Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profª. Luísa Silva UNID. 5 – ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE E SÓCIO- AMBIENTAIS As últimas décadas do século passado e o início de século XXI têm sido marcados por intensas transformações nas relações socioeconômicas, ambientais e culturais, resultantes de céleres mudanças nos padrões técnicos, científicos e informacionais e nas interações multifacetadas que permeiam a dinâmica das modernas sociedades. Isso, de algum modo, pode ser interpretado como nuanças da atual fase do sistema capitalista que vislumbra a expansão das atividades produtivas em um intenso processo de globalização multidimensional (BOSSLE, 2011). Profª Luísa Silva 5.1- ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE: DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente estão se tornando cada vez mais complexos, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. O conceito de desenvolvimento sustentável surge para enfrentar a crise ecológica. Analisando o desenvolvimento sustentável, por meio de diferentes visões, níveis e significados e buscando uma visão mais ampla com o objetivo de pontuar ações e metas, o autor, Sachs (2008, p.15), definiu cinco dimensões de sustentabilidade: Existência de 5 dimensões da sustentabilidade, a saber: - Sustentabilidade social; - Sustentabilidade ambiental; - Sustentabilidade territorial; - Sustentabilidade econômica; - Sustentabilidade política. • Social: fundamental por motivos tanto intrínsecos quanto instrumentais, por causa da perspectiva de disrupção social que paira de forma ameaçadora sobre muitos lugares problemáticos do nosso planeta; • Ambiental: com as duas dimensões (os sistemas de sustentação da vida como provedores de recursos e como recipientes para a disposição de resíduos); • Territorial: relacionado à distribuição espacial dos recursos, das populações e das atividades; • Econômico: sendo a viabilidade econômica a conditio sine quaon para que as coisas aconteçam; • Política: a governança democrática é um valor fundador e um instrumento necessário para fazer as coisas acontecerem; a liberdade faz toda a diferença. Pilares da Sustentabilidade Linha de Fundo Triplo ou Triple Bottom-Line? Pilar Econômico • Na visão convencional, o pilar econômico tem como elemento principal o lucro. A abordagem requer uma busca de sustentabilidade econômica em longo prazo. Ao avaliar esse pilar levando em consideração o conceito de desenvolvimento sustentável, é preciso incutir na idéia de capital econômico, capital humano e intelectual, conceitos que conforme Elkington (2001), gradativamente foram incorporados ao entendimento de capital econômico, sem mencionar os conceitos de capital natural e social que, no longo prazo, passam a ser fundamentais para avaliação do pilar econômico. Pilar Social O pilar social, segundo Sachs (2008), abrange a visão de que as más situações sociais em muitos lugares do mundo estão relacionadas ao descaso das autoridades, frente à desigualdade social acumulada ao longo dos anos. Para alguns teóricos, segundo Estender e Pitta (2008) questões como a da desigualdade social e da educação, entre outras, não fazem parte do conceito de sustentabilidade, assim como a questão econômica e ambiental. Para esses autores o que realmente importa é que se o sistema social não estiver equalizado, isto é, não estiver progredindo equitativamente, a questão ambiental e a econômica não irão progredir de maneira desejada. Pilar Social O desenvolvimento sustentável, frente à sociedade, busca meios de equalizar as riquezas, como já mencionada anteriormente, de modo a deter um tipo crescimento econômico concentrador. A transparência proposta pela sustentabilidade proporciona um mix entre sociedade e organizações levando à conscientização e ao anseio em participarem cada vez das ações pro social, e assim aumentar a capacidade de dissipar a desigualdade social. Pilar Ambiental De acordo com Dias (2006, p.06), vários foram os problemas causados pela industrialização, tais como: urbanização acelerada e não planejada, alta concentração populacional, consumo excessivo de recursos naturais não renováveis, contaminação do ar, água e solo, desmatamento, dentre outros. Os vários acidentes industriais causados pela busca desenfreada de uma produção despreparada, onde os resíduos não recebem tratamento adequado para serem reabsorvidos pela natureza, tornaram-se o principal motivo da conscientização da população em relação aos problemas causados no meio ambiente, atuando como instrumento de sensibilização socioambiental. Profª. Luísa Silva Triple Bottom-Line (Linha de Fundo Triplo) ou 3 Ps da Sustentabilidade Medir a "sustentabilidade" de uma empresa ou buscar crescer de forma sustentável, com resultados mensuráveis, não é uma tarefa tão simples, e era ainda mais difícil antes da ideia de Triple Bottom Line. O responsável por esse quadro conceitual é o norte-americano John Elkington. No artigo "O tripé da sustentabilidade: O que é e como funciona?" (originalmente escrito em inglês e chamado "The triple bottom line: What is it and how does it work?"), o doutor e Diretor de Análise Econômica do Centro de Pesquisa em Negócios de Indiana, Timothy F. Slaper, e a Analista de Pesquisa em Economia, Tanya J. Hall (ambos da Universidade de Indiana de Negócios Kelley) abordam o assunto de forma extensa. A construção do conceito de desenvolvimento é um retrato da evolução da economia global, dividindo-se em três fases: i) a que a coloca como sinônimo de crescimento econômico; ii) a que nega a possibilidade de existir um efetivo desenvolvimento mundial e iii) a que agrega o valor ambiental como sustentáculo desenvolvimentista, dando destaque ao desenvolvimento sustentável (MAGALHÃES e MOTA, 2012). • Sachs (2008) reforça que, por tempos a ideia de desenvolvimento confundia-se com crescimento, tendo como base os fundamentos econômicos. • Rodrigues (2014) discorre que no cenário empresarial atual é preciso que os gestores entendam que a sustentabilidade do negócio está ligado ao crescimento do todo, fazendo com que parte da sociedade com o qual interage e também o meio ambiente cresçam junto com a empresa. A esse entendimento dá-se o nome de RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL. Profª Luísa Silva Simplificadamente, o conceito implica que as empresas não apenas gerenciem seus indicadores financeiros e econômicos tradicionais, mas também incluam fatores sociais e ambientais em seus negócios. Tais fatores podem alterar o valor global de uma empresa ou mesmo o valor individual de cada ação. As questões sociais e ambientais têm influenciado fortemente a receita corporativa e o valor da marca. Basta pensar em uma de suas marcas favoritas e observar suas ações sociais ou ambientais. Como ela tem impactado a poluição ou as alterações climáticas? Triple Bottom-Line (Linha de Fundo Triplo) ou 3 Ps da Sustentabilidade Profª. Luísa Silva Triple Bottom-Line (Linha de Fundo Triplo) ou 3 Ps da Sustentabilidade Organizações na Europa e Estados Unidos já têm percebido e acolhido essa tendência, buscando apresentar seus resultados em triplo critério, isto é, considerando esses três aspectos: ambiental, social e econômico.Esse tripé da sustentabilidade ou Triple Bottom Line, conceito também conhecido como : 3 Ps da Sustentabilidade (People, Planet , Profit, ou em português, PPL, Pessoas, Planeta, Lucro), abarca a ideia de que essas três dimensões precisam interagir de maneira holística para que os resultados de uma empresa de fato lhe atribuam o título de sustentável dentro dessa lógica. Profª. Luísa Silva 3 Ps da SUSTENTABILIDADE A definição dos 3 Ps não é tão difícil, mas a forma de medir os três aspectos é que não é unânime. Os lucros podem ser mensurados de forma exata, mas os dois outros aspectos são mais subjetivos. De maneira geral, porém, o capital humano poderia ser analisado em termos de salários justos, adequação às leis trabalhistas, preocupação com o bem-estar dos funcionários. O aspecto ambiental seria visto nas ações práticas da empresa para diminuir seu impacto ecológico negativo e compensar o que não pode ser amenizado. Como quer que seja feita essa análise, o fato é que empresas que optam por buscar resultados que integrem os 3 Ps estão saindo na frente no que concerne aos negócios no século 21. Profª. Luísa Silva 3 Ps da SUSTENTABILIDADE As versões concentradas de OMO e dos amaciantes líquidos já nasceram com essa orientação, assim como a nova linha da marca de limpadores Vim, lançada em 2013 e que traz uma importante parceria com o UNICEF 0 o apoio a projetos que defendem o direito de condições adequadas de saneamento e água para crianças do mundo todo. Profª. Luísa Silva 5.2- ESTRATÉGIAS SÓCIO-AMBIENTAIS No outro extremo, tem-se as empresas industriais causadoras, em potencial, de altos impactos socioambientais, tais como: siderúrgicas, cimento, papel e celulose, hidrelétricas e similares. Estas organizações adotam, normalmente, como estratégias de gestão ambiental práticas como a: redução do uso de energia e água; controle, recuperação e reciclagem de resíduos industriais; redução do uso de matérias-primas; seletividade de fornecedores e expansão de investimentos de controle ambiental em geral. Nas empresas industriais, conforme estratégias diferenciadas quanto à sua cadeia produtiva, mantida no contexto da sustentabilidade quanto aos seus fornecedores, clientes intermediários, consumidores finais, concorrentes e orgãos normatizadores. Partiu-se do pressuposto de que uma empresa (vide quadro 1), qualquer que seja seu estilo de gestão, possui “efeitos” socioambientais de um lado (passivo socioambiental), e ações correspondentes como contrapartida, na forma de deveres e obrigações (ativo socioambiental). Profª. Luísa Silva 5.2- ESTRATÉGIAS SÓCIO-AMBIENTAIS Ou seja, o ativo é o quanto de ações socioambientais é necessário para preservar os processos produtivos de forma sustentável; o quanto de insumos produtivos e de providências gerenciais é necessário para continuar a produzir bens e serviços que consomem e absorvem recursos produtivos na forma de matérias-primas. A analogia, simplificada, que se pode fazer é com uma pessoa de classe média , que possui carro para trabalhar. Esta pessoa, com seu carro, consome gasolina, que emite gás carbônico o equivalente a uma árvore que teria que plantar mensalmente para compensar tal efeito ambiental nocivo. Neste raciocínio simplista, como há uma equivalência entre os efeitos socioambientais provocados pelo consumo mensal de gasolina com a “compensação” na forma da árvore plantada, o confronto entre “passivo socioambiental”e “ativo socioambiental” é zero. Ou seja, não há saldo favorável nem desfavorável do desempenho individual desta pessoa no contexto de sua vida privada. Caso esta pessoa adotasse outras providências compensatórias, além de plantar uma árvore por mês, como por exemplo, a instalação de equipamento de gás veicular e a adoção de transporte solidário com seus amigos e vizinhos, ela, certamente, teria um saldo socioambiental positivo a seu favor. O ativo socioambiental, teoricamente, seria maior que o passivo socioambiental provocado pela emissão de gás carbônico agora reduzido pelo consumo alternativo de gás veicular ao invés da gasolina.
Compartilhar