísticas primárias, que representam a maior parte dos custos logísticos totais. Isso não significa dizer que as atividades logísticas de apoio não gerem custos para as empresas. Da mesma maneira, não é impossível calcular seus custos. Apenas vamos considerá-las agrupadas na rubrica “custos das atividades de apoio”, no nosso estudo, porque seus custos são menos elevados que os das atividades de transporte, estoque e pedidos. Assim, podemos determinar uma equação que representa os custos logísticos totais. Vamos a ela? CLogtotal = custo estoque + custo de transporte + custo de pedidos + custo das atividades logísticas de apoio Substituindo pelos termos das equações de custos das atividades encontradas anteriormente, temos que: CLog = V x J x E/2 + P x d x tar = Cp x D/E = custos atividades deapoio Uma vez estudados os custos das principais atividades logísticas, o transporte, o estoque e o processamento de pedidos, poderemos, a partir de agora, analisar como são formados os preços de fretes. Esse assunto é o tema de nosso próximo capítulo. 23 Glossário Custo de oportunidade: É definido como o valor de um recurso (insumo, por exemplo) em seu melhor uso alternativo. Insumos: Recursos usados na produção de um bem ou serviço, como por exemplo: talento gerencial; mão de obra; máquinas e equipamentos; armazéns; e prédios de garagens de ônibus e de caminhões. Objeto de custo: Qualquer fim ao qual um custo é atribuído: um produto; uma linha de ônibus; um centro de distribuição etc. 24 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Os custos variáveis são frequentemente definidos como aqueles custos que não podem ser reduzidos, independentemente do nível de produção, ou seja, mesmo que a empresa decida não produzir ela terá de pagá-los. Já os custos fixos são os custos incorridos pela utilização de insumos fixos no processo de produção. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Entre os conceitos de custos usados no dia a dia das empresas, podemos citar os custos diretos, custos indiretos e custos não fabris. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 25 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística Aplicada: suprimento e distribuição física. São Paulo: Pioneira, 1994. AMBRÓSIO, Vicente. Plano de marketing passo a passo. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 1999. BALLOU, Ronald R. 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A formação de preços de fretes com parcimônia é fundamental para que uma empresa ou organização logística tenha os custos da operação cobertos e ainda possa ter uma margem de lucro como retorno da atividade de transporte ou de movimentação de produtos. Nesse sentido, esta unidade analisará os fatores que influenciam a formação dos preços dos fretes, além de apresentar os métodos mais conhecidos para seu cálculo. Bons estudos! 1 Introdução aos Fretes Inicialmente, vamos conhecer os dois principais agentes que participam de uma negociação de fretes: o embarcador e o transportador. Denomina-se “embarcador” a pessoa física ou a empresa proprietária dos produtos, ou mesmo um terceiro, que assumiu a responsabilidade pela carga em nome desse proprietário. Enfim, é a empresa que pretende vender seus produtos a um cliente e, portanto, necessita do transporte para que a carga seja entregue no seu destino. “Transportador” é o trabalhador autônomo ou a empresa que prestará o serviço de transporte para o embarcador. O transportador é o responsável pela execução do serviço de transporte. Os fretes resultam das negociações entre o embarcador e o transportador e representam as condições básicas sob as quais eles estão dispostos a realizar esse negócio. 29 e Há, portanto, dois pontos de vista diferentes: a) Ponto de vista do transportador: o frete é uma compensação a ser recebida pelo serviço prestado. b) Ponto de vista do embarcador: o frete é a quantia (em reais) que ele está disposto a pagar pelo serviço prestado. O preço a ser cobrado pelo serviço de transporte pode ser conseguido de três formas distintas. Quais sejam: • Frete orientado pelo custo: neste caso, calcularemos os custos esperados do transporte e acrescentaremos uma margem de lucros. • Frete orientado pelo consumidor: aqui, quem manda é o cliente (o embarcador). Neste caso, considera-se o valor que o cliente está disposto a pagar pelo serviço de transporte. • Frete orientado pela concorrência: existem várias empresas competindo pelo mesmo mercado no transporte rodoviário. Também existem casos em que o transporte rodoviário concorre com outras modalidades, como o transporte ferroviário, o aéreo e o aquaviário. No caso de concorrência, os fretes podem ser estabelecidos a partir de um levantamento dos fretes cobrados pelos concorrentes, buscando-se situá-lo em uma faixa média. Devemos deixar claro que a concorrência só é válida quando se tratar de embarques semelhantes em quantidade e em qualidade de serviço de transporte. Independentemente da forma de se estabelecer o preço a ser cobrado, o valor do frete dependerá de uma série de fatores como o veículo, a rota, a carga, o serviço oferecido, os riscos, as atividades complementares etc. 30 2 Fatores que Influenciam o Valor do Frete O frete é o valor a ser cobrado pelo serviço de transporte, no nosso caso, o transporte de cargas. Para se chegar ao valor do frete, devemos conhecer todos os custos envolvidos em uma operação de transporte de cargas. Conhecendo esses custos, não correremos o risco de cobrar um frete abaixo dos custos de produção, o que nãopermite manter a empresa ou o veículo de transporte em operação. Figura 1: Fatores que interferem no estabelecimento do frete 31 A seguir, veremos como alguns desses fatores interferem na fixação do valor do frete. a) Percurso de realização do transporte O percurso de transporte tem influência direta no cálculo do frete. Quanto maior for a distância percorrida, maior será o valor do frete, pois maiores serão os gastos com combustível, pneus, lubrificantes, desgaste do veículo, entre outros custos (chamados custos variáveis). Além disso, percursos mais acidentados, como serras, com longos trechos em subidas e descidas trarão um gasto ainda maior com os itens de custo variável citados acima. O percurso também pode não ser seguro, com altos índices de acidentes e roubo de carga. Tudo isso eleva o valor do frete. As características da via também influem no valor do frete: se ela é pavimentada ou não, se possui sinalização, como é seu estado de conservação etc. Rodovias em estado ruim de conservação ou inadequadas causam mais danos ao veículo e aumentam o tempo de viagem, elevando o valor do frete. Por fim, o percurso pode ser realizado em Rodovias Concessionadas, ou seja, rodovias que o Governo Federal privatizou, passando a operação e conservação para as mãos da iniciativa privada. Neste caso, as melhores condições da rodovia favorecem a redução do valor dos fretes, porém, existirá cobrança de pedágio ao longo do percurso que, apesar de não entrar diretamente no cálculo do valor do frete, interfere no valor total a ser pago pelo transporte. b) Tipo de carga transportada A carga exerce influência direta no estabelecimento do valor do frete, pois determina a ocupação da capacidade do veículo, os recursos necessários para seu carregamento e descarregamento, além do nível de riscos envolvidos na operação do transporte. Por exemplo: uma carga de alto valor pode significar um risco para o transportador. No caso de avarias, elevadas indenizações deverão ser pagas ao embarcador. Além disso, há o fato de que cargas mais valiosas são mais visadas pelos ladrões. A facilidade de manuseio do produto representa a facilidade de se carregar e se descarregar o veículo. Uma maneira encontrada para agilizar a carga e a descarga é a unitização de carga. As formas mais conhecidas de unitização são a paletização e a conteinerização, que reduzem de maneira significativa os tempos de carga e descarga. 32 c) Tipo de veículo transportador Os veículos interferem na composição do frete, principalmente pela sua capacidade de carga. Quanto maior a capacidade do veículo, maior a quantidade de carga para ratear os custos e despesas durante o transporte. d) Influências externas ao transporte As influências externas interferem no transporte elevando o valor do frete. Trata-se de influências que não estão diretamente ligadas ao serviço de transporte, mas interferem na sua realização. Destacam-se: • greves; • interrupções no tráfego; • roubo de cargas; e • acidentes. e) Tipo de serviço de transporte O valor do frete é diretamente influenciado pelo tipo de serviço oferecido pelo transportador (ou solicitado pelo embarcador). Um primeiro ponto a ser abordado é o aproveitamento do veículo de transporte. As formas de aproveitamento do veículo para o transporte de cargas podem ser classificadas da seguinte maneira: • Carga completa: Quando o embarcador possui um carregamento suficiente para lotar o veículo de transporte, sem a necessidade de compartilhá-lo com cargas de outros embarcadores. • Carga consolidada: Quando o embarcador compartilha o veículo de transporte com outros embarcadores, cada um com o seu lote de carga dentro do mesmo compartimento do veículo. Neste caso, o frete terá valores mais altos, pois existe o risco de que o transportador não consiga embarcadores suficientes para lotar a capacidade do veículo. • Carga de retorno: a não existência de frete de retorno faz com que o transportador tenha que considerar o custo do retorno para compor o preço do frete. 33 É comum o embarcador contratar o transportador para uma viagem única, somente de ida ao destino. Nesse caso, o veículo deve retornar à origem vazio, ou seja, sem carga. Assim, esse embarcador deverá arcar com os custos e despesas do retorno do veículo de transporte vazio, o que aumenta o valor do frete. De outro lado, algum embarcador que contrate um transportador para o transporte de sua carga, no retorno desse caminhão (que supostamente estaria vazio) terá descontos no valor do frete, pois os custos do retorno já foram cobertos pelo primeiro embarcador (viagem de ida). Outro ponto importante refere-se ao carregamento e descarregamento do veículo. Esses serviços podem estar incluídos no valor do frete, aumentando seu valor. A seguir, vamos conhecer o processo produtivo do serviço de transporte de cargas e os seus fluxos operacionais. A NTC & LOGÍSTICA apresenta um exemplo de fluxo operacional genérico, baseado no transporte de carga comum. É importante ressaltar que podem existir situações específicas com operações mais simples ou mais complexas, dependendo do número de etapas a serem cumpridas no fornecimento do serviço de transporte de cargas. 34 Tabela 1: Exemplo de Fluxo Operacional Exemplo de Fluxo Operacional Fases do Processeo Atividades Operacionais 1. Coleta de Mercadoria • Solicitação de coleta pelo embarcador • Verificação da disponibilidade de veículos de coleta • "Apanha" da carga junto ao embarcador • Transporte de mercadoria até o armazém da transportadora ou diretamente até a "casa" do destinatário 2. Terminal de Carga (Armazém) • Recepção, descarga e conferência das mercadorias coletadas ou recebidas de outras filiais • Triagem, marcação e classificação das mercadorias recebidas, por "praça" de destino • Transporte interno até os locais reservados (boxes) em cada !praça! (armazenamento por destino) •Transporte interno desde os "boxes" até a plataforma de embarque • Carregamento dos veículos por destino • Conferência e arrumação da carga nos veículos 3. Transferência (expedição de cargas) • Programação de veículos disponíveis para viagem • Transporte de carga da origem ao destino • Descarga das mercadorias no terminal de destino ou na casa do destinatário 4. Entrega de Mercadorias • Programação de entregas por rota (roteirização) • Análise da disponibilidade da frota de entrega • Carregamento das cargas • Arrumação das cargas nos veículos • Transporte das mercadorias até os destinatários • Registro de controle de entrega, processamento da documentação fiscal e informação ao embarcador. 35 Com base nessas atividades, podem ser identificados três principais tipos de serviços oferecidos pelos transportadores rodoviários de cargas (NTC, 1996): 1) Serviços de Lotação ou de Carga Direta (FTL ou LOTAÇÃO) Neste tipo de serviço, as cargas são coletadas no depósito do embarcador e transportadas, no mesmo veículo, para o depósito do destinatário, na mesma cidade, em outra cidade ou em outro estado, sem passar por depósito da transportadora. Percebe-se que não há necessidade de a empresa transportadora dispor de terminais de carga, pois o manuseio (carregamento e descarregamento do veículo de transporte) só ocorrerá na origem (carregamento) e no destino (descarregamento) da mercadoria. h Internacionalmente esse serviço é conhecido com FTL, que significa, em inglês, Full Truck Load Service (serviço de carregamento completo do caminhão) e independe da capacidade do veículo. No Brasil o serviço é conhecido como lotação ou transporte de grandes massas (no caso de serviço de forma continuada para o mesmocliente). Figura 2: Esquema Operacional (Serviço do tipo FTL ou Lotação) 2) Serviços de Carga Fracionada – Distribuição Local (LTL) Nos serviços de Carga Fracionada – Distribuição Local, as cargas são coletadas no depósito do embarcador e levadas para um depósito da transportadora, para triagem e reembarque em veículos que farão a entrega diretamente aos destinatários em diversos pontos da mesma cidade, de outras cidades ou mesmo de outros estados. Para esse tipo de serviço é necessário apenas um terminal na origem do transporte, em uma etapa após a coleta. Por serem cargas fracionadas, que não lotam o veículo para apenas um cliente ou destinatário, sendo necessário o manuseio em um terminal no início da operação de transporte. 36 As mercadorias coletadas passam por uma triagem no terminal e compõem a carga de um veículo programado para diversas entregas, que, dessa forma, terá maior utilização de sua capacidade. h Internacionalmente esse serviço é conhecido como LTL, que significa, em inglês, “Less than a Truck Load Service” (serviço de carregamento menor que a capacidade de um caminhão). Figura 3: Esquema Operacional (Serviço do tipo LTL) 3) Serviços de Carga Fracionada – Distribuição Regional Nos Serviços de Carga Fracionada – Distribuição Regional, as cargas são coletadas no depósito do embarcador, transportadas para o depósito da transportadora, próximo do local de coleta, onde serão descarregadas, separadas por região de destino e transferidas para outros depósitos da transportadora, nessas regiões. Nos depósitos, as cargas serão descarregadas, novamente separadas por rota de entrega e reembarcadas em veículos, geralmente menores, que farão a entrega aos destinatários das mercadorias em diversos pontos da mesma cidade ou de outras cidades ou estados. É necessário maior nível de organização, pois o transportador deverá manter diversos terminais bem estruturados para processar e distribuir as cargas aos diversos destinatários nas diferentes regiões de entrega. Figura 4: Esquema Operacional (Serviço do tipo Distribuição Regional) 37 f) Tempo do transporte O custo do transporte é influenciado pelo tempo em que o mesmo é realizado. A Figura 5 mostra essa situação e traz uma equação alternativa para o cálculo de seu custo. Figura 5: Composição de custo total de transporte (custos fixos e variáveis) Percebe-se, pela figura, que quanto maiores forem os tempos de carregamento, transporte e descarregamento, maior será o custo de transporte e, portanto, maior será o valor do frete. Vejamos dois exemplos: • Inadequação dos equipamentos de carregamento e descarregamento ou despreparo da mão de obra para essas atividades, aumentando o tempo necessário para executá-las. • Problemas quaisquer com a rodovia que resultem em paradas desnecessárias durante o transporte. CT = [(T1 + T2 + T3) x Custos Fixos] + [Distância Percorrida x Custos Variáveis] 38 2.1 Cálculo do Valor do Frete O frete representa a remuneração pelo serviço contratado de transporte de determinada carga, caracterizada normalmente pela sua natureza, nível de risco, peso, volume ou unitização, entre uma origem e um destino. A estrutura do sistema estará alinhada com os padrões adotados pelo mercado de fretes, sendo que existirá também a possibilidade de inclusão futura dos valores cobrados pela prestação de serviços logísticos (carga, descarga, manuseio, armazenagem, fluxo documental e informacional). 2.2 Etapas do Serviço de Transporte O frete é o somatório do frete líquido, dos impostos (peculiares a cada Estado da Federação), do seguro e de outros serviços e tarifas peculiares a cada modal de transporte. Com objetivo ilustrativo, podem ser citadas as seguintes unidades de medida para os fretes praticados no mercado nacional: • reais por quilograma transportado (R$/kg) em determinado percurso. • reais por pallet transportado (R$/pallet) em determinado percurso. • reais por tonelada transportada (R$/ton) em determinado percurso. • reais por contêiner transportado (R$/contêiner) em determinado percurso. • reais por carga fechada (R$/veículo completo) em determinado percurso. 39 2.3 Formação de Preços do Serviço de Transporte – Frete Vamos dividir os serviços prestados pelo transportador, que compõem o valor total da tarifa da seguinte maneira: 1. Despesas de Coleta de Carga 2. Despesas de Transferência de Carga 3. Despesas de Entrega de Carga. 4. Despesas de Terminais de Carga. 5. Despesas Administrativas. 6. Despesas de Gerenciamento de Risco. É comum resumir essa divisão em dois itens: • Frete-peso: aos serviços realizados. • Frete-valor: aos preços relativos ao gerenciamento de riscos. Veremos, a seguir, como calcular cada um desses itens. a) Frete-peso O frete-peso é formado por: 1. Despesas de terminais 2. Despesas de coleta 3. Despesas de transferência 4. Despesas de entrega 5. Despesas administrativas 6. Margem de lucro 7. Reduções do frete básico (descontos) 40 e Antes de se chegar a essa soma, no entanto, é preciso, como já se viu na seção de custos: • Escolher o veículo padrão para executar o serviço de coleta e calcular os seus custos operacionais com transporte. • Escolher o veículo padrão para executar o serviço de transferência e calcular os seus custos operacionais. • Escolher o veículo padrão para executar o serviço de entrega e calcular os seus custos operacionais. • Calcular os custos operacionais com terminais. Calculados todos esses custos, passamos às próximas etapas, que são o acréscimo das despesas administrativas e da margem de lucro esperada pelo serviço de transporte. 3 Despesas Administrativas Aqui, devem ser contabilizados os valores das despesas administrativas (em geral, consultam-se os balancetes contábeis). O custo administrativo refere-se às atividades administrativas para a realização do serviço de transporte e está presente em todas as etapas. 41 e Alguns serviços que compõem os custos administrativos e que devem ser considerados no cálculo do frete total são, entre outros: • Salários e encargos sociais de pessoal administrativo; • Material de escritório; • Telefone, internet, correio; • Manutenção de computadores; • Treinamentos; • Despesas bancárias; • Comissões; • Depreciação de equipamentos, móveis e utensílios administrativos; • Despesas com cópias xerox. Vejamos um exemplo: Imaginemos uma operação de transporte de Brasília (DF) até Goiânia (GO). O percurso é de 200 km em estrada asfaltada. Para cumpri-lo, demora-se 4 horas em viagem, 1 hora para o carregamento e 1 hora para a descarga do veículo. O veículo utilizado será uma carreta com capacidade de 27 toneladas e 90 m3 de carga. O serviço oferecido é de FTL ou lotação. Calculados os custos, chegou-se a um valor de R$ 1,50 por km percorrido (custo variável) e um valor de R$ 500,00 para os custos fixos proporcionais a 10 horas de percurso (ida e volta, carregamento e descarregamento, ou seja, um ciclo completo de transporte). 42 Temos então: • Custos variáveis = 1,50 R$/km x 400km = R$ 600,00 • Custos fixos = R$ 500,00 • Custos totais = (Custo fixo x Tempo) + (Custo Variável x Distância) • Custos totais = R$ 500,00 + R$ 600,00 = R$ 1.100,00 Calculados os custos de uma operação de transporte, chegou-se ao valor de R$ 1.100,00. A eles devemos, então, acrescentar as despesas administrativas (supondo que elas atingem uma taxa de 10% dos custos totais). Fazemos:• Frete sem margem de lucro = Custos totais x (1 + Taxa de despesas administrativas) • Frete sem margem de lucro = R$ 1.100,00 x (1+0,10) • Frete sem margem de lucro = R$ 1.100,00 x (1,10) = R$ 1.210,00 4 Margem de Lucro Precisamos, agora, definir a margem de lucro que se espera do serviço de transporte. Ela é um percentual que se deve acrescentar aos custos operacionais e despesas administrativas e depende basicamente da concorrência existente para oferta de serviços de transporte. 43 Exemplo: Adotaremos, como exemplo, uma margem de lucro de 20%. Faremos então: • Frete básico = Frete sem margem de lucro x (1 + margem de lucro) • Frete básico = R$ 1.210,00 x (1+0,20). • Frete básico = R$ 1.210 x (1,20) = R$ 1.452,00 5 Reduções do Frete Básico Aqui, devemos definir os valores adicionais e as reduções com base no tipo de carga, nos contratos e nas exigências do cliente. Uma vez estabelecido o frete básico, o cálculo do frete final envolverá uma série de decisões em que vários fatores serão analisados, podendo resultar em descontos. Entre eles podem ser relacionados (TEIXEIRA, 2001): • Descontos por volume: associados às economias geradas por maior aproveitamento na ocupação da frota do transportador; • Descontos por rota: aqueles dados a clientes que usam rotas consideradas ociosas ou desequilibradas nas viagens de ida e de retorno, como rotas com escassas cargas de retorno; • Descontos por temporada: refletem situações em que a demanda é mais reduzida em determinados períodos do ano, como é o caso das rotas influenciadas pela safra de produtos agrícolas; • Condições de pagamento: como em qualquer outra atividade, as empresas de transporte de cargas consideram o valor do dinheiro no tempo, ou seja, os pagamentos à vista permitem uma aplicação imediata que geram retornos 44 monetários. Essas condições são especialmente importantes em caso de altas taxas de inflação ou em caso de altas taxas de juros. Por exemplo: uma empresa que receba o pagamento à vista pode aplicar o dinheiro recebido e ter uma boa remuneração devido às altas taxas de juro atualmente praticadas no Brasil. • Frequência de serviços: se os serviços são permanentes, eles dão uma maior segurança ao transportador, que poderá atribuir descontos. Caso contrário, em serviços esporádicos ou eventuais, o transportador deverá cobrar um valor um pouco maior. • O valor do produto transportado: produtos de maior valor agregado apresentam margens de negociação maiores que os de baixo valor agregado. Ao valor total após os descontos, chamamos de frete-peso: Frete - peso = frete básico x (1 - Taxa de desconto) 6 Frete-Valor O frete-valor refere-se às despesas de Gerenciamento de Riscos com a carga que será transportada (GRIS) e com os seguros obrigatórios. A atividade de transporte de cargas pressupõe a responsabilidade civil do seu operador, pela integridade dos bens movimentados, desde o instante em que ele os recebe do remetente, até o momento em que os entrega ao destinatário. Portanto, durante todo o tempo em que o transportador permanece com a mercadoria sob sua guarda, ele assume um risco, que é tanto maior quanto mais valiosas forem as mercadorias e mais longo for o tempo de duração do transporte. Esse risco varia também em função do peso (quanto mais leve for o produto, maior a possibilidade de furto), da embalagem utilizada (um contêiner, por exemplo, reduz substancialmente os riscos de desvios ou avarias), do tipo de estradas (rodovias de terra ou em más condições aumentam os riscos de avarias) etc. 45 Por fim, vale ressaltar a quantidade de atividades ou etapas realizadas no serviço de transporte ofertado, ou seja, quanto mais atividades de carregamento e descarregamento de veículos em terminais de coleta ou de entrega, maiores os riscos de avarias nas mercadorias sob a responsabilidade do transportador. O gerenciamento de riscos significa a adoção, pelo transportador, das medidas necessárias ao seu alcance para que os riscos não se concretizem em acidentes com a carga (sinistros) ou para que, caso os sinistros ocorram, eles causem o menor prejuízo possível às cargas sob a responsabilidade do transportador. h Eis algumas medidas, entre outras, que podem ser adotadas pelo transportador: • Sistema de rastreamento de veículos por satélite. • Utilização de embalagens adequadas para a carga. • Conteinerização da carga. • Terceirização de atividades complexas e que exigem especialização (transferência de riscos). • Adoção de medidas de prevenção de acidentes. • Treinamento de motoristas para evitar acidentes e para que saibam como proceder caso os mesmos ocorram. • Contratação de seguros facultativos. 7 Seguros Obrigatórios para o Transporte de Cargas Além dos custos com o gerenciamento de riscos, necessários para que o transportador evite problemas com a carga sob sua responsabilidade, há os custos de seguros obrigatórios. 46 Para formalizar o contrato de um seguro, é necessário o pagamento de um “prêmio”, ou seja, do valor cobrado pela empresa seguradora para a contratação do seguro. Além do prêmio, outro valor que a seguradora deverá pagar, no caso de ocorrência do sinistro, é o valor da franquia. Ela representa o percentual de participação do transportador nos riscos com a carga sob sua responsabilidade. e Os seguros podem ser classificados em três categorias: • RCTR-C: Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Cargas (obrigatório). • RCF-DF: Seguro de Responsabilidade Civil Facultativa – Desaparecimento e Furto de Carga. • Seguro do Casco do Veículo: Seguro para o veículo de transporte. 8 Cálculo do Frete-Valor (GRIS e Seguros) Ao frete-peso devemos adicionar as despesas de Gerenciamento de Riscos (GRIS) que devem ser consideradas no cálculo do frete-valor, da seguinte forma: FV = CM/VM x 100 x (1 + TA) Sendo: CM = valor total da conta mensal de seguros VM = valor total das mercadorias transportadas durante o mesmo mês TA = taxa de administração de riscos FV = frete-valor 47 A taxa de administração (TA) de riscos pode variar bastante, sendo um valor bastante razoável o de 20% da conta total de seguros. Vamos ver um exemplo: Uma empresa gasta R$ 100.000,00 por mês com seguros. Essa empresa transporta mensalmente mercadorias no valor total de R$ 50.000.000,00. Assim: Frete - valor = 100.000,00 + 50.000.000,00 x 100 x 1,20% = 0,24% O frete total (FT) será composto do frete-peso (FP) adicionado do frete- valor (FV). FT = FP x (1 + FV) FT = R$ 1.538,00 x (1 + 24%) FT = R$ 1.538,00 x 1,24 = R$ 1907,12 Agora que você já conhece a forma de calcular os custos logísticos e sua influência na determinação dos preços de fretes, realize a atividade individual a seguir, para depois estudar, na próxima unidade, o outro objetivo da logística: o nível de serviço ao cliente. Glossário Depreciação: Refere-se ao valor do desgaste dos equipamentos usados na fabricação de mercadorias e serviços. 48 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. O preço a ser cobrado pelo serviço de transporte pode ser conseguido de cinco formas distintas. 1. Frete orientado pelo custo; 2. Frete orientado pelo fabricante; 3. Frete orientado pelo consumidor; 4. Frete orientado pela concorrência; 5. Sem frete. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Vamos dividir os serviços prestados pelo transportador, que compõem o valor total da tarifa da seguinte maneira:1. Despesas de Coleta de Carga; 2. Despesas de Transferência de Carga; 3. Despesas de Entrega de Carga; 4. Despesas de Terminais de Carga; 5. Despesas Administrativas; 6. Despesas de Gerenciamento de Risco. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 49 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística Aplicada: suprimento e distribuição física. São Paulo: Pioneira, 1994. AMBRÓSIO, Vicente. Plano de marketing passo a passo. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 1999. BALLOU, Ronald R. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. _______. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993. BERNARDO, Felippe Júnior. 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Bons estudos! 1 Introdução Os principais objetivos da logística são: a) Redução dos custos logísticos totais. b) Melhoria do nível de serviço logístico ao cliente. Mas o que se entende finalmente por Nível de Serviço Logístico? Ronald Ballou (1993) define nível de serviço logístico como a qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado. Pode ser entendido também como o desempenho oferecido pelos fornecedores aos seus clientes no atendimento dos pedidos. Na prática, as empresas definem o nível de serviço logístico de formas bem diferenciadas: para uma pode ser o tempo necessário para entregar um pedido ao cliente; para outra pode ser a disponibilidade de mercadorias em estoque; outras o definem como um percentual de entregas realizadas corretamente. Há, assim, inúmeras maneiras de defini-lo para as empresas. No entanto, essas são medidas bastante simples e facilmente quantificáveis. Alguns especialistas defendem que elas não são suficientes isoladamente para definir toda a amplitude do nível de serviço logístico. Alguns especialistas chegaram a elaborar listas de variáveis utilizadas para defini-lo (BALLOU, 1993). Vamos reproduzir algumas delas a seguir. 53 • Tempo decorrido entre o recebimento de um pedido no depósito do fornecedor e o despacho do mesmo a partir do depósito. • Lote mínimo de compra ou qualquer limitação no sortimento de itens de uma ordem recebido pelo fornecedor. • Porcentagem de itens em falta no depósito do fornecedor a qualquer instante. • Proporção de pedidos de clientes preenchidos com exatidão. • Porcentagem de clientes atendidos ou volume de ordens entregue dentro de um intervalo de tempo desde a recepção do pedido. • Porcentagem de ordens dos clientes que podem ser preenchidas completamente assim que recebidas no depósito. • Proporção de bens que chegam ao cliente em condições adequadas para venda. • Tempo despendido entre a colocação de um pedido pelo cliente e a entrega dos bens solicitados. • Facilidade e flexibilidade com que o cliente pode gerar um pedido. O serviço oferecido pela empresa aos seus clientes é formado por um grande número de fatores individuais. Alguns desses fatores estão sob o controle da logística, outros não. Dois pesquisadores americanos chamados Bernard J. Lalonde e Paul H. Zinszer (1975 apud BALLOU, 1993) classificaram os vários fatores que compõem o nível de serviço de acordo com sua relação com a transação do produto. Eles definiram a composição do nível de serviço em elementos de pré-transação, de transação e de pós- transação, conforme ilustrado na Figura: 54 Figura 6: Elementos do nível de serviço Vamos entender melhor o que são esses elementos de pré-transação, transação e pós- transação, confira as definições a seguir. • Elementos de Pré-Transação: são as declarações de políticas de serviço feitas pela empresa antes da venda do produto ou serviço; deixam bem claro o que o cliente pode esperar do serviço oferecido. • Elementos de Transação: são diretamente relacionados à distribuição física ou ao fornecimento do serviço ao cliente. • Elementos de Pós-transação: são os elementos que ocorrem após a entrega e que apoiam o produto no mercado. Assim, nós podemos observar que o nível de serviço logístico está mais concentrado nos elementos de transação, que são relacionados à entrega do produto ao cliente. Porém, de uns tempos para cá, a logística começou a ter papel significativo na etapa 55 de pós-venda, fornecendo peças e componentes de reposição para os produtos, garantindo a assistência técnica, fazendo o rastreamento do produto para troca ou conserto de peças defeituosas, entre outros serviços. c Quem nunca viu um anúncio dos fabricantes de veículos nos jornais e revistas, chamando os proprietários de determinado tipo de veículo para trocarem uma peça ou componente que se apresenta com defeitos (o chamado recall, em inglês)? É necessário planejar uma operação logística para poder atender aos clientes com qualidade.e Na etapa de pós-transação há também o que se chama de logística reversa, que é a logística realizada no sentido contrário à distribuição dos produtos na cadeia. Em outras palavras, a logística normal trabalha com o fluxo de produtos que vai dos fornecedores em direção aos clientes e aos consumidores finais. A logística reversa cuida do gerenciamento dos fluxos de produtos que vão do consumidor final para os fornecedores. Por que isso acontece? São várias as razões. Vamos citar algumas delas: • Há casos em que o material é defeituoso e deve ser devolvido ao fabricante para conserto ou troca; • As embalagens são cada vez mais reaproveitáveis. Elas retornam do ponto de consumo do produto e são levadas até os fabricantes para serem utilizadas novamente; • Os unitizadores de carga (contêineres, paletes e outros) precisam ser devolvidos à origem das cargas em muitas situações. Esses são exemplos de logística reversa, em que há necessidade de se planejar os fluxos materiais e de informações, partindo dos consumidores em direção aos produtores e fornecedores dos produtos. 56 Outros exemplos típicos de atributos que representam o nível de serviço logístico são (BALLOU, 1993): • Tempo de ciclo do pedido. • Disponibilidade do estoque. • Tempo de entrega (transporte). • Confiabilidade de entrega (variação no tempo de entrega). • Porcentagem de pedidos atendidos completamente e proporção dos pedidos atendidos com exatidão. • Facilidade em substituir produtos defeituosos. • Restrições ao tamanho dos pedidos. • Alternativas de entrega dos bens. • Condição dos produtos na recepção. c Você notou que muitos dos indicadores do nível de serviço logístico ao cliente são diretamente relacionados ao transporte e à entrega de mercadorias? Esse fato demonstra o papel preponderante que os transportes têm na melhoria do atendimento aos clientes. É também facilmente comprovado empiricamente que as vendas crescem com o incremento do nível de serviço e isso é resultado da maior satisfação do consumidor quando confrontado com serviço de melhor qualidade. De forma semelhante, existe uma variação entre nível de serviço e custos logísticos. Se o nível de serviço cresce, os custos logísticos também aumentarão (transporte mais rápido custa mais do que transporte lento, maior disponibilidade de estoques tem custo de manutenção mais alto do que estoque em pequenas quantidades). Assim, o moderno enfoque integrado da administração logística recomenda que o serviço desejado pelos clientes deve ser atendido dentro de limites razoáveis de custo. Quando o objeto da empresa for a maximização de seus lucros, então a administração logística 57 tenta ajustar o nível de serviço para o ponto onde haja maior diferença entre as curvas de vendas e de custos logísticos. Veja como isso funciona graficamente na Figura 7. A maximização dos lucros está apontada pela flecha no gráfico. Figura 7: Nível de serviço X vendas e custos logísticos Fonte: Ballou, 1993. e Portanto, é fundamental que a empresa defina o nível de serviço logístico ao cliente observando o trade off (o balanceamento) entre ele e os custos e receitas gerados pela operação. Caso o objetivo seja maximizar o lucro, a organização adotará o nível de serviço que proporciona a maior diferença entre receitas e custos, conforme mostrado na Figura. Para a definição do nível de serviço no transporte e na logística é utilizada, na maior parte dos casos, a construção de indicadores, nosso objeto de estudo na próxima unidade. Até lá! Vendas e Custos Nível de Serviço Custos Logísticos Receitas Lucro 58 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Os principais objetivos da logística são: a) Aumento dos custos logísticos totais. b) Variação do nível de serviço logístico ao cliente. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Elementos de Transação são diretamente relacionados à distribuição física ou ao fornecimento do serviço ao cliente. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 59 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística Aplicada: suprimento e distribuição física. São Paulo: Pioneira, 1994. AMBRÓSIO, Vicente. Plano de marketing passo a passo. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 1999. BALLOU, Ronald R. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. _______. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993. BERNARDO, Felippe Júnior. Marketing para a pequena empresa: o que é e para que serve. Brasília: Sebrae, 1994. BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, D. J. Logística Empresarial: O processo de Integração da Cadeia de Suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. BREALEY, R. 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Bons estudos! 1 Definição e Construção de Indicadores de Nível de Serviço no Transporte e na Logística Uma vez definido o que é nível de serviço para o cliente, é necessário administrá-lo. Em outras palavras, é preciso acompanhar e definir patamares para as atividades logísticas que proporcionem a realização do nível de serviço planejado ou definido. Isso já é uma tarefa ainda mais complexa, pois a empresa necessita, antes de tudo, identificar os elementos que determinam o nível de serviço, as necessidades de serviços dos clientes e a forma como o serviço será medido. Agora, vamos analisar essas três atividades prévias à administração do nível de serviço! Uma maneira bastante prática e muito usual para a identificação dos elementos do nível de serviço consiste no acompanhamento de um pedido ou de uma ordem de compra. A Figura 8 mostra o fluxo de um pedido entre um cliente e seu fornecedor. Note que o tempo decorrido entre a emissão do pedido e sua chegada nas instalações do cliente é o que se chama de ciclo do pedido (BALLOU, 1993). O somatório dos tempos intermediários das várias etapas do ciclo do pedido é muitas vezes adotado como definidor do nível de serviço logístico. 63 A duração das várias atividades representadas na Figura 8 é controlada pelo pessoal de logística das empresas, pois os tempos são maiores ou menores em função da escolha e do projeto, dos métodos de transmissão das ordens de compra, da política de estoques, dos procedimentos adotados para o processamento de pedidos e pelo modal de transporte escolhido para se realizar a entrega. O planejamento e a realização dessas atividades são de responsabilidade do pessoal de logística nas empresas. Figura 8: Componentes de um ciclo de pedido A segunda etapa da administração do nível de serviço consiste na identificação das necessidades de serviços dos clientes. O principal objetivo dessa etapa é determinar os requisitos reais de serviço logístico que os clientes desejam. Como podemos determiná-los? De diversas maneiras. Depósito Processamento e montagem do pedido Fábrica precessamento e montegem do pedido a partir do estoque ou produção caso não haja estoque Cliente Varejista distribuidor Transmissão do pedido Transmissão do pedido Processamento e montagem do pedido Tempo para aquisição de estoque adicional Tempo de entrega Entrega do pedido Entrega dos itens faltantes Tempo total do ciclo de pedido Pedido do cliente Transmissão do itens em falta a. Consolidação do pedido b. Transmissão do pedido ao depósito a. Preparação o manifesto b. Liberação do crédito c. Montagem do pedido no depósito a. Se item em falta, tempo adicional para conseguir estoque da fábrica a. Tempo de entrega a partir do depósito b. Tempo de entrega a partir da fábrica c. Processamento da entrega no cliente (recepção) 64 Ballou (1993) afirma que a maneira mais prática e simples é perguntar para o pessoal de vendas, que mantém contato direto com os clientes. O problema é que os vendedores, na ânsia de produzirem resultados positivos (venderem mais), podem superestimar as exigências de serviços dos clientes, e isso pode resultar num serviço logístico de custo muito elevado. Outra opção é a pesquisa por meio de entrevistas pessoais ou de questionários enviados via Correios ou Internet. Mas, o que poderia ser perguntado em uma pesquisa? Alguns itens representativos do serviço logístico ao cliente poderiam ser listados em um questionário. Nele, o cliente identificaria qual o grau de importância que a sua empresa dá para cada um dos itens relacionados. A estrutura mostrada tabela poderia ser confeccionada e encaminhada ao cliente para ser preenchida. Tabela 2: Grau de nível de serviço Item do nível de serviço Indique o grau de importância que cada item do nível de serviço tem para a sua empresa Muito importante Importante Média importância Baixa Importância Ausência de avarias no produto Prazo de entrega Comunicação eficiente sobre o pedido Embalagem adequada Frequência de visita dos vendedores Mix de produtos oferecidos Disponibilidade do produto 65 Ao receber as respostas da pesquisa, a empresa pode verificar que itens do serviço são essenciais para o cliente, podendo, então, dimensionar o nível de serviço logístico com base em suas necessidades e desejos efetivos. Logicamente, nem todos os clientes precisarão ser tratados da mesma maneira, pois alguns podem ter necessidades diferentes dos outros. É comum que as empresas ajustem os níveis de serviços para categorias de clientes, reunindo aquelas que têm necessidades comuns em um único grupo e oferecendo um serviço logístico com características similares. A terceira etapa da administração do nível de serviço consiste na definição de como o serviço será medido. Vamos exemplificar essa etapa com a apresentação dos principais indicadores que podem ser utilizados pelas empresas de transporte de cargas e de logística para medir o nível dos serviços logísticos oferecidos aos clientes. Assim, vamos construir o que poderíamos chamar de “certidão de nascimento do indicador”. Trata-se de uma tabela que contém todas as características necessárias para defini-lo: equação de cálculo, variáveis envolvidas, nome do indicador, frequência de medida, unidade de medida, áreas responsáveis pela coleta de informações, utilidade para o transporte e para a logística etc. Frequência de entrega Modo de tranporte Pedidos entregues completos Lote mínimo de compra 66 2 Alguns Indicadores e Exemplos de Medidas no Transporte e na Logística Tabela 3: Pedido Correto Note que este indicador pode ser usado tanto pelo cliente quanto pela empresa fornecedora. O cliente pode usá-lo para avaliar a qualidade de serviço do fornecedor. Já este último, pode usar o indicador para verificar os erros que são cometidos no processo de preparação e expedição dos pedidos, a fim de melhorar os processos de trabalho para evitar os erros. Nome do Indicador Índice de Pedido Correto Objetivo Verificar a competência da empresa em entregar os itens de acordo com o que foi especificado no pedido do cliente. Equação de cálculo IPC = (Número de Pedidos Entregues Corretamente / Número Total de Pedidos Entregues) x 100 Unidade de medida % Utilidade do indicador Permite que a empresa identifique os itens entregues incorretamente num pedido, os itens que não foram entregues e as trocas que podem ocorrer entre um item e outro de um mesmo pedido. Área Responsável Compra e recebimento de mercadorias pelo lado do Comprador e Expedição e Logística pelo lado do Fornecedor. Exemplo de meta para o indicador 100% dos pedidos corretos 67 Tabela 4: Tempo despendido entre a colocação de um pedido e a entrega dos bens solicitados Este também é um indicador que pode ser usado tanto pelo cliente como pelo fornecedor. Nome do Indicador Prazo de Entrega Objetivo Medir o tempo decorrido entre o recebimento de um pedido no depósito da empresa e a entrega dos bens solicitados ao cliente. Equação de Cálculo TFP = tempo localização e coleta dos produtos no depósito + tempo de formação do pedido na área específica do depósito + tempo de conferência do pedido + tempo de carregamento e despacho das mercadorias Unidade de medida Normalmente, este indicador é medido em horas. Utilidade do indicador Verificar a agilidade empreendida nas atividades de localização, coleta, formação do pedido e despacho do mesmo no depósito. Serve para identificar os problemas nas atividades de formação
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